O documento descreve as principais figuras de linguagem, dividindo-as em Figuras de Palavras, de Pensamento, de Sintaxe e de Harmonia. Resume alguns exemplos de cada tipo, incluindo a metáfora, hipérbole, antítese, elipse e aliteração. O texto fornece informações sobre como esses recursos estilísticos são usados para dar mais expressividade à comunicação.
2. São recursos estilísticos, ou seja, recursos
especiais, utilizados por quem fala ou escreve
para dar maior expressividade, intensidade,
força ou beleza à comunicação. Ocorrem com
mais frequência em obras literárias, na
propaganda, na gíria, na imprensa, na música.
Pode ser divididas em: Figuras de Palavras, de
Pensamento, de Sintaxe e de Harmonia.
Vejamos:
3. FIGURAS DE PALAVRAS: Apresentam uma
mudança do sentido real para o figurado
METÁFORA: emprego de uma palavra ou expressão fora do seu sentido
normal; comumente apresenta uma comparação implícita.
Eu não acho a chave de mim. Seus cabelos eram fiapos de estrelas.
COMPARAÇÃO: consiste em tornar equivalentes coisas diferentes para realçar
uma possível semelhança entre elas; usa-se de conjunções comparativas
(como, assim como..., tanto... quanto, tal qual, feito, etc.).
“Ela ficou calada tal qual um dois de paus” “A sombra das roças é macia e
doce, é como uma carícia” (J. Amado)
4. METONÍMIA/SINÉDOQUE: emprega-se uma palavra em lugar de outra, com a
qual se achava relacionada.
Parte pelo todo: A cidade inteira viu assombrada, de queixo caído, o
pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos de seu cavalo.
Conteúdo pelo continente: Passe-me a manteiga.
Causa pelo efeito e vice-versa: Sou alérgico a cigarro.
Lugar de Origem ou de produção pelo produto: Ofereceu-me um havana.
O singular pelo plural e vice-versa: O paulista é tímido; o carioca, atrevido.
Autor pela obra: Ela gosta muito de ler Machado de Assis.
Lugar pelas pessoas do lugar: Fortaleza é muito acolhedora.
Marca pelo produto: Adoro tomar Coca-Cola depois do almoço.
Símbolo pela coisa simbolizada: A coroa foi disputada pelos revolucionários.
Abstrato pelo concreto e vice-versa: Não devemos contar com o seu coração.
5. CATACRESE: emprego de um termo figurado por falta de palavra mais
apropriada.
Formigueiro humano; folhas de livro; pele de tomate; dente de alho; cabeça
de prego.
ANTONOMÁSIA: é a substituição de um nome próprio pela qualidade ou
atributo que o distingue. Na linguagem coloquial é o mesmo que apelido.
O rei do futebol; O poeta dos escravos; O Genovês salta os mares... (C. Alves)
SINESTESIA: é uma variante da metáfora que consiste em atribuir a um ser
sensações que não lhe são próprias.
Isso me cheira a confusão. O sol caía como uma luz pálida e macia.
6. FIGURAS DE PENSAMENTO: Introduzem uma
ideia (pensamento) diferente da que a
palavra normalmente exprime
HIPÉRBOLE: é uma afirmação exagerada ou uma deformação da verdade,
visando a um efeito expressivo.
Dizer um milhão de vezes; chorar rios de lágrimas; desconfiar da própria
sombra; morrer de rir, etc.
ANTÍTESE/CONTRASTE: aproximação de palavras ou expressões de sentidos
opostos.
Onde queres prazer sou o que dói/E onde queres tortura, mansidão/Onde
queres um lar, revolução/E onde queres bandido sou herói. (C. Veloso)
PARADOXO: Jogo de palavras. Palavras que possuem ideias contrárias.
“Amor é fogo que arde sem se ver/ É ferida que dói e não se sente/ É um
contentamento descontente/ É dor que desatina sem doer.” (Camões)
7. GRADAÇÃO: sequência de palavras que intensificam uma mesma ideia.
“Ele quase estourou de raiva. Tremeu, bufou, enxergou vermelho” (É.
Veríssimo)
EUFEMISMO: palavra ou expressão empregada para atenuar uma verdade
penosa, desagradável ou chocante.
O pobre homem entregou sua alma a Deus. Quem faltar com a verdade será
punido.
IRONIA: é a figura pela qual dizemos o contrário do que pensamos, quase
sempre com intenção sarcástica.
Você realmente é um santinho! O ministro foi sutil como uma jamanta e
delicado como um hipopótamo
PROSOPOPEIA/PERSONIFICAÇÃO: atribui sentimentos ou características
humanas a seres inanimados ou abstratos.
“As arvorezinhas bocejavam sonolentas” (Drummond)/“Um riozinho vai para
a escola estudando geografia.” (Raul Bopp)
8. PERÍFRASE: consiste em usar expressões ou frases em lugar de uma palavra,
com o objetivo de destacar uma característica que a palavra sozinha não
evoca.
Pretendo visitar o país do sol nascente. Cidade maravilhosa
APÓSTROFE: É a figura que serve para se referir a uma pessoa ou coisa que
pode ser real ou imaginária, para dar ênfase à expressão.
“Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal?” (Fernando
Pessoa)
9. FIGURAS DE HARMONIA: Tem a finalidade de
destacar a musicalidade das palavras ou
expressões
ONOMATOPEIA: é a representação por meio da escrita dos sons ou ruídos das
coisas.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno. (Fernando Pessoa)
ALITERAÇÃO: é a repetição do som consonantal.
Toda gente homenageia Januária na janela. (Chico Buarque) Chove chuva
choverando. (O. Andrade)
ASSONÂNCIA: é a repetição do som vocálico.
Sou Ana, da cama/ da cana, fulana, bacana/ Sou Ana de Amsterdam. (Chico
Buarque) A ponte aponta/ e se desaponta./ A tontinha tenta/ limpar a
tinta,/ ponto por ponto/ e pinta por pinta... (Cecília Meireles)
10. PARONOMÁSIA: repetição de palavras com som semelhante, mas de
significados distintos.
Berro pelo aterro pelo desterro/ berro por seu berro pelo seu erro/ quero
que você ganhe que você me apanhe/ sou o seu bezerro gritando mamãe. (C.
Veloso)
11. FIGURAS DE SINTAXE/CONSTRUÇÃO:
Caracterizam-se por apresentarem mudança
na estrutura da oração
ELIPSE: consiste na omissão de uma ou mais palavras, pelo fato de elas estarem
pressupostas, subentendidas.
“Os amores na mente/ As flores no chão/ A certeza na frente/ A história na mão”
(G. Vandré)
ZEUGMA: consiste em suprimir ou ocultar palavras expressas anteriormente, mas
que são subentendidas.
O paulista é tímido; o carioca, atrevido.
POLISSÍNDETO: é a repetição de conjunções/conectivos entre orações com
finalidade estilística.
“Suspira, e chora, e geme, e sofre e sua...” (O. Bilac) O quinhão que me coube é
humilde, pior do que isto: nulo. Nem glória, nem amores, nem santidade, nem
heroísmo. (Otto Lara Resende)
QUIASMO: Consiste na inversão da ordem das palavras, em duas frases que se
opõem.
“Qual vermelhas as armas faz de brancas” (Camões)
12. ASSÍNDETO: é o não uso (ausência) de elementos conectivos/conjunções
entre orações.
Fere, mata, derriba denodado... (Camões) Não nos vemos, as mãos é que se
estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se,
fundindo-se (M. Assis).
PLEONASMO: é a repetição de um termo já expresso ou de uma ideia já
sugerida, com o objetivo de realçá-la. É denominado também de Pleonasmo
Estilístico ou Literário.
A mim, só me resta esperar.
Quando a repetição é desnecessária denomina-se Pleonasmo Vicioso.
Entrar para dentro. Subir para cima. Hemorragia de sangue. principal
protagonista. repetir de novo. ouvir com os ouvidos. monopólio exclusivo.
ANÁFORA: repetição intencional de palavras no início de um período, frase ou
verso.
Depois o areal extenso.../ Depois o oceano de pó.../ Depois no horizonte
imenso/ Desertos... desertos só... (C. Alves)
13. SILEPSE: ocorre quando a concordância não é feita com as palavras, mas com
a idéia a elas associada.
de GÊNERO: discordância de gêneros gramaticais. Quando a gente é novo, gosta de fazer
bonito. (G. Rosa)
de NÚMERO: discordância do número gramatical (singular e plural). Esta gente está
furiosa e com medo; por consequência, capazes de tudo. (Garrett)
de PESSOA: discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal. Ambos recusamos
praticar este ato. (Herculano)
HIPÉRBATO: inversão lugar de termos da oração.
Passeiam, à tarde, as belas na Avenida. (Drummond)
ANACOLUTO: ocorre quando um termo antecipado fica desligado
sintaticamente da oração, dado a um desvio que a construção da oração
sofreu.
A rua onde moras, é nela que desejo morar.
HIPÁLAGE: Figura de caráter retórico segundo o qual uma palavra ocupa
numa frase o lugar que convém logicamente a outra que com ela mantém um
vínculo semântico e gramatical.
“Fumar um pensativo cigarro.” (Eça de Queiroz)