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do Alto, eram acompanhados, com respeito e dedicação,
por amores que sempre intercediam junto a Deus pelo
êxito da sua encarnação.
Jesus conosco sempre!
Edvaldo
Livres pelo Amor
Pelo Espírito Edvaldo
Psicografado por Alda Maria
1
Na marcha do progresso
Deus, em Sua infinita bondade e justiça inque-
brantável, oferece a Seus filhos infinitas oportunidades
de se iluminarem, pois, criados à Sua semelhança, trazem
como objetivo atingir a Luz excelsa do Pai.
Mas o espírito segue a marcha do progresso, dando
azo, inadvertidamente, a seus primevos sentimentos, sem
compromisso algum de se autoeducar, abandonando-se,
pela indolência, à reação que emerge naturalmente de
sua intimidade. Essas reações retratam sua condição ín-
tima, são a expressão de manifestações egoísticas, presas
a um tempo em que a sobrevivência era defendida com
forças poderosas e descontroladas, pois cuidar da prole e
sustentá-la era o cerne da vida.
Durante séculos e séculos jornadeou o espírito por
encarnações propiciadoras do seu avanço moral, obten-
do conquistas mínimas, pois a força bruta, sem controle,
conduzia sua existência, levando-o a viver e reviver as
mesmas experiências.
Era preciso dar um passo à frente: as forças nega-
tivas do egoísmo, do orgulho, da vaidade, que se exacer-
baram no convívio familiar grupal, deveriam ser transfor-
madas, a fim de tornar a convivência afável e harmoniosa.
Cansado de lutas e guerras insanas, com o coração exau-
rido, o homem recebe o Mestre Jesus, que veio aliviá-lo
de si mesmo, de um passado delituoso, e oferecer-lhe uma
vida suave, desde que seguisse Seus preceitos.
Acolhe o Senhor uma humanidade extremamente
árida de sentimentos, sobre a qual o amor de Jesus cai
como chuva silenciosa, mas abundante e fresca, que irriga
todos aqueles que a recebem com o coração desejoso de
ter aliviadas as dores e a exaustão dos sofrimentos que pa-
reciam intermináveis. Nesse regalo de bênçãos, renasce na
intimidade do espírito a esperança, a confiança, a crença
de que o Reino de Deus não está tão distante, mas dentro
de cada um, como assevera Jesus.
Os séculos se sucedem aos séculos, e o ser, calçado
no orgulho e na prepotência, mas extremamente confuso
entre o verdadeiro caminho – aquele que conduz aos pla-
nos superiores – e o que se apresenta à sua frente, opta
pela possibilidade de gozos bem acessíveis a seus desejos,
no imediatismo do tempo que vige. E mais uma vez se
deixa conduzir por tortuosas e sofridas estradas, que lon-
ge estão de conduzi-lo à Luz! Novamente resiste, permi-
tindo que seu sentido primitivo o dirija e, sem controle, se
complica e se compromete diante do Cristo de Deus, que
lhe ministrou as mais belas lições de amor.
Assim, entre momentos de remorso profundo e
tratados de reabilitação, o homem encarna e reencarna,
não se eximindo da dor – farol que mostra o caminho
que realmente deverá seguir. E durante muitos e muitos
séculos jornadeia o espírito, ansiando sempre por um lu-
gar melhor junto ao Pai, para estabelecer em seu coração
a paz e a serenidade, que somente são conquistadas com
o esforço do dever cumprido no Bem.
Algumas épocas foram marcadas por experiências
por demais sombrias e aterradoras: o homem, não con-
seguindo controlar seus instintos, por não ter educado
seus sentimentos, avançou sobre a liberdade do seu irmão,
aprisionando-o covardemente, balizado por lamentáveis
sofismas. Foram épocas assinaladas por dores profun-
das, sofrimentos infindáveis e lágrimas angustiosas, que
retratavam corações dilacerados. E sentimentos de ódio,
vingança e traição então encontraram, na maioria daque-
les corações, terreno propício para comprometer relações,
enovelando os espíritos em cipoais de terríveis desenganos.
Mais séculos e séculos decorreram daí, e décadas e
décadas de muita luz foram necessárias para desanuviar as
trevas causadas por tantos desatinos. Nesse vale de dores
e gemidos inconformados, valorosos espíritos missioná-
rios, exemplos de fé e dedicação, no silêncio dos casebres
escuros ou nas senzalas lotadas, destacavam-se pela hu-
mildade e pela resignação com que se conduziam no dia
a dia. Procurados para aconselhamentos e orientações, na
calada da noite, ficavam horas e horas acalmando cora-
ções revoltados, que respiravam ódio e vingança. Orando,
curavam, tamanha a fé que traziam no coração. E, assim,
se tornavam, naquele reduto de tantas aflições, pontos de
luz para aquelas almas extremamente embrutecidas pelos
sentimentos da revolta e da inconformação.
E muitas desgraças, muitas tragédias foram su-
avizadas pela postura firme e determinada do perdão e
da resignação que esses espíritos já traziam consigo. A
confiança soberana no Pai fortalecia-os, enchendo-os de
coragem, e como os antigos cristãos iam para o trabalho
sacrificioso, que lhes exigia a cada instante um profundo
e intenso exercício de humildade diante das chibatadas
indiscriminadas que os ordenava ao serviço duro, sem ali-
mento, sem água, sem repouso.
Vamos encontrar aí cinco irmãos nossos, que se-
guiram vivendo juntos, pois foram compradas pelo mesmo
senhor, sem que ninguém soubesse que se tratava de uma
família. Temerosos de que fossem separados ou vendidos
para fazendas distantes, se mantiveram todo o tempo em
silêncio, como forma de permanecerem juntos. Agostinho,
Antônia, Pedro, João e Maria, presos na mesma corrente,
“por acaso”, atravessaram oceanos e terras, jungidos que
estavam na mesma história.
2
Movimento de renovação
Milênios e milênios se sucedem, manifestando-se
o espírito com roupagens diferentes: ora se apresenta com
rudeza e revolta, ora traz as marcas de um tempo de lu-
tas e dores, ainda que momentos felizes tenham alegrado
seu coração; outras vezes, revela discernimento, firmeza e
coragem, desenhando incontáveis vitórias. Em certas oca-
siões, as roupagens são coloridas, atestando a confiança e
a fé; de outra feita, escuras, sombrias, refletem os confli-
tos de um espírito mergulhado em equívocos.
Durante todo esse processo, o espírito encarnado
é acompanhado de perto, amorosa e pacientemente, pelos
instrutores da espiritualidade, que, cumprindo com disci-
plina as orientações divinas, o cercam de toda assistência.
Muitos nascem e renascem no mesmo ambiente,
a fim de reconhecerem, até mesmo no ar que respiram,
carregado dos perfumes de um outro tempo, suas neces-
sidades de transformação. São providências importantes
para despertar naquele coração os reais valores, sem vio-
lência alguma – aliás, jamais empregada –, o que poderia
comprometer gravemente as propostas renovadoras.
O tempo passa sobre a Humanidade, valendo-se
da misericordiosa eternidade para conferir à multidão de
almas encarnadas ou desencarnadas chances de recupe-
ração. E assim, o espírito que vivenciou uma existência
anterior plena de conforto, que lhe possibilitou também
algum poder, retorna à carne sem recurso algum, para
aprender, num ambiente agreste, a respeitar seus seme-
lhantes, vencendo, pelas necessidades que se fazem pre-
mentes, o orgulho e o egoísmo, que, desse modo, dão
lugar à solidariedade e à fraternidade.
Nessas idas e vindas incessantes, sem as quais o
progresso do espírito não seria possível, as conquistas do
ser ainda são limitadas, mas suas atitudes já demonstram
que seus sentimentos perante a vida expressam nuances
de um movimento de renovação.
Anteriormente, nossos personagens eram espíritos
muito orgulhosos de sua casta, fechados em uma socieda-
de restritiva, em razão da condição social, do poder e dos
recursos que detinham perante os governantes. A men-
sagem religiosa chegara até eles como meio para gozar
de deferências, pois o cumprimento dos deveres religiosos
limitava-se a formalidades, sustentados que eram por uma
aparência de integridade que estava longe de expressar
sua condição íntima: enfado, aborrecimento no trato com
Deus e Suas leis severas, impossíveis de serem observadas,
em face da natureza da vida que levavam.
Envolvidos tão somente com seus próprios
interesses, fazendo e desfazendo a seu bel-prazer,
comprometeram-se gravemente ante a Verdade. Proprie-
tários de terras, com muitos recursos financeiros, descon-
sideravam qualquer pessoa que se interpusesse em seu
caminho com objeções e questionamentos que pudessem
ferir seus objetivos, quando não mandavam eliminá-la.
Voltaram juntos à terra natal do espírito, vitima-
dos por uma revolução no condado onde viviam, gerada
pela revolta dos trabalhadores que não mais aceitavam
tantos maus tratos. Séculos e séculos passaram nas trevas
da inconformação, da agressividade, que gera a violência,
e da vaidade, que, alimentada pelo orgulho, é matriz da
prepotência. Anos e anos ficaram acorrentados uns aos
outros pelas algemas da culpa e do remorso.
Sempre cercados pela luz do Amor, não a perce-
biam, cegos que se mantinham nas trevas do desespero.
Mas amigos amorosos, imbuídos da caridade, comprometeram‑se
com o Sublime Pastor para o resgate daquelas ovelhas
perdidas do Seu redil. Planos foram traçados e programas
delineados para proporcionar a esses irmãos vidas fartas
de chances, a fim de que os sentimentos limitadores de
sua capacidade de compreender as orientações do Pai
pudessem ser expandidos largamente, tendo o Evangelho
sagrado como organizador de tantas, tão profundas e
necessárias mudanças.
Preparados esses espíritos, esclarecidos quanto a
seus projetos na nova experiência na matéria, pois bem
lúcidos já se encontravam, em virtude dos sofrimentos vi-
vidos, as reencarnações programadas aconteceram numa
cidadezinha paupérrima, de um distante país, que lutava
intensamente pela subsistência dos seus filhos, já vivendo
as dores da colonização, em cujo processo outros povos ali
erguiam seus governos, desrespeitando completamente os
direitos dos habitantes locais.
Todos os dias lutava-se pela vida com a própria
vida. Num determinado momento, aquela família negra
viu-se arrebatada do seu lar e aprisionada por um grupo
de homens brancos que, invadindo suas vidas, fizeram de-
les seus escravos. Deixaram tudo para trás: a casa humil-
de onde residiam, seus poucos pertences, sua identidade.
Já tinham tido conhecimento dessas invasões cruéis que
estavam separando famílias, levando a desgraça a tantos
lares. Os sequestradores separavam as famílias para im-
pedir que fizessem motim, dificultando o transporte. Por
isso, como estratégia para ficarem juntos, se mantiveram
todo o tempo em silêncio, alegando desconhecer uns aos
outros quando questionados. O tumulto gerado pelo de-
sespero da situação facilitou que permanecessem todos
juntos: se não se conheciam e já estavam mesmo algema-
dos, não havia razão para separá-los. Assim foram levados
e vendidos, sem que uma palavra sequer denunciasse sua
verdadeira condição de família expatriada.
Alguns anos se passaram desde o dia em que dei-
xaram a terra natal até o momento em que chegaram
a seu destino definitivo – a Fazenda São Sebastião, no
litoral do Rio de Janeiro. Já haviam passado por muitas
dores, lágrimas sem conta, chibatadas inúmeras e fome,
muita fome. Chegaram irreconhecíveis: marcas profundas
já imprimiam naquelas almas grandes feridas. Algum tem-
po levaram para se reabilitar – antes saudáveis e fortes,
ali se encontravam fracos e doentes, como resultado de
tantas privações. O único sentimento que acalentava seu
coração era a alegria de estarem todos juntos.
A indiferença com que foram recebidos pelos ou-
tros era fruto do sofrimento em que todos se viam mergu-
lhados. Mas com calma e sempre em silêncio, que apren-
deram ser necessário para se manterem unidos, foram se
adaptando à nova situação. Aos poucos, foram perceben-
do os que queriam ser amigos e aqueles outros que, muito
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  • 2.
  • 3. 1 Na marcha do progresso Deus, em Sua infinita bondade e justiça inque- brantável, oferece a Seus filhos infinitas oportunidades de se iluminarem, pois, criados à Sua semelhança, trazem como objetivo atingir a Luz excelsa do Pai. Mas o espírito segue a marcha do progresso, dando azo, inadvertidamente, a seus primevos sentimentos, sem compromisso algum de se autoeducar, abandonando-se, pela indolência, à reação que emerge naturalmente de sua intimidade. Essas reações retratam sua condição ín- tima, são a expressão de manifestações egoísticas, presas a um tempo em que a sobrevivência era defendida com forças poderosas e descontroladas, pois cuidar da prole e sustentá-la era o cerne da vida. Durante séculos e séculos jornadeou o espírito por encarnações propiciadoras do seu avanço moral, obten- do conquistas mínimas, pois a força bruta, sem controle, conduzia sua existência, levando-o a viver e reviver as mesmas experiências. Era preciso dar um passo à frente: as forças nega-
  • 4. tivas do egoísmo, do orgulho, da vaidade, que se exacer- baram no convívio familiar grupal, deveriam ser transfor- madas, a fim de tornar a convivência afável e harmoniosa. Cansado de lutas e guerras insanas, com o coração exau- rido, o homem recebe o Mestre Jesus, que veio aliviá-lo de si mesmo, de um passado delituoso, e oferecer-lhe uma vida suave, desde que seguisse Seus preceitos. Acolhe o Senhor uma humanidade extremamente árida de sentimentos, sobre a qual o amor de Jesus cai como chuva silenciosa, mas abundante e fresca, que irriga todos aqueles que a recebem com o coração desejoso de ter aliviadas as dores e a exaustão dos sofrimentos que pa- reciam intermináveis. Nesse regalo de bênçãos, renasce na intimidade do espírito a esperança, a confiança, a crença de que o Reino de Deus não está tão distante, mas dentro de cada um, como assevera Jesus. Os séculos se sucedem aos séculos, e o ser, calçado no orgulho e na prepotência, mas extremamente confuso entre o verdadeiro caminho – aquele que conduz aos pla- nos superiores – e o que se apresenta à sua frente, opta pela possibilidade de gozos bem acessíveis a seus desejos, no imediatismo do tempo que vige. E mais uma vez se deixa conduzir por tortuosas e sofridas estradas, que lon- ge estão de conduzi-lo à Luz! Novamente resiste, permi- tindo que seu sentido primitivo o dirija e, sem controle, se complica e se compromete diante do Cristo de Deus, que lhe ministrou as mais belas lições de amor. Assim, entre momentos de remorso profundo e tratados de reabilitação, o homem encarna e reencarna, não se eximindo da dor – farol que mostra o caminho
  • 5. que realmente deverá seguir. E durante muitos e muitos séculos jornadeia o espírito, ansiando sempre por um lu- gar melhor junto ao Pai, para estabelecer em seu coração a paz e a serenidade, que somente são conquistadas com o esforço do dever cumprido no Bem. Algumas épocas foram marcadas por experiências por demais sombrias e aterradoras: o homem, não con- seguindo controlar seus instintos, por não ter educado seus sentimentos, avançou sobre a liberdade do seu irmão, aprisionando-o covardemente, balizado por lamentáveis sofismas. Foram épocas assinaladas por dores profun- das, sofrimentos infindáveis e lágrimas angustiosas, que retratavam corações dilacerados. E sentimentos de ódio, vingança e traição então encontraram, na maioria daque- les corações, terreno propício para comprometer relações, enovelando os espíritos em cipoais de terríveis desenganos. Mais séculos e séculos decorreram daí, e décadas e décadas de muita luz foram necessárias para desanuviar as trevas causadas por tantos desatinos. Nesse vale de dores e gemidos inconformados, valorosos espíritos missioná- rios, exemplos de fé e dedicação, no silêncio dos casebres escuros ou nas senzalas lotadas, destacavam-se pela hu- mildade e pela resignação com que se conduziam no dia a dia. Procurados para aconselhamentos e orientações, na calada da noite, ficavam horas e horas acalmando cora- ções revoltados, que respiravam ódio e vingança. Orando, curavam, tamanha a fé que traziam no coração. E, assim, se tornavam, naquele reduto de tantas aflições, pontos de luz para aquelas almas extremamente embrutecidas pelos sentimentos da revolta e da inconformação.
  • 6. E muitas desgraças, muitas tragédias foram su- avizadas pela postura firme e determinada do perdão e da resignação que esses espíritos já traziam consigo. A confiança soberana no Pai fortalecia-os, enchendo-os de coragem, e como os antigos cristãos iam para o trabalho sacrificioso, que lhes exigia a cada instante um profundo e intenso exercício de humildade diante das chibatadas indiscriminadas que os ordenava ao serviço duro, sem ali- mento, sem água, sem repouso. Vamos encontrar aí cinco irmãos nossos, que se- guiram vivendo juntos, pois foram compradas pelo mesmo senhor, sem que ninguém soubesse que se tratava de uma família. Temerosos de que fossem separados ou vendidos para fazendas distantes, se mantiveram todo o tempo em silêncio, como forma de permanecerem juntos. Agostinho, Antônia, Pedro, João e Maria, presos na mesma corrente, “por acaso”, atravessaram oceanos e terras, jungidos que estavam na mesma história.
  • 7. 2 Movimento de renovação Milênios e milênios se sucedem, manifestando-se o espírito com roupagens diferentes: ora se apresenta com rudeza e revolta, ora traz as marcas de um tempo de lu- tas e dores, ainda que momentos felizes tenham alegrado seu coração; outras vezes, revela discernimento, firmeza e coragem, desenhando incontáveis vitórias. Em certas oca- siões, as roupagens são coloridas, atestando a confiança e a fé; de outra feita, escuras, sombrias, refletem os confli- tos de um espírito mergulhado em equívocos. Durante todo esse processo, o espírito encarnado é acompanhado de perto, amorosa e pacientemente, pelos instrutores da espiritualidade, que, cumprindo com disci- plina as orientações divinas, o cercam de toda assistência. Muitos nascem e renascem no mesmo ambiente, a fim de reconhecerem, até mesmo no ar que respiram, carregado dos perfumes de um outro tempo, suas neces- sidades de transformação. São providências importantes para despertar naquele coração os reais valores, sem vio-
  • 8. lência alguma – aliás, jamais empregada –, o que poderia comprometer gravemente as propostas renovadoras. O tempo passa sobre a Humanidade, valendo-se da misericordiosa eternidade para conferir à multidão de almas encarnadas ou desencarnadas chances de recupe- ração. E assim, o espírito que vivenciou uma existência anterior plena de conforto, que lhe possibilitou também algum poder, retorna à carne sem recurso algum, para aprender, num ambiente agreste, a respeitar seus seme- lhantes, vencendo, pelas necessidades que se fazem pre- mentes, o orgulho e o egoísmo, que, desse modo, dão lugar à solidariedade e à fraternidade. Nessas idas e vindas incessantes, sem as quais o progresso do espírito não seria possível, as conquistas do ser ainda são limitadas, mas suas atitudes já demonstram que seus sentimentos perante a vida expressam nuances de um movimento de renovação. Anteriormente, nossos personagens eram espíritos muito orgulhosos de sua casta, fechados em uma socieda- de restritiva, em razão da condição social, do poder e dos recursos que detinham perante os governantes. A men- sagem religiosa chegara até eles como meio para gozar de deferências, pois o cumprimento dos deveres religiosos limitava-se a formalidades, sustentados que eram por uma aparência de integridade que estava longe de expressar sua condição íntima: enfado, aborrecimento no trato com Deus e Suas leis severas, impossíveis de serem observadas, em face da natureza da vida que levavam. Envolvidos tão somente com seus próprios interesses, fazendo e desfazendo a seu bel-prazer,
  • 9. comprometeram-se gravemente ante a Verdade. Proprie- tários de terras, com muitos recursos financeiros, descon- sideravam qualquer pessoa que se interpusesse em seu caminho com objeções e questionamentos que pudessem ferir seus objetivos, quando não mandavam eliminá-la. Voltaram juntos à terra natal do espírito, vitima- dos por uma revolução no condado onde viviam, gerada pela revolta dos trabalhadores que não mais aceitavam tantos maus tratos. Séculos e séculos passaram nas trevas da inconformação, da agressividade, que gera a violência, e da vaidade, que, alimentada pelo orgulho, é matriz da prepotência. Anos e anos ficaram acorrentados uns aos outros pelas algemas da culpa e do remorso. Sempre cercados pela luz do Amor, não a perce- biam, cegos que se mantinham nas trevas do desespero. Mas amigos amorosos, imbuídos da caridade, comprometeram‑se com o Sublime Pastor para o resgate daquelas ovelhas perdidas do Seu redil. Planos foram traçados e programas delineados para proporcionar a esses irmãos vidas fartas de chances, a fim de que os sentimentos limitadores de sua capacidade de compreender as orientações do Pai pudessem ser expandidos largamente, tendo o Evangelho sagrado como organizador de tantas, tão profundas e necessárias mudanças. Preparados esses espíritos, esclarecidos quanto a seus projetos na nova experiência na matéria, pois bem lúcidos já se encontravam, em virtude dos sofrimentos vi- vidos, as reencarnações programadas aconteceram numa cidadezinha paupérrima, de um distante país, que lutava intensamente pela subsistência dos seus filhos, já vivendo
  • 10. as dores da colonização, em cujo processo outros povos ali erguiam seus governos, desrespeitando completamente os direitos dos habitantes locais. Todos os dias lutava-se pela vida com a própria vida. Num determinado momento, aquela família negra viu-se arrebatada do seu lar e aprisionada por um grupo de homens brancos que, invadindo suas vidas, fizeram de- les seus escravos. Deixaram tudo para trás: a casa humil- de onde residiam, seus poucos pertences, sua identidade. Já tinham tido conhecimento dessas invasões cruéis que estavam separando famílias, levando a desgraça a tantos lares. Os sequestradores separavam as famílias para im- pedir que fizessem motim, dificultando o transporte. Por isso, como estratégia para ficarem juntos, se mantiveram todo o tempo em silêncio, alegando desconhecer uns aos outros quando questionados. O tumulto gerado pelo de- sespero da situação facilitou que permanecessem todos juntos: se não se conheciam e já estavam mesmo algema- dos, não havia razão para separá-los. Assim foram levados e vendidos, sem que uma palavra sequer denunciasse sua verdadeira condição de família expatriada. Alguns anos se passaram desde o dia em que dei- xaram a terra natal até o momento em que chegaram a seu destino definitivo – a Fazenda São Sebastião, no litoral do Rio de Janeiro. Já haviam passado por muitas dores, lágrimas sem conta, chibatadas inúmeras e fome, muita fome. Chegaram irreconhecíveis: marcas profundas já imprimiam naquelas almas grandes feridas. Algum tem- po levaram para se reabilitar – antes saudáveis e fortes, ali se encontravam fracos e doentes, como resultado de
  • 11. tantas privações. O único sentimento que acalentava seu coração era a alegria de estarem todos juntos. A indiferença com que foram recebidos pelos ou- tros era fruto do sofrimento em que todos se viam mergu- lhados. Mas com calma e sempre em silêncio, que apren- deram ser necessário para se manterem unidos, foram se adaptando à nova situação. Aos poucos, foram perceben- do os que queriam ser amigos e aqueles outros que, muito agressivos, se mantinham a distância, na própria solidão.