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APRESENTAÇÃO
O presente Manual de Filosofia tem dentre seus objetivos, apresentar um breve panorama da História da
Filosofia, desde a Filosofia Clássica surgida na Grécia Antiga, passando pelo desenvolvimento da Filosofia
Política Renascentista e Iluminista até os dias atuais. Este recorte procura apresentar as contribuições
teóricas dos principais pensadores destes períodos, sendo que, quanto à Filosofia Contemporânea, nosso
foco se deteve na introdução ao pensamento de teóricos que têm sido presenças marcantes do debate
sobre as atualidades, a saber Hannah Arendt, Michel Foucault, Edgar Morin e Howard Gardner.
A produção deste Manual levou em consideração o “Edital do Concurso Público de Provas e Títulos para a
admissão ao Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública (Curso de Formação de
Oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo)”. De acordo com o Edital, o conteúdo de Filosofia visa
“identificar os candidatos com capacidade para debater, tomando uma posição e defendendo-a
argumentativamente, assim como articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos nas diversas
produções culturais”. Além disso, sua proposta é “distinguir entre os candidatos o conhecimento integrado
(...) bem como sua criatividade, raciocínio, capacidade de generalização, enfim, autonomia intelectual”.
Para tanto, a fim possibilitar leituras multidisciplinares que também contemplem um debate amplo sobre o
mundo contemporâneo, junto com este Manual da História da Filosofia seguem dicas de sites e filmes que
podem enriquecer o debate em sala de aula, e ainda um Banco de Questões Temáticas que visam oferecer
repertório crítico para o candidato em sua preparação para a aprovação na Academia da Polícia do Barro
Branco.
Aos candidatos, Agere non loqui!
E boa sorte!
Prof. Fábio Monteiro
APOSTILA DE FILOSOFIA
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SUMÁRIO
1. O NASCIMENTO DA FILOSOFIA .....................................................................................................................................3
1.1 O MÉTODO SOCRÁTICO...............................................................................................................................................3
1.2 PLATÃO: VIRTUDE E CONHECIMENTO........................................................................................................................4
1.3 A POLÍTICA EM PLATÃO.................................................................................................................................................5
1.4 ARISTÓTELES: A PRÁTICA E O APRENDIZADO...........................................................................................................6
1.5 A PRÁTICA EM ARISTÓTELES..........................................................................................................................................7
1.6 A ÉTICA EM ARISTÓTELES...............................................................................................................................................7
1.7 RESUMINDO FILOSOFIA CLÁSSICA .............................................................................................................................8
2. OS PENSADORES RENASCENTISTAS..............................................................................................................................8
2.1 NICOLAU MAQUIAVEL....................................................................................................................................................9
2.2 O PRÍNCIPE........................................................................................................................................................................9
3. OS ILUMINISTAS................................................................................................................................................................10
3.1 HOBBES, O “HOMEM É O LOBO DO HOMEM” (1588/ 1679) ..........................................................................11
3.2 JOHN LOCKE, A PROPRIEDADE PRIVADA (1632/ 1704).....................................................................................11
3.3 JEAN JACQUES ROUSSEAU E O CONTRATO SOCIAL, (1712/ 1778)..............................................................13
3.4 IMMANUEL KANT E O DEVER, (1724/ 1804)..........................................................................................................14
4. FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA .....................................................................................................................................15
4.1 ARENDT, (1906-1975)..................................................................................................................................................16
4.2 ARENDT E O TERROR DO ESTADO.............................................................................................................................16
4.3 FOUCAULT E A SOCIEDADE DA VIGILÂNCIA, (1926-1984)................................................................................17
4.4 DISCIPLINA E PUNIÇÃO................................................................................................................................................18
4.5 PROPOSTAS PARA O SÉCULO 21 .............................................................................................................................19
4.6 EDGAR MORIN E OS SETE SABERES ..........................................................................................................................20
4.7 GARDNER E AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS ............................................................................................................21
5. BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................................................................22
5.1 SITES CONSULTADOS...................................................................................................................................................23
5.2 FILMES SUGERIDOS.......................................................................................................................................................23
6. BANCO DE QUESTÕES DE FILOSOFIA.........................................................................................................................23
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1. O NASCIMENTO DA FILOSOFIA
A Filosofia, tal como a conhecemos hoje, surgiu com o pensamento de Sócrates (469-399 a.C.), filósofo que
provocou uma reviravolta na história humana. Até então, a filosofia só procurava explicar o mundo a partir
de suas causas físicas e, com Sócrates, o ser humano volta-se para si mesmo. Como diria o orador romano
Cícero, coube ao grego “trazer a filosofia do céu para a terra” e concentrá-la no homem e em sua alma (em
grego, psique). Junto dele, naquele momento, existiram também os sofistas, pensadores educadores
profissionais que igualmente se preocupavam com a conduta humana, mas tendo um objetivo mais
imediato: formar as elites dirigentes, os homens públicos que conduziriam as assembleias públicas das
polis. Isto significava transmitir aos jovens não o valor e o método da investigação, mas um saber
enciclopédico, além de desenvolver sua eloquência, que era a principal habilidade esperada de um político.
Sócrates concebia o homem composto por dois princípios, corpo e alma (ou espírito). De seu pensamento
surgiram duas vertentes da filosofia que, em linhas gerais, podem ser definidas como as duas grandes
linhas do pensamento ocidental. Uma delas é a idealista, que se desenvolveu a partir de Platão (427-347
a.C.). Ao distinguir o mundo concreto do mundo das ideias, deu a elas status de realidade. A outra linha é a
materialista, partindo de Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão que submeteu as ideias, às quais se
chega pelo espírito, ao mundo real.
1.1 O MÉTODO SOCRÁTICO
Nas palavras atribuídas a Sócrates por Platão na obra Apologia de Sócrates, o filósofo ateniense
considerava sua missão “andar por aí (nas ruas, praças e ginásios, que eram as escolas de atletismo),
persuadindo jovens e velhos a não se preocuparem tanto, nem em primeiro lugar, com o corpo ou com a
fortuna, mas antes com a perfeição da alma.” Ele defendia o diálogo como método de educação, assim
preferia entrar em contato direto com seu interlocutores para debater, discutir suas ideias, esta é uma das
possíveis causas para o fato de não ter deixado nenhuma obra escrita. Suas ideias foram sistematizadas
pelo seu seguidor Platão. Sócrates frequentemente se via na companhia de jovens, geralmente ligados às
elites atenienses. Ele argumentava que ninguém adquire a capacidade de conduzir os demais se não tiver
autodomínio. Assim, a partir dele, a noção de controle pessoal passou a ser um tema central da Filosofia.
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Crítico feroz dos sofistas, que só exercitavam a prática eloquente de um conhecimento superficial, Sócrates
afirmava que a verdade e a virtude são valores humanos absolutos, que independem das circunstâncias. Ele
valorizava, acima de tudo, as virtudes humanas, fossem elas individuais como a coragem, a generosidade e
a temperança, ou as coletivas como a solidariedade, a cooperação e a amizade. Assim, o pensador afirmava
que só o conhecimento conduz à prática da virtude em si mesma, que tem caráter absoluto e universal.
Segundo ele, só age erradamente quem desconhece a verdade e, por extensão, o bem. A busca pelo saber
é o caminho para a perfeição humana, introduzindo, portanto, na história do pensamento a discussão
sobre a finalidade da vida. Em outras palavras, o pensador afirmava que conhecer o bem necessariamente
nos conduziria à prática do bem, e a prática do bem nos aprimora o caráter e nossa personalidade.
De acordo o Sócrates, a função do filósofo – e, por extensão, a do professor - seria equivalente à de uma
parteira, já que caberia a ele conduzir o seu interlocutor, o seu estudante à luz do conhecimento. E a este
processo, que se desenvolve através do diálogo, ele dá o nome de maiêutica. Podemos compreender isto
melhor, levando em conta a famosa frase atribuída a ele: “só sei que não sei”. Para Sócrates, o “parto das
ideias” (maiêutica), começa com o reconhecimento de nossa própria ignorância, com a clareza dos limites
de nosso repertório intelectual. Feito isso, é necessário investigar, perguntar, debater, discutir, enfim
dialogar a fim de buscar a verdade, o conhecimento, as conclusões sobre determinado assunto. Desta
forma, percebe-se que, para Sócrates, a filosofia é a educação da prática do diálogo em busca de um
esclarecimento interpessoal, portanto coletivo.
1.2 PLATÃO: VIRTUDE E CONHECIMENTO
Na história das ideias, Platão foi o primeiro pedagogo, não só por ter concebido um sistema educacional
para o seu tempo, mas, principalmente, por tê-lo integrado a uma dimensão ética e política. O objetivo
final da educação para Platão era a formação do homem moral, vivendo em um Estado justo.
Como discípulo de Sócrates, Platão rejeitava a prática social dos sofistas e acreditava na busca contínua das
virtudes, já que para ele toda virtude é conhecimento. Assim, para começar a entendê-lo, é necessário
destacar que Platão afirmava que o mundo das ideias precede o mundo material, isto é, já que afirmava
A charge ironiza a atualidade das ideias platônicas: o homem contemporâneo substituiu o mundo das ideias pelo
mundo das imagens: ele prefere observar as imagens do mundo a encarar a realidade como ela é.
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que a alma precede o corpo. Em outras palavras, Platão foi um filósofo idealista que acreditava que, antes
de encarnar, a alma tinha acesso ao conhecimento, posto que ele é supremo. Assim, para o pensador, toda
forma de aprendizado não passaria de um esforço de reminiscência, uma tentativa de nos lembrar de um
saber a fim de completá-lo, um conhecimento primitivo e fragmentado. Este é um dos princípios que
sustentam o pensamento do filósofo e resulta em um dos grandes sensos comuns da filosofia, o conceito
de “coisa platônica” como sendo aquela ideal, necessariamente perfeita e inatingível. Posto isso, ao
homem virtuoso é dado o conhecer o bem e o belo. A busca da virtude deve prosseguir pela vida inteira,
assim a educação não pode se restringir aos anos da juventude. Educar seria fundamental para uma ordem
política baseada na justiça que deveria ser tarefa de toda sociedade. Platão ainda acreditava que, por meio
do conhecimento, seria possível controlar os instintos, a ganância e a violência. O acesso aos valores da
civilização, então, funcionaria como um antídoto para todo o mal cometido pelos seres humanos contra
seus semelhantes. Atualmente, esta é uma questão discutível, visto que mesmo tendo acesso aos bens
culturais coletivos, os indivíduos ainda são capazes de atos inconsequentes. Sendo assim, o fundamental é
compreender que o debate ético se confunde com o desenvolvimento histórico: não há como discutir ética
e educação sem levar em conta os fatos históricos e suas consequências, portanto é preciso compreender o
passado para filosofar e educar para um futuro melhor.
1.3 A POLÍTICA EM PLATÃO
Baseado na noção de que os cidadãos que tem espírito elevado fortalecem o Estado e que os melhores
entre eles serão os governantes, o filósofo defendia que toda educação era de responsabilidade do Estado.
Além disso, defendia o acesso universal à instrução, tanto para homens quanto mulheres. Porém, Platão
era um opositor da democracia. O filósofo via no sistema democrático praticado na Atenas de seu tempo
uma estrutura que concedia privilégios às pessoas despreparadas para governar. Quando Sócrates, “o mais
sábio e mais justo dos homens”, foi condenado à morte sob a acusação de corromper a juventude, Platão
convenceu-se de que a democracia precisava ser substituída. Por ele, o poder deveria ser exercido por uma
aristocracia, mas não constituída pelos mais ricos ou pelos mais nobres: os governantes seriam definidos
pela sabedoria, os reis seriam filósofos e vice-versa.
Para tanto, a educação deveria ser permanente, e ela testaria as aptidões dos alunos para que os mais
aptos recebessem a devida atenção para terem uma formação completa e se tornarem governantes. Esta
era a finalidade do sistema educacional para Platão, que pregava a renúncia do indivíduo em favor da
comunidade. A formação deveria começar antes mesmo do nascimento, através de um planejamento
eugênico da procriação. As crianças, então, seriam tiradas dos pais e enviadas ao campo – já que o
pensador considerava corruptora a influência dos mais velhos – onde teriam uma educação
predominantemente física. A proposta era criar uma reserva de saúde para toda a vida. Aos poucos, o
cidadão receberia educação musical e artística, saberes que o conduziriam às noções de equilíbrio e justiça.
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Ainda neste momento, seriam inseridos conhecimentos de Matemática, História e Ciências. Aos 20 anos, os
jovens passariam por um teste de aptidão a fim de saber que carreira seguir. Os aprovados continuariam
suas instruções almejando o aprimoramento da mente e do caráter. Por volta dos 35 anos, terminaria a
preparação dos reis-filósofos, que testariam sua formação entre os cidadãos comuns e trabalhariam para se
sustentarem, sendo, ao longo do tempo, considerados, guardiães do Estado.
“O aparecimento da polis constitui, na história do pensamento grego, um acontecimento decisivo (...) por
ela, a vida social e as relações entre os homens tomam uma forma nova, cuja originalidade será
plenamente sentida pelos gregos. O que implica o sistema da polis é primeiramente uma extraordinária
preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos de poder. Torna-se o instrumento político
por excelência, a chave de toda a autoridade no Estado, o meio de comando e de domínio sobre outrem.
(...) A palavra não é mais o termo ritual, a fórmula justa, mas o debate contraditório, a discussão, a
argumentação. (...) A arte política é essencialmente o exercício da linguagem
1
.”
1.4 ARISTÓTELES: A PRÁTICA E O APRENDIZADO
Aristóteles talvez tenha sido o mais influente dos pensadores clássicos, se levarmos em consideração o fato
de ele ter sido o criador da ciência conhecida como lógica. Além disso, de suas obras que tratam de política
e ética, herdamos noções pedagógicas, ou seja, em suas reflexões sobre estes temas ele afirmava que tudo
tem uma utilidade, uma finalidade. Para ele, o homem é um “animal político” (zôon politikón), portanto
ser feliz e ser útil à comunidade são dois objetivos que se sobrepõem e que devem estar presentes na vida
pública. O melhor governo, segundo ele, “é aquele em que cada um melhor encontra o que necessita para
ser feliz”.
A educação, para Aristóteles, é um caminho para a vida pública. Cabe à educação a formação do caráter do
aluno que deve perseguir as virtudes em todas as atitudes. E perseguir as virtudes significa busca o “justo
meio”, ou a medida justa, “aquilo que não é muito nem é pouco”, por exemplo, a prudência e a sensatez.
Eis aí um elemento fundamental para se compreender a filosofia de Aristóteles, a ideia de “justo meio”.
Além disso, ele considera que os indivíduos têm plenas potencialidades, e ele só será feliz se desfrutar das
condições necessárias para desenvolver seus talentos. E, de acordo com ele, a organização social e política
em geral, e a educação em particular, têm a responsabilidade de fornecer essas condições.
“O povo, em muitas coisas, julga melhor do que o indivíduo, seja quem for. Além disso, a multidão é mais
incorruptível (...) e, se um indivíduo se deixa dominar pela ira ou por outra paixão semelhante,
necessariamente corrompe o seu juízo; em compensação, é difícil que todos juntos se inflamem de cólera
ou pequem”
2
.
1
VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. São Paulo, Difel, 1984, p. 34-35
2
Aristóteles, “Política”. Extraído da prova do Barro Branco, 2010.
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7
1.5 A PRÁTICA EM ARISTÓTELES
A virtude, para Aristóteles, é uma prática e não um dado da natureza de cada um, tampouco o mero
conhecimento é virtuoso, como o era em Platão. Para ser praticada constantemente, a virtude precisa se
tornar um hábito. Assim, percebemos que ele desenvolve sua filosofia de forma oposta ao seu sucessor
Platão, que afirmava que as ideias predeterminam o mundo material. Ao contrário, para Aristóteles, o
mundo que percebemos é suficiente, e nele a perfeição está ao alcance de todos os homens. Esta oposição
entre os dois filósofos gregos, o idealismo de Platão versus o materialismo de Aristóteles, marcaria para
sempre o pensamento ocidental.
Ainda, ao contrário de Platão que criticava a democracia de seu tempo, Aristóteles considerava a família o
núcleo inicial da organização das cidades e aquela responsável pelo primeiro nível de educação das
crianças. Atribuía, no entanto, aos governantes e aos legisladores o dever de regular e vigiar o
funcionamento das famílias para garantir que elas crescessem dignas e condizentes com as obrigações civis.
Por isso, o Estado deveria ser o único responsável pelo ensino. Na escola, o princípio da educação é a
imitação, chamada por ele de mimesis. Segundo ele, os bons hábitos se formavam nas crianças pelo
exemplo dos adultos. Assim, ele considerava que o indivíduo virtuoso é aquele que adquire o hábito da
prática dos bons costumes e do bom convívio.
1.6 A ÉTICA EM ARISTÓTELES
Em sua obra, “Ética a Nicômaco”, o pensador discorre sobre as virtudes que o homem deveria cultivar para
fazer o bem, a exemplo da justiça, da amizade, do amor e da felicidade. O cultivo destas virtudes, a
“areté”, é o esforço em direção à felicidade e é uma prática baseada no
meio termo, cabendo às pessoas conhecer a justa medida das coisas,
compreender aquilo que é exigido em cada situação concreta e agir de
forma equilibrada, de acordo com a prudência e moderação. Portanto,
para o filósofo, a ética só se realiza através da política, que, por sua vez, é
a arte do agir bem com prudência. Aristóteles ainda considera que
existem dois tipos de ética, sendo elas a virtude dianoética e a virtude
ética:
...entre as primeiras, temos a sabedoria filosófica, a compreensão, a
sabedoria prática, e, entre as segundas, por exemplo, a liberalidade e a
temperança. Com efeito, ao falar do caráter de um homem não dizemos
que ele é sábio ou que possui entendimento, mas que é calmo ou temperante (prudente)
3
.
3
Prova da Universidade Estadual de Londrina, 2010.
Aristóteles fundou o Liceu a fim de
sistematizar o conhecimento.
Assim, surgiram as áreas da
matemática, da ética, estética e
filosofia, por exemplo.
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Traduzindo, podemos considerar que as virtudes dianoéticas são as intelectuais, são os valores que
orientam nossas condutas. Por sua vez, as virtudes éticas tratam dos sentidos e do controle das ações
humanas.
1.7 RESUMINDO FILOSOFIA CLÁSSICA
Podemos notar a atualidade do pensamento destes filósofos clássicos. A partir de Sócrates, houve uma
racionalização cada vez maior do conhecimento humano. A filosofia passa a se preocupar, não somente
com as origens do conhecimento, mas também com a sua validade, sua utilidade e finalidade. Platão, ao
definir a prevalência do mundo ideal sobre o mundo material, determinou a necessidade orientação
educacional a fim de conciliar intenção e gesto, ética e prática. Prática esta que, com Aristóteles, ganha
papel de destaque na formação do caráter humano, pois para o pensador, somente o hábito da prática das
boas atitudes torna o indivíduo melhor e capaz de servir como um bom exemplo social.
2. OS PENSADORES RENASCENTISTAS
A reabertura do Mediterrâneo pelo movimento cruzadista entre os séculos XIII e XV intensificou as rotas
comerciais europeias e favoreceu a ascensão da burguesia que, em aliança com a nobreza, definiram os
primeiros Estados Nacionais europeus unificando pesos, medidas e tarifas mercantis através da
centralização política. Dois autores deste momento podem nos ser interessantes, são eles o inglês Thomas
Morus e o italiano Nicolau Maquiavel.
Em “A Utopia”, Thomas Morus descreve um uma ilha onde reina a igualdade e a concórdia e todos têm as
mesmas condições de vida e executam, em rodízio, os mesmos trabalhos. A igualdade e os ideais
comunitários são garantidos por uma Monarquia Constitucional. Além da igualdade quanto ao estilo de
vida e ao trabalho, a distribuição de alimentos também se dá de forma comunitária. Não há a necessidade
de pagar por nada, porque há tudo em profusão, uma vez que a vida é simples e sem luxo para todos. Ao
defender os ideais da vida moderada, igualitária e dedicada ao trabalho, semelhante à praticada nos
mosteiros pré-renascentistas, notamos que há a expressão de um devir, ou seja, de como a realidade
deveria ser, de uma utopia. Morus, entretanto, sugere que tal sociedade deveria ser construída pelos
homens e não pela crença ou pela fé na justiça divina.
O primeiro ponto a ser destacado desta obra é a definição política que ela atribui à palavra utopia.
Etimologicamente, utopia significa “lugar nenhum”, entretanto, ao narrar um Estado perfeito onde se
viveria em plena liberdade religiosa e fraternidade social, a obra de Morus, publicada em 1516, faz com que
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esta palavra percorra o vocabulário político ocidental significando “como
uma sociedade deveria ser”. E esta noção de utopia como uma
sociedade alternativa, é umas principais marcas da filosofia política do
século 20, até a crise do socialismo na União Soviética na década de 1990.
Além disso, seria importante destacar que toda utopia traz em si um
conteúdo de protesto social e político, afinal, ao se valer de noções
utópicas ou defender posturas utópicas, nós demonstramos a
necessidade da transformação da situação da sociedade. Além disso,
atualmente, em termos políticos, é mais adequado se tratar de eutopias
e distopias, sendo elas as visões positivas e negativas sobre o futuro da
humanidade, respectivamente.
2.1 NICOLAU MAQUIAVEL
Para compreender melhor o pensamento deste italiano, é importante destacar que na virada do século XV
para o século XVI, apesar de a Itália deter o monopólio mercantil no Mediterrâneo, ela era marcada pela
fragmentação política, sendo formada por condados e ducados independentes, governados pelos
condottieri. Esta característica política também foi importante para Maquiavel desenvolver em “O Príncipe”
um tratado sobre os meios de condução da centralização monárquica.
2.2 O PRÍNCIPE
O florentino Nicolau Maquiavel escreveu “O Príncipe” dedicando-o a Lourenço de Médici (1449 – 1492),
governador tirânico de Florença, protetor das artes e das letras. Nessa obra, Maquiavel se propõe a
explorar as condições pelas quais um monarca absoluto é capaz de fazer conquistas e manter seu poder. De
saída, Maquiavel acredita que o poder depende de dois fatores: da virtú, que são as características
pessoais do príncipe; e da fortuna, que são as contingências, as circunstâncias, os fatos que ocorrem
independentes de sua vontade. Porém, ao contrário de seus contemporâneos utopistas, Maquiavel faz de
O Príncipe um manual de ação política realista, cujo ideal é a conquista e a manutenção do poder.
A obra de Maquiavel mostra como o monarca deve agir com seus súditos, afirmando haver duas maneiras
de combater: ou pela lei ou pela força. Como a primeira frequentemente não basta, é preciso recorrer à
segunda. Afirma ainda que a um governante é necessário ser amado e temido; porém, como é bem difícil
reunir as duas condições, é preferível se fazer temer a ser amado. Maquiavel ainda disserta sobre como
manipular a vontade popular e manter-se no poder praticando o mal de uma só vez e o bem aos poucos,
visto que o medo inspira respeito, enquanto a bondade seria uma emoção passageira. Ao desenvolver seu
“Príncipe”, Maquiavel prefere os pensadores romanos aos gregos, porque, de acordo com ele, enquanto os
Nicolau Maquiavel
Suas teorias se tornaram os
fundamentos da política moderna.
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gregos se preocupavam demasiadamente com o “como a vida deveria ser”, a política romana seria melhor
inspiração porque ela desenvolveu teorias baseadas em ”como as pessoas agem de fato”. Maquiavel,
ainda demonstra como as pessoas são naturalmente propensas ao mal e ao erro, portanto o bom
governante é aquele que consegue conciliar sua ‘virtu’ com a fortuna, ou seja, é aquele que consegue ser
circunstancial baseando-se em práticas realistas e pragmáticas. Desta forma, vemos que Maquiavel
defende uma personalização do poder, tendo em vista que governo e
Estado podem vir a se confundir de acordo com suas teorias.
Enfim, podemos notar que ambos pensadores, tanto Morus quanto
Maquiavel, tem uma visão laica da sociedade, ou seja, o destino da
sociedade e de sua boa organização está nas mãos dos indivíduos que a
compõem. Entretanto, enquanto Morus atribui sentidos políticos e
econômicos ao conceito de utopia, Maquiavel se volta às ações práticas
de um governante e elabora um tratado sobre as origens, meios e fins
do poder. Tratado este que se tornou um manual político clássico que
implica em um “ser maquiavélico”, e isto significa agir a partir da
distinção entre os valores da ética cristã e os valores da ética política. E
esta “ética maquiavélica” superou as fronteiras de seu tempo e espaço
servindo de grande referência política ainda no mundo contemporâneo.
3. OS ILUMINISTAS
As reformas religiosas do século XVI, aliadas ao processo de acúmulo de
riquezas com a exploração das colônias americanas, provocaram a
consolidação da burguesia no cenário europeu. Valores vinculados à
liberdade religiosa, à riqueza individual e à propriedade privada foram
decisivos para a redefinição do conceito de Estado-Nação, posto que ele
deveria ter um função social: prover e garantir as liberdades individuais.
Neste sentido, houve o desenvolvimento da ideologia burguesa
conhecida como Iluminismo. Pode-se afirmar que a Revolução Científica
do século XVII foi decisiva para o avanço das ideias liberais do
Iluminismo. Entretanto, as explicações mecanicistas do cientificismo do
século XVII foram superadas por teorias humanistas que procuravam
vincular as noções de direitos e deveres a um regime político
representativo da vontade popular. Assim, surgiram as teorias contratualistas, aquelas que afirmavam as
diferenças entre um estado de natureza e o estado social, para então, num segundo momento,
Montesquieu, 1689 e 1755
Formado em Direito, ganhou
notoriedade e reconhecimento nos
círculos políticos com a publicação
de O Espírito das Leis em 1748.
Sua mais importante contribuição
foi a teoria sobre a divisão dos
três poderes: Executivo, Legislativo
e Judiciário de forma a haver um
controle sobre si mesmo e evitar a
tirania. Ainda escreveu sobre as
três formas de governo:
A República é a soberania na
mão de muitos, e o princípio do
poder é a virtude.
A Monarquia é a soberania nas
mãos de uma única pessoa
segundo leis escritas, e o princípio
é a honra;
O Despotismo é a soberania
reside nas mãos de uma única
pessoa, e o seu princípio é o
temor.
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demonstrar como as ações políticas derivam das iniciativas interpessoais. O resultado foi o
desenvolvimento de três grandes revoluções liberais que, ao longo dos séculos XVII e XVIII provocaram a
crise do Antigo Regime e inauguraram governos liberais, sendo elas a Revolução Inglesa (1640-1689), a
Revolução Americana (1776) e a Revolução Francesa (1789-1799). A seguir, apresentaremos
cronologicamente os principais pensadores iluministas destacando suas heranças conceituais.
3.1 HOBBES, O “HOMEM É O LOBO DO HOMEM” (1588/ 1679)
Thomas Hobbes foi filho de um vigário anglicano que, forçado a deixar o condado por causa de uma briga,
abandonou os três filhos aos cuidados do seu irmão. Em sua juventude, foi preceptor de nobres ingleses e
teve a oportunidade de viajar pelo continente. Aos 53 anos, em 1651, após a Guerra Civil Inglesa, publica
sua obra-prima política, o “Leviatã” 4
.
Com esta obra, ele foi o pioneiro da teoria contratualista, uma vez que nela procurou definir as situações
em que seria possível legitimamente a submissão do povo a um novo soberano. Anticlerical, ele afirmava
que as origens da legalidade do Estado estão no fato de que, em um estado de natureza, os homens são
selvagens, vivem em uma constante situação de anarquia, insegurança e medo. Daí sua famosa citação, “o
homem é o lobo do homem”. Então, uma vez que os homens não são associáveis por natureza, eles
estabeleceriam acordos entre si determinando um governo soberano a fim de manter a ordem, a paz e a
segurança, isto é, um estado social baseado na equidade e justiça. Portanto, através deste contrato social,
surge um Estado soberano que não pode ser destituído, é um governo que tem poder de censura e
julgamento, sendo que o poder de sua espada (swords) deve sobrepor-se ao poder da palavra (word). A
este Estado soberano ele dá o nome de “Leviatã”, a “mão invisível que controla a todos”.
Concluindo Hobbes, vemos que o estado de natureza hobbesiano é a anarquia. Assim, deve haver uma
doutrina dos direitos naturais que tenha prevalência sobre as noções de hereditariedade. Disto se origina a
apropriação de um conceito mercantil para se tratar das relações políticas, a ideia de contrato social. De
acordo com o autor, o indivíduo é, antes de tudo, proprietário de si mesmo, e assim ele existe antes do
Estado. Então, o papel do Estado é garantir e defender as posses e propriedades individuais. Em uma
definição: o Estado consiste na proteção das relações de troca entre proprietários.
3.2 JOHN LOCKE, A PROPRIEDADE PRIVADA (1632/ 1704)
Filho de pequenos proprietários de terras, Locke estudou em Oxford, que seria sua casa por mais de 30
anos. Já na maturidade, foi admitido na Sociedade Real de Londres, onde estudou Medicina. Além disso, foi
4
http://educacao.uol.com.br/biografias/thomas-hobbes.jhtm
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escritor, economista e ativista político, cujas ideias tiveram grande influência na vitória da Revolução
Gloriosa em 16885
.
Dentre suas principais obras, estão “Dois Tratados sobre o Governo” e “Ensaios”. Através delas, o
pensador combateu a ideia de poder absoluto dos governantes e desenvolveu uma teoria que concilia a
noção de liberdade individual com a presença de um governo soberano.
Para ela, a sociedade se funda na propriedade privada, e esta é um
direito resultado do trabalho individual. Para Locke, no estado de
natureza as pessoas são livres, iguais e independentes, sendo juízes de
suas próprias causas. Assim, a segurança e a prosperidade individuais se
realizam através do pacto social, de um consentimento, que legitima o
Estado. Dentre as funções do Estado, estão a garantia e a manutenção
dos direitos naturais. Locke, então, afirma que, caso o Estado seja
ineficaz em suas ações, ou que então seja abusivo em suas medidas a
ponto de comprometer os direitos individuais, os indivíduos tem o direito
à sublevação, à revolta, posto que seria necessário retomar uma relação
de confiança que visa à manutenção do bem público.
Suas contribuições relacionadas à natureza do conhecimento também
foram importantes, já que o autor desconsiderava a proposição
cartesiana, corrente em sua época, de que o homem possuía ideias
inatas. Para Locke, todo conhecimento seria resultado da experiência,
da percepção e da sensibilidade. Assim, atribuía uma função redentora à
educação, pois através dela seria possível instruir melhor os cidadãos
visando à transformação da realidade.
Concluindo Locke, vemos que ele prega o livre arbítrio tendo com
fundamento uma noção ampla de propriedade privada, sendo que ela
envolve bens materiais e imateriais, ou “tudo aquilo que pertence”, a
exemplo da liberdade, da felicidade e das terras. O pensador ainda
considera que a sociedade civil é baseada nas diferenças entre as esferas do espaço privado e do espaço
público. Ao Estado, cabe criar condições públicas para que o indivíduo tenha condições de trabalhar e
prosperar. Sua noção de propriedade privada é elitista, já que seu projeto de sociedade é baseado no
acúmulo de riquezas, portanto, de certa forma, a riqueza individual também define a prosperidade do
5
http://educacao.uol.com.br/biografias/john-locke.jhtm
Adam Smith, 1723/ 1790
Escocês considerado o fundador
da ciência econômica. Em “A
Riqueza das Nações”, desenvolveu
ideias sobre a divisão do
trabalho, a utilização da moeda e
sobre a ação dos bancos na
economia.
Defendia a não participação do
Estado na economia, permitindo
assim o estímulo à livre
concorrência e o desenvolvimento
econômico de seus cidadãos, e
por extensão, da nação em geral.
Foi o maior representante da
escola fisiocrata, que compreende
a realidade social como um
organismo, com seus próprios
sistemas e circulações, assim como
a natureza física.
APOSTILA DE FILOSOFIA
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poder público. Eis aqui as origens da sociedade liberal capitalista. Enfim, vale dizer que ao considerar a
liberdade e a igualdade social como concepções abstratas, genéricas e formais, o pensador potencializa
seus efeitos permitindo que o movimento iluminista as torne valores universais.
3.3 JEAN JACQUES ROUSSEAU E O CONTRATO SOCIAL, (1712/ 1778)
Nobre nascido em Genebra, este pensador também se dedicou à formação musical tendo escrito duas
óperas e um dicionário de música. Aos 30 anos, ele parte para Paris onde convive com os enciclopedistas e
avança em seus estudos sobre a moral, a política e as relações sociais6
.
Dentre sua vasta obra, citamos aqui “O Contrato Social”, onde, logo no início, o pensador afirma que “o
homem nasce livre, e por toda parte encontra-se a ferros”. Nesta obra, o autor afirma que a base da
sociedade está no interesse comum pela vida social, no consentimento unânime dos homens em renunciar
as suas vontades particulares em favor de toda a comunidade. Afirma ainda que a legitimidade do Estado
se faz pela representação dos interesses comuns e pela defesa dos direitos naturais do homem, entre eles a
liberdade, a igualdade civil e a educação pública gratuita. Ao contrário de Hobbes e Rousseau que foram
pensadores otimistas em relação à civilização e ao progresso, Rousseau contrapunha à civilização o ideal
do bom selvagem. O estado de natureza rousseauniano é composto por pessoas sadias, livres, boas e
felizes. De acordo com o pensador, “os homens nascem bons, mas a sociedade os corrompe”: aqui, a ideia
de contrato social é falsa, porque a ganância pela propriedade e o desejo de poder esmagam e corrompem
as pessoas. Assim, ele tece críticas ao regime representativo, uma vez que ele legitima as desigualdades
sociais entre os indivíduos. Por isso, elogia a democracia participativa ou direta, como aquela exercida na
Atenas antiga, onde o poder soberano popular só se realiza através de assembleias. Ele também relativiza a
cidadania, ao afirmar que os cidadãos soberanos ativos também são cidadãos soberanos passivos, posto
que criam, mas também obedecem suas próprias leis.
Concluindo Rousseau, vemos que o autor traz certa nostalgia quanto ao estado de natureza. Ele considera
que, sendo o Estado a representação tanto das vontades individuais quanto das coletivas, cabe a ele
instruir, dar educação aos seus cidadãos para que estes sejam íntegros e livres tal como no estado de
natureza, isto é, para ele a vida social deve se pautar pela busca dos valores originais do estado de
natureza. Isto porque a vida social é permeada por uma contradição: ao mesmo tempo em que o
consentimento afirma a liberdade individual, esta só se realiza na obediência às leis. Enfim, ele estabelece
que governo e soberania são coisas diferentes e complementares, já que a soberania é definida pelo povo,
pelo coletivo. Por sua vez, governo é aquele que exerce o poder e pode ser destituído.
6
http://educacao.uol.com.br/biografias/jean-jacques-rousseau.jhtm
APOSTILA DE FILOSOFIA
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14
3.4 IMMANUEL KANT E O DEVER, (1724/ 1804)
Filho de pequenos artesãos, ele passou a vida inteira em sua cidade natal, Königsberg. Como professor
universitário, ele se dedicou às questões ligadas ao conhecimento e a moral com a publicação da “Crítica
da Razão Pura” e da “Crítica da Razão Prática”, em fins do século XVIII7
. Ao se perguntar “o que é o
iluminismo?”, Kant buscava compreender o pensamento de seu tempo. Em ensaio publicado em 1784, o
autor assim respondeu a essa questão:
“O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma menoridade que estes mesmos se
impuseram a si. Estão na menoridade aqueles que se encontram incapazes
de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se
culpado da própria menoridade quando esta resulta não de uma deficiência
do entendimento, mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do
entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem
coragem para fazer uso da tua própria razão! — esse é o lema do
Iluminismo”
8
.
Seu pensamento é marcado por um idealismo transcendental, ou seja, de
acordo com ele a razão não alcança as coisas em si mesmas. Tudo o que
conhecemos, na verdade, é a forma como conhecemos as coisas. Com esta
relativização do processo do conhecimento, Kant afirma que temos certas
noções definidas a priori no contato com o mundo. Então, o nosso
conhecimento é resultado da mediação dessas noções prévias com a percepção do mundo.
A partir disso, ao tratar das questões éticas, Kant afirma que estamos habituados a imperativos
hipotéticos, isto é, valores que condicionam nossas ações a partir de situações abstratas, o que faz com que
nossas ações sejam circunstanciais. Assim, a fim de determinar parâmetros internos e racionais para a
noção de ética, Kant afirmar que, além de desejar algo e tomar atitudes para conquistá-lo, é necessário
compreender nossas condutas de forma que elas se convertam em leis universais: devemos fazer
exatamente aquilo que esperamos que os outros façam. Eis o imperativo categórico Em outras palavras, o
imperativo hipotético é um padrão de ação determinado por fatores externos ao indivíduo, por exemplo,
as leis: elas determinam situações ideais que servem como reguladoras das ações individuais em sociedade.
7
http://educacao.uol.com.br/biografias/immanuel-kant.jhtm
8
http://www.sapereaudelivros.com.br/sapere.htm
Immanuel Kant:
“a experiência é
a percepção compreendida”.
APOSTILA DE FILOSOFIA
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15
Entretanto, para Kant, estes parâmetros são circunstanciais e podem determinar referências éticas
inconsequentes, uma vez que não garantem a conduta moral.
Por sua vez, o imperativo categórico não tem nada a ver com um dever externo, mas sim com um dever
interior. O indivíduo deve agir como de modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre, e ao
mesmo tempo, como um princípio de legislação universal. Isto que Kant define como imperativo
categórico, portanto, é a forma a priori que nós temos da atitude que deve ser tomada diante de uma
situação; é como se Kant afirmasse que porque nós sabemos de antemão o que devemos fazer, nós
devemos agir levando em consideração este conhecimento prévio do que deve ser feito. Aqui, a noção de
imperativo pode ser aproximada à noção do termo bíblico mandamento:
“a representação de um princípio objetivo enquanto constrange a vontade, denomina-se uma ordem da
razão; e a fórmula do mando denomina-se Imperativo.”
9
Ainda, vale citar considerações sobre a necessidade que os indivíduos têm de conciliar o necessário e o
possível:
“(...) A ética da liberdade (responsável) tem o mérito de exigir constantemente o respeito a cada ser
humano. Quantas vezes, mesmo os que defendem a vida ou a vida humana não o fazem de maneira tão
dogmática e intransigente que acabam por tratar os outros homens como apenas coisas?”
10
Concluindo Kant, ele afirma que toda vida política está submetida ao imperativo categórico da moral, posto
que, uma vez que vivemos em um Estado de Direito, cujas funções sociais são salvaguardar e manter os
direitos individuais através da imposição de deveres coletivos, a vida pública consiste precisamente na
submissão do poder ao direito e da submissão do direito à moral.
4. FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA
A proposta do seguinte capítulo é apresentar alguns pensadores de destaque do século XX cujas obras e
conceitos envolvem questões ligadas à educação, à diversidade cultural, às noções de poder e, enfim aos
direitos humanos. É importante destacar que a Filosofia Contemporânea tem como característica um
intenso intercâmbio metodológico e conceitual com outras áreas do saber, a exemplo da psicologia, da
psicanálise, da pedagogia e da história das mentalidades. Portanto, a seguir teremos uma breve
apresentação das heranças conceituais elaboradas no século XX e que ainda, hoje em dia, nos são
pertinentes.
9
http://www.bioetica.ufrgs.br/impercat.htm
10
Idem.
APOSTILA DE FILOSOFIA
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16
4.1 ARENDT, (1906-1975)
Hannah Arendt nasceu em 1906, no seio de uma família judia. Já na juventude se dedicou à filosofia,
direcionando seus estudos à ciência política. Na Universidade de Marburg, foi aluna do filósofo Martin
Heidegger (1889-1976) - polêmico devido ao seu envolvimento com o nazismo. Vítima da perseguição
nazista, ela emigrou para Paris em 1933, e depois para Nova York, em 1940. Naturalizou-se norte-
americana em 1951, ano em que publicou seu primeiro livro “As Origens do Totalitarismo”. Arendt
construiu um pensamento crítico liberal e independente, que não se alinhavava com os extremismos
ideológicos típicos do seu tempo, a exemplo do sionismo e do marxismo.
Arendt foi uma das primeiras pensadoras da política do século XX, mas sua
obra também alcança outras áreas, a exemplo da educação. A pensadora
abordou o assunto em dois textos nos anos 1940 e 1950, em um
momento em que as escolas dos Estados Unidos eram invadidas por
questões ligadas ao racismo e ao conflito de gerações. Com o
característico estilo veemente, ela criticava as doutrinas pedagógicas
daquela época que pregavam que a educação deveria preparar o aluno
para “a arte de viver” – a exemplo do movimento Escola Nova difundido
no Brasil nos anos 1940. Para Arendt, a educação deve ser fundada na
relação com o mundo, o aluno deveria ser confrontado com o mundo e
ser inspirado a mudá-lo. Sua argumentação, para tanto, é baseada na
autoridade do professor, ou seja, para ela, o professor deve manter sua
autoridade – e não se valor do autoritarismo – a fim de conduzir os alunos rumo à sociedade. E esta
educação, sim, deve ser conservadora, no sentido de que a conservação faz parte da essência educacional,
posto que “sua tarefa é abrigar e proteger o conhecimento”11
. Mas para ela, a educação é um momento
separado da política, uma vez que a política é a prática dos adultos agindo como iguais – igualdade que não
pode existir entre adultos e crianças. Nesse sentido, ela defendia a autoridade da escola como instrutora
da criança, sendo assim a educação um momento de conservação do conhecimento e de intervenção do
pensamento para a criação de uma ética perante o grupo. Aos adultos, portanto, caberiam dois tipos de
obrigação em relação às crianças. A primeira recai sobre a família, responsável pelo “bem-estar vital” de
seus filhos. A outra fica a cargo da escola, a quem cabe o “livre desenvolvimento de qualidades e talentos
pessoais”. Enfim, afirma que “qualquer pessoa que se recuse a assumir a responsabilidade coletiva pelo
mundo não deveria ter crianças e é preciso proibi-la de tomar parte na educação.”12
4.2 ARENDT E O TERROR DO ESTADO
11
Revista NOVA ESCOLA. Ed. Especial, 2008.
12
Idem.
A filósofa Hannah Arendt:
Sobre o caso Eichmann: “política
não é jardim da infância; em
política, obediência e apoio são a
mesma coisa”.
APOSTILA DE FILOSOFIA
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17
Em “As Origens do Totalitarismo”, a pensadora analisa e descreve o regime típico do século XX,
representado pelo nazismo e pelo stalinismo, dois sistemas de princípios opostos, porém com estratégias
muito semelhantes como o terror, o papel marcante da ideologia e o uso de políticas secretas. Mas um
capítulo ímpar na história da vida de Arendt, e por extensão na história do século XX, foi sua presença em
Israel em 1961 para acompanhar o julgamento do alto burocrata nazista Adolf Eichmann. O resultado dessa
iniciativa foi o livro Eichmann em Jerusalém13
. Neste livro, a pensadora cunhou a célebre expressão: “a
banalidade do mal”, em referência aos códigos aparentemente lógicos e até sensatos com que o
totalitarismo se propaga e ganha poder. Sobre os 50 anos do julgamento de Eichmann, temos a seguinte
reportagem:
“Foi provavelmente o mais importante julgamento da segunda metade do século passado (...) as acusações:
responsabilidade pelo assassinato de milhões de judeus; ter confinado estes judeus em condições preparatórias para
suas mortes; ter causado às suas vítimas graves danos físicos e morais; ter tomado iniciativas que resultaram na
esterilização de judeus; responsabilidade pela escravidão, deportações e fome de
milhões de judeus; ter perseguido judeus com base em princípios raciais;
responsabilidade pelo confisco de propriedades judaicas com medidas
desumanas envolvendo roubos e violências; ter praticado crimes de guerra;
responsabilidade pela deportação de meio milhão de judeus poloneses, de 14 mil
eslovenos, de milhares de ciganos e pela deportação e assassinato de 100
crianças checas na cidade de Lídice”
14
.
Durante o julgamento, a filósofa observou atentamente a figura comum
do réu15
. Em Eichmann, um homem de aparência equilibrada e comum,
Arendt identificou alguém habituado a não pensar. Este caso demonstra
como a combinação entre a razão, ideologia e tecnologia podem levar à
irreflexão e a legitimação de posturas que deturpam os direitos humanos.
4.3 FOUCAULT E A SOCIEDADE DA VIGILÂNCIA, (1926-1984)
Francês filho de médicos ricos, Michel Foucault estudou Psicologia e
Filosofia e se tornou professor universitário. Ao longo da década de 1960,
publicou “História da Loucura” e participou de conselho editorial de
revistas acadêmicas. Nos anos 1970, militou no Grupo de Informações
sobre Prisões. Entre suas principais obras estão “História da
Sexualidade”, “Microfísica do poder” e “Vigiar e Punir”. Morreu de Aids
em 1984.
13
http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/historia/adolf-eichmann-vinganca-tribunal-435985.shtml
14
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,os-50-anos-do-julgamento-de-eichmann,713171,0.htm?reload=y
15
http://www.dw.de/dw/article/0,,785685,00.html
Eichmann em julgamento
Com o nome de Ricardo Klement,
ele se refugiou em Buenos Aires,
onde foi capturado pela Mossad
em 1960.
Enquanto aguardava o
julgamento, Eichmann escreveu
suas memórias, nas quais insiste
em sua condição de mero
cumpridor de ordens superiores
durante a 2º Guerra. O
julgamento durou um ano e
terminou com sua condenação à
morte: o enforcamento aconteceu
pouco antes da meia-noite de 31
de maio de 1962.
APOSTILA DE FILOSOFIA
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18
Devido suas abordagens inovadoras, seu pensamento tornou-se referência em vários campos do
conhecimento, e fez com que suas obras tivessem uma rápida e ampla repercussão. Em seus estudos de
investigação histórica, o filósofo tratou diretamente das escolas e das ideias pedagógicas na Modernidade,
propondo que, antes de reproduzir, a escola produz um determinado tipo de sociedade, visto que ela é
uma instituição disciplinadora. Em vez de se debruçar sobre questões filosóficas tradicionais, Foucault
desenvolveu métodos critérios de questionamento e crítica ao modo
como elas são encaradas. A primeira consequência de seu
pensamento é mostrar que categorias como razão, método científico e
até mesmo a noção de homem não são eternas, e sim determinadas
por sistemas historicamente definidos. Para ele, não universalidade
nem unidade nestas categorias (como pensavam os iluministas), assim
como não existe uma evolução histórica linear (como queriam os
positivistas). Investigando o conceito de homem no qual se
sustentavam as ciências naturais e humanas desde o iluminismo,
Foucault observou um discurso em que coexistem o papel do objeto,
submetido à ação da natureza, e de sujeito, capaz de apreender o
mundo e modificá-lo. Mas o filósofo nega a possibilidade dessa
convivência. Segundo ele, há apenas sujeitos, que variam de uma
época para outra ou de um lugar para outro, dependendo de suas
interações16
.
4.4 DISCIPLINA E PUNIÇÃO
Foucault concluiu, no entanto, que a concepção do homem como objeto de estudo foi necessária porque
dás às instituições a possibilidade de modificar o corpo e a mente. Entre estas instituições estão a escola, os
quarteis, o hospital, as prisões e os sanatórios. O conceito difundido pela Modernidade, segundo o francês,
é a disciplina, um instrumento de dominação e controle destinado a suprimir ou domesticar os
comportamentos divergentes. Portanto, ao mesmo tempo em que o iluminismo consolidou um grande
número de instituições de assistência e proteção aos cidadãos – como família, escola, hospitais e prisões –
também inseriu nelas mecanismos que os controlam e os mantém na iminência da punição. Esses
mecanismos formariam o que Foucault chamou de tecnologia política, com poderes de manejar espaço,
tempo e registro de informações – tendo como elemento unificador a hierarquia. O filósofo não acreditava
que a dominação e o poder sejam originários de uma única fonte, como o Estado ou as classes dominantes,
mas que são exercidos cotidianamente, em várias direções, em escala múltipla. Mas, esse exercício não era
necessariamente opressor, posto que poderia estar à serviço da criação. O filósofo via na dinâmica entre
16
http://pensador.uol.com.br/foucault/
O filósofo Michel Foucault
“O discurso não é simplesmente aquilo
que traduz as lutas ou os sistemas de
dominação, mas aquilo porque, pelo
que se luta, o poder do qual nos
queremos apoderar.”
APOSTILA DE FILOSOFIA
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19
diversas instituições e ideias uma relação complexa, em que não se pode falar do conhecimento como
causa ou efeito, portanto, para dar conta dessa complexidade, o pensador desenvolveu o conceito de
poder-conhecimento. Segundo ele, não há relação de poder que não seja acompanhada da criação de
saber e vice-versa. Em outras palavras, com base no conhecimento, podemos agir contra aquilo que não
queremos, e então ensaiar novas situações sociais. Finalmente, quanto à ética, Foucault centra o foco nas
práticas por meios das quais os seres humanos exercem a dominação e a subjetivação, ou seja, o
fundamental para ele é como o indivíduo se subjetiva na sociedade, um conceito que equivale a dizer como
nós assumimos um papel histórico.
Concluindo Foucault, percebemos como suas análises tem intensa relação com o nosso cotidiano
contemporâneo. Ao afirmar que “as sociedades não disciplinadas, mas disciplinadoras”17
, vemos que as
relações sociais são complexas teias de poder, sendo
que existem tanto ‘macros’ como ‘micros’ poderes em
jogo em nosso dia a dia. Além disso, ele enfatiza a
onipresença da punição nas relações sociais, já que a
mera possibilidade de punição e seu discurso de
poder já dociliza e disciplina os corpos e a conduta
humana viabilizando o jogo social de acordo com as
relações de poder vigentes. Mas, ao mesmo tempo,
ele deixa claro que toda relação de poder implica em
uma subjetivação, isto quer dizer que embora as
relações sociais sejam permeadas constantemente
por relações de poder, elas também geram
conhecimento que viabilizam a possibilidade de
práticas sociais transformadoras da realidade.
4.5 PROPOSTAS PARA O SÉCULO 21
Mudanças profundas ocorreram em escala mundial nas últimas décadas do século 20, entre elas o avanço
da tecnologia e da informação, a globalização econômica e o fim da polarização ideológica nas relações
internacionais. Diante desse cenário, alguns pensadores têm inovado no campo das ciências humanas ao
propor novas concepções de conhecimento, a exemplo da “sociedade liquida18
” de Zygmunt Bauman19
, das
17
http://revistacult.uol.com.br
18
http://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo-D4A
19
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/4_Encontro_Entrevista_A_Sociedade_Liquid
a_1263224949.pdf
Esquema de postura corporal da escola francesa de
Port-Mahon do século 19: o triunfo da disciplina
As “instituições de sequestro” são aquelas que retiram
os indivíduos do convívio familiar ou social mais amplo
e as internam a fim de moldar suas condutas.
APOSTILA DE FILOSOFIA
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20
teorias culturais contemporâneas de Slavoj Zizek20
e dos pensamentos de Morin e Gardner, brevemente
apresentadas a fim de concluir este Manual de Filosofia.
4.6 EDGAR MORIN E OS SETE SABERES
Edgar Morin é um sociólogo francês com 87 anos de idade. Ao longo de seus trabalhos, ele percebeu que a
maior urgência no campo das ideias não é rever doutrinas e métodos, mas sim elaborar uma nova
concepção de conhecimento. No lugar da especialização, da simplificação e da fragmentação dos saberes –
características cada vez mais fortes e determinantes nestes tempos de “sociedade da informação” -, Morin
propõe o conceito de complexidade. De acordo com o autor, esta teoria da complexidade tem seus
fundamentos surgidos no campo das ciências exatas e naturais, como as teorias da informação e dos
sistemas e a cibernética, que evidenciaram a necessidade de superar as fronteiras entre as disciplinas. Para
o pensador, os saberes tradicionais foram submetidos a um processo
reducionista que acarretou na perda das noções de multiplicidade e
diversidade. A simplificação, de acordo com ele, está a serviço de uma
falsa racionalidade, que passa por cima da desordem e das
contradições existentes em todos os fenômenos e nas relações entre
eles.
Dessa forma, ele defende a introdução das noções de incerteza e de
falibilidade no estudo das ciências humanas. Em outras palavras, é
necessário mudar nossa postura diante do mundo e assumir
iniciativas solidárias e colaborativas, tendo em vista que a soma das
partes é maior do que o todo, ou seja, as transformações sociais
devem ser colocadas em prática de maneira orgânica, interativa e
valorizando o que ele chama de auto-eco-organização21
. Assim,
quanto à educação, Morin afirma que é necessário ouvir os jovens e propor uma sociedade focada nos
jovens e em suas referências culturais. Para tanto, ele propõe uma religação dos saberes, que trata de
novas posturas frente ao avanço da acessibilidade da informação provocado pelas novas tecnologias.
Então, após um convite da Organização das Nações Unidas, que solicitou a ele uma relação dos temas que
não poderiam faltar para formar o cidadão do século 21, Morin elaborou o, hoje clássico, “Os Sete Saberes
Necessários à Educação do Futuro”. Neste documento, o pensador afirma que
20
http://video.google.com/videoplay?docid=8610224796251814184
21
Revista Nova Escola. Edição Especial, 2008.
Edgar Morin
“Um trabalho tem sentido para uma
pessoa quando ela o acha importante,
útil e legítimo”.
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21
“inserem-se na ideia de uma identidade terrena onde o
destino de cada pessoa joga-se e decide-se em escala
internacional, cabendo à educação a missão ética de buscar
e trabalhar uma solidariedade renovadora que seja capaz de
dar novo alento à luta por um desenvolvimento humano
sustentável.”
22
Sua lista de saberes começa com o estudo do próprio
conhecimento. O segundo ponto é a pertinência dos
conteúdos, para que levem a apreender problemas globais
e fundamentais. Em seguida vem o estudo da condição
humana, levando em conta a unidade complexa da
natureza dos indivíduos. O quarto ponto trata de ensinar a
identidade terrena de um ponto de vista global. O tópico
seguinte é enfrentar as incertezas com base nas novas
descobertas científicas. O sexto item trata de uma reforma
da mentalidade para superar males sociais, como o
racismo. Finalmente, uma ética global, baseada na consciência do ser humano como indivíduo e parte da
sociedade e da espécie. Enfim, Morin considera que a sociedade deve desenvolver a noção de espécie
humana de forma integrada com a ideia de diversidade. O princípio da unidade/diversidade deve estar
presente em todas as esferas. Para tanto, torna-se necessário educar para os obstáculos à compreensão
humana, combatendo o egocentrismo, o etnocentrismo e o sociocentrismo, que procuram colocar em
posição secundária aspectos importantes para a vida das pessoas e das sociedades.
4.7 GARDNER E AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Howard Gardner nasceu na Pensilvânia em 1943, numa família de alemães judeus refugiados do nazismo.
Ingressou em Harvard para estudar História e Direito, porém se formou no campo da Psicologia e da
Neurologia. Seus estudos sobre a natureza do aprendizado e sobre as aptidões intelectuais rapidamente
ganharam projeção internacional a partir da década de 1990.
Até aquele momento, o padrão mais aceito para a avaliação da inteligência eram os testes de Q.I, criados
na década de 1920 pelo psicólogo francês Alfred Binet23
a pedido do Governo. O Quociente de Inteligência
media, basicamente, a capacidade de dominar o raciocínio que hoje se conhece como lógico-matemático,
mas durante muito tempo foi tomado como padrão para aferir se as pessoas correspondiam a um
desempenho social padrão esperado ou para a idade ou para a escolaridade delas. Após analisar as
22
http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_2295.html
23
http://www.testesdeqi.com.br/ e http://rachacuca.com.br/teste-de-einstein/
Exemplo de medidas proativas que promovem
um melhor convívio social
Cartaz do projeto “Educar para Crescer”
http://educarparacrescer.abril.com.br/
APOSTILA DE FILOSOFIA
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22
variações dos conceitos de inteligência em diferentes culturas, Gardner foi levado a conceituá-la como o
potencial para resolver problemas e para criar aquilo que é valorizado em determinado contexto social e
histórico. Na elaboração de se sua teoria, ele partiu da observação dos trabalhos dos gênios, buscou
evidências nos estudos de pessoas com lesões e disfunções cerebrais e, enfim, valeu-se do mapeamento
encefálico para formular hipóteses sobre a relação entre as habilidades individuais e determinadas regiões
do órgão. Baseado nestas pesquisas, ele concluiu, a princípio, que existem sete tipos de inteligência24
:
1. Lógico-matemática é a capacidade de realizar operações numéricas e fazer deduções;
2. Linguística e habilidade de aprender idiomas e de usar a fala e a escrita para atingir objetivos;
3. Espacial é a disposição para reconhecer e manipular situações que envolvam apreensões visuais;
4. Físico-cinestésica é o potencial para usar o corpo com o fim de resolver problemas ou fabricar
produtos;
5. Interpessoal é a capacidade de entender as intenções e desejos dos outros e consequentemente
de se relacionar bem em sociedade;
6. Intrapessoal é a inclinação para se conhecer e usar o entendimento de si mesmo para alcançar
certos fins;
7. Musical é a aptidão para tocar, apreciar e compor padrões musicais;
Mais tarde, Gardner acrescentou à lista a inteligência natural, como sendo aquela capaz de reconhecer e
classificar espécies da natureza, e a existencial, como sendo aquela capaz de refletir sobre questões
fundamentais da vida humana. A primeira consequência da teoria das múltiplas inteligências é que existem
talentos diferentes para atividades específicas, sendo que todas elas devem ser igualmente respeitadas em
sua diversidade. Além disso, para Gardner, o que leva as pessoas a desenvolver capacidades inatas são a
educação que recebem e as oportunidades que encontram. Para o pesquisador, cada indivíduo nasce com
vasto potencial de talentos que a sociedade deve valorizar e preservar a fim de garantir o bom convívio
com base no respeito e dignidade individuais.
5. BIBLIOGRAFIA
ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, Maria Helena. Filosofando Editora Moderna. SP, 1986.
COTRIM, Gilberto. Fundamento das Filosofia. Editora Saraiva, SP, 2006.
DURANT, Will. A História da Filosofia. Editora Nova Cultural. SP, 2000.
REVISTA NOVA ESCOLA. SP: Abril, Edição Especial, 2008.
VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Ed: Difel, SP, 1984,.
24
http://www.inteligenciasmultiplas.com.br/
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5.1 SITES CONSULTADOS
www.cpflcultura.com.br
www.educacao.uol.com.br
www.estadao.com.br
www.guiadoestudante.abri.com.br
www.inteligenciasmultiplas.com.br
www.netsaber.com.br
www.pensador.uol.com.br
www.revistacult.uol.com.br
www.sapereaudelivros.com.br
www.testesdeqi.com.br
5.3 FILMES SUGERIDOS
“A Onda”, Dennis Gansel, 2008
“A Vida dos Outros”, Florian Henckel von Donnersmarck, 2006
“Foucault por ele mesmo”,Philippe Calderon, 2003
(disponível em http://www.youtube.com/watch?v=Oy0_KfZnlws)
“Nietzsche - Human All Too Human (Humano, Demasiado Humano)”, BBC Londres
(Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=GevPhO8flpQ&feature=fvsr)
“Sociedade dos Poetas Mortos”, Peter Weir, 1990.
“Waking Life”, Richard Linklater, 2001
6. BANCO DE QUESTÕES DE FILOSOFIA
TEMA: ÉTICA
Q01.(UEL2008) A amizade perfeita é a dos homens
que são bons e afins na virtude, pois esses desejam
igualmente bem um ao outro enquanto bons, e são
bons em si mesmos. Ora, os que desejam bem aos
seus amigos por eles mesmos são os mais
verdadeiramente amigos, porque o fazem em razão da
sua própria natureza e não acidentalmente.
(ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e
Gerd Bornheim da versão inglesa de W. D. Ross. SP: Abril Cultural,
1973, p. 381-382. Os Pensadores IV.)
Os amigos formam uma unidade mais completa e mais
perfeita do que os indivíduos isolados e, pela ajuda
recíproca e desinteressada, fazem com que cada um
seja mais autônomo e mais independente do que se
estivesse só.
(CHAUÍ, M. de S. Introdução à história da filosofia: dos
pré-socráticos a Aristóteles. SP: Brasiliense, 1994. p.
323.)
Com base nos textos acima e nos conhecimentos
sobre o pensamento ético e político de Aristóteles,
considere as afirmativas a seguir.
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I. Uma sociedade de amigos é mais perfeita e durável
por considerar a lei como norma mantenedora da
amizade.
II. Os amigos tornam a sociedade política perfeita ao
se isolarem.
III. Os virtuosos e bons são verdadeiramente amigos
por desejarem o bem reciprocamente.
IV. A amizade só pode existir entre os virtuosos, que
são semelhantes em caráter; por isso, formam uma
sociedade justa.
Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas
corretas.
a) I e IV.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.
Q02.(ENEM2010) A ética precisa ser compreendida
como um empreendimento coletivo a ser
constantemente retomado e rediscutido, porque é
produto da relação interpessoal e social. A ética supõe
ainda que cada grupo social se organize sentindo-se
responsável por todos e que crie condições para o
exercício de um pensar e agir autônomos. A relação
entre ética e política é também uma questão de
educação e luta pela soberania dos povos. É necessária
uma ética renovada, que se construa a partir da
natureza dos valores sociais para organizar também
uma nova prática política.
CORDI et al. Para filosofar. SP: Scipione, 2007
O Século XX teve de repensar a ética para enfrentar
novos problemas oriundos de diferentes crises sociais,
conflitos ideológicos e contradições da realidade. Sob
esse enfoque e a partir do texto, a ética pode ser
compreendida como
a) instrumento de garantia da cidadania, porque
através dela os cidadãos passam a pensar e agir de
acordo com valores coletivos.
b) mecanismo de criação de direitos humanos, porque
é da natureza do homem ser ético e virtuoso.
c) meio para resolver os conflitos sociais no cenário da
globalização, pois a partir do entendimento do que é
efetivamente a ética, a política internacional se
realiza.
d) parâmetro para assegurar o exercício político
primando pelos interesses e ação privada dos
cidadãos.
e) aceitação de valores universais implícitos numa
sociedade que busca dimensionar sua vinculação à
outras sociedades.
Q03. (ENEM2010) Judiciario contribuiu com ditadura
no Chile, diz Juiz Guzman Tapia: As cortes de apelação
rejeitaram mais de 10 mil habeas corpus nos casos das
pessoas desaparecidas. Nos tribunais militares, todas
as causas foram concluídas com suspensões
temporárias ou definitivas, e os desaparecimentos
políticos tiveram apenas trâmite formal na Justiça.
Assim, o Poder Judiciário contribuiu para que os
agentes estatais ficassem impunes.
Disponível em: http://www.cartamaior.com.br. Acesso em: 20 jul.
2010 (adaptado).
Segundo o texto, durante a ditadura chilena na década
de 1970, a relação entre os poderes Executivo e
Judiciário caracterizava-se pela
a) preservação da autonomia institucional entre os
poderes.
b) valorização da atuação independente de alguns
juízes.
c) manutenção da interferência jurídica nos atos
executivos.
d) transferência das funções dos juízes para o chefe de
Estado.
e) subordinação do poder judiciário aos interesses
políticos dominantes.
Q04.(UEL2008) De acordo com a ética do discurso, os
argumentos apresentados a fim de validar as normas
[...] têm força de convencer os participantes de um
discurso a reconhecerem uma pretensão de validade,
tanto para a pretensão de verdade quanto para a
pretensão de retidão. [...] Ele [Habermas] defende a
tese de que as normas éticas são passíveis de
fundamentação num sentido análogo ao da verdade.
(BORGES, M. de L.; DALL’AGNOL, D. ; DUTRA, D. V. Ética. RJ: DP&A,
2002, p. 105.)
Assim, é correto afirmar que a ética do discurso
defende uma abordagem cognitivista da ética.
(HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo.
Tradução Guido Antonio de Almeida. RJ: Tempo Brasileira, 1989. p.
62 e 78.)
Sobre o cognitivismo da ética do discurso, é correto
afirmar:
a) A abordagem citada procura abordar o caráter
idealista da ética;
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b) A abordagem cognitivista da ética do discurso
assume a impossibilidade de validação das normas
morais.
c) A abordagem cognitivista da ética do discurso se
apoia no conhecimento da utilidade das ações;
d) A abordagem cognitivista da ética do discurso
procura dar continuidade às teses platônicas.
e) A ética do discurso, ao abordar a ética de um ponto
de vista cognitivista, pretende destacar seus aspectos
retóricos.
Q05. (ENEM 2010)
QUINO. Toda Mafalda. SP: Martins Fontes, 1991.
Democracia: “regime político no qual a soberania é
exercida pelo povo, pertence ao conjunto dos
cidadãos.”
JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionario Basico de Filosofia. RJ:
Zahar, 2006.
Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um
contexto democrático, tem por objetivo
a) impedir a contratação de familiares para o serviço
público.
b) reduzir a ação das instituições constitucionais.
c) combater a distribuição equilibrada de poder.
d) evitar a escolha de governantes autoritários.
e) restringir a atuação do Parlamento.
Q06. (ENEM2011) Na ética contemporânea, o sujeito
não é mais um sujeito substancial, soberano e
absolutamente livre, nem um sujeito empírico
puramente natural. Ele é simultaneamente os dois, na
medida em que é um sujeito histórico-social. Assim, a
ética adquire um dimensionamento político, uma vez
que a ação do sujeito não pode mais ser vista e
avaliada fora da relação social coletiva. Desse modo, a
ética se entrelaça, necessariamente, com a política,
entendida esta como a área de avaliação dos valores
que atravessam as relações sociais e que interliga os
indivíduos entre si.
SEVERINO. A. J. Filosofia. SP: Cortez, 1992 (adaptado)
O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo
de formação da ética na sociedade contemporânea,
ressalta
a) os conteúdos éticos decorrentes das ideologias
político-partidárias.
b) o valor da ação humana derivada de preceitos
metafísicos.
c) a sistematização de valores desassociados da
cultura.
d) o sentido coletivo e político das ações humanas
individuais.
e) o julgamento da ação ética pelos políticos eleitos
democraticamente.
Q07.(ENEM2009) Os regimes totalitários da primeira
metade do século XX apoiaram-se fortemente na
mobilização da juventude em torno da defesa de
ideias grandiosas para o futuro da nação. Nesses
projetos, os jovens deveriam entender que só havia
uma pessoa digna de ser amada e obedecida, que era
o líder. Tais movimentos sociais juvenis contribuíram
para a implantação e a sustentação do nazismo, na
Alemanha, e do fascismo, na Itália, Espanha e
Portugal. A atuação desses movimentos juvenis
caracterizava-se
A) pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com
que enfrentavam os opositores ao regime.
B) pelas propostas de conscientização da população
acerca dos seus direitos como cidadãos.
C) pela promoção de um modo de vida saudável, que
mostrava os jovens como exemplos a seguir.
D) pelo diálogo, ao organizar debates que opunham
jovens idealistas e velhas lideranças conservadoras.
E) pelos métodos políticos populistas e pela
organização de comícios multitudinários.
Q08.(ENEM2009) Na democracia estadunidense, os
cidadãos são incluídos na sociedade pelo exercício
pleno dos direitos políticos e também pela ideia geral
de direito de propriedade. Compete ao governo
garantir que esse direito não seja violado. Como
consequência, mesmo aqueles que possuem uma
pequena propriedade sentem-se cidadãos de pleno
direito. Na tradição política dos EUA, uma forma de
incluir socialmente os cidadãos é
A) submeter o indivíduo à proteção do governo.
B) hierarquizar os indivíduos segundo suas posses.
C) estimular a formação de propriedades comunais.
D) vincular democracia e possibilidades econômicas
individuais.
E) defender a obrigação de que todos os indivíduos
tenham propriedades.
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Q09.(ENEM2009) Na década de 30 do século XIX,
Tocqueville escreveu as seguintes linhas a respeito da
moralidade nos EUA: “A opinião pública norte-
americana é particularmente dura com a falta de
moral, pois esta desvia a atenção frente à busca do
bem-estar e prejudica a harmonia doméstica, que é
tão essencial ao sucesso dos negócios. Nesse sentido,
pode-se dizer que ser casto é uma questão de honra”.
TOCQUEVILLE, A. Democracy in America. Chicago: Encyclopædia
Britannica, Inc., Great Books 44, 1990
Do trecho, infere-se que, para Tocqueville, os norte-
americanos do seu tempo
A) buscavam o êxito, descurando as virtudes cívicas.
B) tinham na vida moral uma garantia de
enriquecimento rápido.
C) valorizavam um conceito de honra dissociado do
comportamento ético.
D) relacionavam a conduta moral dos indivíduos com o
progresso econômico.
E) acreditavam que o comportamento casto
perturbava a harmonia doméstica.
(ITURRUSGARAI, A. Mundo Monstro. Folha de S. Paulo. Ilustrada E 9,
quinta-feira, 3 set. 2009.)
Q10.(UEL2010) O ponto de vista moral, a partir do
qual podemos avaliar imparcialmente as questões
práticas, é seguramente interpretado de diferentes
maneiras. Mas ele não está livre e arbitrariamente à
nossa disposição, já que releva a forma comunicativa
do discurso racional. Impõe-se intuitivamente a todos
os que estejam abertos a esta forma reflexiva da ação
orientada para a comunicação.
(HABERMAS, J. Comentários à Ética do Discurso. Tradução de Gilda
Lopes Encarnação. Lisboa: Instituto Piaget, 1999. p. 101-102.)
Com base na tira e no texto, é correto afirmar que a
ética do discurso de Habermas
a) baseia-se em argumentos de autoridade prescritos
universalmente e assegurados, sobretudo, pelo lastro
tradicional dos valores partilhados no mundo da vida.
b) pauta-se em argumentos de utilidade, os quais
impõe o dever de proporcionar, enquanto benefício, o
maior bem ou a maior felicidade aos envolvidos.
c) funda-se em argumentos racionais sob condições
simétricas de interação, amparados em pretensões de
validade, tais como verdade, sinceridade e correção.
d) constrói-se no uso de argumentos que visam o
aconselhamento e a prudência, salientando a
necessidade de ações retas do ponto de vista do
caráter a da virtude.
e) realiza-se por meio de argumentos intuicionistas,
fazendo respeitar o que cada pessoa carrega em sua
biografia quanto à compreensão do que é certo ou
errado.
TEMA: FILOSOFIA DO CONHECIMENTO
Q11.(ADAPTADA) O método desenvolvido por
Sócrates para interceder na investigação da verdade é
análogo, segundo o próprio Sócrates, àquele das
parteiras: a este método, damos o nome de maiêutica.
A maiêutica (ou parto das idéias) serve-se de uma
estratégia filosófica que ficou conhecida como
A) Analítica.
B) Dialética.
C) Lógica.
D) Gnosiologia.
E) Metafísica.
Q12. (ADAPTADA) “Para testemunhar a minha ciência,
se é uma ciência, e qual é ela, vos trareis o deus de
Delfos. Conheceste Querofonte, com certeza. Era meu
amigo de infância e também amigo do partido do povo
e seu companheiro naquele exílio que de que voltou
conosco. Conheceis o temperamento de Querofonte,
tão tenaz em seus empreendimentos. Ora, certa vez,
havendo ido a Delfos, arriscou esta consulta ao
oráculo, repito aos senhores, não vos revolteis, ele
perguntou se havia alguém mais sábio do que eu;
respondeu a Pítia que não existia ninguém mais
sábio.”
(“Apologia”, em “Sócrates”, editora Nova Cultural, 1999)
Sócrates interpretou a mensagem do oráculo de
Delfos como uma missão. A missão socrática realiza-se
como inquisição: diante da investigação de Sócrates,
revelado o não-saber de seus interlocutores, estes
deveriam voltar os olhos para si mesmos de modo a
investigar a própria natureza. Para Sócrates, esta
investigação era pessoal e não poderia ser ensinada –
mas ao mesmo tempo, o futuro da cidade dependeria
inteiramente dela. E dependeria porque
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A) a cidade é incapaz de se governar sem alguém para
indicar o caminho.
B) a ciência de Sócrates seria a política.
C) o conhecimento só existe como opinião.
D) o mal só é praticado por desconhecimento do Bem.
E) o saber só seria verdadeiro se ensinado por
Sócrates.
Q13.(UEL2011) A escultura Discóbolo de Míron, do
século V a. C., expressa o ideal de homem na pólis
ateniense. Com base nos valores deste ideal clássico,
considere as afirmativas a seguir.
I. Ao cidadão, cabia tempo livre para se dedicar
integralmente ao que era próprio do ser político,
como a especulação filosófica e a prática desportiva,
visando à realização do humano.
II. Na pólis governada por juristas apoiados por atletas
com poder de comando das tropas, o cidadão
considerava a igualdade econômica como a realização
do ser humano.
III. O cidadão era o elemento que integrava a pólis à
natureza e tal integração era representada pela
corpolatria e pelas atividades físicas impostas pelo
Senado.
IV. O ideal do cidadão era expresso pela sua
participação nas ações e decisões da pólis, o que
incluía a busca da beleza e do equilíbrio entre as
formas.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.
Q14.(ADAPTADA) “As grandes filosofias do século IV –
de Platão (428-348 a.C.) e de Aristóteles (384-322 a.C.)
– forneceram os elementos epistemológicos básicos
que irão orientar por muito tempo o processo de
formação dos saberes científicos; elas determinam de
fato uma reflexão aprofundada sobre as origens
recentes desses saberes.”
(Mario Vegetti em: História da Filosofia, Ed. Vozes, 2011)
O ideal cientificista surgiu primariamente entre os
gregos: tal ideal engloba, por exemplo, a inclinação
para o conhecimento da natureza e o
desenvolvimento das principais estruturas
investigativas (indução e dedução, causalidade, etc.).
Uma diferença crucial, no entanto, separa a ciência
dos antigos da ciência dos modernos:
A) A ciência antiga era regulada pelo mito e a moderna
pelo cientificismo.
B) A ciência antiga era autônoma e a moderna
depende do Estado.
C) A ciência antiga era contemplativa e a moderna é
aplicada.
D) A ciência antiga era naturalista e a moderna é
idealista.
E) A ciência antiga interpreta a natureza pela
matemática e a moderna pela lógica.
Q15.(ADAPTADA) “No tocante aos objetos, na medida
em que são simplesmente pensados pela razão – e
necessariamente – mas sem poderem (pelo menos tais
como a razão os pensa) ser dados na experiência,
todas as tentativas para o pensar (pois têm que poder
ser pensados) serão, consequentemente, uma
magnífica pedra de toque daquilo que consideramos
ser a mudança de método da maneira de pensar, a
saber, que só conhecemos a priori das coisas o que nós
mesmos nelas pomos.”
(Kant, “Crítica da Razão Pura”, Ed. Calouste, 2001)
Pode-se inferir, a partir da passagem do filósofo
alemão Kant, que as coisas
A) podem ser conhecidas por nós tais quais elas
verdadeiramente são.
B) possuem características que são antes
características de nosso modo de pensar.
C) possuem realidade objetiva para além de qualquer
subjetividade.
D) são meras invenções de nossa subjetividade.
E) se desdobram em duas – a coisa em si e sua
contraparte como ideia.
Q16.(ADAPTADA) “Hoje, porém, sabe-se que a
concepção evolutiva está equivocada e que o
pensamento conceitual e o pensamento mítico podem
coexistir numa mesma sociedade. Estudos de
antropologia social, que estuda os mitos das
sociedades ditas selvagens e também as mitologias de
nossas sociedades, ditas civilizadas, mostraram que,
no caso de nossas sociedades, a presença simultânea
do pensamento conceitual e do pensamento mítico
decorre do modo como a imaginação social
transforma em mito aquilo que o pensamento
conceitual elabora nas ciências e na filosofia.”
(Marilena Chauí, “Convite à Filosofia”, editora Ática, 2010)
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Identifique o termo que ilustra o conteúdo afirmado
pela sentença citada:
A) Astrofísica.
B) Cientologia.
C) Genética.
D) Geologia.
E) Semiótica.
Q17.(ADAPTADA)Do ponto de vista conceitual, pode-
se dizer que uma postura intolerante a qualquer tipo
de inclinação relativista é
A) antropocêntrica.
B) egocêntrica.
C) etnocêntrica.
D) megalômana.
E) multiculturalista.
Q18.(ADAPTADA) “A inclinação relativista ou, mais
exatamente, a inclinação relativista a que a
antropologia comumente induz os que lidam muito
com seus materiais, está, portanto, em certo sentido,
implícita no campo antropológico como tal, talvez
particularmente na antropologia cultural, mas
também em boa parte da arqueologia, da linguística
antropológica e da antropologia física. Não se pode ler
muito sobre a matrilinearidade nayar, o sacrifício
asteca, o verbo hopi ou as convoluções da transição
dos hominídeos sem começar por considerar pelo
menos a possibilidade de que, para citar de novo
Montaigne, ‘todo homem chame de barbarismo
qualquer prática que não seja a sua... porque não
temos outro critério racional que não o exemplo e a
ideia das opiniões e costumes do país em que
vivemos’. É impossível que essa idéia, sejam quais
forem seus problemas e por mais delicadamente que
se expresse, venha a se extinguir a menos que a
antropologia desapareça.”
(Clifford Geertz, “Nova luz sobre a antropologia”, Jorge Zahar, 2001)
O texto sugere uma ideia forte para a filosofia – sem a
qual todo esforço filosófico é, no fim, um esforço cego,
surdo e mudo. Identifique-a.
A) A inclinação relativista conduz necessariamente à
falta de rigor metodológico e ao sentimento de que
tudo é permitido.
B) A inclinação relativista é contrária ao esforço
filosófico de derivar o universal dos particulares.
C) A inclinação relativista está associada à abertura
necessária para a revisão de nossos próprios
conceitos.
D) A inclinação relativista sugere que há um único
caminho a ser trilhado para o desenvolvimento de
práticas civilizadas.
E) A inclinação relativista sugere que todas as práticas
são, em perspectiva, bárbaras e, portanto, se
equivalem.
Q19.(UEL 2011) Nosso futebol mulato, com seus
floreios artísticos cuja eficiência – menos na defesa
que no ataque – ficou demonstrada, é uma expressão
de nossa formação social, democrática como
nenhuma e rebelde a excessos de ordenação interna e
externa; a excessos de uniformização, de
geometrização, de estandartização; a totalitarismos
que façam desaparecer a variação individual ou
espontaneidade pessoal.
(Adaptado de FREYRE, G. apud FRANZINI, F. No campo das idéias:
Gilberto Freyre e a invenção da brasilidade futebolística. Buenos
Ayres: Lecturas: Educación Física y Deporte. Ano 5 nº 26 - Revista
digital (http://www.efdeportes.com), 2000.)
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema,
é correto afirmar:
a) O futebol, assim como a democracia brasileira,
expressa falta de seriedade, pois não se pauta por
regras previamente definidas.
b) O futebol brasileiro nasce como um símbolo da
democracia racial no país, uma vez que, em suas
origens, todas as raças estão envolvidas.
c) A rebeldia e a irreverência do futebol brasileiro
foram fundamentais para a construção de resistência
popular às formas autoritárias de governo.
d) O futebol brasileiro expressa um caráter
democrático, que não se prende a modelos.
e) A riqueza do futebol brasileiro está na raça que lhe
dá origem, motivo pelo qual, ao popularizar-se,
perdeu sua criatividade.
Q20. (UEL2011) Na obra “Resposta à questão: o que é
o esclarecimento?”, Kant discute conceitos como uso
público e privado da razão e a superação da
menoridade. À luz do pensamento kantiano, o
fenômeno contemporâneo do uso político dos eventos
esportivos
a) torna o indivíduo dependente, já que a sua
menoridade impede o esclarecimento e a
possibilidade de pensar por si próprio.
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b) forma o indivíduo autônomo, uma vez que amplia a
sua capacidade de fazer uso da própria razão para agir
autonomamente.
c) impede que o indivíduo pense de forma restrita,
pois, mesmo estando cercado por tutores, facilmente
rompe com a menoridade.
d) proporciona esclarecimento político das massas,
pois tais eventos promovem o aprendizado crítico
mediante a afirmação da ideia de nacionalidade.
e) confere liberdade às massas para superar a
dependência gerada pela aceitação da tutela de
outrem.
TEMA: POLÍTICA
Q21. (ENEM2009) Segundo Aristóteles, “na cidade
com o melhor conjunto de normas e naquela dotada
de homens absolutamente justos, os cidadãos não
devem viver uma vida de trabalho trivial ou de
negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e
incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco
devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois
o lazer é indispensável ao desenvolvimento das
qualidades morais e à prática das atividades políticas”.
VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. SP: Atual,
1994.
O trecho, retirado da obra “Política”, de Aristóteles,
permite compreender que a cidadania
A) possui uma dimensão histórica que deve ser
criticada, pois é condenável que os políticos de
qualquer época fiquem entregues à ociosidade,
enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar.
B) era entendida como uma dignidade própria dos
grupos sociais superiores, fruto de uma concepção
política profundamente hierarquizada da sociedade.
C) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma
percepção política democrática, que levava todos os
habitantes da pólis a participarem da vida cívica.
D) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela
qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado
às atividades vinculadas aos tribunais.
E) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles
que se dedicavam à política e que tinham tempo para
resolver os problemas da cidade.
Q22. UEL2011[...] só a vontade geral pode dirigir as
forças do Estado de acordo com a finalidade de sua
instituição, que é o bem comum, porque, se a oposição
dos interesses particulares tornou necessário o
estabelecimento das sociedades, foi o acordo desses
mesmos interesses que o possibilitou. O que existe de
comum nesses vários interesses forma o liame social e,
se não houvesse um ponto em que todos os interesses
concordassem, nenhuma sociedade poderia existir.
Ora, somente com base nesse interesse comum é que a
sociedade deve ser governada.
(ROUSSEAU, J.-J. Do contrato social. 5. edição. SP: Nova Cultural,
1991, p.43).
Com base no texto e nos conhecimentos sobre a
relação entre contrato social e vontade geral no
pensamento de Rousseau, é correto afirmar:
a) A vontade geral, fundamento da ordem social e
política, consiste na soma e, por sua vez, na
concordância de todas as vontades individuais, as
quais por natureza tendem para a igualdade.
b) Pelo contrato social, a multidão promete obedecer
a um senhor, a quem transmite a vontade coletiva e,
por este ato de doação, torna-se povo e institui-se o
corpo político.
c) Pelo direito natural, a vontade geral se realiza na
concordância manifesta pela maioria das vontades
particulares, reunidas em assembleia, que reivindicam
para si o poder soberano da comunidade.
d) Por força do contrato social, a lei se torna ato da
vontade geral e, como tal, expressão da soberania do
povo e vontade do corpo político, que deve partir de
todos para aplicar-se a todos.
e) O contrato social, pelo qual o povo adquire sua
soberania, decorre da predisposição natural de cada
associado, permitindo-lhe manter o seu poder, de
seus bens e da própria liberdade.
Q23. UEL2011 [...] Os homens não podem esperar uma
conservação duradoura se continuarem no estado de
natureza, ou seja, de guerra, e isso devido à igualdade
de poder que entre eles há, e a outras faculdades com
que estão dotados. A lei da natureza primeira, e
fundamental, é que devemos procurar a paz, quando
possa ser encontrada [...]. Uma das leis naturais
inferidas desta primeira e fundamental é a seguinte:
que os homens não devem conservar o direito que
têm, todos, a todas as coisas.
(HOBBES, T. Do Cidadão. SP: Martins Fontes, 1992, pp. 40 - 41; 45 -
46).
[...] aquele que submete sua vontade à vontade
outrem transfere a este último o direito sobre sua
força e suas faculdades - de tal modo que, quando
todos os outros tiverem feito o mesmo, aquele a quem
se submeteram terá tanto poder que, pelo terror que
este suscita, poderá conformar as vontades
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particulares à unidade e à concórdia. [...] A união
assim feita diz-se uma cidade, ou uma sociedade civil.
(HOBBES, T. Do Cidadão. SP: Martins Fontes, p. 1992, p. 109).
Para os jusnaturalistas o problema da legitimidade do
poder político comporta uma questão de fato e uma
questão de direito, isto é, o problema da instituição
da sociedade civil e o problema do fundamento da
autoridade política. Com base nos textos e nos
conhecimentos sobre o pensamento jusnaturalista de
Hobbes, considere as afirmativas a seguir:
I. A instituição da sociedade civil fundamenta-se na
sociabilidade natural do ser humano, pela qual os
indivíduos hipoteticamente livres e iguais decidem
submeter-se à autoridade comum de um só homem
ou de uma assembleia.
II. Além do pacto de associação para união de todos
em um só corpo, é preciso que ao mesmo tempo se
estabeleça o pacto de submissão de todos a um poder
comum para a preservação da segurança e da paz civil.
III. A soberania do povo encontra sua origem e seus
princípios fundamentais no ato do contrato social
constituído pelas vontades particulares dos indivíduos
a fim de edificar uma vontade geral indivisível e
inalienável.
IV. O estado de guerra decorre em última instância da
necessidade fundamental dos homens, naturalmente
iguais entre si, por sua preservação que faz com que
cada um tenha direito a tudo.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afirmativas I e IV são corretas.
b) Somente as afirmativas II e III são corretas.
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
Q24. (ENEM 2010) O príncipe, portanto, não deve se
incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito
é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos
exemplos duros poderá ser mais clemente do que
outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios
que levem ao assassínio e ao roubo.
MAQUIAVEL, N. O Principe, SP: Martin Claret, 2009.
No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão
sobre a Monarquia e a função do governante. A
manutenção da ordem social, segundo esse autor,
baseava-se na
a) inércia do julgamento de crimes polêmicos.
b) bondade em relação ao comportamento dos
mercenários.
c) compaixão quanto à condenação de transgressões
religiosas.
d) neutralidade diante da condenação dos servos.
e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do
príncipe
Q25. (ADAPTADA) A política foi, inicialmente, a arte de
impedir as pessoas de se ocuparem do que lhes diz
respeito. Posteriormente, passou a ser a arte de
compelir as pessoas a decidirem sobre aquilo de que
nada entendem.
VALÉRY, P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M. V. M. A cidadania ativa.
SP: Ática, 1996.
Nessa definição, o autor entende que a história da
política está dividida em dois momentos principais:
um primeiro, marcado pelo autoritarismo excludente,
e um segundo, caracterizado por uma democracia
incompleta. Considerando o texto, qual é o elemento
comum a esses dois momentos da história política?
a) A distribuição equilibrada do poder.
b) O impedimento da participação popular.
c) O controle das decisões por uma minoria.
d) A valorização das opiniões mais competentes.
e) A sistematização dos processos decisórios
Q26. (ENEM 2010) A lei não nasce da natureza, junto
das fontes frequentadas pelos primeiros pastores: a lei
nasce das batalhas reais, das vitórias, dos massacres,
das conquistas que têm sua data e seus heróis de
horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras
devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que
agonizam no dia que está amanhecendo.
FOUCAULT. M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In. Em defesa da
sociedade. SP: Martins Fontes. 1999
O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a
política e a lei em relação ao poder e à organização
social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade
das leis na organização das sociedades modernas é
a) combater ações violentas na guerra entre as
nações.
b) coagir e servir para refrear a agressividade humana.
c) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre
os indivíduos de uma mesma nação.
d) estabelecer princípios éticos que regulamentam as
ações bélicas entre países inimigos.
APOSTILA DE FILOSOFIA
Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com
31
e) organizar as relações de poder na sociedade e entre
os Estados.
Q27. (ENEM 2011) Os três tipos de poder representam
três diversos tipos de motivações: no poder
tradicional, o motivo da obediência e a crença na
sacralidade da pessoa do soberano; no poder racional,
o motivo da obediência deriva da crença na
racionalidade do comportamento conforme a lei; no
poder carismático, deriva da crença nos dotes
extraordinários do chefe.
BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teoria geral da
politica. SP: Paz e Terra, 1999
O texto apresenta três tipos de poder que podem ser
identificados em momentos históricos distintos.
Identifique o período em que a obediência esteve
associada predominantemente ao poder carismático:
A) República Federalista Norte-Americana.
B) República Fascista Italiana no século XX.
C) Monarquia Teocrática do Egito Antigo.
D) Monarquia Absoluta Francesa no século XVII.
E) Monarquia Constitucional Brasileira no século XIX
Q28. (ENEM 2009) A definição de eleitor foi tema de
artigos nas Constituições brasileiras de 1891 e de
1934. Diz a Constituição da República dos Estados
Unidos do Brasil de 1891: “Art. 70. São eleitores os
cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na
forma da lei”. A Constituição da República dos Estados
Unidos do Brasil de 1934, por sua vez, estabelece que:
Art. 180. “São eleitores os brasileiros de um e de outro
sexo, maiores de 18 anos, que se alistarem na forma
da lei.” Ao se comparar os dois artigos, no que diz
respeito ao gênero dos eleitores, depreende-se que
A) Constituição de 1934 avançou ao reduzir a idade
mínima para votar.
B) a Constituição de 1891, ao se referir a cidadãos,
referia-se também às mulheres.
C) os textos de ambas as Cartas permitiam que
qualquer cidadão fosse eleitor.
D) o texto da carta de 1891 já permitia o voto
feminino.
E) a Constituição de 1891 considerava eleitores apenas
indivíduos do sexo masculino.
Q29.(ENEM 2010) De março de 1931 a fevereiro de
1940, foram decretadas mais de 150 leis novas de
proteção social e de regulamentação do trabalho em
todos os seus setores. Todas elas têm sido
simplesmente uma dádiva do governo. Desde aí, o
trabalhador brasileiro encontra nos quadros gerais do
regime o seu verdadeiro lugar.
DANTAS, M. A força nacionalizadora do Estado Novo. RJ: DIP, 1942.
Apud BERCITO, S. R. Nos Tempos de Getúlio: da Revoluçãoo de 30
ao fim do Estado Novo. SP: Atual, 1990
A adoção de novas políticas públicas e as mudanças
jurídico-institucionais ocorridas no Brasil, com a
ascensão de Getúlio Vargas ao poder, evidenciam o
papel histórico de certas lideranças e a importância
das lutas sociais na conquista da cidadania. Desse
processo resultou a
a) criação do Ministério do Trabalho, Indústria e
Comércio, que garantiu ao operariado autonomia para
o exercício de atividades sindicais.
b) legislação previdenciária, que proibiu migrantes de
ocuparem cargos de direção nos sindicatos.
c) criação da Justiça do Trabalho, para coibir ideologias
consideradas perturbadoras da "harmonia social".
d) legislação trabalhista que atendeu reivindicações
dos operários, garantido-lhes vários direitos e formas
de proteção.
e) decretação da Consolidação das Leis do Trabalho
(CLT), que impediu o controle estatal sobre as
atividades políticas da classe operária.
Q30.(ENEM 2009) A partir de 1942 e estendendo-se
até o final do Estado Novo, o Ministro do Trabalho,
Indústria e Comércio de Getúlio Vargas falou aos
ouvintes da Rádio Nacional semanalmente, por dez
minutos, no programa “Hora do Brasil”. O objetivo
declarado do governo era esclarecer os trabalhadores
acerca das inovações na legislação de proteção ao
trabalho.
GOMES, A. C. A invenção do trabalhismo. RJ: IUPERJ / Vértice. SP:
Revista dos Tribunais, 1988.
Os programas “Hora do Brasil” contribuíram para
A) conscientizar os trabalhadores de que os direitos
sociais foram conquistados por seu esforço, após anos
de lutas sindicais.
B) promover a autonomia dos grupos sociais, por meio
de uma linguagem simples e de fácil entendimento.
C) estimular os movimentos grevistas, que
reivindicavam um aprofundamento dos direitos
trabalhistas.
D) consolidar a imagem de Vargas como um
governante protetor das massas.
E) aumentar os grupos de discussão política dos
trabalhadores, estimulados pelas palavras do ministro.
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Manual de Filosofia

  • 1. APRESENTAÇÃO O presente Manual de Filosofia tem dentre seus objetivos, apresentar um breve panorama da História da Filosofia, desde a Filosofia Clássica surgida na Grécia Antiga, passando pelo desenvolvimento da Filosofia Política Renascentista e Iluminista até os dias atuais. Este recorte procura apresentar as contribuições teóricas dos principais pensadores destes períodos, sendo que, quanto à Filosofia Contemporânea, nosso foco se deteve na introdução ao pensamento de teóricos que têm sido presenças marcantes do debate sobre as atualidades, a saber Hannah Arendt, Michel Foucault, Edgar Morin e Howard Gardner. A produção deste Manual levou em consideração o “Edital do Concurso Público de Provas e Títulos para a admissão ao Bacharelado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública (Curso de Formação de Oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo)”. De acordo com o Edital, o conteúdo de Filosofia visa “identificar os candidatos com capacidade para debater, tomando uma posição e defendendo-a argumentativamente, assim como articular conhecimentos filosóficos e diferentes conteúdos nas diversas produções culturais”. Além disso, sua proposta é “distinguir entre os candidatos o conhecimento integrado (...) bem como sua criatividade, raciocínio, capacidade de generalização, enfim, autonomia intelectual”. Para tanto, a fim possibilitar leituras multidisciplinares que também contemplem um debate amplo sobre o mundo contemporâneo, junto com este Manual da História da Filosofia seguem dicas de sites e filmes que podem enriquecer o debate em sala de aula, e ainda um Banco de Questões Temáticas que visam oferecer repertório crítico para o candidato em sua preparação para a aprovação na Academia da Polícia do Barro Branco. Aos candidatos, Agere non loqui! E boa sorte! Prof. Fábio Monteiro
  • 2. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 2 SUMÁRIO 1. O NASCIMENTO DA FILOSOFIA .....................................................................................................................................3 1.1 O MÉTODO SOCRÁTICO...............................................................................................................................................3 1.2 PLATÃO: VIRTUDE E CONHECIMENTO........................................................................................................................4 1.3 A POLÍTICA EM PLATÃO.................................................................................................................................................5 1.4 ARISTÓTELES: A PRÁTICA E O APRENDIZADO...........................................................................................................6 1.5 A PRÁTICA EM ARISTÓTELES..........................................................................................................................................7 1.6 A ÉTICA EM ARISTÓTELES...............................................................................................................................................7 1.7 RESUMINDO FILOSOFIA CLÁSSICA .............................................................................................................................8 2. OS PENSADORES RENASCENTISTAS..............................................................................................................................8 2.1 NICOLAU MAQUIAVEL....................................................................................................................................................9 2.2 O PRÍNCIPE........................................................................................................................................................................9 3. OS ILUMINISTAS................................................................................................................................................................10 3.1 HOBBES, O “HOMEM É O LOBO DO HOMEM” (1588/ 1679) ..........................................................................11 3.2 JOHN LOCKE, A PROPRIEDADE PRIVADA (1632/ 1704).....................................................................................11 3.3 JEAN JACQUES ROUSSEAU E O CONTRATO SOCIAL, (1712/ 1778)..............................................................13 3.4 IMMANUEL KANT E O DEVER, (1724/ 1804)..........................................................................................................14 4. FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA .....................................................................................................................................15 4.1 ARENDT, (1906-1975)..................................................................................................................................................16 4.2 ARENDT E O TERROR DO ESTADO.............................................................................................................................16 4.3 FOUCAULT E A SOCIEDADE DA VIGILÂNCIA, (1926-1984)................................................................................17 4.4 DISCIPLINA E PUNIÇÃO................................................................................................................................................18 4.5 PROPOSTAS PARA O SÉCULO 21 .............................................................................................................................19 4.6 EDGAR MORIN E OS SETE SABERES ..........................................................................................................................20 4.7 GARDNER E AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS ............................................................................................................21 5. BIBLIOGRAFIA....................................................................................................................................................................22 5.1 SITES CONSULTADOS...................................................................................................................................................23 5.2 FILMES SUGERIDOS.......................................................................................................................................................23 6. BANCO DE QUESTÕES DE FILOSOFIA.........................................................................................................................23
  • 3. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 3 1. O NASCIMENTO DA FILOSOFIA A Filosofia, tal como a conhecemos hoje, surgiu com o pensamento de Sócrates (469-399 a.C.), filósofo que provocou uma reviravolta na história humana. Até então, a filosofia só procurava explicar o mundo a partir de suas causas físicas e, com Sócrates, o ser humano volta-se para si mesmo. Como diria o orador romano Cícero, coube ao grego “trazer a filosofia do céu para a terra” e concentrá-la no homem e em sua alma (em grego, psique). Junto dele, naquele momento, existiram também os sofistas, pensadores educadores profissionais que igualmente se preocupavam com a conduta humana, mas tendo um objetivo mais imediato: formar as elites dirigentes, os homens públicos que conduziriam as assembleias públicas das polis. Isto significava transmitir aos jovens não o valor e o método da investigação, mas um saber enciclopédico, além de desenvolver sua eloquência, que era a principal habilidade esperada de um político. Sócrates concebia o homem composto por dois princípios, corpo e alma (ou espírito). De seu pensamento surgiram duas vertentes da filosofia que, em linhas gerais, podem ser definidas como as duas grandes linhas do pensamento ocidental. Uma delas é a idealista, que se desenvolveu a partir de Platão (427-347 a.C.). Ao distinguir o mundo concreto do mundo das ideias, deu a elas status de realidade. A outra linha é a materialista, partindo de Aristóteles (384-322 a.C.), discípulo de Platão que submeteu as ideias, às quais se chega pelo espírito, ao mundo real. 1.1 O MÉTODO SOCRÁTICO Nas palavras atribuídas a Sócrates por Platão na obra Apologia de Sócrates, o filósofo ateniense considerava sua missão “andar por aí (nas ruas, praças e ginásios, que eram as escolas de atletismo), persuadindo jovens e velhos a não se preocuparem tanto, nem em primeiro lugar, com o corpo ou com a fortuna, mas antes com a perfeição da alma.” Ele defendia o diálogo como método de educação, assim preferia entrar em contato direto com seu interlocutores para debater, discutir suas ideias, esta é uma das possíveis causas para o fato de não ter deixado nenhuma obra escrita. Suas ideias foram sistematizadas pelo seu seguidor Platão. Sócrates frequentemente se via na companhia de jovens, geralmente ligados às elites atenienses. Ele argumentava que ninguém adquire a capacidade de conduzir os demais se não tiver autodomínio. Assim, a partir dele, a noção de controle pessoal passou a ser um tema central da Filosofia.
  • 4. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 4 Crítico feroz dos sofistas, que só exercitavam a prática eloquente de um conhecimento superficial, Sócrates afirmava que a verdade e a virtude são valores humanos absolutos, que independem das circunstâncias. Ele valorizava, acima de tudo, as virtudes humanas, fossem elas individuais como a coragem, a generosidade e a temperança, ou as coletivas como a solidariedade, a cooperação e a amizade. Assim, o pensador afirmava que só o conhecimento conduz à prática da virtude em si mesma, que tem caráter absoluto e universal. Segundo ele, só age erradamente quem desconhece a verdade e, por extensão, o bem. A busca pelo saber é o caminho para a perfeição humana, introduzindo, portanto, na história do pensamento a discussão sobre a finalidade da vida. Em outras palavras, o pensador afirmava que conhecer o bem necessariamente nos conduziria à prática do bem, e a prática do bem nos aprimora o caráter e nossa personalidade. De acordo o Sócrates, a função do filósofo – e, por extensão, a do professor - seria equivalente à de uma parteira, já que caberia a ele conduzir o seu interlocutor, o seu estudante à luz do conhecimento. E a este processo, que se desenvolve através do diálogo, ele dá o nome de maiêutica. Podemos compreender isto melhor, levando em conta a famosa frase atribuída a ele: “só sei que não sei”. Para Sócrates, o “parto das ideias” (maiêutica), começa com o reconhecimento de nossa própria ignorância, com a clareza dos limites de nosso repertório intelectual. Feito isso, é necessário investigar, perguntar, debater, discutir, enfim dialogar a fim de buscar a verdade, o conhecimento, as conclusões sobre determinado assunto. Desta forma, percebe-se que, para Sócrates, a filosofia é a educação da prática do diálogo em busca de um esclarecimento interpessoal, portanto coletivo. 1.2 PLATÃO: VIRTUDE E CONHECIMENTO Na história das ideias, Platão foi o primeiro pedagogo, não só por ter concebido um sistema educacional para o seu tempo, mas, principalmente, por tê-lo integrado a uma dimensão ética e política. O objetivo final da educação para Platão era a formação do homem moral, vivendo em um Estado justo. Como discípulo de Sócrates, Platão rejeitava a prática social dos sofistas e acreditava na busca contínua das virtudes, já que para ele toda virtude é conhecimento. Assim, para começar a entendê-lo, é necessário destacar que Platão afirmava que o mundo das ideias precede o mundo material, isto é, já que afirmava A charge ironiza a atualidade das ideias platônicas: o homem contemporâneo substituiu o mundo das ideias pelo mundo das imagens: ele prefere observar as imagens do mundo a encarar a realidade como ela é.
  • 5. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 5 que a alma precede o corpo. Em outras palavras, Platão foi um filósofo idealista que acreditava que, antes de encarnar, a alma tinha acesso ao conhecimento, posto que ele é supremo. Assim, para o pensador, toda forma de aprendizado não passaria de um esforço de reminiscência, uma tentativa de nos lembrar de um saber a fim de completá-lo, um conhecimento primitivo e fragmentado. Este é um dos princípios que sustentam o pensamento do filósofo e resulta em um dos grandes sensos comuns da filosofia, o conceito de “coisa platônica” como sendo aquela ideal, necessariamente perfeita e inatingível. Posto isso, ao homem virtuoso é dado o conhecer o bem e o belo. A busca da virtude deve prosseguir pela vida inteira, assim a educação não pode se restringir aos anos da juventude. Educar seria fundamental para uma ordem política baseada na justiça que deveria ser tarefa de toda sociedade. Platão ainda acreditava que, por meio do conhecimento, seria possível controlar os instintos, a ganância e a violência. O acesso aos valores da civilização, então, funcionaria como um antídoto para todo o mal cometido pelos seres humanos contra seus semelhantes. Atualmente, esta é uma questão discutível, visto que mesmo tendo acesso aos bens culturais coletivos, os indivíduos ainda são capazes de atos inconsequentes. Sendo assim, o fundamental é compreender que o debate ético se confunde com o desenvolvimento histórico: não há como discutir ética e educação sem levar em conta os fatos históricos e suas consequências, portanto é preciso compreender o passado para filosofar e educar para um futuro melhor. 1.3 A POLÍTICA EM PLATÃO Baseado na noção de que os cidadãos que tem espírito elevado fortalecem o Estado e que os melhores entre eles serão os governantes, o filósofo defendia que toda educação era de responsabilidade do Estado. Além disso, defendia o acesso universal à instrução, tanto para homens quanto mulheres. Porém, Platão era um opositor da democracia. O filósofo via no sistema democrático praticado na Atenas de seu tempo uma estrutura que concedia privilégios às pessoas despreparadas para governar. Quando Sócrates, “o mais sábio e mais justo dos homens”, foi condenado à morte sob a acusação de corromper a juventude, Platão convenceu-se de que a democracia precisava ser substituída. Por ele, o poder deveria ser exercido por uma aristocracia, mas não constituída pelos mais ricos ou pelos mais nobres: os governantes seriam definidos pela sabedoria, os reis seriam filósofos e vice-versa. Para tanto, a educação deveria ser permanente, e ela testaria as aptidões dos alunos para que os mais aptos recebessem a devida atenção para terem uma formação completa e se tornarem governantes. Esta era a finalidade do sistema educacional para Platão, que pregava a renúncia do indivíduo em favor da comunidade. A formação deveria começar antes mesmo do nascimento, através de um planejamento eugênico da procriação. As crianças, então, seriam tiradas dos pais e enviadas ao campo – já que o pensador considerava corruptora a influência dos mais velhos – onde teriam uma educação predominantemente física. A proposta era criar uma reserva de saúde para toda a vida. Aos poucos, o cidadão receberia educação musical e artística, saberes que o conduziriam às noções de equilíbrio e justiça.
  • 6. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 6 Ainda neste momento, seriam inseridos conhecimentos de Matemática, História e Ciências. Aos 20 anos, os jovens passariam por um teste de aptidão a fim de saber que carreira seguir. Os aprovados continuariam suas instruções almejando o aprimoramento da mente e do caráter. Por volta dos 35 anos, terminaria a preparação dos reis-filósofos, que testariam sua formação entre os cidadãos comuns e trabalhariam para se sustentarem, sendo, ao longo do tempo, considerados, guardiães do Estado. “O aparecimento da polis constitui, na história do pensamento grego, um acontecimento decisivo (...) por ela, a vida social e as relações entre os homens tomam uma forma nova, cuja originalidade será plenamente sentida pelos gregos. O que implica o sistema da polis é primeiramente uma extraordinária preeminência da palavra sobre todos os outros instrumentos de poder. Torna-se o instrumento político por excelência, a chave de toda a autoridade no Estado, o meio de comando e de domínio sobre outrem. (...) A palavra não é mais o termo ritual, a fórmula justa, mas o debate contraditório, a discussão, a argumentação. (...) A arte política é essencialmente o exercício da linguagem 1 .” 1.4 ARISTÓTELES: A PRÁTICA E O APRENDIZADO Aristóteles talvez tenha sido o mais influente dos pensadores clássicos, se levarmos em consideração o fato de ele ter sido o criador da ciência conhecida como lógica. Além disso, de suas obras que tratam de política e ética, herdamos noções pedagógicas, ou seja, em suas reflexões sobre estes temas ele afirmava que tudo tem uma utilidade, uma finalidade. Para ele, o homem é um “animal político” (zôon politikón), portanto ser feliz e ser útil à comunidade são dois objetivos que se sobrepõem e que devem estar presentes na vida pública. O melhor governo, segundo ele, “é aquele em que cada um melhor encontra o que necessita para ser feliz”. A educação, para Aristóteles, é um caminho para a vida pública. Cabe à educação a formação do caráter do aluno que deve perseguir as virtudes em todas as atitudes. E perseguir as virtudes significa busca o “justo meio”, ou a medida justa, “aquilo que não é muito nem é pouco”, por exemplo, a prudência e a sensatez. Eis aí um elemento fundamental para se compreender a filosofia de Aristóteles, a ideia de “justo meio”. Além disso, ele considera que os indivíduos têm plenas potencialidades, e ele só será feliz se desfrutar das condições necessárias para desenvolver seus talentos. E, de acordo com ele, a organização social e política em geral, e a educação em particular, têm a responsabilidade de fornecer essas condições. “O povo, em muitas coisas, julga melhor do que o indivíduo, seja quem for. Além disso, a multidão é mais incorruptível (...) e, se um indivíduo se deixa dominar pela ira ou por outra paixão semelhante, necessariamente corrompe o seu juízo; em compensação, é difícil que todos juntos se inflamem de cólera ou pequem” 2 . 1 VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. São Paulo, Difel, 1984, p. 34-35 2 Aristóteles, “Política”. Extraído da prova do Barro Branco, 2010.
  • 7. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 7 1.5 A PRÁTICA EM ARISTÓTELES A virtude, para Aristóteles, é uma prática e não um dado da natureza de cada um, tampouco o mero conhecimento é virtuoso, como o era em Platão. Para ser praticada constantemente, a virtude precisa se tornar um hábito. Assim, percebemos que ele desenvolve sua filosofia de forma oposta ao seu sucessor Platão, que afirmava que as ideias predeterminam o mundo material. Ao contrário, para Aristóteles, o mundo que percebemos é suficiente, e nele a perfeição está ao alcance de todos os homens. Esta oposição entre os dois filósofos gregos, o idealismo de Platão versus o materialismo de Aristóteles, marcaria para sempre o pensamento ocidental. Ainda, ao contrário de Platão que criticava a democracia de seu tempo, Aristóteles considerava a família o núcleo inicial da organização das cidades e aquela responsável pelo primeiro nível de educação das crianças. Atribuía, no entanto, aos governantes e aos legisladores o dever de regular e vigiar o funcionamento das famílias para garantir que elas crescessem dignas e condizentes com as obrigações civis. Por isso, o Estado deveria ser o único responsável pelo ensino. Na escola, o princípio da educação é a imitação, chamada por ele de mimesis. Segundo ele, os bons hábitos se formavam nas crianças pelo exemplo dos adultos. Assim, ele considerava que o indivíduo virtuoso é aquele que adquire o hábito da prática dos bons costumes e do bom convívio. 1.6 A ÉTICA EM ARISTÓTELES Em sua obra, “Ética a Nicômaco”, o pensador discorre sobre as virtudes que o homem deveria cultivar para fazer o bem, a exemplo da justiça, da amizade, do amor e da felicidade. O cultivo destas virtudes, a “areté”, é o esforço em direção à felicidade e é uma prática baseada no meio termo, cabendo às pessoas conhecer a justa medida das coisas, compreender aquilo que é exigido em cada situação concreta e agir de forma equilibrada, de acordo com a prudência e moderação. Portanto, para o filósofo, a ética só se realiza através da política, que, por sua vez, é a arte do agir bem com prudência. Aristóteles ainda considera que existem dois tipos de ética, sendo elas a virtude dianoética e a virtude ética: ...entre as primeiras, temos a sabedoria filosófica, a compreensão, a sabedoria prática, e, entre as segundas, por exemplo, a liberalidade e a temperança. Com efeito, ao falar do caráter de um homem não dizemos que ele é sábio ou que possui entendimento, mas que é calmo ou temperante (prudente) 3 . 3 Prova da Universidade Estadual de Londrina, 2010. Aristóteles fundou o Liceu a fim de sistematizar o conhecimento. Assim, surgiram as áreas da matemática, da ética, estética e filosofia, por exemplo.
  • 8. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 8 Traduzindo, podemos considerar que as virtudes dianoéticas são as intelectuais, são os valores que orientam nossas condutas. Por sua vez, as virtudes éticas tratam dos sentidos e do controle das ações humanas. 1.7 RESUMINDO FILOSOFIA CLÁSSICA Podemos notar a atualidade do pensamento destes filósofos clássicos. A partir de Sócrates, houve uma racionalização cada vez maior do conhecimento humano. A filosofia passa a se preocupar, não somente com as origens do conhecimento, mas também com a sua validade, sua utilidade e finalidade. Platão, ao definir a prevalência do mundo ideal sobre o mundo material, determinou a necessidade orientação educacional a fim de conciliar intenção e gesto, ética e prática. Prática esta que, com Aristóteles, ganha papel de destaque na formação do caráter humano, pois para o pensador, somente o hábito da prática das boas atitudes torna o indivíduo melhor e capaz de servir como um bom exemplo social. 2. OS PENSADORES RENASCENTISTAS A reabertura do Mediterrâneo pelo movimento cruzadista entre os séculos XIII e XV intensificou as rotas comerciais europeias e favoreceu a ascensão da burguesia que, em aliança com a nobreza, definiram os primeiros Estados Nacionais europeus unificando pesos, medidas e tarifas mercantis através da centralização política. Dois autores deste momento podem nos ser interessantes, são eles o inglês Thomas Morus e o italiano Nicolau Maquiavel. Em “A Utopia”, Thomas Morus descreve um uma ilha onde reina a igualdade e a concórdia e todos têm as mesmas condições de vida e executam, em rodízio, os mesmos trabalhos. A igualdade e os ideais comunitários são garantidos por uma Monarquia Constitucional. Além da igualdade quanto ao estilo de vida e ao trabalho, a distribuição de alimentos também se dá de forma comunitária. Não há a necessidade de pagar por nada, porque há tudo em profusão, uma vez que a vida é simples e sem luxo para todos. Ao defender os ideais da vida moderada, igualitária e dedicada ao trabalho, semelhante à praticada nos mosteiros pré-renascentistas, notamos que há a expressão de um devir, ou seja, de como a realidade deveria ser, de uma utopia. Morus, entretanto, sugere que tal sociedade deveria ser construída pelos homens e não pela crença ou pela fé na justiça divina. O primeiro ponto a ser destacado desta obra é a definição política que ela atribui à palavra utopia. Etimologicamente, utopia significa “lugar nenhum”, entretanto, ao narrar um Estado perfeito onde se viveria em plena liberdade religiosa e fraternidade social, a obra de Morus, publicada em 1516, faz com que
  • 9. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 9 esta palavra percorra o vocabulário político ocidental significando “como uma sociedade deveria ser”. E esta noção de utopia como uma sociedade alternativa, é umas principais marcas da filosofia política do século 20, até a crise do socialismo na União Soviética na década de 1990. Além disso, seria importante destacar que toda utopia traz em si um conteúdo de protesto social e político, afinal, ao se valer de noções utópicas ou defender posturas utópicas, nós demonstramos a necessidade da transformação da situação da sociedade. Além disso, atualmente, em termos políticos, é mais adequado se tratar de eutopias e distopias, sendo elas as visões positivas e negativas sobre o futuro da humanidade, respectivamente. 2.1 NICOLAU MAQUIAVEL Para compreender melhor o pensamento deste italiano, é importante destacar que na virada do século XV para o século XVI, apesar de a Itália deter o monopólio mercantil no Mediterrâneo, ela era marcada pela fragmentação política, sendo formada por condados e ducados independentes, governados pelos condottieri. Esta característica política também foi importante para Maquiavel desenvolver em “O Príncipe” um tratado sobre os meios de condução da centralização monárquica. 2.2 O PRÍNCIPE O florentino Nicolau Maquiavel escreveu “O Príncipe” dedicando-o a Lourenço de Médici (1449 – 1492), governador tirânico de Florença, protetor das artes e das letras. Nessa obra, Maquiavel se propõe a explorar as condições pelas quais um monarca absoluto é capaz de fazer conquistas e manter seu poder. De saída, Maquiavel acredita que o poder depende de dois fatores: da virtú, que são as características pessoais do príncipe; e da fortuna, que são as contingências, as circunstâncias, os fatos que ocorrem independentes de sua vontade. Porém, ao contrário de seus contemporâneos utopistas, Maquiavel faz de O Príncipe um manual de ação política realista, cujo ideal é a conquista e a manutenção do poder. A obra de Maquiavel mostra como o monarca deve agir com seus súditos, afirmando haver duas maneiras de combater: ou pela lei ou pela força. Como a primeira frequentemente não basta, é preciso recorrer à segunda. Afirma ainda que a um governante é necessário ser amado e temido; porém, como é bem difícil reunir as duas condições, é preferível se fazer temer a ser amado. Maquiavel ainda disserta sobre como manipular a vontade popular e manter-se no poder praticando o mal de uma só vez e o bem aos poucos, visto que o medo inspira respeito, enquanto a bondade seria uma emoção passageira. Ao desenvolver seu “Príncipe”, Maquiavel prefere os pensadores romanos aos gregos, porque, de acordo com ele, enquanto os Nicolau Maquiavel Suas teorias se tornaram os fundamentos da política moderna.
  • 10. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 10 gregos se preocupavam demasiadamente com o “como a vida deveria ser”, a política romana seria melhor inspiração porque ela desenvolveu teorias baseadas em ”como as pessoas agem de fato”. Maquiavel, ainda demonstra como as pessoas são naturalmente propensas ao mal e ao erro, portanto o bom governante é aquele que consegue conciliar sua ‘virtu’ com a fortuna, ou seja, é aquele que consegue ser circunstancial baseando-se em práticas realistas e pragmáticas. Desta forma, vemos que Maquiavel defende uma personalização do poder, tendo em vista que governo e Estado podem vir a se confundir de acordo com suas teorias. Enfim, podemos notar que ambos pensadores, tanto Morus quanto Maquiavel, tem uma visão laica da sociedade, ou seja, o destino da sociedade e de sua boa organização está nas mãos dos indivíduos que a compõem. Entretanto, enquanto Morus atribui sentidos políticos e econômicos ao conceito de utopia, Maquiavel se volta às ações práticas de um governante e elabora um tratado sobre as origens, meios e fins do poder. Tratado este que se tornou um manual político clássico que implica em um “ser maquiavélico”, e isto significa agir a partir da distinção entre os valores da ética cristã e os valores da ética política. E esta “ética maquiavélica” superou as fronteiras de seu tempo e espaço servindo de grande referência política ainda no mundo contemporâneo. 3. OS ILUMINISTAS As reformas religiosas do século XVI, aliadas ao processo de acúmulo de riquezas com a exploração das colônias americanas, provocaram a consolidação da burguesia no cenário europeu. Valores vinculados à liberdade religiosa, à riqueza individual e à propriedade privada foram decisivos para a redefinição do conceito de Estado-Nação, posto que ele deveria ter um função social: prover e garantir as liberdades individuais. Neste sentido, houve o desenvolvimento da ideologia burguesa conhecida como Iluminismo. Pode-se afirmar que a Revolução Científica do século XVII foi decisiva para o avanço das ideias liberais do Iluminismo. Entretanto, as explicações mecanicistas do cientificismo do século XVII foram superadas por teorias humanistas que procuravam vincular as noções de direitos e deveres a um regime político representativo da vontade popular. Assim, surgiram as teorias contratualistas, aquelas que afirmavam as diferenças entre um estado de natureza e o estado social, para então, num segundo momento, Montesquieu, 1689 e 1755 Formado em Direito, ganhou notoriedade e reconhecimento nos círculos políticos com a publicação de O Espírito das Leis em 1748. Sua mais importante contribuição foi a teoria sobre a divisão dos três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário de forma a haver um controle sobre si mesmo e evitar a tirania. Ainda escreveu sobre as três formas de governo: A República é a soberania na mão de muitos, e o princípio do poder é a virtude. A Monarquia é a soberania nas mãos de uma única pessoa segundo leis escritas, e o princípio é a honra; O Despotismo é a soberania reside nas mãos de uma única pessoa, e o seu princípio é o temor.
  • 11. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 11 demonstrar como as ações políticas derivam das iniciativas interpessoais. O resultado foi o desenvolvimento de três grandes revoluções liberais que, ao longo dos séculos XVII e XVIII provocaram a crise do Antigo Regime e inauguraram governos liberais, sendo elas a Revolução Inglesa (1640-1689), a Revolução Americana (1776) e a Revolução Francesa (1789-1799). A seguir, apresentaremos cronologicamente os principais pensadores iluministas destacando suas heranças conceituais. 3.1 HOBBES, O “HOMEM É O LOBO DO HOMEM” (1588/ 1679) Thomas Hobbes foi filho de um vigário anglicano que, forçado a deixar o condado por causa de uma briga, abandonou os três filhos aos cuidados do seu irmão. Em sua juventude, foi preceptor de nobres ingleses e teve a oportunidade de viajar pelo continente. Aos 53 anos, em 1651, após a Guerra Civil Inglesa, publica sua obra-prima política, o “Leviatã” 4 . Com esta obra, ele foi o pioneiro da teoria contratualista, uma vez que nela procurou definir as situações em que seria possível legitimamente a submissão do povo a um novo soberano. Anticlerical, ele afirmava que as origens da legalidade do Estado estão no fato de que, em um estado de natureza, os homens são selvagens, vivem em uma constante situação de anarquia, insegurança e medo. Daí sua famosa citação, “o homem é o lobo do homem”. Então, uma vez que os homens não são associáveis por natureza, eles estabeleceriam acordos entre si determinando um governo soberano a fim de manter a ordem, a paz e a segurança, isto é, um estado social baseado na equidade e justiça. Portanto, através deste contrato social, surge um Estado soberano que não pode ser destituído, é um governo que tem poder de censura e julgamento, sendo que o poder de sua espada (swords) deve sobrepor-se ao poder da palavra (word). A este Estado soberano ele dá o nome de “Leviatã”, a “mão invisível que controla a todos”. Concluindo Hobbes, vemos que o estado de natureza hobbesiano é a anarquia. Assim, deve haver uma doutrina dos direitos naturais que tenha prevalência sobre as noções de hereditariedade. Disto se origina a apropriação de um conceito mercantil para se tratar das relações políticas, a ideia de contrato social. De acordo com o autor, o indivíduo é, antes de tudo, proprietário de si mesmo, e assim ele existe antes do Estado. Então, o papel do Estado é garantir e defender as posses e propriedades individuais. Em uma definição: o Estado consiste na proteção das relações de troca entre proprietários. 3.2 JOHN LOCKE, A PROPRIEDADE PRIVADA (1632/ 1704) Filho de pequenos proprietários de terras, Locke estudou em Oxford, que seria sua casa por mais de 30 anos. Já na maturidade, foi admitido na Sociedade Real de Londres, onde estudou Medicina. Além disso, foi 4 http://educacao.uol.com.br/biografias/thomas-hobbes.jhtm
  • 12. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 12 escritor, economista e ativista político, cujas ideias tiveram grande influência na vitória da Revolução Gloriosa em 16885 . Dentre suas principais obras, estão “Dois Tratados sobre o Governo” e “Ensaios”. Através delas, o pensador combateu a ideia de poder absoluto dos governantes e desenvolveu uma teoria que concilia a noção de liberdade individual com a presença de um governo soberano. Para ela, a sociedade se funda na propriedade privada, e esta é um direito resultado do trabalho individual. Para Locke, no estado de natureza as pessoas são livres, iguais e independentes, sendo juízes de suas próprias causas. Assim, a segurança e a prosperidade individuais se realizam através do pacto social, de um consentimento, que legitima o Estado. Dentre as funções do Estado, estão a garantia e a manutenção dos direitos naturais. Locke, então, afirma que, caso o Estado seja ineficaz em suas ações, ou que então seja abusivo em suas medidas a ponto de comprometer os direitos individuais, os indivíduos tem o direito à sublevação, à revolta, posto que seria necessário retomar uma relação de confiança que visa à manutenção do bem público. Suas contribuições relacionadas à natureza do conhecimento também foram importantes, já que o autor desconsiderava a proposição cartesiana, corrente em sua época, de que o homem possuía ideias inatas. Para Locke, todo conhecimento seria resultado da experiência, da percepção e da sensibilidade. Assim, atribuía uma função redentora à educação, pois através dela seria possível instruir melhor os cidadãos visando à transformação da realidade. Concluindo Locke, vemos que ele prega o livre arbítrio tendo com fundamento uma noção ampla de propriedade privada, sendo que ela envolve bens materiais e imateriais, ou “tudo aquilo que pertence”, a exemplo da liberdade, da felicidade e das terras. O pensador ainda considera que a sociedade civil é baseada nas diferenças entre as esferas do espaço privado e do espaço público. Ao Estado, cabe criar condições públicas para que o indivíduo tenha condições de trabalhar e prosperar. Sua noção de propriedade privada é elitista, já que seu projeto de sociedade é baseado no acúmulo de riquezas, portanto, de certa forma, a riqueza individual também define a prosperidade do 5 http://educacao.uol.com.br/biografias/john-locke.jhtm Adam Smith, 1723/ 1790 Escocês considerado o fundador da ciência econômica. Em “A Riqueza das Nações”, desenvolveu ideias sobre a divisão do trabalho, a utilização da moeda e sobre a ação dos bancos na economia. Defendia a não participação do Estado na economia, permitindo assim o estímulo à livre concorrência e o desenvolvimento econômico de seus cidadãos, e por extensão, da nação em geral. Foi o maior representante da escola fisiocrata, que compreende a realidade social como um organismo, com seus próprios sistemas e circulações, assim como a natureza física.
  • 13. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 13 poder público. Eis aqui as origens da sociedade liberal capitalista. Enfim, vale dizer que ao considerar a liberdade e a igualdade social como concepções abstratas, genéricas e formais, o pensador potencializa seus efeitos permitindo que o movimento iluminista as torne valores universais. 3.3 JEAN JACQUES ROUSSEAU E O CONTRATO SOCIAL, (1712/ 1778) Nobre nascido em Genebra, este pensador também se dedicou à formação musical tendo escrito duas óperas e um dicionário de música. Aos 30 anos, ele parte para Paris onde convive com os enciclopedistas e avança em seus estudos sobre a moral, a política e as relações sociais6 . Dentre sua vasta obra, citamos aqui “O Contrato Social”, onde, logo no início, o pensador afirma que “o homem nasce livre, e por toda parte encontra-se a ferros”. Nesta obra, o autor afirma que a base da sociedade está no interesse comum pela vida social, no consentimento unânime dos homens em renunciar as suas vontades particulares em favor de toda a comunidade. Afirma ainda que a legitimidade do Estado se faz pela representação dos interesses comuns e pela defesa dos direitos naturais do homem, entre eles a liberdade, a igualdade civil e a educação pública gratuita. Ao contrário de Hobbes e Rousseau que foram pensadores otimistas em relação à civilização e ao progresso, Rousseau contrapunha à civilização o ideal do bom selvagem. O estado de natureza rousseauniano é composto por pessoas sadias, livres, boas e felizes. De acordo com o pensador, “os homens nascem bons, mas a sociedade os corrompe”: aqui, a ideia de contrato social é falsa, porque a ganância pela propriedade e o desejo de poder esmagam e corrompem as pessoas. Assim, ele tece críticas ao regime representativo, uma vez que ele legitima as desigualdades sociais entre os indivíduos. Por isso, elogia a democracia participativa ou direta, como aquela exercida na Atenas antiga, onde o poder soberano popular só se realiza através de assembleias. Ele também relativiza a cidadania, ao afirmar que os cidadãos soberanos ativos também são cidadãos soberanos passivos, posto que criam, mas também obedecem suas próprias leis. Concluindo Rousseau, vemos que o autor traz certa nostalgia quanto ao estado de natureza. Ele considera que, sendo o Estado a representação tanto das vontades individuais quanto das coletivas, cabe a ele instruir, dar educação aos seus cidadãos para que estes sejam íntegros e livres tal como no estado de natureza, isto é, para ele a vida social deve se pautar pela busca dos valores originais do estado de natureza. Isto porque a vida social é permeada por uma contradição: ao mesmo tempo em que o consentimento afirma a liberdade individual, esta só se realiza na obediência às leis. Enfim, ele estabelece que governo e soberania são coisas diferentes e complementares, já que a soberania é definida pelo povo, pelo coletivo. Por sua vez, governo é aquele que exerce o poder e pode ser destituído. 6 http://educacao.uol.com.br/biografias/jean-jacques-rousseau.jhtm
  • 14. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 14 3.4 IMMANUEL KANT E O DEVER, (1724/ 1804) Filho de pequenos artesãos, ele passou a vida inteira em sua cidade natal, Königsberg. Como professor universitário, ele se dedicou às questões ligadas ao conhecimento e a moral com a publicação da “Crítica da Razão Pura” e da “Crítica da Razão Prática”, em fins do século XVIII7 . Ao se perguntar “o que é o iluminismo?”, Kant buscava compreender o pensamento de seu tempo. Em ensaio publicado em 1784, o autor assim respondeu a essa questão: “O Iluminismo representa a saída dos seres humanos de uma menoridade que estes mesmos se impuseram a si. Estão na menoridade aqueles que se encontram incapazes de fazer uso da própria razão independentemente da direção de outrem. É-se culpado da própria menoridade quando esta resulta não de uma deficiência do entendimento, mas da falta de resolução e coragem para se fazer uso do entendimento independentemente da direção de outrem. Sapere aude! Tem coragem para fazer uso da tua própria razão! — esse é o lema do Iluminismo” 8 . Seu pensamento é marcado por um idealismo transcendental, ou seja, de acordo com ele a razão não alcança as coisas em si mesmas. Tudo o que conhecemos, na verdade, é a forma como conhecemos as coisas. Com esta relativização do processo do conhecimento, Kant afirma que temos certas noções definidas a priori no contato com o mundo. Então, o nosso conhecimento é resultado da mediação dessas noções prévias com a percepção do mundo. A partir disso, ao tratar das questões éticas, Kant afirma que estamos habituados a imperativos hipotéticos, isto é, valores que condicionam nossas ações a partir de situações abstratas, o que faz com que nossas ações sejam circunstanciais. Assim, a fim de determinar parâmetros internos e racionais para a noção de ética, Kant afirmar que, além de desejar algo e tomar atitudes para conquistá-lo, é necessário compreender nossas condutas de forma que elas se convertam em leis universais: devemos fazer exatamente aquilo que esperamos que os outros façam. Eis o imperativo categórico Em outras palavras, o imperativo hipotético é um padrão de ação determinado por fatores externos ao indivíduo, por exemplo, as leis: elas determinam situações ideais que servem como reguladoras das ações individuais em sociedade. 7 http://educacao.uol.com.br/biografias/immanuel-kant.jhtm 8 http://www.sapereaudelivros.com.br/sapere.htm Immanuel Kant: “a experiência é a percepção compreendida”.
  • 15. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 15 Entretanto, para Kant, estes parâmetros são circunstanciais e podem determinar referências éticas inconsequentes, uma vez que não garantem a conduta moral. Por sua vez, o imperativo categórico não tem nada a ver com um dever externo, mas sim com um dever interior. O indivíduo deve agir como de modo que a máxima da tua vontade possa valer sempre, e ao mesmo tempo, como um princípio de legislação universal. Isto que Kant define como imperativo categórico, portanto, é a forma a priori que nós temos da atitude que deve ser tomada diante de uma situação; é como se Kant afirmasse que porque nós sabemos de antemão o que devemos fazer, nós devemos agir levando em consideração este conhecimento prévio do que deve ser feito. Aqui, a noção de imperativo pode ser aproximada à noção do termo bíblico mandamento: “a representação de um princípio objetivo enquanto constrange a vontade, denomina-se uma ordem da razão; e a fórmula do mando denomina-se Imperativo.” 9 Ainda, vale citar considerações sobre a necessidade que os indivíduos têm de conciliar o necessário e o possível: “(...) A ética da liberdade (responsável) tem o mérito de exigir constantemente o respeito a cada ser humano. Quantas vezes, mesmo os que defendem a vida ou a vida humana não o fazem de maneira tão dogmática e intransigente que acabam por tratar os outros homens como apenas coisas?” 10 Concluindo Kant, ele afirma que toda vida política está submetida ao imperativo categórico da moral, posto que, uma vez que vivemos em um Estado de Direito, cujas funções sociais são salvaguardar e manter os direitos individuais através da imposição de deveres coletivos, a vida pública consiste precisamente na submissão do poder ao direito e da submissão do direito à moral. 4. FILOSOFIA CONTEMPORÂNEA A proposta do seguinte capítulo é apresentar alguns pensadores de destaque do século XX cujas obras e conceitos envolvem questões ligadas à educação, à diversidade cultural, às noções de poder e, enfim aos direitos humanos. É importante destacar que a Filosofia Contemporânea tem como característica um intenso intercâmbio metodológico e conceitual com outras áreas do saber, a exemplo da psicologia, da psicanálise, da pedagogia e da história das mentalidades. Portanto, a seguir teremos uma breve apresentação das heranças conceituais elaboradas no século XX e que ainda, hoje em dia, nos são pertinentes. 9 http://www.bioetica.ufrgs.br/impercat.htm 10 Idem.
  • 16. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 16 4.1 ARENDT, (1906-1975) Hannah Arendt nasceu em 1906, no seio de uma família judia. Já na juventude se dedicou à filosofia, direcionando seus estudos à ciência política. Na Universidade de Marburg, foi aluna do filósofo Martin Heidegger (1889-1976) - polêmico devido ao seu envolvimento com o nazismo. Vítima da perseguição nazista, ela emigrou para Paris em 1933, e depois para Nova York, em 1940. Naturalizou-se norte- americana em 1951, ano em que publicou seu primeiro livro “As Origens do Totalitarismo”. Arendt construiu um pensamento crítico liberal e independente, que não se alinhavava com os extremismos ideológicos típicos do seu tempo, a exemplo do sionismo e do marxismo. Arendt foi uma das primeiras pensadoras da política do século XX, mas sua obra também alcança outras áreas, a exemplo da educação. A pensadora abordou o assunto em dois textos nos anos 1940 e 1950, em um momento em que as escolas dos Estados Unidos eram invadidas por questões ligadas ao racismo e ao conflito de gerações. Com o característico estilo veemente, ela criticava as doutrinas pedagógicas daquela época que pregavam que a educação deveria preparar o aluno para “a arte de viver” – a exemplo do movimento Escola Nova difundido no Brasil nos anos 1940. Para Arendt, a educação deve ser fundada na relação com o mundo, o aluno deveria ser confrontado com o mundo e ser inspirado a mudá-lo. Sua argumentação, para tanto, é baseada na autoridade do professor, ou seja, para ela, o professor deve manter sua autoridade – e não se valor do autoritarismo – a fim de conduzir os alunos rumo à sociedade. E esta educação, sim, deve ser conservadora, no sentido de que a conservação faz parte da essência educacional, posto que “sua tarefa é abrigar e proteger o conhecimento”11 . Mas para ela, a educação é um momento separado da política, uma vez que a política é a prática dos adultos agindo como iguais – igualdade que não pode existir entre adultos e crianças. Nesse sentido, ela defendia a autoridade da escola como instrutora da criança, sendo assim a educação um momento de conservação do conhecimento e de intervenção do pensamento para a criação de uma ética perante o grupo. Aos adultos, portanto, caberiam dois tipos de obrigação em relação às crianças. A primeira recai sobre a família, responsável pelo “bem-estar vital” de seus filhos. A outra fica a cargo da escola, a quem cabe o “livre desenvolvimento de qualidades e talentos pessoais”. Enfim, afirma que “qualquer pessoa que se recuse a assumir a responsabilidade coletiva pelo mundo não deveria ter crianças e é preciso proibi-la de tomar parte na educação.”12 4.2 ARENDT E O TERROR DO ESTADO 11 Revista NOVA ESCOLA. Ed. Especial, 2008. 12 Idem. A filósofa Hannah Arendt: Sobre o caso Eichmann: “política não é jardim da infância; em política, obediência e apoio são a mesma coisa”.
  • 17. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 17 Em “As Origens do Totalitarismo”, a pensadora analisa e descreve o regime típico do século XX, representado pelo nazismo e pelo stalinismo, dois sistemas de princípios opostos, porém com estratégias muito semelhantes como o terror, o papel marcante da ideologia e o uso de políticas secretas. Mas um capítulo ímpar na história da vida de Arendt, e por extensão na história do século XX, foi sua presença em Israel em 1961 para acompanhar o julgamento do alto burocrata nazista Adolf Eichmann. O resultado dessa iniciativa foi o livro Eichmann em Jerusalém13 . Neste livro, a pensadora cunhou a célebre expressão: “a banalidade do mal”, em referência aos códigos aparentemente lógicos e até sensatos com que o totalitarismo se propaga e ganha poder. Sobre os 50 anos do julgamento de Eichmann, temos a seguinte reportagem: “Foi provavelmente o mais importante julgamento da segunda metade do século passado (...) as acusações: responsabilidade pelo assassinato de milhões de judeus; ter confinado estes judeus em condições preparatórias para suas mortes; ter causado às suas vítimas graves danos físicos e morais; ter tomado iniciativas que resultaram na esterilização de judeus; responsabilidade pela escravidão, deportações e fome de milhões de judeus; ter perseguido judeus com base em princípios raciais; responsabilidade pelo confisco de propriedades judaicas com medidas desumanas envolvendo roubos e violências; ter praticado crimes de guerra; responsabilidade pela deportação de meio milhão de judeus poloneses, de 14 mil eslovenos, de milhares de ciganos e pela deportação e assassinato de 100 crianças checas na cidade de Lídice” 14 . Durante o julgamento, a filósofa observou atentamente a figura comum do réu15 . Em Eichmann, um homem de aparência equilibrada e comum, Arendt identificou alguém habituado a não pensar. Este caso demonstra como a combinação entre a razão, ideologia e tecnologia podem levar à irreflexão e a legitimação de posturas que deturpam os direitos humanos. 4.3 FOUCAULT E A SOCIEDADE DA VIGILÂNCIA, (1926-1984) Francês filho de médicos ricos, Michel Foucault estudou Psicologia e Filosofia e se tornou professor universitário. Ao longo da década de 1960, publicou “História da Loucura” e participou de conselho editorial de revistas acadêmicas. Nos anos 1970, militou no Grupo de Informações sobre Prisões. Entre suas principais obras estão “História da Sexualidade”, “Microfísica do poder” e “Vigiar e Punir”. Morreu de Aids em 1984. 13 http://guiadoestudante.abril.com.br/estudar/historia/adolf-eichmann-vinganca-tribunal-435985.shtml 14 http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,os-50-anos-do-julgamento-de-eichmann,713171,0.htm?reload=y 15 http://www.dw.de/dw/article/0,,785685,00.html Eichmann em julgamento Com o nome de Ricardo Klement, ele se refugiou em Buenos Aires, onde foi capturado pela Mossad em 1960. Enquanto aguardava o julgamento, Eichmann escreveu suas memórias, nas quais insiste em sua condição de mero cumpridor de ordens superiores durante a 2º Guerra. O julgamento durou um ano e terminou com sua condenação à morte: o enforcamento aconteceu pouco antes da meia-noite de 31 de maio de 1962.
  • 18. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 18 Devido suas abordagens inovadoras, seu pensamento tornou-se referência em vários campos do conhecimento, e fez com que suas obras tivessem uma rápida e ampla repercussão. Em seus estudos de investigação histórica, o filósofo tratou diretamente das escolas e das ideias pedagógicas na Modernidade, propondo que, antes de reproduzir, a escola produz um determinado tipo de sociedade, visto que ela é uma instituição disciplinadora. Em vez de se debruçar sobre questões filosóficas tradicionais, Foucault desenvolveu métodos critérios de questionamento e crítica ao modo como elas são encaradas. A primeira consequência de seu pensamento é mostrar que categorias como razão, método científico e até mesmo a noção de homem não são eternas, e sim determinadas por sistemas historicamente definidos. Para ele, não universalidade nem unidade nestas categorias (como pensavam os iluministas), assim como não existe uma evolução histórica linear (como queriam os positivistas). Investigando o conceito de homem no qual se sustentavam as ciências naturais e humanas desde o iluminismo, Foucault observou um discurso em que coexistem o papel do objeto, submetido à ação da natureza, e de sujeito, capaz de apreender o mundo e modificá-lo. Mas o filósofo nega a possibilidade dessa convivência. Segundo ele, há apenas sujeitos, que variam de uma época para outra ou de um lugar para outro, dependendo de suas interações16 . 4.4 DISCIPLINA E PUNIÇÃO Foucault concluiu, no entanto, que a concepção do homem como objeto de estudo foi necessária porque dás às instituições a possibilidade de modificar o corpo e a mente. Entre estas instituições estão a escola, os quarteis, o hospital, as prisões e os sanatórios. O conceito difundido pela Modernidade, segundo o francês, é a disciplina, um instrumento de dominação e controle destinado a suprimir ou domesticar os comportamentos divergentes. Portanto, ao mesmo tempo em que o iluminismo consolidou um grande número de instituições de assistência e proteção aos cidadãos – como família, escola, hospitais e prisões – também inseriu nelas mecanismos que os controlam e os mantém na iminência da punição. Esses mecanismos formariam o que Foucault chamou de tecnologia política, com poderes de manejar espaço, tempo e registro de informações – tendo como elemento unificador a hierarquia. O filósofo não acreditava que a dominação e o poder sejam originários de uma única fonte, como o Estado ou as classes dominantes, mas que são exercidos cotidianamente, em várias direções, em escala múltipla. Mas, esse exercício não era necessariamente opressor, posto que poderia estar à serviço da criação. O filósofo via na dinâmica entre 16 http://pensador.uol.com.br/foucault/ O filósofo Michel Foucault “O discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo porque, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos apoderar.”
  • 19. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 19 diversas instituições e ideias uma relação complexa, em que não se pode falar do conhecimento como causa ou efeito, portanto, para dar conta dessa complexidade, o pensador desenvolveu o conceito de poder-conhecimento. Segundo ele, não há relação de poder que não seja acompanhada da criação de saber e vice-versa. Em outras palavras, com base no conhecimento, podemos agir contra aquilo que não queremos, e então ensaiar novas situações sociais. Finalmente, quanto à ética, Foucault centra o foco nas práticas por meios das quais os seres humanos exercem a dominação e a subjetivação, ou seja, o fundamental para ele é como o indivíduo se subjetiva na sociedade, um conceito que equivale a dizer como nós assumimos um papel histórico. Concluindo Foucault, percebemos como suas análises tem intensa relação com o nosso cotidiano contemporâneo. Ao afirmar que “as sociedades não disciplinadas, mas disciplinadoras”17 , vemos que as relações sociais são complexas teias de poder, sendo que existem tanto ‘macros’ como ‘micros’ poderes em jogo em nosso dia a dia. Além disso, ele enfatiza a onipresença da punição nas relações sociais, já que a mera possibilidade de punição e seu discurso de poder já dociliza e disciplina os corpos e a conduta humana viabilizando o jogo social de acordo com as relações de poder vigentes. Mas, ao mesmo tempo, ele deixa claro que toda relação de poder implica em uma subjetivação, isto quer dizer que embora as relações sociais sejam permeadas constantemente por relações de poder, elas também geram conhecimento que viabilizam a possibilidade de práticas sociais transformadoras da realidade. 4.5 PROPOSTAS PARA O SÉCULO 21 Mudanças profundas ocorreram em escala mundial nas últimas décadas do século 20, entre elas o avanço da tecnologia e da informação, a globalização econômica e o fim da polarização ideológica nas relações internacionais. Diante desse cenário, alguns pensadores têm inovado no campo das ciências humanas ao propor novas concepções de conhecimento, a exemplo da “sociedade liquida18 ” de Zygmunt Bauman19 , das 17 http://revistacult.uol.com.br 18 http://www.youtube.com/watch?v=POZcBNo-D4A 19 http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/4_Encontro_Entrevista_A_Sociedade_Liquid a_1263224949.pdf Esquema de postura corporal da escola francesa de Port-Mahon do século 19: o triunfo da disciplina As “instituições de sequestro” são aquelas que retiram os indivíduos do convívio familiar ou social mais amplo e as internam a fim de moldar suas condutas.
  • 20. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 20 teorias culturais contemporâneas de Slavoj Zizek20 e dos pensamentos de Morin e Gardner, brevemente apresentadas a fim de concluir este Manual de Filosofia. 4.6 EDGAR MORIN E OS SETE SABERES Edgar Morin é um sociólogo francês com 87 anos de idade. Ao longo de seus trabalhos, ele percebeu que a maior urgência no campo das ideias não é rever doutrinas e métodos, mas sim elaborar uma nova concepção de conhecimento. No lugar da especialização, da simplificação e da fragmentação dos saberes – características cada vez mais fortes e determinantes nestes tempos de “sociedade da informação” -, Morin propõe o conceito de complexidade. De acordo com o autor, esta teoria da complexidade tem seus fundamentos surgidos no campo das ciências exatas e naturais, como as teorias da informação e dos sistemas e a cibernética, que evidenciaram a necessidade de superar as fronteiras entre as disciplinas. Para o pensador, os saberes tradicionais foram submetidos a um processo reducionista que acarretou na perda das noções de multiplicidade e diversidade. A simplificação, de acordo com ele, está a serviço de uma falsa racionalidade, que passa por cima da desordem e das contradições existentes em todos os fenômenos e nas relações entre eles. Dessa forma, ele defende a introdução das noções de incerteza e de falibilidade no estudo das ciências humanas. Em outras palavras, é necessário mudar nossa postura diante do mundo e assumir iniciativas solidárias e colaborativas, tendo em vista que a soma das partes é maior do que o todo, ou seja, as transformações sociais devem ser colocadas em prática de maneira orgânica, interativa e valorizando o que ele chama de auto-eco-organização21 . Assim, quanto à educação, Morin afirma que é necessário ouvir os jovens e propor uma sociedade focada nos jovens e em suas referências culturais. Para tanto, ele propõe uma religação dos saberes, que trata de novas posturas frente ao avanço da acessibilidade da informação provocado pelas novas tecnologias. Então, após um convite da Organização das Nações Unidas, que solicitou a ele uma relação dos temas que não poderiam faltar para formar o cidadão do século 21, Morin elaborou o, hoje clássico, “Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro”. Neste documento, o pensador afirma que 20 http://video.google.com/videoplay?docid=8610224796251814184 21 Revista Nova Escola. Edição Especial, 2008. Edgar Morin “Um trabalho tem sentido para uma pessoa quando ela o acha importante, útil e legítimo”.
  • 21. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 21 “inserem-se na ideia de uma identidade terrena onde o destino de cada pessoa joga-se e decide-se em escala internacional, cabendo à educação a missão ética de buscar e trabalhar uma solidariedade renovadora que seja capaz de dar novo alento à luta por um desenvolvimento humano sustentável.” 22 Sua lista de saberes começa com o estudo do próprio conhecimento. O segundo ponto é a pertinência dos conteúdos, para que levem a apreender problemas globais e fundamentais. Em seguida vem o estudo da condição humana, levando em conta a unidade complexa da natureza dos indivíduos. O quarto ponto trata de ensinar a identidade terrena de um ponto de vista global. O tópico seguinte é enfrentar as incertezas com base nas novas descobertas científicas. O sexto item trata de uma reforma da mentalidade para superar males sociais, como o racismo. Finalmente, uma ética global, baseada na consciência do ser humano como indivíduo e parte da sociedade e da espécie. Enfim, Morin considera que a sociedade deve desenvolver a noção de espécie humana de forma integrada com a ideia de diversidade. O princípio da unidade/diversidade deve estar presente em todas as esferas. Para tanto, torna-se necessário educar para os obstáculos à compreensão humana, combatendo o egocentrismo, o etnocentrismo e o sociocentrismo, que procuram colocar em posição secundária aspectos importantes para a vida das pessoas e das sociedades. 4.7 GARDNER E AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS Howard Gardner nasceu na Pensilvânia em 1943, numa família de alemães judeus refugiados do nazismo. Ingressou em Harvard para estudar História e Direito, porém se formou no campo da Psicologia e da Neurologia. Seus estudos sobre a natureza do aprendizado e sobre as aptidões intelectuais rapidamente ganharam projeção internacional a partir da década de 1990. Até aquele momento, o padrão mais aceito para a avaliação da inteligência eram os testes de Q.I, criados na década de 1920 pelo psicólogo francês Alfred Binet23 a pedido do Governo. O Quociente de Inteligência media, basicamente, a capacidade de dominar o raciocínio que hoje se conhece como lógico-matemático, mas durante muito tempo foi tomado como padrão para aferir se as pessoas correspondiam a um desempenho social padrão esperado ou para a idade ou para a escolaridade delas. Após analisar as 22 http://www.netsaber.com.br/resumos/ver_resumo_c_2295.html 23 http://www.testesdeqi.com.br/ e http://rachacuca.com.br/teste-de-einstein/ Exemplo de medidas proativas que promovem um melhor convívio social Cartaz do projeto “Educar para Crescer” http://educarparacrescer.abril.com.br/
  • 22. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 22 variações dos conceitos de inteligência em diferentes culturas, Gardner foi levado a conceituá-la como o potencial para resolver problemas e para criar aquilo que é valorizado em determinado contexto social e histórico. Na elaboração de se sua teoria, ele partiu da observação dos trabalhos dos gênios, buscou evidências nos estudos de pessoas com lesões e disfunções cerebrais e, enfim, valeu-se do mapeamento encefálico para formular hipóteses sobre a relação entre as habilidades individuais e determinadas regiões do órgão. Baseado nestas pesquisas, ele concluiu, a princípio, que existem sete tipos de inteligência24 : 1. Lógico-matemática é a capacidade de realizar operações numéricas e fazer deduções; 2. Linguística e habilidade de aprender idiomas e de usar a fala e a escrita para atingir objetivos; 3. Espacial é a disposição para reconhecer e manipular situações que envolvam apreensões visuais; 4. Físico-cinestésica é o potencial para usar o corpo com o fim de resolver problemas ou fabricar produtos; 5. Interpessoal é a capacidade de entender as intenções e desejos dos outros e consequentemente de se relacionar bem em sociedade; 6. Intrapessoal é a inclinação para se conhecer e usar o entendimento de si mesmo para alcançar certos fins; 7. Musical é a aptidão para tocar, apreciar e compor padrões musicais; Mais tarde, Gardner acrescentou à lista a inteligência natural, como sendo aquela capaz de reconhecer e classificar espécies da natureza, e a existencial, como sendo aquela capaz de refletir sobre questões fundamentais da vida humana. A primeira consequência da teoria das múltiplas inteligências é que existem talentos diferentes para atividades específicas, sendo que todas elas devem ser igualmente respeitadas em sua diversidade. Além disso, para Gardner, o que leva as pessoas a desenvolver capacidades inatas são a educação que recebem e as oportunidades que encontram. Para o pesquisador, cada indivíduo nasce com vasto potencial de talentos que a sociedade deve valorizar e preservar a fim de garantir o bom convívio com base no respeito e dignidade individuais. 5. BIBLIOGRAFIA ARANHA, Maria Lúcia; MARTINS, Maria Helena. Filosofando Editora Moderna. SP, 1986. COTRIM, Gilberto. Fundamento das Filosofia. Editora Saraiva, SP, 2006. DURANT, Will. A História da Filosofia. Editora Nova Cultural. SP, 2000. REVISTA NOVA ESCOLA. SP: Abril, Edição Especial, 2008. VERNANT, Jean-Pierre. As origens do pensamento grego. Ed: Difel, SP, 1984,. 24 http://www.inteligenciasmultiplas.com.br/
  • 23. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 23 5.1 SITES CONSULTADOS www.cpflcultura.com.br www.educacao.uol.com.br www.estadao.com.br www.guiadoestudante.abri.com.br www.inteligenciasmultiplas.com.br www.netsaber.com.br www.pensador.uol.com.br www.revistacult.uol.com.br www.sapereaudelivros.com.br www.testesdeqi.com.br 5.3 FILMES SUGERIDOS “A Onda”, Dennis Gansel, 2008 “A Vida dos Outros”, Florian Henckel von Donnersmarck, 2006 “Foucault por ele mesmo”,Philippe Calderon, 2003 (disponível em http://www.youtube.com/watch?v=Oy0_KfZnlws) “Nietzsche - Human All Too Human (Humano, Demasiado Humano)”, BBC Londres (Disponível em http://www.youtube.com/watch?v=GevPhO8flpQ&feature=fvsr) “Sociedade dos Poetas Mortos”, Peter Weir, 1990. “Waking Life”, Richard Linklater, 2001 6. BANCO DE QUESTÕES DE FILOSOFIA TEMA: ÉTICA Q01.(UEL2008) A amizade perfeita é a dos homens que são bons e afins na virtude, pois esses desejam igualmente bem um ao outro enquanto bons, e são bons em si mesmos. Ora, os que desejam bem aos seus amigos por eles mesmos são os mais verdadeiramente amigos, porque o fazem em razão da sua própria natureza e não acidentalmente. (ARISTÓTELES, Ética a Nicômaco. Tradução de Leonel Vallandro e Gerd Bornheim da versão inglesa de W. D. Ross. SP: Abril Cultural, 1973, p. 381-382. Os Pensadores IV.) Os amigos formam uma unidade mais completa e mais perfeita do que os indivíduos isolados e, pela ajuda recíproca e desinteressada, fazem com que cada um seja mais autônomo e mais independente do que se estivesse só. (CHAUÍ, M. de S. Introdução à história da filosofia: dos pré-socráticos a Aristóteles. SP: Brasiliense, 1994. p. 323.) Com base nos textos acima e nos conhecimentos sobre o pensamento ético e político de Aristóteles, considere as afirmativas a seguir.
  • 24. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 24 I. Uma sociedade de amigos é mais perfeita e durável por considerar a lei como norma mantenedora da amizade. II. Os amigos tornam a sociedade política perfeita ao se isolarem. III. Os virtuosos e bons são verdadeiramente amigos por desejarem o bem reciprocamente. IV. A amizade só pode existir entre os virtuosos, que são semelhantes em caráter; por isso, formam uma sociedade justa. Assinale a alternativa que contém todas as afirmativas corretas. a) I e IV. b) II e III. c) III e IV. d) I, II e III. e) I, II e IV. Q02.(ENEM2010) A ética precisa ser compreendida como um empreendimento coletivo a ser constantemente retomado e rediscutido, porque é produto da relação interpessoal e social. A ética supõe ainda que cada grupo social se organize sentindo-se responsável por todos e que crie condições para o exercício de um pensar e agir autônomos. A relação entre ética e política é também uma questão de educação e luta pela soberania dos povos. É necessária uma ética renovada, que se construa a partir da natureza dos valores sociais para organizar também uma nova prática política. CORDI et al. Para filosofar. SP: Scipione, 2007 O Século XX teve de repensar a ética para enfrentar novos problemas oriundos de diferentes crises sociais, conflitos ideológicos e contradições da realidade. Sob esse enfoque e a partir do texto, a ética pode ser compreendida como a) instrumento de garantia da cidadania, porque através dela os cidadãos passam a pensar e agir de acordo com valores coletivos. b) mecanismo de criação de direitos humanos, porque é da natureza do homem ser ético e virtuoso. c) meio para resolver os conflitos sociais no cenário da globalização, pois a partir do entendimento do que é efetivamente a ética, a política internacional se realiza. d) parâmetro para assegurar o exercício político primando pelos interesses e ação privada dos cidadãos. e) aceitação de valores universais implícitos numa sociedade que busca dimensionar sua vinculação à outras sociedades. Q03. (ENEM2010) Judiciario contribuiu com ditadura no Chile, diz Juiz Guzman Tapia: As cortes de apelação rejeitaram mais de 10 mil habeas corpus nos casos das pessoas desaparecidas. Nos tribunais militares, todas as causas foram concluídas com suspensões temporárias ou definitivas, e os desaparecimentos políticos tiveram apenas trâmite formal na Justiça. Assim, o Poder Judiciário contribuiu para que os agentes estatais ficassem impunes. Disponível em: http://www.cartamaior.com.br. Acesso em: 20 jul. 2010 (adaptado). Segundo o texto, durante a ditadura chilena na década de 1970, a relação entre os poderes Executivo e Judiciário caracterizava-se pela a) preservação da autonomia institucional entre os poderes. b) valorização da atuação independente de alguns juízes. c) manutenção da interferência jurídica nos atos executivos. d) transferência das funções dos juízes para o chefe de Estado. e) subordinação do poder judiciário aos interesses políticos dominantes. Q04.(UEL2008) De acordo com a ética do discurso, os argumentos apresentados a fim de validar as normas [...] têm força de convencer os participantes de um discurso a reconhecerem uma pretensão de validade, tanto para a pretensão de verdade quanto para a pretensão de retidão. [...] Ele [Habermas] defende a tese de que as normas éticas são passíveis de fundamentação num sentido análogo ao da verdade. (BORGES, M. de L.; DALL’AGNOL, D. ; DUTRA, D. V. Ética. RJ: DP&A, 2002, p. 105.) Assim, é correto afirmar que a ética do discurso defende uma abordagem cognitivista da ética. (HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Tradução Guido Antonio de Almeida. RJ: Tempo Brasileira, 1989. p. 62 e 78.) Sobre o cognitivismo da ética do discurso, é correto afirmar: a) A abordagem citada procura abordar o caráter idealista da ética;
  • 25. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 25 b) A abordagem cognitivista da ética do discurso assume a impossibilidade de validação das normas morais. c) A abordagem cognitivista da ética do discurso se apoia no conhecimento da utilidade das ações; d) A abordagem cognitivista da ética do discurso procura dar continuidade às teses platônicas. e) A ética do discurso, ao abordar a ética de um ponto de vista cognitivista, pretende destacar seus aspectos retóricos. Q05. (ENEM 2010) QUINO. Toda Mafalda. SP: Martins Fontes, 1991. Democracia: “regime político no qual a soberania é exercida pelo povo, pertence ao conjunto dos cidadãos.” JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionario Basico de Filosofia. RJ: Zahar, 2006. Uma suposta “vacina” contra o despotismo, em um contexto democrático, tem por objetivo a) impedir a contratação de familiares para o serviço público. b) reduzir a ação das instituições constitucionais. c) combater a distribuição equilibrada de poder. d) evitar a escolha de governantes autoritários. e) restringir a atuação do Parlamento. Q06. (ENEM2011) Na ética contemporânea, o sujeito não é mais um sujeito substancial, soberano e absolutamente livre, nem um sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente os dois, na medida em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética adquire um dimensionamento político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da relação social coletiva. Desse modo, a ética se entrelaça, necessariamente, com a política, entendida esta como a área de avaliação dos valores que atravessam as relações sociais e que interliga os indivíduos entre si. SEVERINO. A. J. Filosofia. SP: Cortez, 1992 (adaptado) O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo de formação da ética na sociedade contemporânea, ressalta a) os conteúdos éticos decorrentes das ideologias político-partidárias. b) o valor da ação humana derivada de preceitos metafísicos. c) a sistematização de valores desassociados da cultura. d) o sentido coletivo e político das ações humanas individuais. e) o julgamento da ação ética pelos políticos eleitos democraticamente. Q07.(ENEM2009) Os regimes totalitários da primeira metade do século XX apoiaram-se fortemente na mobilização da juventude em torno da defesa de ideias grandiosas para o futuro da nação. Nesses projetos, os jovens deveriam entender que só havia uma pessoa digna de ser amada e obedecida, que era o líder. Tais movimentos sociais juvenis contribuíram para a implantação e a sustentação do nazismo, na Alemanha, e do fascismo, na Itália, Espanha e Portugal. A atuação desses movimentos juvenis caracterizava-se A) pelo sectarismo e pela forma violenta e radical com que enfrentavam os opositores ao regime. B) pelas propostas de conscientização da população acerca dos seus direitos como cidadãos. C) pela promoção de um modo de vida saudável, que mostrava os jovens como exemplos a seguir. D) pelo diálogo, ao organizar debates que opunham jovens idealistas e velhas lideranças conservadoras. E) pelos métodos políticos populistas e pela organização de comícios multitudinários. Q08.(ENEM2009) Na democracia estadunidense, os cidadãos são incluídos na sociedade pelo exercício pleno dos direitos políticos e também pela ideia geral de direito de propriedade. Compete ao governo garantir que esse direito não seja violado. Como consequência, mesmo aqueles que possuem uma pequena propriedade sentem-se cidadãos de pleno direito. Na tradição política dos EUA, uma forma de incluir socialmente os cidadãos é A) submeter o indivíduo à proteção do governo. B) hierarquizar os indivíduos segundo suas posses. C) estimular a formação de propriedades comunais. D) vincular democracia e possibilidades econômicas individuais. E) defender a obrigação de que todos os indivíduos tenham propriedades.
  • 26. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 26 Q09.(ENEM2009) Na década de 30 do século XIX, Tocqueville escreveu as seguintes linhas a respeito da moralidade nos EUA: “A opinião pública norte- americana é particularmente dura com a falta de moral, pois esta desvia a atenção frente à busca do bem-estar e prejudica a harmonia doméstica, que é tão essencial ao sucesso dos negócios. Nesse sentido, pode-se dizer que ser casto é uma questão de honra”. TOCQUEVILLE, A. Democracy in America. Chicago: Encyclopædia Britannica, Inc., Great Books 44, 1990 Do trecho, infere-se que, para Tocqueville, os norte- americanos do seu tempo A) buscavam o êxito, descurando as virtudes cívicas. B) tinham na vida moral uma garantia de enriquecimento rápido. C) valorizavam um conceito de honra dissociado do comportamento ético. D) relacionavam a conduta moral dos indivíduos com o progresso econômico. E) acreditavam que o comportamento casto perturbava a harmonia doméstica. (ITURRUSGARAI, A. Mundo Monstro. Folha de S. Paulo. Ilustrada E 9, quinta-feira, 3 set. 2009.) Q10.(UEL2010) O ponto de vista moral, a partir do qual podemos avaliar imparcialmente as questões práticas, é seguramente interpretado de diferentes maneiras. Mas ele não está livre e arbitrariamente à nossa disposição, já que releva a forma comunicativa do discurso racional. Impõe-se intuitivamente a todos os que estejam abertos a esta forma reflexiva da ação orientada para a comunicação. (HABERMAS, J. Comentários à Ética do Discurso. Tradução de Gilda Lopes Encarnação. Lisboa: Instituto Piaget, 1999. p. 101-102.) Com base na tira e no texto, é correto afirmar que a ética do discurso de Habermas a) baseia-se em argumentos de autoridade prescritos universalmente e assegurados, sobretudo, pelo lastro tradicional dos valores partilhados no mundo da vida. b) pauta-se em argumentos de utilidade, os quais impõe o dever de proporcionar, enquanto benefício, o maior bem ou a maior felicidade aos envolvidos. c) funda-se em argumentos racionais sob condições simétricas de interação, amparados em pretensões de validade, tais como verdade, sinceridade e correção. d) constrói-se no uso de argumentos que visam o aconselhamento e a prudência, salientando a necessidade de ações retas do ponto de vista do caráter a da virtude. e) realiza-se por meio de argumentos intuicionistas, fazendo respeitar o que cada pessoa carrega em sua biografia quanto à compreensão do que é certo ou errado. TEMA: FILOSOFIA DO CONHECIMENTO Q11.(ADAPTADA) O método desenvolvido por Sócrates para interceder na investigação da verdade é análogo, segundo o próprio Sócrates, àquele das parteiras: a este método, damos o nome de maiêutica. A maiêutica (ou parto das idéias) serve-se de uma estratégia filosófica que ficou conhecida como A) Analítica. B) Dialética. C) Lógica. D) Gnosiologia. E) Metafísica. Q12. (ADAPTADA) “Para testemunhar a minha ciência, se é uma ciência, e qual é ela, vos trareis o deus de Delfos. Conheceste Querofonte, com certeza. Era meu amigo de infância e também amigo do partido do povo e seu companheiro naquele exílio que de que voltou conosco. Conheceis o temperamento de Querofonte, tão tenaz em seus empreendimentos. Ora, certa vez, havendo ido a Delfos, arriscou esta consulta ao oráculo, repito aos senhores, não vos revolteis, ele perguntou se havia alguém mais sábio do que eu; respondeu a Pítia que não existia ninguém mais sábio.” (“Apologia”, em “Sócrates”, editora Nova Cultural, 1999) Sócrates interpretou a mensagem do oráculo de Delfos como uma missão. A missão socrática realiza-se como inquisição: diante da investigação de Sócrates, revelado o não-saber de seus interlocutores, estes deveriam voltar os olhos para si mesmos de modo a investigar a própria natureza. Para Sócrates, esta investigação era pessoal e não poderia ser ensinada – mas ao mesmo tempo, o futuro da cidade dependeria inteiramente dela. E dependeria porque
  • 27. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 27 A) a cidade é incapaz de se governar sem alguém para indicar o caminho. B) a ciência de Sócrates seria a política. C) o conhecimento só existe como opinião. D) o mal só é praticado por desconhecimento do Bem. E) o saber só seria verdadeiro se ensinado por Sócrates. Q13.(UEL2011) A escultura Discóbolo de Míron, do século V a. C., expressa o ideal de homem na pólis ateniense. Com base nos valores deste ideal clássico, considere as afirmativas a seguir. I. Ao cidadão, cabia tempo livre para se dedicar integralmente ao que era próprio do ser político, como a especulação filosófica e a prática desportiva, visando à realização do humano. II. Na pólis governada por juristas apoiados por atletas com poder de comando das tropas, o cidadão considerava a igualdade econômica como a realização do ser humano. III. O cidadão era o elemento que integrava a pólis à natureza e tal integração era representada pela corpolatria e pelas atividades físicas impostas pelo Senado. IV. O ideal do cidadão era expresso pela sua participação nas ações e decisões da pólis, o que incluía a busca da beleza e do equilíbrio entre as formas. Assinale a alternativa correta: a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. b) Somente as afirmativas II e III são corretas. c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. Q14.(ADAPTADA) “As grandes filosofias do século IV – de Platão (428-348 a.C.) e de Aristóteles (384-322 a.C.) – forneceram os elementos epistemológicos básicos que irão orientar por muito tempo o processo de formação dos saberes científicos; elas determinam de fato uma reflexão aprofundada sobre as origens recentes desses saberes.” (Mario Vegetti em: História da Filosofia, Ed. Vozes, 2011) O ideal cientificista surgiu primariamente entre os gregos: tal ideal engloba, por exemplo, a inclinação para o conhecimento da natureza e o desenvolvimento das principais estruturas investigativas (indução e dedução, causalidade, etc.). Uma diferença crucial, no entanto, separa a ciência dos antigos da ciência dos modernos: A) A ciência antiga era regulada pelo mito e a moderna pelo cientificismo. B) A ciência antiga era autônoma e a moderna depende do Estado. C) A ciência antiga era contemplativa e a moderna é aplicada. D) A ciência antiga era naturalista e a moderna é idealista. E) A ciência antiga interpreta a natureza pela matemática e a moderna pela lógica. Q15.(ADAPTADA) “No tocante aos objetos, na medida em que são simplesmente pensados pela razão – e necessariamente – mas sem poderem (pelo menos tais como a razão os pensa) ser dados na experiência, todas as tentativas para o pensar (pois têm que poder ser pensados) serão, consequentemente, uma magnífica pedra de toque daquilo que consideramos ser a mudança de método da maneira de pensar, a saber, que só conhecemos a priori das coisas o que nós mesmos nelas pomos.” (Kant, “Crítica da Razão Pura”, Ed. Calouste, 2001) Pode-se inferir, a partir da passagem do filósofo alemão Kant, que as coisas A) podem ser conhecidas por nós tais quais elas verdadeiramente são. B) possuem características que são antes características de nosso modo de pensar. C) possuem realidade objetiva para além de qualquer subjetividade. D) são meras invenções de nossa subjetividade. E) se desdobram em duas – a coisa em si e sua contraparte como ideia. Q16.(ADAPTADA) “Hoje, porém, sabe-se que a concepção evolutiva está equivocada e que o pensamento conceitual e o pensamento mítico podem coexistir numa mesma sociedade. Estudos de antropologia social, que estuda os mitos das sociedades ditas selvagens e também as mitologias de nossas sociedades, ditas civilizadas, mostraram que, no caso de nossas sociedades, a presença simultânea do pensamento conceitual e do pensamento mítico decorre do modo como a imaginação social transforma em mito aquilo que o pensamento conceitual elabora nas ciências e na filosofia.” (Marilena Chauí, “Convite à Filosofia”, editora Ática, 2010)
  • 28. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 28 Identifique o termo que ilustra o conteúdo afirmado pela sentença citada: A) Astrofísica. B) Cientologia. C) Genética. D) Geologia. E) Semiótica. Q17.(ADAPTADA)Do ponto de vista conceitual, pode- se dizer que uma postura intolerante a qualquer tipo de inclinação relativista é A) antropocêntrica. B) egocêntrica. C) etnocêntrica. D) megalômana. E) multiculturalista. Q18.(ADAPTADA) “A inclinação relativista ou, mais exatamente, a inclinação relativista a que a antropologia comumente induz os que lidam muito com seus materiais, está, portanto, em certo sentido, implícita no campo antropológico como tal, talvez particularmente na antropologia cultural, mas também em boa parte da arqueologia, da linguística antropológica e da antropologia física. Não se pode ler muito sobre a matrilinearidade nayar, o sacrifício asteca, o verbo hopi ou as convoluções da transição dos hominídeos sem começar por considerar pelo menos a possibilidade de que, para citar de novo Montaigne, ‘todo homem chame de barbarismo qualquer prática que não seja a sua... porque não temos outro critério racional que não o exemplo e a ideia das opiniões e costumes do país em que vivemos’. É impossível que essa idéia, sejam quais forem seus problemas e por mais delicadamente que se expresse, venha a se extinguir a menos que a antropologia desapareça.” (Clifford Geertz, “Nova luz sobre a antropologia”, Jorge Zahar, 2001) O texto sugere uma ideia forte para a filosofia – sem a qual todo esforço filosófico é, no fim, um esforço cego, surdo e mudo. Identifique-a. A) A inclinação relativista conduz necessariamente à falta de rigor metodológico e ao sentimento de que tudo é permitido. B) A inclinação relativista é contrária ao esforço filosófico de derivar o universal dos particulares. C) A inclinação relativista está associada à abertura necessária para a revisão de nossos próprios conceitos. D) A inclinação relativista sugere que há um único caminho a ser trilhado para o desenvolvimento de práticas civilizadas. E) A inclinação relativista sugere que todas as práticas são, em perspectiva, bárbaras e, portanto, se equivalem. Q19.(UEL 2011) Nosso futebol mulato, com seus floreios artísticos cuja eficiência – menos na defesa que no ataque – ficou demonstrada, é uma expressão de nossa formação social, democrática como nenhuma e rebelde a excessos de ordenação interna e externa; a excessos de uniformização, de geometrização, de estandartização; a totalitarismos que façam desaparecer a variação individual ou espontaneidade pessoal. (Adaptado de FREYRE, G. apud FRANZINI, F. No campo das idéias: Gilberto Freyre e a invenção da brasilidade futebolística. Buenos Ayres: Lecturas: Educación Física y Deporte. Ano 5 nº 26 - Revista digital (http://www.efdeportes.com), 2000.) Com base no texto e nos conhecimentos sobre o tema, é correto afirmar: a) O futebol, assim como a democracia brasileira, expressa falta de seriedade, pois não se pauta por regras previamente definidas. b) O futebol brasileiro nasce como um símbolo da democracia racial no país, uma vez que, em suas origens, todas as raças estão envolvidas. c) A rebeldia e a irreverência do futebol brasileiro foram fundamentais para a construção de resistência popular às formas autoritárias de governo. d) O futebol brasileiro expressa um caráter democrático, que não se prende a modelos. e) A riqueza do futebol brasileiro está na raça que lhe dá origem, motivo pelo qual, ao popularizar-se, perdeu sua criatividade. Q20. (UEL2011) Na obra “Resposta à questão: o que é o esclarecimento?”, Kant discute conceitos como uso público e privado da razão e a superação da menoridade. À luz do pensamento kantiano, o fenômeno contemporâneo do uso político dos eventos esportivos a) torna o indivíduo dependente, já que a sua menoridade impede o esclarecimento e a possibilidade de pensar por si próprio.
  • 29. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 29 b) forma o indivíduo autônomo, uma vez que amplia a sua capacidade de fazer uso da própria razão para agir autonomamente. c) impede que o indivíduo pense de forma restrita, pois, mesmo estando cercado por tutores, facilmente rompe com a menoridade. d) proporciona esclarecimento político das massas, pois tais eventos promovem o aprendizado crítico mediante a afirmação da ideia de nacionalidade. e) confere liberdade às massas para superar a dependência gerada pela aceitação da tutela de outrem. TEMA: POLÍTICA Q21. (ENEM2009) Segundo Aristóteles, “na cidade com o melhor conjunto de normas e naquela dotada de homens absolutamente justos, os cidadãos não devem viver uma vida de trabalho trivial ou de negócios — esses tipos de vida são desprezíveis e incompatíveis com as qualidades morais —, tampouco devem ser agricultores os aspirantes à cidadania, pois o lazer é indispensável ao desenvolvimento das qualidades morais e à prática das atividades políticas”. VAN ACKER, T. Grécia. A vida cotidiana na cidade-Estado. SP: Atual, 1994. O trecho, retirado da obra “Política”, de Aristóteles, permite compreender que a cidadania A) possui uma dimensão histórica que deve ser criticada, pois é condenável que os políticos de qualquer época fiquem entregues à ociosidade, enquanto o resto dos cidadãos tem de trabalhar. B) era entendida como uma dignidade própria dos grupos sociais superiores, fruto de uma concepção política profundamente hierarquizada da sociedade. C) estava vinculada, na Grécia Antiga, a uma percepção política democrática, que levava todos os habitantes da pólis a participarem da vida cívica. D) tinha profundas conexões com a justiça, razão pela qual o tempo livre dos cidadãos deveria ser dedicado às atividades vinculadas aos tribunais. E) vivida pelos atenienses era, de fato, restrita àqueles que se dedicavam à política e que tinham tempo para resolver os problemas da cidade. Q22. UEL2011[...] só a vontade geral pode dirigir as forças do Estado de acordo com a finalidade de sua instituição, que é o bem comum, porque, se a oposição dos interesses particulares tornou necessário o estabelecimento das sociedades, foi o acordo desses mesmos interesses que o possibilitou. O que existe de comum nesses vários interesses forma o liame social e, se não houvesse um ponto em que todos os interesses concordassem, nenhuma sociedade poderia existir. Ora, somente com base nesse interesse comum é que a sociedade deve ser governada. (ROUSSEAU, J.-J. Do contrato social. 5. edição. SP: Nova Cultural, 1991, p.43). Com base no texto e nos conhecimentos sobre a relação entre contrato social e vontade geral no pensamento de Rousseau, é correto afirmar: a) A vontade geral, fundamento da ordem social e política, consiste na soma e, por sua vez, na concordância de todas as vontades individuais, as quais por natureza tendem para a igualdade. b) Pelo contrato social, a multidão promete obedecer a um senhor, a quem transmite a vontade coletiva e, por este ato de doação, torna-se povo e institui-se o corpo político. c) Pelo direito natural, a vontade geral se realiza na concordância manifesta pela maioria das vontades particulares, reunidas em assembleia, que reivindicam para si o poder soberano da comunidade. d) Por força do contrato social, a lei se torna ato da vontade geral e, como tal, expressão da soberania do povo e vontade do corpo político, que deve partir de todos para aplicar-se a todos. e) O contrato social, pelo qual o povo adquire sua soberania, decorre da predisposição natural de cada associado, permitindo-lhe manter o seu poder, de seus bens e da própria liberdade. Q23. UEL2011 [...] Os homens não podem esperar uma conservação duradoura se continuarem no estado de natureza, ou seja, de guerra, e isso devido à igualdade de poder que entre eles há, e a outras faculdades com que estão dotados. A lei da natureza primeira, e fundamental, é que devemos procurar a paz, quando possa ser encontrada [...]. Uma das leis naturais inferidas desta primeira e fundamental é a seguinte: que os homens não devem conservar o direito que têm, todos, a todas as coisas. (HOBBES, T. Do Cidadão. SP: Martins Fontes, 1992, pp. 40 - 41; 45 - 46). [...] aquele que submete sua vontade à vontade outrem transfere a este último o direito sobre sua força e suas faculdades - de tal modo que, quando todos os outros tiverem feito o mesmo, aquele a quem se submeteram terá tanto poder que, pelo terror que este suscita, poderá conformar as vontades
  • 30. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 30 particulares à unidade e à concórdia. [...] A união assim feita diz-se uma cidade, ou uma sociedade civil. (HOBBES, T. Do Cidadão. SP: Martins Fontes, p. 1992, p. 109). Para os jusnaturalistas o problema da legitimidade do poder político comporta uma questão de fato e uma questão de direito, isto é, o problema da instituição da sociedade civil e o problema do fundamento da autoridade política. Com base nos textos e nos conhecimentos sobre o pensamento jusnaturalista de Hobbes, considere as afirmativas a seguir: I. A instituição da sociedade civil fundamenta-se na sociabilidade natural do ser humano, pela qual os indivíduos hipoteticamente livres e iguais decidem submeter-se à autoridade comum de um só homem ou de uma assembleia. II. Além do pacto de associação para união de todos em um só corpo, é preciso que ao mesmo tempo se estabeleça o pacto de submissão de todos a um poder comum para a preservação da segurança e da paz civil. III. A soberania do povo encontra sua origem e seus princípios fundamentais no ato do contrato social constituído pelas vontades particulares dos indivíduos a fim de edificar uma vontade geral indivisível e inalienável. IV. O estado de guerra decorre em última instância da necessidade fundamental dos homens, naturalmente iguais entre si, por sua preservação que faz com que cada um tenha direito a tudo. Assinale a alternativa correta. a) Somente as afirmativas I e IV são corretas. b) Somente as afirmativas II e III são corretas. c) Somente as afirmativas II e IV são corretas. d) Somente as afirmativas I, II e III são corretas. e) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas. Q24. (ENEM 2010) O príncipe, portanto, não deve se incomodar com a reputação de cruel, se seu propósito é manter o povo unido e leal. De fato, com uns poucos exemplos duros poderá ser mais clemente do que outros que, por muita piedade, permitem os distúrbios que levem ao assassínio e ao roubo. MAQUIAVEL, N. O Principe, SP: Martin Claret, 2009. No século XVI, Maquiavel escreveu O Príncipe, reflexão sobre a Monarquia e a função do governante. A manutenção da ordem social, segundo esse autor, baseava-se na a) inércia do julgamento de crimes polêmicos. b) bondade em relação ao comportamento dos mercenários. c) compaixão quanto à condenação de transgressões religiosas. d) neutralidade diante da condenação dos servos. e) conveniência entre o poder tirânico e a moral do príncipe Q25. (ADAPTADA) A política foi, inicialmente, a arte de impedir as pessoas de se ocuparem do que lhes diz respeito. Posteriormente, passou a ser a arte de compelir as pessoas a decidirem sobre aquilo de que nada entendem. VALÉRY, P. Cadernos. Apud BENEVIDES, M. V. M. A cidadania ativa. SP: Ática, 1996. Nessa definição, o autor entende que a história da política está dividida em dois momentos principais: um primeiro, marcado pelo autoritarismo excludente, e um segundo, caracterizado por uma democracia incompleta. Considerando o texto, qual é o elemento comum a esses dois momentos da história política? a) A distribuição equilibrada do poder. b) O impedimento da participação popular. c) O controle das decisões por uma minoria. d) A valorização das opiniões mais competentes. e) A sistematização dos processos decisórios Q26. (ENEM 2010) A lei não nasce da natureza, junto das fontes frequentadas pelos primeiros pastores: a lei nasce das batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que agonizam no dia que está amanhecendo. FOUCAULT. M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In. Em defesa da sociedade. SP: Martins Fontes. 1999 O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao poder e à organização social. Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na organização das sociedades modernas é a) combater ações violentas na guerra entre as nações. b) coagir e servir para refrear a agressividade humana. c) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação. d) estabelecer princípios éticos que regulamentam as ações bélicas entre países inimigos.
  • 31. APOSTILA DE FILOSOFIA Finalização: Prof. Fábio Monteiro/ profabio117.blogspot..com 31 e) organizar as relações de poder na sociedade e entre os Estados. Q27. (ENEM 2011) Os três tipos de poder representam três diversos tipos de motivações: no poder tradicional, o motivo da obediência e a crença na sacralidade da pessoa do soberano; no poder racional, o motivo da obediência deriva da crença na racionalidade do comportamento conforme a lei; no poder carismático, deriva da crença nos dotes extraordinários do chefe. BOBBIO, N. Estado, Governo, Sociedade: para uma teoria geral da politica. SP: Paz e Terra, 1999 O texto apresenta três tipos de poder que podem ser identificados em momentos históricos distintos. Identifique o período em que a obediência esteve associada predominantemente ao poder carismático: A) República Federalista Norte-Americana. B) República Fascista Italiana no século XX. C) Monarquia Teocrática do Egito Antigo. D) Monarquia Absoluta Francesa no século XVII. E) Monarquia Constitucional Brasileira no século XIX Q28. (ENEM 2009) A definição de eleitor foi tema de artigos nas Constituições brasileiras de 1891 e de 1934. Diz a Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1891: “Art. 70. São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei”. A Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934, por sua vez, estabelece que: Art. 180. “São eleitores os brasileiros de um e de outro sexo, maiores de 18 anos, que se alistarem na forma da lei.” Ao se comparar os dois artigos, no que diz respeito ao gênero dos eleitores, depreende-se que A) Constituição de 1934 avançou ao reduzir a idade mínima para votar. B) a Constituição de 1891, ao se referir a cidadãos, referia-se também às mulheres. C) os textos de ambas as Cartas permitiam que qualquer cidadão fosse eleitor. D) o texto da carta de 1891 já permitia o voto feminino. E) a Constituição de 1891 considerava eleitores apenas indivíduos do sexo masculino. Q29.(ENEM 2010) De março de 1931 a fevereiro de 1940, foram decretadas mais de 150 leis novas de proteção social e de regulamentação do trabalho em todos os seus setores. Todas elas têm sido simplesmente uma dádiva do governo. Desde aí, o trabalhador brasileiro encontra nos quadros gerais do regime o seu verdadeiro lugar. DANTAS, M. A força nacionalizadora do Estado Novo. RJ: DIP, 1942. Apud BERCITO, S. R. Nos Tempos de Getúlio: da Revoluçãoo de 30 ao fim do Estado Novo. SP: Atual, 1990 A adoção de novas políticas públicas e as mudanças jurídico-institucionais ocorridas no Brasil, com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, evidenciam o papel histórico de certas lideranças e a importância das lutas sociais na conquista da cidadania. Desse processo resultou a a) criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, que garantiu ao operariado autonomia para o exercício de atividades sindicais. b) legislação previdenciária, que proibiu migrantes de ocuparem cargos de direção nos sindicatos. c) criação da Justiça do Trabalho, para coibir ideologias consideradas perturbadoras da "harmonia social". d) legislação trabalhista que atendeu reivindicações dos operários, garantido-lhes vários direitos e formas de proteção. e) decretação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), que impediu o controle estatal sobre as atividades políticas da classe operária. Q30.(ENEM 2009) A partir de 1942 e estendendo-se até o final do Estado Novo, o Ministro do Trabalho, Indústria e Comércio de Getúlio Vargas falou aos ouvintes da Rádio Nacional semanalmente, por dez minutos, no programa “Hora do Brasil”. O objetivo declarado do governo era esclarecer os trabalhadores acerca das inovações na legislação de proteção ao trabalho. GOMES, A. C. A invenção do trabalhismo. RJ: IUPERJ / Vértice. SP: Revista dos Tribunais, 1988. Os programas “Hora do Brasil” contribuíram para A) conscientizar os trabalhadores de que os direitos sociais foram conquistados por seu esforço, após anos de lutas sindicais. B) promover a autonomia dos grupos sociais, por meio de uma linguagem simples e de fácil entendimento. C) estimular os movimentos grevistas, que reivindicavam um aprofundamento dos direitos trabalhistas. D) consolidar a imagem de Vargas como um governante protetor das massas. E) aumentar os grupos de discussão política dos trabalhadores, estimulados pelas palavras do ministro.