SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 9
Baixar para ler offline
Os Maias
Espaço Físico
Exteriores
A maior parte da narrativa passa-se em Portugal, mais concretamente em Lisboa e
arredores.
Em Santa Olávia decorre a infância de Carlos e é também para lá que este foge quando
descobre a sua relação incestuosa com a irmã.
Em Coimbra - os estudos de Carlos e as suas primeiras aventuras amorosas.
É em Lisboa que se dão os acontecimentos que levam Afonso da Maia ao exílio; é em Lisboa
que sucedem os acontecimentos capitais da vida de Pedro da Maia; e é também lá que
decorre a vida de Carlos que justifica o romance - a sua relação incestuosa com a irmã.
O estrangeiro surge como um recurso para resolver problemas. Afonso exila-se em
Inglaterra para fugir à intolerância Miguelista; Pedro e Maria vivem em Itália e em Paris
devido à recusa deste casamento pelo pai de Pedro. Maria Eduarda segue para Paris quando
descobre a sua relação incestuosa com Carlos. O próprio resolve a sua vida falhada com a
fixação definitiva em Paris.
Deve referir-se como importante espaço exterior Sintra, palco de vários encontros, quer
relativos à crónica de costumes, quer à relação amorosa dos protagonistas.
Interiores
Vários são os espaços interiores referidos n' Os Maias, destacam-se os mais importantes.
No Ramalhete podemos encontrar: o salão de convívio e de lazer, o escritório de Afonso,
que tem o aspeto de uma "severa câmara de prelado", o quarto de Carlos, "como um ar de
quarto de bailarina", e os jardins.
A ação desenrola-se também na vila Balzac, que reflete a sensualidade de João da Ega. É
referido também na obra, o luxuoso consultório de Carlos que revela o seu diletantismo e a
predisposição para a sensualidade.
A Toca é também um espaço interior carregado de simbolismo, que revela amores ilícitos.
São ainda referidos outros espaços interiores de menor importância como o apartamento de
Maria Eduarda, o Teatro da Trindade, a casa dos Condes de Gouvarinho, o Grémio, o Hotel
Central os hotéis de Sintra, a redação d' A Tarde e d' A Corneta do Diabo, etc.
Espaço Social
O espaço social comporta os ambientes (jantares, chás, soirés, bailes, espetáculos), onde
atuam as personagens que o narrador julgou melhor representarem a sociedade por ele
criticada - as classes dirigentes, a alta aristocracia e a burguesia.
Destacam-se o jantar do Hotel Central, os jantares em casa dos Gouvarinho, Santa Olávia, a
Toca, as corridas do Hipódromo, as reuniões na redação de A Tarde, o Sarau Literário no
Teatro da Trindade - ambientes fechados de preferência, por razões de elitismo.
O espaço social cumpre um papel puramente crítico.
Espaço Psicológico
O espaço psicológico é constituído pela consciência das personagens e manifesta-se em
momentos de maior densidade dramática. É sobretudo Carlos, que desvenda os meandros
da sua consciência, ocupando Ega, também, um lugar de relevo.
Destacam-se, como espaço psicológico, o sonho de Carlos no qual evoca a figura de Maria
Eduarda; nova evocação dela em Sintra; reflexões de Carlos sobre o parentesco que o liga a
Maria Eduarda; visão do Ramalhete e do avô, após o incesto; contemplação de Afonso
morto, no jardim.
Quanto a Ega, reflexões e inquietações após a descoberta da identidade de Maria Eduarda.
O espaço psicológico permite definir estas personagens como personagens modeladas.
O Tempo
Tempo Histórico
Entende-se por tempo histórico aquele que se desdobra em dias, meses e anos vividos pelas
personagens, refletindo até acontecimentos cronológicos históricos do país.
N'Os Maias, o tempo histórico é dominado pelo encadeamento de três gerações de uma
família, cujo último membro (Carlos), se destaca relativamente aos outros.
A fronteira cronológica situa-se entre 1820 e 1887, aproximadamente.
Assim, o tempo concreto da intriga compreende cerca de 70 anos.
Tempo do Discurso
Por tempo do discurso entende-se aquele que se deteta no próprio texto organizado pelo
narrador, ordenado ou alterado logicamente, alargado ou resumido.
Na obra, o discurso inicia-se no outono de 1875, data em que Carlos, concluída a sua viagem
de um ano pela Europa, após a formatura, veio, com o avô, instalar-se definitivamente em
Lisboa.
Pelo processo de analepse, o narrador vai, até parte do capítulo IV, referir-se aos
antepassados do protagonista (juventude e exílio de Afonso da Maia (avô), educação,
casamento e suicídio de Pedro (pai), e à educação de Carlos da Maia e sua formatura em
Coimbra) para recuperar o presente da história que havia referido nas primeiras linhas do
livro. Esta primeira parte pode considerar-se uma novela introdutória que dura quase 60
anos. Esta analepse ocupa cerca de 90 páginas, apresentadas por meio de resumos e elipses
(omissões no texto).
Assim, o tempo histórico é muito mais longo do que o tempo do discurso.
Do outono de 1875 a janeiro de 1877 - data em que Carlos abandona o Ramalhete - existe
uma tentativa para que o tempo histórico (pouco mais de um ano da vida de Carlos) seja
idêntico ao tempo do discurso - cerca de 600 páginas - para tal Eça serve-se muitas vezes da
cena dialogada.
O último capítulo é uma elipse (salto no tempo) onde, passados 10 anos, Ega se encontra
com Carlos em Lisboa.
Tempo Psicológico
O tempo psicológico é o tempo que a personagem assume interiormente; é o tempo filtrado
pelas suas vivências subjetivas, muitas vezes carregado de densidade dramática. É o tempo
que se alarga ou se encurta conforme o estado de espírito em que se encontra.
No romance, embora não muito frequente, é possível evidenciar alguns momentos de
tempo psicológico nalgumas personagens:
Pedro da Maia, por exemplo, na noite em que se deu o desaparecimento de Maria Monforte
e o comunica a seu pai; Carlos, quando recorda o primeiro beijo que lhe deu a Condessa de
Gouvarinho, ou, na companhia de João da Ega, contempla, já no final de livro, após a sua
chegada de Paris, o velho Ramalhete abandonado e ambos recordam o passado com
nostalgia. Uma visão pessimista do Mundo e das coisas. É o caso de "agora o seu dia estava
findo: mas, passadas as longas horas, terminada a longa noite, ele penetrava outra vez
naquela sala de repes vermelhos...".
O tempo psicológico introduz a subjetividade, o que põe em causa as leis do naturalismo.
Os Maias - O Passeio de Carlos e João da
Ega (Crítica Social)
Este episódio é o epílogo do romance. dez anos depois, e quando Carlos visita Lisboa, vindo
de Paris. Este passeio é simbólico, por isso, os espaços percorridos são espaços históricos e
ideológicos, estes podem agrupar-se em três conjuntos.
No primeiro domina a estátua de Camões que, triste, representa o Portugal heroico, glorioso
mas perdido, e desperta um sentimento de nostalgia. A estátua está envolvida numa
atmosfera de estagnação, tal como o país.
No segundo conjunto, dominam aspetos ligados ao Portugal absolutista. É a zona antiga da
cidade, os bairros antigos representam a época anterior ao Liberalismo, o tempo
absolutista, recusado por Carlos por causa da sua intolerância e do seu clericalismo, que
levam a que toda a sua descrição seja depreciativa.
No terceiro conjunto, domina o presente, como é o caso do Chiado e dos Restauradores,
símbolos de uma tentativa falhada de reconstrução do país, e a prová-lo está o ambiente de
decadência e amolecimento que cerca o obelisco.
O Ramalhete integra-se neste conjunto, também ele atingido pela destruição e pelo
abandono. Pode funcionar como sinédoque da cidade e do país.
Os Maias - A Educação (Crítica Social)
A crítica à educação é feita através do paralelismo entre três personagens - Pedro da Maia,
recetor de uma educação à portuguesa, retrógrada e com uma imposição rígida de devoção
religiosa, aprendizagem do latim com práticas pedagógicas fossilizadas. Fuga ao contacto
direto com a natureza e o mundo prático.
Carlos da Maia, fruto de uma educação à inglesa, onde se privilegiava o contacto com a
natureza, o exercício físico, a aprendizagem de línguas vivas, o desprezo pelos valores
pessimistas e por um conhecimento meramente teórico.
Eusébiozinho, com uma educação retrógrada e ultrarromântica, muito religiosa, que o
tornou fisicamente débil, apático e corrupto.
De salientar que as três personagens falharam na vida.
Os Maias - Simbolismo
Os Maias estão incrivelmente repletos de símbolos.
Afonso da Maia é uma figura simbólica - o seu nome é simbólico, tal como o de Carlos - o
nome do último Stuart, escolhido pela mãe. Carlos irá ser o último Maia - note-se a ironia em
forma de presságio.
No Ramalhete, esta designação e o emblema (o ramo de girassóis) mostram a importância
"da terra e da província" no passado da família Maia. A "gravidade clerical do edifício"
demonstra a influência que o clero teve no passado da família e em Portugal.
Por oposição, as obras de restauro, levadas a cabo por Carlos, introduziram o luxo e a
decoração cosmopolita, simbolizam uma nova oportunidade, uma reforma da casa (ou do
país) para uma nova etapa - é o reflexo do ideal reformista da Geração de Carlos. Carlos é
um símbolo da Geração de 70, tal como o é Ega.
No último capítulo, a imagem deixada pelo Ramalhete, abandonado e tristonho, cheio de
recordações de um passado de tragédia e frustrações, está muito relacionado com o modo
como Eça via o país, em plena crise do regime.
O quintal do Ramalhete, também sofre uma evolução. O fio de água da cascata é símbolo
da eterna melancolia do tempo que passa, dos sentimentos que leva e traz. A estátua de
Vénus que, enegrece com a fuga de Maria Monforte, no final a sua presença obscura na
quintal é uma vaga premonição da tragédia. Ela marca o início e o fim da ação principal.
No quarto de Maria Eduarda, na Toca, o quadro com a cabeça degolada é um símbolo e
presságio de desgraça. Os seus aposentos simbolizam o caráter trágico, a profanação das leis
humanas e cristãs.
Também o armário do salão nobre da Toca tem uma simbologia trágica. Os guerreiros
simbolizam a heroicidade, os evangelistas, a religião e os troféus agrícolas o trabalho:
qualidades que existiram um dia na família (e no Portugal da epopeia).
No final, a estátua de Camões é o símbolo da nostalgia do passado mais recuado.
Não é difícil ler-se o percurso da família Maia, nas alterações sofridas pelo Ramalhete. No
início o Ramalhete não tem vida, em seguida habitado, torna-se símbolo da esperança e da
vida, é como que um renascimento; finalmente, a tragédia abate-se sobre a família e eis a
cascata chorando, deitando as últimas gotas de água, a estátua coberta de ferrugem; tudo
tem um caráter fúnebre. O cedro e o cipreste, são árvores que pela sua longevidade,
significam a vida e a morte, foram testemunhas das várias gerações da família.
A morte instala-se nesta família. No Ramalhete todo o mobiliário degradado e disposto em
confusão, todos os aposentos melancólicos e frios, tudo deixa transparecer a realidade de
destruição e morte. E se os Maias representam Portugal, a morte instalou-se no país.
A Toca é o nome dado à habitação de certos animais, o que, desde logo, parece simbolizar o
caráter animalesco do relacionamento de Carlos e Maria Eduarda. Na primeira vez que lá
vão, Carlos introduz a chave no portão com todo o prazer, o que sugere o poder e o prazer
das relações incestuosas; da segunda vez ambos a experimentam - a chave torna-se,
portanto, o símbolo da mútua aceitação e entrega.
Os aposentos de Maria Eduarda simbolizam o caráter trágico, a profanação das leis
humanas e cristãs.
Os Maias estão também, povoados de símbolos cromáticos: a cor vermelha tem um caráter
duplo, Maria Monforte e Maria Eduarda são portadoras de um vermelho feminino,
despertam a sensibilidade à sua volta; espalham a morte. O vermelho é, portanto, o símbolo
da paixão excessiva e destruidora.
O vermelho da vila Balzac é muito intenso, indicando a dimensão essencialmente carnal e
efémera dos encontros de amor de Ega e Raquel Cohen
O tom dourado está também presente, indicando a paixão ardente; anunciando a velhice (o
outono), a proximidade da morte. Morte prefigurada pela cor negra, símbolo de uma paixão
possessiva e destruidora.
Mãe e filha conjugam em si estas três cores: elas são, portanto, vida e morte, o divino e o
humano, a aparência e a realidade, a força que se torna fraqueza.
Constatamos que a simbologia d'Os Maias possui uma função claramente pressagiadora da
tragédia.
Presságios
O desfecho trágico de Carlos parece atribuir-se a uma fatalidade cega e impiedosa. Os
acontecimentos funestos são, muitas vezes, anunciados por presságios, acontecimentos ou
objetos cuja carga negativa deixa adivinhar desgraças. São, por exemplo, observações banais
que adquirem, mais tarde, o estatuto de prenúncios.
Assim:
- A fatalidade familiar ligada ao Ramalhete: Vilaça menciona-a no relatório sobre a casa que
enviou a Afonso, mas este não desistiu de a habitar;
- A semelhança de nomes entre os irmãos (Carlos Eduardo e Maria Eduarda). Carlos diz
mesmo, falando dessa semelhança: "Quem sabe se não pressagiava a concordância dos seus
destinos!" - pressagiava, de facto, mas de forma trágica;
- O painel com a cabeça degolada dentro de um prato de cobre que, no quarto, vigiava o
ninho de amor em que os dois irmãos consagravam o incesto. Era a cabeça de João Batista
degolado por ter denunciado a relação incestuosa de Heródes. Maria Eduarda impressiona-
se com ela na primeira visita aos Olivais e Carlos tapa-a quando se deitam juntos pela
primeira vez;
- A trovoada que acompanha a primeira noite de amor dos dois irmãos. Esta acontece num
ambiente carregado de presságios como que prevendo um futuro onde tudo seria confuso e
escuro;
- A semelhança fisionómica que Maria Eduarda nota entre Carlos e a sua mãe;
- Os três lírios brancos que murchavam, símbolo dos elementos da família que ainda
restavam;
- A sorte de Carlos ganhando todas as apostas - nas Corridas de Cavalos, é indício de futura
desgraça.
Tudo presságios não entendidos pelo protagonista, como era próprio da tragédia clássica.
A Mensagem d'Os Maias
A mensagem que o autor pretende deixar com esta obra, tem uma intenção iminentemente
crítica.
É através do paralelo entre duas personagens - Pedro e Carlos da Maia -, que Eça concretiza
a sua intenção. Note-se que ambos, apesar de terem tido educações totalmente diferentes,
falharam na vida. Pedro falha com um casamento desastroso, que o leva ao suicídio; Carlos
falha com uma ligação incestuosa, da qual sai para se deixar afundar numa vida estéril e
apagada, sem qualquer projeto seriamente útil, em Paris.
Por outro lado, estas duas personagens, representam também épocas históricas e políticas
diferentes. Pedro, a época do Romantismo, e seu filho, a Geração de 70 e das Conferências
do Casino, geração potencialmente destinada ao sucesso. Mas não foi isso que sucedeu e é
este facto que o escritor pretende evidenciar com o episódio final - o fracasso da Geração
dos Vencidos da Vida.
Assim, estas personagens representam os males de Portugal e o fracasso sucessivo das
diferentes correntes estético-literárias. Fracasso este que parece dever-se, não às correntes
em si, mas às características do povo português - a predileção pela forma em detrimento do
conteúdo, o diletantismo que impede a fixação num trabalho sério e interessante, a atitude
"romântica" perante a vida, que consiste em desculpar sistematicamente, os próprios erros
e falhas, e dizer "Tudo culpa da sociedade".
Os Maias - Estética
Os Maias distinguem-se no quadro da literatura nacional, não só pela originalidade do tema,
mas também pela destreza e mestria com que o autor conta o romance. De facto, tanto a
crítica social, como a intriga amorosa são valorizadas pelo rigor e beleza dos vocábulos
utilizados.
Por exemplo, o impressionismo, bem patente, caracteriza-se pela frequência de construções
impessoais, uma vez que o efeito é percecionado independentemente da causa, ficando,
portanto, o sujeito para segundo plano; perceções de tipo diferente traduzindo ironia;
frequência da hipálage (transposição de um atributo de gente para a ação). Relativamente
aos substantivos e adjetivos, a obra de Eça contem muito mais adjetivos do que
substantivos.
É frequente o contraste nome concreto qualificado com um adjetivo abstrato ou vice-versa.
O advérbio toma, em Eça, funções de atributo e a sua ação alcança o sujeito ou o objeto.
Assim, Eça ampliou o número de advérbios de modo que a linguagem proporcionava,
derivando-os dos adjetivos.
O verbo oferece a alternância dos seus sentidos - próprio ou figurado, e o escritor tem de
escolher um ou outro. Estes podem invocar conceitos subjetivos múltiplos sem deixarem,
por isso, de descrever aspetos das coisas.
Eça utiliza o estilo indireto livre. Este tipo de discurso permitia-lhe: libertar a frase dos
verbos muito utilizados e da correspondente conjugação integrante (ex.: disse que);
permitia-lhe, também, aproximar a prosa literária da linguagem falada; conseguia
impersonalizar a prosa narrativa dissimulando-se por detrás das suas personagens.
N' Os Maias, existem em maior ou menor grau todos os níveis de linguagem. Da linguagem
familiar à linguagem infantil, popular e também neologismos (ex.: Gouvarinhar).
Esta obra é muito rica em figuras de estilo, o que lhe concede um cunho particularmente
queirosiano. Aliterações, adjetivações, comparações, personificações, enchem Os Maias do
início ao final da obra.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Crónica de Costumes - Jantar dos Gouvarinho
Crónica de Costumes - Jantar dos Gouvarinho Crónica de Costumes - Jantar dos Gouvarinho
Crónica de Costumes - Jantar dos Gouvarinho Marisa Ferreira
 
Romantismo, Frei Luís de Sousa
Romantismo, Frei Luís de SousaRomantismo, Frei Luís de Sousa
Romantismo, Frei Luís de SousaLurdes Augusto
 
Frei Luís de Sousa - Características trágicas
Frei Luís de Sousa - Características trágicasFrei Luís de Sousa - Características trágicas
Frei Luís de Sousa - Características trágicasMaria Rodrigues
 
Apresentação do Simbolismo N`Os Maias
Apresentação do Simbolismo N`Os MaiasApresentação do Simbolismo N`Os Maias
Apresentação do Simbolismo N`Os MaiasNeizy Mandinga
 
Cap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralCap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralHelena Coutinho
 
Uma análise da obra amor de perdição de
Uma análise da obra amor de perdição deUma análise da obra amor de perdição de
Uma análise da obra amor de perdição deFernanda Pantoja
 
Resumos de Português: Os Maias
Resumos de Português: Os MaiasResumos de Português: Os Maias
Resumos de Português: Os MaiasRaffaella Ergün
 
Os Maias, capítulos I a IV
Os Maias, capítulos I a IVOs Maias, capítulos I a IV
Os Maias, capítulos I a IVDina Baptista
 
Sermão de Santo António - Resumo
Sermão de Santo António - ResumoSermão de Santo António - Resumo
Sermão de Santo António - Resumocolegiomb
 
Os maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intrigaOs maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intrigaMariana Silva
 
Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"
Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"
Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"Maria Góis
 

Mais procurados (20)

Os maias a intriga
Os maias   a intrigaOs maias   a intriga
Os maias a intriga
 
Crónica de Costumes - Jantar dos Gouvarinho
Crónica de Costumes - Jantar dos Gouvarinho Crónica de Costumes - Jantar dos Gouvarinho
Crónica de Costumes - Jantar dos Gouvarinho
 
Os maias personagens
Os maias personagensOs maias personagens
Os maias personagens
 
Romantismo, Frei Luís de Sousa
Romantismo, Frei Luís de SousaRomantismo, Frei Luís de Sousa
Romantismo, Frei Luís de Sousa
 
O resumo de Os Maias
O resumo de Os MaiasO resumo de Os Maias
O resumo de Os Maias
 
Lírica camoniana
Lírica camonianaLírica camoniana
Lírica camoniana
 
Frei luís de sousa
Frei luís de sousaFrei luís de sousa
Frei luís de sousa
 
Os Maias - Capítulo XVIII
Os Maias - Capítulo XVIIIOs Maias - Capítulo XVIII
Os Maias - Capítulo XVIII
 
Os Maias - Capítulo XVII
Os Maias - Capítulo XVIIOs Maias - Capítulo XVII
Os Maias - Capítulo XVII
 
Frei Luís de Sousa - Características trágicas
Frei Luís de Sousa - Características trágicasFrei Luís de Sousa - Características trágicas
Frei Luís de Sousa - Características trágicas
 
Apresentação do Simbolismo N`Os Maias
Apresentação do Simbolismo N`Os MaiasApresentação do Simbolismo N`Os Maias
Apresentação do Simbolismo N`Os Maias
 
Cap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geralCap iv repreensões geral
Cap iv repreensões geral
 
Uma análise da obra amor de perdição de
Uma análise da obra amor de perdição deUma análise da obra amor de perdição de
Uma análise da obra amor de perdição de
 
Resumos de Português: Os Maias
Resumos de Português: Os MaiasResumos de Português: Os Maias
Resumos de Português: Os Maias
 
Amor de perdição
Amor de perdiçãoAmor de perdição
Amor de perdição
 
Os Maias, capítulos I a IV
Os Maias, capítulos I a IVOs Maias, capítulos I a IV
Os Maias, capítulos I a IV
 
Canto viii 96_99
Canto viii 96_99Canto viii 96_99
Canto viii 96_99
 
Sermão de Santo António - Resumo
Sermão de Santo António - ResumoSermão de Santo António - Resumo
Sermão de Santo António - Resumo
 
Os maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intrigaOs maias: Características trágicas da intriga
Os maias: Características trágicas da intriga
 
Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"
Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"
Estruturas externa-e-interna de "Frei Luís de Sousa"
 

Destaque

Destaque (16)

Os maias análise
Os maias análiseOs maias análise
Os maias análise
 
Os Maias
Os MaiasOs Maias
Os Maias
 
Os Maias_ sistematizacao
Os Maias_ sistematizacaoOs Maias_ sistematizacao
Os Maias_ sistematizacao
 
Os maias
Os maiasOs maias
Os maias
 
Corrida de cavalos2
Corrida de cavalos2Corrida de cavalos2
Corrida de cavalos2
 
Análise do Jantar no Hotel Central
Análise do Jantar no Hotel CentralAnálise do Jantar no Hotel Central
Análise do Jantar no Hotel Central
 
Os Maias - Análise
Os Maias - AnáliseOs Maias - Análise
Os Maias - Análise
 
Maias
 Maias Maias
Maias
 
Sermão de Santo António aos Peixes
Sermão de Santo António aos PeixesSermão de Santo António aos Peixes
Sermão de Santo António aos Peixes
 
Os maias jornalismo português
Os maias  jornalismo portuguêsOs maias  jornalismo português
Os maias jornalismo português
 
Os Maias - presságios
Os Maias - presságiosOs Maias - presságios
Os Maias - presságios
 
Os Maias - Capítulo V
Os Maias - Capítulo VOs Maias - Capítulo V
Os Maias - Capítulo V
 
Sermão de Santo António aos Peixes
Sermão de Santo António aos PeixesSermão de Santo António aos Peixes
Sermão de Santo António aos Peixes
 
O velho, o rapaz e o burro expresso
O velho, o rapaz e o burro expressoO velho, o rapaz e o burro expresso
O velho, o rapaz e o burro expresso
 
Os maias
Os maiasOs maias
Os maias
 
Os Maias estrutura
Os Maias estruturaOs Maias estrutura
Os Maias estrutura
 

Semelhante a Os Maias - análise

Semelhante a Os Maias - análise (20)

Os Maias - aspetos básicos
Os Maias - aspetos básicosOs Maias - aspetos básicos
Os Maias - aspetos básicos
 
-Resumos-Dos-Maias.pdf
-Resumos-Dos-Maias.pdf-Resumos-Dos-Maias.pdf
-Resumos-Dos-Maias.pdf
 
Os Maias de A a Z
Os Maias de A a ZOs Maias de A a Z
Os Maias de A a Z
 
Os Maias Episódios da Vida Romântica
Os Maias   Episódios da Vida RomânticaOs Maias   Episódios da Vida Romântica
Os Maias Episódios da Vida Romântica
 
Trabalho oral de Os Maias
Trabalho oral de Os MaiasTrabalho oral de Os Maias
Trabalho oral de Os Maias
 
Os Maias
Os MaiasOs Maias
Os Maias
 
Aula 10 romantismo no brasil e em portugal
Aula 10   romantismo no brasil e em portugalAula 10   romantismo no brasil e em portugal
Aula 10 romantismo no brasil e em portugal
 
Os maias.pdf
Os maias.pdfOs maias.pdf
Os maias.pdf
 
Os Maias - a ação & titulo e subtítulo
Os Maias - a ação & titulo e subtítuloOs Maias - a ação & titulo e subtítulo
Os Maias - a ação & titulo e subtítulo
 
O romantismo em_portugal
O romantismo em_portugalO romantismo em_portugal
O romantismo em_portugal
 
Estilos literarios
Estilos literariosEstilos literarios
Estilos literarios
 
Estilos literarios
Estilos literariosEstilos literarios
Estilos literarios
 
A Morte do Palhaço
A Morte do PalhaçoA Morte do Palhaço
A Morte do Palhaço
 
Revisão-Pro-Campus-2018.pptx
Revisão-Pro-Campus-2018.pptxRevisão-Pro-Campus-2018.pptx
Revisão-Pro-Campus-2018.pptx
 
Os Maias Apresentação
Os Maias   Apresentação Os Maias   Apresentação
Os Maias Apresentação
 
Aula 03 classicismo
Aula 03   classicismoAula 03   classicismo
Aula 03 classicismo
 
Memorialdo Convento
Memorialdo ConventoMemorialdo Convento
Memorialdo Convento
 
Camões
Camões Camões
Camões
 
Trovadorismo ao Barroco
Trovadorismo ao BarrocoTrovadorismo ao Barroco
Trovadorismo ao Barroco
 
João da Ega
João da EgaJoão da Ega
João da Ega
 

Mais de nanasimao

Hábitos de Leitura de Notícias dos Estudantes de JC
Hábitos de Leitura de Notícias dos Estudantes de JCHábitos de Leitura de Notícias dos Estudantes de JC
Hábitos de Leitura de Notícias dos Estudantes de JCnanasimao
 
Sermão de Santo António aos peixes
Sermão de Santo António aos peixes Sermão de Santo António aos peixes
Sermão de Santo António aos peixes nanasimao
 
Cultura em Portugal
Cultura em PortugalCultura em Portugal
Cultura em Portugalnanasimao
 
A Revolução cientifica e o conhecimento do Homem e da Natureza
A Revolução cientifica e o conhecimento do Homem e da NaturezaA Revolução cientifica e o conhecimento do Homem e da Natureza
A Revolução cientifica e o conhecimento do Homem e da Naturezananasimao
 
Gótico Europeu
Gótico EuropeuGótico Europeu
Gótico Europeunanasimao
 
Auto/ Farsa de Inês Pereira
Auto/ Farsa de Inês PereiraAuto/ Farsa de Inês Pereira
Auto/ Farsa de Inês Pereirananasimao
 
Breve análise da Síria e Filândia
Breve análise da Síria e FilândiaBreve análise da Síria e Filândia
Breve análise da Síria e Filândiananasimao
 
Freedom House
Freedom HouseFreedom House
Freedom Housenanasimao
 
A imprensa escrita e o poder potilico- texto de Luís Felipe
A imprensa escrita e o poder potilico- texto de Luís FelipeA imprensa escrita e o poder potilico- texto de Luís Felipe
A imprensa escrita e o poder potilico- texto de Luís Felipenanasimao
 
Operação Lex
Operação LexOperação Lex
Operação Lexnanasimao
 
Os telemóveis no mundo contemporâneo
Os telemóveis no mundo contemporâneoOs telemóveis no mundo contemporâneo
Os telemóveis no mundo contemporâneonanasimao
 
13 Reasons Why
13 Reasons Why 13 Reasons Why
13 Reasons Why nanasimao
 
Ameaças e oportunidades num mundo multipolar
Ameaças e oportunidades num mundo multipolarAmeaças e oportunidades num mundo multipolar
Ameaças e oportunidades num mundo multipolarnanasimao
 
Energia nuclear
Energia nuclearEnergia nuclear
Energia nuclearnanasimao
 
A poluição dos mares e solos temas
A poluição dos mares e solos temas A poluição dos mares e solos temas
A poluição dos mares e solos temas nanasimao
 
Jornal- O Districto de portalegre
Jornal- O Districto de portalegre  Jornal- O Districto de portalegre
Jornal- O Districto de portalegre nanasimao
 
A propaganda Nazi
A propaganda Nazi A propaganda Nazi
A propaganda Nazi nanasimao
 
Karl Blossfeldt
Karl BlossfeldtKarl Blossfeldt
Karl Blossfeldtnanasimao
 
A publicidade: Persuação e Manipulação
A publicidade: Persuação e ManipulaçãoA publicidade: Persuação e Manipulação
A publicidade: Persuação e Manipulaçãonanasimao
 

Mais de nanasimao (20)

Hábitos de Leitura de Notícias dos Estudantes de JC
Hábitos de Leitura de Notícias dos Estudantes de JCHábitos de Leitura de Notícias dos Estudantes de JC
Hábitos de Leitura de Notícias dos Estudantes de JC
 
Sermão de Santo António aos peixes
Sermão de Santo António aos peixes Sermão de Santo António aos peixes
Sermão de Santo António aos peixes
 
Cultura em Portugal
Cultura em PortugalCultura em Portugal
Cultura em Portugal
 
A Revolução cientifica e o conhecimento do Homem e da Natureza
A Revolução cientifica e o conhecimento do Homem e da NaturezaA Revolução cientifica e o conhecimento do Homem e da Natureza
A Revolução cientifica e o conhecimento do Homem e da Natureza
 
Gótico Europeu
Gótico EuropeuGótico Europeu
Gótico Europeu
 
Auto/ Farsa de Inês Pereira
Auto/ Farsa de Inês PereiraAuto/ Farsa de Inês Pereira
Auto/ Farsa de Inês Pereira
 
Breve análise da Síria e Filândia
Breve análise da Síria e FilândiaBreve análise da Síria e Filândia
Breve análise da Síria e Filândia
 
Freedom House
Freedom HouseFreedom House
Freedom House
 
A imprensa escrita e o poder potilico- texto de Luís Felipe
A imprensa escrita e o poder potilico- texto de Luís FelipeA imprensa escrita e o poder potilico- texto de Luís Felipe
A imprensa escrita e o poder potilico- texto de Luís Felipe
 
Operação Lex
Operação LexOperação Lex
Operação Lex
 
Os telemóveis no mundo contemporâneo
Os telemóveis no mundo contemporâneoOs telemóveis no mundo contemporâneo
Os telemóveis no mundo contemporâneo
 
13 Reasons Why
13 Reasons Why 13 Reasons Why
13 Reasons Why
 
Rede Globo
Rede GloboRede Globo
Rede Globo
 
Ameaças e oportunidades num mundo multipolar
Ameaças e oportunidades num mundo multipolarAmeaças e oportunidades num mundo multipolar
Ameaças e oportunidades num mundo multipolar
 
Energia nuclear
Energia nuclearEnergia nuclear
Energia nuclear
 
A poluição dos mares e solos temas
A poluição dos mares e solos temas A poluição dos mares e solos temas
A poluição dos mares e solos temas
 
Jornal- O Districto de portalegre
Jornal- O Districto de portalegre  Jornal- O Districto de portalegre
Jornal- O Districto de portalegre
 
A propaganda Nazi
A propaganda Nazi A propaganda Nazi
A propaganda Nazi
 
Karl Blossfeldt
Karl BlossfeldtKarl Blossfeldt
Karl Blossfeldt
 
A publicidade: Persuação e Manipulação
A publicidade: Persuação e ManipulaçãoA publicidade: Persuação e Manipulação
A publicidade: Persuação e Manipulação
 

Último

atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfAutonoma
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticash5kpmr7w7
 
Falando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introdFalando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introdLeonardoDeOliveiraLu2
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024azulassessoria9
 
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...azulassessoria9
 
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfCaderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfJuliana Barbosa
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptxJssicaCassiano2
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfcomercial400681
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...azulassessoria9
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º anoRachel Facundo
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...MariaCristinaSouzaLe1
 
aprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubelaprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubeladrianaguedesbatista
 
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)Centro Jacques Delors
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfTutor de matemática Ícaro
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Cabiamar
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxFlviaGomes64
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...andreiavys
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*Viviane Moreiras
 
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docGUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docPauloHenriqueGarciaM
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...marcelafinkler
 

Último (20)

atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdfatividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
atividade-de-portugues-paronimos-e-homonimos-4º-e-5º-ano-respostas.pdf
 
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemáticaSlide - SAEB. língua portuguesa e matemática
Slide - SAEB. língua portuguesa e matemática
 
Falando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introdFalando de Física Quântica apresentação introd
Falando de Física Quântica apresentação introd
 
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
ATIVIDADE 3 - DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM MOTORA - 52_2024
 
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
O desenvolvimento é um conceito mais amplo, pode ter um contexto biológico ou...
 
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdfCaderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
Caderno de exercícios Revisão para o ENEM (1).pdf
 
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
6ano variação linguística ensino fundamental.pptx
 
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdfApresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
Apresentação ISBET Jovem Aprendiz e Estágio 2023.pdf
 
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
O estudo do controle motor nada mais é do que o estudo da natureza do movimen...
 
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º anoCamadas da terra -Litosfera  conteúdo 6º ano
Camadas da terra -Litosfera conteúdo 6º ano
 
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
Aula 25 - A america espanhola - colonização, exploraçãp e trabalho (mita e en...
 
aprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubelaprendizagem significatica, teórico David Ausubel
aprendizagem significatica, teórico David Ausubel
 
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)Quiz | Dia da Europa 2024  (comemoração)
Quiz | Dia da Europa 2024 (comemoração)
 
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdfCurrículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
Currículo - Ícaro Kleisson - Tutor acadêmico.pdf
 
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
Historia de Portugal - Quarto Ano - 2024
 
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptxMonoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
Monoteísmo, Politeísmo, Panteísmo 7 ANO2.pptx
 
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...E a chuva ...  (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
E a chuva ... (Livro pedagógico para ser usado na educação infantil e trabal...
 
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*P P P 2024  - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
P P P 2024 - *CIEJA Santana / Tucuruvi*
 
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.docGUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
GUIA DE APRENDIZAGEM 2024 9º A - História 1 BI.doc
 
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
Introdução às Funções 9º ano: Diagrama de flexas, Valor numérico de uma funçã...
 

Os Maias - análise

  • 1. Os Maias Espaço Físico Exteriores A maior parte da narrativa passa-se em Portugal, mais concretamente em Lisboa e arredores. Em Santa Olávia decorre a infância de Carlos e é também para lá que este foge quando descobre a sua relação incestuosa com a irmã. Em Coimbra - os estudos de Carlos e as suas primeiras aventuras amorosas. É em Lisboa que se dão os acontecimentos que levam Afonso da Maia ao exílio; é em Lisboa que sucedem os acontecimentos capitais da vida de Pedro da Maia; e é também lá que decorre a vida de Carlos que justifica o romance - a sua relação incestuosa com a irmã. O estrangeiro surge como um recurso para resolver problemas. Afonso exila-se em Inglaterra para fugir à intolerância Miguelista; Pedro e Maria vivem em Itália e em Paris devido à recusa deste casamento pelo pai de Pedro. Maria Eduarda segue para Paris quando descobre a sua relação incestuosa com Carlos. O próprio resolve a sua vida falhada com a fixação definitiva em Paris. Deve referir-se como importante espaço exterior Sintra, palco de vários encontros, quer relativos à crónica de costumes, quer à relação amorosa dos protagonistas. Interiores Vários são os espaços interiores referidos n' Os Maias, destacam-se os mais importantes. No Ramalhete podemos encontrar: o salão de convívio e de lazer, o escritório de Afonso, que tem o aspeto de uma "severa câmara de prelado", o quarto de Carlos, "como um ar de quarto de bailarina", e os jardins. A ação desenrola-se também na vila Balzac, que reflete a sensualidade de João da Ega. É referido também na obra, o luxuoso consultório de Carlos que revela o seu diletantismo e a predisposição para a sensualidade. A Toca é também um espaço interior carregado de simbolismo, que revela amores ilícitos. São ainda referidos outros espaços interiores de menor importância como o apartamento de Maria Eduarda, o Teatro da Trindade, a casa dos Condes de Gouvarinho, o Grémio, o Hotel Central os hotéis de Sintra, a redação d' A Tarde e d' A Corneta do Diabo, etc.
  • 2. Espaço Social O espaço social comporta os ambientes (jantares, chás, soirés, bailes, espetáculos), onde atuam as personagens que o narrador julgou melhor representarem a sociedade por ele criticada - as classes dirigentes, a alta aristocracia e a burguesia. Destacam-se o jantar do Hotel Central, os jantares em casa dos Gouvarinho, Santa Olávia, a Toca, as corridas do Hipódromo, as reuniões na redação de A Tarde, o Sarau Literário no Teatro da Trindade - ambientes fechados de preferência, por razões de elitismo. O espaço social cumpre um papel puramente crítico. Espaço Psicológico O espaço psicológico é constituído pela consciência das personagens e manifesta-se em momentos de maior densidade dramática. É sobretudo Carlos, que desvenda os meandros da sua consciência, ocupando Ega, também, um lugar de relevo. Destacam-se, como espaço psicológico, o sonho de Carlos no qual evoca a figura de Maria Eduarda; nova evocação dela em Sintra; reflexões de Carlos sobre o parentesco que o liga a Maria Eduarda; visão do Ramalhete e do avô, após o incesto; contemplação de Afonso morto, no jardim. Quanto a Ega, reflexões e inquietações após a descoberta da identidade de Maria Eduarda. O espaço psicológico permite definir estas personagens como personagens modeladas.
  • 3. O Tempo Tempo Histórico Entende-se por tempo histórico aquele que se desdobra em dias, meses e anos vividos pelas personagens, refletindo até acontecimentos cronológicos históricos do país. N'Os Maias, o tempo histórico é dominado pelo encadeamento de três gerações de uma família, cujo último membro (Carlos), se destaca relativamente aos outros. A fronteira cronológica situa-se entre 1820 e 1887, aproximadamente. Assim, o tempo concreto da intriga compreende cerca de 70 anos. Tempo do Discurso Por tempo do discurso entende-se aquele que se deteta no próprio texto organizado pelo narrador, ordenado ou alterado logicamente, alargado ou resumido. Na obra, o discurso inicia-se no outono de 1875, data em que Carlos, concluída a sua viagem de um ano pela Europa, após a formatura, veio, com o avô, instalar-se definitivamente em Lisboa. Pelo processo de analepse, o narrador vai, até parte do capítulo IV, referir-se aos antepassados do protagonista (juventude e exílio de Afonso da Maia (avô), educação, casamento e suicídio de Pedro (pai), e à educação de Carlos da Maia e sua formatura em Coimbra) para recuperar o presente da história que havia referido nas primeiras linhas do livro. Esta primeira parte pode considerar-se uma novela introdutória que dura quase 60 anos. Esta analepse ocupa cerca de 90 páginas, apresentadas por meio de resumos e elipses (omissões no texto). Assim, o tempo histórico é muito mais longo do que o tempo do discurso. Do outono de 1875 a janeiro de 1877 - data em que Carlos abandona o Ramalhete - existe uma tentativa para que o tempo histórico (pouco mais de um ano da vida de Carlos) seja idêntico ao tempo do discurso - cerca de 600 páginas - para tal Eça serve-se muitas vezes da cena dialogada. O último capítulo é uma elipse (salto no tempo) onde, passados 10 anos, Ega se encontra com Carlos em Lisboa.
  • 4. Tempo Psicológico O tempo psicológico é o tempo que a personagem assume interiormente; é o tempo filtrado pelas suas vivências subjetivas, muitas vezes carregado de densidade dramática. É o tempo que se alarga ou se encurta conforme o estado de espírito em que se encontra. No romance, embora não muito frequente, é possível evidenciar alguns momentos de tempo psicológico nalgumas personagens: Pedro da Maia, por exemplo, na noite em que se deu o desaparecimento de Maria Monforte e o comunica a seu pai; Carlos, quando recorda o primeiro beijo que lhe deu a Condessa de Gouvarinho, ou, na companhia de João da Ega, contempla, já no final de livro, após a sua chegada de Paris, o velho Ramalhete abandonado e ambos recordam o passado com nostalgia. Uma visão pessimista do Mundo e das coisas. É o caso de "agora o seu dia estava findo: mas, passadas as longas horas, terminada a longa noite, ele penetrava outra vez naquela sala de repes vermelhos...". O tempo psicológico introduz a subjetividade, o que põe em causa as leis do naturalismo.
  • 5. Os Maias - O Passeio de Carlos e João da Ega (Crítica Social) Este episódio é o epílogo do romance. dez anos depois, e quando Carlos visita Lisboa, vindo de Paris. Este passeio é simbólico, por isso, os espaços percorridos são espaços históricos e ideológicos, estes podem agrupar-se em três conjuntos. No primeiro domina a estátua de Camões que, triste, representa o Portugal heroico, glorioso mas perdido, e desperta um sentimento de nostalgia. A estátua está envolvida numa atmosfera de estagnação, tal como o país. No segundo conjunto, dominam aspetos ligados ao Portugal absolutista. É a zona antiga da cidade, os bairros antigos representam a época anterior ao Liberalismo, o tempo absolutista, recusado por Carlos por causa da sua intolerância e do seu clericalismo, que levam a que toda a sua descrição seja depreciativa. No terceiro conjunto, domina o presente, como é o caso do Chiado e dos Restauradores, símbolos de uma tentativa falhada de reconstrução do país, e a prová-lo está o ambiente de decadência e amolecimento que cerca o obelisco. O Ramalhete integra-se neste conjunto, também ele atingido pela destruição e pelo abandono. Pode funcionar como sinédoque da cidade e do país. Os Maias - A Educação (Crítica Social) A crítica à educação é feita através do paralelismo entre três personagens - Pedro da Maia, recetor de uma educação à portuguesa, retrógrada e com uma imposição rígida de devoção religiosa, aprendizagem do latim com práticas pedagógicas fossilizadas. Fuga ao contacto direto com a natureza e o mundo prático. Carlos da Maia, fruto de uma educação à inglesa, onde se privilegiava o contacto com a natureza, o exercício físico, a aprendizagem de línguas vivas, o desprezo pelos valores pessimistas e por um conhecimento meramente teórico. Eusébiozinho, com uma educação retrógrada e ultrarromântica, muito religiosa, que o tornou fisicamente débil, apático e corrupto. De salientar que as três personagens falharam na vida.
  • 6. Os Maias - Simbolismo Os Maias estão incrivelmente repletos de símbolos. Afonso da Maia é uma figura simbólica - o seu nome é simbólico, tal como o de Carlos - o nome do último Stuart, escolhido pela mãe. Carlos irá ser o último Maia - note-se a ironia em forma de presságio. No Ramalhete, esta designação e o emblema (o ramo de girassóis) mostram a importância "da terra e da província" no passado da família Maia. A "gravidade clerical do edifício" demonstra a influência que o clero teve no passado da família e em Portugal. Por oposição, as obras de restauro, levadas a cabo por Carlos, introduziram o luxo e a decoração cosmopolita, simbolizam uma nova oportunidade, uma reforma da casa (ou do país) para uma nova etapa - é o reflexo do ideal reformista da Geração de Carlos. Carlos é um símbolo da Geração de 70, tal como o é Ega. No último capítulo, a imagem deixada pelo Ramalhete, abandonado e tristonho, cheio de recordações de um passado de tragédia e frustrações, está muito relacionado com o modo como Eça via o país, em plena crise do regime. O quintal do Ramalhete, também sofre uma evolução. O fio de água da cascata é símbolo da eterna melancolia do tempo que passa, dos sentimentos que leva e traz. A estátua de Vénus que, enegrece com a fuga de Maria Monforte, no final a sua presença obscura na quintal é uma vaga premonição da tragédia. Ela marca o início e o fim da ação principal. No quarto de Maria Eduarda, na Toca, o quadro com a cabeça degolada é um símbolo e presságio de desgraça. Os seus aposentos simbolizam o caráter trágico, a profanação das leis humanas e cristãs. Também o armário do salão nobre da Toca tem uma simbologia trágica. Os guerreiros simbolizam a heroicidade, os evangelistas, a religião e os troféus agrícolas o trabalho: qualidades que existiram um dia na família (e no Portugal da epopeia). No final, a estátua de Camões é o símbolo da nostalgia do passado mais recuado. Não é difícil ler-se o percurso da família Maia, nas alterações sofridas pelo Ramalhete. No início o Ramalhete não tem vida, em seguida habitado, torna-se símbolo da esperança e da vida, é como que um renascimento; finalmente, a tragédia abate-se sobre a família e eis a cascata chorando, deitando as últimas gotas de água, a estátua coberta de ferrugem; tudo tem um caráter fúnebre. O cedro e o cipreste, são árvores que pela sua longevidade, significam a vida e a morte, foram testemunhas das várias gerações da família. A morte instala-se nesta família. No Ramalhete todo o mobiliário degradado e disposto em confusão, todos os aposentos melancólicos e frios, tudo deixa transparecer a realidade de destruição e morte. E se os Maias representam Portugal, a morte instalou-se no país.
  • 7. A Toca é o nome dado à habitação de certos animais, o que, desde logo, parece simbolizar o caráter animalesco do relacionamento de Carlos e Maria Eduarda. Na primeira vez que lá vão, Carlos introduz a chave no portão com todo o prazer, o que sugere o poder e o prazer das relações incestuosas; da segunda vez ambos a experimentam - a chave torna-se, portanto, o símbolo da mútua aceitação e entrega. Os aposentos de Maria Eduarda simbolizam o caráter trágico, a profanação das leis humanas e cristãs. Os Maias estão também, povoados de símbolos cromáticos: a cor vermelha tem um caráter duplo, Maria Monforte e Maria Eduarda são portadoras de um vermelho feminino, despertam a sensibilidade à sua volta; espalham a morte. O vermelho é, portanto, o símbolo da paixão excessiva e destruidora. O vermelho da vila Balzac é muito intenso, indicando a dimensão essencialmente carnal e efémera dos encontros de amor de Ega e Raquel Cohen O tom dourado está também presente, indicando a paixão ardente; anunciando a velhice (o outono), a proximidade da morte. Morte prefigurada pela cor negra, símbolo de uma paixão possessiva e destruidora. Mãe e filha conjugam em si estas três cores: elas são, portanto, vida e morte, o divino e o humano, a aparência e a realidade, a força que se torna fraqueza. Constatamos que a simbologia d'Os Maias possui uma função claramente pressagiadora da tragédia. Presságios O desfecho trágico de Carlos parece atribuir-se a uma fatalidade cega e impiedosa. Os acontecimentos funestos são, muitas vezes, anunciados por presságios, acontecimentos ou objetos cuja carga negativa deixa adivinhar desgraças. São, por exemplo, observações banais que adquirem, mais tarde, o estatuto de prenúncios. Assim: - A fatalidade familiar ligada ao Ramalhete: Vilaça menciona-a no relatório sobre a casa que enviou a Afonso, mas este não desistiu de a habitar; - A semelhança de nomes entre os irmãos (Carlos Eduardo e Maria Eduarda). Carlos diz mesmo, falando dessa semelhança: "Quem sabe se não pressagiava a concordância dos seus destinos!" - pressagiava, de facto, mas de forma trágica; - O painel com a cabeça degolada dentro de um prato de cobre que, no quarto, vigiava o ninho de amor em que os dois irmãos consagravam o incesto. Era a cabeça de João Batista
  • 8. degolado por ter denunciado a relação incestuosa de Heródes. Maria Eduarda impressiona- se com ela na primeira visita aos Olivais e Carlos tapa-a quando se deitam juntos pela primeira vez; - A trovoada que acompanha a primeira noite de amor dos dois irmãos. Esta acontece num ambiente carregado de presságios como que prevendo um futuro onde tudo seria confuso e escuro; - A semelhança fisionómica que Maria Eduarda nota entre Carlos e a sua mãe; - Os três lírios brancos que murchavam, símbolo dos elementos da família que ainda restavam; - A sorte de Carlos ganhando todas as apostas - nas Corridas de Cavalos, é indício de futura desgraça. Tudo presságios não entendidos pelo protagonista, como era próprio da tragédia clássica. A Mensagem d'Os Maias A mensagem que o autor pretende deixar com esta obra, tem uma intenção iminentemente crítica. É através do paralelo entre duas personagens - Pedro e Carlos da Maia -, que Eça concretiza a sua intenção. Note-se que ambos, apesar de terem tido educações totalmente diferentes, falharam na vida. Pedro falha com um casamento desastroso, que o leva ao suicídio; Carlos falha com uma ligação incestuosa, da qual sai para se deixar afundar numa vida estéril e apagada, sem qualquer projeto seriamente útil, em Paris. Por outro lado, estas duas personagens, representam também épocas históricas e políticas diferentes. Pedro, a época do Romantismo, e seu filho, a Geração de 70 e das Conferências do Casino, geração potencialmente destinada ao sucesso. Mas não foi isso que sucedeu e é este facto que o escritor pretende evidenciar com o episódio final - o fracasso da Geração dos Vencidos da Vida. Assim, estas personagens representam os males de Portugal e o fracasso sucessivo das diferentes correntes estético-literárias. Fracasso este que parece dever-se, não às correntes em si, mas às características do povo português - a predileção pela forma em detrimento do conteúdo, o diletantismo que impede a fixação num trabalho sério e interessante, a atitude "romântica" perante a vida, que consiste em desculpar sistematicamente, os próprios erros e falhas, e dizer "Tudo culpa da sociedade".
  • 9. Os Maias - Estética Os Maias distinguem-se no quadro da literatura nacional, não só pela originalidade do tema, mas também pela destreza e mestria com que o autor conta o romance. De facto, tanto a crítica social, como a intriga amorosa são valorizadas pelo rigor e beleza dos vocábulos utilizados. Por exemplo, o impressionismo, bem patente, caracteriza-se pela frequência de construções impessoais, uma vez que o efeito é percecionado independentemente da causa, ficando, portanto, o sujeito para segundo plano; perceções de tipo diferente traduzindo ironia; frequência da hipálage (transposição de um atributo de gente para a ação). Relativamente aos substantivos e adjetivos, a obra de Eça contem muito mais adjetivos do que substantivos. É frequente o contraste nome concreto qualificado com um adjetivo abstrato ou vice-versa. O advérbio toma, em Eça, funções de atributo e a sua ação alcança o sujeito ou o objeto. Assim, Eça ampliou o número de advérbios de modo que a linguagem proporcionava, derivando-os dos adjetivos. O verbo oferece a alternância dos seus sentidos - próprio ou figurado, e o escritor tem de escolher um ou outro. Estes podem invocar conceitos subjetivos múltiplos sem deixarem, por isso, de descrever aspetos das coisas. Eça utiliza o estilo indireto livre. Este tipo de discurso permitia-lhe: libertar a frase dos verbos muito utilizados e da correspondente conjugação integrante (ex.: disse que); permitia-lhe, também, aproximar a prosa literária da linguagem falada; conseguia impersonalizar a prosa narrativa dissimulando-se por detrás das suas personagens. N' Os Maias, existem em maior ou menor grau todos os níveis de linguagem. Da linguagem familiar à linguagem infantil, popular e também neologismos (ex.: Gouvarinhar). Esta obra é muito rica em figuras de estilo, o que lhe concede um cunho particularmente queirosiano. Aliterações, adjetivações, comparações, personificações, enchem Os Maias do início ao final da obra.