PROFESSORES DE EDUCAÇÃO FÍSICA E A ENTRADA NA PROFISSÃO DOCENTE: UMA INICIAÇÃ...ProfessorPrincipiante
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A importância do estágio supervisionado no curso de ciências biológicas licenciatura da furg saberes docentes e formação de professores
1. A IMPORTÂNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NO CURSO DE
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS - LICENCIATURA DA FURG: Saberes docentes e
formação de professores
Marcelo Gomes de Oliveira1
Profª Orientadora: Paula Ribeiro2
RESUMO
Este estudo apresenta a importância do Estágio III – Regência de Classe do Ensino
Fundamental no Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura, na Universidade Federal
do Rio Grande – FURG. Tivemos como objetivo analisar e comparar a visão de um
grupo de graduandos do curso em questão sobre a importância do estágio
supervisionado na formação do licenciando. Partimos do princípio que o saber dos
professores não provém de uma fonte única, mas de várias fontes da história da vida e
da carreira profissional, Assim nossas principais indagações foram: Como os
licenciados mobilizam esses saberes? Ocorrem conflitos, tensões, contradições entre
esses saberes? Será que valorizam alguns saberes e desvalorizam outros? Assim
buscamos problematizar estas categorias partindo de pequenas experiências realizadas
nos estágios na turma de formandos 2011, mas indo além delas, confrontando-as com as
idéias dos pensadores(as) que fundamentam nossas práticas educativas, especialmente
aqueles(as) que trilham caminhos mais progressistas na educação. Como metodologia o
referente estudo utilizou-se do questionário contendo quatro perguntas com respostas
específicas e uma pergunta reflexiva/filosófica entregue e categorizadas no ensaio. Os
resultados permitem concluir que os professores em formação acreditam ser
fundamental a vivência em sala de aula para a edificação de um saber experiencial, no
que diz respeito ao estágio supervisionado acreditam ser importante pois é o primeiro
contato com um turma de alunos e vivência no contexto do trabalho docente. Portanto
consideramos para uma formação qualificada do Biólogo Licenciado deve desenvolver
seu trabalho no estágio supervisionado com eficiência, ética e responsabilidade.
Palavras-chaves: estágio supervisionado, professores em formação, saberes docentes.
INTRODUÇÃO
A observação sistemática das práticas educativas dos educadores sob o ângulo
do seu saber fazer, de sua ação em contexto, dos saberes de sua experiência profissional,
leva nos interrogar acerca de sua formação. A pergunta pode ser formulada da seguinte
forma: como os docentes “constroem a sua profissão”?
O estágio supervisionado na formação de professores tem sido alvo de estudos
que revelam suas dificuldades e seu potencial (TARDIF, 2002), gerando transformações
na vida desses profissionais. Este é um momento na formação que o graduando pode
vivenciar experiências, conhecendo melhor sua área de atuação. Há um consenso que “o
1
Acadêmico do Curso de Ciências Biológicas – Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande
(marcelobiosul@hotmail.com).
2
Professora da Universidade Federal do Rio Grande, Doutorada em Ciências Biológicas pela
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (pribeiro@vetorial.net).
1
2. estágio é o eixo central na formação de professores pois é através dele que o
profissional conhece os aspectos indispensáveis para a formação da construção da
identidade e dos saberes do dia-a-dia” (PIMENTA E LIMA, 2004, p 153).
Para Silva (2005) é perceptível que os graduandos se envolvam com disposição
e ânimo quando a universidade lhes proporciona a participação a fim de poderem
colocar conhecimentos teóricos em prática, acompanhados de uma professora
supervisora. É necessário que o estagiário aprenda a observar e identificar os problemas,
estar sempre aprendendo e buscando informações, questionar sua própria função diante
da turma, além de buscar trocar informações com professores mais experientes.
De acordo com Francisco e Pereira (2004) o estágio surge como um processo
fundamental na formação do licenciando, pois é a forma de fazer a transição de aluno
para professor “alunos de tantos anos descobre-se no lugar do professor”. Este é um
momento da formação em que o graduando pode vivenciar experiências, conhecendo
melhor a sua área de atuação. Para GUERRA (1995, p. 225) “O estágio supervisionado
consiste em teoria e prática tendo em vista uma busca constante da realidade para uma
elaboração do programa de trabalho na formação do educador”. Nesse sentido o estágio
possibilita ao graduando desenvolver a postura de pesquisador, despertar a observação,
ter uma boa reflexão crítica, facilidade de reorganizar as ações para poder reorientar a
prática quando necessário
Portanto, refletir sobre o estágio obrigatório em regência de classe é uma das
questões mais atuais no que diz respeito a profissão docente e a formação de
professores: a relação entre os conhecimentos aprendidos na Universidade e os saberes
adquirido na escola da vida, é sem dúvida, o que há de mais emergente nas pesquisas
educacionais (Tardif, 2002)
Tendo em vista as novas políticas públicas que (re)configuram as Universidades
Federais Brasileiras. Podemos citar o Programa de Apoio a Reestruturação a Planos de
Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI – é uma destas
políticas atuais cuja meta é dobrar o numero de alunos nos cursos de graduação em dez
anos (Portal MEC). A pressão pelo aumento de vagas na educação superior, decorrente
do aumento acelerado do número de egressos da educação média, já esta acontecendo e
tenderá a crescer. Deve-se planejar a expansão com qualidade, principalmente no que se
refere a formação de professores, evitando-se o fácil caminho da massificação. As
licenciaturas tem uma relação direta com esse panorama político/educacional pois está
formando os futuros profissionais que possivelmente estarão trabalhando nas escolas e
nas universidades.
Formando professores na FURG.
Os alunos tem a primeira experiência docente no estágio I -Ciências no 3º ano
de faculdade, através da disciplina - Estágio Obrigatório III - no qual o(a) acadêmico(a)
se depara com a regência de classe em uma turma do Ensino Fundamental.
Para muit@s acadêmic@s essa experiência na práxis docente é marcada por
momentos distintos, bons e agradáveis. Entretanto para outr@s, essas experiências são
marcadas por momentos difíceis, complexos e de superação pessoal.
Portanto a relevância deste estudo se faz no intuito de conhecer o que pensam
estes professores em formação, estagiários no contexto escolar. Buscamos assim
dialogar sobre a importância do estágio supervisionado na formação dos Licenciados
em Ciências Biológicas.
VOCÊ TEM CERTEZA QUE QUER SER PROFESSOR?
2
3. O presente estudo teve como objetivo analisar e comparar a visão de um grupo
de graduandos do curso de Ciências Biológicas - Licenciatura da FURG sobre a
importância do estágio supervisionado na formação profissional do Biólogo Licenciado.
Objetivamos analisar quais são os saberes que servem de base para o ofício de
professor? Quais conhecimentos, saber-fazer, habilidades, competências, são
mobilizadas diariamente na escola? Qual a natureza desse saber? Trata-se de
conhecimento científico? Técnico? Cognitivo? Racionais?
De acordo com Tardiff (2002, p. 11) “o saber não é uma coisa que flutua no
espaço: o saber dos professores é um saber deles e está relacionado com a pessoa e a
identidade deles, com a experiência de vida, com a sua história profissional, com a sua
relação com os alunos em sala de aula, e com outros atores escolares na escola.”
COLETANDO AS REFLEXÕES
Os sujeitos da pesquisa foi composta por sete acadêmicos graduandos do Curso
de Ciências Biológicas - Licenciatura da Universidade Federal do Rio Grande, que já
tiveram suas vivências em diversos contextos/realidades durante o estágio
supervisionado, sendo devidamente matriculados da disciplina de estágio III.
Para a realização da pesquisa, primeiramente foi enviado um questionário aberto
contendo quatro perguntas via e-mail para os sujeitos da pesquisa e que apresentavam
os seguintes questionamentos:
1) Qual é a importância do estágio supervisionado na formação profissional do
Biólogo Licenciado?
2) Quais são os saberes que você considera que serve da base para o ofício do
professor.
3) Quais conhecimentos, saber fazer, habilidades, competências foram mobilizados
na escola durante seu estágio de docência.
4) De acordo com Tardiff (2002, p.11)
“o saber não é uma coisa que flutua no espaço: o saber dos dos
professores é um saber deles e está relacionada a pessoa e a identidade
dela, como a experiência de vida, com a sua história profissional, com a
sua relação com alunos em sala de aula, e com outros atores escolares
na escola.
Comente sobre essa citação relacionando com os saberes que você teve durante
o estágio de docência.
Os questionários foram aplicados aos licenciandos desta Instituição no mês de
novembro de 2011, após concluírem a disciplina de estágio supervisionado. No
momento do envio dos questionários, foi explicado aos sujeitos/atores o objetivo da
pesquisa.
Após o retorno do questionário, as respostas foram analisadas e interpretadas.
Este questionário foi o instrumento principal utilizado para a devida coleta de dados.
Foram criados pseudônimos para cada entrevistado para melhor preservar a
individualidade dos sujeitos. assim, os cuidados éticos foram devidamente tomados para
preservar a identidade dos participantes da instituição em questão.
3
4. (COM)VIVÊNCIAS NO TRABALHO DOCENTE
Nos questionários ficou evidente que boa parte dos entrevistados tiveram sua
primeira oportunidade, vivenciado as atividades da profissão docente, A partir do
Estágio Supervisionado. Isso fica claro na seguinte afirmativa:
O estágio supervisionado é o primeiro momento para muitos de um
real contato com a sala de aula, como professor. É o momento em que
podemos testar nossos conhecimentos, nossa prática enquanto futuros
professores e entender como a sala de aula funciona. Desse modo, a
maneira como é dirigido o estágio (nosso), com o diário (que é
obrigatório), nos faz refletir e repensar as práticas. (Tamara)
Uma boa parte dos entrevistados aponta o estágio como fundamental na
formação dos professores pois é o momento de vivência na carreira profissional, como
podemos perceber na exposição de Janaína:
[...] a importância do estágio supervisionado está no fato de que é o
momento onde é possível saber se seguiremos na carreira de professor,
pois no decorrer do curso, não temos práticas reais que nos mostre
como é a realidade em uma sala de aula. (Janaína)
No que se refere aos saberes que os sujeitos consideram base para o oficio
docente o estudo revela uma perspectiva humana de um olhar para o outro, que deveria
fazer emergir dos saberes docente da maioria. Afirma Janaina para a base do oficio
docente haveria de partir de cada um a vontade de ser professor, comprometimento com
a profissão, trabalhar sempre pensando em fazer com que a aula seja significativa para o
indivíduo.
Já para Letiele os saberes considerados base para o ofício, foram:
Primeiramente um professor deve ter uma instrução adequada para
exercer essa profissão. Deve ter conhecimento das normas da escola,
conhecimento da realidade que a escola está inserida, conhecimento do
conteúdo abordado em suas aulas e certas habilidades em lidar com
crianças e adolescentes.
A partir destas respostas podemos dialogar com Tardif, no diz que os saberes
profissionais dos professores são temporais:
[...] no sentido de que os primeiros anos de prática profissional são
decisivos no sentido de aquisição do sentimento de competência e no
estabelecimento das rotinas de trabalho. (2002, p. 260 -261)
Um terceiro conjunto de resultados da pesquisa indica quais os conhecimentos,
habilidades e competências que foram mobilizados durante o estágio docência. Alguns
licenciados apontam para algumas dificuldades enfrentadas no trabalho docente:
[...] maneiras de lidar com os alunos, saber dizer não, saber contornar
os problemas que surgem em uma sala de aula, como por exemplo, um
aluno que parece não ter vontade de aprender e como professor,
encontrar uma maneira de chamar a atenção do mesmo, compreender
4
5. que todos tem uma dificuldade e realidades diferentes da minha, e o
mais importante, o valor que devemos dar a posição que ocupamos na
sociedade, pois durante o estágio percebi que muitas vezes, o aluno
não apresenta bom desempenho por estar enfrentando problemas que
eu, na graduação não enfrentei em nenhum momento da vida.
(Janaína)
Ficou evidente que a maioria dos entrevistados apontam o professor enquanto
sujeito do conhecimento, e principalmente o sentimento de aprender no mesmo tempo
em que ensina:
Durante o estágio aprendi como profissional e cresci muito como
pessoa. Aprendi muito sobre os conteúdos trabalhados, dos quais muito
não foi abordado nas disciplinas do curso, contextualizar os conteúdos
com a realidade dos alunos e a trabalhar com alunos individualmente.
Tive que me expressar de uma forma mais clara e precisa. Também
percebi que infelizmente muito do nosso conhecimento, não poderá ser
construído com os alunos, pois devemos trabalhar contra o relógio,
dentro de 45 min e 1h30. Dei-me de conta que os alunos de hoje são
muito carentes e por isso devemos ajudá-los em tudo que pudermos,
pois estamos formando pessoas para a vida e profissionais do futuro.
(Lívia)
A partir dessa reflexão é apontada a função social do trabalho docente, e
observamos que esses saberes são “saberes sociais” que, segundo Tardif (2002, p. 31), é
“o conjunto dos processos de formação e de aprendizagem elaborados sociamente e
destinado a instruir os membros da sociedade com base nestes saberes”. Também
pensamos que a dimensão social da razão pelo qual ser professor, não está no fato de
manter os alunos “presos” fisicamente em uma sala de aula por 45 min, pois é
impossível levá-los a aprender sem seu consentimento, sem a sua colaboração
voluntária. No que se trata disso Tardif diz em tornar os alunos atores:
A fim de aprender os alunos devem tornar-se, de uma maneira ou de
outra, os atores de sua própria aprendizagem, pois ninguém pode
aprender no lugar deles. Tornar os alunos em atores, parece-nos em
torno da qual se articulam e ganham sentido todos os saberes do
professor.(ANO, p. 221-222)
Finalmente, quando os entrevistados comentaram a sobre o trecho do autor que
diz que “os saberes não flutuam no espaço”, reaparece a fala de viés ecológico
tipicamente característica do Biólogo licenciado como podemos observar na fala de
Tamara:
É exatamente esse não desligamento do sujeito com a natureza que
acho fantástico na sala de aula. Principalmente dentro da nossa
biologia. O entender-se como sujeito de um processo histórico e
perceber e respeitar o aluno é fundamental para o bom andamento da
prática educativa.
Percebemos que os graduandos que passaram pela estágio supervisionado
vivenciaram experiências singulares no contexto em que vivenciaram a prática
5
6. educativa. Estamos aptos a crer que os saberes do oficio docente estão diretamente
relacionados ao trabalho prático diário de assumir uma turma, e que cada qual professor
em formação pode experimentar e testar suas certezas enquanto professores. No que se
tratou diretamente ao oficio docente, ressaltamos que cada qual licenciando deve dar
prova de sua capacidade de estar por um breve tempo na posição do Professor, e assim
possibilitar a edificação de um saber experiencial.
É importante ressaltar que o estágio supervisionado foi o momento de
significativas aprendizagens para todos os sujeitos desse estudo e que certamente foi um
período “divisor de águas” no que se trata do futuro profissional.
REFERÊNCIAS:
FRANCISCO, C. M. e PEREIRA, A.S. Supervisão e Sucesso do desempenho do aluno
no estágio, 2004. Disponível em internet. http://www.efdeportes.com/efd69/aluno.htm.
GUERRA, Miriam Darlete Seade. Reflexões sobre um processo vivido em estágio
supervisionado: Dos limites às possibilidades, 1995. Disponível em internet.
http://www.anped.org.br.
LOMBARDI, Roseli Ferreira. Formação Inicial: Uma observação da prática docente
por discurso de alunos estagiários do curso de Letra, 2005. Disponível em internet.
http://www.congresso/ed2005.puc.c/pdf/ferreira%20lombardi.pdf
Ministério da Educação – http://portalmec.gov.br
PIMENTA, Selma Garrido e LIMA, Maria Socorro Lucena. Estágio e Docência. 2.ed.
São Paulo: Cortez, 2004.
SILVA, Sheila Aparecida Pereira dos Santos. Estágios Curriculares na Formação de
Professores de Educação Física: o Ideal, o Real e o Possível. Revista Digital. Buenos
Aires, v.10, n.82 p. 3-5, Março, 2005. Disponível em internet.
http://www.efdeportes.com.
TARDIF, Maurice. Saberes docentes & formação profissional. 2ed. São Paulo. Vozes,
2002.
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