Aula ministrada para o segundo ano de graduação em Jornalismo. Tema da aula: Linguagens e estéticas do fotojornalismo no século XX. Fotojornalismo no Brasil.
3. Florescimento do fotojornalismo moderno:
Revistas ilustradas da Alemanha (anos
1920)
■ Câmeras 35 mm (Leica e Ermanox) – lentes mais luminosas,
filmes mais sensíveis, mais compactas
■ Estímulo às fotos espontâneas, foto-ensaio e fotos sequenciais
■ Nova geração de foto-repórteres (bem-informados,
especializados, eruditos)
■ Atitude de experimentação e colaboração entre fotojornalistas
■ Revistas que ofereciam bons produtos a preços módicos
■ Inspiração no interesse humano (reportagens da vida cotidiana)
■ Ambiente cultural e suporte econômico
4. Principais características
(período inicial)
■ Fotografia de autor
■ Privilégio da imagem em detrimento do texto
■ Profundidade de campo limitada
■ Uso de tripé
■ Poucas fotos do mesmo tema: a que se conseguia, devia “falar
por si”
■ “Fotojornalismo de instante”
18. Estados Unidos – fotojornalismo como
vetor da imprensa moderna (década de
1930)
■ Jornais diários - Fotojornalistas com abordagem própria do real
■ Popularidade da fotografia (cultura visual do cinema)
■ Entendimento das imagens como fator de legibilidade e de acessibilidade aos textos
■ Fotojornalismo de autor - mesmo nos jornais diários
■ Mudanças no design dos jornais entre os anos 1920 e 1940
■ Privilégio da foto de ação e única nos jornais
■ Percepções inovadoras de jornalismo
■ Aumento no interesse dos fotógrafos em fotojornalismo (associação de
fotojornalistas criada em 1945)
■ Pós II Guerra e Guerra Civil da Espanha: condição de subcampo da imprensa
■ Desenvolvimento tecnológico (câmeras menores, teleobjetivas, filme rápido, flash
eletrônico)
25. Pós-guerra: primeira “revolução” no
fotojornalismo
■ Industrialização e massificação da produção jornalística
■ Crescimento em importância das agências fotográficas
– Fotojornalismo documental (de autor)
– Produção “em série” de fotos (fait-divers)
– Fotoilustração (foto institucional) – principalmente após anos 1980
■ Reuters (fotojornalismo fait-divers), Magnum (fotojornalismo de autor)
■ Anos 1950: crise nas revistas ilustradas
■ Enquanto isso, competição entre serviço de fotonotícia: United Press
International (UPI) x Associated Press
■ Guerra Fria: lutas políticas e ideológicas na mídia
26. ■ Agência Magnum
Robert Capa Henri Cartier-Bresson
David “Chim”
Seymour
George Rodger Maria Eisner
27. Guerra Fria: questões ideológicas
■ No Leste, fotos de líderes ampliadas, dirigentes caídos apagados em fotos oficiais
■ Stálin falando com Lênin antes de sua morte
28. ■ Fotos de líderes
ampliadas, dirigentes
caídos apagados em
fotos oficiais
32. Outros aspectos do pós-guerra
■ Imprensa rosa (comportamento, cotidiano)
■ Revistas eróticas “de qualidade” (Playboy
em 1953)
■ Imprensa de escândalos (surgimento dos
paparazzi)
■ Revistas ilustradas especializadas em moda,
decoração, eletrônica e fotografia, etc
■ O que levou a:
■ Disseminação e banalização da
fotoilustração (glamour e star system), que
veio a contaminar veículos “de qualidade”)
■ Fomento do uso da teleobjetiva
■ Técnicas de estúdio no fotojornalismo
33. Anos 1960: segunda “revolução” no
fotojornalismo
■ Agências e serviços fotográficos florescem: abastecem jornais diários e revistas
semanais de interesse geral (Time, Newsweek)
■ Reação da Europa ao domínio americano: agências com serviço especializado para
revistas (como a Sygma), especialmente na França
■ 1980: segmentação dos veículos – atenção maior ao design gráfico na imprensa
■ Aumento do controle dos fotojornalistas em eventos oficiais (“sessão para
fotógrafos”, credenciamento, controle sobre o equipamento, etc)
■ Aquisição de fotos de amadores, tanto por parte das agências como dos jornais
■ Fotografia mais presente nos museus, mercado de arte e ensino superior
■ Interesse teórico pela fotografia
■ Fotoilustração de impacto ganha o lugar da foto-choque (democratização do olhar)
■ Influência daTV na estética do fotojornalismo (uso da cor)
■ Industrialização do fotojornalismo – fotos começam a tender para estereótipos
■ Anos 1980: início dos retoques no computador
38. Fotodocumentarismo
■ Sebastião Salgado – “Outras Américas” (1982)
■ Não perseguem a ilusão da verdade, mas promover ao observador a “sua verdade”,
“verdade subjetiva” – compreensão contextual dos acontecimentos
39. Anos 1990: terceira “revolução” no
fotojornalismo
■ Problemas gerados pela manipulação e geração de imagens por meio de computadores
■ Pressão da transmissão digital de fotos (satélite, telemóveis) – menos planejamento e pré-
visualização do ato fotográfico
■ Fotojornalistas crescem nos tribunais, mas são controlados em cenários de conflito;
estratégias militares programadas de acordo com as imagens geradas
■ Novas tendências gráficas: foco maior na legibilidade e apelo à leitura; fotos meramente
ilustrativas
■ Se por um lado a industrialização do jornalismo foca no imediato, ganham prestígio as fotos
de autor de agências como a Magnum (exposições, livros)
■ Crise das agências de fotojornalismo – ganham espaço as agências noticiosas e bancos de
imagem
■ Flexibilidade e polivalência dos jornalistas em geral
■ Agências fotográficas francesas são vendidas – exigências da categoria
64. Recapitulando....
- Florescimento do fotojornalismo em 1930 (revistas
ilustradas)
- Primeira revolução: industrialização da atividade no pós-
Guerra
- Segunda revolução: consolidação da função nos anos 1960
-Terceira revolução: advento da digitalização e suas
problemáticas a partir da década de 1990
Dias de hoje: nova “revolução” em curso?
66. Algumas pistas
■ Desconfiança da fotografia
■ Cabe ao fotojornalista as fotos mais belas esteticamente
■ Fotos com narrativa
■ Mais espaço para a foto de autor
■ Estímulo ao debate e reflexão, e não apenas a reprodução de
acontecimentos
Notas do Editor
Primeiro periódico ilustrado com fotografias. Por volta de 1900 as fotografias passam a ser utilizadas em meios de comunicação, mas apenas com o intuito de traduzir em imagens um acontecimento, ainda não era o registro fotojornalístico.
A primeira fotografia - 20 de maio de 1900. Foi na Revista da Semana e mostrava um flagrante das comemorações de 4º centenário de descobrimento do Brasil. A Revista da Semana foi a primeira na América do Sul a imprimir clichês em tricromia, isto é, em três cores – não muito perfeitas, é verdade.
Em 1910, Augusto Malta, considerado como o primeiro fotojornalista brasileiro, ficou conhecido por sua visão jornalística dos acontecimentos e por ter fotografado o carnaval carioca. Nesta década se destacou uma grande produção fotográfica, porém as fotos eram encenadas, devidos aos numerosos e grandiosos equipamentos. Augusto Malta o pioneiro do fotojornalismo no Brasil
Em 1910, Augusto Malta, considerado como o primeiro fotojornalista brasileiro, ficou conhecido por sua visão jornalística dos acontecimentos e por ter fotografado o carnaval carioca. Nesta década se destacou uma grande produção fotográfica, porém as fotos eram encenadas, devidos aos numerosos e grandiosos equipamentos. Augusto Malta o pioneiro do fotojornalismo no Brasil
Marco nas revistas ilustradas brasileiras. Jean Manzon – fotografia essencialmente simbólica, encenada, posada.
Grande formato, melhor definição gráfica, técnica de rotogravura (associação melhor de texto-imagem) – nova forma de fotografar: o fotojornalismo. Assumindo o modelo internacional, sob forte influência da revistaLife, o fotojornalismo de O Cruzeiro criou uma escola que tinha entre os seus princípios básicos a concepção do papel do fotógrafo como 'testemunha ocular' associada à idéia de que a imagem fotográfica podia elaborar uma narrativa sobre os fatos. No entanto, quando os acontecimentos não ajudavam, encenava-se a história.
FOTÓGRAFOS: José Medeiros, Luciano Carneiro, Flávio Damm, Luiz Carlos Barreto e Eugênio Silva
Em 1940 o Brasil tem seus primeiros registros da 2° Guerra Mundial através de Joel Silveira, foto repórter enviado a frente de batalha por Assis Chateubriand.
A remodelação do Jornal do Brasil, no fim da década de 50, incluía um projeto de tratamento das notícias, do texto, dos títulos e, naturalmente, da apresentação gráfica e das fotos. Nessa época, os fotógrafos do Jornal do Brasil foram estimulados a fazer qualquer foto, desde que fossem boas. O profissional podia, mesmo, propor seu próprio assunto e sair à rua, sem depender da pauta determinada pela redação.
Foi no jornal Última Hora que, no inicio da década de 50, com Samuel Wainer, introduziu na imprensa brasileira a manchete fotográfica e a cobertura de massa. O jornal usava fotos que ocupavam páginas inteiras.
Em São Paulo, nos anos 60, apareceu a revista Realidade, cuja proposta era analisar todo mês vários assuntos de atualidades com a profundidade que o jornal diário não permitia. Seus editores, embora fossem jornalistas de formação essencialmente de texto, valorizaram a fotografia e incentivaram a integração da palavra com a imagem. Uma leva de fotógrafos estrangeiros foi contratados, como Maureen Bisiliat, Claudia Andujar, George Love, David Zwing, que imprimem à revista um estilo fotográfico, menos preocupados com o flagrante e mais com interpretação e elaboração técnica.