3. O tema da dor, sofrimento e morte
■ O registro visual de guerras sempre esteve presente, seja com pinturas, seja na
fotografia
■ Valorização, pelos profissionais de imprensa e do fotojornalismo, dos temas de
dor e sofrimento humanos – seja em guerras, catástrofes ambientais ou sociais
■ Impulso do fotodocumentarismo e fotografia do autor (Robert Capa)
■ Por que ela desperta interesse? Satisfaz necessidades de liberação emocional,
ajuda em impulsos para tomada de decisões, alívio de pulsões agressivas de
natureza inconsciente
■ Com a estética do horror e da proximidade (a partir da Guerra da Secessão entre
1861 e 1865), a percepção do que é a guerra muda
■ A partir dos anos 1960, com a Guerra doVietnã, fotojornalismo investe mais no
choque, emoção, exploração da sensibilidade
■ Susan Sontag: as fotos nos levam a olhar para a dor do outro
4. Transnacionalização do tema
■ Estas imagens transmitem uma dupla mensagem. Mostram um
sofrimento que é intolerável, injusto, e que deveria ser remediado.
Confirmam que isto é o tipo de coisa que acontece naquele lugar. A
ubiqüidade daquelas fotografias, e daqueles horrores, não pode deixar de
alimentar a crença na inevitabilidade da tragédia nas partes do mundo
mais atrasadas ou retrógradas – ou seja, pobres. (Sontag, 2003: 77).
5. “Os indivíduos não são colocados mais
no quadro de uma imagem pela sua
singularidade ou simplesmente porque
elas aí estão – eles e ninguém mais -, eles
são escolhidos por sua representatividade
estatística, sua conformidade com um
modelo de alteridade aceitável –
portanto, assimilável –, pelos cânones da
visão ocidental, publicitária, do mundo:
bastante “outros” para serem exóticos,
suficientemente “mesmos” para merecer
nosso interesse e suscitar nossa
compaixão.” (Edgar Roskis)
7. O que é foto-choque?
■ São fotos que promovem paralisia e fuga (Margarita Ledo Andión)
■ Imagens que aniquilam o olhar e não deixam ambiguidades. Mas o
leitor é quem deve elaborar o tema para que ele o sinta (Barthes)
■ Fotos muito artísticas e subjetivas e amenizam o choque (Sontag)
■ As fotos podem provocar efeitos (ódio, amor, tristeza, alegria,
solidariedade, etc) mas são propulsoras de uma mobilização social?
9. Análise doWorld Press Photo of theYear
(1955 – 2008)*
■ 88,2% das “fotos do ano” trazem imagens de dor e sofrimento,
explicita ou implicitamente; quando não, referem-se a contextos de
violência
■ Presença da morte em 37,3% dos casos
■ Estética: fotos com plano conjunto ou médio, ângulos frontais, pouca
profundidade de campo para dar destaque aos personagens
■ A maior parte dos fotógrafos são americanos e europeus, sendo que os
fotografados são asiáticos ou africanos – visão ocidentalizada
■ Vítima vista como alguém distante e exótica. “Quanto mais remoto ou
exótico for o local, mais provável será que nos seja dado ver imagens
frontais de mortos ou agonizantes” (SONTAG, 2003: 77)
■ Até a década de 1980, fotos chocantes e diretas; década de 1990, foco
nas expressões faciais; desde 2000, conotações mais simbólicas
* Dissertação de Janaína Dias Barcelos, 2009)
10. World Press Photo ofTheYear (1963) – Monge vietnamita ateia fogo em si
próprio
22. Como fazer diferente?
■ Afinal, cabe a um profissional que adote tal postura, respeitar o direito à intimidade, a
dignidade, evitar apresentar fotos catastróficas que apenas impressionam o leitor e
incentivem a morbidez e o mau gosto. Compreendemos que a dor e o sofrimento
fazem parte do cotidiano da humanidade e é dever do fotojornalismo documentar e
informar sobre tais condições, no entanto, não se deve sobredimensionar a atenção
dada a tais imagens. (BARCELOS: 2009, p. 151)
24. Fotojornalismo esportivo
■ O esporte é uma das principais manifestações da cultura popular; é um
fenômeno sócio-cultural
■ Fonseca (1999, p.127), até 1939 não havia jornalismo voltado para a
cobertura de eventos; havia apenas a crônica esportiva
■ Na mídia de massa, transforma-se em “esporte espetáculo”, em que ele
se torna uma forma de entretenimento e importante fonte de receita
■ “Cada vez mais o esporte ganha espaço como produto de consumo
(mesmo que só na condição de imagens), objeto de conhecimento,
com informações amplamente divulgadas para o grande público.”
(CORDEIRO, 2001, p.4).
28. Futebol e mídia
■ Rádio (década de 1940) e televisão (1950) contribuíram para a popularização do
esporte
■ No fotojornalismo, ganhou espaço a partir dos anos 1970, com a melhora na
qualidade das teleobjetivas (motores mais rápidos, maior milimetragem, lentes
mais claras)
■ TV – espetacularização das imagens que influenciou os demais veículos: fotos
coloridas, imagens com ideia de movimento, composição de quadro cheio,
■ AriVicentini, editor de fotografia do jornal Lance!, em entrevista à revista
Fotografe Melhor (ano 7, n.79, abr.2003, p.22-27):
“As fotos devem mostrar a emoção e o movimento da partida. Não podem faltar
os lances de bolas divididas, disputas de cabeças, faltas, a alegria das
comemorações de gol, a tristeza de um goleiro frangueiro, as discussões e os
flagrantes de agressão”
■ Segundo Camargo (2001, p.83) uma imagem espetacular é composta de
elementos marcantes, expressões que trabalham com a emoção, seduzindo o
espectador.
■ Fotografia xTV: foto consegue mais detalhes e, por congelar o momento e a
expressão, é mais dramática do que a imagem televisiva
30. Estética da fotografia de futebol
■ Plano médio, plano americano (do joelho pra cima) ou meio primeiro
plano (da cintura pra cima): interação entre os personagens e o
ambiente
■ Um ou dois jogadores enquadrados, com fundo desfocado, presença da
bola
■ Na composição, incluir alguma referência do esporte retratado (ex:
bola)
■ Plano geral (menos utilizado): imagens das torcidas, tomadas gerais da
partida
■ Composições muito parecidas por não haver muito tempo para planejar
■ Ingredientes da espetacularização: quadro cheio (riqueza de detalhes)
aproxima o espectador da cena
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34. Esporte x Política
■ Grécia - união do povo grego (tratado de paz para as
Olimpíadas)
■ Roma – pão e circo
■ Olimpíadas da Alemanha em 1936
■ Guerra Fria – demonstração de poder e força (esporte
como instrumento ideológico)
■ África do Sul – campeonato mundial de Rugby
37. Jesse Owens – atleta americano negro de salto em distância na Olimpíada
da Alemanha em 1936 (Foto: AP Photo/File)
38. No futebol...
“Esse esporte une pessoas distantes entre si na hierarquia social,
ao mesmo tempo que separa os que estão próximos nesta escala.
ParafraseandoOswald de Andrade, poderíamos dizer que o futebol
nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Do
presidente da República ao engraxate, este é o país do futebol.” Da
Matta (1982, p. 78)