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FOTOJORNALISMO I
Aula 7
10/05/2016
Profa. Julia Dantas de Oliveira Penteado
FOTOJORNALISMO E DOR
FOTOJORNALISMO
ESPORTIVO
O tema da dor, sofrimento e morte
■ O registro visual de guerras sempre esteve presente, seja com pinturas, seja na
fotografia
■ Valorização, pelos profissionais de imprensa e do fotojornalismo, dos temas de
dor e sofrimento humanos – seja em guerras, catástrofes ambientais ou sociais
■ Impulso do fotodocumentarismo e fotografia do autor (Robert Capa)
■ Por que ela desperta interesse? Satisfaz necessidades de liberação emocional,
ajuda em impulsos para tomada de decisões, alívio de pulsões agressivas de
natureza inconsciente
■ Com a estética do horror e da proximidade (a partir da Guerra da Secessão entre
1861 e 1865), a percepção do que é a guerra muda
■ A partir dos anos 1960, com a Guerra doVietnã, fotojornalismo investe mais no
choque, emoção, exploração da sensibilidade
■ Susan Sontag: as fotos nos levam a olhar para a dor do outro
Transnacionalização do tema
■ Estas imagens transmitem uma dupla mensagem. Mostram um
sofrimento que é intolerável, injusto, e que deveria ser remediado.
Confirmam que isto é o tipo de coisa que acontece naquele lugar. A
ubiqüidade daquelas fotografias, e daqueles horrores, não pode deixar de
alimentar a crença na inevitabilidade da tragédia nas partes do mundo
mais atrasadas ou retrógradas – ou seja, pobres. (Sontag, 2003: 77).
“Os indivíduos não são colocados mais
no quadro de uma imagem pela sua
singularidade ou simplesmente porque
elas aí estão – eles e ninguém mais -, eles
são escolhidos por sua representatividade
estatística, sua conformidade com um
modelo de alteridade aceitável –
portanto, assimilável –, pelos cânones da
visão ocidental, publicitária, do mundo:
bastante “outros” para serem exóticos,
suficientemente “mesmos” para merecer
nosso interesse e suscitar nossa
compaixão.” (Edgar Roskis)
Fixação de personas.
O que é foto-choque?
■ São fotos que promovem paralisia e fuga (Margarita Ledo Andión)
■ Imagens que aniquilam o olhar e não deixam ambiguidades. Mas o
leitor é quem deve elaborar o tema para que ele o sinta (Barthes)
■ Fotos muito artísticas e subjetivas e amenizam o choque (Sontag)
■ As fotos podem provocar efeitos (ódio, amor, tristeza, alegria,
solidariedade, etc) mas são propulsoras de uma mobilização social?
Execução de Ruth
Brown Snyder (1928)
Análise doWorld Press Photo of theYear
(1955 – 2008)*
■ 88,2% das “fotos do ano” trazem imagens de dor e sofrimento,
explicita ou implicitamente; quando não, referem-se a contextos de
violência
■ Presença da morte em 37,3% dos casos
■ Estética: fotos com plano conjunto ou médio, ângulos frontais, pouca
profundidade de campo para dar destaque aos personagens
■ A maior parte dos fotógrafos são americanos e europeus, sendo que os
fotografados são asiáticos ou africanos – visão ocidentalizada
■ Vítima vista como alguém distante e exótica. “Quanto mais remoto ou
exótico for o local, mais provável será que nos seja dado ver imagens
frontais de mortos ou agonizantes” (SONTAG, 2003: 77)
■ Até a década de 1980, fotos chocantes e diretas; década de 1990, foco
nas expressões faciais; desde 2000, conotações mais simbólicas
* Dissertação de Janaína Dias Barcelos, 2009)
World Press Photo ofTheYear (1963) – Monge vietnamita ateia fogo em si
próprio
World Press Photo ofTheYear (1972) – Guerra doVietnã
World Press Photo ofTheYear (1975) –
incêndio em Boston
World Press Photo ofThe
Year (1984) – Criança
morta por
envenenamento na Índia
World Press Photo ofTheYear (1987) – proliferação da AIDS
World Press Photo ofTheYear (1989) – protesto na China
World Press Photo ofTheYear (1995) – emigração durante batalha na Rússia
World Press Photo ofTheYear (2005) –Tsunami na Indonésia
World Press Photo ofTheYear (2006) – Fome na Nigéria
World Press Photo of theYear – 2007 – soldado americano no Afeganistão
World Press Photo
ofTheYear (2010) –
Mulher afegã
World Press Photo ofTheYear (2013) – Guerra Civil na Síria
Como fazer diferente?
■ Afinal, cabe a um profissional que adote tal postura, respeitar o direito à intimidade, a
dignidade, evitar apresentar fotos catastróficas que apenas impressionam o leitor e
incentivem a morbidez e o mau gosto. Compreendemos que a dor e o sofrimento
fazem parte do cotidiano da humanidade e é dever do fotojornalismo documentar e
informar sobre tais condições, no entanto, não se deve sobredimensionar a atenção
dada a tais imagens. (BARCELOS: 2009, p. 151)
FOTOJORNALISMO
ESPORTIVO
Fotojornalismo esportivo
■ O esporte é uma das principais manifestações da cultura popular; é um
fenômeno sócio-cultural
■ Fonseca (1999, p.127), até 1939 não havia jornalismo voltado para a
cobertura de eventos; havia apenas a crônica esportiva
■ Na mídia de massa, transforma-se em “esporte espetáculo”, em que ele
se torna uma forma de entretenimento e importante fonte de receita
■ “Cada vez mais o esporte ganha espaço como produto de consumo
(mesmo que só na condição de imagens), objeto de conhecimento,
com informações amplamente divulgadas para o grande público.”
(CORDEIRO, 2001, p.4).
Nadja Casadei (Foto: Peter Holgersson)
Pablo MacDonough /Argentine Polo Open Championship (Foto: Emiliano Lasalvia/La Nacion)
Futebol e mídia
■ Rádio (década de 1940) e televisão (1950) contribuíram para a popularização do
esporte
■ No fotojornalismo, ganhou espaço a partir dos anos 1970, com a melhora na
qualidade das teleobjetivas (motores mais rápidos, maior milimetragem, lentes
mais claras)
■ TV – espetacularização das imagens que influenciou os demais veículos: fotos
coloridas, imagens com ideia de movimento, composição de quadro cheio,
■ AriVicentini, editor de fotografia do jornal Lance!, em entrevista à revista
Fotografe Melhor (ano 7, n.79, abr.2003, p.22-27):
“As fotos devem mostrar a emoção e o movimento da partida. Não podem faltar
os lances de bolas divididas, disputas de cabeças, faltas, a alegria das
comemorações de gol, a tristeza de um goleiro frangueiro, as discussões e os
flagrantes de agressão”
■ Segundo Camargo (2001, p.83) uma imagem espetacular é composta de
elementos marcantes, expressões que trabalham com a emoção, seduzindo o
espectador.
■ Fotografia xTV: foto consegue mais detalhes e, por congelar o momento e a
expressão, é mais dramática do que a imagem televisiva
Vídeo Canal Futura – AS particularidades do fotojornalismo esportivo
Estética da fotografia de futebol
■ Plano médio, plano americano (do joelho pra cima) ou meio primeiro
plano (da cintura pra cima): interação entre os personagens e o
ambiente
■ Um ou dois jogadores enquadrados, com fundo desfocado, presença da
bola
■ Na composição, incluir alguma referência do esporte retratado (ex:
bola)
■ Plano geral (menos utilizado): imagens das torcidas, tomadas gerais da
partida
■ Composições muito parecidas por não haver muito tempo para planejar
■ Ingredientes da espetacularização: quadro cheio (riqueza de detalhes)
aproxima o espectador da cena
Esporte x Política
■ Grécia - união do povo grego (tratado de paz para as
Olimpíadas)
■ Roma – pão e circo
■ Olimpíadas da Alemanha em 1936
■ Guerra Fria – demonstração de poder e força (esporte
como instrumento ideológico)
■ África do Sul – campeonato mundial de Rugby
Protesto durante as Olimpíadas de 1968
Jesse Owens – atleta americano negro de salto em distância na Olimpíada
da Alemanha em 1936 (Foto: AP Photo/File)
No futebol...
“Esse esporte une pessoas distantes entre si na hierarquia social,
ao mesmo tempo que separa os que estão próximos nesta escala.
ParafraseandoOswald de Andrade, poderíamos dizer que o futebol
nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Do
presidente da República ao engraxate, este é o país do futebol.” Da
Matta (1982, p. 78)
Copa de 1970
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Esporte pode ser usado como recurso
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  • 1. FOTOJORNALISMO I Aula 7 10/05/2016 Profa. Julia Dantas de Oliveira Penteado
  • 3. O tema da dor, sofrimento e morte ■ O registro visual de guerras sempre esteve presente, seja com pinturas, seja na fotografia ■ Valorização, pelos profissionais de imprensa e do fotojornalismo, dos temas de dor e sofrimento humanos – seja em guerras, catástrofes ambientais ou sociais ■ Impulso do fotodocumentarismo e fotografia do autor (Robert Capa) ■ Por que ela desperta interesse? Satisfaz necessidades de liberação emocional, ajuda em impulsos para tomada de decisões, alívio de pulsões agressivas de natureza inconsciente ■ Com a estética do horror e da proximidade (a partir da Guerra da Secessão entre 1861 e 1865), a percepção do que é a guerra muda ■ A partir dos anos 1960, com a Guerra doVietnã, fotojornalismo investe mais no choque, emoção, exploração da sensibilidade ■ Susan Sontag: as fotos nos levam a olhar para a dor do outro
  • 4. Transnacionalização do tema ■ Estas imagens transmitem uma dupla mensagem. Mostram um sofrimento que é intolerável, injusto, e que deveria ser remediado. Confirmam que isto é o tipo de coisa que acontece naquele lugar. A ubiqüidade daquelas fotografias, e daqueles horrores, não pode deixar de alimentar a crença na inevitabilidade da tragédia nas partes do mundo mais atrasadas ou retrógradas – ou seja, pobres. (Sontag, 2003: 77).
  • 5. “Os indivíduos não são colocados mais no quadro de uma imagem pela sua singularidade ou simplesmente porque elas aí estão – eles e ninguém mais -, eles são escolhidos por sua representatividade estatística, sua conformidade com um modelo de alteridade aceitável – portanto, assimilável –, pelos cânones da visão ocidental, publicitária, do mundo: bastante “outros” para serem exóticos, suficientemente “mesmos” para merecer nosso interesse e suscitar nossa compaixão.” (Edgar Roskis)
  • 7. O que é foto-choque? ■ São fotos que promovem paralisia e fuga (Margarita Ledo Andión) ■ Imagens que aniquilam o olhar e não deixam ambiguidades. Mas o leitor é quem deve elaborar o tema para que ele o sinta (Barthes) ■ Fotos muito artísticas e subjetivas e amenizam o choque (Sontag) ■ As fotos podem provocar efeitos (ódio, amor, tristeza, alegria, solidariedade, etc) mas são propulsoras de uma mobilização social?
  • 8. Execução de Ruth Brown Snyder (1928)
  • 9. Análise doWorld Press Photo of theYear (1955 – 2008)* ■ 88,2% das “fotos do ano” trazem imagens de dor e sofrimento, explicita ou implicitamente; quando não, referem-se a contextos de violência ■ Presença da morte em 37,3% dos casos ■ Estética: fotos com plano conjunto ou médio, ângulos frontais, pouca profundidade de campo para dar destaque aos personagens ■ A maior parte dos fotógrafos são americanos e europeus, sendo que os fotografados são asiáticos ou africanos – visão ocidentalizada ■ Vítima vista como alguém distante e exótica. “Quanto mais remoto ou exótico for o local, mais provável será que nos seja dado ver imagens frontais de mortos ou agonizantes” (SONTAG, 2003: 77) ■ Até a década de 1980, fotos chocantes e diretas; década de 1990, foco nas expressões faciais; desde 2000, conotações mais simbólicas * Dissertação de Janaína Dias Barcelos, 2009)
  • 10. World Press Photo ofTheYear (1963) – Monge vietnamita ateia fogo em si próprio
  • 11. World Press Photo ofTheYear (1972) – Guerra doVietnã
  • 12. World Press Photo ofTheYear (1975) – incêndio em Boston
  • 13. World Press Photo ofThe Year (1984) – Criança morta por envenenamento na Índia
  • 14. World Press Photo ofTheYear (1987) – proliferação da AIDS
  • 15. World Press Photo ofTheYear (1989) – protesto na China
  • 16. World Press Photo ofTheYear (1995) – emigração durante batalha na Rússia
  • 17. World Press Photo ofTheYear (2005) –Tsunami na Indonésia
  • 18. World Press Photo ofTheYear (2006) – Fome na Nigéria
  • 19. World Press Photo of theYear – 2007 – soldado americano no Afeganistão
  • 20. World Press Photo ofTheYear (2010) – Mulher afegã
  • 21. World Press Photo ofTheYear (2013) – Guerra Civil na Síria
  • 22. Como fazer diferente? ■ Afinal, cabe a um profissional que adote tal postura, respeitar o direito à intimidade, a dignidade, evitar apresentar fotos catastróficas que apenas impressionam o leitor e incentivem a morbidez e o mau gosto. Compreendemos que a dor e o sofrimento fazem parte do cotidiano da humanidade e é dever do fotojornalismo documentar e informar sobre tais condições, no entanto, não se deve sobredimensionar a atenção dada a tais imagens. (BARCELOS: 2009, p. 151)
  • 24. Fotojornalismo esportivo ■ O esporte é uma das principais manifestações da cultura popular; é um fenômeno sócio-cultural ■ Fonseca (1999, p.127), até 1939 não havia jornalismo voltado para a cobertura de eventos; havia apenas a crônica esportiva ■ Na mídia de massa, transforma-se em “esporte espetáculo”, em que ele se torna uma forma de entretenimento e importante fonte de receita ■ “Cada vez mais o esporte ganha espaço como produto de consumo (mesmo que só na condição de imagens), objeto de conhecimento, com informações amplamente divulgadas para o grande público.” (CORDEIRO, 2001, p.4).
  • 25. Nadja Casadei (Foto: Peter Holgersson)
  • 26.
  • 27. Pablo MacDonough /Argentine Polo Open Championship (Foto: Emiliano Lasalvia/La Nacion)
  • 28. Futebol e mídia ■ Rádio (década de 1940) e televisão (1950) contribuíram para a popularização do esporte ■ No fotojornalismo, ganhou espaço a partir dos anos 1970, com a melhora na qualidade das teleobjetivas (motores mais rápidos, maior milimetragem, lentes mais claras) ■ TV – espetacularização das imagens que influenciou os demais veículos: fotos coloridas, imagens com ideia de movimento, composição de quadro cheio, ■ AriVicentini, editor de fotografia do jornal Lance!, em entrevista à revista Fotografe Melhor (ano 7, n.79, abr.2003, p.22-27): “As fotos devem mostrar a emoção e o movimento da partida. Não podem faltar os lances de bolas divididas, disputas de cabeças, faltas, a alegria das comemorações de gol, a tristeza de um goleiro frangueiro, as discussões e os flagrantes de agressão” ■ Segundo Camargo (2001, p.83) uma imagem espetacular é composta de elementos marcantes, expressões que trabalham com a emoção, seduzindo o espectador. ■ Fotografia xTV: foto consegue mais detalhes e, por congelar o momento e a expressão, é mais dramática do que a imagem televisiva
  • 29. Vídeo Canal Futura – AS particularidades do fotojornalismo esportivo
  • 30. Estética da fotografia de futebol ■ Plano médio, plano americano (do joelho pra cima) ou meio primeiro plano (da cintura pra cima): interação entre os personagens e o ambiente ■ Um ou dois jogadores enquadrados, com fundo desfocado, presença da bola ■ Na composição, incluir alguma referência do esporte retratado (ex: bola) ■ Plano geral (menos utilizado): imagens das torcidas, tomadas gerais da partida ■ Composições muito parecidas por não haver muito tempo para planejar ■ Ingredientes da espetacularização: quadro cheio (riqueza de detalhes) aproxima o espectador da cena
  • 31.
  • 32.
  • 33.
  • 34. Esporte x Política ■ Grécia - união do povo grego (tratado de paz para as Olimpíadas) ■ Roma – pão e circo ■ Olimpíadas da Alemanha em 1936 ■ Guerra Fria – demonstração de poder e força (esporte como instrumento ideológico) ■ África do Sul – campeonato mundial de Rugby
  • 35. Protesto durante as Olimpíadas de 1968
  • 36.
  • 37. Jesse Owens – atleta americano negro de salto em distância na Olimpíada da Alemanha em 1936 (Foto: AP Photo/File)
  • 38. No futebol... “Esse esporte une pessoas distantes entre si na hierarquia social, ao mesmo tempo que separa os que estão próximos nesta escala. ParafraseandoOswald de Andrade, poderíamos dizer que o futebol nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Do presidente da República ao engraxate, este é o país do futebol.” Da Matta (1982, p. 78)
  • 39. Copa de 1970 e a Ditadura Militar
  • 40.
  • 41. Esporte pode ser usado como recurso político e ideológico, mas qual é a contrapartida?
  • 43. 18/04