O documento descreve os principais aspectos do Romantismo no século XIX, incluindo suas origens na ascensão da burguesia após revoluções como a Revolução Francesa. Discutem-se características como a liberdade de criação, o individualismo e o sentimentalismo. Também são abordados os principais autores e obras do Romantismo no Brasil, que buscou desenvolver uma literatura nacional enquanto reproduzia modelos europeus.
1. ROMANTISMO
SÉC. XIX – “Liberdade conduzindo o povo” -
Delacroix
Professora: Ivana Mayrink
2. A palavra ROMÂNTICO é associada a um conjunto de
comportamentos: dar e receber flores, gostar de poesia,
emocionar-se facilmente. Esse tipo de romantismo é
diferente do ROMANTISMO NA ARTE, movimento do
século XIX representando os anseios da burguesia, o
qual havia chegado ao poder na França.
Estudar a literatura do período significa conhecer uma nova
forma de ver e sentir o mundo.
3. ROMANTISMO - ORIGENS
ASCENSÃO DA BURGUESIA:
MERCANTILISMO (Séculos XVI e
XVII);
REVOLUÇÃO INGLESA (1688);
INDEPENDÊNCIA AMERICANA
(1776);
REVOLUÇÃO FRANCESA (1789)
4. ROMANTISMO = NOVOS VALORES
Novo sentido de vida:
Livre iniciativa + competição e
individualismo;
Apogeu do Liberalismo burguês;
Extinção dos privilégios seculares da
nobreza;
“Fim das barreiras” rígidas entre as classes
sociais.
5. Efeito favorável da vitória burguesa para
a Literatura
Art. 11 da Declaração de Direitos do Homem e
do Cidadão: A livre comunicação dos
pensamentos e opiniões é um dos direitos mais
preciosos do homem; todo o cidadão pode,
portanto, falar, escrever, imprimir livremente.
Começava a “aventura da palavra escrita” =
surgiam escritores + obras + público leitor +
veículo divulgador das obras (imprensa).
6. O novo público leitor
Outros efeitos:
Esforço de alfabetização popular empreendido
pelos “revolucionários”;
Todo o cidadão passou a ter acesso (direito) à
leitura, até pela necessidade de conhecer as
proclamações do novo regime;
Surgimento de um novo público leitor = mais
numeroso e diversificado (consumidor).
Escritores livres do regime de mecenato = obra
= mercadoria de ampla aceitação.
7. Romantismo = Contradição
O Romantismo coincidiu com a democratização
da arte, gerada sobretudo pela Revolução
Francesa, tornando-se a expressão artística da
jovem sociedade burguesa.
Entretanto, o movimento manteve uma relação
contraditória com a nova realidade. Filho da
burguesia, mostrou-se ambíguo diante dela,
ora a exaltando, ora protestando contra seus
mecanismos.
8. Romantismo = Surgimento
Mito do bom selvagem de Rousseau;
Movimento Sturm und Drang (Tempestade e
Ímpeto), em 1770 na Alemanha = valorizando o
folclórico, o nacional e o popular em oposição
ao universalismo clássico.
Os cantos de Ossian = culto à Idade Média.
Publicação (1774) do romance (em forma
epistolar = cartas) Os sofrimentos do jovem
Werther , de Goethe = exacerbação da
imaginação e transbordamento das paixões.
10. Liberdade de
Criação
O escritor romântico recusa
padrões de arte clássica que
sempre esteve sujeita a regras,
padrões e modelos, usa o verso
livre, mistura os gêneros
literários e obedece aos
estímulos de sua interioridade.
11. Individualismo e
Subjetivismo
O artista romântico trata dos
assuntos de uma forma pessoal,
de acordo com o modo como vê
e sente o mundo; dizemos que a
sua arte é subjetiva porque
expressa uma visão particular da
realidade.
12. A ideologia burguesa centro-se
nas liberdades do homem e nas
infinitas possibilidades de auto-
realização do indivíduo.
13. Sentimentalismo
A relação entre o artista romântico e o mundo
é sempre mediada pela emoção. Qualquer que
seja o tema abordado – amoroso, político,
social – o tratamento literário revela grande
envolvimento emocional do artista.
14. Assim os sentimentos tornam-se mais
importantes que a racionalidade e são,
consequentemente, a medida da
interioridade de cada pessoa, medida de
todas as coisas.
15. Idealização
A extrema valorização da subjetividade leva
muitas vezes a deformação. O escritor
romântico, motivado pela fantasia e pela
imaginação tende a idealizar vários temas,
acentuando algumas de suas características.
16. Assim, a pátria será sempre perfeita, a mulher é
vista como virgem delicada, frágil e submissa –
uma espécie de anjo inatingível; o índio (no
Brasil) é tratado como herói nacional, cheio de
virtudes e habilidades. Para compor essa
idealização, a linguagem é marcada por
descrições minuciosas com uso constante de
adjetivos, comparações e ampla metaforização.
17. Fusão do Grotesco e do Sublime
O conceito grego de belo, que perdurou por tantos
anos na arte de orientação clássica, é abandonado
pelos românticos, que defendem a união do grotesco (o
feio) e do sublime (o belo). Assim, apesar da tendência
idealizante, o Romantismo procura captar o homem
em sua plenitude enfocando também o lado feio e
obscuro de cada ser humano.
18. O Culto à Natureza
O código preferido pelo autor romântico não é o
cultural mas o natural. Ele se sente fascinado
pela força da natureza: é atraído pelas altas
montanhas, pelas florestas impenetráveis, pelos
mares imensos, pela placidez dos lagos, pelos
cantos dos pássaros.
19. A natureza assume, diante do torturado
espírito romântico, o papel de confidente
para as horas melancólicas, a mãe que
protege o filho dos desconcertos do
universo e a amante desencadeadora de
inspirações.
20. O resultado dessa comunhão é a
divinização ou humanização da natureza,
que através de seus fenômenos, indicam
estados de espíritos e sentimentos: o
rugir do mar pode corresponder a angústia
de uma alma solitária, a chuva à tristeza,
e assim por diante.
21. Imaginação e Fantasia
O mundo romântico transcende o real e se abre
para o mistério, o sobrenatural. Fechados em si
mesmos, perdidos numa realidade incomoda e
brutal para a sensibilidade, os românticos se
entregam ao princípio da fantasia.
22. Devaneiam, criam universos imaginários,
exóticos, onde encontram a “a luz ” e a “a
alegria” que a sociedade burguesa não lhes
oferece. Desligados, muitas vezes, dos níveis
concretos da vida social, elaboram obras onde
predominam um idealismo alienado.
23. Valorização do Passado
A inadequação do “eu interior” com a realidade
circunstante leva o homem a sentir nostalgia de
algo distante no tempo e no espaço. A fuga no
tempo remete (na Europa) à Idade Média, época
de paixões violentas e espontâneas, berço das
nacionalidades europeias.
24. A fuga no espaço leva-o à procura de paisagens
agrestes, de lugares selvagens, de povos ainda não
conspurcados pela civilização. No plano individual a
valorização do passado se dá através do
reconhecimento da infância como representante de
um mundo ingênuo, puro, um “paraíso perdido”, uma
época de ouro na qual as criaturas eram felizes.
Nega-se, portanto, o presente hostil e causador de
sofrimentos.
25. Religiosidade
Mais comum entre os primeiros românticos, a
tendência espiritualizante do Romantismo,
embasada no cristianismo, significa uma nítida
reação ao nacionalismo e ao materialismo do século
anterior. A vida espiritual é enfocada como ponto de
apoio ou válvula da escape diante das frustrações
do mundo real.
26. Mal do Século
Origina-se basicamente de dois fatores: Um deles é
a ideia aceita pelos românticos de que o espírito
humano busca sempre a perfeição, a totalidade, o
absoluto, o infinito. Sendo humano, seria impossível
atingir tal estado de perfeição. Essa constatação
gera a angústia do mal do século.
27. Outro fator é o desajuste do indivíduo na
sociedade burguesa que se mostrava muito
prática e objetiva para os gostos românticos.
Ansiando por uma plenitude espiritual, social e
material impossível, o romântico sente-se
desajustado, enxergando a si próprio e aos seus
contemporâneos como seres fragmentados,
reduzidos a simples “peças” da engrenagem
social.
28. É uma tradução aproximada do termo “spleen”,
que surgiu na Inglaterra e esteve muito em moda
na Europa desse período. Essa expressão
designa a sensação de insatisfação, angustia,
melancolia e até uma obsessiva atração pela
morte, que passa a ser encarada como solução
definitiva para os males da existência.
29. Byronismo
Essa atitude, relacionada ao poeta inglês Lord Byron, foi
amplamente cultivada entre os românticos brasileiros da
segunda geração, isto é, entre os anos 50 e 60 do século
XIX. Traduz-se num estilo de vida que inclui a boêmia,
voltada para o vício – para os prazeres da bebida, do
fumo e do sexo e numa forma particular de ver o mundo;
caracterizada pelo egocentrismo, narcisismo,
pessimismo, angústia e por vezes, pelo satanismo.
30. Condoreirismo
Trata-se de uma corrente de poesia político-social que
ganhou repercussão entre os poetas da quarta e da
última geração romântica no Brasil (anos 70 do século
XIX). Influenciados pelo escritor francês Vitor Hugo, os
poetas condoreiros defendiam a justiça social e a
liberdade. Na Europa, tornaram-se defensores da classe
operária, denunciando a exploração a que estavam
submetida. No Brasil , lutaram pelo fim da escravidão e
pela república.
32. ROMANTISMO NO BRASIL
LITERATURA COMO MISSÃO:
Compromisso com a pátria (Nacionalismo
Ufanista);
Contribuição para a grandeza da nação;
Retrato de sua bela paisagem física e
humana;
Revelar todo o Brasil, de forma positiva,
criando uma literatura autônoma que
expressasse a alma da jovem nação.
33. Marco inicial
Publicação de "Suspiros Poéticos e
Saudades", de Gonçalves de
Magalhães, em 1836.
Marco final
Publicação de "Memórias Póstumas de
Brás Cubas", de Machado de Assis,
em 1881, que inaugura o realismo.
34. Contexto Histórico
Até a Proclamação da República, foi a
Independência do Brasil o principal fato político
do século XIX que determinou os rumos políticos,
econômicos e sociais do país (1889). Merece
destaque também o Segundo Reinado, em que a
nação conheceu um período de grande
desenvolvimento em relação aos três séculos
anteriores. Apesar disso, o Brasil continuou um
país fundamentalmente agrário, cuja economia se
baseava no latifúndio, na monocultura e na mão
de obra escrava.
35. Contexto Cultural
O Brasil ainda reproduz os modelos do
romantismo europeu, apesar de procurar
afirmar sua identidade, tentando
desenvolver uma cultura própria, baseada
em suas raízes indígenas ou sertanejas,
o que reflete o caráter contraditório do
romantismo brasileiro.
36. Características do Romantismo no Brasil
- Liberdade formal;
- Nacionalismo (valorização das manifestações populares);
- Indianismo e regionalismo;
- Personagem linear;
- Sentimentalismo;
- Subjetivismo;
- Individualismo;
- Religiosidade;
- Idealização da mulher, do herói, do tempo, do espaço;
- Fuga da realidade;
- Busca da morte;
- Pessimismo.
O Romantismo foi a primeira escola literária que procurou
desenvolver uma literatura efetivamente brasileira.
38. POESIA - PRIMEIRA GERAÇÃO (1836-1853)
Evidenciava a exaltação da pátria e da natureza,
idealizando o índio, que surge como um herói brasileiro, o
que possibilita a criação de um passado para o país.
Autores:
- Gonçalves Dias: Adotava a temática indianista, a
saudade, o amor e a natureza. Obras de destaque: Cantos
e Os Timbiras. Seus poemas mais famosos são Canção do
exílio, I-Juca-Pirama e Ainda uma vez – Adeus!
- Gonçalves de Magalhães: Adotava a temática indianista,
o nacionalismo, a religiosidade e o sentimentalismo. Obras
de destaque: Suspiros Poéticos e Saudades, que
introduziram o Romantismo no Brasil, e Confederação dos
Tamoios.
39. POESIA - SEGUNDA GERAÇÃO (1853-1870)
Também denominada de byroniana ou “mal do século”, é marcada pelo
pessimismo, pelo predomínio do “eu” e pela subjetividade.
Autores:
Álvares de Azevedo: temáticas: o amor e a morte. Obras de destaque: Lira
dos vinte anos e Noite na taverna. Poemas que se destacam: Se eu
morresse amanhã e Lembrança de morrer.
Fagundes Varela: temáticas: nacionalismo, indianismo, religiosidade, lirismo
amoroso, saudade, escravidão, preocupações sociais etc. Obras de
destaque: Vozes da América, Noturnas e Cantos do Ermo e da Cidade,
sendo Cântico do Calvário o seu poema mais famoso.
Casimiro de Abreu: os temas centrais de suas obras eram o amor ingênuo e
adolescente e a saudade, bastante evidente nos poemas Meus oito anos,
Canção do exílio e Minha terra.
Junqueira Freire: foi monge beneditino, mas largou a batina por sentir que
não tinha vocação. Escreveu sobre a desilusão com a vida no mosteiro, a
solidão, a frustração amorosa e a obsessão pela morte. Obras mais famosas:
Inspirações do claustro e Contradições poéticas.
40. POESIA - TERCEIRA GERAÇÃO
Também conhecida como condoreira ou hugoana, verifica-se
um afastamento da idealização da mulher amada e se percebe
uma visão mais social que individual por parte dos autores, com
destaque para a poesia social-libertária.
Autores:
Castro Alves: Conhecido como “poeta dos escravos”, adotou uma
linguagem condoreira, elevada, vibrante, cheia de metáforas,
hipérboles e comparações. Obras de destaque: Espumas flutuantes, A
cachoeira de Paulo Afonso, Os escravos e Gonzaga ou a Revolução
de Minas.
Sousândrade: Com o poema épico O Guesa, denunciou a exploração
indígena pela branco invasor. A complexidade temática e a técnica
utilizadas em suas obras ultrapassam os limites do Romantismo,
sendo considerado, por isso, um precursor do modernismo e das
vanguardas.
41. ROMANTISMO NO BRASIL – A PROSA
O Romantismo teve uma boa aceitação entre
os brasileiros leitores de literatura por ser um
gênero que aborda temas comuns da vida
cotidiana. O romance, bem mais que a poesia,
empenhou-se em definir uma identidade
cultural do Brasil.
42. A Prosa Romântica
O primeiro romance brasileiro em folhetim foi "A
Moreninha", de Joaquim Manuel de Macedo, publicado
em 1844. O romance brasileiro caracteriza-se por ser
uma "adaptação" do romance europeu, conservando a
estrutura folhetinesca européia, com início, meio e fim
seguindo a ordem cronológica dos fatos.
O Romance brasileiro poderia ser dividido em duas
fases: Antes de José de Alencar e Pós-José de Alencar,
pois antes desse importante autor as narrativas eram
basicamente urbanas, ambientadas no Rio de Janeiro, e
apresentavam uma visão muito superficial dos hábitos e
comportamentos da sociedade burguesa.
43. Com José de Alencar surgiram
novos estilos de prosa
romântica como os romances
regionalistas, históricos e
indianistas e o romance passou
a ser mais crítico e realista.
Os romances românticos
brasileiros fizeram muito
sucesso em sua época já que
uniam o útil ao agradável: a
estrutura típica do romance
europeu, ambientada nos
cenários facilmente
identificáveis pelo leitor
brasileiro (cafés, teatros, ruas
de cidades como o Rio de
Janeiro).
Litografia de Aubrun baseada em fotografia de Victor
Frond.
Paço Imperial, Rio de Janeiro, entre 1858 e 1861 /
Dominio Público
44. O sucesso também se deve ao fato de que os romances
eram feitos para a classe burguesa, ressaltando o luxo e a
pompa da vida social burguesa, mas ocultando a hipocrisia
de seus costumes. Por isso pode-se dizer que, no geral, o
romance romântico brasileiro era urbano, superficial,
folhetinesco e burguês. Dentre os vários romancistas
românticos brasileiros, merecem destaque (3):
José de Alencar;
Joaquim Manoel de Macedo;
Franklin Távora;
Bernardo Guimarães;
Visconde de Taunay;
Manoel Antônio de Almeida.
45. Joaquim Manoel de Macedo
Imagem: Autor Desconhecido / Domínio Público
46. Célebre por dar início à produção narrativa do
romantismo brasileiro, Joaquim Manuel de Macedo ou Dr.
Macedinho, como era conhecido pelo povo, escreveu um
dos mais populares romances da literatura romântica do
Brasil.
O romance "A moreninha" fez um enorme sucesso
dentre a classe burguesa brasileira que se sentia
extremamente agradada por um novo projeto de literatura:
a literatura original do Brasil. Uma literatura que
continuava a seguir os padrões das histórias de amor
europeias, tão populares entre a classe burguesa, mas
que ao mesmo tempo inovava ao trazer tais histórias tão
clássicas para ambientes legitimamente brasileiros, que
faziam os leitores identificarem os ambientes
mencionados.
47. Trata-se de um escritor que estava voltado para as narrativas
urbanas e tinha como foco a cidade do Rio de Janeiro, capital
do Império do Brasil, e a alta sociedade carioca em seus
saraus e festas sociais. Seus romances em forma de folhetim
eram como as atuais telenovelas, só que escritos em episódios
publicados num jornal. As obras de Joaquim Manuel de
Macedo apresentam uma visão superficial dos hábitos e
comportamentos dos jovens da época, buscando ilustrar a
pompa e o luxo da alta classe capitalista, e com isso,
escondendo a hipocrisia e a dissimulação da burguesia.
48.
49. A Moreninha conta história de um rapaz burguês que vai estudar medicina no Rio de
Janeiro. Morando em uma república estudantil, Augusto faz vários amigos, dentre eles
Filipe, que o convida para veranear na Ilha de Paquetá. Augusto aceita o convite e
seus amigos apostam que ele não se apaixonaria por nenhuma moça, caso o fizesse,
teria de escrever romances de amor revelando sua paixão. Augusto, contra a aposta
com seus amigos, inevitavelmente se apaixona por Dona Carolina, irmã de Filipe, que
recusa enamorar-se com Augusto, pois em sua infância havia jurado amor eterno a um
certo menino e Augusto, curiosamente, também havia jurado amor eterno e casamento
a uma certa menina. Por fim, ao descobrirem que um era a paixão infantil do outro,
entregam-se a esse sentimento. A pureza e discrição dos personagens, assim como a
beleza de um amor pudico, conquistaram os leitores burgueses, tornando esse
romance um dos maiores sucessos do romantismo brasileiro.
50. Cena do filme A Moreninha, de 1970, com Sônia Braga.
52. Considerado o mais importante
escritor do Romantismo brasileiro,
é ele quem consegue expressar o
perfeito retrato da cultura
brasileira, explorando novas
vertentes da produção literária,
criando e abrindo caminhos para a
criação de uma literatura brasileira
original, ampla e de boa
qualidade. E por isso foi o autor
que mais se aproximou do
objetivo da escola romântica,
mesclando a idealização e o
sonho com um realismo sutil,
valorizando os elementos naturais
da cultura brasileira e o índio
como figura-mãe da original
cultura brasileira. Suas obras
foram capazes de inspirar nos
burgueses, o gosto pela leitura
nacional e também de inspirar
diversos autores a seguir
caminhos por ele traçados,
concretizando assim seu projeto
nacionalista de revelar o Brasil
num todo.
53. José de Alencar é considerado o patriarca da literatura brasileira.
Inaugurou novos estilos românticos e consolidou o romantismo no Brasil,
desenhando o retrato cultural brasileiro de forma abrangente. E, devido a
essa visão ampla do cenário brasileiro, sua obra iniciaria um período de
transição entre Romantismo e Realismo. Suas narrativas apresentam
um desenvolvimento dos conflitos femininos da mulher burguesa do
século XIX, já que seus romances a tinha como público alvo. Sua obra
pode ser subdividida em quatro categorias:
Romances Urbanos;
Regionalistas;
Históricos;
Indianistas.
54. Romances Urbanos
Romances ambientados no Rio
de Janeiro, protagonizados por
personagens femininos,
mostravam o luxo e a pompa das
atividades sociais burguesas.
São exemplos de romances
urbanos de José de Alencar:
Senhora;
Lucíola;
Diva.
55. Romances Regionalistas
Narrativas que se sucedem em centros
afastados da capital imperial, ou seja,
histórias que acontecem em lugares
tipicamente brasileiros, mais pitorescos,
menos influenciados pela cultura
européia. São exemplos de romances
regionalistas de José de Alencar (11):
O Gaúcho;
O Sertanejo;
O Tronco do Ipê.
56. Romances Indianistas e Históricos
Romances que revelam a preocupação de José
de Alencar em exibir o índio como herói nacional.
Dentre as obras mais importantes de José de
Alencar, dessa vertente do romantismo, estão:
O Guarani;
Ubirajara;
As Minas de Prata;
Iracema.
57.
58. A história transcorre no século XVI, nas matas nordestinas, onde hoje é o
litoral do Ceará. Martin, um jovem guerreiro português, é ferido por uma
índia ao andar só por entre as matas. Essa índia é a jovem guerreira
tabajara Iracema, que ao perceber que havia ferido um inocente, o leva
para a tribo. A presença de Martin não agrada a muitos, principalmente
um guerreiro de nome Irapuã, apaixonado por Iracema.
Em meio a festas e guerras travadas com outras tribos, a virgem e o
guerreiro branco se envolvem amorosamente, o que contraria o voto de
castidade a Tupã. Iracema e Martin fogem. Essa fuga se dá ao lado do
amado e de um guerreiro da tribo pitiguara de nome Poti, a quem o
jovem português tratava como irmão. Ao perceber o ocorrido, os
tabajaras, liderados por Irapuã e o irmão de Iracema, Caubi, perseguem
os amantes. Encontram a tribo inimiga pitiguara, com quem travam um
sangrento combate. Iracema, vendo a ferocidade com que Irapuã e Caubi
agridem Martin, os fere. A tribo tabajara, pressentido a derrota, foge.
59. Os amantes fogem mais uma vez e acabam numa praia
deserta, onde Martin e Iracema constroem uma cabana.
Passado algum tempo, Martin se sente na obrigação de ir
guerrear junto ao seu irmão Poti, deixando Iracema na
cabana, grávida. Martin demora e Iracema dá a luz a um
menino, ficando gravemente debilitada pelo parto. O
guerreiro volta a tempo de ver Iracema morrer nos seus
braços, enterrando-a ao pé de um coqueiro. O filho de
Iracema e Martin tornou-se assim o primeiro cearense. É
importante destacar que “Iracema” é um anagrama para
“América”, o que revela a intenção de Alencar de fazer de
seu romance uma alegoria sobre o nascimento do povo
americano, e mais especificamente, brasileiro.
61. Bernardo Guimarães, o escritor da famosa obra "A
Escrava Isaura“, é considerado um dos mais
importantes regionalistas românticos brasileiros. Opta
por seguir um dos caminhos traçados por José de
Alencar, ambientando suas tramas nos estados de
Minas Gerais e Goiás. Suas obras conservam o caráter
linear romântico, apresentando a estrutura folhetinesca
típica de sua época; prezam pela valorização do
pitoresco e do regional, resgatando os hábitos típicos da
sociedade imperial. Caracteriza-se por usar, por vezes,
a linguagem oral em sua obra e fazer críticas sutis aos
sistemas patriarcal, clerical e escravocrata do Brasil
Império. Entres suas principais obras, destacam-se:
A Escrava Isaura;
O Seminarista.
62.
63. Fez grande sucesso enquanto livro, tão notável que foi adaptado como
novela da Rede Globo e da Rede Record. Bernardo Guimarães tentou criticar a
escravatura no Brasil, patrocinando, através de sua obra, o abolicionismo. No
entanto, sua crítica se mostrou em parte malsucedida, pois a personagem
principal, Isaura, era uma escrava branca, e a antagonista, uma mucama negra, o
que incitou nos leitores uma raiva da personagem negra e um sentimento de pena
e compaixão da escrava branca Isaura.
Pode-se dizer que não atingiu seu objetivo realista devido à sua crítica
equivocada, mas conquistou enorme admiração e já nos permite identificar
traços de uma literatura brasileira mais realista.
Apresenta o caráter sentimentalista
romântico das histórias de amor
terminando com seu devido final feliz.
64. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABAURRE, Maria Luiza – Português: língua, literatura, produção de texto: ensino
médio/ Maria Luiza Abaurre, Marcela Nogueira Pontara, Tatiana Fadel. – 1 ed.- São
Paulo: Moderna, 2005.
CEREJA, William Roberto- português: linguagens: volume único/ Wiliam Roberto
Cereja, Thereza Cochar Magalhães – São Paulo: Atual, 2003.
http://educacao.uol.com.br/literatura/romantismo-no-brasil-caracteristicas-e-autores.htm,
acessado em 08/11/2011
< http://pt.shvoong.com/books/1625692-prosa-rom%C3%A2ntica-
brasil/#ixzz1dKca0eHU>
<http://gizeligondim.blogspot.com/2010/05/exercicios-com-gabarito-sobre-
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<http://www.mundovestibular.com.br/articles/6517/1/Romantismo-no-
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<http://vestibular.com.br/revisao/romantismottp://vestibular.com.br/revisao/romantismo>
<http://www.analisedetextos.com.br/2010/08/romantismo-definicoes-e-exercicios-
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