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. O PERFIL DE PROFESSORES DE ALFABETIZAÇÃO: CRITÉRIOS PARA SUA
SELEÇÃO E SUA FORMAÇÃO CONTINUADA

A importância do perfil do profissional que estará envolvido com o trabalho de
alfabetização ao longo do ciclo inicial deve enfatizar os critérios que as escolas devem
considerar na escolha ou indicação dos professores alfabetizadores, bem como dos
demais profissionais de apoio que atuarão na coordenação do projeto de alfabetização
da escola, tais como o supervisor e o orientador educacional.

O professor alfabetizador é o profissional que atua no contexto de um projeto
pedagógico, um programa curricular, uma área de conhecimento e um ciclo específico
do Nível Fundamental de ensino. Os indicadores de êxito de seu trabalho pressupõem:
(I) a consolidação do ensino e da aprendizagem da língua escrita; (II) a efetivação de
uma prática diversificada, flexível e sensível às características culturais, sociais e de
aprendizagem dos alunos dos três anos do Ciclo Inicial de Alfabetização.

Diante das especificidades do trabalho de alfabetização, a escola precisa se organizar
para escolher os professores alfabetizadores e os responsáveis pela coordenação
pedagógica do Ciclo Inicial de Alfabetização. Esses profissionais possuem saberes e
atitudes que lhes são particulares, além de elevadas demandas de competências que, em
conjunto, definem um perfil bastante exigente:

I. O professor alfabetizador tem uma identidade própria e precisa ser reconhecido
pela importância de seu trabalho

O professor alfabetizador trabalha em um momento
específico, especial e definidor da trajetória de seus alunos.
Embora a alfabetização e o letramento devam ser
preocupação de todos os profissionais da educação, por suas
implicações em todos os segmentos de ensino, tais                O trabalho do professor
processos exigem o reconhecimento de uma identidade              alfabetizador inclui
profissional, associada à valorização de um conjunto de          saberes
saberes: a) os saberes sistematizados na área de                 das disciplinas ou áreas
conhecimento, que dependem de formação profissional em           de
disciplinas e dimensões pedagógicas pertinentes ao ensino-       conhecimento, saberes
aprendizagem da língua escrita, bem como de formação             pedagógicos e saberes
contínua engajada em programas e projetos de saberes             práticos.
curriculares; b) os saberes práticos ou saberes da
experiência, que envolvem conhecimentos e habilidades
adquiridos pelo professor ao longo do exercício de sua
atividade.

Essa segunda dimensão representa um grande diferencial no perfil de professores
alfabetizadores de sucesso, que acumulam um "saber fazer" digno de atenção no
processo reflexivo e nas escolhas da escola em função do Ciclo Inicial de Alfabetização.
II. O conteúdo de alfabetização é tão elaborado e complexo quanto os demais
conteúdos trabalhados em outros ciclos e níveis de ensino

O professor alfabetizador precisa conhecer: a) quais são os pressupostos e as
implicações político-pedagógicas dos processos de alfabetização e letramento; b) quem
são os alunos, quais são suas capacidades e como eles valorizam e compreendem a
escrita e a própria escolarização (aspectos sócio-culturais, cognitivos, atitudinais); c)
quais são os conteúdos e conhecimentos lingüísticos que devem ser enfatizados no
ciclo; d) quais são as possibilidades metodológicas mais pertinentes aos objetivos do
ensino (a didática da alfabetização); e) quais são os instrumentos de avaliação mais
adequados ao processo (diagnósticos e intervenções).



III. O profissional que atua no Ciclo Inicial de Alfabetização deve possuir
competência e sensibilidade para o trabalho com alunos na faixa etária de seis a
oito anos

O professor alfabetizador, na escola regular, deve se identificar com alunos da faixa
etária própria ao ciclo, entendendo o momento que vivem no processo de escolarização
e as experiências extra-escolares que trazem. Essa faixa etária define um momento
psicológico e cultural da infância, que marcará os temas preferidos por essas crianças,
as brincadeiras vivenciadas, a atividade física em expansão, as modalidades de
linguagem utilizadas, as possibilidades de relacionamentos sócio-afetivos e de
compreensão de regras. Considerando-se a inclusão da criança de seis anos no Ciclo
Inicial de Alfabetização, a sensibilidade exigida se amplia, tendo em vista as
implicações pedagógicas dessa reorganização: não se trata, por exemplo, de antecipar
todas as demandas anteriormente dirigidas a uma criança de sete anos e projetá-las no
perfil da criança de seis anos que é introduzida no Ensino Fundamental.

Acrescente-se que, para os alunos de classes populares,
esse nível representa o início efetivo de sua inserção em
uma cultura escolar: eles precisam entender as rotinas, as
normas, os rituais escolares. Precisam também saber lidar
com os instrumentos utilizados na escola (livros,
cadernos, lápis e outros) e com a organização de tempos e
espaços dessa instituição.


IV. O professor alfabetizador evidencia abertura para o trabalho em contextos de
diversidade e de diferenças
Ensinar os alunos das escolas públicas a ler e a escrever   Alguns estudos (SIROTA,
é trabalhar com um leque de sensibilidades, culturas e      1996; GIUSTA e
relações com a escrita. Isso significa que um desafio a     BREGUNCI, 1998) têm
ser enfrentado pelo professor é o de promover o             apontado maior incidência
convívio e o trabalho com a diversidade e com a             de dificuldades na
diferença. Essa pluralidade se desdobrará em dimensões      escolarização inicial em
sócio-culturais e econômicas, étnico-raciais ou ainda de    meninos, menos
gênero, quando se pensa em possíveis diferenças de          valorizados nas interações
oportunidades de interação e de desempenho entre            em sala de aula e menos
meninos e meninas.                                          adaptados aos rituais da
                                                            escola do que as meninas.
As diferenças também dizem respeito aos ritmos de
aprendizagem (entre aqueles que são mais informados e
estão mais avançados e aqueles que estão menos
avançados no conhecimento escolarizado). As
diferenças podem, ainda, ser mais desafiadoras se o
professor estiver envolvido com a inclusão de crianças
com necessidades especiais - o que exigirá que demande
recursos e preparação adicional para as ações nas quais
se sente despreparado ou inseguro. Assim, para trabalhar
nesse contexto de diferenças é importante que o
alfabetizador saiba criar um ambiente de parceria, de
troca e de intervenção na sala de aula, de modo a
favorecer que cada aluno avance em relação ao ponto
em que se encontra. Precisa compreender, enfim, que,
por mais que se tente o reagrupamento de alunos das
turmas de alfabetização durante o ano letivo ou ao longo
do ciclo, buscando sua homogeneidade, sempre haverá
diferenças entre eles. Para enfrentá-las, o professor
necessita propor procedimentos diversificados,
adaptados às necessidades e ao nível de cada aluno.
V. O professor alfabetizador desenvolve expectativas
de sucesso e estimula à auto-estima dos alunos
                                                         Pesquisas sobre relações
                                                         entre expectativas de
O professor alfabetizador precisa acreditar nas
                                                         professores e desempenho
capacidades de aprendizagem de todos os seus alunos,
                                                         de
independentemente de sua origem social, cultural, ou de
                                                         alunos evidenciam que as
outras diferenças apontadas no tópico anterior.
                                                         predições ou profecias
O aluno constrói a crença de que vai fracassar quando se
                                                         sobre
sente desestimulado e rejeitado no seu processo de
                                                         fracasso e sucesso se
aprendizagem e nas interações processadas em sala de
                                                         cumprem de fato: os alunos
aula. Dependendo de como o professor se manifesta ao
                                                         aprendem mais quando os
avaliar os alunos, estes podem acreditar que não são
                                                         seus professores apostam e
capazes. Assim, a motivação para estudar e a
                                                         investem nessa
disponibilidade para aprender são resultantes da
                                                         possibilidade.
valorização que o aluno recebe quando está aprendendo
                                                          (ROSENTHAL;
a ler e a escrever, das expectativas afirmativas em
                                                         JACOBSON, 1981).
relação a suas possibilidades e da auto-estima positiva
que poderá se consolidar nesse processo.
O profissional da alfabetização não compara desempenhos com modelos idealizados,
que estariam classificando os alunos com base em parâmetros estatísticos ou externos
ao processo. Ao contrário, esse profissional reconhece o desempenho do aluno, sempre
considerando sua trajetória particular, sem perder de vista as metas ampliadas para que
ele avance. Isso significa, em outros termos, não se conformar com um trabalho aquém
das possibilidades do aluno, não se restringir a um patamar mínimo de conteúdos, não
reforçar apenas os conhecimentos espontâneos aos quais o aluno pode chegar por suas
experiências cotidianas. Trata-se, enfim, de valorizar os objetivos progressivos e os
passos seguintes a serem dados pelos alunos em direção a algum avanço - o avanço em
conhecimentos e capacidades, o avanço em autonomia, o avanço em cidadania.

VI. O profissional da alfabetização desenvolve uma atitude de pesquisa em relação
à sua atividade e investe na socialização de conhecimentos produzidos na área

O profissional que atua na área da alfabetização deve se dispuser a elaborar registros de
sua prática, refletindo sobre seus avanços e dificuldades na escolha de contextos, de
estratégias, de materiais para ensinar a ler e a escrever. Deve também se dispor a tornar
públicos tais registros, no grupo de alfabetizadores e em outras instâncias, socializando
sua prática. Essas disposições podem prepará-lo para uma permanente atitude de
pesquisa em relação à área, levando-o a conhecer e aproximar-se de grupos que
discutem o tema, a identificar novas produções em revistas, livros e outras fontes ou
mesmo a produzir textos para serem divulgados em sua escola, em sua região e em
revistas dirigidas a professores.

                                                          A ampliação da
O campo da alfabetização é muito amplo e depende das
                                                          produção de
contribuições de muitas áreas, com crescente
                                                          conhecimentos na área
valorização acadêmica e científica. Por isso mesmo, a
                                                          de alfabetização
produção de conhecimentos nesse campo deve ser
                                                          demanda o registro, a
incentivada a partir de projetos em parceria, da
                                                          análise e a socialização
participação em concursos e de diversos fóruns de
                                                          de experiências de
divulgação, com estímulos das coordenações
                                                          professores e
pedagógicas e de instâncias diversas do sistema.
                                                          coordenadores.

VII. O profissional da alfabetização desenvolve a perspectiva do trabalho coletivo e
compartilhado

O trabalho docente do alfabetizador não pode ser uma prática solitária. Da mesma
forma, experiências de fracasso ou de sucesso no ensino não podem ser relacionadas
apenas a competências particulares dos professores. A perspectiva do trabalho coletivo
ou em parceria permite que as aprendizagens do professor sejam compartilhadas,
contribui para maior consistência de seu desempenho em sala de aula, propiciam
reflexões sobre experiências, conquistas e frustrações, espelhadas nas práticas e nos
sentimentos de seus pares.

 O coletivo da escola é
 uma instância interativo reflexivo-formadora
 formadora do
 professor alfabetizador
e sua dinâmica depende
da articulação
da coordenação
pedagógica.

Essa perspectiva pode se ampliar através de sua participação em trabalhos de colegas
na sala de aula, na exposição de experiências bem sucedidas, na formação de
iniciantes, na acolhida de estagiários de alfabetização, no envolvimento com a
discussão de resultados e problemas da alfabetização e nos momentos de compartilhar
esses resultados com os pais de alunos.

O papel do coordenador pedagógico, nesse contexto, é extremamente importante, por
ser esse o profissional que realmente pode funcionar como articulador do ciclo,
constituindo grupos de estudo, consolidando processos de mudança e projetos
inovadores, estimulando propostas de formação continuada que envolva os
responsáveis pela alfabetização na escola.

VIII. O profissional responsável pela alfabetização participa de processos de
formação continuada

Embora a prática profissional seja um elemento
constitutivo da formação dos educadores, estes
necessitam ter espaços e tempos próprios para sua
                                                        A formação continuada
formação continuada ou em serviço.
                                                        abrange todas as formas
                                                        deliberadas e organizadas
Através desse processo, o profissional que atua no
                                                        de aperfeiçoamento
Ciclo de Alfabetização Inicial poderá discutir suas
                                                        profissional do docente,
experiências, atualizar-se em relação às novas
                                                        tendo em vista sua
tendências e abordagens produzidas na área, envolver-
                                                        qualificação e a melhoria
se em temas e procedimentos que possam contribuir
                                                        de sua prática no contexto
para a superação de problemas e lacunas em sua prática
                                                        escolar.
docente. Poderá, em conseqüência, ter crescente
autonomia para se tornar protagonista de seu processo
de formação e contribuir para a formação de seus pares.

O conjunto de competências, saberes, valores que
informam a visão sobre o alfabetizando e sobre o ofício
de alfabetizar ganha mais sentido quando os professores
os transformam em saberes públicos. Há saberes
práticos e intuitivos que levam ao sucesso e fazem parte
da tradição escolar.

Há também um conjunto de pesquisas sobre temas da          A transposição didática
área produzidas pelas universidades e outras               envolve a apropriação,
instituições. Assim, a ampla discussão de princípios       pelos professores, de
teóricos sobre a alfabetização é uma das bases de          concepções ou saberes
sustentação de diversas ações de formação dos              teóricos que são
professores. No entanto, é preciso enfrentar um aspecto    reelaborados e
pouco valorizado na discussão da alfabetização, nos      reconstruídos, em busca
últimos anos: o da transposição didática                 de
                                                         maior consistência com
                                                         suas crenças e práticas
                                                         pedagógicas.

Quando os professores discutem coletivamente a sua cultura pedagógica,
relacionando-a a pressupostos teóricos inovadores, estarão buscando, além de
compreensão da alfabetização em suas dimensões políticas e sócio-culturais, as formas
adequadas de fazer ou de desenvolver esse trabalho mediante ações e intervenções
intencionais e sistematizadas.




REFERÊNCIAS

ANDRÉ, Marli (Org.). Pedagogia das diferenças na sala de aula. Campinas: Papirus,
2001.

AQUINO, Júlio G. Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricas e práticas.
São Paulo: Summus, 1998.

GIUSTA, Agnela; BREGUNCI, Maria das Graças. Diferenças.de desempenho entre
meninas e meninos no processo de alfabetização . Belo Horizonte: Faculdade de
Educação da UFMG; SEEMG - 15ª SRE, 1998.

LÜDKE, Menga (Org.). O professor e a pesquisa. Campinas: Papirus, 2002.

MOYSÉS, L. A auto-estima se constrói passo a passo. Campinas: Papirus, 2002.

NÓVOA, Antônio (Org.). Os professores e sua formação. Lisboa:DomQuixote, 1992.

ROSENTHAL, R.; JACOBSON, L. Profecias auto-realizadoras em sala de aula: as
expectativas de
professores como determinantes não intencionais da competência intelectual. In:
PATTO, Maria Helena S. (Org.). Introdução à Psicologia Escolar. São Paulo: T. A.
Queiroz, 1981. (parte III, cap. 3).

PATTO, Maria Helena S. (org.). Introdução à Psicologia Escolar. São Paulo: T.A.
Queiroz, 1981. (parte III, cap. 3 - Profecias auto-realizadoras em sala de aula: as
expectativas de professores como determinantes não intencionais da competência
intelectual; Rosenthal e Jacobson).

PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000.

PERRENOUD, P. Formando professores profissionais: quais estratégias? Quais
competências? Porto Alegre: Artmed, 2001.
SILVA, Tomaz Tadeu. Alienígenas na sala de aula. Petrópolis: Vozes, 1996.

SILVA, Tomaz Tadeu et al. Territórios contestados: o currículo e os novos mapas
políticos e culturais. Petrópolis: Vozes, 1998.

SIROTA, Régine. A escola primária no cotidiano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

SHÖN, D. O profissional reflexivo: como pensa, como atua? Porto Alegre: Artes
Médicas, 2001.

VEIGA, Ilma P.; RESENDE, Lúcia Maria G. Escola: espaço do projeto político-
pedagógico. Campinas: Papirus, 2002.

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Perfil de alfabetizadores

  • 1. . O PERFIL DE PROFESSORES DE ALFABETIZAÇÃO: CRITÉRIOS PARA SUA SELEÇÃO E SUA FORMAÇÃO CONTINUADA A importância do perfil do profissional que estará envolvido com o trabalho de alfabetização ao longo do ciclo inicial deve enfatizar os critérios que as escolas devem considerar na escolha ou indicação dos professores alfabetizadores, bem como dos demais profissionais de apoio que atuarão na coordenação do projeto de alfabetização da escola, tais como o supervisor e o orientador educacional. O professor alfabetizador é o profissional que atua no contexto de um projeto pedagógico, um programa curricular, uma área de conhecimento e um ciclo específico do Nível Fundamental de ensino. Os indicadores de êxito de seu trabalho pressupõem: (I) a consolidação do ensino e da aprendizagem da língua escrita; (II) a efetivação de uma prática diversificada, flexível e sensível às características culturais, sociais e de aprendizagem dos alunos dos três anos do Ciclo Inicial de Alfabetização. Diante das especificidades do trabalho de alfabetização, a escola precisa se organizar para escolher os professores alfabetizadores e os responsáveis pela coordenação pedagógica do Ciclo Inicial de Alfabetização. Esses profissionais possuem saberes e atitudes que lhes são particulares, além de elevadas demandas de competências que, em conjunto, definem um perfil bastante exigente: I. O professor alfabetizador tem uma identidade própria e precisa ser reconhecido pela importância de seu trabalho O professor alfabetizador trabalha em um momento específico, especial e definidor da trajetória de seus alunos. Embora a alfabetização e o letramento devam ser preocupação de todos os profissionais da educação, por suas implicações em todos os segmentos de ensino, tais O trabalho do professor processos exigem o reconhecimento de uma identidade alfabetizador inclui profissional, associada à valorização de um conjunto de saberes saberes: a) os saberes sistematizados na área de das disciplinas ou áreas conhecimento, que dependem de formação profissional em de disciplinas e dimensões pedagógicas pertinentes ao ensino- conhecimento, saberes aprendizagem da língua escrita, bem como de formação pedagógicos e saberes contínua engajada em programas e projetos de saberes práticos. curriculares; b) os saberes práticos ou saberes da experiência, que envolvem conhecimentos e habilidades adquiridos pelo professor ao longo do exercício de sua atividade. Essa segunda dimensão representa um grande diferencial no perfil de professores alfabetizadores de sucesso, que acumulam um "saber fazer" digno de atenção no processo reflexivo e nas escolhas da escola em função do Ciclo Inicial de Alfabetização.
  • 2. II. O conteúdo de alfabetização é tão elaborado e complexo quanto os demais conteúdos trabalhados em outros ciclos e níveis de ensino O professor alfabetizador precisa conhecer: a) quais são os pressupostos e as implicações político-pedagógicas dos processos de alfabetização e letramento; b) quem são os alunos, quais são suas capacidades e como eles valorizam e compreendem a escrita e a própria escolarização (aspectos sócio-culturais, cognitivos, atitudinais); c) quais são os conteúdos e conhecimentos lingüísticos que devem ser enfatizados no ciclo; d) quais são as possibilidades metodológicas mais pertinentes aos objetivos do ensino (a didática da alfabetização); e) quais são os instrumentos de avaliação mais adequados ao processo (diagnósticos e intervenções). III. O profissional que atua no Ciclo Inicial de Alfabetização deve possuir competência e sensibilidade para o trabalho com alunos na faixa etária de seis a oito anos O professor alfabetizador, na escola regular, deve se identificar com alunos da faixa etária própria ao ciclo, entendendo o momento que vivem no processo de escolarização e as experiências extra-escolares que trazem. Essa faixa etária define um momento psicológico e cultural da infância, que marcará os temas preferidos por essas crianças, as brincadeiras vivenciadas, a atividade física em expansão, as modalidades de linguagem utilizadas, as possibilidades de relacionamentos sócio-afetivos e de compreensão de regras. Considerando-se a inclusão da criança de seis anos no Ciclo Inicial de Alfabetização, a sensibilidade exigida se amplia, tendo em vista as implicações pedagógicas dessa reorganização: não se trata, por exemplo, de antecipar todas as demandas anteriormente dirigidas a uma criança de sete anos e projetá-las no perfil da criança de seis anos que é introduzida no Ensino Fundamental. Acrescente-se que, para os alunos de classes populares, esse nível representa o início efetivo de sua inserção em uma cultura escolar: eles precisam entender as rotinas, as normas, os rituais escolares. Precisam também saber lidar com os instrumentos utilizados na escola (livros, cadernos, lápis e outros) e com a organização de tempos e espaços dessa instituição. IV. O professor alfabetizador evidencia abertura para o trabalho em contextos de diversidade e de diferenças
  • 3. Ensinar os alunos das escolas públicas a ler e a escrever Alguns estudos (SIROTA, é trabalhar com um leque de sensibilidades, culturas e 1996; GIUSTA e relações com a escrita. Isso significa que um desafio a BREGUNCI, 1998) têm ser enfrentado pelo professor é o de promover o apontado maior incidência convívio e o trabalho com a diversidade e com a de dificuldades na diferença. Essa pluralidade se desdobrará em dimensões escolarização inicial em sócio-culturais e econômicas, étnico-raciais ou ainda de meninos, menos gênero, quando se pensa em possíveis diferenças de valorizados nas interações oportunidades de interação e de desempenho entre em sala de aula e menos meninos e meninas. adaptados aos rituais da escola do que as meninas. As diferenças também dizem respeito aos ritmos de aprendizagem (entre aqueles que são mais informados e estão mais avançados e aqueles que estão menos avançados no conhecimento escolarizado). As diferenças podem, ainda, ser mais desafiadoras se o professor estiver envolvido com a inclusão de crianças com necessidades especiais - o que exigirá que demande recursos e preparação adicional para as ações nas quais se sente despreparado ou inseguro. Assim, para trabalhar nesse contexto de diferenças é importante que o alfabetizador saiba criar um ambiente de parceria, de troca e de intervenção na sala de aula, de modo a favorecer que cada aluno avance em relação ao ponto em que se encontra. Precisa compreender, enfim, que, por mais que se tente o reagrupamento de alunos das turmas de alfabetização durante o ano letivo ou ao longo do ciclo, buscando sua homogeneidade, sempre haverá diferenças entre eles. Para enfrentá-las, o professor necessita propor procedimentos diversificados, adaptados às necessidades e ao nível de cada aluno. V. O professor alfabetizador desenvolve expectativas de sucesso e estimula à auto-estima dos alunos Pesquisas sobre relações entre expectativas de O professor alfabetizador precisa acreditar nas professores e desempenho capacidades de aprendizagem de todos os seus alunos, de independentemente de sua origem social, cultural, ou de alunos evidenciam que as outras diferenças apontadas no tópico anterior. predições ou profecias O aluno constrói a crença de que vai fracassar quando se sobre sente desestimulado e rejeitado no seu processo de fracasso e sucesso se aprendizagem e nas interações processadas em sala de cumprem de fato: os alunos aula. Dependendo de como o professor se manifesta ao aprendem mais quando os avaliar os alunos, estes podem acreditar que não são seus professores apostam e capazes. Assim, a motivação para estudar e a investem nessa disponibilidade para aprender são resultantes da possibilidade. valorização que o aluno recebe quando está aprendendo (ROSENTHAL; a ler e a escrever, das expectativas afirmativas em JACOBSON, 1981). relação a suas possibilidades e da auto-estima positiva que poderá se consolidar nesse processo.
  • 4. O profissional da alfabetização não compara desempenhos com modelos idealizados, que estariam classificando os alunos com base em parâmetros estatísticos ou externos ao processo. Ao contrário, esse profissional reconhece o desempenho do aluno, sempre considerando sua trajetória particular, sem perder de vista as metas ampliadas para que ele avance. Isso significa, em outros termos, não se conformar com um trabalho aquém das possibilidades do aluno, não se restringir a um patamar mínimo de conteúdos, não reforçar apenas os conhecimentos espontâneos aos quais o aluno pode chegar por suas experiências cotidianas. Trata-se, enfim, de valorizar os objetivos progressivos e os passos seguintes a serem dados pelos alunos em direção a algum avanço - o avanço em conhecimentos e capacidades, o avanço em autonomia, o avanço em cidadania. VI. O profissional da alfabetização desenvolve uma atitude de pesquisa em relação à sua atividade e investe na socialização de conhecimentos produzidos na área O profissional que atua na área da alfabetização deve se dispuser a elaborar registros de sua prática, refletindo sobre seus avanços e dificuldades na escolha de contextos, de estratégias, de materiais para ensinar a ler e a escrever. Deve também se dispor a tornar públicos tais registros, no grupo de alfabetizadores e em outras instâncias, socializando sua prática. Essas disposições podem prepará-lo para uma permanente atitude de pesquisa em relação à área, levando-o a conhecer e aproximar-se de grupos que discutem o tema, a identificar novas produções em revistas, livros e outras fontes ou mesmo a produzir textos para serem divulgados em sua escola, em sua região e em revistas dirigidas a professores. A ampliação da O campo da alfabetização é muito amplo e depende das produção de contribuições de muitas áreas, com crescente conhecimentos na área valorização acadêmica e científica. Por isso mesmo, a de alfabetização produção de conhecimentos nesse campo deve ser demanda o registro, a incentivada a partir de projetos em parceria, da análise e a socialização participação em concursos e de diversos fóruns de de experiências de divulgação, com estímulos das coordenações professores e pedagógicas e de instâncias diversas do sistema. coordenadores. VII. O profissional da alfabetização desenvolve a perspectiva do trabalho coletivo e compartilhado O trabalho docente do alfabetizador não pode ser uma prática solitária. Da mesma forma, experiências de fracasso ou de sucesso no ensino não podem ser relacionadas apenas a competências particulares dos professores. A perspectiva do trabalho coletivo ou em parceria permite que as aprendizagens do professor sejam compartilhadas, contribui para maior consistência de seu desempenho em sala de aula, propiciam reflexões sobre experiências, conquistas e frustrações, espelhadas nas práticas e nos sentimentos de seus pares. O coletivo da escola é uma instância interativo reflexivo-formadora formadora do professor alfabetizador
  • 5. e sua dinâmica depende da articulação da coordenação pedagógica. Essa perspectiva pode se ampliar através de sua participação em trabalhos de colegas na sala de aula, na exposição de experiências bem sucedidas, na formação de iniciantes, na acolhida de estagiários de alfabetização, no envolvimento com a discussão de resultados e problemas da alfabetização e nos momentos de compartilhar esses resultados com os pais de alunos. O papel do coordenador pedagógico, nesse contexto, é extremamente importante, por ser esse o profissional que realmente pode funcionar como articulador do ciclo, constituindo grupos de estudo, consolidando processos de mudança e projetos inovadores, estimulando propostas de formação continuada que envolva os responsáveis pela alfabetização na escola. VIII. O profissional responsável pela alfabetização participa de processos de formação continuada Embora a prática profissional seja um elemento constitutivo da formação dos educadores, estes necessitam ter espaços e tempos próprios para sua A formação continuada formação continuada ou em serviço. abrange todas as formas deliberadas e organizadas Através desse processo, o profissional que atua no de aperfeiçoamento Ciclo de Alfabetização Inicial poderá discutir suas profissional do docente, experiências, atualizar-se em relação às novas tendo em vista sua tendências e abordagens produzidas na área, envolver- qualificação e a melhoria se em temas e procedimentos que possam contribuir de sua prática no contexto para a superação de problemas e lacunas em sua prática escolar. docente. Poderá, em conseqüência, ter crescente autonomia para se tornar protagonista de seu processo de formação e contribuir para a formação de seus pares. O conjunto de competências, saberes, valores que informam a visão sobre o alfabetizando e sobre o ofício de alfabetizar ganha mais sentido quando os professores os transformam em saberes públicos. Há saberes práticos e intuitivos que levam ao sucesso e fazem parte da tradição escolar. Há também um conjunto de pesquisas sobre temas da A transposição didática área produzidas pelas universidades e outras envolve a apropriação, instituições. Assim, a ampla discussão de princípios pelos professores, de teóricos sobre a alfabetização é uma das bases de concepções ou saberes sustentação de diversas ações de formação dos teóricos que são professores. No entanto, é preciso enfrentar um aspecto reelaborados e
  • 6. pouco valorizado na discussão da alfabetização, nos reconstruídos, em busca últimos anos: o da transposição didática de maior consistência com suas crenças e práticas pedagógicas. Quando os professores discutem coletivamente a sua cultura pedagógica, relacionando-a a pressupostos teóricos inovadores, estarão buscando, além de compreensão da alfabetização em suas dimensões políticas e sócio-culturais, as formas adequadas de fazer ou de desenvolver esse trabalho mediante ações e intervenções intencionais e sistematizadas. REFERÊNCIAS ANDRÉ, Marli (Org.). Pedagogia das diferenças na sala de aula. Campinas: Papirus, 2001. AQUINO, Júlio G. Diferenças e preconceito na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1998. GIUSTA, Agnela; BREGUNCI, Maria das Graças. Diferenças.de desempenho entre meninas e meninos no processo de alfabetização . Belo Horizonte: Faculdade de Educação da UFMG; SEEMG - 15ª SRE, 1998. LÜDKE, Menga (Org.). O professor e a pesquisa. Campinas: Papirus, 2002. MOYSÉS, L. A auto-estima se constrói passo a passo. Campinas: Papirus, 2002. NÓVOA, Antônio (Org.). Os professores e sua formação. Lisboa:DomQuixote, 1992. ROSENTHAL, R.; JACOBSON, L. Profecias auto-realizadoras em sala de aula: as expectativas de professores como determinantes não intencionais da competência intelectual. In: PATTO, Maria Helena S. (Org.). Introdução à Psicologia Escolar. São Paulo: T. A. Queiroz, 1981. (parte III, cap. 3). PATTO, Maria Helena S. (org.). Introdução à Psicologia Escolar. São Paulo: T.A. Queiroz, 1981. (parte III, cap. 3 - Profecias auto-realizadoras em sala de aula: as expectativas de professores como determinantes não intencionais da competência intelectual; Rosenthal e Jacobson). PERRENOUD, P. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000. PERRENOUD, P. Formando professores profissionais: quais estratégias? Quais competências? Porto Alegre: Artmed, 2001.
  • 7. SILVA, Tomaz Tadeu. Alienígenas na sala de aula. Petrópolis: Vozes, 1996. SILVA, Tomaz Tadeu et al. Territórios contestados: o currículo e os novos mapas políticos e culturais. Petrópolis: Vozes, 1998. SIROTA, Régine. A escola primária no cotidiano. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. SHÖN, D. O profissional reflexivo: como pensa, como atua? Porto Alegre: Artes Médicas, 2001. VEIGA, Ilma P.; RESENDE, Lúcia Maria G. Escola: espaço do projeto político- pedagógico. Campinas: Papirus, 2002.