2. A alimentação era bastante limitada, em
especial para o povo. Não tinham dinheiro
para carne nem recursos para comer algo do
género. As duas refeições principais eram o
jantar e a ceia. Jantavam pelas dez ou onze
horas da manhã e ceavam entre as seis e as
sete da tarde.
3.
4. Entre as classes superiores, os legumes não
eram especialmente apreciados. Já o povo
dava bastante uso às hortaliças e legumes em
geral. O peixe mais consumido na altura era a
pescada, mas também sardinhas e salmonetes
eram apreciados. Ao lado do peixe fresco, o
peixe salgado e fumado era considerado um
"must" na cozinha medieval.
Nas casas ricas, as ervas de cheiro serviam de
ingredientes à preparação de iguarias como
coentros, salsa e hortelã, sumos de limão e
vinagre. Cebola e azeite eram presença
necessária nos tradicionais refogados.
5.
6. O jantar era a refeição mais forte do dia. O
número de pratos servidos andava, em
média, pelos três, sem contar
sopas, acompanhamentos ou sobremesas.
Para os menos ricos, o número de pratos ao
jantar podia descer para dois ou até um
7. À ceia, baixava para dois a média das iguarias
tomadas. A base da alimentação dos ricos era
a carne. A criação não variava muito da de
hoje:
galinhas, patos, gansos, pombos, faisões, pavõ
es, rolas e coelhos. Não existia ainda o
peru, que só veio para a Europa depois da
descoberta da América.
Fabricavam-se também enchidos vários, como
chouriços e linguiça.
8. A forma mais frequente de cozinhar a carne
era assá-la no espeto (assado). Mas servia-se
também carne cozida (cozido), carne picada
(desfeito) e carne estufada (estufado).
9. O peixe situava-se também na base da
alimentação, especialmente entre as classes
menos abastadas, e durante os dias de jejum
estipulados pela Igreja. Um dos peixes mais
consumidos pelos portugueses na Idade
Média, parece ter sido a pescada (peixota). Ao
lado do peixe fresco, a Idade Média fez grande
uso de peixe seco salgado e defumado.
10. A fruta desempenhava papel de relevo nas
dietas alimentares medievais. Conheciam-se
praticamente todas as frutas que comemos
hoje. Muitas eram autóctones, outras foram
introduzidas pelos árabes. Apenas a laranja
doce viria a ser trazida por Vasco da Gama, no
século XV. Certas frutas eram consideradas
pouco saudáveis como as cerejas e os
pêssegos, por os julgarem "vianda húmida".
Também o limão se desaconselhava por "muito
frio e agudo".
11. Era uso comer fruta acompanhada de vinho, à
laia de refresco ou como refeição
ligeira, própria da noite. Da fruta fresca se
passava à fruta seca e às conservas e doces de
fruta. Fabricavam-se conservas e doces de
cidra, pêssego, limão, pêra, abóbora e
marmelo e de laranja se fazia a famosa flor de
laranja, simultaneamente tempero e perfume.
12. Mas a base da alimentação medieval, quanto
ao povo miúdo, residia nos cereais e no vinho.
Farinha e pão, de trigo, milho ou centeio, e
também cevada e aveia, ao lado do
vinho, compunham os elementos
fundamentais da nutrição medieval. E no
campo havia sucedâneos para o pão: a
castanha ou a bolota, por exemplo.
13. POVO
Para o povo a carne e o peixe eram um luxo, já
que a sua alimentação era feita à base de
pão, sopa de legumes e papas de cereais.
Comiam também frutas e legumes. Bebiam
vinho e cidra (bebida alcoólica feita de maçãs).
É após o ano 1000 que a procura da comida se
torna mais complicada, devido à diminuição
das áreas destinadas às plantações. A carne
era valiosa e escassa e por isso considerada
sinónimo de prosperidade e abundância.
14. POVO
Os poucos animais domésticos que existiam
eram considerados animais de
trabalho, essenciais para desenvolver o
trabalho nos campos e não carne para comer.
Aumenta por isso o consumo de cereais como
o centeio e trigo-sarraceno, utilizados pela
preparação de simples pães.
15. O pão presente em todas as refeições, era de
vários tipos: de cevada, de centeio e até de
castanha. A mesa de quem vivia dos produtos
da terra previa também a presença de
verduras e legumes.
Couves, abóboras, cebolas, espinafres eram
óptimas quando preparados em sopas e
acompanhados com grão-de-bico, favas e
lentilhas. Os legumes, ricos de proteínas, eram
fáceis de conservar, e muitas vezes eram as
lógicas substituições da carne.
16. Esta era destinada apenas para os dias de
festivos: frangos, galinhas, alguns
coelhos, representavam a única variante para
os trabalhadores da agricultura. As ervas
aromáticas, já bastante conhecidas, como o
tomilho, o alecrim e o manjericão, junto ao
pouco azeite de oliveira, enriqueciam essas
simples refeições que estavam na base da
alimentação de um camponês.
17. NOBREZA
Os senhores alimentavam-se dos melhores
tipos de carne, que assavam no espeto, como
porco, cabrito e veado. Alimentavam-se ainda
de ovos e peixes, como a pescada, lampreia e
até mesmo a baleia.
Para comer sopa usavam malgas que se
chamavam tigelas se fossem de barro e
escudelas se fossem de madeira ou de prata. A
carne e o peixe eram servidos sobre fatias de
pão que mais tarde foram substituídas por
pequenas tábuas. Já conheciam as facas e as
colheres, mas os garfos não. A água e o vinho
eram servidos em copos, púcaros ou
pucarinhos.
18. Uma das representações típicas da sociedade
senhoril medieval era o momento do
banquete. Na mesa cheia de comida, diversas
qualidades de carnes assadas significavam a
refeição preferida dos nobres e dos mais fortes
que julgavam uma autêntica fraqueza a
abstenção voluntária. Sinal de humilhação e de
perda do próprio valor social: um pouco como
a obrigação de repor as armas com
conseguinte perda da identidade.
19. Os banquetes eram organizados com carnes
brancas ou vermelhas
(galinhas, frangos, gansos, perus, porcos, bezer
ros). A caça tinha uma grande
preferência, como: faisões, patos, veados e
javalis, que eram acompanhados por pão, ovos
cozidos e queijos variados. As verduras e os
legumes eram colocados marginalmente nas
mesas dos ricos, de facto os médicos não
aconselhavam muito estas refeições dos
pobres, consideradas na época poucos
digeríveis para os estômagos dos poderosos.
20. O mel, único adoçante conhecido, era
consumido à vontade. As especiarias, raras e
caras, tais como a noz-moscada, a canela, o
cravinho e a pimenta, tinham uma presença
importante na casa dos nobres. De facto elas
além de conservar as carnes por muito mais
tempo, quando acompanhadas com pedaços
de bacon davam maior maciez e enriqueciam o
sabor dos alimento.
CLERO - Monges
21. Na época da Idade Média, o clero tinha
privilégio e prestígio na sociedade
feudal, porque diziam fazer a ligação entre
Deus e os seres humanos.
Enquanto os monges nos mosteiros rurais
acumulavam funções, pregavam e celebravam
cultos, ajudavam os necessitados, ajudavam no
campo e compilavam obras.
22. O clero era, na Idade Média, todo o extracto
social associado ao culto
religioso, nomeadamente o cristão.
Porém, já na sociedade visigótica tinha o clero
desempenhado um papel de relevância. O seu
prestígio manteve-se junto das populações
cristãs peninsulares, durante a dominação
muçulmana, e fortalecer-se-ia no período da
Reconquista cristã, tornando-se o principal
patrocinador deste movimento.
23. Às razões que constituem os fundamentos da
cristandade acrescem as da peculiaridade
ibérica, onde as lutas contra os infiéis
inflamavam a fé cristã, determinando o zelo
das crenças profundas. E não apenas pela
missão religiosa, como pela cultura das
letras, a que muitos dos seus membros se
dedicavam, o clero exerceu preponderância
social e política, desempenhando os
eclesiásticos cargos importantes junto dos reis.
24. Até meados do século XIV, o clero manteve
essa situação de privilégio, devendo-se ao
aparecimento dos legistas a concorrência que
veio a sofrer nessa época. Ao clero
coube, também, um significativo papel, quer
no povoamento, quer no arroteamento de
terrenos de cultura e desenvolvimento das
instituições de beneficência e caridade.
Também a instrução e artes ficaram a dever
muito à Igreja desta época.