Durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985), a cultura brasileira se tornou um instrumento de denúncia através de obras em diversas áreas como música, cinema, teatro e imprensa alternativa. A censura não impediu a criação de canções e peças de protesto, bem como filmes que retratavam a situação do país. No entanto, muitos artistas e jornalistas foram censurados, exilados ou torturados pelo regime.
2. Durante a Ditadura, mesmo com a censura, a
cultura brasileira não deixou de criar e se
espalhar pelo país e a arte se tornou
um instrumento de denúncia da situação do
país.
Dos festivais de música despontam
compositores e intérpretes das chamadas
canções de protesto, como Geraldo Vandré,
Chico Buarque de Holanda e Elis Regina.
6. No cinema, os trabalhos de Cacá Diegues e
Glauber Rocha levam para as telas a história
de um povo que perde seus direitos mínimos.
No teatro, grupos como o Oficina e o Arena
procuram dar ênfase aos autores nacionais e
denunciar a situação do país naquele
período.
11. Durante o regime militar no Brasil,
instaurado a partir do golpe de 64, muitos
jornalistas desenvolviam o seu trabalho no
intuito de resistência ao regime e
rompimento com a ditadura.
Durante o regime militar surgiram diversos
jornais alternativos de oposição ao governo.
13. Chanchada, em arte, é o espetáculo ou filme
em que predomina
um humor ingênuo, burlesco, de caráter
popular.
As chanchadas foram comuns no Brasil entre
as décadas de 1930 e 1960.
15. Pornochanchada é um gênero do cinema
brasileiro, comum na década de 1970.
Surgiu em São Paulo, e contou com uma
produção bem numerosa e comercial.
A mais conhecida produção era a da
chamada boca do lixo, região de prostituição
existente na zona central da cidade de São
Paulo.
17. Dessa fonte despontaram vários diretores de
talento Cláudio Cunha, Alfredo Sternheim, entre
outros que souberam usar o que dava bilheteria
na época (filmes eróticos softcore) para fazer
filmes de grande valor estético e formal.
Chamado assim por trazer alguns elementos dos
filmes do gênero conhecido como chanchada e
pela dose alta de erotismo que, em uma época
de censura no Brasil, fazia com que fosse
comparado ao gênero pornô, embora não
houvesse, de fato, cenas de sexo explícito nos
filmes.
20. A censura, era política e de costumes, e
muitas vezes configurando apenas e tão
somente perseguição aberta e deslavada a
classe artística sem nenhuma razão outra
que o preconceito vigente naquela época, e
exigia que os filmes cumprissem diversas
exigências absurdas, sem as quais os mesmos
seriam sumariamente proibidos (muitos
foram liberados totalmente retalhados pelos
cortes, o que os tornava incompreensíveis).
21. Dentre essas exigências absurdas de estética
totalmente sem nexo, havia várias cenas
como mostrar um seio de cada vez, etc.
Com o tempo, essa e outras exigências foram
amenizadas com a liberação dos costumes e
a abertura política iniciada em 1977, até que
com o fim da censura em 1984, o gênero foi
substituído pelos filmes pornográficos
exibidos em salas especiais.
22. Dentre os atores que conseguiram mudar de
estilo, destacam-se Sônia Braga, Nuno Leal
Maia, Antonio Fagundes, Reginaldo
Faria, Helena Ramos, Lucélia Santos, e Vera
Fischer, sendo que esta chegou a ter
problemas em sua cidade natal quando
começou a participar de pornochanchadas.
27. Mas focando o contexto político da época
não havia muito filme exibido o que
realmente estava acontecendo no Brasil.
Contudo, vários momentos da Ditadura
podem ser vistos em filmes, exibido no nosso
contidiano, feitos pelo cinema brasileiro
retratando a época.
28. Sinopse: São Paulo, fim dos anos
60. O convento dos frades
dominicanos torna-se uma
trincheira de resistência à
ditadura militar que governa o
Brasil. Movidos por ideais
cristãos, os freis Tito (Caio Blat),
Betto (Daniel de Oliveira),
Oswaldo (Ângelo Antônio),
Fernando (Léo Quintão) e Ivo
(Odilon Esteves) passam a apoiar
o grupo guerrilheiro Ação
Libertadora Nacional,
comandado por Carlos
Marighella (Marku Ribas). Eles
logo passam a ser vigiados pela
polícia e posteriormente são
presos, passando por terríveis
torturas.
29. Sinopse: Brasil, anos 60. A
ditadura militar faz o país
mergulhar em um dos momentos
mais negros de sua história.
Alheia a tudo isto, Zuzu Angel
(Patrícia Pillar), uma estilista de
modas, fica cada vez mais
famosa no Brasil e no exterior.
Paralelamente seu filho, Stuart
(Daniel de Oliveira), ingressa na
luta armada, que combatia as
arbitrariedades dos militares.
Numa noite Zuzu recebe uma
ligação, dizendo que "Paulo
caiu", ou seja, Stuart tinha sido
preso pelos militares. Pouco
tempo depois ela recebe uma
carta dizendo que Stuart foi
torturado até a morte na. Zuzu
vai se tornando uma figura cada
vez mais incômoda para a
ditadura.
30. O teatro conheceu um esplendor que não
resistiria à asfixia causada pela censura e
pela repressão.
Resultava do trabalho realizado, em especial,
por dois grupos, o Oficina, em torno de seu
diretor José Celso Martinez Corrêa (no exílio
de 1974 a 78), e o Arena, em torno de
Augusto Boal (no exílio a partir de 1969), que
se dedicaram a criar uma dramaturgia
brasileira e uma nova formação do ator.
31. Extremamente engajados, e invocando
Brecht como nome tutelar, vincariam a
história do teatro no país.
Ambos os grupos seriam dizimados pelo AI -
5, Ato Institucional.
O teatro mais artístico refugiou-se em
pequenas companhias.
34. Grande exemplo dessas manifestações,
podemos citar a criação da tropicália.
Um movimento cultural brasileiro que teve
influências musicais de artistas de
vanguardas e cultura pop nacional e
internacional.
As manifestações do movimento não se
restringiram a música, conhecidas pelos
cantores Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal
Costa, Os Mutantes, Tom Zé e Torquato Neto,
mas também influenciaram o cinema, teatro
e nas artes plásticas.
38. A grande imprensa sofria censura da
ditadura, ou se afinava com o governo,
enquanto que os pequenos jornais
alternativos denunciavam os abusos
de tortura e violação dos direitos humanos
no Brasil.
A imprensa alternativa era redigida por
jornalistas de movimento popular ou
de orientação política de esquerda, em boa
parte, despedidos dos grandes veículos.
39. Os jornais alternativos foram instrumentos
de resistência e espaço público durante o
período de abertura.
Porém os grandes veículos impressos tinham
jornalistas combativos, em dezembro de
1969, a revista Veja tinha em sua equipe
Raimundo Pereira, Élio Gaspari, Dirceu
Brizola, Bernardo Kucinski, cuja redação fora
desmontada após a publicação de duas
reportagens referentes a tortura de presos
políticos.
43. Em 25 de outubro de 1975, sob tortura, foi
assassinado o jornalista chefe da TV Cultura,
Vladimir Herzog.
A maioria dos jornais alternativos tiveram
vida curta como Versus, Coojornal, Repórter,
Opinião, Movimento, Em Tempo, entre
outros;
o Pasquim durou mais, de 1969 a 1988,
sofrendo forte censura militar até meados da
década de 70.