O documento descreve os principais movimentos culturais e artísticos das décadas de 1950 a 1980 no Brasil, como a Bossa Nova, a Tropicália, a Jovem Guarda, o Cinema Novo, os festivais de música, e o teatro de protesto. Também apresenta alguns dos maiores sucessos musicais, cinematográficos e teatrais de cada período.
2. Bossa Nova
A Bossa Nova é um movimento da música popular brasileira surgido no
final da década de 1950 na capital fluminense. De início, o termo era
apenas relativo a um novo modo de cantar e tocar samba naquela
época. Anos depois, Bossa Nova tornar-se-ia um dos gêneros musicais
brasileiros mais conhecidos em todo o mundo, especialmente associado
a João Gilberto, Vinicius de Moraes, Antonio Carlos Jobim e Luiz Bonfá.
3. Movimento que ficou associado ao crescimento urbano brasileiro - impulsionado pela fase
desenvolvimentista da presidência de Juscelino Kubitschek (1955-1960) -, a Bossa Nova iniciouse para muitos críticos quando foi lançado, em agosto de 1958, um compacto simples do
violonista baiano João Gilberto (considerado o papa do movimento), contendo as canções
Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de Moraes).
4. A Tropicália, Tropicalismo ou Movimento tropicalista
Foi um movimento cultural brasileiro que surgiu sob a influência das correntes artísticas de
vanguarda e da cultura pop nacional e estrangeira (como o pop-rock e o concretismo).
Houve a mistura de manifestações tradicionais da cultura brasileira a inovações estéticas
radicais.
Tinha objetivos comportamentais, que encontraram eco em boa parte da sociedade, sob o
regime militar, no final da década de 1960.
O movimento manifestou-se principalmente na música (cujos maiores representantes foram
Caetano Veloso, Gilberto Gil, Gal Costa, Torquato Neto, Os Mutantes e Tom Zé .
Houve o diálogo com outras manifestações artísticas como as artes plásticas, o Cinema Novo
Glauber Rocha e o teatro brasileiro.
5. Embora marcante, o Tropicalismo era visto por seus adversários como um movimento vago e
sem comprometimento político, comum à época em que diversos artistas lançaram canções
abertamente críticas à ditadura. De fato, os artistas tropicalistas fazem questão de ressaltar que
não estavam interessados em promover através de suas músicas referências temáticas
tradicionais à problemática político-ideológica, como feito até então pela canção de protesto:
acreditavam que a experiência estética vale por si mesma e ela própria já é um instrumento
social revolucionário.
6. Jovem Guarda
Foi um movimento surgido na segunda metade da década de 60, que mesclava música,
comportamento e moda. Surgiu com um programa televisivo brasileiro exibido pela Rede
Record, a partir de 1965. Ao contrário de muitos movimentos que surgiram na mesma época,
a Jovem Guarda não possuía cunho político.
Os integrantes do movimento foram influenciados pelo Rock and Roll da década de 50 e 60 e
pela precursora do rock no país, Celly Campello. Com isso, faziam uma variação nacional do
rock, batizada no país de "Iê-Iê-Iê"(expressão surgida em 1964, quando os Beatles lançaram o
filme "A Hard Day's Night", batizado no Brasil de "Os Reis do Iê-Iê-Iê“), com letras românticas e
descontraídas, voltada para o público jovem. A maioria de seus participantes teve como
inspiração o rock da década de 50/60, comandado por cantores como Elvis Presley e bandas
como os Beatles.
7. Entre os artistas do movimento destacaram-se:
Celly Campelo, Roberto Carlos, Erasmo
Carlos,Wanderléa, Vanusa, Eduardo Araújo, Silvinha,
Martinha... e as bandas, Os Incríveis, Renato e Seus
Blue Caps, Golden Boys e The Fevers.
Entre os principais sucessos estão "Quero Que Vá
Tudo Pro Inferno"; "Festa de Arromba"; "Pare o
Casamento"; "Garota do Roberto"; "Biquíni de
Bolinha Amarelinha"; "Meu Bem"; "Eu Daria a Minha
Vida"; "O Bom"; "Roda Gigante"; "Rua Augusta";
"Namoradinha de um Amigo Meu"; "Ternura"; "O
Caderninho"; "Tijolinho"; "Feche os Olhos"; "A Festa
do Bolinha"; "O Bom Rapaz" e "Menina Linda".
A partir dos anos de 1990, regravações da Jovem
Guarda feitas por outros grupos fizeram sucesso
entre os adolescentes.
8. Festivais na TV Excelsior
I Festival de Música Popular Brasileira
Local: Guarujá, São Paulo
Data: Abril 1965
Classificação:
1º Lugar: Arrastão (Edu Lobo e Vinicius de Moraes) - Intérprete: Elis Regina
2º Lugar: Valsa do Amor Que Não Vem (Baden Powell e Vinicius de Moraes) - Intérprete: Elizete
Cardoso
9. Festivais na TV Record
II Festival de Música Popular Brasileira
Local: Teatro Record
Data: Setembro e Outubro 1966
Prêmio Viola de Ouro
Classificação:
1º Lugar: A Banda (Chico Buarque) - Intérpretes: Chico Buarque e Nara Leão
Disparada (Geraldo Vandré e Teo de Barros) - Intérpretes: Jair Rodrigues, Trio Maraiá
e Trio Novo
2º Lugar: De Amor ou Paz (Luís Carlos Paraná e Adauto Santos) - Intérprete: Elza
Soares
10. III Festival de Música Popular Brasileira
"O FESTIVAL DA VIRADA"
Local: Teatro Paramount
Data: Outubro 1967
Prêmio Sabiá de Ouro
Classificação:
1º Lugar: Ponteio (Edu Lobo e Capinam) - Intérpretes: Edu Lobo, Marília Medalha e Quarteto
Novo
2º Lugar: Domingo no Parque (Gilberto Gil) - Intérpretes: Gilberto Gil e Os Mutantes
3º Lugar: Roda Viva (Chico Buarque) - Intérpretes: Chico Buarque e MPB-4
4º Lugar: Alegria, Alegria (Caetano Veloso) - Intérpretes: Caetano Veloso e Beat Boys
5° Lugar: Maria, Carnaval e Cinzas (Luiz Carlos Paraná) - Intérpretes: Roberto Carlos
6° Lugar: Gabriela (Francisco Maranhão) - Intérpretes: MPB-4
Melhor Intérprete: Elis Regina - O Cantador (Dori Caymmi e Nelson Motta)
Momento Marcante do III Festival de MPB
Beto Bom de Bola (Sérgio Ricardo) - Intérprete: Sérgio Ricardo
11. A Contestação no Teatro
A partir do final dos anos 50, a orientação do TBC, de dar prioridade a textos estrangeiros e
importar encenadores europeus, é acusada de ser culturalmente colonizada por uma nova
geração de atores e diretores que prefere textos nacionais e montagens simples.
Cresce a preocupação social, e diversos grupos encaram o teatro como ferramenta política
capaz de contribuir para mudanças na realidade brasileira.
O Teatro de Arena, que com seu palco circular aumenta a intimidade entre a platéia e os
atores, encena novos dramaturgos - Augusto Boal ''Marido magro, mulher chata'',
Gianfrancesco Guarnieri ''Eles não usam black-tie'', Oduvaldo Vianna Filho ''Chapetuba Futebol
Clube'' - e faz musicais como ''Arena conta Zumbi'', que projeta Paulo José e Dina Sfat.
12. Trabalho semelhante é o de José Celso Martinez Correa no Grupo Oficina, também de São
Paulo: além de montar ''Os pequenos burgueses'', de Gorki, ''Galileu, Galilei'', de Brecht, e
''Andorra'', de Max Frisch, redescobre ''O rei da vela'', escrito em 1934 por Oswald de Andrade,
mas proibido pelo Estado Novo; e cria ''Roda viva'', do músico Chico Buarque de Holanda.
Chico havia feito a trilha sonora para ''Vida e morte Severina'', auto nordestino de Natal, de
João Cabral de Melo Neto, montado pelo Teatro da Universidade Católica de São Paulo (Tuca) e
premiado no Festival Internacional de Teatro de Nancy, na França.
13. Os passos do Arena, de conotações nitidamente políticas, são seguidos pelo Grupo Opinião, do
Rio de Janeiro. Seu maior sucesso é ''Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come'', de
Oduvaldo Vianna Filho.
No final da década de 60, novo impulso à dramaturgia realista é dado por Plínio Marcos em
''Dois perdidos numa noite suja'' e ''Navalha na carne''. Outros autores importantes são Bráulio
Pedroso ''O fardão'' e Lauro César Muniz ''O santo milagroso''.
14. Cinema brasileiro
Com mais de um século de existência e sem uma indústria consolidada, a produção de cinema
no Brasil sempre foi marcada por altos e baixos. Conheça as fases e alguns dos grandes
sucessos que fizeram a história das telas nacionais
Primórdios – Início do século 20
Marco: A primeira sessão de cinema brasileiro no dia 1º de maio de 1897, em Petrópolis, no Rio
de Janeiro
Na tela: Quatro curtas dirigidos pelos irmãos Affonso e Paschoal Segreto
Fora dela: Durante os anos 20, nascem núcleos regionais de produção em diversas cidades
brasileiras, como Recife, Taubaté, Belo Horizonte, Pelotas, Campinas, Porto Alegre e Cataguases,
de onde saiu o diretor Humberto Mauro, um dos expoentes dessa fase
Limite - Melhor filme segundo a crítica
Diretor: Mário Peixoto
Ano: 1931
15. A Era dos Estúdios – Anos 30 a 50
Marco: A criação dos centros cinematográficos Cinédia (1930), Atlântida (1941) e Vera Cruz
(1949)
Na tela: As comédias musicais, que eternizaram Carmem Miranda, Grande Otelo e Oscarito, e as
chanchadas. Já a Vera Cruz fazia filmes mais intelectualizados, como O Cangaceiro
Fora dela: O Brasil desejava criar uma Hollywood tupiniquim, mas os altos custos levam a Vera
Cruz à falência e à redução do ritmo da produção
16. Cinema Novo – Anos 60
Marco: O mote “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”, eternizado por Glauber Rocha e
que se tornou lema do Cinema Novo
Na tela: Filmes baratos, com preocupações sociais, enraizados na cultura – e muitas vezes na
miséria – brasileira
Fora dela: O governo militar, por meio do Instituto Nacional de Cinema, patrocinava apenas
cineastas dispostos a falar bem do país. É como alternativa a essa produção que surge o Cinema
Novo
Vidas Secas
Diretor: Nelson Pereira dos Santos
Ano: 1963
Deus e o Diabo na Terra do Sol
Diretor: Gauber Rocha
Ano: 1964
17. Embrafilme – Anos 70 e 80
Marco: A criação da Empresa Brasileira de Filmes (Embrafilme), em 1969
Na tela: Longas que serviam de propaganda do governo e comédias apolíticas. Com a ditadura
mais branda, o órgão patrocina uma produção bem diversificada
Fora dela: As salas são obrigadas a exibir filmes nacionais por 112 dias no ano, o que impulsiona
as bilheterias. Cheia de dívidas, a Embrafilme é extinta no primeiro dia do governo Collor, em
1990, e a produção quase desaparece
Dona Flor e Seus Dois Maridos - Maior bilheteria
Diretor: Bruno Barreto
Ano: 1976
Pra Frente Brasil
Diretor: Roberto Farias
Ano: 1983
18. Retomada – Anos 90
Marco: Carla Camurati se dedica a todas as etapas de produção de Carlota Joaquina – da busca
de patrocínio à regência da orquestra que fez a trilha
Na tela: Produções bem-sucedidas mostram que sim, nós temos cinema: Terra Estrangeira, O
Quatrilho e O que É Isso, Companheiro? são exemplos
Fora dela: Para incentivar as produções, o governo Fernando Henrique cria, em 1995, a Lei
Rouanet e a Lei do Audiovisual, para que empresas possam deduzir do Imposto de Renda o
dinheiro investido em cinema
Carlota Joaquina - A princesa do Brasil
Diretora: Carla Camurati
Ano: 1994
19. Brasil no Mundo – Virada do século
Marco: Reconhecimento internacional com sucessivas indicações aos festivais internacionais,
como Berlim e o Oscar
Na tela: Filmes bem produzidos, bem finalizados e respeitados mundialmente como Central do
Brasil e Cidade de Deus
Fora dela: Os críticos criam o selo “cosmética da fome” para rotular os dois filmes, já que ambos
exportam um retrato tecnicamente bem acabado da miséria em nosso país
Central do Brasil - Vencedor do Festival de Berlim
Diretor: Walter Salles
Ano: 1998
Cidade de Deus - 4 indicações ao Oscar
Diretor: Fernando Meirelles
Ano: 2002
20. Sala cheia – Século 21
Marco: Filmes brasileiros voltam a encher as salas de cinema
Na tela: Os filmes de maior bilheteria têm sido produzidos pelo braço cinematográfico da Rede
Globo. No primeiro semestre de 2003, Deus é Brasileiro, de Cacá Diegues, Carandiru, de Hector
Babenco, e O Homem que Copiava, arrastaram em torno de 6,8 milhões de espectadores às
salas. Olga é a maior bilheteria deste ano
Fora dela: A produção de cinema é totalmente dependente das leis de incentivo que permitem
renúncia fiscal por parte dos patrocinadores
O Homem Que Copiava
Diretor: Jorge Furtado
Ano: 2002
Olga
Diretor: Jayme Monjardim
Ano: 2004