O documento discute o conceito de conhecimento em rede e como as novas tecnologias podem possibilitar esse processo de aprendizagem colaborativa. O projeto GENTE é apresentado como um exemplo de como escolas podem aplicar esse modelo utilizando tecnologias digitais para personalizar a aprendizagem de cada aluno.
A EDUCAÇÃO FÍSICA NO NOVO ENSINO MÉDIO: IMPLICAÇÕES E TENDÊNCIAS PROMOVIDAS P...
Conhecimento em rede
1. Conhecimento em Rede
O ensino por meio das novas
tecnologias pode possibilitar que o
processo de aprendizagem ocorra
através de redes de conhecimento?
2. Conhecimento em Rede – uma corrente holística
• O termo “Educação Holística” foi proposto pelo americano R. Miller
(1997) para designar o trabalho de um conjunto heterogêneo de liberais,
de humanistas e de românticos que tem em comum a convicção de que a
personalidade global de cada criança deve ser considerada na educação.
São consideradas todas as facetas da experiência humana, não só o
intelecto racional e as responsabilidades de vocação e cidadania, mas
também os aspectos físicos, emocionais, sociais, estéticos, intuitivos e
espirituais inatos do ser humano.
• O Holistic Education Network descreve a educação holística como um
conjunto de visões da educação que procuram educar completamente a
pessoa. Isso inclui estudos de visões interconectadas do mundo, tais como
as de relações corpo/mente, de inteligência múltiplas, de análises de
conceitos, de espiritualidade e de prática em sala de aula, além de estudos
que abordam, a partir de visões holísticas, as pessoas, as culturas, enfim, o
mundo e o cosmos.
3. O que é conhecimento em rede?
• Segundo o texto de José Carlos Libâneo, esse
conhecimento se constrói socialmente, não no sentido de
assimilação da cultura anteriormente acumulada, mas no
sentido de que ele emerge nas ações cotidianas, rompendo-se
com a separação entre conhecimento cientifico e conhecimento
cotidiano. Há uma vinculação do conhecimento com a prática
social, que se caracteriza pela multiplicidade e complexidade
de relações em meio das quais se criam e se trocam
conhecimentos, tecendo redes de conhecimentos entre os
sujeitos em interação.
O sentido figurado da palavra “rede”, no dicionário,
é tudo que leva adiante de si e apanha ou arrasta quando
encontra. A ideia do conhecimento em rede seria a de
transmitir e absorver conhecimento, em relações múltiplas
de troca de experiências, vivências e conteúdos.
4. Conhecimento em Rede – Papel do Educador/ Cooperação
Por meio das redes o educador pode criar um espaço em que
todos constroem juntos as competências e as aprendizagens sobre
temas e conteúdos diversos.
Permitem melhorar os meios tradicionais de ensino e
promovem novas oportunidades, comunicação, cooperação e a
construção do conhecimento.
Em ambientes de aprendizagem, professores e estudantes
deparam-se com muitas realidades diferentes, o que necessita de
uma construção de conhecimento na convivência, exigindo-se
construções de consciências coletivas a partir de um olhar que se
pauta no reconhecimento do outro em seu legítimo outro, nos
princípios de vida, solidariedade e responsabilidade.
Segundo Souza (2008): “os ambientes de
aprendizagem, presenciais ou à distancia,
mediados pela oralidade, pela escrita, pelo
debate e pela cooperação, permitem a criação de
significados e sentidos.”
5. As novas tecnologias e o impacto na educação
Ainda segundo Libâneo, estamos vivendo um momento que podemos
denominar de “pós-moderno”, em que há - Novas tecnologias da
comunicação e informação, ampliação e difusão da informação, novas
formas de produção, circulação e consumo da cultura, colapso da divisão
entre realidade e imagem, arte e vida.
O impacto dos avanços tecnológicos
tem provocado nas instituições de
ensino, mudanças em seu
comportamento, passando da
tranquilidade de um sistema educativo
social conservador e estático, para um
sistema educativo dinâmico, onde as
mudanças no ambiente e na tecnologia
obrigam os educadores a obter
conhecimentos gerais e específicos para
fazer frente à nova realidade.
As instituições de ensino
encontram-se sob elevada pressão em
relação aos avanços tecnológicos.
Assim, no atual contexto tecnológico
em que o mundo se volta
completamente para um sistema
dominado pela tecnologia, é necessário
despertar-se para um modelo
educacional que acompanhe este
sistema.
6. Uso das tecnologias para construção do conhecimento em Rede
No texto da Edméa Santos (UERJ/ProPEd), “a cibercultura e a educação
em tempos de mobilidade e redes sociais: conversando com os cotidianos”, o
cenário sociotécnico da cibercultura em sua fase atual marcada pela
colaboração e mobilidade pontua novos desafios para a educação. Ela entende
por cibercultura a cultura contemporânea estruturada pelo uso das tecnologias
digitais nas esferas do ciberespaço e das cidades que, atualmente, vem se
caracterizando pela convergência dos dispositivos e redes móveis, como os
laptops, celulares, mídias locativas, e pela emergência dos softwares sociais
que vêm estruturando redes sociais no ciberespaço e nas cidades.
A internet é muito mais que uma tecnologia, hoje está inserida em
nossos cotidianos como um meio de comunicação, de interação e de
organização social.
No construção do conhecimento em rede, a internet possibilita que os
indivíduos interajam com conhecimentos e culturas difundidos através
do mundo, seja através da pesquisa ou em tempo real, com outros
indivíduos, numa relação mútua de troca de informações.
7. Projeto GENTE:
Aplicando o uso de Novas Tecnologias associadas ao
Conhecimento em Rede
A Secretaria Municipal
de Educação do Rio de
Janeiro inaugurou
recentemente, na favela da
Rocinha, o Ginásio
Experimental de Novas
Tecnologias Educacionais
(GENTE).
Visão de Educação do Projeto:
• Educação Interdimensional: “É a educação
que não se limita a trabalhar a racionalidade
(logos) do educando, mas que se abre a outras
dimensões co-constitutivas do humano,
corporeidade (eros), emotividade (pathos) e
espiritualizade (mytho). O termo educação
interdimensional procura mostrar a superação das
disciplinas (enteléquias), apontando para uma
visão mais abrangente do ser humano.”
Prof Antônio Carlos Gomes da Costa
8. Projeto GENTE:
Aplicando o uso de Novas Tecnologias associadas ao
Conhecimento em Rede
Visão de Educação do Projeto:
• Transdisciplinaridade: “É a interação otimizada
entre as diversas disciplinas, sem que estas percam suas
especificidades. Isso implica uma colaboração para uma
saber comum, o mais completo possível, sem que
necessariamente se crie ou se refira a uma disciplina
única. A consequência de uma postura metodológica
transdisciplinar é a diminuição do aspecto negativo da
individualidade e fechamento das disciplinas em campos
estanques. É uma visão condizente com a
contemporaneidade, em que a pluralidade e a diferença
são a tônica dos encontros culturais”;
9. Projeto GENTE:
Aplicando o uso de Novas Tecnologias associadas ao
Conhecimento em Rede
Visão de Educação do Projeto:
• Educação para Valores: “Método pedagógico que cria espaços e
condições que possibilitam aos educandos vivenciar, identificar e
incorporar valores positivos às suas vidas, capacitando-os para
analisar situações e tomar decisões diante delas.”
• Pedagogia da Presença: “Relação educador-educando baseada na
abertura, reciprocidade e compromisso, onde o educador dedica ao
educando: tempo, presença, experiência e exemplo.”
• Taxonomia dos Objetivos Educacionais ou Taxonomia de Bloom:
A ideia central da taxonomia é a de que os objetivos educacionais
podem ser arranjados numa hierarquia do mais simples (lembrar) para o
mais complexo (criar).
10. Projeto GENTE:
Aplicando o uso de Novas Tecnologias associadas ao
Conhecimento em Rede
É a concepção de um novo modelo de escola que se
apropria integralmente de novas tecnologias educacionais,
coloca o aluno no centro do processo de aprendizagem e
pode ganhar escala.
Os principais pilares da proposta são: Ensino
personalizado, Projetos Transdisciplinares, Avaliação
baseada em competências, Uso de Tecnologia Digital e um
Currículo Expandido para a criação do eu e do meio com
habilidades cognitivas e não cognitivas.
O que é o GENTE?
11. Projeto GENTE:
Aplicando o uso de Novas Tecnologias associadas ao
Conhecimento em Rede
A proposta do GENTE é personalizar a aprendizagem estimulando a
colaboração.
De segunda a quinta-feira, cada aluno segue um itinerário formativo
individual que contém as habilidades que ele deve desenvolver naquela
semana. O itinerário está ligado à Educopédia¹, aos conteúdos selecionados
como importantes para o desenvolvimento daquelas habilidades e a itens
para aferir o desenvolvimento delas. Às sextas-feiras, os alunos que não
conseguiram desenvolver as habilidades previstas naquela semana são
direcionados para aulas de reforço.
Como está funcionando?
1 – Educopédia: é uma plataforma de aulas digitais criadas pela Secretaria
Municipal de Educação com o objetivo de tornar o ensino mais atraente e
mobilizador para os adolescentes e instrumentalizar o professor. O
programa oferece uma opção rápida e fácil de integrar tecnologia aos
estudos dos alunos
12. Projeto GENTE:
Aplicando o uso de Novas Tecnologias associadas ao
Conhecimento em Rede
O papel do professor no projeto pedagógico do GENTE não tem o
mesmo significado do que o de uma escola tradicional. “O objetivo é que o
professor passe a atuar de forma mais ampla comparado ao professor
especialista, que tem foco em uma disciplina. O mentor acompanha apenas
um time de alunos ao longo de todo o ano letivo e é responsável por
auxiliar cada aluno no seu processo de aprendizagem”, explica Rafael
Parente, um dos idealizadores do projeto, atualmente assessor do
Movimento Todos pela Educação.
Na opinião do professor da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp) Luiz Carlos de Freitas, é preciso olhar com cautela para os novos
papéis que são designados aos educadores. “Essas ideias rondam a
educação desde o início do século passado com a formulação da Escola
Nova. A ideia é de transformar o aluno e o professor em pesquisadores.
E o papel do professor?
13. • Maturana e Varela (1997) afirmam que emergir vivências do processo
de conhecimento é possível, pois esse processo acontece por meio de uma
construção ativa que se faz mediante a relação entre o sujeito e o mundo.
Portanto, saber interagir e saber conviver no ambiente de aprendizagem são
atitudes a serem assumidas entre os sujeitos para que haja construções mais
ativas, suscitadas por climas favoráveis de convivência, para processos de
aprendizagem emocionalmente saudáveis.
• Como consequência dos princípios de inter-relação e de equilíbrio, a
educação através do conhecimento em rede presta especial atenção nas
relações pessoais, incentivando com isso um espírito cooperativo, e na
adoção de decisões coletivas responsáveis. A educação gira em torno das
relações entre os alunos, entre estes e os adultos, de modo que a relação
professor-aluno tenda ser igualitária, aberta, dinâmica e não sujeita as
regras autoritárias, conseguindo, com isso, um sentido de comunidade.
14. Dentro desse contexto, ao professor não cabe mais o papel
de detentor da verdade absoluta, mas sim de transformador do
espaço da aprendizagem em um ambiente desafiador,
promovendo, assim, o desenvolvimento da autonomia, da
criatividade, da criticidade e da autoestima do aluno, tornando-
se também coautor, coaprendiz e coparticipante de todo o
processo, já que ele também está continuamente em processo
de formação.
O aluno deve, então, ser encarado como alguém pensante,
desejante, participante ativo, crítico e responsável por seus
processos, não mais considerado receptáculo de informações e
conhecimentos. Tornando-se agente da construção de seu
conhecimento, utilizando os recursos disponíveis para buscar,
selecionar e inter-relacionar informações significativas na
exploração, reflexão, representação e depuração de suas ideias.
15. Referências Bibliográficas:
• LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era da
informática. Tradução: Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: Editora 34, 1993;
• HARASIM, Linda (et. al.). Redes de Aprendizagem: Um guia para ensino e
aprendizagem on-line. Tradução de Ibraíma Dafonte Tavares. São Paulo: Editora
SENAC, 2005;
• SOUZA, Amaralina (org.). Comunidade de Trabalho e Aprendizagem em Rede. Bra
sília: Universidade de Brasília, 2009;
• CARDOSO, Clodoaldo Meneguello. A Canção da Inteireza – Uma visão holística da
Educação. São Paulo – SP, Summus Editoral, 1995;
• NOGUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia dos projetos: uma jornada interdisciplinar rumo
ao desenvolvimento das múltiplas inteligências. São Paulo: Érica, 2001;
• Texto base: José Carlos Libâneo – “AS TEORIAS PEDAGÓGICAS MODERNAS
RESIGINIFICADAS PELO DEBATE CONTEMPORÂNEO NA EDUCAÇÃO.”;
• Projeto GENTE:
http://www.buzzs.com.br/concepcao-inovadora-de-aprendizagem-e-implementada-na-
rocinha/;
http://gente.rioeduca.net/images/documentos/pressV9carta.pdf;
http://gente.rioeduca.net/images/documentos/Termo%20de%20Refer%C3%AAncia%20
GENTE.pdf;