1. Mulher
Oito de Março – dia internacional da mulher
Em sua homenagem dedico este texto
“... Então Deus criou o ser humano, à sua imagem, à
imagem de Deus o criou. Homem e Mulher os criou”.
- Gênesis, 1:27
Durante milênios, as mulheres viveram sob a repressão e a dominação masculina.
Foram torturadas, violentadas e tratadas como gado. Após períodos em que a vida
das mulheres melhorou, houve repressão ainda pior. Mas no século XX, finalmente
se apresentou à combinação correta de fatores: a massa crítica manifestou-se.
Metaforicamente, a deusa despertou. Podem vir a ocorrer dias difíceis, mas não há
retorno. Nunca as mulheres chegaram tão longe. A centelha do poder, da beleza e
da criatividade das mulheres, há muito enterrada ou esquecida, jamais renasceu
de um modo tão exuberante. Neste contexto surge uma pergunta: quem pode
mais, o homem ou a mulher?
Acho que a primeira vez que refleti adultamente sobre esta pergunta foi no dia
das mães, há algum tempo. Até porque a figura da mulher - e da mãe, em
particular - recebe imenso destaque em dias comemorativos, especialmente no
terreno da poesia e das artes em geral. Com toda justiça. Afinal, a mulher é a
grande plasmadora de todos nós.
Embora filhos pequenos vejam mãe e pai como um bloco monolítico indissolúvel, é
inegável que a figura materna se impõe de modo particular, até porque fomos
literalmente formados dentro dela.
Mas o homem, o pai, é básico em todas as culturas, o sexo masculino se impõe
invariavelmente. São raras as exceções. Observe que, se alguém tem nove filhas e
um único filho, chamará a todos de meus filhos. Em nosso modelo cultural até
Deus é masculino!
1
2. Peço a você que acompanhe o meu raciocínio. A despeito do aparente domínio
masculino, um mergulho na mente humana nos mostra que a mulher, em especial
a mãe, é uma espécie de corrente subterrânea, que mesmo quando não aparece
está sempre presente.
Não dizem que "a voz do povo é a voz de Deus?" Pois bem, o povo destaca o
poderoso papel da mulher quando mãe, ao dogmatizar: "a mão que embala o
berço governa o mundo". Como em teatro de marionetes, a mulher deixa o palco
para o homem, mas suas mãos conduzem os fios invisíveis das ações masculinas.
Penso, às vezes, que as lutas feministas apenas quebram parte desta magia
quando reivindicam o obvio. E o feminismo tem razão quando rejeita injustiças e a
indisfarçável arrogância masculina. Mas insisto em que o pretenso domínio
masculino serve, até certo ponto, neste jogo de cumplicidades e conveniências,
para os dois lados; jogo que mal disfarça o poder muito maior da mulher. Talvez,
o feminismo reclame agora também a ribalta... Assim, é natural para mim que a
mulher quebre, cada vez mais, preconceitos antigos e ocupe posições antes
consideradas masculinas.
Porque a libertação da mulher não é o fim. De modo algum. É o inicio de muito
trabalho. Há todo um mundo lá fora que necessita ser totalmente transformado,
para que homens e mulheres possam criar, desejar, construir e desfrutar.
Não se trata de mulheres assumindo o poder, mas de mulheres e homens
expressando juntos seu pleno potencial - estou convencido de que é preciso buscar
o equilíbrio harmonioso entre homem - mulher. Agora note bem: não existem
superioridades, mas diferenças que pedem a complementação.
Professor Daniel de Carvalho Luz
Daniel.luz2020@hotmail.com
2