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Aula V/2012




Teses e conceitos

O ESTADO, A ORIGEM E O
EXERCÍCIO DO PODER
                    Prof. Dr. Aristides J. da Costa Neto
                               aristides@univag.com.br
Conteúdo

1. Introdução
2. Sobre Governos e soberania
3. Esquema da relação entre os poderes originário
   e delegado
4. Considerações Finais
5. Referências
1. Introdução
Como Princípio Fundamental da CF/98, a República Federativa do Brasil
constitui-se em Estado Democrático de Direito Soberano, e, em que o Poder
emana e é exercido pelo Povo, direta e indiretamente.
O modelo brasileiro de Estado Republicano reflete a intenção de dar relativa
autonomia ao exercício do poder na esfera territorial, não concentrando a
tomada de decisões nas mãos de um dos entes. Neste sentido, a
descentralização significa também autonomia política e administrativa para os
diversos entes, para a execução dos comandos gerais tomados em consenso
(LENZA, 2008.
Não obstante os avanços, a nossa democracia é incipiente, porque os brasileiros
tem dificuldade de entender como pode intervir diretamente nas decisões
coletivas, e controlar os agentes públicos para que trabalhem com intuito de
cumprir o próprio papel em benefício da população, perseguindo a consecução
dos objetivos nacionais previstos no artigo 3°, como a erradicação da pobreza
(CF/98 Inciso III, art. 3°).
Neste estudo, vamos aprofundar a compreensão filosófica do significado do
poder, sua origem e modo de exercício.
Estudo

                     O pensar filosófico sobre “Poder”

Estratégia                               Objetivo
  1.   Estabelecer relações entre         Identificar o modo de pensar
       proposições de senso                filosófico.
       comum e as proposições             Desenvolver capacidade de
       filosóficas e científicas sobre     construir conceitos à partir dos
       a origem do poder e seu             conceitos já criados pelos autores
       exercício na esfera do              estudados.
       Estado.                            Compreender as situações
                                           problemas, formulando perguntas
                                           e respostas.
                                          Desenvolver argumentos,
                                           utilizando recursos teóricos
                                           aprendidos com autores filósofos
                                           e juristas.
Perspectiva histórica: a evolução da política e da democracia




                      2. Sobre Governos e soberania
Imagens da antiguidade



 A experiência
 democrática dos gregos
 inspiraram as
 democracias modernas.
Atenas
Organização política
O governo republicano de Roma
Exemplo de organização política com divisão de funções entre consules, senado e povo
Sófocles
Antígona e a resistência ao poder tirânico
Cenário de uma tragédia




 “Creonte concedeu a um de nossos irmãos
  (Etéocles) as honras da sepultura..., ao passo que,
  quanto ao infeliz Polinice, ele proibiu aos cidadãos
  que encerrem o corpo num túmulo, e sobre este
  derramem suas lágrimas”
                                  Palavras de Antígona, de Sófocles (496-406 AC)
Mito e pensamento


No diálogo com seu
filho Hémon, que                           “Só num país inteiramente
procura dissuadir o Pai
de tomar decisão
                                               deserto terias o direito de
unilateral, avaliada pelo                      governar sozinho.”
povo como injusta,
                                              Resposta de Hémon a Creonte, em Antígona, de Sóflcles.
Creonte pergunta se as
leis devem ser impostas
pelo povo, e se a
cidade não pertence ao
governante.




      Antígona (Filme completo gravado por alunos de direito da UFRN). Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=nf3ovl_e1fg
Imagem da autocracia e oligarquia




 Poder soberano do governante (um ou vários):
  hierarquia e dominação
Quebrando as imagens ideais


Ao longo da história, os
regimes democráticos
vem sobrevivendo de
forma precária. Embora
se conheça os atributos
característicos de uma
democracia estável, na
prática há muitas
descontinuidades e
sobressaltos.
Imagem da democracia




   Ao recusar a idéia de um indivíduo particular dominando os homens que são seus
    iguais (hómoioi), os antigos gregos concebem o poder (krátos) partilhado.
   As relações políticas são representadas em um modelo que denota equilíbrio de forças,
    e de reciprocidade das posições. O esquema espacial utilizado é o circulo, em que o
    centro, e não mais o alto ou o baixo, constitui o ponto de referência.
   Todo o sistema é presidido à partir de um centro, que pode ser entendida como uma
    ordem igualitária. No centro, portanto, uma “pureza” originária como ponto de
    referência, o apeiron. que “soberano à maneira de uma lei comum”, impõe-se a todos
    os particulares uma mesma norma (dike).
   Esta ordem originária comum realiza a mediação entre todos os pontos do espaço,
    uma comunhão (koinón), pois é a ela que todos os pontos particulares se referem,
    igualmente (VERNANT, 1990, p.279-283).
Sobre a soberania

Rousseau, apaixonado
dos antigos, sustentava
que “a soberania não
pode ser representada”,
e que o povo que se
julga livre por eleger os
parlamentares
(representantes) não
percebe que é
escravizado por eles.
(BOBBIO, 2000, p. 33)
Princípio da soberania do povo

 “Todo o poder repousa       “Nenhum corpo, nenhum
  no povo e, em                indivíduo pode exercer
  consequência, dele           uma autoridade que não
  deriva; os magistrados       emane expressamente da
  são os seus funcionários     nação.” (Declaração de
  e servidores, e durante      1789, Art. 3º)
  todo o tempo
  responsáveis perante
  ele.”
 Constituição da América
  do Norte, 1776.
Exercício da soberania

“Tanto a democracia
direta quanto a indireta
descendem do mesmo
princípio da soberania
popular, apesar de se
distinguirem pelas
modalidades e pelas
formas com que essa
soberania é exercida
(BOBBIO, 2000, p. 34)”
Imagens de uma revolução




   “Em geral, subentende-se que o rompimento com o regime absolutista inaugura
    imediatamente a democracia, observando-se a partir desse momento sua expansão,
    tanto geográfica, isto é, no número de países que experimentam a ruptura com o
    autocratismo, quanto civilmente, ou seja, no aumento da quantidade de pessoas
    admitidas ao jogo representativo. Ao longo deste segundo processo é que se
    registrariam retrocessos a formas não democráticas, omitindo-se a importante
    possibilidade de manutenção do sistema representativo, portanto não autoritário, mas
    cancelando-se algumas características de sua variante democrática.”¹
   ¹SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Poliarquia em 3D. Dados, Rio de Janeiro, v. 41, n. 2, 1998 . Available from
    <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52581998000200001&lng=en&nrm=iso>. access on 25 Aug. 2012.
    http://dx.doi.org/10.1590/S0011-52581998000200001
Idade atual: Democracia e liberalismo

 Nas discussões
  contemporâneas, quando
  o assunto é democracia,
  a ênfase é posta ora no
  aparato institucional
  (desenho institucional)
  ora na cultura política.
 O tipo de democracia
  implantada vai depender
  da opção feita:
  democracia liberal é
  diferente da democracia
  popular.
Na democracia, o conjunto dos cidadãos
é o titular do poder político

 “O que se considera que foi
  alterado na passagem da
  democracia dos antigos à
  democracia dos modernos...
  não é o titular do poder
  político, que é sempre o
  “povo”, entendido como o
  conjunto dos cidadãos a que
  se cabe em última instância o
  direito de tomar as decisões
  coletivas, mas o modo (mais
  ou menos amplo) de exercer
  esse direito (BOBBIO, 2000,
  p.31-32).”
Contraposição: Democracia direta e
democracia representativa

 “Nos mesmos anos em que, através das
  Declarações dos Direitos, nasce o Estado
  constitucional moderno, os autores do
  Federalista contrapõem a democracia direta
  dos antigos e das cidades medievais à
  democracia representativa, que é (na visão
  dos mesmos) o único governo popular
  possível num grande Estado (BOBBIO, 2000, p.
  32)”
Modelo de administração do Estado




  Burocracia




  Disponível em: http://portal.controlesocialdesarandi.com.br/administracao-publica/administracao-publica-entre-a-
  burocracia-e-a-incompetencia/
Democracia e governo

Apesar dos avanços da
história, a sociedade
ainda não tem
ferramentas de
participação
democrática efetivas,
porque o cidadão não
consegue manter
vínculo com os seus
representantes.
O sistema eleitoral é
falho em diversos
quesitos e afasta o
cidadão.
                        Imagem disponível em: http://www.euvotodistrital.org.br/tag/deputados/
Reação democrática ao neoliberalismo
                                                                                                              Hoje, a reação democrática
                                                                                                              diante dos neoliberais
                                                                                                              (oligárquicos) consiste em
                                                                                                              exigir a extensão do direito
                                                                                                              de participar na tomada de
                                                                                                              decisões coletivas para
                                                                                                              lugares diversos daqueles em
                                                                                                              que se tomam as decisões
                                                                                                              políticas, consiste em
                                                                                                              procurar conquistar novos
                                                                                                              espaços para a participação
                                                                                                              popular e, portanto, em
                                                                                                              prover a passagem da fase da
                                                                                                              democracia de equilíbrio
                                                                                                              (eliminação de
                                                                                                              discriminações políticas) para
                                                                                                              a fase da democracia de
                                                                                                              participação (BOBBIO, 2000,
                                                                                                              p. 96).



http://www.google.com.br/imgres?q=interven%C3%A7%C3%A3o+do+governo+na+economia&start=48&num=10&um=1&hl=pt-BR&rlz=1C1GGGE_pt-
BRBR491BR492&biw=1920&bih=936&addh=36&tbm=isch&tbnid=NqQYDZCmC2m0ZM:&imgrefurl=http://provosbrasil.blogspot.com/2011/09/o-lehman-brothers-e-amnesia-
neoliberal.html&imgurl=http://4.bp.blogspot.com/-
BBRyucmmHco/TnSXcQl8eGI/AAAAAAAAE1k/sYltCxYhwQM/s1600/crise_site.jpg&w=600&h=451&ei=O0M5UNi1OKmC6QHZyoHIDA&zoom=1&iact=hc&vpx=1494&vpy=300&du
r=3558&hovh=195&hovw=259&tx=118&ty=116&sig=101627080321856647017&page=2&tbnh=133&tbnw=174&ndsp=57&ved=1t:429,r:18,s:48,i:146
A ideologia do Estado mínimo
Paradoxo no comportamento das grandes corporações




                            Disponível em: http://www.viomundo.com.br/diva/como-reverter-minha-crescente-rejeicao.html
O mal-estar dos nossos dias

 “Os 30 anos neoliberais do capitalismo foram
    um tempo de retrocesso social e político, de
    aumento brutal das desigualdades e da
    instabilidade financeira e de diminuição das
    taxas de crescimento econômico. Mas o
    Estado social europeu sobreviveu porque foi
    defendido em eleições democráticas.
    (BRESSER-PEREIRA, 2011)”
   Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2908201109.htm. Acesso em 25 ago. 2012
Fim do neoliberalismo?
                     “O mal-estar do nosso tempo
                      só será superado quando o
                      mundo rico redescobrir o
                      futuro. Mas essa redescoberta
                      só pode ser feita quando fizer
                      a crítica ao neoliberalismo.
                     Os anos neoliberais do
                      capitalismo terminaram com a
                      crise financeira de 2008, que
                      os desmoralizou, como
                      desmoralizou a teoria
                      econômica neoclássica que os
                      justificava (BRESSER-
                      PRERIERA, 2011)”
Teses de Enrique Dussel


3. Esquema da relação entre os poderes
originário e delegado
Da Potentia à Potestas



                        [Aparência fenomênica]

                           Potestas
                       Poder político institucional


   (Negativa)                                             (Positiva)
Poder Fetichizado                                     Poder Obediencial




                            Potentia
                (Como poder consensual, com auctoritas)
                            [Fundamento]
Conceito de poder como potentia
Denominaremos
potentia ao poder que
tem a comunidade
como uma faculdade ou
capacidade que é
inerente a um povo
enquanto última
instância de soberania,
da autoridade, da
governabilidade, do
político. Este poder
como potentia constitui
a essência de todo o
político. (DUSSEL, 2007,
p.29
POTENTIA

 “A potentia é, então, o ponto de partida. Mas o
  mero poder da comunidade, não obstante seja o
  fundamento último, não possui ainda existência
  real, objetiva, empírica. A mera vontade
  consensual factível da comunidade permanece
  inicialmente indeterminada, em-si, ou seja, é
  como a semente, que possuindo em potência a
  árvore futura, ainda não uma arvore, nem tem
  raízes, nem caule, nem ramos, nem frutos.
  Poderá tê-los, mas ainda não os tem. A semente
  è uma àrvore em-si, não se havendo desdobrado,
  realizado, crescido, aparecido à luz do
  mundo(DUSSEL, 2007, p. 31-32).”
O aparelho do Estado
Máquina que pode estar a serviço de poucos
Potentia real e potentia inexistente
 “Da mesma maneira, o
poder como potentia (em
seu duplo sentido de
força e de ser uma
possibilidade futura),
embora seja o
fundamento de todo
poder político, se não
fosse atualizado (por
meio da ação política
com poder) ou
institucionalizado (por
meio de todas as
mediações políticas para
poder cumprir as funções
do político), ficaria em
potência, como uma
mera possibilidade
inexistente (DUSSEL,
2007, p. 32).”
Conceito de poder como potestas

 “A necessária institucionalização do poder da
  comunidade, do povo, constitui o que denominaremos
  potestas. A comunidade institucionalizada, ou seja,
  tendo criado mediações para seu exercício possível,
  cinde-se da mera comunidade indiferenciada. Esta cisão
  entre potentia e potestas, entre (a) o poder da
  comunidade política como sede e (b) a diferenciação
  heterogênea de funções por meio de instituições que
  permitam que o poder se torne real, empírico, factível,
  que apareça no campo político (como fenômeno) é
  necessária, e marca a aparição antiga da política, sendo
  ao mesmo tempo o perigo supremo como origem de
  todas as injustiças e dominações (DUSSEL, 2007, p. 32).”
Presidente em exercício
Juscelino e o projeto de Brasília, a Nova Capital do País
A delegação do poder

 “O poder é tido só e sempre em potentia pela
  comunidade política, o povo. Torna-se real graças à
  institucionalização (potestas)... Porque, com efeito,
  quando uma comunidade concorda em dar a si
  própria um governo, deve decidi-lo
  comunitariamente e isto já é um ato democrático.
  Poderá depois decidir-se institucionalizar a potestas
  como sistema monárquico ou republicano, como
  república oligárquica ou democrática, etc. Uma vez
  institucionalizada a potestas suficientemente,
  começa o exercício normal delegado do poder em
  mãos de representantes (DUSSEL, 2007, p. 33).”
Considerações Finais


3. Lições básicas sobre grupos e estruturas
organizacionais
Lição básica
Agrupamento humano e          Ao contrário do que gostaríamos de acreditar, não
estrutura                      existe algo como um grupo “sem estrutura”.
                               Qualquer grupo de pessoas de qualquer natureza,
                               reunindo-se por qualquer período de tempo, para
                               qualquer propósito, inevitavelmente estruturar-se-á
                               de algum modo. A estrutura pode ser flexível, pode
                               variar com o tempo, pode distribuir entre os
                               membros do grupo as tarefas, o poder e os recursos
                               de forma igual ou desigual. Mas ela será formada a
                               despeito das habilidades, personalidades e
                               intenções das pessoas envolvidas. O simples fato de
                               que somos indivíduos com aptidões, predisposições
                               e experiências diferentes torna isso inevitável.
                               Apenas se nos recusamos a nos relacionar ou
                               interagir em qualquer base poderemos nos
                               aproximar da “ausência de estrutura” e essa não é a
                               natureza de um grupo humano.
                                                                                           Jo Freeman
                                https://rizoma.milharal.org/2012/07/14/a-tirania-das-organizacoes-sem-estrutura/
REFERÊNCIAS
   BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. 6ª Ed. Brasília: Editora
    Universidade de Brasília, 1995.
   ___. Liberalismo e Democracia. São Paulo: Brasiliense, 2000.
   BOBBIO, Norberto and POLITO, Petro. O ofício de viver, o ofício de ensinar, o
    ofício de escrever. Estud. av. [online]. 2006, vol.20, n.58, pp. 189-209. ISSN
    0103-4014. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142006000300019.
   BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
    Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988.
   BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. O mal-estar dos nossos dias. FSP, Mundo. São
    Paulo, 2011. Disponível em:
    http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2908201109.htm. Acesso em: 25
    ago. 2012.
   DUSSEL, Enrique. 20 Teses de Política. São Paulo: Expressão Popular, 2007.
   LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 12 ed. Ver. Atual e
    ampl. São Paulo: Saraiva, 2008.
   VERNANT, Jean-Pierre. Mito e pensamento entre os gregos: estudos de
    psicologia histórica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
Vida e obra de Norberto Bobbio

Norberto Bobbio, professor de Filosofia
do Direito de 1935 a 1972, foi um dos
autores que discutiu a relação entre a
democracia contemporânea e o
liberalismo.



Informações complementares
 Disponível em: Dhttp://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-
40142006000300019&script=sci_arttext. Acesso em: 25 ago. 2012.

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Estudo conceito de poder

  • 1. Aula V/2012 Teses e conceitos O ESTADO, A ORIGEM E O EXERCÍCIO DO PODER Prof. Dr. Aristides J. da Costa Neto aristides@univag.com.br
  • 2. Conteúdo 1. Introdução 2. Sobre Governos e soberania 3. Esquema da relação entre os poderes originário e delegado 4. Considerações Finais 5. Referências
  • 3. 1. Introdução Como Princípio Fundamental da CF/98, a República Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito Soberano, e, em que o Poder emana e é exercido pelo Povo, direta e indiretamente. O modelo brasileiro de Estado Republicano reflete a intenção de dar relativa autonomia ao exercício do poder na esfera territorial, não concentrando a tomada de decisões nas mãos de um dos entes. Neste sentido, a descentralização significa também autonomia política e administrativa para os diversos entes, para a execução dos comandos gerais tomados em consenso (LENZA, 2008. Não obstante os avanços, a nossa democracia é incipiente, porque os brasileiros tem dificuldade de entender como pode intervir diretamente nas decisões coletivas, e controlar os agentes públicos para que trabalhem com intuito de cumprir o próprio papel em benefício da população, perseguindo a consecução dos objetivos nacionais previstos no artigo 3°, como a erradicação da pobreza (CF/98 Inciso III, art. 3°). Neste estudo, vamos aprofundar a compreensão filosófica do significado do poder, sua origem e modo de exercício.
  • 4.
  • 5. Estudo O pensar filosófico sobre “Poder” Estratégia Objetivo 1. Estabelecer relações entre  Identificar o modo de pensar proposições de senso filosófico. comum e as proposições  Desenvolver capacidade de filosóficas e científicas sobre construir conceitos à partir dos a origem do poder e seu conceitos já criados pelos autores exercício na esfera do estudados. Estado.  Compreender as situações problemas, formulando perguntas e respostas.  Desenvolver argumentos, utilizando recursos teóricos aprendidos com autores filósofos e juristas.
  • 6. Perspectiva histórica: a evolução da política e da democracia 2. Sobre Governos e soberania
  • 7. Imagens da antiguidade A experiência democrática dos gregos inspiraram as democracias modernas.
  • 9. O governo republicano de Roma Exemplo de organização política com divisão de funções entre consules, senado e povo
  • 10. Sófocles Antígona e a resistência ao poder tirânico
  • 11. Cenário de uma tragédia  “Creonte concedeu a um de nossos irmãos (Etéocles) as honras da sepultura..., ao passo que, quanto ao infeliz Polinice, ele proibiu aos cidadãos que encerrem o corpo num túmulo, e sobre este derramem suas lágrimas”  Palavras de Antígona, de Sófocles (496-406 AC)
  • 12. Mito e pensamento No diálogo com seu filho Hémon, que  “Só num país inteiramente procura dissuadir o Pai de tomar decisão deserto terias o direito de unilateral, avaliada pelo governar sozinho.” povo como injusta,  Resposta de Hémon a Creonte, em Antígona, de Sóflcles. Creonte pergunta se as leis devem ser impostas pelo povo, e se a cidade não pertence ao governante. Antígona (Filme completo gravado por alunos de direito da UFRN). Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=nf3ovl_e1fg
  • 13. Imagem da autocracia e oligarquia  Poder soberano do governante (um ou vários): hierarquia e dominação
  • 14. Quebrando as imagens ideais Ao longo da história, os regimes democráticos vem sobrevivendo de forma precária. Embora se conheça os atributos característicos de uma democracia estável, na prática há muitas descontinuidades e sobressaltos.
  • 15. Imagem da democracia  Ao recusar a idéia de um indivíduo particular dominando os homens que são seus iguais (hómoioi), os antigos gregos concebem o poder (krátos) partilhado.  As relações políticas são representadas em um modelo que denota equilíbrio de forças, e de reciprocidade das posições. O esquema espacial utilizado é o circulo, em que o centro, e não mais o alto ou o baixo, constitui o ponto de referência.  Todo o sistema é presidido à partir de um centro, que pode ser entendida como uma ordem igualitária. No centro, portanto, uma “pureza” originária como ponto de referência, o apeiron. que “soberano à maneira de uma lei comum”, impõe-se a todos os particulares uma mesma norma (dike).  Esta ordem originária comum realiza a mediação entre todos os pontos do espaço, uma comunhão (koinón), pois é a ela que todos os pontos particulares se referem, igualmente (VERNANT, 1990, p.279-283).
  • 16. Sobre a soberania Rousseau, apaixonado dos antigos, sustentava que “a soberania não pode ser representada”, e que o povo que se julga livre por eleger os parlamentares (representantes) não percebe que é escravizado por eles. (BOBBIO, 2000, p. 33)
  • 17. Princípio da soberania do povo  “Todo o poder repousa  “Nenhum corpo, nenhum no povo e, em indivíduo pode exercer consequência, dele uma autoridade que não deriva; os magistrados emane expressamente da são os seus funcionários nação.” (Declaração de e servidores, e durante 1789, Art. 3º) todo o tempo responsáveis perante ele.”  Constituição da América do Norte, 1776.
  • 18. Exercício da soberania “Tanto a democracia direta quanto a indireta descendem do mesmo princípio da soberania popular, apesar de se distinguirem pelas modalidades e pelas formas com que essa soberania é exercida (BOBBIO, 2000, p. 34)”
  • 19. Imagens de uma revolução  “Em geral, subentende-se que o rompimento com o regime absolutista inaugura imediatamente a democracia, observando-se a partir desse momento sua expansão, tanto geográfica, isto é, no número de países que experimentam a ruptura com o autocratismo, quanto civilmente, ou seja, no aumento da quantidade de pessoas admitidas ao jogo representativo. Ao longo deste segundo processo é que se registrariam retrocessos a formas não democráticas, omitindo-se a importante possibilidade de manutenção do sistema representativo, portanto não autoritário, mas cancelando-se algumas características de sua variante democrática.”¹  ¹SANTOS, Wanderley Guilherme dos. Poliarquia em 3D. Dados, Rio de Janeiro, v. 41, n. 2, 1998 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0011-52581998000200001&lng=en&nrm=iso>. access on 25 Aug. 2012. http://dx.doi.org/10.1590/S0011-52581998000200001
  • 20. Idade atual: Democracia e liberalismo  Nas discussões contemporâneas, quando o assunto é democracia, a ênfase é posta ora no aparato institucional (desenho institucional) ora na cultura política.  O tipo de democracia implantada vai depender da opção feita: democracia liberal é diferente da democracia popular.
  • 21. Na democracia, o conjunto dos cidadãos é o titular do poder político  “O que se considera que foi alterado na passagem da democracia dos antigos à democracia dos modernos... não é o titular do poder político, que é sempre o “povo”, entendido como o conjunto dos cidadãos a que se cabe em última instância o direito de tomar as decisões coletivas, mas o modo (mais ou menos amplo) de exercer esse direito (BOBBIO, 2000, p.31-32).”
  • 22. Contraposição: Democracia direta e democracia representativa  “Nos mesmos anos em que, através das Declarações dos Direitos, nasce o Estado constitucional moderno, os autores do Federalista contrapõem a democracia direta dos antigos e das cidades medievais à democracia representativa, que é (na visão dos mesmos) o único governo popular possível num grande Estado (BOBBIO, 2000, p. 32)”
  • 23. Modelo de administração do Estado  Burocracia Disponível em: http://portal.controlesocialdesarandi.com.br/administracao-publica/administracao-publica-entre-a- burocracia-e-a-incompetencia/
  • 24. Democracia e governo Apesar dos avanços da história, a sociedade ainda não tem ferramentas de participação democrática efetivas, porque o cidadão não consegue manter vínculo com os seus representantes. O sistema eleitoral é falho em diversos quesitos e afasta o cidadão. Imagem disponível em: http://www.euvotodistrital.org.br/tag/deputados/
  • 25. Reação democrática ao neoliberalismo Hoje, a reação democrática diante dos neoliberais (oligárquicos) consiste em exigir a extensão do direito de participar na tomada de decisões coletivas para lugares diversos daqueles em que se tomam as decisões políticas, consiste em procurar conquistar novos espaços para a participação popular e, portanto, em prover a passagem da fase da democracia de equilíbrio (eliminação de discriminações políticas) para a fase da democracia de participação (BOBBIO, 2000, p. 96). http://www.google.com.br/imgres?q=interven%C3%A7%C3%A3o+do+governo+na+economia&start=48&num=10&um=1&hl=pt-BR&rlz=1C1GGGE_pt- BRBR491BR492&biw=1920&bih=936&addh=36&tbm=isch&tbnid=NqQYDZCmC2m0ZM:&imgrefurl=http://provosbrasil.blogspot.com/2011/09/o-lehman-brothers-e-amnesia- neoliberal.html&imgurl=http://4.bp.blogspot.com/- BBRyucmmHco/TnSXcQl8eGI/AAAAAAAAE1k/sYltCxYhwQM/s1600/crise_site.jpg&w=600&h=451&ei=O0M5UNi1OKmC6QHZyoHIDA&zoom=1&iact=hc&vpx=1494&vpy=300&du r=3558&hovh=195&hovw=259&tx=118&ty=116&sig=101627080321856647017&page=2&tbnh=133&tbnw=174&ndsp=57&ved=1t:429,r:18,s:48,i:146
  • 26. A ideologia do Estado mínimo Paradoxo no comportamento das grandes corporações Disponível em: http://www.viomundo.com.br/diva/como-reverter-minha-crescente-rejeicao.html
  • 27. O mal-estar dos nossos dias  “Os 30 anos neoliberais do capitalismo foram um tempo de retrocesso social e político, de aumento brutal das desigualdades e da instabilidade financeira e de diminuição das taxas de crescimento econômico. Mas o Estado social europeu sobreviveu porque foi defendido em eleições democráticas. (BRESSER-PEREIRA, 2011)”  Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2908201109.htm. Acesso em 25 ago. 2012
  • 28. Fim do neoliberalismo?  “O mal-estar do nosso tempo só será superado quando o mundo rico redescobrir o futuro. Mas essa redescoberta só pode ser feita quando fizer a crítica ao neoliberalismo.  Os anos neoliberais do capitalismo terminaram com a crise financeira de 2008, que os desmoralizou, como desmoralizou a teoria econômica neoclássica que os justificava (BRESSER- PRERIERA, 2011)”
  • 29. Teses de Enrique Dussel 3. Esquema da relação entre os poderes originário e delegado
  • 30. Da Potentia à Potestas [Aparência fenomênica] Potestas Poder político institucional (Negativa) (Positiva) Poder Fetichizado Poder Obediencial Potentia (Como poder consensual, com auctoritas) [Fundamento]
  • 31. Conceito de poder como potentia Denominaremos potentia ao poder que tem a comunidade como uma faculdade ou capacidade que é inerente a um povo enquanto última instância de soberania, da autoridade, da governabilidade, do político. Este poder como potentia constitui a essência de todo o político. (DUSSEL, 2007, p.29
  • 32. POTENTIA  “A potentia é, então, o ponto de partida. Mas o mero poder da comunidade, não obstante seja o fundamento último, não possui ainda existência real, objetiva, empírica. A mera vontade consensual factível da comunidade permanece inicialmente indeterminada, em-si, ou seja, é como a semente, que possuindo em potência a árvore futura, ainda não uma arvore, nem tem raízes, nem caule, nem ramos, nem frutos. Poderá tê-los, mas ainda não os tem. A semente è uma àrvore em-si, não se havendo desdobrado, realizado, crescido, aparecido à luz do mundo(DUSSEL, 2007, p. 31-32).”
  • 33. O aparelho do Estado Máquina que pode estar a serviço de poucos
  • 34. Potentia real e potentia inexistente “Da mesma maneira, o poder como potentia (em seu duplo sentido de força e de ser uma possibilidade futura), embora seja o fundamento de todo poder político, se não fosse atualizado (por meio da ação política com poder) ou institucionalizado (por meio de todas as mediações políticas para poder cumprir as funções do político), ficaria em potência, como uma mera possibilidade inexistente (DUSSEL, 2007, p. 32).”
  • 35. Conceito de poder como potestas  “A necessária institucionalização do poder da comunidade, do povo, constitui o que denominaremos potestas. A comunidade institucionalizada, ou seja, tendo criado mediações para seu exercício possível, cinde-se da mera comunidade indiferenciada. Esta cisão entre potentia e potestas, entre (a) o poder da comunidade política como sede e (b) a diferenciação heterogênea de funções por meio de instituições que permitam que o poder se torne real, empírico, factível, que apareça no campo político (como fenômeno) é necessária, e marca a aparição antiga da política, sendo ao mesmo tempo o perigo supremo como origem de todas as injustiças e dominações (DUSSEL, 2007, p. 32).”
  • 36. Presidente em exercício Juscelino e o projeto de Brasília, a Nova Capital do País
  • 37. A delegação do poder  “O poder é tido só e sempre em potentia pela comunidade política, o povo. Torna-se real graças à institucionalização (potestas)... Porque, com efeito, quando uma comunidade concorda em dar a si própria um governo, deve decidi-lo comunitariamente e isto já é um ato democrático. Poderá depois decidir-se institucionalizar a potestas como sistema monárquico ou republicano, como república oligárquica ou democrática, etc. Uma vez institucionalizada a potestas suficientemente, começa o exercício normal delegado do poder em mãos de representantes (DUSSEL, 2007, p. 33).”
  • 38. Considerações Finais 3. Lições básicas sobre grupos e estruturas organizacionais
  • 39. Lição básica Agrupamento humano e  Ao contrário do que gostaríamos de acreditar, não estrutura existe algo como um grupo “sem estrutura”. Qualquer grupo de pessoas de qualquer natureza, reunindo-se por qualquer período de tempo, para qualquer propósito, inevitavelmente estruturar-se-á de algum modo. A estrutura pode ser flexível, pode variar com o tempo, pode distribuir entre os membros do grupo as tarefas, o poder e os recursos de forma igual ou desigual. Mas ela será formada a despeito das habilidades, personalidades e intenções das pessoas envolvidas. O simples fato de que somos indivíduos com aptidões, predisposições e experiências diferentes torna isso inevitável. Apenas se nos recusamos a nos relacionar ou interagir em qualquer base poderemos nos aproximar da “ausência de estrutura” e essa não é a natureza de um grupo humano.  Jo Freeman  https://rizoma.milharal.org/2012/07/14/a-tirania-das-organizacoes-sem-estrutura/
  • 40. REFERÊNCIAS  BOBBIO, Norberto. Teoria do Ordenamento Jurídico. 6ª Ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1995.  ___. Liberalismo e Democracia. São Paulo: Brasiliense, 2000.  BOBBIO, Norberto and POLITO, Petro. O ofício de viver, o ofício de ensinar, o ofício de escrever. Estud. av. [online]. 2006, vol.20, n.58, pp. 189-209. ISSN 0103-4014. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-40142006000300019.  BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988.  BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. O mal-estar dos nossos dias. FSP, Mundo. São Paulo, 2011. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/ft2908201109.htm. Acesso em: 25 ago. 2012.  DUSSEL, Enrique. 20 Teses de Política. São Paulo: Expressão Popular, 2007.  LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 12 ed. Ver. Atual e ampl. São Paulo: Saraiva, 2008.  VERNANT, Jean-Pierre. Mito e pensamento entre os gregos: estudos de psicologia histórica. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1990.
  • 41. Vida e obra de Norberto Bobbio Norberto Bobbio, professor de Filosofia do Direito de 1935 a 1972, foi um dos autores que discutiu a relação entre a democracia contemporânea e o liberalismo. Informações complementares Disponível em: Dhttp://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103- 40142006000300019&script=sci_arttext. Acesso em: 25 ago. 2012.