2. Guia de Redação
Sumário
QUALIDADES E CARACTERÍSTICAS DE UMA REDAÇÃO ...............................................................3
Objetividade .........................................................................................................................3
Concisão ...............................................................................................................................3
Clareza ..................................................................................................................................3
Precisão ................................................................................................................................3
Polidez ..................................................................................................................................3
Harmonia ..............................................................................................................................4
CORREÇÃO DE UM TEXTO .........................................................................................................4
Correção ...............................................................................................................................4
Revisão .................................................................................................................................4
Roteiro para a revisão do texto .........................................................................................4
CONSTRUÇÃO DA FRASE E DO PARÁGRAFO...........................................................................5
A frase...............................................................................................................................5
O parágrafo ...........................................................................................................................5
Dicas gerais para uma boa redação: ..........................................................................................6
RELATÓRIO ...............................................................................................................................6
Partes: ..................................................................................................................................6
Complemento de Apoio ........................................................................................................7
ORTOGRAFIA.........................................................................................................................7
Emprego de Vogais ...............................................................................................................7
Emprego de Consoantes........................................................................................................9
ALGUMAS REGRAS BÁSICAS DE CONCORDÂNCIA ................................................................ 10
CRASE ..................................................................................................................................... 11
EMPREGO DOS PORQUÊS ....................................................................................................... 13
SUBSTANTIVOS COMPOSTOS .................................................................................................. 14
ACENTUAÇÃO GRÁFICA........................................................................................................... 15
ADJETIVOS COMPOSTOS ......................................................................................................... 16
PRONOMES DEMONSTRATIVOS .............................................................................................. 16
DIFICULDADES MAIS FREQÜENTES NO USO DA LÍNGUA .......................................................... 17
USO DE SINAIS ........................................................................................................................ 28
SINTAXE .................................................................................................................................. 33
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 39
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3. Guia de Redação
QUALIDADES E CARACTERÍSTICAS DE UMA REDAÇÃO
Objetividade
A objetividade consiste no uso de palavras adequadas para que o pensamento seja expresso e
entendido imediatamente pelo leitor. É necessário que se coloque uma idéia após a outra,
hierarquizando as informações. Termos supérfluos, excesso de adjetivos, idéias e vocábulos
repetidos devem ser eliminados, pois comprometem a eficácia do documento.
ü Use linguagem objetiva e clara.
ü Seja preciso.
ü Evite palavras desgastadas pelo uso.
ü Amplie o vocábulo ativo.
Concisão
O texto conciso é aquele que transmite o máximo de informações com o mínimo de palavras.
Resulta de um trabalho de reflexão (o que escrever?) e de elaboração (como escrever?),
concentrando-se na essência da mensagem.
ü Empregue frases curtas.
ü Evite acúmulo de idéias em um só parágrafo.
ü Exercite-se na recomposição do texto.
ü Deixe passar algum tempo depois de ter escrito: reflita, descanse suas idéias.
ü Retorne o que escreveu, procurando melhorar a forma.
ü Refaça o texto até encontrar um resultado agradável.
Clareza
O texto claro possibilita a imediata compreensão pelo leitor. O autor fará uso de língua padrão,
de entendimento geral, com formalidade e padronização, para a uniformidade dos textos.
ü Ordene as idéias e as palavras.
ü Escolha vocabulário de entendimento geral.
ü Refaça as frases depois de escrita.
ü Evite, no texto, o acúmulo de fatos e opiniões.
Precisão
Consiste em empregar a palavra exata para expressar uma idéia, com conotações próprias, que
melhor se ajuste àquilo que desejamos e precisamos exprimir.
ü Escreva parágrafos curtos e sem muitos pormenores.
ü Escreva somente sobre aquilo que conhece bem.
ü Ajuste as mensagens ao leitor.
ü Consulte o dicionário sempre que necessário.
Polidez
A polidez consiste no emprego de expressões respeitosas e tratamento apropriado àqueles a
quem se reporta ou a quem me refiro. As expressões vulgares provocam mal-estar, assim como
os tratamentos irreverentes, a intimidade, a gíria, a banalidade, a ironia e as leviandades.
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4. Guia de Redação
ü Empregue, sem abuso, os adjetivos.
ü Use termo técnico, (jargão) somente quando se justificar pelo assunto.
ü Evite o excesso de interjeições e exclamações.
ü Seja conciso.
Harmonia
O ajuste das palavras na frase e das frases no período resulta em combinações harmônicas,
que predispõem o leitor à proposta apresentada. São prejudiciais à harmonia: os cacófatos
(palavras obscenas ou inconvenientes resultantes do encontro de sílabas finais com sílabas
iniciais), as assonâncias (semelhança ou igualdade de sons na frase ou no período) e os ecos
(repetição sucessiva de finais idênticos).
ü Evite a repetição dos auxiliares ter, ser, haver, permanecer.
ü Procure a palavra adequada para evitar locuções verbais.
ü Evite as expressões: efetivamente, certamente, além disso, tanto mais, então, por um
ü lado, por outro lado, definitivamente, a dizer a verdade, a verdade é a seguinte, por
sua parte, por seu outro lado.
ü Use um parágrafo para cada idéia.
ü Não esconda demasiadamente o sujeito de suas frases.
ü Evite palavras complexas e jargão técnico.
CORREÇÃO DE UM TEXTO
Correção
A correção consiste no respeito às normas e princípios do idioma e às regras gramaticais e
ortográficas.
Devem ser evitados: erros de sintaxe, erros na forma das palavras, a troca de palavras
parecidas, emprego abusivo de palavras e expressões estrangeiras, emprego de palavras e
expressões antiquadas e as palavras novas, cujo sentido é ainda instável.
ü Preocupe-se com a clareza da mensagem.
ü Evite períodos longos.
ü Use a ordem direta para facilitar o entendimento.
ü Seja criativo.
ü Aproveite as variantes lingüísticas realmente expressivas.
Revisão
A versão definitiva de um texto se obtém após uma leitura minuciosa, adequando a forma ao
conteúdo e respeitando ponderadamente a estética, o estilo (clareza e precisão), a estrutura
(seqüência, ordenação, coesão e coerência) e a gramática (ortografia, acentuação,
concordância, regência, crase e pontuação).
Roteiro para a revisão do texto
ü A composição é lida com facilidade? Está bem equilibrada?
ü Os pontos principais foram devidamente enfatizados? Faltou alguma coisa essencial?
ü Existem erros de coerência lógica ou erros de ortografia?
ü O significado de cada sentença está claro?
ü As sentenças longas estão bem organizadas?
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5. Guia de Redação
ü Deixe de lado a composição por algum tempo antes de revisá-la. (1BARRASS, 1979,
p.52)
CONSTRUÇÃO DA FRASE E DO PARÁGRAFO
A frase
Segundo 2GARCIA (1985, p. 6), frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para
estabelecer comunicação. Pode expressar um juízo, indicar uma ação, estado ou fenômeno,
transmitir um apelo, uma ordem ou exteriorizar emoções. As frases, geralmente, integram dois
termos, o sujeito e o predicado.
ü Escreva sempre obedecendo a um raciocínio lógico.
ü Não faça muitas alterações na ordem das palavras dentro do período. A inversão
muito forte provoca desentendimento e gera incompreensão.
ü Não acumule numa só frase pensamentos que não tem muita relação entre si e
com os quais se possam formar algumas frases separadas.
ü As idéias de um texto devem ser ligadas de forma que o leitor não possa fugir
delas, abandoná-las, encontrar buracos ou redundâncias.
O parágrafo
Garcia (31985, p. 203) define parágrafo uma unidade de composição, constituída por um ou
mais de um período, em que se desenvolve ou se explana determinada idéia central a que
geralmente se agregam outras secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e
logicamente decorrentes dela .
Cada parágrafo do texto deve, corresponder uma idéia central a ser desenvolvida. O texto,
portanto deverá conter, em princípio, tantos parágrafos quantas forem as idéias centrais. O
parágrafo comporta, no seu desenvolvimento, idéias secundárias, que deverão estar
intimamente relacionadas entre si e com a idéia central.
Em sua estrutura, o parágrafo geralmente apresenta três partes:
a) tópico frasal consiste, geralmente, na frase inicial, que expressa, de maneira sucinta, a
idéia central do parágrafo;
b) desenvolvimento é formado pelas frases que esclarecem essa idéia central, discutindo-
a em detalhes;
c) conclusão esta contida em uma frase final. Que enuncia a parte mais interessante ou o
clímax do parágrafo, ou ainda, que sintetiza o conteúdo.
Exemplo:
Tópico frasal
A eletricidade, desde o início da civilização industrial, esteve associada ao progresso.
Desenvolvimento
O cidadão medianamente informado percebe a conexão entre a atividade econômica de
uma comunidade ou país e a disponibilidade de energia. Já na primeira metade deste
século analistas alertavam para a razão, praticamente constante, que existe entre o
consumo de energia e o produto interno bruto em cada país.
Conclusão
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6. Guia de Redação
Todavia, a eletricidade sempre mereceu um destaque especial, pois está, objetivamente ou
não, ligada a uma aspiração de modernidade e de poder.
Dicas gerais para uma boa redação:
ü reúna todos os dados necessários antes de escrever;
ü vá direto ao assunto;
ü seja conciso;
ü evite as duplas negações como não improvável (no lugar de possível) e não injustificável;
ü não use metáforas (ex.: no coração do governo municipal), analogias ou outras figuras de
estilo;
ü não empregue a voz passiva se for possível usar a voz ativa;
ü evite locuções estrangeiras, termos técnicos ou jargão, usá-los somente se imprescindível;
ü para idéias novas, utilize parágrafo novo;
ü coloque-se no lugar do leitor; observe o nível da linguagem;
ü redija com precisão vocabular;
ü seja claro: não deixe margem a interpretação ambígua;
ü atente para a pontuação;
ü trate todas as pessoas com a máxima cortesia;
ü responda sem demora à correspondência recebida;
ü se é preciso apresentar queixas, evite o tom ofensivo, que pode resultar em reações
indesejáveis e prejudiciais;
ü em vez de censurar, peça explicações.
RELATÓRIO
É uma descrição de fatos passados, analisados com o objetivo de orientar o serviço interessado ou
superior imediato para determinada ação. Do ponto de vista do Projeto APE, relatório é um
documento oficial no qual o Monitor Educacional expõe as atividades de uma Unidade
Administrativa, ou presta conta de seus atos à Coordenação do Projeto.
O relatório não é um ofício desenvolvido. Ele é exposição ou narração de atividades ou fatos, com a
discriminação de todos os seus aspectos ou elementos.
Partes:
a) título: denominação do documento (relatório);
b) invocação: tratamento e cargo ou função da autoridade a quem é dirigido, seguidos,
preferencialmente, de dois-pontos;
c) textos: exposição do assunto. O texto do relatório deve obedecer à seguinte seqüência:
ü introdução: referência à disposição legal ou à ordem superior que motivou ou
determinou a apresentação do relatório e breve menção ao assunto ou
objeto;
ü análise: apreciação do assunto, com informações e esclarecimentos que se
façam necessários à sua perfeita compreensão. A análise deve ser objetiva e
imparcial. O relator deve registrar os fatos de que tenha conhecimento direto,
ou através de fontes seguras, abstendo-se de divagações ou apreciações de
natureza subjetiva sobre fatos desconhecidos ou pouco conhecidos. Quando
se fizer necessário, o relatório poderá ser acompanhado de tabelas, gráficos,
fotografia e outros elementos que possam contribuir para o perfeito
esclarecimento dos fatos e sua melhor compreensão por parte da autoridade
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7. Guia de Redação
a quem se destina o documento. Esses elementos podem ser colocados no
corpo do relatório ou, se muito extensos, reunidos a ele em forma de anexo;
ü conclusão: determinados os fatos e feita sua apreciação, chega o momento de
se tirarem as conclusões. Não podem ir além da análise feita, o que as tornaria
insubsistentes e, por isso mesmo, despidas de qualquer valor;
ü sugestões ou recomendações: muitas vezes, além de tirar conclusões, o
relator em decorrência do que constatou e concluiu, também apresenta
sugestões ou recomendações sobre medidas a serem tomadas. Essas
sugestões ou recomendações devem ser precisas, práticas e concretas,
devendo relacionar-se com a análise anteriormente feita.
d) fecho: fórmula de cortesia. Trata-se de parte dispensável;
e) local e data;
f) assinatura: nome e cargo ou função da(s) autoridade(s) ou servidor(es) que apresenta(m)
o relatório.
Complemento de Apoio
O conhecimento das regras gramaticais não é suficiente para se escrever bem. Porém o domínio do
vocabulário, da ortografia, da estrutura das frases, dos períodos simples e compostos, contribui
para uma melhor redação.
ORTOGRAFIA
(do grego orthos direito, correto e graphein escrever )
A correção ortográfica é requisito elementar de qualquer texto, e ainda mais importante
quando se trata relatórios técnicos. Muitas vezes, uma simples troca de letras pode alterar não só o
sentido da palavra, mas de toda uma frase. O que na correspondência particular seria apenas um
lapso de digitação pode ter repercussões indesejáveis em relatórios técnicos causando desde a
impressão de desleixo à de incapacidade técnica do profissional que relata. Assim, toda revisão
que se faça em um relatório deve sempre levar em conta a correção ortográfica.
Com relação aos erros de grafia, pode-se dizer que são de dois tipos: os que decorrem do
emprego inadequado de determinada letra por desconhecimento de como escrever uma palavra, e
aqueles causados por lapso datilográfico. As seções seguintes visam dirimir as dúvidas relativas aos
erros do primeiro tipo; as do segundo, só a revisão atenta pode resolver.
Emprego de Vogais
As vogais na língua portuguesa admitem certa variedade de pronúncia, dependendo de sua
intensidade (i. é, se são tônicas ou átonas). Com essa variação na pronúncia, nem sempre a
memória, baseada na audição, retém a forma correta da grafia. A lista a seguir não é exaustiva, mas
procura incluir as dificuldades mais correntes.
o Palavras com E, e não I acarear
acreano (ou acriano)
aéreo
o Palavras com I, e não E Aborígine
acrimônia
o Palavras com O, e não U Abolir
agrícola
o Palavras com U, e não O Acudir
bônus
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8. Guia de Redação
o Palavras com EI, e não E Aleijado
alqueire
o Palavras com E, e não EI adrede
alameda
o Palavras com OU, e não O agourar
o Palavras com O, e não OU alcova
ampola
anchova (ou enchova)
o Emprego do H: com H ou sem o H? Haiti
Halo
Havaí
Hangar
Harmonia
o Palavras com G, e não J Adágio
Agenda
Agiota
Algema
Algibeira
o Palavras com J, e não G Ajeitar
Encoraje
Enjeitar
enrijecer
o Palavras com C, Ç e não S ou SS nem À beça
SC Absorção
Abstenção
Cem (cento)
Cemitério
coação
o Palavras com S, e não C ou SC, nem X Adensar
Adversário
Amanuense
apreeensão
o Palavras com SS, e não C, Ç Abissínia
acessível
admissão
aerossol
agressão
o Palavras com SC, e não C, Ç, S, SS abscesso
abscissa
acrescentar
acrescer, acréscimo
o Palavras com X, e não S, SS apoplexia
aproximar
auxílio
contexto
exclusivo
o Palavras com S, e não X adestrar
contestar
destreza
destro
o Palavras com XC (entre vogais), com exceção
valor de /s/ excedente
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9. Guia de Redação
exceder
excedível
excelência
o Palavras com Z, e não S abalizado
abalizar
acidez
aduzir
agilizar
o Palavras com S, e não Z aburguesar
abusar, abuso
aceso
acusar, acusativo
adesão, adesivo
afrancesar
agasalhar
o Palavras com X, e não Z ou S exagero
exalar
exaltar
exame, examinar
exangue
o Palavras com X, e não CH abacaxi
afrouxar
almoxarife, almoxarifado
ameixa
o Palavras com CH, e não X achacar, achaque
achincalhar
ancho
anchova, ou enchova
o Palavras com X, e não CC ou CÇ afluxo
amplexo
anexar, anexo
asfixia(r)
axila(r)
o Palavras com CC, CÇ, e não X cocção
cóccix (ou coccige)
confecção
Emprego de Consoantes
Assim como emprego de vogais provoca dúvidas, há algumas consoantes especialmente as
que formam dígrafos (duas letras para representar um som), ou a muda (h), ou, ainda, as diferentes
consoantes que representam um mesmo som constituem dificuldade adicional à correta grafia.
Se houver hesitação quanto ao emprego de determinada consoante, consulte a lista que segue.
Lembre-se de que a grafia das palavras tem estreita relação com sua história. Vocábulos derivados
de outras línguas, por exemplo, mantêm certa uniformidade nas adaptações que sofrem ao serem
incorporados ao português (do francês garage ao port. garagem; do latim actione, fractione ao
port. ação, fração; etc.). Palavras que provêm de outras palavras quase sempre mantêm a grafia do
radical de origem (granjear: granja; gasoso: gás, analisar: análise). Há, ainda, certas terminações
que mantêm uniformidade de grafia (-aça, -aço, -ecer, -ês, -esia, -izar, etc.).
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10. Guia de Redação
ALGUMAS REGRAS BÁSICAS DE CONCORDÂNCIA
ü O sujeito seguido de tudo , nada , ninguém , nenhum , cada um verbo no singular.
Ex.: Desvios, fraudes, roubos, tudo acontecia naquele país. (núcleo resumido por tudo ,
verbo no singular)
ü Ação reflexiva = verbo no plural.
Ex.: Deram-se as mãos virtude e formosura (Bocage). (Verbo no plural com ação reflexiva,
sujeito composto proposto)
ü Quando a ação verbal se referir a todos os elementos do sujeito = verbo no plural.
Ex.: Laranja ou mamão fazem bem à saúde.
ü Nem = verbo no plural (concordância usual).
Ex.: Nem Ana nem Paula são bem-vindas.
ü Numa retificação = verbo concorda com o último elemento.
Ex.: O ladrão ou os ladrões não deixaram vestígio.
ü Quando a ação verbal se aplicar a um dos elementos, com exclusão dos demais = verbo no
singular.
Ex.: João ou Antônio chegará em primeiro lugar.
ü Elementos sinônimos = verbo no singular.
Ex.: A lingüística ou a glatologia é uma ciência recente.
ü Nem um, nem outro = verbo no singular.
Ex.: Nem um, nem outro respondeu à questão
ü Mais de , menos de , cerca de , obra de + numeral = verbo concordando com o
numeral.
Ex.: Mais de um aluno se retirou.
ü Mais de dois alunos se retiraram. Mais de repetido ou indicando reciprocidade = verbo
no plural.
Ex.: Mais de um aluno, mais de um professor estavam presentes. Mais de um aluno se
abraçaram.
ü Verbo intransitivo + se (índice de indeterminação do sujeito) = verbo no singular.
Ex.: Riu-se muito.
ü Verbo transitivo indireto + se (índice de indeterminação do sujeito) = verbo no singular.
Ex.: Precisa-se de ferramentas.
ü Verbo transitivo direto + se (pronome apassivador) = verbo concordando com o
substantivo (=sujeito), a frase pode ser transformada na voz passiva analítica.
Ex.: Cometeram-se os mesmos erros. (Os mesmos erros foram cometidos).
ü Verbo Haver (= existir ou = ocorrer) = verbo no singular.
Ex.: Havia muitas cadeiras vazias na sala.
Houve brigas na saída.
ü Verbos que fazem referência a tempo (haver, fazer, ir, estar, ser) = verbo no singular.
Ex.: Há cinco meses que ela não aparece.
Faz cinco meses que ela não aparece.
É tarde.
Faz muito calor.
ü Nas locuções verbais, os verbos impessoais transmitem sua impessoalidade ao verbo
anterior, chamado de auxiliar.
Ex.: Vai fazer cinco anos que...
Pode haver outras alternativas.
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11. Guia de Redação
ü É muito , é pouco , é mais de , é menos de , etc + preço, peso, quantidade = verbo no
singular.
Ex.: Duas horas é muito. Dois é bom, três é demais.
ü Em datas = existem três possibilidades de construção:
Ex.: Hoje são 14 de abril
Hoje é dia 14 de abril
Hoje é 14 de abril (verbo concorda com a idéia implícita de dia)
ü Em horas = verbo concorda com o predicativo (= horas).
ü Ex.: Que horas são?
É uma hora.
São duas horas.
CRASE
Designa a contração da preposição a com o artigo a(s) ou com os pronomes demonstrativos
aquele(s) , aquela(s) , aquilo .
Dicas
ü Substitua a palavra feminina por uma masculina. Se resultar ao , haverá acento.
Ex.: Fomos à praia (ao porto).
ü Substitua o a por para ou para a(s). Se resultar na expressão para a(s) , a crase é
confirmada.
Ex.: Voltar à feira (voltar para a feira).
ü Substitua o verbo ir pelo verbo voltar. Se resultar na expressão voltar da , então ocorre a
crase.
Ex.: Devia ir à praia (devia voltar da praia).
ü Acento nas locuções femininas:
locuções adverbiais: à beça, à direita, à luz, à moda, à vontade, etc.;
locuções prepositivas: à cata de, à espera de, à força de, à procura de, etc.;
locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que, etc.
CASO USO OBRIGATÓRIO USO PROIBIDO USO FACULTATIVO
Aquele, aqueles, aquilo, Poucos chegaram
aquela, aquelas àquele - -
cargo
Com o demonstrativo As nossas tentativas
a foram - -
inferiores à dela
Antes de palavras Quando estiver
Masculinas subentendido à TV a cabo, carro a
moda de : álcool, -
cabelos à Elvis; termo traje a rigor
feminino: vou à
(praça)
Zacarias
Antes de verbos - Disposto a falar -
Antes de pronomes Antes de senhora e Antes da maior parte Antes de pronomes
indefinidos, senhorita deles: possessivos no singular:
demonstrativos, de Falou a ela... relatou a(à) sua família
tratamento, etc Solicitei a Vossa
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12. Guia de Redação
Senhoria...
Quando a vem antes
de - Foi a reuniões -
Plural
Palavras repetidas Frente a frente -
- Cara a cara
Depois de para , A reunião foi marcada
perante , - para -
com , contra e outras as 16h
preposições
Antes de cidades, Foi à Itália (voltou da); Foi a Roma (voltou de)
estados chegou à Roma do Foi a Curitiba (voltou -
e países Papa de)
(chegou da)
Locuções femininas Às pressas; à vontade; Locuções femininas de
adverbiais, conjuntivas à meio
ou noite; à procura de; à ou instrumento:
prepositivas toa; - à vela / a vela
às 10h à vista / a vista
Para evitar ambigüidade,
use
o acento de crase:
receber à
bala
Antes do artigo Exceções: gritar à uma Refiro-me a uma
indefinido (ao possibilidade maior -
uma mesmo tempo);
chegar à
uma hora da tarde
Antes dos pronomes Esta é a pessoa a cuja
relativos cuja(s) e filha
quem - me referi -
Esta é a professora a
quem
devo meu estudo
Antes de nomes de
mulheres, o artigo - - Dei o recado à Maria
denota
intimidade ou
popularidade
Diante de Nossa Devo essa graça a -
Senhora - Nossa
e nomes de santos Senhora Aparecida
Depois da preposição O fogo queimou até a
até porta
- - do escritório (a porta foi
queimada); O fogo
queimou
até à porta do...(a porta
não
foi queimada)
Antes da palavra casa Não se referindo ao Voltei a casa para
no próprio almoçar -
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13. Guia de Redação
sentido de lar , lar, escreve-se: Chegaram exaustos a
domicílio Fui à casa de um casa
amigo
Antes da palavra Quando a distância Educação a (à) distância
distância está - Obs.: a maioria dos
determinada: a casa gramáticos não
ficava recomenda o
à distância de 10m acento
Não ocorre acento indicativo de crase:
a) quando se fizer referência a dois elementos (substantivos ou numerais) ligados por
"de...a", não ocorrerá acento grave antes do segundo elemento:
Ex.: De segunda a sábado ...
De hoje a domingo ...
De 1 a 5 ...
De 1ª a 4ª série ...
No entanto, quando se define o primeiro elemento mediante o emprego de "do" / "da", o
segundo inicia com "à" (ou "ao"). É uma questão de paralelismo.
Ex.: As turmas da 1ª à 4ª série foram convidadas.
Estivemos fora do ar da meia-noite às duas da manhã.
A sala ficará aberta desta terça à sexta-feira.
b) diante de substantivo feminino usado em sentido geral, indeterminado, porque, nesse
caso, não ocorre o artigo definido "a(s)".
Ex.: Ele tem aversão a mulher (...a mulher em geral)
Crédito sujeito a aprovação.
Paciente submetido a intervenção cirúrgica.
Presidente responde a denúncia hoje.
Denúncia pode levar o presidente a condenação.
Se, no entanto, a expressão vier determinada, ocorrerá acento indicativo de crase.
Ex.: Ele tem aversão a mulher. (Ele tem aversão a (uma) mulher (qualquer)).
Ele tem aversão à mulher de João. (É uma mulher determinada, definida).
Tráfico em frente a escola. (Tráfico em frente a (uma) escola (qualquer)).
Tráfico em frente à escola Clementina. (É uma escola determinada, definida).
c) diante de "terra", significando "chão firme", "solo", sem especificação.
Ex: Os marinheiros voltaram a terra.
Diante de "terra", significando "chão firme", "solo", com especificação, ocorre acento.
Ex: Irei à terra de meus pais.
A palavra "terra , significando planeta, é substantivo próprio e admite artigo.
Conseqüentemente, quando houver também a preposição, ocorrerá o fenômeno da crase.
Ex: Os astronautas voltaram à Terra.
EMPREGO DOS PORQUÊS
A palavra porquê aparece escrita de quatro maneiras diferentes, de acordo com sua posição e seu
significado na frase.
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14. Guia de Redação
· Por que: função de advérbio interrogativo, ficando subentendidas as palavras: razão,
motivo o pronome relativo pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais.
Ex.: Por que você está triste?
Essa é a razão por que não me calo.
· Por quê: usado antes de ponto-e-vírgula ou dois-pontos, ou no final de frase.
Ex.: Você chorou, por quê? Eu chorava sem saber por quê; ou no fundo eu talvez soubesse.
· Porque: função de conjunção, que introduz uma explicação, causa ou conseqüência.
Ex.: Tem-nos consideração porque o serviço que lhe prestaram foi enorme.
Venha porque precisamos de você.
· Porquê: precedido do artigo o ou pronome adjetivo, tem a função de substantivo.
Equivale a motivo ou indagação.
Ex.: Não me interessa o porquê de sua tristeza.
Descobri o porquê de tanto choro.
SUBSTANT IVOS COMPOSTOS
Os substantivos formam o plural de acordo com as seguintes regras:
REGRA CASOS EXEMPLOS
Substantivo + substantivo Licença-prêmio, licenças-
prêmios
Salário-família, salários-
famílias
Os dois elementos pluralizam Obs.: o segundo termo
quando acontecer: também pode ficar
no singular.
Substantivo + adjetivo Cachorro-quente, cachorros-
quentes
Guarda-municipal, guardas-
municipais
Obra-prima, obras-primas
Adjetivo + substantivo Curta-metragem, curtas-
metragens, málíngua,
más-línguas,
meio-termo, meios-termos
Numeral + substantivo Segunda-feira, segundas-feiras
Varia somente o primeiro Substantivo + preposição + Pé-de-moleque, pés-de-
elemento substantivo moleque
Pôr-do-sol, pores-do-sol
Elementos unidos sem hífen Os passatempos
Os pontapés
Os vaivéns
Verbo + substantivo Os guarda-roupas
Varia somente o segundo Os guarda-vidas
elemento quando acontecer: Os salva-vidas
Elemento invariável + palavra Os alto-falantes
variável Os abaixo-assinados
(documento)
Palavras repetidas ou Os reco-recos
onomatopaicas Os corre-corres
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15. Guia de Redação
Os bem-te-vis
Observação
Se os dois elementos são formados por verbos, os dois podem ir para o plural.
Ex.: Os corres-corres.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
A acentuação é um fenômeno que se manifesta tanto na língua falada quanto na escrita. No
âmbito da fala, marcamos a acentuação das palavras de forma automática, com uma sutil
elevação de voz. Eventualmente, ocorrem dúvidas quanto à pronúncia que são na verdade
dúvidas quanto à acentuação de determinada palavra, como nos exemplos: rubrica ou
*/rúbrica/, Nobel ou */Nóbel/.
Na língua escrita, a acentuação das palavras decorre basicamente da necessidade de marcar
aqueles vocábulos que, sem acento, poderiam ser lidos ou interpretados de outra forma .8
A acentuação gráfica compreende o uso de quatro sinais:
a) o agudo (´), para marcar a tonicidade das vogais a (paráfrase, táxi, já), i (xícara, cível, aí) e u
(cúpula, júri, miúdo); e a tonicidade das vogais abertas e (exército, série, fé) e o (incólume,
dólar, só);
b) o grave (`), exclusivamente para indicar a ocorrência de crase, i. é, a coocorrência da
preposição a com o artigo feminino a ou os demonstrativos a, aquele(s), aquela(s), aquilo (v.
anteriormente em crase. Casos Especiais).
c) o circunflexo (^), para marcar a tonicidade da vogal a nasal ou nasalada (lâmpada, câncer,
espontâneo), e das vogais fechadas e (gênero, tênue, português) e o (trôpego, bônus, robô);
d) e acessoriamente o til (~), para indicar a nasalidade (e em geral a simultânea tonicidade) em
a e o (cristã, cristão, pães, cãibra; corações, põe(s), põem)
Regras de Acentuação Gráfica
ü Quanto à Tonicidade
Proparoxítonos: todas as palavras em que a antepenúltima sílaba é a mais forte são acentuadas
graficamente:
câmara, estereótipo, falávamos, discutíamos, América, África. Seguem, ainda, esta regra os
proparoxítonos eventuais ou relativos, i. é, os terminados em ditongo crescente: ministério, ofício,
previdência, homogêneo, ambíguo, Ásia, Rondônia.
Paroxítonos: as palavras em que a penúltima sílaba é a mais forte são acentuadas graficamente
quando terminam em:
- i(s): júri(s), táxi(s), lápis, tênis;
- us: bônus, vírus, Vênus;
- ã(s), -ão(s): órfã, ímã, órfãs, órgão, órgãos, bênção, bênçãos;
-om, -ons: rádom (ou radônio), iâmdom, nêutron, elétron, nêutrons;
-um, -uns: fórum, álbum, fóruns, álbuns;
-l: estável, estéril, difícil, cônsul, útil;
-n: hífen, pólen, líquen;
-r: açúcar, éter, mártir, fêmur;
-x: látex, fênix, sílex, tórax;
-ps: bíceps, fórceps.
Observações:
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16. Guia de Redação
a) A regra de acentuar paroxítonos terminados em i ou r não se aplica aos prefixos terminados
nessas letras: anti-, semi-, hemi-, arqui-, super-, hiper-, alter-, inter-, etc.
b) Atente para o fato de que a regra dos paroxítonos terminados em -en não se aplica ao plural
dessas palavras nem a outras com a terminação -ens: liquens, hifens, itens, homens, nuvens, etc.
Oxítonos: as palavras em que a sílaba mais forte é a última são acentuadas quando terminadas
em:
-a(s): guaraná, atrás, (ele) será, (tu) serás, Amapá, Pará;
-e(s): tevê, clichê, cortês, português, pajé, convés;
-o(s): complô, robô, avô, avós, após, qüiproquó(s);
-em, -ens: armazém, armazéns, também, (ele) provém (eles) detêm.
Observação:
As palavras tônicas que possuem apenas uma sílaba (monossílabos) terminadas em a, e e o seguem
também esta regra: pá, pé pó, (tu) dás, três, mês, (ele) pôs, má, más; assim também os
monossílabos verbais seguidos de pronome: dá-la, tê-lo, pô-la, etc.
ADJETIVOS COMPOSTOS
Os adjetivos compostos formam o plural de acordo com as seguintes regras:
Adjetivo + adjetivo Somente o último elemento forma a flexão do
Plural.
Ex.: ciências político-sociais; conflitos russo-
americanos;
Somente se flexiona o último elemento.
Ex.: crianças recém-nascidas; esforços sobre-
humanos;
pessoas mal-educadas.
Observações
Escritores modernos usam os dois elementos no plural, sem hifenizar.
Ex.: Papéis verdes claros.
Locuções adjetivas formadas de cor + de + Os elementos ficam invariáveis.
substantivo Ex.: livros cor-de-rosa; cortinas cor de vinho.
Adjetivo + substantivo Os elementos ficam invariáveis.
Ex.: olhos verde-esmeralda; canetas azul-
petróleo; pastas amarelo-canário.
Observação
Exceção: palavras invariáveis
Ex.: surdo-mudo, surdos-mudos.
Ternos azul-marinho.
PRONOMES DEMONSTRATIVOS
São pronomes que situam o ser no espaço e no tempo, tomando como ponto de referência as
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17. Guia de Redação
pessoas gramaticais.
Este esta isto: indicam que o ser está perto do falante.
Ex.: Esta Secretaria (perto do falante) solicita a esse Instituto (perto do ouvinte) um mapa de
Vitória.
Esse essa isso: indicam que o ser está perto do ouvinte. Também são empregados com
segunda referência a pessoa ou coisa.
Ex.: Antonio Moraes foi contratado em 1990 para o setor de RH. Esse funcionário...
Aquele aquela aquilo: indicam que o ser está afastado do falante e do ouvinte.
Ex.: Feche aquela porta (aquela lá).
DIFICULDADES MAIS FREQÜENTES NO USO DA LÍNGUA
ü Tráfego / tráfico
Tráfego fluxo de mercadorias ou veículos.
Ex.: O tráfego melhorou após a construção da Rodovia Norte-Sul.
Tráfico comércio de escravos, drogas; negócio ilícito.
Ex.: O tráfico de entorpecentes cresce assustadoramente.
ü Geminado / germinado
Geminado que se apresenta ligado; duplicado.
Ex.: Na 2ª-feira, as aulas de português são geminadas.
Germinado que germinou (desenvolveu-se, brotou, evoluiu).
Ex.: O feijão germinava.
ü A princípio / em princípio
A princípio significa no início, no começo.
Ex.: A princípio, tudo foi maravilhoso, mas não tardaram a surgir problemas.
Em princípio significa em tese, teoricamente.
Ex.: Em princípio, sua proposta nos interessa, mas só o secretário pode aceitá-la.
ü Ambos os dois redundância que deve ser evitada.
Ex.: Ambos trabalham na mesma secretaria.
ü Concerto / conserto
Concerto harmonia de vozes ou de instrumentos; acordo; pacto.
Ex.: O concerto para violoncelo e orquestra foi excepcional.
Conserto ato de consertar, restaurar, remendar.
Ex.: O conserto do carro durou duas semanas.
ü Flagrante / fragrante
Flagrante como substantivo, significa ato que se observa e registra no momento em que
acontece; acontecimento.
Ex.: O ladrão foi pego em flagrante.
Os fotógrafos registraram o flagrante da vida urbana.
Como adjetivo, significa evidente, indiscutível.
Ex.: O erro do juiz é flagrante.
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18. Guia de Redação
Fragrante que exala bom odor; aromático; cheiroso.
Ex.: As rosas são fragrantes.
ü Infligir / infringir
Infligir aplicar pena ou punição.
Ex.: O juiz infligiu duas penas aos ladrões.
Infringir cometer uma infração, transgredir.
Ex.: Ele não pode infringir os termos da Portaria.
ü Onde / aonde
Onde - indica lugar fixo.
Aonde - expressa a idéia de movimento (para onde). Para indicar procedência, emprega-se de
onde ou donde.
Ex.: De onde (ou donde) provinham os recursos financeiros?
Onde você deixou a minuta da carta?
Aonde você vai?
ü Afim / a fim
A fim de - para
Afim - parente por afinidade, semelhante, análogo.
Ex.: Estou aqui a fim de ajudá-lo a concluir o trabalho.
Marketing e comunicação são assuntos afins.
ü A par / ao par
A par - ciente, ao lado, junto.
Ao par - de acordo com a convenção legal, sem ágio (câmbio); sem qualquer desconto ou
abatimento (títulos, ações).
Ex.: O chefe da seção de pessoal não tomou as providências necessárias porque não estava
a par do ocorrido.
O câmbio estava ao par.
ü Há / a - usa-se há quando for possível substituir por faz.
Ex.: Há (faz) dez dias que espero o fechamento do negócio.
O relatório técnico foi encaminhado ao departamento de vendas há duas semanas.
Não sendo possível a substituição, emprega-se a:
Ex.: Pretendo ir a São Paulo daqui a três dias.
Eles estavam a dez minutos de Curitiba.
ü Para eu encaminhar / para mim encaminhar - mim é pronome pessoal oblíquo, razão pela
qual não pode ser usado como sujeito, função esta que cabe ao pronome pessoal do caso reto
eu. Observe que após o pronome mim há um verbo no infinitivo (encaminhar).
Ex.: No início do expediente, deixaram sobre a minha mesa os prospectos para eu encaminhar
aos clientes.
ü Difícil para mim / difícil para eu - para mim é complemento de difícil. Nada tem a ver com o
verbo.
Ex.: Não foi fácil para mim conquistar essa vaga.
Será impossível para mim realizar esse trabalho.
É difícil para mim entender esse plano, pois ele contém muitas informações técnicas.
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19. Guia de Redação
ü Acerca de / a cerca de
Acerca de - a respeito de, sobre.
A cerca de - a uma distância aproximada de.
Ex.: Falamos acerca de treinamento. Moro a cerca de cem metros da empresa em que
trabalho.
Existe, ainda, a expressão há cerca de = faz aproximadamente:
Ex.: Trabalho nesta firma há cerca de dez anos.
ü De encontro a / ao encontro de
Ao encontro de - para junto de, favorável.
De encontro a - contra, em prejuízo de.
Ex.: Se as medidas econômicas tivessem contrariado o desejo de quem formulou a frase,
esta seria escrita assim: Não gostei das novas medidas econômicas, pois elas vieram de
encontro aos meus desejos.
Observe que no exemplo a seguir, as preposições de e a, estão contraídas com artigos.
Ex.: Gostei das novas medidas econômicas, pois elas vieram ao encontro do meu desejo.
ü Há / tem - não se deve empregar o verbo ter em lugar de haver impessoal (existir).
Ex.: Há secretárias que não se preocupam com o aperfeiçoamento profissional.
Paralisamos a produção porque não há matéria-prima.
ü De o / do - não se combina preposição (de, em) com sujeito ou termo que a ele se refira.
Ex.: Chegou o momento de ela mostrar a sua competência profissional.
Apesar de o datilógrafo ter pouca experiência, o documento ficou bem digitado.
Está na hora de o malote chegar.
ü Se não / senão
Se não = caso não, quando não. Caso contrário, usa-se senão (quando
puder ser substituído por: a não ser, do contrário, mas sim, sem que, exceto).
Ex.: Se não revisarmos o texto, a publicação sairá com erros.
Não faz outra coisa senão estudar.
ü Menos / menas - menos é invariável; portanto, não existe a forma menas.
Ex.: Queremos menos conversa e mais ação.
Havia menos pessoas na reunião desta semana.
ü Meio / meia - meio, quando modifica adjetivo (= um tanto), fica invariável.
Ex.: Os candidatos estavam meio nervosos.
Quando se refere a um substantivo (claro ou subentendido), concorda em gênero e número.
Ex.: Nosso diretor não é homem de adotar meias medidas.
Apresse-se, porque já é meio-dia e meia (meia hora).
Quando o selecionador perguntou-lhe sobre o seu último emprego, a candidata ficou meio
preocupada.
ü Haja vista / haja visto - a expressão haja vista é invariável. Porém, haja (verbo) pode
concordar em número com o substantivo que o segue.
Ex.: Haja(m) vista as últimas recomendações do presidente da empresa.
Decidiu-se instaurar uma sindicância, haja vista o relatório da diretoria, que aponta
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irregularidades.
ü Em vez de / ao invés de
Ao invés de - ao contrário de.
Ex.: Ao invés de rir, ela chorou.
Em vez de - em lugar de.
Ex.: Em vez de contratar uma, o gerente contratou duas recepcionistas.
Paula, em vez de Márcia, foi indicada para o cargo de Secretária.
ü Seção / sessão / cessão
Ex.: Durou apenas trinta minutos a sessão do teatro.
Seção ou secção - setor, subdivisão.
Ex.: Na seção de obras, há dois engenheiros.
O chefe da seção (ou secção) de compras encaminhou a proposta ao grupo de estudos.
Cessão - ato de ceder (cedência):
Ex.: Nem todos concordam com a cessão do auditório.
ü Mal / mau
Mal é antônimo de bem - são advérbios e modificam o verbo, o adjetivo ou o próprio advérbio.
Ex.: Quem não lê, geralmente escreve mal.
Uma carta mal escrita causa péssima impressão.
Minha secretária redige muito bem.
Mau é antônimo de bom - são adjetivos e modificam substantivos:
Ex.: Todos dizem que ele é um bom funcionário.
Nesta empresa não há maus datilógrafos.
ü Decisões político- econômicas - nos adjetivos compostos ligados por hífen, só varia o último
elemento.
Ex.: Nossa biblioteca recebeu muitas obras técnico-científicas.
ü Viagem / viajem
Viagem - substantivo.
Ex.: Fizemos ótima viagem.
Viajem - forma verbal (3ª pessoa do plural do presente do subjuntivo do verbo viajar).
Ex.: Se querem viajar, viajem.
ü Têm / tem - na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo, o verbo ter recebe acento
circunflexo.
Ex.: Eles têm alguns privilégios.
ü Comunicamos-lhes - com o pronome lhe(s) nenhuma modificação sofre o verbo.
Ex.: Comunicamos-lhe que estamos devolvendo as mercadorias defeituosas.
ü Subscrevemo-nos - com o pronome reflexivo nos, elimina-se o s da forma verbal.
Ex.: Esperando uma resposta favorável, subscrevemo-nos...
ü Situada na rua ou situada à rua - por se tratar de verbo de quietação (lugar fixo), constrói-se
com a preposição em.
Ex.: A nova filial está situada na Rua Jerônimo Monteiro, nº 1010.
Resido na Av. Marechal Mascarenhas de Moraes, nº 510.
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ü Vir / ver - trata-se do verbo ver no futuro do subjuntivo: vir, vires, vir, virmos, virdes, virem.
Ex.: Se você vir alguém sem o equipamento de proteção, avise a segurança.
ü Somos / somos em - a preposição em é desnecessária.
Ex.: Somos sete na seção.
ü Preço alto / preço caro - o preço da mercadoria pode ser alto ou baixo, nunca caro ou barato.
A mercadoria é que pode ser cara ou barata.
Ex.: Essa mercadoria é muito barata.
ü Consigo / com você - consigo é pronome reflexivo da 3ª pessoa.
Ex.: A balconista (ela) levou a caneta consigo.
Não deve ser usado em relação à segunda pessoa. Neste caso, em vez de consigo, usa-se
com você, com o senhor, com Vossa Senhoria.
Ex.: Presidente, há uma pessoa que deseja falar com o senhor.
ü A nível de - locução condenada pelos gramáticos. A legítima locução é ao nível de que
significa à mesma altura.
Ex.: A sala do diretor era ao nível da rua.
Se for necessário usar a referida expressão, utilize-a com a preposição em.
Ex.: Resolveu a questão tanto em nível de Município quanto de Estado.
Melhor: Resolveu a questão tanto no Estado quanto no Município.
ü Em face de - locução mais adequada.
Ex.: Encaminhei os documentos em face da competência.
ü Trata-se de - o verbo tratar concorda obrigatoriamente na 3ª pessoa do singular em frases
como.
Ex.: Trata-se de trabalhos atrasados.
ü Por ora / por hora
Por ora - por agora, por enquanto, até o momento.
Ex.: Por ora é o que posso lhe dizer.
Por hora - pelo período de uma hora.
Ex.: O palestrante costuma cobrar por hora.
ü Tampouco / tão pouco
Tampouco - equivale a também não.
Ex.: Ele não gostou do relatório e eu tampouco.
Tão pouco - significa tão pequena coisa, ou algo diminuto, escasso, curto.
Ex.: Ganhava tão pouco que mal podia viver.
ü Retificar / ratificar
Retificar - corrigir.
Ex.: Retificar uma declaração feita por engano.
Ratificar confirmar.
Ex.: Ratificar uma declaração, mantendo o que foi dito anteriormente.
ü Bem-vindo / Benvindo
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22. Guia de Redação
Bem-vindo - para expressar boa acolhida. Este composto escreve-se com hífen, flexionando
apenas o segundo elemento para estabelecer a concordância gramatical: bem-vindo, bemvinda,
bem-vindos, bem-vindas.
Benvindo - é nome próprio de pessoa.
Ex.: Está aí fora o senhor Benvindo.
ü À medida que / na medida em que
À medida que (locução proporcional) - à proporção que, conforme.
Ex.: Os preços deveriam diminuir à medida que diminui a procura.
Na medida em que (locução causal) pelo fato de que, uma vez que.
Ex.: Na medida em que se esgotaram as possibilidades de negociação, o projeto foi
integralmente vetado.
ü Intervim / interveio intervir é derivado de vir e, portanto, conjuga-se como ele.
Ex.: Eu vim eu intervim.
Ele veio ele interveio.
ü Há / atrás
Evite o uso do há e do atrás na mesma frase. Se alguém fez alguma coisa há tantos anos, só
pode ser atrás.
Ex.: Ele foi contratado há dez anos.
Ele foi contratado dez anos atrás.
ü Despercebido / desapercebido
Despercebido - não percebido, que não foi notado.
Desapercebido - é o mesmo que desprevenido.
Ex.: Passou despercebido de Pedro que a taxa de juros baixou.
A casa estava desapercebida de alimentos.
ü Vale-transporte plural
Tratando-se de um composto de dois substantivos, ensinam os gramáticos que, quando o
segundo elemento limita ou determina o primeiro, varia apenas o primeiro: vales-transporte. A
tendência atual, porém, é a de pluralizar ambos os elementos: vales-transportes. Da mesma
forma: vales-creches, vales-mercados, vales-refeições, vales-cursos.
ü Par de redes, saca de feijão
São plurais os complementos de termos coletivos como: par, dúzia, grosa, álbum, etc. Assim:
par de redes, jogo de lençóis, caixa de fósforos. Ficará no singular o complemento, se
designarem substâncias contínuas ou constituídas de unidades miúdas: arroba de carne, saca
de feijão, pacote de sal. Mas se elas constituírem unidades contáveis, designando espécies ou
variedades, os complementos irão para o plural.
Ex.: casa de carnes, coleção de minerais, exposição de pinturas.
ü Junto a
Significa perto de, ao lado de.
Ex.: O carro está estacionado junto ao portão.
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23. Guia de Redação
Também significa adido a.
Ex.: Entrevistou o embaixador brasileiro junto ao Vaticano.
Portanto, são inadequadas as construções como: Conseguimos um empréstimo junto ao Banco
do Brasil. Solicitamos junto à Secretaria o encaminhamento dos documentos. Melhor será:
Conseguimos um empréstimo do Banco do Brasil. Solicitamos da Secretaria o encaminhamento
dos documentos.
ü Perca / perda
Perca - presente do subjuntivo do verbo perder.
Ex.: Espero que ele não perca esta oportunidade.
Perda - substantivo feminino.
Ex.: A perda da mãe deixou-o desolado.
ü Viger
Verbo intransitivo. Significa ter vigor, vigorar. É verbo defectivo. Só possui as formas em que ao
g se segue a vogal e.
Ex.: A Portaria passa a viger a partir da presente data.
ü Entorno / em torno
Entorno - circunvizinhança.
Em torno - ao redor de.
Ex.: Em torno da Escola havia muitos comerciantes.
No entorno da Escola havia muitos terrenos baldios.
ü Todo / todo o
Atribui-se a todo o significado de qualquer.
Ex.: Leu todo o livro. (o livro inteiro)
Lia todo livro que encontrasse. (qualquer livro)
ü Fazer
Para expressar tempo decorrido, usa-se o verbo fazer sem sujeito, na 3ª pessoa do singular.
Ex.: Faz dois meses que inauguramos a escola.
Também o usamos no singular em expressões que traduzem fenômenos meteorológicos.
Ex.: Em Porto Alegre, faz invernos terríveis.
· Expressões a Evitar e Expressões de Uso Recomendável
Como mencionado na introdução deste capítulo, o sentido das palavras liga-se intimamente à
tradição e ao contexto de seu uso. Assim, temos vocábulos e expressões (locuções) que, por seu
continuado emprego com determinado sentido, passam a ser usados sempre em tal contexto e de
tal forma, tornando-se expressões de uso consagrado. Mais do que do sentido das palavras, trata-
se aqui também da regência de determinados verbos e nomes (v.9.2.3.Regência).
O esforço de classificar expressões como de uso a ser evitado ou como de uso recomendável
atende, primordialmente, ao princípio da clareza e da transparência que deve nortear a elaboração
de todo texto oficial. Não se trata, pois, de mera preferência ou gosto por determinada forma.
A linguagem dos textos dos relatórios deve sempre pautar-se pelo padrão culto formal da
língua. Não é aceitável, portanto, que desses textos constem coloquialismos ou expressões de uso
restrito a determinados grupos, que comprometeriam sua própria compreensão pelo público.
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24. Guia de Redação
Acrescente-se que indesejável é também a repetição excessiva de uma mesma palavra quando há
outra que pode substituí-la sem prejuízo ou alteração de sentido.
Quanto a determinadas expressões que devem ser evitadas, mencionem-se aquelas que
formam cacófatos, ou seja, o encontro de sílabas em que a malícia descobre um novo termo com
sentido torpe ou ridículo . Não há necessidade, no entanto, de estender a preocupação de evitar a
ocorrência de cacófatos a um sem-número de locuções que produzem terceiro sentido, como por
cada, vez passada, etc. Trata-se, sobretudo, de uma questão de estilo e da própria sensibilidade do
autor do texto. Não faz sentido eliminar da língua inúmeras locuções que só causam espanto ao
leitor que está à procura do duplo sentido.
Essa recomendação vale também para os casos em que a partição silábica (translineação)
possa redundar em sentido torpe ou obsceno.
Apresentamos, a seguir, lista de expressões cujo uso ou repetição deve ser evitado, indicando
com que sentido devem ser empregadas e sugerindo alternativas vocabulares a palavras que
costumam constar em relatórios com excesso.
à medida que/na medida em que
À medida que (locução proporcional) à proporção que, ao passo que, conforme: Os
preços deveriam diminuir à medida que diminui a procura. Na medida em que (locução causal)
pelo fato de que, uma vez que: Na medida em que se esgotaram as possibilidades de negociação, o
projeto foi integralmente vetado. Evite os cruzamentos bisonhos, canhestros *à medida em
que, *na medida que...
a partir de
A partir de deve ser empregado preferencialmente no sentido temporal: A cobrança do
imposto entra em vigor a partir do início do próximo ano. Evite repeti-la com o sentido de com
base em , preferindo considerando, tomando-se por base, fundando-se em, baseando-se em.
ambos/todos os dois
Ambos significa os dois ou um e outro . Evite expressões pleonásticas como ambos dois,
ambos os dois, ambos de dois, ambos a dois. Quando for o caso de enfatizar a dualidade, empregue
todos os dois: Todos os dois Educadores Universitários desenvolveram a ação.
anexo/em anexo
O adjetivo anexo concorda em gênero e número com o substantivo ao qual se refere:
Encaminho as fotos anexas. Dirigimos os anexos projetos à Coordenação. Use também junto,
apenso. A locução adverbial em anexo, como é próprio aos advérbios, é invariável: Encaminho as
minutas em anexo. Em anexo, dirigimos os projetos à Coordenação. Empregue também
conjuntamente, juntamente com.
ao nível de/em nível (de)
A locução ao nível tem o sentido de à mesma altura de: Fortaleza localiza-se ao nível do
mar. Evite seu uso com o sentido de em nível, com relação a, no que se refere a. Em nível significa
nessa instância : A decisão foi tomada em nível de Supervisão APE; Em nível de planejamento, será
difícil chegar-se ao consenso junto à Coordenação Regional. A nível (de) constitui modismo que é
melhor evitar.
assim
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25. Guia de Redação
Use após a apresentação de alguma situação ou proposta para ligá -la à idéia seguinte.
Alterne com: dessa forma, desse modo, diante do exposto, diante disso, conseqüentemente,
portanto, por conseguinte, assim sendo, em conseqüência, em vista disso, em face disso.
através de/por intermédio de
Através de quer dizer de lado a lado, por entre: A visita incluía deslocamentos através de
boa parte do parque. Evite o emprego com o sentido de meio ou instrumento; nesse caso
empregue por intermédio, por, mediante, por meio de, segundo, servindo-se de, valendo-se de: O
projeto foi apresentado por intermédio da Equipe APE regional. O assunto deve ser regulado por
meio de decreto. A comissão foi criada mediante portaria do Ministro de Estado.
bem como
Evite repetir; alterne com e, como (também), igualmente, da mesma forma. Evite o uso,
polêmico para certos autores, da locução bem assim como equivalente. 18 SAID Ali, Manoel.
Gramática secundária da língua portuguesa . 3a ed. Brasília: Universidade de Brasília. p. 224.
cada
Este pronome indefinido deve ser usado em função adjetiva: Quanto às famílias presentes,
foi distribuída uma cesta básica a cada uma. Evite a construção coloquial foi distribuída uma cesta
básica a cada.
causar
Evite repetir. Use também originar, motivar, provocar, produzir, gerar, levar a, criar.
constatar
Evite repetir. Alterne com atestar, apurar, averiguar, certificar-se, comprovar, evidenciar,
observar, notar, perceber, registrar, verificar.
dado/visto/haja vista
Os particípios dado e visto têm valor passivo e concordam em gênero e número com o
substantivo a que se referem: Dados o interesse e o esforço demonstrados, optou-se pelo
desenvolvimento da ação como planejado. Dadas as circunstâncias... Vistas as contrapartidas
apresentadas, não houve consenso na efetivação da açõo. Já a expressão haja vista, com o sentido
de uma vez que ou seja considerado, veja-se, é invariável: O projeto tem qualidades, haja vista o
interesse e a necessidade da comunidade em questão. Haja visto (com -o) é inovação oral brasileira,
evidentemente descabida em redação oficial ou outra qualquer.
de forma que, de modo que/de forma a, de modo a
De forma (ou maneira, modo) que nas orações desenvolvidas: Deu amplas explicações, de
forma que tudo ficou claro. De forma (maneira ou modo) a nas orações reduzidas de infinitivo: Deu
amplas explicações, de forma (maneira ou modo) a deixar tudo claro. São descabidas na língua
escrita as pluralizações orais vulgares *de formas (maneiras ou modos) que...
deste ponto de vista
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26. Guia de Redação
Evite repetir; empregue também sob este ângulo, sob este aspecto, por este prisma, desse
prisma, deste modo, assim, destarte.
detalhar
Evite repetir; alterne com particularizar, pormenorizar, delinear, minudenciar.
devido a
Evite repetir; utilize igualmente em virtude de, por causa de, em razão de, graças a,
provocado por.
dirigir
Quando empregado com o sentido de encaminhar, alterne com transmitir, mandar,
encaminhar, remeter, enviar, endereçar.
em face de
Sempre que a expressão em face de equivaler a diante de, é preferível a regência com a
preposição de; evite, portanto, face a, frente a.
enquanto
Conjunção proporcional equivalente a ao passo que, à medida que. Evitar a construção
coloquial enquanto que.
especialmente
Use também principalmente, mormente, notadamente, sobretudo, nomeadamente, em
especial, em particular.
inclusive
Advérbio que indica inclusão; opõe-se a exclusive. Evite-se o seu abuso com o sentido de até ;
nesse caso utilize o próprio até ou ainda, igualmente, mesmo, também, ademais.
informar
Alterne com comunicar, avisar, noticiar, participar, inteirar, cientificar, instruir, confirmar, levar ao
conhecimento, dar conhecimento; ou perguntar, interrogar, inquirir, indagar.
nem
Conjunção aditiva que significa e não , e tampouco , dispensando, portanto, a conjunção
e: Não foram feitos reparos à proposta inicial, nem à nova versão do projeto. Evite, ainda, a dupla
negação não nem, nem tampouco, etc. *Não pôde encaminhar o trabalho no prazo, nem não teve
tempo para revisá-lo. O correto é ...nem teve tempo para revisá-lo.
no sentido de
Empregue também com vistas a, a fim de, com o fito (objetivo, intuito, fim) de, com a
finalidade de, tendo em vista ou mira, tendo por fim.
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27. Guia de Redação
objetivar/ter por objetivo
Ter por objetivo pode ser alternado com pretender, ter por fim, ter em mira, ter como
propósito, no intuito de, com o fito de. Objetivar significa antes materializar , tornar objetivo
(objetivar idéias, planos, o abstrato), embora possa ser empregado também com o sentido de ter
por objetivo . Evite-se o emprego abusivo alternando-o com sinônimos como os referidos.
onde
Como pronome relativo significa em que (lugar): A cidade onde nasceu. O país onde viveu.
Evite, pois, construções como a lei onde é fixada a pena ou o encontro onde o assunto foi
tratado . Nesses casos, substitua onde por em que, na qual, no qual, nas quais, nos quais. O correto
é, portanto: a lei na qual é fixada a pena, o encontro no qual (em que) o assunto foi tratado.
operacionalizar
Neologismo verbal de que se tem abusado. Prefira realizar, fazer, executar, levar a cabo ou
a efeito, pôr em obra, praticar, cumprir, desempenhar, produzir, efetuar, construir, compor,
estabelecer. É da mesma família de agilizar, objetivar e outros cujo problema está antes no uso
excessivo do que na forma, pois o acréscimo dos sufixos -izar e -ar é uma das possibilidades
normais de criar novos verbos a partir de adjetivos (ágil + izar = agilizar; objetivo + ar = objetivar).
Evite, pois, a repetição, que pode sugerir indigência vocabular ou ignorância dos recursos do
idioma.
opinião/ opinamento
Como sinônimo de parecer, prefira opinião a opinamento. Alterne com parecer, juízo,
julgamento, voto, entendimento, percepção.
pertinente/pertencer
Pertinente (derivado do verbo latino pertinere) significa pertencente ou oportuno.
Pertencer se originou do latim pertinescere, derivado sufixal de pertinere. Esta forma não
sobreviveu em português; não empregue, pois, formas inexistentes como no que pertine ao
projeto ; nesse contexto uso no que diz respeito, no que respeita, no tocante, com relação.
posição/posicionamento
Posição pode ser alterado com postura, ponto de vista, atitude, maneira, modo.
Posicionamento significa disposição, arranjo , e não deve ser confundido com posição.
relativo a
Empregue também referente a, concernente a, tocante a, atinente a, pertencente a, que diz
respeito a, que trata de, que respeita.
ressaltar
Varie com destacar, sublinhar, salientar, relevar, distinguir, sobressair.
pronome se
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28. Guia de Redação
Evite abusar de seu emprego como indeterminador do sujeito. O simples emprego da
forma infinitiva já confere a almejada impessoalidade: Para atingir esse objetivo há que evitar o
uso de coloquialismo (e não: Para atingir-se... Há que se evitar...). É cacoete em certo registro da
língua escrita no Brasil, dispensável porque inútil.
tratar (de)
Empregue também contemplar, discutir, debater, discorrer, cuidar, versar, referir-se,
ocupar-se de.
viger
Significa vigorar, ter vigor, funcionar. Verbo defectivo, sem forma para a primeira pessoa
do singular do presente do indicativo, nem para qualquer pessoa do presente do subjuntivo,
portanto. O decreto prossegue vigendo. A portaria vige. A orientação vigente naquele ano
USO DE SINAIS
Hífen
O hífen ou traço-de-união é um sinal usado para ligar os elementos de palavras compostas: couve-
flor, vice-ministro; para unir pronomes átonos a verbos: agradeceu-lhe, dar-se-ia; e para, no final
de uma linha, indicar a separação das sílabas de uma palavra em duas partes (a chamada
translineação): com-/parar, gover-/no. Analisamos, a seguir, o uso do hífen em alguns casos
principais.
Hífen entre Vocábulos
a) na composição de palavras em que os elementos constitutivos mantêm sua
acentuação própria, compondo, porém, novo sentido:
abaixo-assinado (abaixo assinado, sem hífen, com o sentido de (aquele) que assina o
documento em seu final : João Alves, abaixo assinado, requer... )
decreto-lei
l icença-prêmio
mão-de-obra
matéria-prima
oficial-de-gabinete
papel-moeda
processo-crime
salário-família
testa-de-ferro (testa de ferro, sem hífen, significa testa dura como ferro )
b) na composição de palavras em que o primeiro elemento representa forma
reduzida:
infanto-juvenil (infanto = infantil)
nipo-brasileiro (nipo = nipônico)
sócio-político (sócio = social)
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c) nos adjetivos gentílicos (que indicam nacionalidade, pátria, país, lugar ou região
de procedência) quando derivados de nomes de lugar (topônimos) compostos:
belo-horizontino
norte-americano
porto-riquenho
rio-grandense-do-norte
d) nas palavras compostas em que o adjetivo geral é acoplado a substantivo que
indica função, lugar de trabalho ou órgão:
diretor-geral
inspetoria-geral
procurador-geral
secretaria-geral
e) a preposição sem liga-se com hífen a alguns substantivos para indicar unidade
semântica (adquire, assim, valor de prefixo):
sem-fim
sem-número
sem-terra
sem-sal
sem-vergonha
sem-par
f) o advérbio de negação não liga-se com hífen a alguns substantivos ou adjetivos
para indicar unidade semântica (adquire, assim, valor de prefixo):
não-agressão
não-eu, não-metal
não-ser
não-ferroso
não-participante
não-linear
não-alinhado
Hífen e Prefixos
Os prefixos utilizados na Língua Portuguesa provieram do latim e do grego, línguas
em que funcionavam como preposições ou advérbios, isto é, como vocábulos autônomos.
Por essa razão, os prefixos têm significação precisa e exprimem, em regra, circunstâncias
de lugar, modo, tempo, etc. Grande parte das palavras de nossa língua é formada a partir
da utilização de um prefixo associado a outra palavra. Em muitos desses casos, é de rigor o
emprego do hífen, seja para preservar a acentuação própria (tônica) do prefixo ou sua
evidência semântica, seja para evitar pronúncia incorreta do vocábulo derivado.
a) os seguintes prefixos nunca vêm seguidos de hífen (ligam-se, portanto,
diretamente ao vocábulo com o qual compõem uma unidade):
aer(o), aerotransporte audio, audiovisual
agro, agroindústria bi, bicentenário
ambi, ambidestro bio, biogenético
anfi, anfiteatro cardio, cardiovascular
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cis, cisplatino macro, macroeconomia
de(s), desserviço micr(o), microrregião
di(s), dissociação mono, monoteísmo
ele(c)tro, eletroímã moto, motociclo
fil(o), filogenético multi, multinacional
fisio, fisioterapia para, parapsicologia
fon(o), fonoaudiólogo penta, pentacampeão
fot(o), fotolito per, perclorato
gastr(o), pluri, plurianual
gastr(o)enterologia poli, polivalente
ge(o), geotécnica psic(o), psicossocial
hemi, hemicírculo radi(o), radioamador
hepta, heptassílabo re, reversão
hexa, hexafluoreno retro, retroativo
hidr(o), hidr(o)elétrica tele, teledinâmica
hipo, hipotensão term(o), term(o)elétrica
homo, homossexual trans, transalpino
in, inapto tri, tricelular
intro, introversão uni, unidimensional
justa, justaposição
b) o prefixo ex exige hífen quando indica estado anterior , que foi :
ex-deputado
ex-ministro
ex-mulher
ex-secretário
c) o prefixo vice exige sempre o hífen:
vice-almirante
vice-diretor
vice-presidente
vice-versa
d) os prefixos pós, pré, pró assim, tônicos e de timbre aberto requerem hífen
sempre:
pós-escrito
pós-guerra
pós-moderno
pós-natal
pré-aviso
pré-nupcial
pró-republicano
mas sem hífen quando átonos (e, normalmente, fechados):
posfácio
pospor
predeterminar
predizer
preestabelecer
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preestipulado
preexistir
prejulgar
e) os seguintes prefixos exigem hífen quando combinados com palavras iniciadas
por vogal, h, r ou s:
auto (auto-estima, auto-retrato, etc.)
contra (contra-ataque, contra-oferta, etc.)
extra (extra-oficial, extra-humano, extra-sensível; extraordinário é a única exceção que,
no entanto, é lícito distinguir de extra-ordinário não ordinário, não rotineiro; imprevisto )
infra (infra-estrutura, infra-hepático, infra-renal, etc.)
intra (intra-ocular, intra-hepático, intra-renal, etc.)
neo (neo-escolástico, neo-hegeliano, neo-realismo, etc.)
proto (proto-história, proto-revolução, etc.)
pseudo (pseudo-esfera, pseudo-humano, pseudo-sigla, etc.)
semi (semi-anual, semi-úmido, semi-selvagem, semi-humano, etc.)
supra (supra-renal, supra-sumo, etc.)
ultra (ultra-romântico, ultra-sensível, etc.)
f) os seguintes prefixos exigem hífen quando combinados com palavras iniciadas
por h, r ou s:
ante (ante-histórico, ante-sala, etc.)
anti (anti-humano, anti-herói, anti-regimental, etc.)
arqui (arqui-histórico, etc.)
sobre (sobre-humano, sobre-saia; exceções: sobressair, sobressalto)
hiper (hiper-humano, hiper-realismo, etc.)
inter (inter-hemisférico, inter-regional, etc.)
super (super-homem, super-requintado, etc.)
g) os seguintes prefixos exigem hífen quando combinados com palavras iniciadas
por vogal ou h:
circum (circum-ambiente, circum-hospitalar, etc.)
mal (mal-entendido, mal-humorado, etc.)
pan (pan-americano, pan-helênico, etc.)
h) os seguintes prefixos exigem hífen quando combinados com palavras iniciadas por r:
ab (ab-rogar: anular, suprimir)
ad (ad-rogar: adotar ou tomar por adoção)
ob (ob-rogar: contrapor-se)
sob (sob-roda: saliência capaz de estorvar o deslocamento de um veículo)
sub (sub-reitor, sub-região, etc.; no caso de sub também separamos por hífen as palavras
iniciadas por b: subbloco, sub-bibliotecário)
Observação: Hífen de composição vocabular ou de ênclise e mesóclise é repetido quando
coincide com translineação:
decreto-/-lei, exigem-/-lhe, far-/-se-á.
Aspas
As aspas têm os seguintes empregos:
a) usam-se antes e depois de uma citação textual:
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A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, no parágrafo único de seu artigo
1o afirma: Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou
diretamente .
b) dão destaque a nomes de publicações, obras de arte, intitulativos, apelidos, etc.:
O artigo sobre o processo de desregulamentação foi publicado no Jornal do Brasil .
A Secretaria da Educação está organizando uma apresentação das Bachianas , de Villa
Lobos.
c) destacam termos estrangeiros:
O processo da détente teve início com a Crise dos Mísseis em Cuba, em 1962.
Mutatis mutandis , o novo projeto é idêntico ao anteriormente apresentado.
d) nas citações de textos legais, as alíneas devem estar entre aspas:
O tema é tratado na alínea a do artigo 146 da Constituição.
Atualmente, no entanto, tem sido tolerado o uso de itálico como forma de dispensar o uso
de aspas, exceto na hipótese de citação textual.
A pontuação do trecho que figura entre aspas seguirá as regras gramaticais correntes.
Caso, por exemplo, o trecho transcrito entre aspas terminar por ponto-final, este deverá figurar
antes do sinal de aspas que encerra a transcrição.
Exemplo: O art. 2o da Constituição Federal São Poderes da União, independentes e
harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. já figurava na Carta anterior.
Parênteses
Os parênteses são empregados nas orações ou expressões intercaladas. Observe que o
ponto-final vem antes do último parêntese quando a frase inteira se acha contida entre parêntese:
Quanto menos a ciência nos consola, mais adquire condições de nos servir. (José Guilherme
Merquior)
O Estado de Direito (Constituição Federal, art. 1o) define-se pela submissão de todas as relações ao
Direito.
Travessão
O travessão, que é um hífen prolongado ( ), é empregado nos seguintes casos:
a) substitui parênteses, vírgulas, dois-pontos:
O controle a dengue meta prioritária do Governo será ainda mais rigoroso.
As restrições ao livre mercado especialmente o de produtos tecnologicamente avançados
podem ser muito prejudiciais para a sociedade.
b) indica a introdução de enunciados no diálogo:
Indagado pela comissão de inquérito sobre a procedência de suas declarações, o
funcionário respondeu:
Nada tenho a declarar a esse respeito.
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c) indica a substituição de um termo, para evitar repetições:
O verbo fazer (vide sintaxe do verbo ), no sentido de tempo transcorrido, é utilizado
sempre na 3a pessoa do
singular: faz dois anos que isso aconteceu.
d) dá ênfase a determinada palavra ou pensamento que segue:
Não há outro meio de resolver o problema promova-se o funcionário.
Ele reiterou sua idéias e convicções energicamente.
SINTAXE
(do grego syntáxis arranjo, disposição )
É a parte da Gramática que estuda a palavra, não em si, mas em relação às outras, que com
ela se unem para exprimir o pensamento. É o capítulo mais importante da Gramática, porque, ao
disciplinar as relações entre as palavras, contribui de modo fundamental para a clareza da
exposição e para a ordenação do pensamento.
É importante destacar que o conhecimento das regras gramaticais, sobretudo neste
capítulo da sintaxe, é condição necessária para a boa redação, mas não constitui condição
suficiente. A concisão, clareza, formalidade e precisão, elementos essenciais da redação oficial,
somente serão alcançadas mediante a prática da escrita e a leitura de textos escritos em bom
português.
Dominar bem o idioma, seja na forma falada, seja na forma escrita, não significa apenas
conhecer exceções gramaticais: é imprescindível, isso sim, conhecer em profundidade as
regularidades da língua. No entanto, como interessa aqui aplicar princípios gramaticais à redação
de relatórios, trataremos, forçosamente, das referidas exceções e dos problemas sintáticos que
com mais freqüência são encontrados nos relatórios enviados.
· Problemas de Construção de Frases
A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas principalmente pela construção
adequada da frase, a menor unidade autônoma da comunicação , na definição de Celso Pedro
Luft.
A função essencial da frase é desempenhada pelo predicado, que para Adriano da Gama Kury
pode ser entendido como a enunciação pura de um fato qualquer . Sempre que a frase possuir
pelo menos um verbo, recebe o nome de período, que terá tantas orações quantos forem os verbos
não auxiliares que o constituem.
Outra função relevante é a do sujeito mas não indispensável, pois há orações sem sujeito,
ditas impessoais , de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo. Sempre que o verbo
o exigir, teremos nas orações substantivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função de
complementos (objetos direto e indireto, predicativo e complemento adverbial). Função acessória
desempenham os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da oração, mas que podem ser
ou intercalados aos elementos que desempenham as outras funções, ou deslocados para o início
da oração.
Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos elementos que compõem uma oração (os
parênteses indicam os elementos que podem não ocorrer): (sujeito) - verbo - (complementos) -
(adjunto adverbial).
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Podem ser identificados seis padrões básicos para as orações pessoais (i. é, com sujeito) na
língua portuguesa (a função que vem entre parênteses é facultativa e pode ocorrer em ordem
diversa):
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)
O PCOP - regressou - (ontem).
2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (adjunto adverbial)
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na manhã de terça-feira).
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto - (adjunto adverbial).
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os setores).
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. direto - obj. indireto - (adj. Adv.)
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações - ao Deputado - (no Congresso).
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento adverbial - (adjunto adverbial)
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em São Paulo - (na próxima semana).
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira)
6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto adverbial)
O problema - será - resolvido - prontamente.
Esses seriam os padrões básicos para as orações, ou seja as frases que possuem apenas um
verbo conjugado.
Na construção de períodos, as várias funções podem ocorrer em ordem inversa à
mencionada, misturando-se e confundindo-se. Não interessa aqui análise exaustiva de todos os
padrões existentes na língua portuguesa. O que importa é fixar a ordem normal dos elementos
nesses seis padrões básicos. Acrescente-se que períodos mais complexos, compostos por duas ou
mais orações, em geral podem ser reduzidos aos padrões básicos (de que derivam).
Os problemas mais freqüentemente encontrados na construção de frases dizem respeito à
má pontuação, à ambigüidade da idéia expressa, à elaboração de falsos paralelismos, erros de
comparação, etc. Decorrem, em geral, do desconhecimento da ordem das palavras na frase.
Indicam-se, a seguir, alguns desses defeitos mais comuns e recorrentes na construção de frases,
registrados em relatórios.
· Sujeito
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração.
Ele pode ter complemento, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto, construções
como:
Errado: É tempo da equipe elaborar o projeto.
Certo: É tempo de a equipe elaborar o projeto.
Errado: Apesar das relações entre os pais estarem cortadas, (...).
Certo: Apesar de as relações entre os pais estarem cortadas, (...).
Errado: Não vejo mal no Educador proceder assim.
Certo: Não vejo mal em o Educador proceder assim.
Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
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Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo, (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, (...).
· Frases Fragmentadas
A fragmentação de frases consiste em pontuar uma oração subordinada ou uma simples
locução como se fosse uma frase completa . Decorre da pontuação errada de uma frase simples.
Embora seja usada como recurso estilístico na literatura, a fragmentação de frases devem ser
evitada nos textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão. Ex.:
Errado: O programa recebeu a aprovação da Diretoria de Ensino. Depois de ser longamente
debatido.
Certo: O programa recebeu a aprovação da Diretoria de Ensino, depois de ser longamente
debatido.
Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa recebeu a aprovação da diretoria de
Ensino.
Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente submetido ao Presidente da República, que o
aprovou. Consultadas as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente submetido ao Presidente da República, que o
aprovou, consultadas as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
· Ambigüidade
A ambigüidade é um dos problemas que podem ser evitados na redação. Ela surge quando algo
que está sendo dito admite mais de um sentido, comprometendo a compreensão do conteúdo.
Isso pode suscitar dúvidas no leitor e levá-lo a conclusões equivocadas na interpretação do texto.
A inadequação ou a má colocação de elementos como pronomes, adjuntos adverbiais,
expressões e até mesmo enunciados inteiros podem acarretar em duplo sentido, comprometendo
a clareza do texto. Observe os exemplos que seguem:
a) "O professor falou com o aluno parado na sala"
Neste caso, a ambigüidade decorre da má construção sintática deste enunciado. Quem estava
parado na sala? O aluno ou o professor? A solução é, mais uma vez, colocar "parado na sala" logo
ao lado do termo a que se refere: "Parado na sala, o professor falou com o aluno"; ou "O professor
falou com o aluno, que estava parado na sala".
b) "A polícia cercou o ladrão do banco na rua Santos."
O banco ficava na rua Santos, ou a polícia cercou o ladrão nessa rua? A ambigüidade resulta da
má colocação do adjunto adverbial. Para evitar isso, coloque "na rua Santos" mais perto do núcleo
de sentido a que se refere: Na rua Santos, a polícia cercou o ladrão; ou A polícia cercou o ladrão do
banco que localiza-se na rua Santos"
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36. Guia de Redação
c) "Pessoas que consomem bebidas alcoólicas com freqüência apresentam sintomas de
irritabilidade e depressão."
Mais uma vez a duplicidade de sentido é provocada pela má colocação do adjunto adverbial.
Assim, pode-se entender que "As pessoas que, com freqüência, consomem bebidas alcoólicas
apresentam sintomas de irritabilidade e depressão" ou que "As pessoas que consomem bebidas
alcoólicas apresentam, com freqüência, sintomas de irritabilidade e depressão".
Uma das estratégias para evitar esses problemas é revisar os textos. Uma redação de boa
qualidade depende muito do domínio dos mecanismos de construção da textualidade e da
capacidade de se colocar na posição do leitor.
2. Pontuação
Os sinais de pontuação, ligados à estrutura sintática, têm as seguintes finalidades:
a) assinalar as pausas e as inflexões da voz (a entoação) na leitura;
b) separar palavras, expressões e orações que, segundo o autor, devem merecer destaque;
c) esclarecer o sentido da frase, eliminando ambigüidades.
· Vírgula
A vírgula serve para marcar as separações breves de sentido entre termos vizinhos, as
inversões e as
intercalações, quer na oração, quer no período.
A seguir, indicam-se alguns casos principais de emprego da vírgula:
a) para separar palavras ou orações paralelas justapostas, i. é, não ligadas por conjunção:
Chegou a Diretoria, procurou o PCOP, levou seu planejamento à Coordenação Regional
(Supervisor), voltou ao PCOP e discutiu ratificação do planejamento.
Simplicidade, clareza, objetividade, concisão são qualidades a serem observadas no
relatório mensal.
b) as intercalações, por cortarem o que está sintaticamente ligado, devem ser colocadas
entre vírgulas:
O processo, creio eu, deverá ir logo a julgamento.
A democracia, embora (ou mesmo) imperfeita, ainda é o melhor sistema de governo.
c) expressões corretivas, explicativas, escusativas, tais como isto é, ou melhor, quer dizer,
data venia, ou seja, por exemplo, etc., devem ser colocadas entre vírgulas:
O político, a meu ver, deve sempre usar uma linguagem clara, ou seja, de fácil
compreensão.
As Nações Unidas decidiram intervir no conflito, ou por outra, iniciaram as tratativas de
paz.
d) Conjunções coordenativas intercaladas ou pospostas devem ser colocadas entre vírgula:
Dedicava-se ao trabalho com afinco; não obtinha, contudo, resultados.
O ano foi difícil; não me queixo, porém.
Era mister, pois, levar o projeto às últimas conseqüências.
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