SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 4
Baixar para ler offline
Saudações
Hoje irei abranger de maneira sucinta a tendinite, patologia muito comum na rotina do
clínico de equinos; que causa inúmeras perdas econômicas, reduzindo por vezes a vida útil do
animal na atividade esportiva a qual este se dedica, bem como infringindo diretamente o bem-
estar animal.
O tendão nada mais é do que uma faixa espessa de tecido conjuntivo fibroso que age
como intermediário na ligação do musculo ao osso, diferenciando-se dos ligamentos, que são
faixas similares de tecido conjuntivo que conectam ossos.
Os tendões constituem-se de várias unidades arranjadas longitudinalmente em três
níveis (feixe tendíneo primário, secundário e terciário). Os componentes básicos da estrutura
tendínea são as fibrilas de colágeno, a matriz extracelular e as fileiras de tenoblástos
(fibroblastos), células responsáveis por secretar substâncias necessárias a formação da matriz. A
figura 1 exemplifica a organização estrutural de um tendão. Simplificando; imaginemos que o
tendão seja uma corda e que dentro dessa corda existam vários filamentos de corda menos
espessos que se agrupam para formar o que seria a corda propriamente dita; o que é
possível de se visualizar quando se corta essa corda ao meio e se a observa de cima.
Os tendões possuem uma grande resistência a tração e tem baixa extensibilidade, uma
tensão que leve a um estiramento de 8-12% no comprimento das fibras tendíneas é capaz de
causar alterações que podem culminar com a ruptura de fibras. Assim nas diversas atividades
equestres, muitas vezes o tendão trabalha no seu limite fisiológico.

Ondulações presentes nas fibras colágenas permitem
o estiramento do tendão. Tensões que aumentem em
até 3% (fase elástica) o comprimento do tendão não
comprometem sua funcionalidade por não alterar o
aspecto ondulado das fibras colágenas. A partir de 5%
(fase viscoelástica) de aumento na extensão do
tendão, a tensão se encontra no limite fisiológico
levando a perda do aspecto ondulado. Quando a
tensão leva a 8%-12% (ruptura) de extensão pode
ocorrer ruptura de fibras.
3%
5%
≥8%
Fonte: STASHACK,
- Causas de tendinite
A tendinite está relacionada na maior parte das vezes a hiperextensões bruscas do
tendão durante trabalho, ou lesões que se acumulam ao longo do tempo causando desarranjo na
estrutura do tendão; em menor escala a lesão resulta de traumas infringidos diretamente sobre o
mesmo e correlacionados a casqueamento, ferrageamento e aprumos inadequados.
Por suportarem maior carga de tensão durante a locomoção, os membros torácicos são
geralmente os afetados (cerca de 60 a 65% do peso do equino está sustentado nos membros
torácicos); o TFDS trabalha no limite de sua resistência tênsil aumentando ainda mais o risco de
acometimento e sendo este o tendão envolvido na maioria dos casos de tendinite.
- Diagnóstico e Monitoramento das tendinites
Assim como em qualquer outra patologia o diagnóstico envolve uma boa anamnese e
um bom exame clínico, e torna-se indispensável um exame ultrassonográfico para melhor
acurácia desse diagnóstico. O exame ultrassonográfico torna-se importante não só em um
primeiro momento, mas também, para o monitoramento da recuperação tendínea, ajudando a
estabelecer melhor o prognóstico.
Os graus de claudicação apresentados na tendinite são variáveis; pode se observar um
aumento de volume local, calor e dor; sinais característicos de inflamação. A palpação fica por
muitas vezes difícil estabelecer um limite entre o TFDS e o TFDP, parecendo que os mesmos
se “fundem” em uma única estrutura.
Na ultrassonografia podem ser observadas alterações no tamanho, formato, textura,
posição e alinhamento das fibras tendíneas. Deve-se avaliar a região em um corte transversal e
em um corte longitudinal. Por muitas vezes “falhas” no tendão são perceptíveis como áreas
anecóicas; como se fossem um buraco em uma rodovia, variando essa falha em dimensão e
formato. Podem-se perceber também falhas no alinhamento das fibras. Imaginem cordas de
um violão onde cada uma delas deve estar devidamente alinhada para propagar o som de
maneira adequada, de maneira que quando uma está demasiadamente folgada ou
“trincada” o som não se propaga corretamente. No caso do tendão as cordas seriam as
fibras e o som seria a energia mecânica, assim com fibras rompidas (cordas trincadas), a
energia mecânica não se distribui igualitariamente. Tendo em vista que o tendão é uma
estrutura que recebe tensão do musculo e a distribui ao osso, o funcionamento da locomoção do
animal fica assim comprometido.
- Tratamento
O tratamento nem sempre é simples, sendo oneroso e demorado, chegando em muitos
casos a ter que afastar o animal das atividades esportivas por um ano.
As principais opções terapêuticas incluem o uso de antiinflamatórios não esteroídes
(AINE´s), glicosaminoglicanos, terapia com Plasma Rico em Plaquetas – PRP e células tronco
mesenquimais-CTM’s. A fisioterapia também é muito importante no tratamento e inclui
massagens com pomadas detentoras de princípios ativos antiinflamatórios, uso de Ultrassom
terapêutico e como opção mais efetiva o “Shock Wave”. Durante o período de tratamento
emprega-se a restrição do movimento e manutenção do animal em baia de cama macia, areia ou
maravalha. Existem opções cirúrgicas para casos de tendinite aguda, sob as quais não irei entrar
em detalhes.
-Prognóstico
Em torno de 20 a 60% dos animais tratados voltam as atividades esportivas, porém o
índice de recidiva é alto podendo chegar a 80%. Por isso deve-se conscientizar o proprietário da
imprevisibilidade do problema. Em muitos casos quando se tem éguas acometidas e o
prognóstico envolve uma recuperação lenta, de 4 a 6 meses, recomendo particularmente que o
proprietário a encaminhe para reprodução durante o tratamento, pois assim garante-se que o
animal fique pelo menos 12 a 15 meses sem atividade e se minimiza a perda econômica.
-
Égua, 13 anos, QM. Havia corrido prova de
vaquejada a cerca de uma semana e
apresentou após isso aumento de volume
na região palmar do metacarpo.
 No exame clinico foi possível
constatar dor a palpação, presença
de edema e calor.
 Dificuldade para distinguir o TFDS e
o TFDP
 Animal com membro suspenso
maior parte do tempo
Fonte:ArquivoPessoal
 Corte ultrassonográfico longitudinal
da região, mostrando lesão do TFDS
(área anecoíca)
Fonte:ArquivoPessoalFonte:ArquivoPessoal
 Uso de ultrassom terapêutico em
animal com lesão de TFDS em
membro posterior

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

9 fundamentos-de-terapeutica-veterinaria
9 fundamentos-de-terapeutica-veterinaria9 fundamentos-de-terapeutica-veterinaria
9 fundamentos-de-terapeutica-veterinaria
JesusCo1908
 
Texto - Guia para a exploração cirúrgica da cavidade abdominal do equino.pdf
Texto - Guia para a exploração cirúrgica da cavidade abdominal do equino.pdfTexto - Guia para a exploração cirúrgica da cavidade abdominal do equino.pdf
Texto - Guia para a exploração cirúrgica da cavidade abdominal do equino.pdf
Pedro Augusto
 
Aula 07 08 09 2009 2
Aula 07 08 09 2009 2Aula 07 08 09 2009 2
Aula 07 08 09 2009 2
UFPEL
 
Principais endocrinopatias em pequenos animais
Principais endocrinopatias em pequenos animaisPrincipais endocrinopatias em pequenos animais
Principais endocrinopatias em pequenos animais
ReginaReiniger
 

Mais procurados (20)

Zootecnia Geral - Coelhos
Zootecnia Geral - CoelhosZootecnia Geral - Coelhos
Zootecnia Geral - Coelhos
 
ANATOMIA CANINA
ANATOMIA CANINAANATOMIA CANINA
ANATOMIA CANINA
 
Semiologia de animais selvagens
Semiologia de animais selvagensSemiologia de animais selvagens
Semiologia de animais selvagens
 
11 tabela de-exames_e_posicionamentos_radiograficos
11 tabela de-exames_e_posicionamentos_radiograficos11 tabela de-exames_e_posicionamentos_radiograficos
11 tabela de-exames_e_posicionamentos_radiograficos
 
Andamento de Equinos
Andamento de EquinosAndamento de Equinos
Andamento de Equinos
 
Caes e gatos
Caes e gatosCaes e gatos
Caes e gatos
 
Mamíferos shaline araújo
Mamíferos   shaline araújoMamíferos   shaline araújo
Mamíferos shaline araújo
 
Topografia veterinária - cabeça
Topografia veterinária - cabeçaTopografia veterinária - cabeça
Topografia veterinária - cabeça
 
sindrome compartimental em pediatria
sindrome compartimental em pediatriasindrome compartimental em pediatria
sindrome compartimental em pediatria
 
9 fundamentos-de-terapeutica-veterinaria
9 fundamentos-de-terapeutica-veterinaria9 fundamentos-de-terapeutica-veterinaria
9 fundamentos-de-terapeutica-veterinaria
 
Texto - Guia para a exploração cirúrgica da cavidade abdominal do equino.pdf
Texto - Guia para a exploração cirúrgica da cavidade abdominal do equino.pdfTexto - Guia para a exploração cirúrgica da cavidade abdominal do equino.pdf
Texto - Guia para a exploração cirúrgica da cavidade abdominal do equino.pdf
 
Caso clínico
Caso clínicoCaso clínico
Caso clínico
 
Principais
afecções da cavidade oral de pequenos animais
Principais
afecções da cavidade oral  de pequenos animais Principais
afecções da cavidade oral  de pequenos animais
Principais
afecções da cavidade oral de pequenos animais
 
Atualização dos protocolos de IATF, SOV/OPU-FIV E TETF para vacas de leite e ...
Atualização dos protocolos de IATF, SOV/OPU-FIV E TETF para vacas de leite e ...Atualização dos protocolos de IATF, SOV/OPU-FIV E TETF para vacas de leite e ...
Atualização dos protocolos de IATF, SOV/OPU-FIV E TETF para vacas de leite e ...
 
Aula 07 08 09 2009 2
Aula 07 08 09 2009 2Aula 07 08 09 2009 2
Aula 07 08 09 2009 2
 
Papo Vet - Reprodução de Equinos
Papo Vet - Reprodução de EquinosPapo Vet - Reprodução de Equinos
Papo Vet - Reprodução de Equinos
 
Deontologia na medicina veterinária
Deontologia na medicina veterináriaDeontologia na medicina veterinária
Deontologia na medicina veterinária
 
Doença Inflamatória Intestinal em gatos
Doença Inflamatória Intestinal em gatosDoença Inflamatória Intestinal em gatos
Doença Inflamatória Intestinal em gatos
 
Principais endocrinopatias em pequenos animais
Principais endocrinopatias em pequenos animaisPrincipais endocrinopatias em pequenos animais
Principais endocrinopatias em pequenos animais
 
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal I
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal IIntrodução e planos anatômicos - anatomia animal I
Introdução e planos anatômicos - anatomia animal I
 

Destaque

Doenças comuns em cavalos
Doenças comuns em cavalosDoenças comuns em cavalos
Doenças comuns em cavalos
a7004624
 
Vacinação de equinos
Vacinação de equinosVacinação de equinos
Vacinação de equinos
Pedro Carvalho
 
Apresentação do lcga dez.2012
Apresentação do lcga dez.2012Apresentação do lcga dez.2012
Apresentação do lcga dez.2012
Pedro Augusto
 
2ª postagem espermograma
2ª postagem   espermograma2ª postagem   espermograma
2ª postagem espermograma
Pedro Augusto
 
Polioencefalomalacia clinica de ruminantes
Polioencefalomalacia   clinica de ruminantesPolioencefalomalacia   clinica de ruminantes
Polioencefalomalacia clinica de ruminantes
Pedro Augusto
 
Deformidades angulares dos membros de equinos
Deformidades angulares dos membros de equinosDeformidades angulares dos membros de equinos
Deformidades angulares dos membros de equinos
Pedro Augusto
 
Intoxicação por chumbo
Intoxicação por chumboIntoxicação por chumbo
Intoxicação por chumbo
Pedro Augusto
 
Exame clínico neurológico de cães pedro augusto cordeiro borges
Exame clínico neurológico de cães   pedro augusto cordeiro borgesExame clínico neurológico de cães   pedro augusto cordeiro borges
Exame clínico neurológico de cães pedro augusto cordeiro borges
Pedro Augusto
 
Criação e exploração dos equídeos
Criação e exploração dos equídeosCriação e exploração dos equídeos
Criação e exploração dos equídeos
Renato de Paula
 
Tarsal Anatomy of the Horse
Tarsal Anatomy of the HorseTarsal Anatomy of the Horse
Tarsal Anatomy of the Horse
Dane Tatarniuk
 

Destaque (20)

Fisioterapia e reabilitação de equinos atletas
Fisioterapia e reabilitação de equinos atletasFisioterapia e reabilitação de equinos atletas
Fisioterapia e reabilitação de equinos atletas
 
Doenças comuns em cavalos
Doenças comuns em cavalosDoenças comuns em cavalos
Doenças comuns em cavalos
 
Vacinação de equinos
Vacinação de equinosVacinação de equinos
Vacinação de equinos
 
Apresentação do lcga dez.2012
Apresentação do lcga dez.2012Apresentação do lcga dez.2012
Apresentação do lcga dez.2012
 
Lcga fev. 2013
Lcga fev. 2013Lcga fev. 2013
Lcga fev. 2013
 
2ª postagem espermograma
2ª postagem   espermograma2ª postagem   espermograma
2ª postagem espermograma
 
RENAME 2013
RENAME 2013RENAME 2013
RENAME 2013
 
Polioencefalomalacia clinica de ruminantes
Polioencefalomalacia   clinica de ruminantesPolioencefalomalacia   clinica de ruminantes
Polioencefalomalacia clinica de ruminantes
 
Chumbo 
Chumbo Chumbo 
Chumbo 
 
Deformidades angulares dos membros de equinos
Deformidades angulares dos membros de equinosDeformidades angulares dos membros de equinos
Deformidades angulares dos membros de equinos
 
Síndrome cólica equina
Síndrome cólica equinaSíndrome cólica equina
Síndrome cólica equina
 
Intoxicação por chumbo
Intoxicação por chumboIntoxicação por chumbo
Intoxicação por chumbo
 
Exame clínico neurológico de cães pedro augusto cordeiro borges
Exame clínico neurológico de cães   pedro augusto cordeiro borgesExame clínico neurológico de cães   pedro augusto cordeiro borges
Exame clínico neurológico de cães pedro augusto cordeiro borges
 
Equineradiographypositioningtechniquestipsforacquiringgoodimages1 15082600521...
Equineradiographypositioningtechniquestipsforacquiringgoodimages1 15082600521...Equineradiographypositioningtechniquestipsforacquiringgoodimages1 15082600521...
Equineradiographypositioningtechniquestipsforacquiringgoodimages1 15082600521...
 
Sindrome da rabdomiolise por esforço em equinos
Sindrome da rabdomiolise por esforço em  equinosSindrome da rabdomiolise por esforço em  equinos
Sindrome da rabdomiolise por esforço em equinos
 
Criação e exploração dos equídeos
Criação e exploração dos equídeosCriação e exploração dos equídeos
Criação e exploração dos equídeos
 
Tarsal Anatomy of the Horse
Tarsal Anatomy of the HorseTarsal Anatomy of the Horse
Tarsal Anatomy of the Horse
 
Instalações para eqüinos
Instalações para eqüinosInstalações para eqüinos
Instalações para eqüinos
 
Parasitos equinos
Parasitos equinosParasitos equinos
Parasitos equinos
 
Parasitos Equinos
Parasitos EquinosParasitos Equinos
Parasitos Equinos
 

Semelhante a Tendinites em equinos

Anatomia geral dos ossos e articulações
Anatomia geral dos ossos e articulaçõesAnatomia geral dos ossos e articulações
Anatomia geral dos ossos e articulações
Filipe Matos
 
Sindrome-do-tunel-do-carpo
 Sindrome-do-tunel-do-carpo Sindrome-do-tunel-do-carpo
Sindrome-do-tunel-do-carpo
Thaís .
 
TRAUMATISMOS OSSEOS
TRAUMATISMOS OSSEOSTRAUMATISMOS OSSEOS
TRAUMATISMOS OSSEOS
joelbm
 

Semelhante a Tendinites em equinos (20)

Lesão de Flexores.pdf
Lesão de Flexores.pdfLesão de Flexores.pdf
Lesão de Flexores.pdf
 
122090533 revistapodologia-com-004pt
122090533 revistapodologia-com-004pt122090533 revistapodologia-com-004pt
122090533 revistapodologia-com-004pt
 
Síndrome do compartimento3
Síndrome  do compartimento3Síndrome  do compartimento3
Síndrome do compartimento3
 
Aula fratura do úmero proximal
Aula fratura do úmero proximalAula fratura do úmero proximal
Aula fratura do úmero proximal
 
amputação membros inferiores
 amputação membros inferiores   amputação membros inferiores
amputação membros inferiores
 
Conceitos em ortopedia
Conceitos em ortopediaConceitos em ortopedia
Conceitos em ortopedia
 
Ultrassom do manguito rotador
Ultrassom do manguito rotadorUltrassom do manguito rotador
Ultrassom do manguito rotador
 
Lesões do mecanismo extensor do joelho
Lesões do mecanismo extensor do joelhoLesões do mecanismo extensor do joelho
Lesões do mecanismo extensor do joelho
 
Hernia de disco Dr Omar Mohamad M. Abdallah
Hernia de disco Dr Omar Mohamad M. AbdallahHernia de disco Dr Omar Mohamad M. Abdallah
Hernia de disco Dr Omar Mohamad M. Abdallah
 
Tipos de fraturas
Tipos de fraturasTipos de fraturas
Tipos de fraturas
 
Amputação
AmputaçãoAmputação
Amputação
 
Anatomia geral dos ossos e articulações
Anatomia geral dos ossos e articulaçõesAnatomia geral dos ossos e articulações
Anatomia geral dos ossos e articulações
 
Atlas Osseo.pdf
Atlas Osseo.pdfAtlas Osseo.pdf
Atlas Osseo.pdf
 
Retalhos de Membros Superior
Retalhos de Membros SuperiorRetalhos de Membros Superior
Retalhos de Membros Superior
 
Sindrome-do-tunel-do-carpo
 Sindrome-do-tunel-do-carpo Sindrome-do-tunel-do-carpo
Sindrome-do-tunel-do-carpo
 
TRAUMATISMOS OSSEOS
TRAUMATISMOS OSSEOSTRAUMATISMOS OSSEOS
TRAUMATISMOS OSSEOS
 
Aula 9 Biomec Ossos e Articulação
Aula 9   Biomec Ossos e ArticulaçãoAula 9   Biomec Ossos e Articulação
Aula 9 Biomec Ossos e Articulação
 
Protocolo Ressonância magnética do joelho e tornozelo
Protocolo Ressonância magnética do joelho e tornozeloProtocolo Ressonância magnética do joelho e tornozelo
Protocolo Ressonância magnética do joelho e tornozelo
 
Síndrome Compartimental
Síndrome CompartimentalSíndrome Compartimental
Síndrome Compartimental
 
Lesão de Extensores
Lesão de ExtensoresLesão de Extensores
Lesão de Extensores
 

Mais de Pedro Augusto

Texto - tipos e padrões de sutura para celiorrafia.pdf
Texto - tipos e padrões de sutura para celiorrafia.pdfTexto - tipos e padrões de sutura para celiorrafia.pdf
Texto - tipos e padrões de sutura para celiorrafia.pdf
Pedro Augusto
 

Mais de Pedro Augusto (9)

Considerações sobre celiorrafia em equinos
Considerações sobre celiorrafia em equinosConsiderações sobre celiorrafia em equinos
Considerações sobre celiorrafia em equinos
 
Texto - tipos e padrões de sutura para celiorrafia.pdf
Texto - tipos e padrões de sutura para celiorrafia.pdfTexto - tipos e padrões de sutura para celiorrafia.pdf
Texto - tipos e padrões de sutura para celiorrafia.pdf
 
Novas perspectivas para o ensino de Medicina Veterinária
Novas perspectivas para o ensino de Medicina VeterináriaNovas perspectivas para o ensino de Medicina Veterinária
Novas perspectivas para o ensino de Medicina Veterinária
 
Anatomia do membro distal do equino aplicada ao diagnóstico de claudicação - ...
Anatomia do membro distal do equino aplicada ao diagnóstico de claudicação - ...Anatomia do membro distal do equino aplicada ao diagnóstico de claudicação - ...
Anatomia do membro distal do equino aplicada ao diagnóstico de claudicação - ...
 
Principais abordagens cirúrgicas do abdomen agudo equino
Principais abordagens cirúrgicas do abdomen agudo equinoPrincipais abordagens cirúrgicas do abdomen agudo equino
Principais abordagens cirúrgicas do abdomen agudo equino
 
Fisiologia do sistema nervoso - Anatomia e Funções
Fisiologia do sistema nervoso - Anatomia e FunçõesFisiologia do sistema nervoso - Anatomia e Funções
Fisiologia do sistema nervoso - Anatomia e Funções
 
Plasma rico em plaquetas e seu uso na osteoartrite equina
Plasma rico em plaquetas e seu uso na osteoartrite equinaPlasma rico em plaquetas e seu uso na osteoartrite equina
Plasma rico em plaquetas e seu uso na osteoartrite equina
 
Etiopatogenia da Osteoartrite Equina
Etiopatogenia da Osteoartrite EquinaEtiopatogenia da Osteoartrite Equina
Etiopatogenia da Osteoartrite Equina
 
Banner semic
Banner  semicBanner  semic
Banner semic
 

Último

Último (8)

700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
700740332-0601-TREINAMENTO-LAVIEEN-2021-1.pdf
 
HIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.ppt
HIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.pptHIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.ppt
HIV-Gastrointestinal....infeccao.....I.ppt
 
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane SpielmannAvanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
Avanços da Telemedicina em dados | Regiane Spielmann
 
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
Em um local de crime com óbito muitas perguntas devem ser respondidas. Quem é...
 
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.pptaula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
aula entrevista avaliação exame do paciente.ppt
 
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdfInteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
Inteligência Artificial na Saúde - A Próxima Fronteira.pdf
 
88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx88888888888888888888888888888663342.pptx
88888888888888888888888888888663342.pptx
 
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestivFisiologia da Digestão sistema digestiv
Fisiologia da Digestão sistema digestiv
 

Tendinites em equinos

  • 1. Saudações Hoje irei abranger de maneira sucinta a tendinite, patologia muito comum na rotina do clínico de equinos; que causa inúmeras perdas econômicas, reduzindo por vezes a vida útil do animal na atividade esportiva a qual este se dedica, bem como infringindo diretamente o bem- estar animal. O tendão nada mais é do que uma faixa espessa de tecido conjuntivo fibroso que age como intermediário na ligação do musculo ao osso, diferenciando-se dos ligamentos, que são faixas similares de tecido conjuntivo que conectam ossos. Os tendões constituem-se de várias unidades arranjadas longitudinalmente em três níveis (feixe tendíneo primário, secundário e terciário). Os componentes básicos da estrutura tendínea são as fibrilas de colágeno, a matriz extracelular e as fileiras de tenoblástos (fibroblastos), células responsáveis por secretar substâncias necessárias a formação da matriz. A figura 1 exemplifica a organização estrutural de um tendão. Simplificando; imaginemos que o tendão seja uma corda e que dentro dessa corda existam vários filamentos de corda menos espessos que se agrupam para formar o que seria a corda propriamente dita; o que é possível de se visualizar quando se corta essa corda ao meio e se a observa de cima. Os tendões possuem uma grande resistência a tração e tem baixa extensibilidade, uma tensão que leve a um estiramento de 8-12% no comprimento das fibras tendíneas é capaz de causar alterações que podem culminar com a ruptura de fibras. Assim nas diversas atividades equestres, muitas vezes o tendão trabalha no seu limite fisiológico.  Ondulações presentes nas fibras colágenas permitem o estiramento do tendão. Tensões que aumentem em até 3% (fase elástica) o comprimento do tendão não comprometem sua funcionalidade por não alterar o aspecto ondulado das fibras colágenas. A partir de 5% (fase viscoelástica) de aumento na extensão do tendão, a tensão se encontra no limite fisiológico levando a perda do aspecto ondulado. Quando a tensão leva a 8%-12% (ruptura) de extensão pode ocorrer ruptura de fibras. 3% 5% ≥8% Fonte: STASHACK,
  • 2. - Causas de tendinite A tendinite está relacionada na maior parte das vezes a hiperextensões bruscas do tendão durante trabalho, ou lesões que se acumulam ao longo do tempo causando desarranjo na estrutura do tendão; em menor escala a lesão resulta de traumas infringidos diretamente sobre o mesmo e correlacionados a casqueamento, ferrageamento e aprumos inadequados. Por suportarem maior carga de tensão durante a locomoção, os membros torácicos são geralmente os afetados (cerca de 60 a 65% do peso do equino está sustentado nos membros torácicos); o TFDS trabalha no limite de sua resistência tênsil aumentando ainda mais o risco de acometimento e sendo este o tendão envolvido na maioria dos casos de tendinite. - Diagnóstico e Monitoramento das tendinites Assim como em qualquer outra patologia o diagnóstico envolve uma boa anamnese e um bom exame clínico, e torna-se indispensável um exame ultrassonográfico para melhor acurácia desse diagnóstico. O exame ultrassonográfico torna-se importante não só em um primeiro momento, mas também, para o monitoramento da recuperação tendínea, ajudando a estabelecer melhor o prognóstico. Os graus de claudicação apresentados na tendinite são variáveis; pode se observar um aumento de volume local, calor e dor; sinais característicos de inflamação. A palpação fica por muitas vezes difícil estabelecer um limite entre o TFDS e o TFDP, parecendo que os mesmos se “fundem” em uma única estrutura. Na ultrassonografia podem ser observadas alterações no tamanho, formato, textura, posição e alinhamento das fibras tendíneas. Deve-se avaliar a região em um corte transversal e em um corte longitudinal. Por muitas vezes “falhas” no tendão são perceptíveis como áreas anecóicas; como se fossem um buraco em uma rodovia, variando essa falha em dimensão e formato. Podem-se perceber também falhas no alinhamento das fibras. Imaginem cordas de um violão onde cada uma delas deve estar devidamente alinhada para propagar o som de maneira adequada, de maneira que quando uma está demasiadamente folgada ou “trincada” o som não se propaga corretamente. No caso do tendão as cordas seriam as fibras e o som seria a energia mecânica, assim com fibras rompidas (cordas trincadas), a energia mecânica não se distribui igualitariamente. Tendo em vista que o tendão é uma estrutura que recebe tensão do musculo e a distribui ao osso, o funcionamento da locomoção do animal fica assim comprometido.
  • 3. - Tratamento O tratamento nem sempre é simples, sendo oneroso e demorado, chegando em muitos casos a ter que afastar o animal das atividades esportivas por um ano. As principais opções terapêuticas incluem o uso de antiinflamatórios não esteroídes (AINE´s), glicosaminoglicanos, terapia com Plasma Rico em Plaquetas – PRP e células tronco mesenquimais-CTM’s. A fisioterapia também é muito importante no tratamento e inclui massagens com pomadas detentoras de princípios ativos antiinflamatórios, uso de Ultrassom terapêutico e como opção mais efetiva o “Shock Wave”. Durante o período de tratamento emprega-se a restrição do movimento e manutenção do animal em baia de cama macia, areia ou maravalha. Existem opções cirúrgicas para casos de tendinite aguda, sob as quais não irei entrar em detalhes. -Prognóstico Em torno de 20 a 60% dos animais tratados voltam as atividades esportivas, porém o índice de recidiva é alto podendo chegar a 80%. Por isso deve-se conscientizar o proprietário da imprevisibilidade do problema. Em muitos casos quando se tem éguas acometidas e o prognóstico envolve uma recuperação lenta, de 4 a 6 meses, recomendo particularmente que o proprietário a encaminhe para reprodução durante o tratamento, pois assim garante-se que o animal fique pelo menos 12 a 15 meses sem atividade e se minimiza a perda econômica. - Égua, 13 anos, QM. Havia corrido prova de vaquejada a cerca de uma semana e apresentou após isso aumento de volume na região palmar do metacarpo.  No exame clinico foi possível constatar dor a palpação, presença de edema e calor.  Dificuldade para distinguir o TFDS e o TFDP  Animal com membro suspenso maior parte do tempo Fonte:ArquivoPessoal
  • 4.  Corte ultrassonográfico longitudinal da região, mostrando lesão do TFDS (área anecoíca) Fonte:ArquivoPessoalFonte:ArquivoPessoal  Uso de ultrassom terapêutico em animal com lesão de TFDS em membro posterior