SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 20
Baixar para ler offline
Crianças vulneráveis                   1
                                                 Maria Lucrécia Scherer Zavaschi




INTRODUÇÃO

      Já era tarde, e eu estava muito cansada do extenuante trabalho do
dia. Chamei e entrei em um táxi, como sempre faço. Ao solicitar ao moto-
rista que me levasse para casa, perto da rótula da Febem*, na Avenida
Padre Cacique, em Porto Alegre, ele me disse: “A senhora sabe que eu me
criei aqui desde pequeno, e que, graças à Febem, eu hoje sou um homem
direito, sou casado, tenho meus filhos e meu trabalho?”. A dignidade desse
homem me fez pensar que todo esforço investido nas crianças vulneráveis
vale a pena, e o cansaço do dia me foi sobejamente recompensado.
      A pequena história do motorista de táxi, um herói do nosso cotidiano,
que, por certo, dispõe de robustos recursos de saúde mental para suportar
a separação de sua família de origem, adotando a Febem como seu lar
formador, poderia ser a história de centenas e milhares de crianças
brasileiras vulneráveis que são acolhidas em nossos lares públicos. No
entanto, a maioria delas não dispõe de tamanha saúde mental e física, e,
por essa razão, talvez não alcance seus excelentes resultados. A maioria
delas apresenta transtorno de conduta e já utilizou uma série de drogas
em algum momento da vida (Reinhardt e Falceto, 2006).


*
   Em 2002, a antiga Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) foi desmem-
brada em Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase-RS) e Fundação de As-
sistência Social e Cidadania (Fasc-RS).
" Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols.

      Justamente as crianças menos saudáveis, física e emocionalmente,
criadas ou não por suas famílias, tornam-se mais vulneráveis à impa-
ciência dos adultos, estando mais expostas à negligência, ao abandono e
aos maus-tratos.
      A criança vulnerável, portadora de enfermidade mental, requer um
trabalho muito específico de técnicos que, mesmo hábeis e competentes,
enfrentam complexas situações que demandam uma multiplicidade de
medidas e um esforço humano considerável.
      As crianças que atendemos são vítimas dos mais variados transtornos,
desde transitórias crises de desenvolvimento até graves patologias, que as
impedem de viver em grupo e de frequentar a escola. Tanto os transtornos
do desenvolvimento quanto as mais graves patologias podem ser desen-
cadeados por diversos tipos de traumas, muitos dos quais decorrentes de
violência, abandono, abuso e maus-tratos. Essas crianças são testemunhas
das cenas mais cruéis, desde ofensas entre os pais até o assassinato de um
dos pais pelo outro.
      Muitas crianças chegam ao hospital com hematomas, cortes e fraturas.
Mais do que seu sofrimento físico, toca-nos o seu sentimento de humilhação
e abandono. Algumas meninas, paralisadas e confusas, tardam a expressar
alguns detalhes reveladores do aviltante abuso perpretado por seus pais e
padrastos. Algumas delas são herdeiras do HIV outras já desenvolveram a
                                                 ,
doença.
      Nas últimas décadas, avolumaram-se trabalhos reveladores de que
vivências traumáticas na infância têm um intenso impacto sobre a ado-
lescência e a vida adulta. Adultos que sofreram negligência, abuso físico e
sexual, bem como perdas na infância, apresentam maior risco para o
desenvolvimento de doença mental (Zavaschi et al., 2006; Brown et al.,
1999; Emde, 1989; Sameroff, 1989; Shengold, 1979; Caplan, 1966).
      As consequências mais gritantes podem ser vistas a olho nu, porém a
maioria delas não deixam marcas físicas aparentes. Deixam, no entanto,
terríveis cicatrizes de natureza emocional, que atingem não só a própria
criança, mas toda sua família. O custo para essas pessoas é inimaginável,
uma vez que perdura por toda a vida, levando à depressão, à drogadição,
à marginalidade, entre tantas outras desgraças. Os descendentes dessas
pequenas vítimas poderão ser igualmente afetados.
      Portanto, o objetivo deste capítulo é apresentar as situações de vulne-
rabilidade mais prementes manifestadas por nossas crianças e apontar
algumas possíveis medidas para enfrentá-las.
Crianças e adolescentes vulneráveis   #

COMO SURGE A VULNERABILIDADE

     A saúde, como a doença, depende de múltiplos fatores que vêm sendo
estudados há milhares de anos (Hipócrates, 400 a.C.). Embora incríveis
avanços tenham sido alcançados na luta contra as doenças, muitas
incógnitas ainda impedem que alcancemos medidas mais eficientes para
enfrentá-las. Sabe-se que vários fatores de risco são necessários para que
uma pessoa se torne vulnerável, ou mesmo doente.
     Neste capítulo, levantarei apenas alguns dos fatores de risco aos quais
nossas crianças são frequentemente submetidas. São eles: vulnerabilidade
neurológica, perdas por baixas condições socioeconômicas, morte ou separação
dos pais, traumas por exposição à violência e traumas por abuso sexual.
     No mundo ocidental, em 1917, Freud formulou a hipótese de que o
psiquismo seria estruturado a partir do patrimônio genético, modelado pela
primitiva relação do bebê com seus pais, constituindo as denominadas “ex-
periências infantis”. Tais experiências desempenhariam um papel crucial na
resolução das diferentes etapas do desenvolvimento, promovendo a saúde e
o amadurecimento do indivíduo. As vivências infantis, se educativas e estru-
turantes, proveriam o indivíduo de condições para o enfrentamento das vicis-
situdes decorrentes de traumas que viesse a sofrer ao longo da vida. Seguindo
a mesma trajetória, Freud entendia que a causa das doenças emocionais
também estava relacionada à qualidade do patrimônio genético, que incluía
a bagagem pré-histórica do indivíduo. Assim é que, a partir desse referencial,
podemos entender quão vulneráveis se tornam as crianças na vigência de
uma infância permeada de carências, extrema pobreza, mães deprimidas e
pais que, usuários de álcool, são os perpetradores da maior violência.
     Na atualidade, o crescente conhecimento sobre as múltiplas deter-
minantes genéticas que concorrem para as doenças mentais confirmam as
hipóteses de Freud (1917). Sabe-se que, quanto maior a predominância
do fator genético, maior será sua influência sobre o destino do indivíduo.
Fatores traumáticos intensos, incidindo sobre um indivíduo geneticamente
saudável, podem, no entanto, levar a alterações do desenvolvimento. Se
as primitivas experiências infantis, entre o bebê e seus pais, forem satis-
fatórias (Freud, 1938), deixarão marcas em seu desenvolvimento, forne-
cendo o modelo para as demais relações afetivas ao longo de sua vida.
     As respostas psicológicas do indivíduo aos estímulos do ambiente,
tanto prazerosos como traumáticos, também podem ser consideradas a
partir da perspectiva da teoria do apego (Fonagy e Target, 1995; Liem e
Boudewyn, 1999; Kaufman et al., 2000). Assim, se as necessidades da
$ Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols.

criança encontrarem disponibilidade por parte da mãe ou de seus cuida-
dores, se estabelecerá progressivamente um vínculo seguro, estruturando
um self confiante, capaz de fazer frente às situações de estresse. Inversa-
mente, o não-estabelecimento de um vínculo seguro leva a uma maior
vulnerabilidade em situações traumáticas. Diversos psicanalistas e
psiquiatras (Eizirik et al., 2001; Falceto e Waldemar, 2001; Zavaschi et
al., 2001; Shechter, 1998; Fonagy e Target, 1995; Bemporad e Romano,
1993; Cohen, 1990; Green, 1988; Shengold, 1979; Abraham, 1970; Freud,
A., 1967; Klein, 1940) desenvolveram teorias e pesquisas a respeito dos
traumas vividos na infância por seus pacientes e as nocivas repercussões
na vida adulta. Tais repercussões prendem-se a prejuízos na qualidade de
vida, nas relações interpessoais e nas manifestações clínicas, como de-
pressão. Alguns pesquisadores encontraram relação entre experiências in-
fantis adversas, de gravidade cumulativa, com doenças na vida adulta,
que teriam inclusive a morte como possível desfecho (Felitti et al., 1998).
      Porém, nem todas as crianças vítimas de traumas na infância têm pro-
blemas na vida adulta. Alguns autores constataram que apenas uma minoria
de pacientes com severos distúrbios de personalidade referem trauma na
infância (Paris, 1998). O mesmo autor realizou pesquisa com crianças de
risco, demonstrando que a resiliência é a regra, não a exceção, entendendo-
se por resiliência a capacidade do indivíduo de emergir intacto de expe-
riências negativas durante a vida. Das crianças expostas a trauma severo,
25% desenvolvem psicopatologia perceptível na vida adulta (Werner e Smith,
1992; Lynskey e Fergusson, 1997; O’Dougherty e Masten, 1997).
      As relações estáveis, protetoras, respeitosas e amorosas dentro da família
representam um importante fator protetor para o desenvolvimento saudável
da criança. Estudos têm demonstrado que a qualidade das relações de amizade
entre os adolescentes pode determinar o direcionamento do desenvolvimento
nessa idade (Lynskey e Fergusson, 1997). A ponderação entre os fatores de
risco e de proteção para o desenvolvimento da patologia pós-trauma é bastante
complexa, havendo dificuldade de identificar que fator independente influencia
efetivamente determinado desfecho psicopatológico na vida adulta (Rutter,
1987; O’Dougherty e Masten, 1997; Brown et al., 1999).
      No entanto, efeitos cumulativos de fatores de risco acabam por exaurir
os fatores protetores. A sensibilidade da resposta ao trauma varia de acordo
com os traços de personalidade do indivíduo (Rutter, 1993).
      Embora muitos esforços sejam despendidos em nosso país na bus-
ca do entendimento da vulnerabilidade infantil, ainda são escassos os
estudos no Brasil e na América Latina. Desses, podemos citar os de Azevedo
Crianças e adolescentes vulneráveis   %

e Guerra, 1989 e 1998; Célia, 1990; Farinatti, 1990; Lippi, 1990; Ferreira,
1999; Benetti, 2002.


MARCADORES NEUROBIOLÓGICOS

      Recentes pesquisas têm comprovado que o sistema nervoso central
fica afetado pelos traumas, deixando marcas persistentes ao longo da vida.
Os pesquisadores chamam de “marcadores neurobiológicos” aos sinais
permanentes ou temporários resultantes dos traumas sobre o cérebro e
sobre todo o sistema neurobiológico, que também inclui o sistema neuro-
endocrinológico do indivíduo.
      Pesquisadores acreditam que o trauma, incidindo sobre um indivíduo
geneticamente vulnerável, pode desencadear o primeiro episódio depres-
sivo. Dessa forma, ele se tornará mais vulnerável, uma vez que, além da
experiência dolorosa aprendida, poderá haver uma alteração em nível
neuroendócrino no eixo hipotálamo-pituitário-adrenal que favorecerá a
reedição de episódios depressivos diante de diferentes estressores, confe-
rindo-lhe uma qualidade aditiva, de efeitos cumulativos (Bleich et al.,
1997; Wiess et al., 1999; Yehuda, 1998, 2002).
      A memória de interações traumáticas entre a mãe depressiva e seu
bebê confere a essa relação características complexas que não se detêm
apenas a um arquivo fidedigno dos fatos traumáticos, mas se alteram
continuamente de forma dinâmica, influenciando o comportamento vigente
do indivíduo adulto (Leuzinger-Bohleber e Pfeifer, 2002).
      A possibilidade do estudo simultâneo dos processos neurobiológicos,
das medidas neurofisiológicas, das técnicas de imagem cerebral e do com-
portamento permite a busca de elos na aparente dicotomia cérebro-mente
(Gabbard, 1998). Em acréscimo à contribuição genética para o estudo da
vulnerabilidade a transtornos do humor e de ansiedade, foi postulado um
papel proeminente aos eventos adversos precoces (Kaufman et al., 2000).
Os traumas na infância não só se manifestam por depressão na vida adulta,
como podem exercer mudanças definitivas no metabolismo neuroquímico
(Gabbard, 1998; Glaser, 2000).
      Alguns estudos propuseram que os eventos adversos no início da
vida podem levar o indivíduo humano a uma maior vulnerabilidade aos
efeitos estressores, resultando em aumento de risco para psicopatologia
por alterações duradouras nos circuitos neuronais (Yehuda, 1998 e 2002;
Heim et al., 2000; Heim e Nemeroff, 2001).
Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols.

      Heim e colaboradores (2000) também sugeriram que o estresse no
início da vida resulta em uma sensibilização ou hiperatividade do fator
liberador de corticotrofina do sistema nervoso central, podendo contribuir,
dessa forma, para o desenvolvimento de doenças do humor e transtornos
de ansiedade.
      A maioria das informações acerca dos efeitos da privação precoce
sobre o desenvolvimento cerebral provêm de experimentos com animais.
Tais estudos têm demonstrado que períodos breves e repetitivos de se-
paração materna levam a uma reação de estresse nos filhotes recém-nas-
cidos, que se expressa por aumento da secreção de glicocorticóides, com
resultante morte de células hipocampais. Um dia de privação materna foi
suficiente para diminuir, nesses animais, a quantidade do fator neurotrófico
neuronal no hipocampo, levando à morte celular (Glaser, 2000). Em estudo
realizado em humanos, Vythilingam e colaboradores (2002) constataram
que mulheres deprimidas que haviam sofrido severos e crônicos abusos
físicos e sexuais durante a infância apresentaram uma redução de 18% na
média do volume do hipocampo esquerdo, enquanto as pacientes de-
primidas que não haviam sofrido abuso apresentaram uma redução de
15% em relação aos sujeitos sadios. Fico imaginando qual a extensão da
redução de células hipocampais no cérebro de nossas crianças cronicamente
abusadas e maltratadas.


PERDAS NA INFÂNCIA

      As perdas constituem outro fator de vulnerabilidade, sobretudo as
perdas na infância. Vários estudos têm demonstrado que tais perdas estão
associadas a patologias na vida adulta. No Brasil ainda são escassos os
estudos sobre traumas na infância e patologias na vida adulta. Em 1996,
foi realizada uma pesquisa transversal com base populacional na cidade
de Pelotas (RS) para estudar eventos estressantes ocorridos na infância e
na adolescência e sua possível associação com transtornos psiquiátricos
menores na vida adulta. Foram entrevistadas 841 pessoas, havendo uma
prevalência de 23,8% de transtornos psiquiátricos menores. Tais trans-
tornos estavam associados de forma estatisticamente significativa a eventos
estressantes na infância. Os eventos estudados foram: perda por morte ou
abandono de pessoa afetivamente significativa, separação dos pais, maus-
tratos, abuso sexual, presença de familiar com doença crônica ou grave e
presença de familiar que bebia muito (Ustárroz, 1997). Além da associação
Crianças e adolescentes vulneráveis   '

entre eventos negativos na infância e patologias como a depressão na
vida adulta, a percepção e reedição do evento negativo parecem ser fatores
predisponentes à depressão (Lima, 1999).
     Na América Latina, encontramos um estudo de Numhauser e cola-
boradores que, ao entrevistarem 256 mulheres atendidas em uma unidade
de saúde mental do Hospital de Ancud, Chiloé, no Chile, encontraram
220 (86%) que apresentavam alguma forma de depressão clínica. Daquelas
que relataram sua história infantil (n=147), 91% informaram ter sofrido
experiências traumáticas na infância (Numhauser e Schwartz, 1999).
     Muitos pesquisadores ao redor do mundo se ativeram ao estudo das
perdas ocorridas na infância. Em uma pesquisa nacional de comorbidade
nos Estados Unidos, Kessler e colaboradores (1997) observaram 26 tipos
de adversidades, incluindo situações de perda, como morte e divórcio
parental, psicopatologias parentais, como depressão materna, e traumas,
como estupro. Essas adversidades estavam associadas ao início, mas não
à persistência de transtornos do humor, ansiedade, abuso de drogas e
transtornos de conduta. A partir de estudos estatísticos específicos – análise
multivariada – verificaram que o peso de cada fator foi sendo somado aos
demais, tendo efeitos cumulativos relacionados ao início dos transtornos.
Os pesquisadores concluem que o conjunto de adversidades na infância e
as outras patologias adquiridas ao longo da vida indicam a necessidade
de precaução quanto à interpretação de que uma única adversidade poderia
estar relacionada a um transtorno isolado. Recomendam que outros estudos
sejam feitos para verificar se os efeitos adversos estão relacionados ao
desencadear do transtorno ou criam vulnerabilidades que levam a um
persistente aumento do risco para novas patologias.
     Em extensa pesquisa realizada nos Estados Unidos com 13.017
sujeitos, os investigadores constataram que as pessoas separadas dos pais
em sua infância apresentaram um alto grau de depressão quando com-
paradas com as que foram cuidadas continuamente por seus pais (Amato,
1991). Patten (1991) reuniu dados sobre 2.432 sujeitos e identificou que
as mulheres que haviam perdido um dos pais antes dos 11 anos desen-
volveram depressão. Concluiu também que perder a mãe mais cedo ainda
pode representar um duplo risco de casos de depressão. Assim, quanto
mais cedo é a perda, mais intenso é o risco de ocorrer um quadro de
depressão (Patten, 1991). Outro pesquisador, a partir de uma amostra de
328 pacientes em sintomas depressivos, identificou um aumento da
incidência de tentativas de suicídio naqueles com experiências de perdas
na infância, tanto por separação quanto por morte, sendo que o aumento
! Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols.

da tendência suicida foi atribuído principalmente à perda do pai (Bron
et al., 1991).
      Saler e Skolnick (1992), estudando 90 adultos que haviam perdido
seus pais na infância, avaliaram a qualidade dos cuidados parentais do
pai sobrevivente e o ambiente familiar após a morte. A ausência aos rituais
de morte do pai ou da mãe acarretou maiores índices de depressão e
sentimentos de culpa. Esse achado enfatiza a importância de apoio e per-
missão para que a criança possa falar abertamente sobre sua dor com os
familiares sobreviventes, bem como destaca a importância do processo
psicológico de elaboração do luto.
      A leitura dessas pesquisas reforça e ratifica nossos achados clínicos. Nossas
crianças de centros de saúde mental pública, bem como muitas das crianças
que recebemos em instituições de ensino, apresentam perdas. Em geral, não
se trata de uma única perda, mas de várias, e de efeitos cumulativos.
      Os pais ou substitutos que nos trazem as crianças relatam inúmeros
sacrifícios para manterem os cuidados básicos, como alimentação, educação
e saúde. A maioria das crianças passou por perdas significativas, como se-
paração ou morte dos pais, desemprego, pobreza extrema e, em muitos casos,
doenças físicas, abusos, depressão da mãe ou alcoolismo do pai, ou ambos.
      O caso de Tatiana, uma das crianças atendidas no CAPSi do Hospital
de Clínicas de Porto Alegre, é um exemplo contundente de sucessivas
perdas. Tatiana é a mais velha de seis irmãos que perderam a mãe por
overdose. Ela e os irmãos de idades mais próximas ficaram com o pai,
enquanto a avó materna ficou com os pequenos. O pai, que a negligenciava
e maltratava, abandonou-a nas ruas, juntamente com seus irmãos, ao ser
preso por tráfico de drogas. Após vagarem pelas ruas, as crianças foram
institucionalizadas, pois a avó não dispunha, naquele momento, de condi-
ções financeiras para atender a todos os netos.
      À medida que a visitava, a avó a encontrava cada vez mais magra,
suja, desnutrida e assustada. Penalizada com o progressivo quadro doentio
da neta, resolveu levá-la para casa e, por fim, levá-la ao CAPSi. Tatiana
chegou com inteligência rebaixada, grave transtorno de conduta e in-
controlável impulsividade, atitudes que dificultavam os cuidados da avó e
da equipe. A tudo respondia com violência e agressividade. Suas expe-
riências anteriores, incidindo sobre sua frágil constituição genética, deixa-
ram marcas emocionais e imprimiram em seu sistema nervoso central e
em sua mente cicatrizes indeléveis, que faziam com que, a cada tentativa
de aproximação, ela revidasse, sob a égide da desconfiança. Nem sua mãe
nem seu pai puderam dispensar-lhe os cuidados mínimos no início da
Crianças e adolescentes vulneráveis !

vida, o que, possivelmente, associado aos fatores adversos que se seguiram,
levaram-na à enorme dificuldade de aceitar qualquer aproximação.
      A perda da mãe para as drogas, depois para a morte; a perda do pai
para o tráfico e para a prisão, depois a perda dos irmãos e da avó para a
instituição levaram-na à exaustão. A morte da mãe, não tendo sido aliviada
por uma boa qualidade de cuidado do pai sobrevivente, incidindo sobre
um ego frágil, acabou por exaurir suas parcas reservas afetivas. O resgate
da avó e dos irmãos não foi ainda suficiente para trazê-la ao curso normal
do desenvolvimento.


A VIOLÊNCIA

      Um dos principais fatores que leva à vulnerabilidade das crianças é a
violência instituída desde o berço. Se tomarmos apenas o vértice da
violência, veremos que, por sua relevância e gravidade, essa está sendo
considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos maiores
desafios atuais para a saúde pública em todo o mundo (Krug et al., 2002).
      A América Latina e o Caribe estão inclusos entre as áreas mais vio-
lentas do mundo. Em um estudo de 16 países das Américas, Colômbia e
Brasil foram os únicos países cujas taxas de mortalidade entre os adoles-
centes por causas externas mantiveram-se crescentes (Waiselfiz, 2000). No
Brasil, 67,9% de todas as mortes de pessoas entre 15 e 24 anos decorrem de
causas externas, principalmente por homicídios e acidentes de trânsito, sendo
crescentes as taxas de homicídio entre os adolescentes (Yunes e Zubarew,
1999). A violência urbana vem atingindo, de forma avassaladora, a todas
as classes sociais, o que levou o psicanalista Joel Birman (2006) a afirmar
que, no Brasil, “as classes médias se proletarizaram, de maneira que os seus
filhos passaram a se inscrever no campo da delinquência e da criminalidade”.
      As lesões corporais são a maior causa de morte em crianças de 1 a 4
anos (American College of Surgeons, 1993). Em Porto Alegre, Bassols
(1999) constatou que 70% das internações de crianças de 0 a 4 anos, no
Pronto Socorro Municipal de Porto Alegre, deviam-se a acidentes de
trânsito, quedas e queimaduras. Constatou-se ainda (Zavaschi et al., 2002),
em uma amostra de 1.193 adolescentes estudantes de escolas públicas,
que: 99,7% foram expostos a algum tipo de violência; 70,9% foram vítimas
de algum tipo de violência; 98,4% foram testemunhas de algum incidente
de violência; 99,2% conheciam alguma vítima de violência. Ainda a partir
da mesma amostra, 27 deles (2,3%) relataram terem sido vítimas de abuso
!   Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols.

sexual; 54 (4,5%) foram testemunhas de algum tipo de violência sexual;
e 332 (27%) relataram conhecer alguém que tinha sido vítima de abuso
sexual (Polanczyk et al., 2003).
      A violência também pode ser observada desde a ótica do modelo
ecológico de Bronfenbrenner (1996), que propõe uma visão integrada
acerca da influência que os vários sistemas sociais exercem sobre o indi-
víduo, levando em consideração sua família – ou microssistema – até os
efeitos determinados pela cultura e história – macrossistema. Assim, a
criança pertencente a uma família inserida em uma comunidade violenta
está exposta a um risco adicional aos traumas na infância e suas possíveis
consequências (Osofsky e Zeanah, 1995; Osofsky, 1997 e 1999).
      Os efeitos da violência física e emocional também deixam graves se-
quelas, por gerações, constituindo-se em significativo fator de risco para
inúmeros problemas na vida adulta, incluindo a depressão (Shengold, 1979;
Fonagy e Target, 1995; Fergusson e Lynskey, 1997; Frias-Armenta, 2002).
      Há um progressivo interesse por parte de clínicos e pesquisadores no
estudo da violência, que não pode mais ser vista apenas a partir da pers-
pectiva da vítima, mas requer atenção abrangente, levando em conside-
ração todos os prejuízos dela decorrentes, desde as sequelas impostas às
testemunhas até o alto custo para os serviços de saúde e a economia glo-
bal dos países (Terr, 1991; Osofsky, 1997, 1999; Ferreira, 1999; Yehuda,
2002; Zavaschi et al., 2002).
      O caso dos irmãos Ricardo e Rogério, de 4 e 6 anos, respectivamente,
revela a veracidade das pesquisas estudadas. Os meninos chegavam re-
petidamente ao CAPSi do Hospital de Clínicas com arranhões e hematomas
que se renovavam a cada semana. O medo, o silêncio e a agressividade
predominavam diante de todas as tentativas de aproximação. Os pais eram
chamados para esclarecimentos, ao que respondiam com evasivas. A equipe
angustiava-se progressivamente, na medida em que aumentavam os hemato-
mas e as equimoses. O relato às autoridades poderia representar a retirada
das crianças do tratamento. Depois de reiteradas tentativas para elucidar
tais achados, e como medida legal, sucederam-se algumas comunicações
ineficazes ao Conselho Tutelar, até que o Ministério Público tomou medidas
cabíveis, para que, juntamente com o grupo de técnicos da Unidade de
Internação do Hospital, pudéssemos mobilizar o pai a aceitar ajuda da equipe,
uma vez que era o maior suspeito dos maus-tratos. A mãe fora sempre tes-
temunha e vítima silenciosa da violência. Considerava-se condenada à morte,
uma vez que era portadora de doença física grave. Sendo seu marido o
único responsável vivo pelas crianças, portanto, não poderia denunciá-lo.
Crianças e adolescentes vulneráveis !!

     Finalmente, sob ameaça da Justiça, o pai aceitou uma reunião com a
equipe terapêutica, revelando, aos prantos, o quanto havia sido espancado
por seu pai, sendo esse o método brutal com que fora criado. Reconheceu
que havia reeditado o mesmo sistema paterno em sua casa, espancando e
violentando a mulher na frente das crianças. Ao menor ruído ou reclamação
dos meninos, espancava-os até deixar marcas. No entanto, “os amava e
jamais admitiria perdê-los”. O pai foi internado compulsoriamente com o
auxílio da Polícia Militar, após ameaça de suicídio. Os meninos seguiram
em atendimento, havendo a necessidade de inúmeras medidas por parte
da equipe, do respaldo hospitalar e do Ministério Público para que a família
pudesse ser atendida de forma efetiva. Tanto a mãe quanto o pai sofreram
várias internações psiquiátricas alternadas, havendo um intenso inves-
timento nas crianças neste ínterim. Os meninos, por sua vez, progres-
sivamente, alguns anos depois, foram substituindo a linguagem corporal
violenta por palavras que revelavam seus temores e seu ressentimento.
Aos poucos, foram compreendendo que seu ódio ao pai não o havia trans-
formado em um homem irascível, violento e “mau”, mas sim, que seu
comportamento se devia a uma doença.


O ABUSO SEXUAL

     O abuso sexual é a exposição de uma criança a estímulos sexuais
inapropriados para sua idade, seu nível de desenvolvimento psicossocial
e seu papel na família (Luther e Price, 1980; Ellerstein e Canovan, 1986).
As crianças submetidas ao abuso sexual podem apresentar problemas ao
longo de seu desenvolvimento, tais como automutilação, tentativas de
suicídio, adição a drogas, depressão, isolacionismo, despersonalização,
hipocondria, timidez, impulsividade, hipersexualidade, agressão sexual,
desvio de identidade de gênero e transtornos de conduta, como mentiras,
fugas de casa, roubos e estupro. Também é frequente apresentarem sín-
dromes dissociativas e transtorno grave de personalidade (Craine et al.,
1988; Giaretto, 1989; Zavaschi et al., 1991). O abuso sexual na infância e
adolescência está associado a consequências desastrosas para homens e
mulheres, influenciando negativamente seus relacionamentos afetivos na
idade adulta. Os efeitos do abuso sexual, além das manifestações trau-
máticas imediatas, podem perdurar ao longo da vida e manter sequelas
por várias gerações (Frias-Armenta, 2002). Além disso, as vítimas ficam
mais sujeitas ao estresse pós-traumático e à revitimização, ou seja, se
! Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols.

submetem reiteradas vezes a situações de violência e maus-tratos
(Neumann et al., 1996).
      O abuso traz consigo uma tendência à negação dos fatos. A negação
acompanha deliberadamente o abusador e inconscientemente aos técnicos,
que têm como ofício elucidar a questão. A negação acompanha a família,
que é perpetradora ou testemunha, ou, ainda, todos são vítimas, que,
aterrorizadas por ameaças de consequências funestas, entregam-se à
negação (Zavaschi et al., 1990, 1991; Tetelbom, 1991; Zavaschi, 2002;
Somenzi et al., 1996; Ferreira, 1999; Azambuja, 2000). A negação ainda
pode advir da própria vítima. Muito pequena, portadora de um aparelho
cognitivo em formação, diante da violenta ruptura de todos os referenciais
físicos e afetivos, o que lhe resta não é mais do que a confusão e a degra-
dação dos sentimentos, a qual Shengold (1999) chamou de “morte da
alma” (Shengold).
      Um caso ilustrativo dessa situação de violência e de suas funestas
consequências à saúde e ao desenvolvimento da criança é o caso de Jairo
e seu irmão Samuel. Como os pais necessitavam trabalhar fora para garantir
o sustento da família, valeram-se dos préstimos de vizinhos, aparentemente
boas pessoas, para que os filhos ficassem bem cuidados enquanto
estivessem fora. Os vizinhos, com aparente solicitude e dedicação, foram
persuadindo e seduzindo os pequenos, exigindo-lhes, progressivamente,
práticas sórdidas, que culminaram com sevícias e violência, com ameaças
de morte caso contassem a seus pais o que estava acontecendo. Essas
crianças ficaram expostas ao abuso por um período de 12 meses, en-
contrando-se no grupo dos revitimizados e, portanto, crianças de risco
para depressão na vida adulta e tantas outras possíveis sequelas, caso não
fossem tratadas. Chegaram ao CAPSi duas crianças assustadas, confusas,
com sérias dificuldades escolares, demonstrando grande inquietude. O
trauma causado pelo abuso levou Jairo, o mais velho, a uma ruptura com
a realidade, um quadro de desorganização psíquica. O menino recebeu o
diagnóstico de transtorno global do desenvolvimento, segundo o DSM-IV
(American Psychiatric Association, 1994).
      Após cuidadosa avaliação pela equipe multidisciplinar, composta por
psiquiatra, assistente social, psicóloga e enfermeira, houve a indicação de
um tratamento intensivo para os dois irmãos no CAPSi. Essa indicação
significou que deveriam comparecer diariamente ao hospital, durante todos
os dias da semana, das 8h30 às 12h. Nesse período, participaram de vá-
rias modalidades de tratamento, incluindo psicoterapia individual, terapia
de família, esportes, grupos terapêuticos e atendimento pedagógico. Além
Crianças e adolescentes vulneráveis !#

disso, foram também submetidos a um tratamento psicofarmacológico. À
tarde, seguiam frequentando a escola regular.


POSSÍVEIS “DRÁSTICAS MEDIDAS”

      A urgência de “drásticas medidas”, recomendação feita pela Organização
Mundial da Saúde (OMS) ao combate à violência, levou a OMS a publicar,
em 3 de outubro de 2002, o Informe mundial sobre a violência e a saúde, que
traz uma análise dos diferentes tipos de violência, incluindo abuso, negligência
e maus-tratos na infância, sugerindo políticas enérgicas e propondo, para
2003, uma campanha de prevenção à violência (OMS, 2002).
      A sugestão da OMS certamente dirigiu-se prioritariamente ao poder
público dos países atingidos pela violência, para que orientem suas políticas
de educação, saúde e segurança, com o objetivo de proteger sua população
da violência. Tal sugestão não excluiu os demais segmentos da sociedade,
considerando os referentes à universidade pública e aos hospitais públicos,
para que, com os recursos disponíveis, pudessem prestar sua contribuição
no combate à violência. Um dos incontáveis vértices desse combate situa-
se no atendimento às crianças e aos adolescentes vulneráveis dos países
expostos à violência, incluindo o Brasil. Para a OMS (2002, p. 3), a saúde
pública se dirige ao maior número possível de cidadãos, e, para tanto,
precisa valer-se de outras disciplinas, incluindo “a medicina, a epidemio-
logia, a sociologia, a psicologia, a criminologia, a educação e a economia”.
      Entre as drásticas medidas propaladas pela OMS (2002), enumero
algumas, direcionadas, sobretudo, ao poder público. A OMS recomenda
que sejam respeitados:
      1. os modelos ecológicos da natureza, pois cada ruptura desse equi-
         líbrio pode representar um risco e também uma chave para in-
         tervenção;
      2. os fatores de risco individuais, e que o poder público tome medidas
         para modificar os comportamentos individuais de risco;
      3. as relações interpessoais íntimas, a partir da criação de um ambiente
         familiar sadio;
      4. a provisão de profissionais suficientes e capazes de prestar apoio a
         famílias disfuncionais;
      5. a monitoração de instituições públicas, como escolas, locais de
         trabalho e vizinhanças, tomando medidas para resolver problemas
         que possam levar à violência;
!$ Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols.

     6. as normas sociais, econômicas e culturais, pois sua ruptura pode
        levar à violência, havendo necessidade de medidas preventivas;
     7. os direitos humanos de acesso equitativo aos recursos, aos serviços
        e às oportunidades, com a redução das diferenças sociais entre
        pobres e ricos.
      As medidas recomendadas pela OMS estão longe da factibilidade em
nossos dias, sobretudo, em nosso país. Porém, algumas tomadas de posição
já se fizeram presentes em nossa sociedade, como, por exemplo, a criação
do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), estabelecendo diretivas
seguras aos técnicos que lidam com esse segmento da população.
Determinações legais como as da obrigatoriedade da frequência escolar e
do controle do trabalho infantil representam grandes avanços na busca
desse objetivo. Norman Gall (2006), americano estudioso do Brasil, diz
que nosso país “é melhor do que se pensa”, mas que tem desafios cruciais
a superar, especialmente na área da educação. Assinala que medidas
educacionais são mandatórias, usando a expressão “Educação ou morte!”.


CONSIDERAÇÕES FINAIS

     A pequena história do motorista de táxi, um herói do nosso cotidiano,
criado na Febem, hoje denominada Fase, não se repete com simplicidade
com nossas crianças, as quais, devido a tantas outras vicissitudes, incluindo
a doença mental, não alcançam o mesmo desfecho. Para elas, um melhor
destino depende de uma enérgica intervenção de técnicos especializados,
que possam lidar com a doença mental inserida em um contexto familiar,
social e econômico adverso.
     O fato de grande parcela de nossas crianças e jovens vulneráveis,
criados ou não por suas famílias, serem também portadores de doença
mental, agrava ainda mais o risco de negligência, abandono, abuso sexual,
maus-tratos e violência. A criança vulnerável, portadora de enfermidade
mental, requer um trabalho muito específico de técnicos, que, mesmo
hábeis e competentes, enfrentam complexas situações que demandam uma
multiplicidade de medidas e um esforço humano considerável.
     Concomitantemente a seus próprios déficits, muitos de nossos pequenos
pacientes necessitam confrontar-se com a sobrecarga decorrente da doença
de seus pais. E esses, atribulados, não dão conta dos cuidados necessários a
seus filhos, devido a contingências como desemprego, premência financeira
ou, ainda, álcool e drogas. Os pequenos, testemunhas da tragédia que se
Crianças e adolescentes vulneráveis !%

desenrola no mundo dos adultos, sentem-se, paradoxalmente, responsáveis
por eles. Quanto mais inteligentes e mais sensíveis, mais angustiados e
culpados tornam-se. Não conseguindo dar conta dessa desproporcional
tarefa, alguns se desesperam e chegam ao extremo de buscar no suicídio o
alívio para a sobrecarga que supõem representar para seus pais.
      Essa é uma página da história de Pedro, de 8 anos, que, cansado dos
espancamentos do pai e das privações que a miséria impunha a si e seus
irmãos, resolveu guardar cuidadosamente todos os comprimidos que o
psiquiatra lhe receitara e que simulava tomar. Quando considerou que a
dose era suficiente para dar cabo de sua vida, ingeriu-os, indo parar, em
coma, no Pronto Socorro. Após lenta e penosa recuperação, disse-nos que
buscara a morte (para aliviar os pais): “Seria uma boca a menos”. O choque
e a angústia dos técnicos que o atendiam são compreensíveis, mas temos
que nos preparar para esses casos.
      Tenho grande apreço por todos os técnicos, que, muitas vezes, nas
condições mais precárias, conseguem resultados fantásticos com as
crianças. Todos nós que trabalhamos com crianças vulneráveis temos como-
ventes histórias vivenciadas, que poderíamos e deveríamos contar uns
aos outros, para nos fortalecermos, a fim de ter energia para continuar a
extenuante tarefa que é cuidar das “crianças de vidro”, como tão bem
denominou a psicopedagoga Dalva Rigon Leonhardt.


REFERÊNCIAS

ABRAHAM, K. Notas sobre a investigação e o tratamento psicanalíticos da psicose
maníaco-depressiva e estados afins. In: _____. Teoria psicanalítica da libido. Rio
de Janeiro: Imago, 1970. p. 32-50.
ALMEIDA FILHO, N. et al. Estudo multicêntrico de morbidade psiquiátrica em
áreas urbanas brasileiras: Brasília, São Paulo e Porto Alegre. Rev. ABP-APAL, v. 14,
p. 93-104, 1998.
AMATO, P R. Parental absense during childhood and depression in later life. Sociol.
           .
Q., v. 32, p. 543-556, 1991.
AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. ATLS: Advanced Trauma Life Support.
Program for physicians. Committee on trauma. Instructor Manual. Chicago: Ameri-
can College of Surgeons, 1993. p. 11-22, 161-181.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and statistical manual of
mental disorders: DSM IV 4th ed. Washington, DC, 1994. Publicado pela Artmed.
                         .
AZAMBUJA, M. R. F. O caminho percorrido pela criança-vítima. In: RIO GRANDE
DO SUL. Assembléia Legislativa. Comissão de Cidadania e Direitos Humanos.
Violência doméstica. Porto Alegre, [2000].
! Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols.

AZEVEDO, M.A.; GUERRA, V N. A. Crianças vitimizadas: a síndrome do pequeno
                               .
poder. São Paulo: Iglu, 1989.
_____. LACRI: Kit institucional do telecurso de especialização na área de infância
e violência doméstica. Cadernos de Atualização, São Paulo, 1998. Apostila.
BASSOLS, J. V Aspectos epidemiológicos del trauma pediátrico. Rev. Cir. Infantil,
               .
v.9, p. 66-75, 1999.
BEMPORAD, J. R.; ROMANO, S. Childhood experience and adult depression: a
review of studies. Am. J. Psychoanal., v.53, p. 301-315, 1993.
BENETTI, S. Maus-tratos da criança: abordagem preventiva. In: HUTZ, C. S. (Org.).
Situações de risco e vulnerabilidade na infância e na adolescência: aspectos teóricos
e estratégias de prevenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. p. 131-150.
BIRMAN, J. Violência urbana, O Valor Econômico, ano 6, n. 291, p. 6-7, 20-26,
abr. 2006.
BLEICH, A. et al. Post-traumatic stress disorder and depression: an analysis of
comorbidity. Br. J. Psychiatr., 1997, v.170, p. 479-482.
BRON, B.; STRACK, M.; RUDOLPH, G. Childhood experience of loss and suicide
attempts: significance in depressive states of major depressed and dystimic or
adjustment disorder patients. J. Affective Disord., v.23, p. 165-172, 1991.
BRONFENBRENNER, U. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos
naturais e planejados. Porto Alegre: Artmed, 1996.
BROWN, J. et al. Childhood abuse and neglect: specificity of effects on adoles-
cent and young adult depression and suicidality. J. Am. Acad. Child Adolesc. Psych.,
38, p. 1490-1496, 1999.
CAPLAN, G. Princípios de psiquiatria preventiva. Buenos Aires: Paidós, 1966.
CÉLIA, S. Maltrato e negligência: intervenção a nível preventivo. In: LIPPI, J. R.
S. (Org.). Abuso e negligência na infância: prevenção e direitos. Rio de Janeiro:
Científica Nacional, 1990. p. 43-50.
COHEN, D. J. Enduring sadness: early loss, vulnerability, and the shaping of charac-
ter. Psychoanal. Study Child, v.45, p.157-178, 1990.
CRAINE, L. S. et al. Prevalence of a history of sexual abuse among female psychi-
atric patients in a State Hospital System. Hospital and Community Psychiatry, v.
39, p. 300-304, 1988.
EIZIRIK, C. L.; KAPCZINSKI, F.; BASSOLS, A. M. S. Noções básicas sobre o
funcionamento psíquico. In: _____ (Org.). O ciclo da vida humana: uma perspectiva
psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 15-27.
ELLERSTEIN, N. S.; CANOVAN, W. Sexual abuse of boys. Pediatrics, v. 78, p. 133-
137, 1986.
EMDE, R. N. The infant’s relationship experience: developmental and aspects. In:
SAMEROFF, A. J.; EMDE, R. N. Relationship disturbances in early childhood: a
developmental approach. New York: Basic Books, 1989. p. 33-51.
FALCETO, O. G.; WALDEMAR, J. O. C. O ciclo vital da família. In: _____. (Org.).
O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed,
2001. p. 59-72.
Crianças e adolescentes vulneráveis !'

FARINATTI, F. Abuso sexual: tentativa de definição. LIPPI, J.R.S. (Org.). Abuso e
negligência na infância: prevenção e direitos. Rio de Janeiro: Científica Nacional,
1990. p. 84-96.
FELITTI, V J. et al. Relationship of childhood abuse and household dysfunction
           .
to many of the leading causes of death in adults: the Adverse Childhood Expe-
riences (ACE) study. Am. J. Prev. Med., v.14, p. 245-258, 1998.
FERGUSSON, D. M.; LYNSKEY, M. T. Physical punishment/maltreatment during
childhood and adjustment in young adulthood. Child Abuse  Neglect, v.21,
p. 617-630, 1997.
FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2. ed. rev. ampl. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
FERREIRA, M. H. M. Algumas reflexões sobre a perplexidade compartilhada diante
do abuso sexual. Revista Ceapia, v.12, p. 27-44, 1999.
FLEITLICH-BILYK, W. The prevalence of psychiatric disorders in 7-14 year olds in
South East of Brazil. London: Institute of Psychiatry, University of London, 2002.
Tese.
FONAGY, P TARGET, M. Understanding the violent patient: the use of the body
           .;
and the role of the father. Int. J. Psychoanal., 1995, v.76, p. 487-501.
FREUD, A. Comments on psychic trauma. In: _____. The writings of Anna Freud:
research at Hampstead Child Therapy Clinic and other papers 1956-1965. New
York: International Universities, 1969. v. 5, p. 221-241.
FREUD, S. Esboço de psicanálise. In: _____. Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1974. v. 23, p.
165-321.
_____. Teoria geral das neuroses. In: _____. Edição standard brasileira das obras
psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1974. v. 16, p.
289-539.
FRIAS-ARMENTA, M. Long-term effects of child punishment of Mexican women:
a structural model. Child Abuse  Neglect, v.26, p. 371-386, 2002.
GABBARD, G. O. Os princípios básicos da psiquiatria dinâmica. In: _____.
Psiquiatria psicodinâmica. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 23-38.
GALL, N. Educação ou morte. Veja, ano 39, n. 1941, p. 11-15, 1º fev. 2006.
GIARETTO, J. Community based treatment of the incest family. In: KLUFT, R. P        .
Treatment of victims of sexual abuse. Philadelphia: WB Saunders, 1989.
GLASER, D. Child abuse and neglect and the brain: a review. J. Child Psychol.
Psychiatry Allied Discipl., v.41, p. 97-116, 2000.
GREEN, A. A mãe morta. In: _____. Narcisismo de vida, narcisismo de morte. São
Paulo: Escuta, 1988. p. 247-282.
HEIM, C.; NEMEROFF, C. B. The role of childhood trauma in the neurobiology of
mood and anxiety disorders: preclinical and clinical studies. Biol. Psychiatry, v.49,
p.1023-1039, 2001.
HEIM, C. et al. Pituitary-adrenal and autonomic responses to stress in women
after sexual and physical abuse in childhood. JAMA, v.284, p. 592-597, 2000.
Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols.

HYPOCRATES. On ancient medicine. In: ADLER, M. (Ed.). Great books of the
western world. Chicago: Britannica, 1990. p. 7.
KAUFMAN, J. et al. Effects of early adverse experiences on brain structure and
function: clinical implications. Biol. Psychiatry, v.48, p. 778-790, 2000.
KESSLER, R. C.; DAVIS, C. G.; KENDLER, K. S. Childhood adversity and adult
psychiatric disorder in the US National Comorbidity Survey. Psychol. Med., v.27,
p. 1101-1119, 1997.
KLEIN, M. El duelo y su relación con los estados maníaco-depressivos. In: _____.
Obras completas de Melanie Klein. Buenos Aires: Paidós y Horme, 1975. v.2,
p. 259-301.
KRUG, E. G. et al. The world report on violence and health. Lancet, v.360, p.1083-
1088, 2002.
LEUZINGER-BOHLEBER, M.; PFEIFER, R. Remembering a depressive primary
object: memory in the dialogue between psychoanalysis and cognitive science.
Int. J. Psychoanal., v.83, p. 3-33, 2002.
LIEM, J. H.; BOUDEWYN, A. C. Contextualizing the effects of childhood sexual
abuse on adult self and social functioning: an attachment theory perspective.
Child Abuse  Neglect, v.23, p. 1141-1157, 1999.
LIMA, M. S. Epidemiologia e impacto social. Rev. Bras. Psiquiatr., v.21, p.1-5,
1999.
LIPPI, J. R. S. (Ed.). Abuso e negligência na infância: prevenção e direitos. Rio de
Janeiro: Científica Nacional, 1990.
LUTHER, S.; PRICE, J. H. Child sexual abuse: a review. J. Sch. Health, v. 50,
p. 161-165, 1980.
LYNSKEY, M. T.; FERGUSSON, D. M. Factors protecting against the development
of adjustment difficulties in young adults exposed to childhood sexual abuse.
Child Abuse  Neglect, v.21, p. 1177-1190, 1997.
NEUMANN, D. A. et al. The long-term sequelae of childhood sexual abuse in
women: a meta-analytic review. Child Maltreat, v.1, p. 6-16, 1996.
NUMHAUSER, T. J.; SCHWARTZ, R. N. Mujeres sobrepassadas, el drama médico
social de las jefas de hogar politraumatizadas desde la infância: revisión clínica
de 256 casos. Rev. Psiquiatr., v.4, p. 221-229, 1999.
O’DOUGHERTY, M.; MASTEN, A. Vulnerability and resilience in young children.
In: NOSHPITZ, J. D. Handbook of child and adolescent psychiatry. New York: John
Wiley  Sons, 1997.
ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD (OMS). Informe mundial sobre la
violencia y la salud. Ginebra, 2002.
_____. Informe sobre la salud en el mundo: salud mental: nuevos conocimientos,
nuevas esperanzas. Ginebra, 2001.
OSOFSKY, J. D. Community-based approaches to violence prevention. J. Dev. Behav.
Pediatr., v.18, p. 405-407, 1997.
_____. The impact of violence on children. Domestic Violence and Children, v.9,
n.3, p. 33-49, Winter 1999.
Crianças e adolescentes vulneráveis 

OSOFSKY, J. D.; ZEANAH, C. H. The effects of exposure to violence on young
children. Am. Psychol., v.50, p. 782-788, 1995.
PAES DE BARROS, R.; HENRIQUES, R.; MENDONÇA, R. Desigualddade e pobreza
no Brasil: retrato de uma estabilidade inaceitável. Rev. Bras. Ci. Soc., v.15, 1-22,
2000.
PARIS, J. Does childhood trauma cause personality disorders in adults? Can. J.
Psychiatry, v.43, p. 148-153, 1998.
PATTEN, S. B. The loss of a parent during childhood as a risk factor for depres-
sion. Can. J. Psychiatry, v.36, p. 706-711, 1991.
PITTA, A. M. F. Os centros de atenção psicossocial: espaços de reabilitação. J.
Bras. Psiquiatr., v.43, p. 647-654, 1994.
POLANCZYK, G. V et al. Violência sexual e sua prevalência em adolescentes de
                    .
Porto Alegre, Brasil. Rev. Saúde Pública, v.37, p. 8-14, 2003.
PORTUGAL. Ministério da Saúde. Direção Geral da Saúde. Plano Nacional de Saúde
2004/2010: saúde mental e doenças psiquiátricas. Lisboa: Ministério da Saúde,
2004. Disponível em: http://www.dgsaude.min-saude.pt/pns/vol2_227.html.
Acesso em: 11 fev. 2006.
ROHDE, L. A. et al. ADHD in a school sample of brazilian adolescents: a study of
prevalence, comorbid conditions, and impairments. J. Am. Acad. Child Adolesc.
Psych., v.38, p.716-272, 1999.
_____. Systems of care in South America. In: REMSCHMIDT, H.; BELFER, M. L.;
GOODYER, I. (Ed.). Facilitating pathways: care, treatment and prevention in child
and adolescent mental health. London: Springer, 2004. p. 42-51.
RUTTER, M. Psychosocial resilience and protective mechanisms. Am. J.
Orthopsychiatr., v.57, p. 316-331, 1987.
_____. Resilience: some conceptual considerations. J. Adolesc. Health, v.14,
p. 626-631, 690-696, 1993.
SALER, L.; SKOLNICK, N. Childhood parental death and depression in adult-
hood: roles of surviving parent and family environment. Am. J. Orthopsychiatr., v.
62, p. 504-516, 1992.
SAMEROFF, A. J. Principles of development and psychopathology. In: SAMEROFF,
A. J.; EMDE, R. N. Relationship disturbances in early childhood: a developmental
approach. New York: Basic Books, 1989. p. 17-32.
SHECHTER, R. A. Recovering edipal bliss in grief resolution: a case study of early
object loss. Issues Psychoanal. Psychol., v. 20, p. 29-41, 1998.
SHENGOLD, L. L. Child abuse and deprivation: soul murder. J. Am. Psychoanal.
Assoc., v.27, p. 533-559, 1979.
_____. Maus-tratos e privação na infância: assassinato da alma. Revista Ceapia,
v. 12, p. 7-26, 1999.
SOMENZI, L. et al. Transtornos alimentares e sua relação com abuso sexual na
infância: relato de um caso. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, v.18, p. 367-373, 1996.
TERR, L. C. Childhood traumas: an outline and overview. Am. J. Psychiatr., v.148,
p. 10-20, 1991.
Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols.

TETELBOM, M. et al. Abuso sexual intrafamiliar: um alerta. J. Bras. Psiquiatr.,
v.40, p. 145-148, 1991.
USTÁRROZ, L. F. L. Eventos estressantes, insatisfação na vida e morbidade
psiquiátrica menor em Pelotas. Dissertação (Mestrado) –Faculdade de Medicina
da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 1997.
VYTHILINGAM, M. et al. Childhood trauma associated with smaller hippocampal
volume in women with major depression. Am. J. Psychiatr., v.159, p. 2072-2080,
2002.
WAISELFISZ, J. J. Violence map II: the youth of Brazil. Brasília: Unesco, 2000.
WIESS, E. L.; LONGHURST, J. G.; MAZURE, C. M. Childhood sexual abuse as a
risk factor for depression in women: psychosocial and neurobiological correlates.
Am. J. Psychiatr., v.156, p. 816-828, 1999.
WERNER, E.; SMITH, R. Overcoming the odds: high risk children from birth to
adulthood. New York: Cornell University, 1992.
YEHUDA, R. Post-traumatic stress disorder. N. Engl. J. Med., v.346, p. 108-114,
2002.
_____. Psychoneuroendocrinology of post-traumatic stress disorder. Psychiatr. Clin.
North Am., v.21, p. 359-379, 1998.
YUNES, J.; ZUBAREW, T. Mortalidad por causas violentas en adolescentes y
jóvenes: un desafio para la región de las Americas. Rev. Bras. Epidemiol., v.2,
p. 102-171, 1999.
ZAVASCHI, M. L. Abuso e maus-tratos na infância e adolescência: a negação como
fator conspirador ao diagnóstico. Rev. Psiquiatr. Rio Gd. Sul, v.24, p. 201-212,
2002.
ZAVASCHI, M. L.; COSTA, F.; BRUNSTEIN, C. O bebê e seus pais. In: EIZIRIK, C.
L.; KAPCZINSKI, F.; BASSOLS, A. M. S. (Org.). O ciclo da vida humana: uma
perspectiva psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 41-57.
ZAVASCHI, M. L. et al. Abuso sexual em crianças: uma revisão. In: LIPPI, J. R. S.
(Ed.). Abuso e negligência na infância: prevenção e direitos. Rio de Janeiro:
Científica Nacional, 1990. p. 87-96.
_____. Abuso sexual na infância: um desafio terapêutico. Rev. Psiquiatr. Rio Gd.
Sul, v.13, p. 136-145, 1991.
_____. Adolescents exposed to physical violence in the community: a survey in
Brazilian public schools. Panam. J. Public Health, v.12, p. 327-332, 2002.
_____. Adult mood disorders and childhood psychological trauma. Rev. Bras.
Psiquiatr., v. 28, n. 3, p. 184-190, 2006.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

ALIENAÇÃO PARENTAL E SEUS ASPECTOS JURÍDICOS
ALIENAÇÃO PARENTAL E SEUS ASPECTOS JURÍDICOSALIENAÇÃO PARENTAL E SEUS ASPECTOS JURÍDICOS
ALIENAÇÃO PARENTAL E SEUS ASPECTOS JURÍDICOSMilena Quaresma
 
Violencia domestica infantil
Violencia domestica infantilViolencia domestica infantil
Violencia domestica infantilLeonardo Faria
 
Gravidez na-adolescncia 4.
Gravidez na-adolescncia 4.Gravidez na-adolescncia 4.
Gravidez na-adolescncia 4.Rariane Flôr
 
2017 2 ab fam 2 disciplina mfc ufop
2017   2 ab fam 2 disciplina mfc ufop2017   2 ab fam 2 disciplina mfc ufop
2017 2 ab fam 2 disciplina mfc ufopLeonardo Savassi
 
Palestra - prevençao ao uso de drogas
Palestra - prevençao ao uso de drogasPalestra - prevençao ao uso de drogas
Palestra - prevençao ao uso de drogasImpactto Cursos
 
Saúde e adolescência
Saúde e adolescênciaSaúde e adolescência
Saúde e adolescênciagisa_legal
 
2016 abordagem familiar 1 savassi
2016 abordagem familiar 1   savassi2016 abordagem familiar 1   savassi
2016 abordagem familiar 1 savassiLeonardo Savassi
 
Drogas lícitas, ilícitas e adolescência
Drogas lícitas, ilícitas e adolescênciaDrogas lícitas, ilícitas e adolescência
Drogas lícitas, ilícitas e adolescênciaHugo Félix Félix
 
18. a alegria de ser jovem
18. a alegria de ser jovem18. a alegria de ser jovem
18. a alegria de ser jovemcomece
 
2012 - Internato de APS - abordagem familiar
2012 - Internato de APS - abordagem familiar2012 - Internato de APS - abordagem familiar
2012 - Internato de APS - abordagem familiarLeonardo Savassi
 
Violência e Saúde de Adolescentes e Jovens - Como o Pediatra dever proceder?
Violência e Saúde de Adolescentes e Jovens - Como o Pediatra dever proceder? Violência e Saúde de Adolescentes e Jovens - Como o Pediatra dever proceder?
Violência e Saúde de Adolescentes e Jovens - Como o Pediatra dever proceder? Prof. Marcus Renato de Carvalho
 
Ano III Módulo V - 02 Aula - Preparando a Juventude para o Matrimônio
Ano III Módulo V - 02 Aula - Preparando a Juventude para o MatrimônioAno III Módulo V - 02 Aula - Preparando a Juventude para o Matrimônio
Ano III Módulo V - 02 Aula - Preparando a Juventude para o MatrimônioManuelDantas1976
 
Maternidade, Paternidade, Contracepção e DST/AIDS
Maternidade, Paternidade, Contracepção e DST/AIDSMaternidade, Paternidade, Contracepção e DST/AIDS
Maternidade, Paternidade, Contracepção e DST/AIDSFábio Fernandes
 

Mais procurados (20)

ALIENAÇÃO PARENTAL E SEUS ASPECTOS JURÍDICOS
ALIENAÇÃO PARENTAL E SEUS ASPECTOS JURÍDICOSALIENAÇÃO PARENTAL E SEUS ASPECTOS JURÍDICOS
ALIENAÇÃO PARENTAL E SEUS ASPECTOS JURÍDICOS
 
Violencia domestica infantil
Violencia domestica infantilViolencia domestica infantil
Violencia domestica infantil
 
Gravidez na-adolescncia 4.
Gravidez na-adolescncia 4.Gravidez na-adolescncia 4.
Gravidez na-adolescncia 4.
 
2017 2 ab fam 2 disciplina mfc ufop
2017   2 ab fam 2 disciplina mfc ufop2017   2 ab fam 2 disciplina mfc ufop
2017 2 ab fam 2 disciplina mfc ufop
 
Genero 08
Genero 08Genero 08
Genero 08
 
Palestra - prevençao ao uso de drogas
Palestra - prevençao ao uso de drogasPalestra - prevençao ao uso de drogas
Palestra - prevençao ao uso de drogas
 
Saúde e adolescência
Saúde e adolescênciaSaúde e adolescência
Saúde e adolescência
 
Aula6 01 2015
Aula6 01 2015Aula6 01 2015
Aula6 01 2015
 
2016 abordagem familiar 1 savassi
2016 abordagem familiar 1   savassi2016 abordagem familiar 1   savassi
2016 abordagem familiar 1 savassi
 
Saude adolescente
Saude adolescenteSaude adolescente
Saude adolescente
 
Criancas com cancer
Criancas com cancerCriancas com cancer
Criancas com cancer
 
Grupo iv
Grupo ivGrupo iv
Grupo iv
 
Drogas lícitas, ilícitas e adolescência
Drogas lícitas, ilícitas e adolescênciaDrogas lícitas, ilícitas e adolescência
Drogas lícitas, ilícitas e adolescência
 
18. a alegria de ser jovem
18. a alegria de ser jovem18. a alegria de ser jovem
18. a alegria de ser jovem
 
2012 - Internato de APS - abordagem familiar
2012 - Internato de APS - abordagem familiar2012 - Internato de APS - abordagem familiar
2012 - Internato de APS - abordagem familiar
 
Pensar e repensar no homem pós moderno
Pensar e repensar  no homem pós modernoPensar e repensar  no homem pós moderno
Pensar e repensar no homem pós moderno
 
Violência e Saúde de Adolescentes e Jovens - Como o Pediatra dever proceder?
Violência e Saúde de Adolescentes e Jovens - Como o Pediatra dever proceder? Violência e Saúde de Adolescentes e Jovens - Como o Pediatra dever proceder?
Violência e Saúde de Adolescentes e Jovens - Como o Pediatra dever proceder?
 
Ano III Módulo V - 02 Aula - Preparando a Juventude para o Matrimônio
Ano III Módulo V - 02 Aula - Preparando a Juventude para o MatrimônioAno III Módulo V - 02 Aula - Preparando a Juventude para o Matrimônio
Ano III Módulo V - 02 Aula - Preparando a Juventude para o Matrimônio
 
0212
02120212
0212
 
Maternidade, Paternidade, Contracepção e DST/AIDS
Maternidade, Paternidade, Contracepção e DST/AIDSMaternidade, Paternidade, Contracepção e DST/AIDS
Maternidade, Paternidade, Contracepção e DST/AIDS
 

Destaque

Saúde mental infanto juvenil
Saúde mental infanto juvenilSaúde mental infanto juvenil
Saúde mental infanto juvenilmulticentrica
 
Vulnerabilidade social
Vulnerabilidade socialVulnerabilidade social
Vulnerabilidade socialYaraGama
 
O Conceito De Desenvolvimento
O Conceito De DesenvolvimentoO Conceito De Desenvolvimento
O Conceito De DesenvolvimentoPaulo Gomes
 
Transtornos Mentais da Criança e do Adolescente
Transtornos Mentais da Criança e do AdolescenteTranstornos Mentais da Criança e do Adolescente
Transtornos Mentais da Criança e do AdolescenteAndressa Macena
 
Analise de Vulnerabilidade
Analise de VulnerabilidadeAnalise de Vulnerabilidade
Analise de VulnerabilidadeCassio Ramos
 
Transtornos mentais na infância e adolescência
Transtornos mentais na infância e adolescênciaTranstornos mentais na infância e adolescência
Transtornos mentais na infância e adolescênciaUSP
 
Risco e Vulnerabilidade
Risco e VulnerabilidadeRisco e Vulnerabilidade
Risco e Vulnerabilidadeferaps
 
O papel do enfermeiro em Saúde Mental e Psiquiatria
O papel do enfermeiro em Saúde Mental e PsiquiatriaO papel do enfermeiro em Saúde Mental e Psiquiatria
O papel do enfermeiro em Saúde Mental e PsiquiatriaAliny Lima
 
Como redigir a introdução e a conclusão de um trabalho escrito
Como redigir a introdução e a conclusão de um trabalho escritoComo redigir a introdução e a conclusão de um trabalho escrito
Como redigir a introdução e a conclusão de um trabalho escritoBiblioteca Escolar Ourique
 

Destaque (13)

Saúde mental infanto juvenil
Saúde mental infanto juvenilSaúde mental infanto juvenil
Saúde mental infanto juvenil
 
Saúde Mental
Saúde MentalSaúde Mental
Saúde Mental
 
Aula Saúde Mental
Aula Saúde MentalAula Saúde Mental
Aula Saúde Mental
 
Programa Tàndem UAB_CA
Programa Tàndem UAB_CAPrograma Tàndem UAB_CA
Programa Tàndem UAB_CA
 
Vulnerabilidade social
Vulnerabilidade socialVulnerabilidade social
Vulnerabilidade social
 
O Conceito De Desenvolvimento
O Conceito De DesenvolvimentoO Conceito De Desenvolvimento
O Conceito De Desenvolvimento
 
Transtornos Mentais da Criança e do Adolescente
Transtornos Mentais da Criança e do AdolescenteTranstornos Mentais da Criança e do Adolescente
Transtornos Mentais da Criança e do Adolescente
 
Analise de Vulnerabilidade
Analise de VulnerabilidadeAnalise de Vulnerabilidade
Analise de Vulnerabilidade
 
Transtornos mentais na infância e adolescência
Transtornos mentais na infância e adolescênciaTranstornos mentais na infância e adolescência
Transtornos mentais na infância e adolescência
 
Risco e Vulnerabilidade
Risco e VulnerabilidadeRisco e Vulnerabilidade
Risco e Vulnerabilidade
 
O papel do enfermeiro em Saúde Mental e Psiquiatria
O papel do enfermeiro em Saúde Mental e PsiquiatriaO papel do enfermeiro em Saúde Mental e Psiquiatria
O papel do enfermeiro em Saúde Mental e Psiquiatria
 
Apresentação saude mental 1
Apresentação saude mental 1Apresentação saude mental 1
Apresentação saude mental 1
 
Como redigir a introdução e a conclusão de um trabalho escrito
Como redigir a introdução e a conclusão de um trabalho escritoComo redigir a introdução e a conclusão de um trabalho escrito
Como redigir a introdução e a conclusão de um trabalho escrito
 

Semelhante a Crianças e adolescentes vulneráveis capítulo 1

O BULLYING POR INVEJA. PORTANTO, PROVOCAR UM AUMENTO DE INVEJA. UM EXCESSO DE...
O BULLYING POR INVEJA. PORTANTO, PROVOCAR UM AUMENTO DE INVEJA. UM EXCESSO DE...O BULLYING POR INVEJA. PORTANTO, PROVOCAR UM AUMENTO DE INVEJA. UM EXCESSO DE...
O BULLYING POR INVEJA. PORTANTO, PROVOCAR UM AUMENTO DE INVEJA. UM EXCESSO DE...Van Der Häägen Brazil
 
Disforia de gênero - guia prático de atualização SBP
Disforia de gênero - guia prático de atualização SBP Disforia de gênero - guia prático de atualização SBP
Disforia de gênero - guia prático de atualização SBP Prof. Marcus Renato de Carvalho
 
Gravidez na adolencia falta de informação
Gravidez na adolencia  falta de informaçãoGravidez na adolencia  falta de informação
Gravidez na adolencia falta de informaçãoThais Estrela
 
Altura baixa estigma que pode comprometer a qualidade de vida de infantil até...
Altura baixa estigma que pode comprometer a qualidade de vida de infantil até...Altura baixa estigma que pode comprometer a qualidade de vida de infantil até...
Altura baixa estigma que pode comprometer a qualidade de vida de infantil até...Van Der Häägen Brazil
 
MARGINALIDADE E SAÚDE MENTAL FAMÍLIA E EDUCAÇÃO
MARGINALIDADE E SAÚDE MENTAL FAMÍLIA E EDUCAÇÃOMARGINALIDADE E SAÚDE MENTAL FAMÍLIA E EDUCAÇÃO
MARGINALIDADE E SAÚDE MENTAL FAMÍLIA E EDUCAÇÃOLiliam Da Paixão
 
Gravidez adolescente.pdf
Gravidez adolescente.pdfGravidez adolescente.pdf
Gravidez adolescente.pdfEmersonLeite20
 
A criança vítima de violência - No Caminho da Enfermagem - Lucas Fontes
A criança vítima de violência - No Caminho da Enfermagem - Lucas FontesA criança vítima de violência - No Caminho da Enfermagem - Lucas Fontes
A criança vítima de violência - No Caminho da Enfermagem - Lucas FontesLucas Fontes
 
Gravidez Precoce e Discriminação Sexual
Gravidez Precoce e Discriminação SexualGravidez Precoce e Discriminação Sexual
Gravidez Precoce e Discriminação Sexuallucia_nunes
 
Processos investigativos em educação
Processos investigativos em educaçãoProcessos investigativos em educação
Processos investigativos em educaçãoMichelle Costa
 
Gravidez na adolescência m5 [guardado automaticamente]
Gravidez na adolescência m5 [guardado automaticamente]Gravidez na adolescência m5 [guardado automaticamente]
Gravidez na adolescência m5 [guardado automaticamente]Rachel Nanizeyi
 
Bullying em sobrepeso, obesos e outras diferenças, são um fenômeno devastador...
Bullying em sobrepeso, obesos e outras diferenças, são um fenômeno devastador...Bullying em sobrepeso, obesos e outras diferenças, são um fenômeno devastador...
Bullying em sobrepeso, obesos e outras diferenças, são um fenômeno devastador...Van Der Häägen Brazil
 
O que são maus tratos e violência contra crianças e adolescentes?
O que são maus tratos e violência contra crianças e adolescentes?O que são maus tratos e violência contra crianças e adolescentes?
O que são maus tratos e violência contra crianças e adolescentes?Ellenpsicologia
 
A sexualidade na adolescência
A sexualidade na adolescênciaA sexualidade na adolescência
A sexualidade na adolescênciaLilia Braga
 
Desenvolvimento comportamentos (sexualidade)
Desenvolvimento comportamentos (sexualidade)Desenvolvimento comportamentos (sexualidade)
Desenvolvimento comportamentos (sexualidade)tocha_turma9a
 
Slide.
Slide. Slide.
Slide. Ped55
 
Seminário Internacional - Palestra de Álvaro Madeiro Leite
Seminário Internacional - Palestra de Álvaro Madeiro LeiteSeminário Internacional - Palestra de Álvaro Madeiro Leite
Seminário Internacional - Palestra de Álvaro Madeiro LeiteGoverno do Estado do Ceará
 
Seminário Internacional Mais Infância Ceará - 30/03/2017
Seminário Internacional Mais Infância Ceará - 30/03/2017Seminário Internacional Mais Infância Ceará - 30/03/2017
Seminário Internacional Mais Infância Ceará - 30/03/2017Governo do Estado do Ceará
 

Semelhante a Crianças e adolescentes vulneráveis capítulo 1 (20)

O BULLYING POR INVEJA. PORTANTO, PROVOCAR UM AUMENTO DE INVEJA. UM EXCESSO DE...
O BULLYING POR INVEJA. PORTANTO, PROVOCAR UM AUMENTO DE INVEJA. UM EXCESSO DE...O BULLYING POR INVEJA. PORTANTO, PROVOCAR UM AUMENTO DE INVEJA. UM EXCESSO DE...
O BULLYING POR INVEJA. PORTANTO, PROVOCAR UM AUMENTO DE INVEJA. UM EXCESSO DE...
 
Disforia de gênero - guia prático de atualização SBP
Disforia de gênero - guia prático de atualização SBP Disforia de gênero - guia prático de atualização SBP
Disforia de gênero - guia prático de atualização SBP
 
Drogas e família
Drogas e famíliaDrogas e família
Drogas e família
 
Gravidez na adolencia falta de informação
Gravidez na adolencia  falta de informaçãoGravidez na adolencia  falta de informação
Gravidez na adolencia falta de informação
 
Altura baixa estigma que pode comprometer a qualidade de vida de infantil até...
Altura baixa estigma que pode comprometer a qualidade de vida de infantil até...Altura baixa estigma que pode comprometer a qualidade de vida de infantil até...
Altura baixa estigma que pode comprometer a qualidade de vida de infantil até...
 
MARGINALIDADE E SAÚDE MENTAL FAMÍLIA E EDUCAÇÃO
MARGINALIDADE E SAÚDE MENTAL FAMÍLIA E EDUCAÇÃOMARGINALIDADE E SAÚDE MENTAL FAMÍLIA E EDUCAÇÃO
MARGINALIDADE E SAÚDE MENTAL FAMÍLIA E EDUCAÇÃO
 
Bullying em sobrepeso
Bullying em sobrepesoBullying em sobrepeso
Bullying em sobrepeso
 
Gravidez adolescente.pdf
Gravidez adolescente.pdfGravidez adolescente.pdf
Gravidez adolescente.pdf
 
A criança vítima de violência - No Caminho da Enfermagem - Lucas Fontes
A criança vítima de violência - No Caminho da Enfermagem - Lucas FontesA criança vítima de violência - No Caminho da Enfermagem - Lucas Fontes
A criança vítima de violência - No Caminho da Enfermagem - Lucas Fontes
 
Gravidez Precoce e Discriminação Sexual
Gravidez Precoce e Discriminação SexualGravidez Precoce e Discriminação Sexual
Gravidez Precoce e Discriminação Sexual
 
Processos investigativos em educação
Processos investigativos em educaçãoProcessos investigativos em educação
Processos investigativos em educação
 
Bullyng
BullyngBullyng
Bullyng
 
Gravidez na adolescência m5 [guardado automaticamente]
Gravidez na adolescência m5 [guardado automaticamente]Gravidez na adolescência m5 [guardado automaticamente]
Gravidez na adolescência m5 [guardado automaticamente]
 
Bullying em sobrepeso, obesos e outras diferenças, são um fenômeno devastador...
Bullying em sobrepeso, obesos e outras diferenças, são um fenômeno devastador...Bullying em sobrepeso, obesos e outras diferenças, são um fenômeno devastador...
Bullying em sobrepeso, obesos e outras diferenças, são um fenômeno devastador...
 
O que são maus tratos e violência contra crianças e adolescentes?
O que são maus tratos e violência contra crianças e adolescentes?O que são maus tratos e violência contra crianças e adolescentes?
O que são maus tratos e violência contra crianças e adolescentes?
 
A sexualidade na adolescência
A sexualidade na adolescênciaA sexualidade na adolescência
A sexualidade na adolescência
 
Desenvolvimento comportamentos (sexualidade)
Desenvolvimento comportamentos (sexualidade)Desenvolvimento comportamentos (sexualidade)
Desenvolvimento comportamentos (sexualidade)
 
Slide.
Slide. Slide.
Slide.
 
Seminário Internacional - Palestra de Álvaro Madeiro Leite
Seminário Internacional - Palestra de Álvaro Madeiro LeiteSeminário Internacional - Palestra de Álvaro Madeiro Leite
Seminário Internacional - Palestra de Álvaro Madeiro Leite
 
Seminário Internacional Mais Infância Ceará - 30/03/2017
Seminário Internacional Mais Infância Ceará - 30/03/2017Seminário Internacional Mais Infância Ceará - 30/03/2017
Seminário Internacional Mais Infância Ceará - 30/03/2017
 

Mais de Impactto Cursos

Projeto métodos analíticos de alfabetização
Projeto métodos analíticos de alfabetizaçãoProjeto métodos analíticos de alfabetização
Projeto métodos analíticos de alfabetizaçãoImpactto Cursos
 
Projeto história da alfabetização no brasil
Projeto história da alfabetização no brasilProjeto história da alfabetização no brasil
Projeto história da alfabetização no brasilImpactto Cursos
 
Projeto deficiência visual
Projeto deficiência visualProjeto deficiência visual
Projeto deficiência visualImpactto Cursos
 
Projeto deficiência mental
Projeto deficiência mentalProjeto deficiência mental
Projeto deficiência mentalImpactto Cursos
 
Projeto deficiência física
Projeto deficiência físicaProjeto deficiência física
Projeto deficiência físicaImpactto Cursos
 
Projeto deficiência auditiva
Projeto deficiência auditivaProjeto deficiência auditiva
Projeto deficiência auditivaImpactto Cursos
 
Projeto caracterização IEE Dep Ruy Ramos
Projeto caracterização IEE Dep Ruy RamosProjeto caracterização IEE Dep Ruy Ramos
Projeto caracterização IEE Dep Ruy RamosImpactto Cursos
 
Projeto métodos sintéticos de alfabetização
Projeto métodos sintéticos de alfabetizaçãoProjeto métodos sintéticos de alfabetização
Projeto métodos sintéticos de alfabetizaçãoImpactto Cursos
 
Oportunidades e escolhas
Oportunidades e escolhasOportunidades e escolhas
Oportunidades e escolhasImpactto Cursos
 
Palestra Conselho Tutelar - aspectos legais
Palestra Conselho Tutelar - aspectos legaisPalestra Conselho Tutelar - aspectos legais
Palestra Conselho Tutelar - aspectos legaisImpactto Cursos
 
Material auto avaliação ct
Material auto avaliação ctMaterial auto avaliação ct
Material auto avaliação ctImpactto Cursos
 
Guia completo do ct abrinq
Guia completo do ct   abrinqGuia completo do ct   abrinq
Guia completo do ct abrinqImpactto Cursos
 
Funcionamento adequado dos conselhos previstos no eca e loas
Funcionamento adequado dos conselhos previstos no eca e loasFuncionamento adequado dos conselhos previstos no eca e loas
Funcionamento adequado dos conselhos previstos no eca e loasImpactto Cursos
 
Cartilha conselho tutelar
Cartilha conselho tutelarCartilha conselho tutelar
Cartilha conselho tutelarImpactto Cursos
 
Cartilha COMDICA e FUNDO
Cartilha COMDICA e FUNDOCartilha COMDICA e FUNDO
Cartilha COMDICA e FUNDOImpactto Cursos
 
Planejando um futuro melhor crianças e adolescentes
Planejando um futuro melhor crianças e adolescentesPlanejando um futuro melhor crianças e adolescentes
Planejando um futuro melhor crianças e adolescentesImpactto Cursos
 

Mais de Impactto Cursos (20)

Projeto tdah
Projeto tdahProjeto tdah
Projeto tdah
 
Projeto métodos analíticos de alfabetização
Projeto métodos analíticos de alfabetizaçãoProjeto métodos analíticos de alfabetização
Projeto métodos analíticos de alfabetização
 
Projeto história da alfabetização no brasil
Projeto história da alfabetização no brasilProjeto história da alfabetização no brasil
Projeto história da alfabetização no brasil
 
Projeto dislexia
Projeto dislexiaProjeto dislexia
Projeto dislexia
 
Projeto disgrafia
Projeto disgrafiaProjeto disgrafia
Projeto disgrafia
 
Projeto deficiência visual
Projeto deficiência visualProjeto deficiência visual
Projeto deficiência visual
 
Projeto deficiência mental
Projeto deficiência mentalProjeto deficiência mental
Projeto deficiência mental
 
Projeto deficiência física
Projeto deficiência físicaProjeto deficiência física
Projeto deficiência física
 
Projeto deficiência auditiva
Projeto deficiência auditivaProjeto deficiência auditiva
Projeto deficiência auditiva
 
Projeto construtivismo
Projeto construtivismoProjeto construtivismo
Projeto construtivismo
 
Projeto caracterização IEE Dep Ruy Ramos
Projeto caracterização IEE Dep Ruy RamosProjeto caracterização IEE Dep Ruy Ramos
Projeto caracterização IEE Dep Ruy Ramos
 
Projeto métodos sintéticos de alfabetização
Projeto métodos sintéticos de alfabetizaçãoProjeto métodos sintéticos de alfabetização
Projeto métodos sintéticos de alfabetização
 
Oportunidades e escolhas
Oportunidades e escolhasOportunidades e escolhas
Oportunidades e escolhas
 
Palestra Conselho Tutelar - aspectos legais
Palestra Conselho Tutelar - aspectos legaisPalestra Conselho Tutelar - aspectos legais
Palestra Conselho Tutelar - aspectos legais
 
Material auto avaliação ct
Material auto avaliação ctMaterial auto avaliação ct
Material auto avaliação ct
 
Guia completo do ct abrinq
Guia completo do ct   abrinqGuia completo do ct   abrinq
Guia completo do ct abrinq
 
Funcionamento adequado dos conselhos previstos no eca e loas
Funcionamento adequado dos conselhos previstos no eca e loasFuncionamento adequado dos conselhos previstos no eca e loas
Funcionamento adequado dos conselhos previstos no eca e loas
 
Cartilha conselho tutelar
Cartilha conselho tutelarCartilha conselho tutelar
Cartilha conselho tutelar
 
Cartilha COMDICA e FUNDO
Cartilha COMDICA e FUNDOCartilha COMDICA e FUNDO
Cartilha COMDICA e FUNDO
 
Planejando um futuro melhor crianças e adolescentes
Planejando um futuro melhor crianças e adolescentesPlanejando um futuro melhor crianças e adolescentes
Planejando um futuro melhor crianças e adolescentes
 

Crianças e adolescentes vulneráveis capítulo 1

  • 1. Crianças vulneráveis 1 Maria Lucrécia Scherer Zavaschi INTRODUÇÃO Já era tarde, e eu estava muito cansada do extenuante trabalho do dia. Chamei e entrei em um táxi, como sempre faço. Ao solicitar ao moto- rista que me levasse para casa, perto da rótula da Febem*, na Avenida Padre Cacique, em Porto Alegre, ele me disse: “A senhora sabe que eu me criei aqui desde pequeno, e que, graças à Febem, eu hoje sou um homem direito, sou casado, tenho meus filhos e meu trabalho?”. A dignidade desse homem me fez pensar que todo esforço investido nas crianças vulneráveis vale a pena, e o cansaço do dia me foi sobejamente recompensado. A pequena história do motorista de táxi, um herói do nosso cotidiano, que, por certo, dispõe de robustos recursos de saúde mental para suportar a separação de sua família de origem, adotando a Febem como seu lar formador, poderia ser a história de centenas e milhares de crianças brasileiras vulneráveis que são acolhidas em nossos lares públicos. No entanto, a maioria delas não dispõe de tamanha saúde mental e física, e, por essa razão, talvez não alcance seus excelentes resultados. A maioria delas apresenta transtorno de conduta e já utilizou uma série de drogas em algum momento da vida (Reinhardt e Falceto, 2006). * Em 2002, a antiga Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) foi desmem- brada em Fundação de Atendimento Sócio-Educativo (Fase-RS) e Fundação de As- sistência Social e Cidadania (Fasc-RS).
  • 2. " Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols. Justamente as crianças menos saudáveis, física e emocionalmente, criadas ou não por suas famílias, tornam-se mais vulneráveis à impa- ciência dos adultos, estando mais expostas à negligência, ao abandono e aos maus-tratos. A criança vulnerável, portadora de enfermidade mental, requer um trabalho muito específico de técnicos que, mesmo hábeis e competentes, enfrentam complexas situações que demandam uma multiplicidade de medidas e um esforço humano considerável. As crianças que atendemos são vítimas dos mais variados transtornos, desde transitórias crises de desenvolvimento até graves patologias, que as impedem de viver em grupo e de frequentar a escola. Tanto os transtornos do desenvolvimento quanto as mais graves patologias podem ser desen- cadeados por diversos tipos de traumas, muitos dos quais decorrentes de violência, abandono, abuso e maus-tratos. Essas crianças são testemunhas das cenas mais cruéis, desde ofensas entre os pais até o assassinato de um dos pais pelo outro. Muitas crianças chegam ao hospital com hematomas, cortes e fraturas. Mais do que seu sofrimento físico, toca-nos o seu sentimento de humilhação e abandono. Algumas meninas, paralisadas e confusas, tardam a expressar alguns detalhes reveladores do aviltante abuso perpretado por seus pais e padrastos. Algumas delas são herdeiras do HIV outras já desenvolveram a , doença. Nas últimas décadas, avolumaram-se trabalhos reveladores de que vivências traumáticas na infância têm um intenso impacto sobre a ado- lescência e a vida adulta. Adultos que sofreram negligência, abuso físico e sexual, bem como perdas na infância, apresentam maior risco para o desenvolvimento de doença mental (Zavaschi et al., 2006; Brown et al., 1999; Emde, 1989; Sameroff, 1989; Shengold, 1979; Caplan, 1966). As consequências mais gritantes podem ser vistas a olho nu, porém a maioria delas não deixam marcas físicas aparentes. Deixam, no entanto, terríveis cicatrizes de natureza emocional, que atingem não só a própria criança, mas toda sua família. O custo para essas pessoas é inimaginável, uma vez que perdura por toda a vida, levando à depressão, à drogadição, à marginalidade, entre tantas outras desgraças. Os descendentes dessas pequenas vítimas poderão ser igualmente afetados. Portanto, o objetivo deste capítulo é apresentar as situações de vulne- rabilidade mais prementes manifestadas por nossas crianças e apontar algumas possíveis medidas para enfrentá-las.
  • 3. Crianças e adolescentes vulneráveis # COMO SURGE A VULNERABILIDADE A saúde, como a doença, depende de múltiplos fatores que vêm sendo estudados há milhares de anos (Hipócrates, 400 a.C.). Embora incríveis avanços tenham sido alcançados na luta contra as doenças, muitas incógnitas ainda impedem que alcancemos medidas mais eficientes para enfrentá-las. Sabe-se que vários fatores de risco são necessários para que uma pessoa se torne vulnerável, ou mesmo doente. Neste capítulo, levantarei apenas alguns dos fatores de risco aos quais nossas crianças são frequentemente submetidas. São eles: vulnerabilidade neurológica, perdas por baixas condições socioeconômicas, morte ou separação dos pais, traumas por exposição à violência e traumas por abuso sexual. No mundo ocidental, em 1917, Freud formulou a hipótese de que o psiquismo seria estruturado a partir do patrimônio genético, modelado pela primitiva relação do bebê com seus pais, constituindo as denominadas “ex- periências infantis”. Tais experiências desempenhariam um papel crucial na resolução das diferentes etapas do desenvolvimento, promovendo a saúde e o amadurecimento do indivíduo. As vivências infantis, se educativas e estru- turantes, proveriam o indivíduo de condições para o enfrentamento das vicis- situdes decorrentes de traumas que viesse a sofrer ao longo da vida. Seguindo a mesma trajetória, Freud entendia que a causa das doenças emocionais também estava relacionada à qualidade do patrimônio genético, que incluía a bagagem pré-histórica do indivíduo. Assim é que, a partir desse referencial, podemos entender quão vulneráveis se tornam as crianças na vigência de uma infância permeada de carências, extrema pobreza, mães deprimidas e pais que, usuários de álcool, são os perpetradores da maior violência. Na atualidade, o crescente conhecimento sobre as múltiplas deter- minantes genéticas que concorrem para as doenças mentais confirmam as hipóteses de Freud (1917). Sabe-se que, quanto maior a predominância do fator genético, maior será sua influência sobre o destino do indivíduo. Fatores traumáticos intensos, incidindo sobre um indivíduo geneticamente saudável, podem, no entanto, levar a alterações do desenvolvimento. Se as primitivas experiências infantis, entre o bebê e seus pais, forem satis- fatórias (Freud, 1938), deixarão marcas em seu desenvolvimento, forne- cendo o modelo para as demais relações afetivas ao longo de sua vida. As respostas psicológicas do indivíduo aos estímulos do ambiente, tanto prazerosos como traumáticos, também podem ser consideradas a partir da perspectiva da teoria do apego (Fonagy e Target, 1995; Liem e Boudewyn, 1999; Kaufman et al., 2000). Assim, se as necessidades da
  • 4. $ Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols. criança encontrarem disponibilidade por parte da mãe ou de seus cuida- dores, se estabelecerá progressivamente um vínculo seguro, estruturando um self confiante, capaz de fazer frente às situações de estresse. Inversa- mente, o não-estabelecimento de um vínculo seguro leva a uma maior vulnerabilidade em situações traumáticas. Diversos psicanalistas e psiquiatras (Eizirik et al., 2001; Falceto e Waldemar, 2001; Zavaschi et al., 2001; Shechter, 1998; Fonagy e Target, 1995; Bemporad e Romano, 1993; Cohen, 1990; Green, 1988; Shengold, 1979; Abraham, 1970; Freud, A., 1967; Klein, 1940) desenvolveram teorias e pesquisas a respeito dos traumas vividos na infância por seus pacientes e as nocivas repercussões na vida adulta. Tais repercussões prendem-se a prejuízos na qualidade de vida, nas relações interpessoais e nas manifestações clínicas, como de- pressão. Alguns pesquisadores encontraram relação entre experiências in- fantis adversas, de gravidade cumulativa, com doenças na vida adulta, que teriam inclusive a morte como possível desfecho (Felitti et al., 1998). Porém, nem todas as crianças vítimas de traumas na infância têm pro- blemas na vida adulta. Alguns autores constataram que apenas uma minoria de pacientes com severos distúrbios de personalidade referem trauma na infância (Paris, 1998). O mesmo autor realizou pesquisa com crianças de risco, demonstrando que a resiliência é a regra, não a exceção, entendendo- se por resiliência a capacidade do indivíduo de emergir intacto de expe- riências negativas durante a vida. Das crianças expostas a trauma severo, 25% desenvolvem psicopatologia perceptível na vida adulta (Werner e Smith, 1992; Lynskey e Fergusson, 1997; O’Dougherty e Masten, 1997). As relações estáveis, protetoras, respeitosas e amorosas dentro da família representam um importante fator protetor para o desenvolvimento saudável da criança. Estudos têm demonstrado que a qualidade das relações de amizade entre os adolescentes pode determinar o direcionamento do desenvolvimento nessa idade (Lynskey e Fergusson, 1997). A ponderação entre os fatores de risco e de proteção para o desenvolvimento da patologia pós-trauma é bastante complexa, havendo dificuldade de identificar que fator independente influencia efetivamente determinado desfecho psicopatológico na vida adulta (Rutter, 1987; O’Dougherty e Masten, 1997; Brown et al., 1999). No entanto, efeitos cumulativos de fatores de risco acabam por exaurir os fatores protetores. A sensibilidade da resposta ao trauma varia de acordo com os traços de personalidade do indivíduo (Rutter, 1993). Embora muitos esforços sejam despendidos em nosso país na bus- ca do entendimento da vulnerabilidade infantil, ainda são escassos os estudos no Brasil e na América Latina. Desses, podemos citar os de Azevedo
  • 5. Crianças e adolescentes vulneráveis % e Guerra, 1989 e 1998; Célia, 1990; Farinatti, 1990; Lippi, 1990; Ferreira, 1999; Benetti, 2002. MARCADORES NEUROBIOLÓGICOS Recentes pesquisas têm comprovado que o sistema nervoso central fica afetado pelos traumas, deixando marcas persistentes ao longo da vida. Os pesquisadores chamam de “marcadores neurobiológicos” aos sinais permanentes ou temporários resultantes dos traumas sobre o cérebro e sobre todo o sistema neurobiológico, que também inclui o sistema neuro- endocrinológico do indivíduo. Pesquisadores acreditam que o trauma, incidindo sobre um indivíduo geneticamente vulnerável, pode desencadear o primeiro episódio depres- sivo. Dessa forma, ele se tornará mais vulnerável, uma vez que, além da experiência dolorosa aprendida, poderá haver uma alteração em nível neuroendócrino no eixo hipotálamo-pituitário-adrenal que favorecerá a reedição de episódios depressivos diante de diferentes estressores, confe- rindo-lhe uma qualidade aditiva, de efeitos cumulativos (Bleich et al., 1997; Wiess et al., 1999; Yehuda, 1998, 2002). A memória de interações traumáticas entre a mãe depressiva e seu bebê confere a essa relação características complexas que não se detêm apenas a um arquivo fidedigno dos fatos traumáticos, mas se alteram continuamente de forma dinâmica, influenciando o comportamento vigente do indivíduo adulto (Leuzinger-Bohleber e Pfeifer, 2002). A possibilidade do estudo simultâneo dos processos neurobiológicos, das medidas neurofisiológicas, das técnicas de imagem cerebral e do com- portamento permite a busca de elos na aparente dicotomia cérebro-mente (Gabbard, 1998). Em acréscimo à contribuição genética para o estudo da vulnerabilidade a transtornos do humor e de ansiedade, foi postulado um papel proeminente aos eventos adversos precoces (Kaufman et al., 2000). Os traumas na infância não só se manifestam por depressão na vida adulta, como podem exercer mudanças definitivas no metabolismo neuroquímico (Gabbard, 1998; Glaser, 2000). Alguns estudos propuseram que os eventos adversos no início da vida podem levar o indivíduo humano a uma maior vulnerabilidade aos efeitos estressores, resultando em aumento de risco para psicopatologia por alterações duradouras nos circuitos neuronais (Yehuda, 1998 e 2002; Heim et al., 2000; Heim e Nemeroff, 2001).
  • 6. Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols. Heim e colaboradores (2000) também sugeriram que o estresse no início da vida resulta em uma sensibilização ou hiperatividade do fator liberador de corticotrofina do sistema nervoso central, podendo contribuir, dessa forma, para o desenvolvimento de doenças do humor e transtornos de ansiedade. A maioria das informações acerca dos efeitos da privação precoce sobre o desenvolvimento cerebral provêm de experimentos com animais. Tais estudos têm demonstrado que períodos breves e repetitivos de se- paração materna levam a uma reação de estresse nos filhotes recém-nas- cidos, que se expressa por aumento da secreção de glicocorticóides, com resultante morte de células hipocampais. Um dia de privação materna foi suficiente para diminuir, nesses animais, a quantidade do fator neurotrófico neuronal no hipocampo, levando à morte celular (Glaser, 2000). Em estudo realizado em humanos, Vythilingam e colaboradores (2002) constataram que mulheres deprimidas que haviam sofrido severos e crônicos abusos físicos e sexuais durante a infância apresentaram uma redução de 18% na média do volume do hipocampo esquerdo, enquanto as pacientes de- primidas que não haviam sofrido abuso apresentaram uma redução de 15% em relação aos sujeitos sadios. Fico imaginando qual a extensão da redução de células hipocampais no cérebro de nossas crianças cronicamente abusadas e maltratadas. PERDAS NA INFÂNCIA As perdas constituem outro fator de vulnerabilidade, sobretudo as perdas na infância. Vários estudos têm demonstrado que tais perdas estão associadas a patologias na vida adulta. No Brasil ainda são escassos os estudos sobre traumas na infância e patologias na vida adulta. Em 1996, foi realizada uma pesquisa transversal com base populacional na cidade de Pelotas (RS) para estudar eventos estressantes ocorridos na infância e na adolescência e sua possível associação com transtornos psiquiátricos menores na vida adulta. Foram entrevistadas 841 pessoas, havendo uma prevalência de 23,8% de transtornos psiquiátricos menores. Tais trans- tornos estavam associados de forma estatisticamente significativa a eventos estressantes na infância. Os eventos estudados foram: perda por morte ou abandono de pessoa afetivamente significativa, separação dos pais, maus- tratos, abuso sexual, presença de familiar com doença crônica ou grave e presença de familiar que bebia muito (Ustárroz, 1997). Além da associação
  • 7. Crianças e adolescentes vulneráveis ' entre eventos negativos na infância e patologias como a depressão na vida adulta, a percepção e reedição do evento negativo parecem ser fatores predisponentes à depressão (Lima, 1999). Na América Latina, encontramos um estudo de Numhauser e cola- boradores que, ao entrevistarem 256 mulheres atendidas em uma unidade de saúde mental do Hospital de Ancud, Chiloé, no Chile, encontraram 220 (86%) que apresentavam alguma forma de depressão clínica. Daquelas que relataram sua história infantil (n=147), 91% informaram ter sofrido experiências traumáticas na infância (Numhauser e Schwartz, 1999). Muitos pesquisadores ao redor do mundo se ativeram ao estudo das perdas ocorridas na infância. Em uma pesquisa nacional de comorbidade nos Estados Unidos, Kessler e colaboradores (1997) observaram 26 tipos de adversidades, incluindo situações de perda, como morte e divórcio parental, psicopatologias parentais, como depressão materna, e traumas, como estupro. Essas adversidades estavam associadas ao início, mas não à persistência de transtornos do humor, ansiedade, abuso de drogas e transtornos de conduta. A partir de estudos estatísticos específicos – análise multivariada – verificaram que o peso de cada fator foi sendo somado aos demais, tendo efeitos cumulativos relacionados ao início dos transtornos. Os pesquisadores concluem que o conjunto de adversidades na infância e as outras patologias adquiridas ao longo da vida indicam a necessidade de precaução quanto à interpretação de que uma única adversidade poderia estar relacionada a um transtorno isolado. Recomendam que outros estudos sejam feitos para verificar se os efeitos adversos estão relacionados ao desencadear do transtorno ou criam vulnerabilidades que levam a um persistente aumento do risco para novas patologias. Em extensa pesquisa realizada nos Estados Unidos com 13.017 sujeitos, os investigadores constataram que as pessoas separadas dos pais em sua infância apresentaram um alto grau de depressão quando com- paradas com as que foram cuidadas continuamente por seus pais (Amato, 1991). Patten (1991) reuniu dados sobre 2.432 sujeitos e identificou que as mulheres que haviam perdido um dos pais antes dos 11 anos desen- volveram depressão. Concluiu também que perder a mãe mais cedo ainda pode representar um duplo risco de casos de depressão. Assim, quanto mais cedo é a perda, mais intenso é o risco de ocorrer um quadro de depressão (Patten, 1991). Outro pesquisador, a partir de uma amostra de 328 pacientes em sintomas depressivos, identificou um aumento da incidência de tentativas de suicídio naqueles com experiências de perdas na infância, tanto por separação quanto por morte, sendo que o aumento
  • 8. ! Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols. da tendência suicida foi atribuído principalmente à perda do pai (Bron et al., 1991). Saler e Skolnick (1992), estudando 90 adultos que haviam perdido seus pais na infância, avaliaram a qualidade dos cuidados parentais do pai sobrevivente e o ambiente familiar após a morte. A ausência aos rituais de morte do pai ou da mãe acarretou maiores índices de depressão e sentimentos de culpa. Esse achado enfatiza a importância de apoio e per- missão para que a criança possa falar abertamente sobre sua dor com os familiares sobreviventes, bem como destaca a importância do processo psicológico de elaboração do luto. A leitura dessas pesquisas reforça e ratifica nossos achados clínicos. Nossas crianças de centros de saúde mental pública, bem como muitas das crianças que recebemos em instituições de ensino, apresentam perdas. Em geral, não se trata de uma única perda, mas de várias, e de efeitos cumulativos. Os pais ou substitutos que nos trazem as crianças relatam inúmeros sacrifícios para manterem os cuidados básicos, como alimentação, educação e saúde. A maioria das crianças passou por perdas significativas, como se- paração ou morte dos pais, desemprego, pobreza extrema e, em muitos casos, doenças físicas, abusos, depressão da mãe ou alcoolismo do pai, ou ambos. O caso de Tatiana, uma das crianças atendidas no CAPSi do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, é um exemplo contundente de sucessivas perdas. Tatiana é a mais velha de seis irmãos que perderam a mãe por overdose. Ela e os irmãos de idades mais próximas ficaram com o pai, enquanto a avó materna ficou com os pequenos. O pai, que a negligenciava e maltratava, abandonou-a nas ruas, juntamente com seus irmãos, ao ser preso por tráfico de drogas. Após vagarem pelas ruas, as crianças foram institucionalizadas, pois a avó não dispunha, naquele momento, de condi- ções financeiras para atender a todos os netos. À medida que a visitava, a avó a encontrava cada vez mais magra, suja, desnutrida e assustada. Penalizada com o progressivo quadro doentio da neta, resolveu levá-la para casa e, por fim, levá-la ao CAPSi. Tatiana chegou com inteligência rebaixada, grave transtorno de conduta e in- controlável impulsividade, atitudes que dificultavam os cuidados da avó e da equipe. A tudo respondia com violência e agressividade. Suas expe- riências anteriores, incidindo sobre sua frágil constituição genética, deixa- ram marcas emocionais e imprimiram em seu sistema nervoso central e em sua mente cicatrizes indeléveis, que faziam com que, a cada tentativa de aproximação, ela revidasse, sob a égide da desconfiança. Nem sua mãe nem seu pai puderam dispensar-lhe os cuidados mínimos no início da
  • 9. Crianças e adolescentes vulneráveis ! vida, o que, possivelmente, associado aos fatores adversos que se seguiram, levaram-na à enorme dificuldade de aceitar qualquer aproximação. A perda da mãe para as drogas, depois para a morte; a perda do pai para o tráfico e para a prisão, depois a perda dos irmãos e da avó para a instituição levaram-na à exaustão. A morte da mãe, não tendo sido aliviada por uma boa qualidade de cuidado do pai sobrevivente, incidindo sobre um ego frágil, acabou por exaurir suas parcas reservas afetivas. O resgate da avó e dos irmãos não foi ainda suficiente para trazê-la ao curso normal do desenvolvimento. A VIOLÊNCIA Um dos principais fatores que leva à vulnerabilidade das crianças é a violência instituída desde o berço. Se tomarmos apenas o vértice da violência, veremos que, por sua relevância e gravidade, essa está sendo considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um dos maiores desafios atuais para a saúde pública em todo o mundo (Krug et al., 2002). A América Latina e o Caribe estão inclusos entre as áreas mais vio- lentas do mundo. Em um estudo de 16 países das Américas, Colômbia e Brasil foram os únicos países cujas taxas de mortalidade entre os adoles- centes por causas externas mantiveram-se crescentes (Waiselfiz, 2000). No Brasil, 67,9% de todas as mortes de pessoas entre 15 e 24 anos decorrem de causas externas, principalmente por homicídios e acidentes de trânsito, sendo crescentes as taxas de homicídio entre os adolescentes (Yunes e Zubarew, 1999). A violência urbana vem atingindo, de forma avassaladora, a todas as classes sociais, o que levou o psicanalista Joel Birman (2006) a afirmar que, no Brasil, “as classes médias se proletarizaram, de maneira que os seus filhos passaram a se inscrever no campo da delinquência e da criminalidade”. As lesões corporais são a maior causa de morte em crianças de 1 a 4 anos (American College of Surgeons, 1993). Em Porto Alegre, Bassols (1999) constatou que 70% das internações de crianças de 0 a 4 anos, no Pronto Socorro Municipal de Porto Alegre, deviam-se a acidentes de trânsito, quedas e queimaduras. Constatou-se ainda (Zavaschi et al., 2002), em uma amostra de 1.193 adolescentes estudantes de escolas públicas, que: 99,7% foram expostos a algum tipo de violência; 70,9% foram vítimas de algum tipo de violência; 98,4% foram testemunhas de algum incidente de violência; 99,2% conheciam alguma vítima de violência. Ainda a partir da mesma amostra, 27 deles (2,3%) relataram terem sido vítimas de abuso
  • 10. ! Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols. sexual; 54 (4,5%) foram testemunhas de algum tipo de violência sexual; e 332 (27%) relataram conhecer alguém que tinha sido vítima de abuso sexual (Polanczyk et al., 2003). A violência também pode ser observada desde a ótica do modelo ecológico de Bronfenbrenner (1996), que propõe uma visão integrada acerca da influência que os vários sistemas sociais exercem sobre o indi- víduo, levando em consideração sua família – ou microssistema – até os efeitos determinados pela cultura e história – macrossistema. Assim, a criança pertencente a uma família inserida em uma comunidade violenta está exposta a um risco adicional aos traumas na infância e suas possíveis consequências (Osofsky e Zeanah, 1995; Osofsky, 1997 e 1999). Os efeitos da violência física e emocional também deixam graves se- quelas, por gerações, constituindo-se em significativo fator de risco para inúmeros problemas na vida adulta, incluindo a depressão (Shengold, 1979; Fonagy e Target, 1995; Fergusson e Lynskey, 1997; Frias-Armenta, 2002). Há um progressivo interesse por parte de clínicos e pesquisadores no estudo da violência, que não pode mais ser vista apenas a partir da pers- pectiva da vítima, mas requer atenção abrangente, levando em conside- ração todos os prejuízos dela decorrentes, desde as sequelas impostas às testemunhas até o alto custo para os serviços de saúde e a economia glo- bal dos países (Terr, 1991; Osofsky, 1997, 1999; Ferreira, 1999; Yehuda, 2002; Zavaschi et al., 2002). O caso dos irmãos Ricardo e Rogério, de 4 e 6 anos, respectivamente, revela a veracidade das pesquisas estudadas. Os meninos chegavam re- petidamente ao CAPSi do Hospital de Clínicas com arranhões e hematomas que se renovavam a cada semana. O medo, o silêncio e a agressividade predominavam diante de todas as tentativas de aproximação. Os pais eram chamados para esclarecimentos, ao que respondiam com evasivas. A equipe angustiava-se progressivamente, na medida em que aumentavam os hemato- mas e as equimoses. O relato às autoridades poderia representar a retirada das crianças do tratamento. Depois de reiteradas tentativas para elucidar tais achados, e como medida legal, sucederam-se algumas comunicações ineficazes ao Conselho Tutelar, até que o Ministério Público tomou medidas cabíveis, para que, juntamente com o grupo de técnicos da Unidade de Internação do Hospital, pudéssemos mobilizar o pai a aceitar ajuda da equipe, uma vez que era o maior suspeito dos maus-tratos. A mãe fora sempre tes- temunha e vítima silenciosa da violência. Considerava-se condenada à morte, uma vez que era portadora de doença física grave. Sendo seu marido o único responsável vivo pelas crianças, portanto, não poderia denunciá-lo.
  • 11. Crianças e adolescentes vulneráveis !! Finalmente, sob ameaça da Justiça, o pai aceitou uma reunião com a equipe terapêutica, revelando, aos prantos, o quanto havia sido espancado por seu pai, sendo esse o método brutal com que fora criado. Reconheceu que havia reeditado o mesmo sistema paterno em sua casa, espancando e violentando a mulher na frente das crianças. Ao menor ruído ou reclamação dos meninos, espancava-os até deixar marcas. No entanto, “os amava e jamais admitiria perdê-los”. O pai foi internado compulsoriamente com o auxílio da Polícia Militar, após ameaça de suicídio. Os meninos seguiram em atendimento, havendo a necessidade de inúmeras medidas por parte da equipe, do respaldo hospitalar e do Ministério Público para que a família pudesse ser atendida de forma efetiva. Tanto a mãe quanto o pai sofreram várias internações psiquiátricas alternadas, havendo um intenso inves- timento nas crianças neste ínterim. Os meninos, por sua vez, progres- sivamente, alguns anos depois, foram substituindo a linguagem corporal violenta por palavras que revelavam seus temores e seu ressentimento. Aos poucos, foram compreendendo que seu ódio ao pai não o havia trans- formado em um homem irascível, violento e “mau”, mas sim, que seu comportamento se devia a uma doença. O ABUSO SEXUAL O abuso sexual é a exposição de uma criança a estímulos sexuais inapropriados para sua idade, seu nível de desenvolvimento psicossocial e seu papel na família (Luther e Price, 1980; Ellerstein e Canovan, 1986). As crianças submetidas ao abuso sexual podem apresentar problemas ao longo de seu desenvolvimento, tais como automutilação, tentativas de suicídio, adição a drogas, depressão, isolacionismo, despersonalização, hipocondria, timidez, impulsividade, hipersexualidade, agressão sexual, desvio de identidade de gênero e transtornos de conduta, como mentiras, fugas de casa, roubos e estupro. Também é frequente apresentarem sín- dromes dissociativas e transtorno grave de personalidade (Craine et al., 1988; Giaretto, 1989; Zavaschi et al., 1991). O abuso sexual na infância e adolescência está associado a consequências desastrosas para homens e mulheres, influenciando negativamente seus relacionamentos afetivos na idade adulta. Os efeitos do abuso sexual, além das manifestações trau- máticas imediatas, podem perdurar ao longo da vida e manter sequelas por várias gerações (Frias-Armenta, 2002). Além disso, as vítimas ficam mais sujeitas ao estresse pós-traumático e à revitimização, ou seja, se
  • 12. ! Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols. submetem reiteradas vezes a situações de violência e maus-tratos (Neumann et al., 1996). O abuso traz consigo uma tendência à negação dos fatos. A negação acompanha deliberadamente o abusador e inconscientemente aos técnicos, que têm como ofício elucidar a questão. A negação acompanha a família, que é perpetradora ou testemunha, ou, ainda, todos são vítimas, que, aterrorizadas por ameaças de consequências funestas, entregam-se à negação (Zavaschi et al., 1990, 1991; Tetelbom, 1991; Zavaschi, 2002; Somenzi et al., 1996; Ferreira, 1999; Azambuja, 2000). A negação ainda pode advir da própria vítima. Muito pequena, portadora de um aparelho cognitivo em formação, diante da violenta ruptura de todos os referenciais físicos e afetivos, o que lhe resta não é mais do que a confusão e a degra- dação dos sentimentos, a qual Shengold (1999) chamou de “morte da alma” (Shengold). Um caso ilustrativo dessa situação de violência e de suas funestas consequências à saúde e ao desenvolvimento da criança é o caso de Jairo e seu irmão Samuel. Como os pais necessitavam trabalhar fora para garantir o sustento da família, valeram-se dos préstimos de vizinhos, aparentemente boas pessoas, para que os filhos ficassem bem cuidados enquanto estivessem fora. Os vizinhos, com aparente solicitude e dedicação, foram persuadindo e seduzindo os pequenos, exigindo-lhes, progressivamente, práticas sórdidas, que culminaram com sevícias e violência, com ameaças de morte caso contassem a seus pais o que estava acontecendo. Essas crianças ficaram expostas ao abuso por um período de 12 meses, en- contrando-se no grupo dos revitimizados e, portanto, crianças de risco para depressão na vida adulta e tantas outras possíveis sequelas, caso não fossem tratadas. Chegaram ao CAPSi duas crianças assustadas, confusas, com sérias dificuldades escolares, demonstrando grande inquietude. O trauma causado pelo abuso levou Jairo, o mais velho, a uma ruptura com a realidade, um quadro de desorganização psíquica. O menino recebeu o diagnóstico de transtorno global do desenvolvimento, segundo o DSM-IV (American Psychiatric Association, 1994). Após cuidadosa avaliação pela equipe multidisciplinar, composta por psiquiatra, assistente social, psicóloga e enfermeira, houve a indicação de um tratamento intensivo para os dois irmãos no CAPSi. Essa indicação significou que deveriam comparecer diariamente ao hospital, durante todos os dias da semana, das 8h30 às 12h. Nesse período, participaram de vá- rias modalidades de tratamento, incluindo psicoterapia individual, terapia de família, esportes, grupos terapêuticos e atendimento pedagógico. Além
  • 13. Crianças e adolescentes vulneráveis !# disso, foram também submetidos a um tratamento psicofarmacológico. À tarde, seguiam frequentando a escola regular. POSSÍVEIS “DRÁSTICAS MEDIDAS” A urgência de “drásticas medidas”, recomendação feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ao combate à violência, levou a OMS a publicar, em 3 de outubro de 2002, o Informe mundial sobre a violência e a saúde, que traz uma análise dos diferentes tipos de violência, incluindo abuso, negligência e maus-tratos na infância, sugerindo políticas enérgicas e propondo, para 2003, uma campanha de prevenção à violência (OMS, 2002). A sugestão da OMS certamente dirigiu-se prioritariamente ao poder público dos países atingidos pela violência, para que orientem suas políticas de educação, saúde e segurança, com o objetivo de proteger sua população da violência. Tal sugestão não excluiu os demais segmentos da sociedade, considerando os referentes à universidade pública e aos hospitais públicos, para que, com os recursos disponíveis, pudessem prestar sua contribuição no combate à violência. Um dos incontáveis vértices desse combate situa- se no atendimento às crianças e aos adolescentes vulneráveis dos países expostos à violência, incluindo o Brasil. Para a OMS (2002, p. 3), a saúde pública se dirige ao maior número possível de cidadãos, e, para tanto, precisa valer-se de outras disciplinas, incluindo “a medicina, a epidemio- logia, a sociologia, a psicologia, a criminologia, a educação e a economia”. Entre as drásticas medidas propaladas pela OMS (2002), enumero algumas, direcionadas, sobretudo, ao poder público. A OMS recomenda que sejam respeitados: 1. os modelos ecológicos da natureza, pois cada ruptura desse equi- líbrio pode representar um risco e também uma chave para in- tervenção; 2. os fatores de risco individuais, e que o poder público tome medidas para modificar os comportamentos individuais de risco; 3. as relações interpessoais íntimas, a partir da criação de um ambiente familiar sadio; 4. a provisão de profissionais suficientes e capazes de prestar apoio a famílias disfuncionais; 5. a monitoração de instituições públicas, como escolas, locais de trabalho e vizinhanças, tomando medidas para resolver problemas que possam levar à violência;
  • 14. !$ Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols. 6. as normas sociais, econômicas e culturais, pois sua ruptura pode levar à violência, havendo necessidade de medidas preventivas; 7. os direitos humanos de acesso equitativo aos recursos, aos serviços e às oportunidades, com a redução das diferenças sociais entre pobres e ricos. As medidas recomendadas pela OMS estão longe da factibilidade em nossos dias, sobretudo, em nosso país. Porém, algumas tomadas de posição já se fizeram presentes em nossa sociedade, como, por exemplo, a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), estabelecendo diretivas seguras aos técnicos que lidam com esse segmento da população. Determinações legais como as da obrigatoriedade da frequência escolar e do controle do trabalho infantil representam grandes avanços na busca desse objetivo. Norman Gall (2006), americano estudioso do Brasil, diz que nosso país “é melhor do que se pensa”, mas que tem desafios cruciais a superar, especialmente na área da educação. Assinala que medidas educacionais são mandatórias, usando a expressão “Educação ou morte!”. CONSIDERAÇÕES FINAIS A pequena história do motorista de táxi, um herói do nosso cotidiano, criado na Febem, hoje denominada Fase, não se repete com simplicidade com nossas crianças, as quais, devido a tantas outras vicissitudes, incluindo a doença mental, não alcançam o mesmo desfecho. Para elas, um melhor destino depende de uma enérgica intervenção de técnicos especializados, que possam lidar com a doença mental inserida em um contexto familiar, social e econômico adverso. O fato de grande parcela de nossas crianças e jovens vulneráveis, criados ou não por suas famílias, serem também portadores de doença mental, agrava ainda mais o risco de negligência, abandono, abuso sexual, maus-tratos e violência. A criança vulnerável, portadora de enfermidade mental, requer um trabalho muito específico de técnicos, que, mesmo hábeis e competentes, enfrentam complexas situações que demandam uma multiplicidade de medidas e um esforço humano considerável. Concomitantemente a seus próprios déficits, muitos de nossos pequenos pacientes necessitam confrontar-se com a sobrecarga decorrente da doença de seus pais. E esses, atribulados, não dão conta dos cuidados necessários a seus filhos, devido a contingências como desemprego, premência financeira ou, ainda, álcool e drogas. Os pequenos, testemunhas da tragédia que se
  • 15. Crianças e adolescentes vulneráveis !% desenrola no mundo dos adultos, sentem-se, paradoxalmente, responsáveis por eles. Quanto mais inteligentes e mais sensíveis, mais angustiados e culpados tornam-se. Não conseguindo dar conta dessa desproporcional tarefa, alguns se desesperam e chegam ao extremo de buscar no suicídio o alívio para a sobrecarga que supõem representar para seus pais. Essa é uma página da história de Pedro, de 8 anos, que, cansado dos espancamentos do pai e das privações que a miséria impunha a si e seus irmãos, resolveu guardar cuidadosamente todos os comprimidos que o psiquiatra lhe receitara e que simulava tomar. Quando considerou que a dose era suficiente para dar cabo de sua vida, ingeriu-os, indo parar, em coma, no Pronto Socorro. Após lenta e penosa recuperação, disse-nos que buscara a morte (para aliviar os pais): “Seria uma boca a menos”. O choque e a angústia dos técnicos que o atendiam são compreensíveis, mas temos que nos preparar para esses casos. Tenho grande apreço por todos os técnicos, que, muitas vezes, nas condições mais precárias, conseguem resultados fantásticos com as crianças. Todos nós que trabalhamos com crianças vulneráveis temos como- ventes histórias vivenciadas, que poderíamos e deveríamos contar uns aos outros, para nos fortalecermos, a fim de ter energia para continuar a extenuante tarefa que é cuidar das “crianças de vidro”, como tão bem denominou a psicopedagoga Dalva Rigon Leonhardt. REFERÊNCIAS ABRAHAM, K. Notas sobre a investigação e o tratamento psicanalíticos da psicose maníaco-depressiva e estados afins. In: _____. Teoria psicanalítica da libido. Rio de Janeiro: Imago, 1970. p. 32-50. ALMEIDA FILHO, N. et al. Estudo multicêntrico de morbidade psiquiátrica em áreas urbanas brasileiras: Brasília, São Paulo e Porto Alegre. Rev. ABP-APAL, v. 14, p. 93-104, 1998. AMATO, P R. Parental absense during childhood and depression in later life. Sociol. . Q., v. 32, p. 543-556, 1991. AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. ATLS: Advanced Trauma Life Support. Program for physicians. Committee on trauma. Instructor Manual. Chicago: Ameri- can College of Surgeons, 1993. p. 11-22, 161-181. AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and statistical manual of mental disorders: DSM IV 4th ed. Washington, DC, 1994. Publicado pela Artmed. . AZAMBUJA, M. R. F. O caminho percorrido pela criança-vítima. In: RIO GRANDE DO SUL. Assembléia Legislativa. Comissão de Cidadania e Direitos Humanos. Violência doméstica. Porto Alegre, [2000].
  • 16. ! Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols. AZEVEDO, M.A.; GUERRA, V N. A. Crianças vitimizadas: a síndrome do pequeno . poder. São Paulo: Iglu, 1989. _____. LACRI: Kit institucional do telecurso de especialização na área de infância e violência doméstica. Cadernos de Atualização, São Paulo, 1998. Apostila. BASSOLS, J. V Aspectos epidemiológicos del trauma pediátrico. Rev. Cir. Infantil, . v.9, p. 66-75, 1999. BEMPORAD, J. R.; ROMANO, S. Childhood experience and adult depression: a review of studies. Am. J. Psychoanal., v.53, p. 301-315, 1993. BENETTI, S. Maus-tratos da criança: abordagem preventiva. In: HUTZ, C. S. (Org.). Situações de risco e vulnerabilidade na infância e na adolescência: aspectos teóricos e estratégias de prevenção. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. p. 131-150. BIRMAN, J. Violência urbana, O Valor Econômico, ano 6, n. 291, p. 6-7, 20-26, abr. 2006. BLEICH, A. et al. Post-traumatic stress disorder and depression: an analysis of comorbidity. Br. J. Psychiatr., 1997, v.170, p. 479-482. BRON, B.; STRACK, M.; RUDOLPH, G. Childhood experience of loss and suicide attempts: significance in depressive states of major depressed and dystimic or adjustment disorder patients. J. Affective Disord., v.23, p. 165-172, 1991. BRONFENBRENNER, U. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e planejados. Porto Alegre: Artmed, 1996. BROWN, J. et al. Childhood abuse and neglect: specificity of effects on adoles- cent and young adult depression and suicidality. J. Am. Acad. Child Adolesc. Psych., 38, p. 1490-1496, 1999. CAPLAN, G. Princípios de psiquiatria preventiva. Buenos Aires: Paidós, 1966. CÉLIA, S. Maltrato e negligência: intervenção a nível preventivo. In: LIPPI, J. R. S. (Org.). Abuso e negligência na infância: prevenção e direitos. Rio de Janeiro: Científica Nacional, 1990. p. 43-50. COHEN, D. J. Enduring sadness: early loss, vulnerability, and the shaping of charac- ter. Psychoanal. Study Child, v.45, p.157-178, 1990. CRAINE, L. S. et al. Prevalence of a history of sexual abuse among female psychi- atric patients in a State Hospital System. Hospital and Community Psychiatry, v. 39, p. 300-304, 1988. EIZIRIK, C. L.; KAPCZINSKI, F.; BASSOLS, A. M. S. Noções básicas sobre o funcionamento psíquico. In: _____ (Org.). O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 15-27. ELLERSTEIN, N. S.; CANOVAN, W. Sexual abuse of boys. Pediatrics, v. 78, p. 133- 137, 1986. EMDE, R. N. The infant’s relationship experience: developmental and aspects. In: SAMEROFF, A. J.; EMDE, R. N. Relationship disturbances in early childhood: a developmental approach. New York: Basic Books, 1989. p. 33-51. FALCETO, O. G.; WALDEMAR, J. O. C. O ciclo vital da família. In: _____. (Org.). O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 59-72.
  • 17. Crianças e adolescentes vulneráveis !' FARINATTI, F. Abuso sexual: tentativa de definição. LIPPI, J.R.S. (Org.). Abuso e negligência na infância: prevenção e direitos. Rio de Janeiro: Científica Nacional, 1990. p. 84-96. FELITTI, V J. et al. Relationship of childhood abuse and household dysfunction . to many of the leading causes of death in adults: the Adverse Childhood Expe- riences (ACE) study. Am. J. Prev. Med., v.14, p. 245-258, 1998. FERGUSSON, D. M.; LYNSKEY, M. T. Physical punishment/maltreatment during childhood and adjustment in young adulthood. Child Abuse Neglect, v.21, p. 617-630, 1997. FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. FERREIRA, M. H. M. Algumas reflexões sobre a perplexidade compartilhada diante do abuso sexual. Revista Ceapia, v.12, p. 27-44, 1999. FLEITLICH-BILYK, W. The prevalence of psychiatric disorders in 7-14 year olds in South East of Brazil. London: Institute of Psychiatry, University of London, 2002. Tese. FONAGY, P TARGET, M. Understanding the violent patient: the use of the body .; and the role of the father. Int. J. Psychoanal., 1995, v.76, p. 487-501. FREUD, A. Comments on psychic trauma. In: _____. The writings of Anna Freud: research at Hampstead Child Therapy Clinic and other papers 1956-1965. New York: International Universities, 1969. v. 5, p. 221-241. FREUD, S. Esboço de psicanálise. In: _____. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1974. v. 23, p. 165-321. _____. Teoria geral das neuroses. In: _____. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1974. v. 16, p. 289-539. FRIAS-ARMENTA, M. Long-term effects of child punishment of Mexican women: a structural model. Child Abuse Neglect, v.26, p. 371-386, 2002. GABBARD, G. O. Os princípios básicos da psiquiatria dinâmica. In: _____. Psiquiatria psicodinâmica. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. p. 23-38. GALL, N. Educação ou morte. Veja, ano 39, n. 1941, p. 11-15, 1º fev. 2006. GIARETTO, J. Community based treatment of the incest family. In: KLUFT, R. P . Treatment of victims of sexual abuse. Philadelphia: WB Saunders, 1989. GLASER, D. Child abuse and neglect and the brain: a review. J. Child Psychol. Psychiatry Allied Discipl., v.41, p. 97-116, 2000. GREEN, A. A mãe morta. In: _____. Narcisismo de vida, narcisismo de morte. São Paulo: Escuta, 1988. p. 247-282. HEIM, C.; NEMEROFF, C. B. The role of childhood trauma in the neurobiology of mood and anxiety disorders: preclinical and clinical studies. Biol. Psychiatry, v.49, p.1023-1039, 2001. HEIM, C. et al. Pituitary-adrenal and autonomic responses to stress in women after sexual and physical abuse in childhood. JAMA, v.284, p. 592-597, 2000.
  • 18. Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols. HYPOCRATES. On ancient medicine. In: ADLER, M. (Ed.). Great books of the western world. Chicago: Britannica, 1990. p. 7. KAUFMAN, J. et al. Effects of early adverse experiences on brain structure and function: clinical implications. Biol. Psychiatry, v.48, p. 778-790, 2000. KESSLER, R. C.; DAVIS, C. G.; KENDLER, K. S. Childhood adversity and adult psychiatric disorder in the US National Comorbidity Survey. Psychol. Med., v.27, p. 1101-1119, 1997. KLEIN, M. El duelo y su relación con los estados maníaco-depressivos. In: _____. Obras completas de Melanie Klein. Buenos Aires: Paidós y Horme, 1975. v.2, p. 259-301. KRUG, E. G. et al. The world report on violence and health. Lancet, v.360, p.1083- 1088, 2002. LEUZINGER-BOHLEBER, M.; PFEIFER, R. Remembering a depressive primary object: memory in the dialogue between psychoanalysis and cognitive science. Int. J. Psychoanal., v.83, p. 3-33, 2002. LIEM, J. H.; BOUDEWYN, A. C. Contextualizing the effects of childhood sexual abuse on adult self and social functioning: an attachment theory perspective. Child Abuse Neglect, v.23, p. 1141-1157, 1999. LIMA, M. S. Epidemiologia e impacto social. Rev. Bras. Psiquiatr., v.21, p.1-5, 1999. LIPPI, J. R. S. (Ed.). Abuso e negligência na infância: prevenção e direitos. Rio de Janeiro: Científica Nacional, 1990. LUTHER, S.; PRICE, J. H. Child sexual abuse: a review. J. Sch. Health, v. 50, p. 161-165, 1980. LYNSKEY, M. T.; FERGUSSON, D. M. Factors protecting against the development of adjustment difficulties in young adults exposed to childhood sexual abuse. Child Abuse Neglect, v.21, p. 1177-1190, 1997. NEUMANN, D. A. et al. The long-term sequelae of childhood sexual abuse in women: a meta-analytic review. Child Maltreat, v.1, p. 6-16, 1996. NUMHAUSER, T. J.; SCHWARTZ, R. N. Mujeres sobrepassadas, el drama médico social de las jefas de hogar politraumatizadas desde la infância: revisión clínica de 256 casos. Rev. Psiquiatr., v.4, p. 221-229, 1999. O’DOUGHERTY, M.; MASTEN, A. Vulnerability and resilience in young children. In: NOSHPITZ, J. D. Handbook of child and adolescent psychiatry. New York: John Wiley Sons, 1997. ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD (OMS). Informe mundial sobre la violencia y la salud. Ginebra, 2002. _____. Informe sobre la salud en el mundo: salud mental: nuevos conocimientos, nuevas esperanzas. Ginebra, 2001. OSOFSKY, J. D. Community-based approaches to violence prevention. J. Dev. Behav. Pediatr., v.18, p. 405-407, 1997. _____. The impact of violence on children. Domestic Violence and Children, v.9, n.3, p. 33-49, Winter 1999.
  • 19. Crianças e adolescentes vulneráveis OSOFSKY, J. D.; ZEANAH, C. H. The effects of exposure to violence on young children. Am. Psychol., v.50, p. 782-788, 1995. PAES DE BARROS, R.; HENRIQUES, R.; MENDONÇA, R. Desigualddade e pobreza no Brasil: retrato de uma estabilidade inaceitável. Rev. Bras. Ci. Soc., v.15, 1-22, 2000. PARIS, J. Does childhood trauma cause personality disorders in adults? Can. J. Psychiatry, v.43, p. 148-153, 1998. PATTEN, S. B. The loss of a parent during childhood as a risk factor for depres- sion. Can. J. Psychiatry, v.36, p. 706-711, 1991. PITTA, A. M. F. Os centros de atenção psicossocial: espaços de reabilitação. J. Bras. Psiquiatr., v.43, p. 647-654, 1994. POLANCZYK, G. V et al. Violência sexual e sua prevalência em adolescentes de . Porto Alegre, Brasil. Rev. Saúde Pública, v.37, p. 8-14, 2003. PORTUGAL. Ministério da Saúde. Direção Geral da Saúde. Plano Nacional de Saúde 2004/2010: saúde mental e doenças psiquiátricas. Lisboa: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: http://www.dgsaude.min-saude.pt/pns/vol2_227.html. Acesso em: 11 fev. 2006. ROHDE, L. A. et al. ADHD in a school sample of brazilian adolescents: a study of prevalence, comorbid conditions, and impairments. J. Am. Acad. Child Adolesc. Psych., v.38, p.716-272, 1999. _____. Systems of care in South America. In: REMSCHMIDT, H.; BELFER, M. L.; GOODYER, I. (Ed.). Facilitating pathways: care, treatment and prevention in child and adolescent mental health. London: Springer, 2004. p. 42-51. RUTTER, M. Psychosocial resilience and protective mechanisms. Am. J. Orthopsychiatr., v.57, p. 316-331, 1987. _____. Resilience: some conceptual considerations. J. Adolesc. Health, v.14, p. 626-631, 690-696, 1993. SALER, L.; SKOLNICK, N. Childhood parental death and depression in adult- hood: roles of surviving parent and family environment. Am. J. Orthopsychiatr., v. 62, p. 504-516, 1992. SAMEROFF, A. J. Principles of development and psychopathology. In: SAMEROFF, A. J.; EMDE, R. N. Relationship disturbances in early childhood: a developmental approach. New York: Basic Books, 1989. p. 17-32. SHECHTER, R. A. Recovering edipal bliss in grief resolution: a case study of early object loss. Issues Psychoanal. Psychol., v. 20, p. 29-41, 1998. SHENGOLD, L. L. Child abuse and deprivation: soul murder. J. Am. Psychoanal. Assoc., v.27, p. 533-559, 1979. _____. Maus-tratos e privação na infância: assassinato da alma. Revista Ceapia, v. 12, p. 7-26, 1999. SOMENZI, L. et al. Transtornos alimentares e sua relação com abuso sexual na infância: relato de um caso. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, v.18, p. 367-373, 1996. TERR, L. C. Childhood traumas: an outline and overview. Am. J. Psychiatr., v.148, p. 10-20, 1991.
  • 20. Maria Lucrécia Scherer Zavaschi e cols. TETELBOM, M. et al. Abuso sexual intrafamiliar: um alerta. J. Bras. Psiquiatr., v.40, p. 145-148, 1991. USTÁRROZ, L. F. L. Eventos estressantes, insatisfação na vida e morbidade psiquiátrica menor em Pelotas. Dissertação (Mestrado) –Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 1997. VYTHILINGAM, M. et al. Childhood trauma associated with smaller hippocampal volume in women with major depression. Am. J. Psychiatr., v.159, p. 2072-2080, 2002. WAISELFISZ, J. J. Violence map II: the youth of Brazil. Brasília: Unesco, 2000. WIESS, E. L.; LONGHURST, J. G.; MAZURE, C. M. Childhood sexual abuse as a risk factor for depression in women: psychosocial and neurobiological correlates. Am. J. Psychiatr., v.156, p. 816-828, 1999. WERNER, E.; SMITH, R. Overcoming the odds: high risk children from birth to adulthood. New York: Cornell University, 1992. YEHUDA, R. Post-traumatic stress disorder. N. Engl. J. Med., v.346, p. 108-114, 2002. _____. Psychoneuroendocrinology of post-traumatic stress disorder. Psychiatr. Clin. North Am., v.21, p. 359-379, 1998. YUNES, J.; ZUBAREW, T. Mortalidad por causas violentas en adolescentes y jóvenes: un desafio para la región de las Americas. Rev. Bras. Epidemiol., v.2, p. 102-171, 1999. ZAVASCHI, M. L. Abuso e maus-tratos na infância e adolescência: a negação como fator conspirador ao diagnóstico. Rev. Psiquiatr. Rio Gd. Sul, v.24, p. 201-212, 2002. ZAVASCHI, M. L.; COSTA, F.; BRUNSTEIN, C. O bebê e seus pais. In: EIZIRIK, C. L.; KAPCZINSKI, F.; BASSOLS, A. M. S. (Org.). O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica. Porto Alegre: Artmed, 2001. p. 41-57. ZAVASCHI, M. L. et al. Abuso sexual em crianças: uma revisão. In: LIPPI, J. R. S. (Ed.). Abuso e negligência na infância: prevenção e direitos. Rio de Janeiro: Científica Nacional, 1990. p. 87-96. _____. Abuso sexual na infância: um desafio terapêutico. Rev. Psiquiatr. Rio Gd. Sul, v.13, p. 136-145, 1991. _____. Adolescents exposed to physical violence in the community: a survey in Brazilian public schools. Panam. J. Public Health, v.12, p. 327-332, 2002. _____. Adult mood disorders and childhood psychological trauma. Rev. Bras. Psiquiatr., v. 28, n. 3, p. 184-190, 2006.