2. O que é Romantismo?
O Romantismo foi para além da literatura, foi um movimento
artístico e filosófico que surgiu no final do século XVIII na
Europa, indo até o final do século XIX. A maior característica
do Romantismo era a visão de mundo que se contrapunha ao
racionalismo do período anterior (neoclassicismo). O
movimento romântico cultiva uma visão de mundo centrada
no indivíduo, e portanto os autores voltavam-se para si
mesmo, retratando dramas pessoais como tragédias de amor,
ideias utópicas, desejos de escapismo e amores platônicos ou
impossíveis. O século XIX seria, portanto, marcado pela arte
voltada para o lirismo, a subjetividade, a emoção e a
valorização do “eu”.
3. Romantismo no Brasil
No Brasil, o período histórico era marcado por um sentimento
nacionalista, em especial pelo fato marcante que foi a
Independência, em 1822. Encontramos, pois, elementos que
caracterizam o período, presentes nas obras dos autores
românticos. É o exemplo da exaltação da Pátria feita
por Gonçalves Dias, e do clima nostálgico presente nas poesias
de Álvares de Azevedo e Fagundes Varela, sem falar no
engajamento nas causas sociais, presente fortemente na obra
de Castro Alves, o qual abordou temas polêmicos como a
escravidão.
4. Primeira Geração:
Nacionalismo - influenciada pela Independência do Brasil, a poesia
buscava a identificação do país com suas raízes históricas,
linguísticas e culturais. O desejo era o de construir uma arte
brasileira, livre da influência de Portugal, e o sentimento era de
nacionalidade, resgatando elementos da história do país. Foi
fortemente marcada pelo indianismo e trazia à toda elementos da
natureza (flora e fauna) brasileiros. O índio era exaltado como
herói, pois representava o povo brasileiro, e o Brasil em sua
essência.
5. Segunda Geração:
Mal do Século - Neste período, que se iniciou por volta de 1850, a
poesia vinha de encontro às ideias e temáticas da geração
anterior: o eu-lírico volta-se mais para si e afasta-se da realidade
social à sua volta. Traz em si o pessimismo e o apego aos vícios.
Os sentimentos são exagerados e aparecem de forma idealizada
na poesia. Além disso, elementos como a noite, a melancolia, o
sofrimento, a morbidez e o medo do amor são recorrentes em
seus textos poéticos. O eu-lírico vivem em meio solidão, aos
devaneios e às idealizações..
6. Terceira Geração:
Condoreiríssimo - a última geração da poesia romântica se
inspira em Victor Hugo, e traz um foco político e social. Na
época, ideias abolicionistas e republicanas vinham à tona, e junto
com elas o desejo de se libertar do Império. É a fase que
prenuncia o Realismo, que viria em seguida, tanto é que tem
como foco a realidade social, a crítica à sociedade, a poesia
liberal, enfim, era o final do movimento romântico no Brasil. O
condoreiríssimo se refere à figura do condor, uma ave que tinha
voo alto, assim como os poetas românticos faziam em busca de
defender seus ideais libertários
8. Características do romantismo.
Os valores românticos eram tão fortes que englobaram as sociedades em seus ideais coletivos, a
partir da atitude individual, subjetiva, de cada uma pessoa.
Neste ambiente, era o mundo interior do poeta que filtrava a realidade, que estabelecia o que
era real. E o que era real ou considerado real era o que as pessoas sentiam passionalmente, não
os fatos como ocorriam na vida cotidiana, mas como eram interpretados romantica e
passionalmente.
Enquanto na Europa o Romantismo buscava as origens dos povos, no período medieval, para
buscar sua essência, sua pureza, sua verdade, no Brasil, as origens foram buscadas no
indianismo, na idéia de um homem "puro", ligado à natureza que é boa e bela, o índio como um
ser incorruptível.
A fuga da realidade é caracterizada pelo escapismo de diversos modos: no álcool, no ópio, num
retorno aos valores perdidos da infância, na saudade e nostalgia de bons tempos perdidos no
passado, na idealização da sociedade e no amor.
Há um clima de certo desvario, de irracionalismo no movimento romântico, que tem na visão da
mulher o maior repositório das virtudes próprias ao sentimentalismo romântico.
A luta pela liberdade e a morte são figuras comuns ao poeta romântico, voltado ao escapismo, à
extrema religiosidade e ao mito.
9.
10. Ascenção Burguesia:
Quando estudamos Romantismo, observamos uma coincidência
interessante: o estilo romântico é uma modificação de modos de ver o
mundo de uma forma apaixonada, no início do século XIX, e que se opõe
ao racionalismo dos séculos anteriores.
Ao mesmo tempo, a sociedade europeia vem sofrendo grandes
transformações sociais em face da Revolução Francesa de 1789 e da
Revolução Industrial dos meados do século XVIII.
11. Revolução Francesa:
Ser reconhecida pela sociedade era, forçosamente, impor seus valores e
visão de mundo... e foi isso que a burguesia alcançou ao longo dos séculos,
concretizando tais objetivos a partir, principalmente, da Revolução Francesa
– 1789, quando assume o poder político na França revolucionária.
Seus valores e modo de vida se espalham por todo o mundo e é neste
contexto que temos a plenitude do Romantismo.
A população francesa, durante os eventos revolucionários em 1789, na
França, ao saber pelo jornalista “Camille Desmoulins que as tropas reais
iriam iniciar uma repressão forte contra o povo de Paris, ... se reúne e
invade o que era um símbolo do reino da França, um símbolo dos
privilégios odiosos da nobreza: a Bastilha.”
12. Surgem um novo produto de consumo
cultural, o romance gótico e um público
ávido para comprá-lo.
(...) Desse contexto surge um novo gênero literário, lido avidamente por
uma nova classe de leitores, a classe média. O romance “gótico” inicial é
representado por autores como Horace Walpole (The Castle of Otranto,
1765), Ann Radclifffe e Matthew Gregory Lewis (The Monk, 1796). Trata-se
de castelos arruinados, donzelas presas em calabouços, monges
ironicamente maldosos e debochados, em uma paisagem que se passa um
país tão exótico quanto, por exemplo, a Itália – uma caricatura do mundo
feudal com forte aversão ao clero que convinha ao século das luzes....”
13. Romantismo divido por tendências:
Romance Urbano - ligava-se à vida social, principalmente no Rio de Janeiro,
descrevendo os tipos humanos encontrados naquela sociedade.
Romance Regionalista (sertanejo) - demonstrava atração pelo pitoresco e
tinha como principal característica a retratação da vida no interior do Brasil,
seus hábitos, seu modo de falar, etc.
Romance Histórico - tratou-se de uma revalorização do passado, trazendo ao
romance personagens da nossa história, retratando-os de modo nacionalista.
Romance Indianista - por fim, porém não menos importante, há o romance
indianista, que teve como maior representante o romancista José de Alencar,
e como característica a idealização do ínidio, como herói brasileiro, nobre e
valente.
14. Seus Olhos – Gonçalves Dias
"Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
Estrelas incertas, que as águas dormentes
Do mar vão ferir;
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Têm meiga expressão,
Mais doce que a brisa, - mais doce que o nauta
De noite cantando, - mais doce que a flauta
Quebrando a solidão.
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir.
São meigos infantes, gentis, engraçados
Brincando a sorrir.
São meigos infantes, brincando, saltando
Em jogo infantil,
Inquietos, travessos; - causando tormento,
Com beijos nos pagam a dor do momento,
Com modo gentil
Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são:
Às vezes luzindo, serenos, tranquilos,
Às vezes vulcão.
15. Biografia de Gonçalves Dias, um dos autores da primeira geração.
Domingos José Gonçalves de Magalhães nasceu no Rio de Janeiro,
em 1811, e morreu em Roma, em 1882. Publica seu primeiro
livro, Poesias, em 1832.
Gonçalves de Magalhães publica, em Paris, em 1836, Suspiros Poéticos
e Saudades, considerado o primeiro livro romântico brasileiro, cujo
prefácio é um verdadeiro manifesto em prol da nova estética.
Essa obra tem valor histórico, uma vez que é de grande importância
para o Romantismo no Brasil e da reforma nacionalista da nossa
literatura.
Gonçalves de Magalhães teve importância histórica na introdução da
estética romântica e na batalha pela reforma nacionalista da literatura
brasileira.
Em 1856, Gonçalves de Magalhães publica A Confederação dos
Tamoios, poema épico em dez cantos, versos decassílabos, estrofação
livre. Nele o poeta trata das lutas dos tamoios contra o povo
colonizador, nas quais Anchieta e Nóbrega assumem um papel de
grande importância.