SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 11
Baixar para ler offline
 

                                            

             Efeito da Radiação gama (Co-60) em
 conservantes utilizados na Indústria Cosmética
     Gilmara C de Luca1, Fernando Reichmann1, Sebastião D Gonçalves2
       1
           CBE Embrarad Companhia Brasileira de Esterilização, Jarinu, SP
                         2
                             ProServ Química, São Paulo, SP



RESUMO

Processos de Irradiação por raios gama (Co-60) tem sido empregados como medida
preventiva ou corretiva na redução de carga de microbiana de produtos e matérias
primas cosméticas devido sua alta eficácia na eliminação de microorganismos. É
imprescindível antes de realizar o processo avaliar a compatibilidade desses matérias
à radiação bem como verificar se houve comprometimento de substancias ativas
presentes, como por exemplo o sistema conservante do produto. O objetivo desse
trabalho foi estudar os efeitos da radiação em 5 diferentes tipos de conservantes
utilizados no segmento cosmético. Conservantes em solução aquosa foram irradiados
com a dose de 10 kGy que em geral representa a dose mais alta (dose máxima)
aplicada em processos de descontaminação de matérias primas e produtos
cosméticos e submetidos ao teste desafio microbiológico. Com exceção à mistura de
isotiazolinonas todos os demais conservantes foram aprovados no Teste Desafio
(Challenge Test) demonstrando que não houve comprometimento dessas substâncias
quando irradiados.




Palavras-chave: Irradiação, conservantes,cosméticos
 

                                           

INTRODUÇÃO

A tecnologia de irradiação por raios gama (Co-60) tem sido amplamente utilizada em
processos de esterilização de produtos para a saúde, bem como em processos de
descontaminação ou redução de carga microbiana nos segmentos de alimentação,
embalagens, fármacos e também cosméticos. Nos segmentos de alimentação e
cosméticos prevalecem os processos de descontaminação ou redução da carga
microbiana de matérias primas, visando maior controle das condições de processo e
garantia da qualidade do produto final, de acordo com as Boas Praticas de Fabricação
(BPF) estabelecidas. Nesses casos pode-se classificar o processo de Irradiação como
um processo preventivo de descontaminação. Entretanto, apesar de todos os esforços
e cuidados adotados nas linhas de processamento, eventualmente, podem ocorrer
pequenos desvios na qualidade microbiológica das matérias primas e como
conseqüência, no produto final, colocando-o em uma situação de alerta microbiológico
(Portaria 481 – ANVISA)1, o que pode comprometer sua qualidade, a segurança de
seu uso ou seu prazo de validade. Também nesses casos o processo de Irradiação
pode ser empregado, visando corrigir esses desvios e tornando o produto seguro para
uso. É importante salientar que a irradiação não substitui os procedimentos de BPF e
deve ser utilizada sempre que possível como um processo preventivo para reduzir a
“pressão microbiológica” (Guia ABC de Microbiologia)2 de um meio ou processo.

Preventiva ou corretivamente, quando irradiado para atendimento à padrões
microbiológicos, um produto deve manter suas características essenciais de
qualidade, funcionalidade e segurança. Por isso é imprescindível a realização de
testes com doses de irradiação escalonadas e a avaliação do produto antes de
autorizar um processo. Tão importante quanto avaliar a manutenção de suas
características de funcionalidade, sensoriais e estabilidade química, é também avaliar
se houve ou não algum comprometimento de seu sistema conservante.

De acordo com a definição da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),
Conservantes são substancias químicas sintéticas ou naturais empregadas para
manter a qualidade microbiológica de produtos durante sua validade. No segmento
cosmético existem mais que uma dezena deles (RDC 162)3 autorizados e sua
indicação depende do meio, da utilização do produto e respectiva segurança, bem
 

                                            

como do espectro microbiológico para o qual se deseja a atuação. Os conservantes
devem ter um amplo espectro de atuação inibindo a proliferação de microorganismos.
Dentro da classe de produtos cosméticos, os maiores problemas em relação à
contaminação são encontrados naqueles que apresentam atividade de água em sua
formulação, tais como emulsões, suspensões, géis e soluções.
O objetivo desse trabalho foi estudar os efeitos da radiação em cinco diferentes tipos
de conservantes utilizados em matérias primas e produtos cosméticos como
enxaguáveis (rinse-off) e os que permanecem sobre a pele (leave-on). Os
conservantes    avaliados   foram    Mistura   de   Isotiazolinonas,   Metilparabeno,
Propilparabeno, Fenoxietanol e Formol. Esses conservantes vêm sendo utilizados
isoladamente ou em misturas, o que potencializa seus respectivos espectros de
atuação. A validação do sistema conservante é demonstrada através da realização do
Teste Desafio (Challenge Test)2.

 
 

                                             

MATERIAIS E MÉTODOS

Amostras

Os conservantes foram preparados em solução aquosa pela Empresa Biocenter
Microbiológica, conforme concentrações abaixo:

Mistura de isotiazolinonas - 0,05 e 0,10% (p/v)

Metilparabeno – 0,05 e 0,15% (p/v)

Propilparabeno -0,10 e 0,20% (p/v)

Formol: 0,05 e 0,20% (p/v)

Fenoxietanol- 0,30 e 10% (p/v)

Processo de irradiação

As amostras de conservantes foram submetidas ao processo de irradiação no
Irradiador Multiproposito da CBE Embrarad, unidade de Jarinu (Fig.1).




Fig.1. Irradiador de Grande Porte
 

                                            

O processo de irradiação é realizado expondo produto por um período de tempo
determinado à ondas eletromagnéticas de alta freqüência (Fig. 2) que penetram em
qualquer embalagem e/ou produto, rompendo a cadeia de DNA do microorganismo.
Essa energia é emitida a partir de uma fonte de raios gama (Co-60). De maneira geral
os produtos são acondicionados sobre o sistema de transporte e circulam ao redor de
fontes emissoras de radiação. Não há contato do produto com as fontes radioativas e
a energia emitida (1,17-1,33 MeV) não provoca alterações nucleares nos materiais
expostos, eliminando qualquer risco de tornar um produto radioativo. Do ponto de vista
radiológico, os produtos expostos à radiação podem ser utilizados imediatamente após
sua exposição, não necessitando períodos quarentenários.




Fig. 2. Espectro de ondas eletromagnéticas




A dose aplicada em todas as amostras foi de 10 kGy (Quilo Gray), com taxa de dose
média de 7 kGy/hora. A dose refere-se à quantidade de energia aplicada no produto,
sendo que 1 Gy = 1 Joule/kg de material.

Para controle da dose aplicada utilizou-se o sistema Dosimétrico Polimetilmetacrilato
(PMMA) da Harwell dosimeters.
 

                                            

Teste Desafio

Após irradiação às amostras de conservantes foram submetidas ao Teste Desafio
microbiológico, que consiste na contaminação proposital da solução aquosa com
conservante por microorganismos específicos e avaliação da carga sobrevivente em
intervalos de tempo definidos, realizado pela empresa Biocenter Microbiológica,
conforme metodologia descrita no Guia ABC de Microbiologia2.

Os microorganismos inoculados foram,

para Bactérias:

S.aureus ATCC 6538

P.aeruginosa ATCC 9027

E. coli ATCC 8739

para Fungos:

C.albicans ATCC 10231

A.niger ATCC 164404

Nota: foram realizadas três inoculações no tempo 0, 7 dias e 14 dias.

A contagem de microorganismos é representada pela unidade ufc (unidade formadora
de colônia).




RESULTADOS

O teste desafio visa avaliar se o sistema conservante apresenta eficácia na inibição de
crescimento de microorganismos e o critério de aceitação estabelecido para a
condução desse trabalho, foi    o de produzir uma redução       inicial de 99,9% para
bactérias e de 90% para fungos propositalmente inoculados2.

Os resultados das avaliações são apresentados abaixo.
 

                                                           

Metilparabeno

Nome: A – Solução Aquosa de Metilparabeno 0,05% 10 KGY

Inoculações: 3                      Início: 03/05/2011               Término: 06/06/2011
pH: 3,4

Data das Leituras                             Bactérias (ufc/ml)                          Fungos (ufc/ml) 
                  0h                              2,4 x 104                                  1,9 x 104 
                24h                                  240                                       240 
                48h                                  240                                       120 
              7 dias                                  80                                        40 
            14 dias                                  120                                       200 
            21 dias                                  240                                       200 
            28 dias                                   40                                        80 
Avaliação: Aprovado 

Nome: B– Solução Aquosa de Metilparabeno 0,15% ‐  10 KGY 

Inoculações: 3        Início: 03/05/2011                  Término:   06/06/2011                         pH: 3,3 

Data das Leituras                             Bactérias (ufc/ml)                          Fungos (ufc/ml) 
                  0h                              2,6 x 104                                  9,6 x 103 
                24h                                  120                                        40 
                48h                                  < 10                                      < 10 
              7 dias                                 < 10                                      < 10 
            14 dias                                  < 10                                      < 10 
            21 dias                                  < 10                                      < 10 
            28 dias                                  < 10                                      < 10 
Avaliação: Aprovado 

 

Propilparabeno

Nome: C – Solução Aquosa de Propilparabeno 0,10%  10 KGY 

Inoculações: 3        Início: 03/05/2011                Término:       06/06/2011                        pH: 3,4 

Data das Leituras                             Bactérias (ufc/ml)                          Fungos (ufc/ml) 
                  0h                              1,6 x 104                                  1,4 x 104 
                24h                                  240                                       200 
                48h                                  < 10                                      < 10 
              7 dias                                 < 10                                      < 10 
            14 dias                                  < 10                                      < 10 
            21 dias                                  < 10                                      < 10 
            28 dias                                  < 10                                      < 10 
Avaliação: Aprovado 
 

                                                           

Nome: D– Solução Aquosa de Propilparabeno 0,20%  10 KGY 

Inoculações: 3           Início: 03/05/2011          Término:  06/06/2011                                   pH: 3,4 

Data das Leituras                              Bactérias (ufc/ml)                          Fungos (ufc/ml) 
                  0h                               1,9 x 104                                  2,1 x 104 
                24h                                    40                                        40 
                48h                                   < 10                                      < 10 
              7 dias                                  < 10                                      < 10 
            14 dias                                   < 10                                      < 10 
            21 dias                                   < 10                                      < 10 
            28 dias                                   < 10                                      < 10 
Avaliação: Aprovado 



Formol

Nome: E ‐ Solução Aquosa de Formol 0,05% ‐  10 KGY 

Inoculações: 3        Início: 03/05/2011         Término: 06/06/2011                                       pH: 3,2 

Data das Leituras                              Bactérias (ufc/ml)                          Fungos (ufc/ml) 
                  0h                               3,6 x 104                                  1,6 x 104 
                24h                                   240                                       280 
                48h                                   320                                        80 
              7 dias                                  < 10                                      < 10 
            14 dias                                    80                                        40 
            21 dias                                   160                                        80 
            28 dias                                   320                                       240 
Avaliação: Aprovado 

 

Nome: F – Solução Aquosa de Formol 0,20%  10 KGY 

Inoculações: 3      Início: 03/05/2011       Término:  06/06/2011                                       pH: 3,0  

 Data das Leituras                             Bactérias (ufc/ml)                          Fungos (ufc/ml) 
                  0h                               2,4 x 104                                  2,1 x 104 
                24h                                   < 10                                      < 10 
                48h                                   < 10                                      < 10 
              7 dias                                  < 10                                      < 10 
            14 dias                                   < 10                                      < 10 
            21 dias                                   < 10                                      < 10 
            28 dias                                   < 10                                      < 10 
Avaliação: Aprovado 
 

                                                           

Fenoxietanol

Nome: G– Solução Aquosa de Fenoxietanol  0,30%  10 KGY 

Inoculações: 3           Início: 03/05/2011                Término:  06/06/2011                         pH: 3,5 

Data das Leituras                             Bactérias (ufc/ml)                          Fungos (ufc/ml) 
                  0h                              1,2 x 104                                  1,6 x 104 
                24h                                  280                                       280 
                48h                                   80                                       160 
              7 dias                                  80                                       120 
            14 dias                                 200s                                       280 
            21 dias                                  < 10                                      < 10 
            28 dias                                   40                                       < 10 
Avaliação: Aprovado 

 

Nome: H – Solução Aquosa de Fenoxietanol  1,00%  10 KGY 

Inoculações: 3                    Início: 03/05/2011           Término: 06/06/2011                     pH: 3,7 

Data das Leituras                             Bactérias (ufc/ml)                          Fungos (ufc/ml) 
                  0h                              1,2 x 104                                  9,6 x 103 
                24h                                  280                                       120 
                48h                                  < 10                                      < 10 
              7 dias                                 160                                       < 10 
            14 dias                                   40                                       < 10 
            21 dias                                  < 10                                      < 10 
            28 dias                                  < 10                                      < 10 
Avaliação: Aprovado 
 

                                                           

Mistura de Isotiazolinonas 

Nome: I – Solução Aquosa de Misturas de Isotiazolinonas 0,05% ‐ 10 KGY 

Inoculações: 3           Início: 03/05/2011            Término:  06/06/2011                             pH: 3,6 

Data das Leituras                             Bactérias (ufc/ml)                          Fungos (ufc/ml) 
                  0h                              3,1 x 104                                  1,4 x 104 
                24h                                 1200                                       400 
                48h                                  160                                       240 
              7 dias                                 240                                       600 
            14 dias                               2,4 x 104                                    >105 
            21 dias                                  200                                       >105 
            28 dias                                  200                                       >105 
Avaliação: Reprovado 

Nome: J – Solução Aquosa de Misturas de Isotiazolinonas 0,10% ‐  10 KGY 

Inoculações: 3          Início: 03/05/2011            Término: 06/06/2011                             pH: 3,6 

Data das Leituras                             Bactérias (ufc/ml)                          Fungos (ufc/ml) 
                  0h                              1,2 x 104                                  1,2 x 104 
                24h                                 1640                                       600 
                48h                                  280                                       240 
              7 dias                                2.720                                      120 
            14 dias                                 1.200                                     1.400 
            21 dias                                  160                                       >105 
            28 dias                                   80                                       >105 
 

Os  resultados  demonstram  que  o  processo  de  irradiação  não  compromete  eficiência  de 
Fenoxietanol,  Metilparabeno,  Propilparabeno  e  Formol  como  sistema  conservante  nas 
condições  de  teste  realizado.  Tanto  para  bactérias  como  para  fungos  os  resultados  do  teste 
desafio  demonstram  que  não  há  interferência  da  Irradiação  no  desempenho  do  sistema 
conservante investigado,  mesmo para a menor concentração utilizada.  

Para  Mistura  de  Isotiazolinonas  o  processo  de  irradiação  com  a  dose  de  10  kGy  provocou  a 
perda de sua eficiência.  Embora a contagem microbiológica esteja no limiar para bactérias e 
reduzindo  para  valores  aceitáveis,  os  resultados  para  fungos  torna  esse  sistema  conservante 
reprovado para as condições de teste.  

 

CONCLUSÃO FINAL : 

Os resultados indicam que o processo de irradiação não compromete o sistema conservante, 
em solução aquosa, quando submetidos ao processo de irradiação na dose máxima de 10 kGy, 
 

                                                   

com excessão à Mistura de Isotiazolinonas que perdeu eficácia a partir da 2ª inoculação para 
fungos. 

A  irradiação  é  um  método  eficiente  e  eficaz  para  ser  usado  como  medida  preventiva  para 
reduzir  a  pressão  microbiológica  sem  interferir  no  sistema  conservante,  principalmente  nos 
casos em que não se usa a Mistura de Isotiazolinonas. Devemos levar em consideração que o 
uso preventivo da irradiação leva à diminuição da carga microbiológica e como conseqüência 
pode‐se  trabalhar  com  a  diminuição  do  uso  de  conservantes.  Recomenda‐se,  todavia  que,  o 
emprego da radiação seja estudado caso a caso devido à constituição do produto final e sua 
aplicação. 

 

REFERÊNCIAS 

 

BRASIL. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO Nº 481 de 23 de 
setembro de 1999. Cita Parâmetros de Controle Microbiológico para Produtos de Higiene 
Pessoal, Cosméticos e Perfumes, D.O.U.‐ Diário Oficial da União; Poder Executivo de 27 de 
setembro de 1999. 

ABC‐ Associação Brasileira de Cosmetologia ‐ Guia ABC de Microbiologia –Controle 
Microbiológico na Industria de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes,  3ª 
Edição, São Paulo, Pharmabooks, 73p., 2008. 

BRASIL. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO ‐ RDC Nº 162, de 11 de 
setembro de 2001. Lista Substâncias de Ação Conservante Permitida para Produtos de 
Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes, D.O.U. .‐ Diário Oficial da União de 12 de setembro 
de 2001, republicada no DOU de 2 de outubro de 2001.  

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Aula 3 imaginologia contraste da imagem e radiação espalhada
Aula 3 imaginologia contraste da imagem e radiação espalhadaAula 3 imaginologia contraste da imagem e radiação espalhada
Aula 3 imaginologia contraste da imagem e radiação espalhada
radiomed
 
Efeitos biológicos das radiações
Efeitos biológicos das radiaçõesEfeitos biológicos das radiações
Efeitos biológicos das radiações
James Barbosa
 
Meios De Contraste Ressonancia MagnéTica
Meios De Contraste Ressonancia MagnéTicaMeios De Contraste Ressonancia MagnéTica
Meios De Contraste Ressonancia MagnéTica
Alex Eduardo Ribeiro
 
Iniciação à radiologia industrial
Iniciação à radiologia industrialIniciação à radiologia industrial
Iniciação à radiologia industrial
Vinicius Goncalves
 

Mais procurados (20)

Aula 03 proteção radológica
Aula 03 proteção radológicaAula 03 proteção radológica
Aula 03 proteção radológica
 
Biossegurança em RM
Biossegurança em RMBiossegurança em RM
Biossegurança em RM
 
HEMODINÂMICA
HEMODINÂMICAHEMODINÂMICA
HEMODINÂMICA
 
Histerossalpingografia
HisterossalpingografiaHisterossalpingografia
Histerossalpingografia
 
Mamografia 2
Mamografia 2Mamografia 2
Mamografia 2
 
FILMES E ECRÁNS
FILMES E ECRÁNSFILMES E ECRÁNS
FILMES E ECRÁNS
 
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: INTRODUÇÃO
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: INTRODUÇÃORESSONÂNCIA MAGNÉTICA: INTRODUÇÃO
RESSONÂNCIA MAGNÉTICA: INTRODUÇÃO
 
Cintilografia: Medicina Nuclear - Conteúdo vinculado ao blog http://fisi...
Cintilografia: Medicina Nuclear - Conteúdo vinculado ao blog      http://fisi...Cintilografia: Medicina Nuclear - Conteúdo vinculado ao blog      http://fisi...
Cintilografia: Medicina Nuclear - Conteúdo vinculado ao blog http://fisi...
 
Aula 3 imaginologia contraste da imagem e radiação espalhada
Aula 3 imaginologia contraste da imagem e radiação espalhadaAula 3 imaginologia contraste da imagem e radiação espalhada
Aula 3 imaginologia contraste da imagem e radiação espalhada
 
Técnicas de posicionamento para crânio
Técnicas de posicionamento para crânioTécnicas de posicionamento para crânio
Técnicas de posicionamento para crânio
 
Exames Radiológicos - Aula.
Exames  Radiológicos -  Aula.Exames  Radiológicos -  Aula.
Exames Radiológicos - Aula.
 
Efeitos biológicos das radiações
Efeitos biológicos das radiaçõesEfeitos biológicos das radiações
Efeitos biológicos das radiações
 
Palestra de Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes
Palestra de Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes Palestra de Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes
Palestra de Efeitos Biológicos das Radiações Ionizantes
 
Medicina nuclear e Radiologia Digital
Medicina nuclear e Radiologia DigitalMedicina nuclear e Radiologia Digital
Medicina nuclear e Radiologia Digital
 
Ressonancia magnetica
Ressonancia magneticaRessonancia magnetica
Ressonancia magnetica
 
Meios De Contraste Ressonancia MagnéTica
Meios De Contraste Ressonancia MagnéTicaMeios De Contraste Ressonancia MagnéTica
Meios De Contraste Ressonancia MagnéTica
 
Iniciação à radiologia industrial
Iniciação à radiologia industrialIniciação à radiologia industrial
Iniciação à radiologia industrial
 
Aula 07 efeitos da radiação ionizante
Aula 07   efeitos da radiação ionizanteAula 07   efeitos da radiação ionizante
Aula 07 efeitos da radiação ionizante
 
Controle de qualidade em Densitometria Óssea
Controle de qualidade em Densitometria ÓsseaControle de qualidade em Densitometria Óssea
Controle de qualidade em Densitometria Óssea
 
Mão - Anatomia Radiológica
Mão - Anatomia RadiológicaMão - Anatomia Radiológica
Mão - Anatomia Radiológica
 

Semelhante a CBE - Radiação em Conservantes na Indústria Cosmética

Introdução à higienização - definições, fatores e etapas.ppt
Introdução à higienização -  definições, fatores e etapas.pptIntrodução à higienização -  definições, fatores e etapas.ppt
Introdução à higienização - definições, fatores e etapas.ppt
GUILHERMEERNANDES1
 
Controle de Qualidade - análise microbiológica de MP e Form. Magistrais
Controle de Qualidade - análise microbiológica de MP e Form. MagistraisControle de Qualidade - análise microbiológica de MP e Form. Magistrais
Controle de Qualidade - análise microbiológica de MP e Form. Magistrais
Barbara Blauth
 
esterelização por radiação
esterelização por radiaçãoesterelização por radiação
esterelização por radiação
Ley Leal
 
Azevedo e bandeira, 2008 ext aldrin
Azevedo e bandeira, 2008 ext aldrinAzevedo e bandeira, 2008 ext aldrin
Azevedo e bandeira, 2008 ext aldrin
Aécia Dantas
 

Semelhante a CBE - Radiação em Conservantes na Indústria Cosmética (20)

Sistema Conservante - aula slide anotada.ppt
Sistema Conservante - aula slide anotada.pptSistema Conservante - aula slide anotada.ppt
Sistema Conservante - aula slide anotada.ppt
 
Oxitetraciclina em camarão cultivado
Oxitetraciclina em camarão cultivadoOxitetraciclina em camarão cultivado
Oxitetraciclina em camarão cultivado
 
Apresentação Toxilab Laboratório de Análises
Apresentação Toxilab Laboratório de AnálisesApresentação Toxilab Laboratório de Análises
Apresentação Toxilab Laboratório de Análises
 
Aula 24 - CC e CME II (Slide).pptx
Aula 24 - CC e CME II (Slide).pptxAula 24 - CC e CME II (Slide).pptx
Aula 24 - CC e CME II (Slide).pptx
 
Cap24
Cap24Cap24
Cap24
 
Apres a1 abes-es
Apres a1  abes-esApres a1  abes-es
Apres a1 abes-es
 
Anuário de Patentes USP 2016
Anuário de Patentes USP 2016Anuário de Patentes USP 2016
Anuário de Patentes USP 2016
 
Introdução à higienização - definições, fatores e etapas.ppt
Introdução à higienização -  definições, fatores e etapas.pptIntrodução à higienização -  definições, fatores e etapas.ppt
Introdução à higienização - definições, fatores e etapas.ppt
 
Controle de Qualidade - análise microbiológica de MP e Form. Magistrais
Controle de Qualidade - análise microbiológica de MP e Form. MagistraisControle de Qualidade - análise microbiológica de MP e Form. Magistrais
Controle de Qualidade - análise microbiológica de MP e Form. Magistrais
 
Artigo bioterra v17_n1_05
Artigo bioterra v17_n1_05Artigo bioterra v17_n1_05
Artigo bioterra v17_n1_05
 
qualidade de produto saneantes
qualidade de produto saneantesqualidade de produto saneantes
qualidade de produto saneantes
 
Cancer
CancerCancer
Cancer
 
TSA
TSATSA
TSA
 
O quimico-e-o-mercado-farmaceutico-21
O quimico-e-o-mercado-farmaceutico-21O quimico-e-o-mercado-farmaceutico-21
O quimico-e-o-mercado-farmaceutico-21
 
Controle de Qualidade em Cosmeticos
Controle de Qualidade em CosmeticosControle de Qualidade em Cosmeticos
Controle de Qualidade em Cosmeticos
 
esterelização por radiação
esterelização por radiaçãoesterelização por radiação
esterelização por radiação
 
Azevedo e bandeira, 2008 ext aldrin
Azevedo e bandeira, 2008 ext aldrinAzevedo e bandeira, 2008 ext aldrin
Azevedo e bandeira, 2008 ext aldrin
 
biossegurança e Organismos Geneticamente Modificados
biossegurança e Organismos Geneticamente Modificadosbiossegurança e Organismos Geneticamente Modificados
biossegurança e Organismos Geneticamente Modificados
 
TSA
TSATSA
TSA
 
Programa de treinamento
Programa de treinamentoPrograma de treinamento
Programa de treinamento
 

Mais de 24x7 COMUNICAÇÃO

Mais de 24x7 COMUNICAÇÃO (20)

Marketing de Alimentos na China - Perspectivas para a Indústria Nacional - Se...
Marketing de Alimentos na China - Perspectivas para a Indústria Nacional - Se...Marketing de Alimentos na China - Perspectivas para a Indústria Nacional - Se...
Marketing de Alimentos na China - Perspectivas para a Indústria Nacional - Se...
 
China Consumer Trends 2018 - BlueFocus + Metta
China Consumer Trends 2018 - BlueFocus + MettaChina Consumer Trends 2018 - BlueFocus + Metta
China Consumer Trends 2018 - BlueFocus + Metta
 
E commerce Overview & Landscape China - 24x7 Digital
E commerce Overview & Landscape China - 24x7 DigitalE commerce Overview & Landscape China - 24x7 Digital
E commerce Overview & Landscape China - 24x7 Digital
 
Fórum Náutico Paulista - Apresentação Inicial - Lidera Consultoria
Fórum Náutico Paulista - Apresentação Inicial - Lidera ConsultoriaFórum Náutico Paulista - Apresentação Inicial - Lidera Consultoria
Fórum Náutico Paulista - Apresentação Inicial - Lidera Consultoria
 
Comunicacao interna endomarketing 24x7
Comunicacao interna endomarketing 24x7Comunicacao interna endomarketing 24x7
Comunicacao interna endomarketing 24x7
 
Painel 4 - Mercado de capitais e os instrumentos de financiamento para o agro...
Painel 4 - Mercado de capitais e os instrumentos de financiamento para o agro...Painel 4 - Mercado de capitais e os instrumentos de financiamento para o agro...
Painel 4 - Mercado de capitais e os instrumentos de financiamento para o agro...
 
Painel 2 - Desafios e oportunidades para o agronegocio brasileiro - Luiz Lour...
Painel 2 - Desafios e oportunidades para o agronegocio brasileiro - Luiz Lour...Painel 2 - Desafios e oportunidades para o agronegocio brasileiro - Luiz Lour...
Painel 2 - Desafios e oportunidades para o agronegocio brasileiro - Luiz Lour...
 
Painel 3 - Cenários para o mercado de commodities - André Pessoa
Painel 3 - Cenários para o mercado de commodities - André PessoaPainel 3 - Cenários para o mercado de commodities - André Pessoa
Painel 3 - Cenários para o mercado de commodities - André Pessoa
 
Palestra - A reconstrução do agronegócio do Brasil - Roberto Rodrigues
Palestra - A reconstrução do agronegócio do Brasil - Roberto RodriguesPalestra - A reconstrução do agronegócio do Brasil - Roberto Rodrigues
Palestra - A reconstrução do agronegócio do Brasil - Roberto Rodrigues
 
Painel 2 - Desafios e oportunidades para o agronegócio brasileiro - Marcos Lutz
Painel 2 - Desafios e oportunidades para o agronegócio brasileiro - Marcos LutzPainel 2 - Desafios e oportunidades para o agronegócio brasileiro - Marcos Lutz
Painel 2 - Desafios e oportunidades para o agronegócio brasileiro - Marcos Lutz
 
Painel 1 - Impactos do câmbio sobre a economia e o agronegócio brasileiro - J...
Painel 1 - Impactos do câmbio sobre a economia e o agronegócio brasileiro - J...Painel 1 - Impactos do câmbio sobre a economia e o agronegócio brasileiro - J...
Painel 1 - Impactos do câmbio sobre a economia e o agronegócio brasileiro - J...
 
Painel 3 - Cenários para o mercado de commodities - Guilherme Nastari
Painel 3 - Cenários para o mercado de commodities - Guilherme NastariPainel 3 - Cenários para o mercado de commodities - Guilherme Nastari
Painel 3 - Cenários para o mercado de commodities - Guilherme Nastari
 
Painel 3 - Cenários para o mercado de commodities - John Kemp
Painel 3 - Cenários para o mercado de commodities - John KempPainel 3 - Cenários para o mercado de commodities - John Kemp
Painel 3 - Cenários para o mercado de commodities - John Kemp
 
Propósito: novo marketing ou genuinidade?
Propósito: novo marketing ou genuinidade?Propósito: novo marketing ou genuinidade?
Propósito: novo marketing ou genuinidade?
 
HBR Women Leadership Summit - Empower Women Brasil - e-book
HBR Women Leadership Summit - Empower Women Brasil - e-bookHBR Women Leadership Summit - Empower Women Brasil - e-book
HBR Women Leadership Summit - Empower Women Brasil - e-book
 
Aumento da competitividade econômica do Brasil e desonerações no comércio ext...
Aumento da competitividade econômica do Brasil e desonerações no comércio ext...Aumento da competitividade econômica do Brasil e desonerações no comércio ext...
Aumento da competitividade econômica do Brasil e desonerações no comércio ext...
 
Aumento da competividade econômica do Brasil e desonerações no comércio exter...
Aumento da competividade econômica do Brasil e desonerações no comércio exter...Aumento da competividade econômica do Brasil e desonerações no comércio exter...
Aumento da competividade econômica do Brasil e desonerações no comércio exter...
 
Brasil: novo plano nacional de exportações - Roberto Gianetti - AEB - VII Enc...
Brasil: novo plano nacional de exportações - Roberto Gianetti - AEB - VII Enc...Brasil: novo plano nacional de exportações - Roberto Gianetti - AEB - VII Enc...
Brasil: novo plano nacional de exportações - Roberto Gianetti - AEB - VII Enc...
 
Desenvolvimento, política industrial e negociações internacionais - Evaristo ...
Desenvolvimento, política industrial e negociações internacionais - Evaristo ...Desenvolvimento, política industrial e negociações internacionais - Evaristo ...
Desenvolvimento, política industrial e negociações internacionais - Evaristo ...
 
A micro e pequena empresa exportadora no Brasil – desafios e oportunidades - ...
A micro e pequena empresa exportadora no Brasil – desafios e oportunidades - ...A micro e pequena empresa exportadora no Brasil – desafios e oportunidades - ...
A micro e pequena empresa exportadora no Brasil – desafios e oportunidades - ...
 

CBE - Radiação em Conservantes na Indústria Cosmética

  • 1.     Efeito da Radiação gama (Co-60) em conservantes utilizados na Indústria Cosmética Gilmara C de Luca1, Fernando Reichmann1, Sebastião D Gonçalves2 1 CBE Embrarad Companhia Brasileira de Esterilização, Jarinu, SP 2 ProServ Química, São Paulo, SP RESUMO Processos de Irradiação por raios gama (Co-60) tem sido empregados como medida preventiva ou corretiva na redução de carga de microbiana de produtos e matérias primas cosméticas devido sua alta eficácia na eliminação de microorganismos. É imprescindível antes de realizar o processo avaliar a compatibilidade desses matérias à radiação bem como verificar se houve comprometimento de substancias ativas presentes, como por exemplo o sistema conservante do produto. O objetivo desse trabalho foi estudar os efeitos da radiação em 5 diferentes tipos de conservantes utilizados no segmento cosmético. Conservantes em solução aquosa foram irradiados com a dose de 10 kGy que em geral representa a dose mais alta (dose máxima) aplicada em processos de descontaminação de matérias primas e produtos cosméticos e submetidos ao teste desafio microbiológico. Com exceção à mistura de isotiazolinonas todos os demais conservantes foram aprovados no Teste Desafio (Challenge Test) demonstrando que não houve comprometimento dessas substâncias quando irradiados. Palavras-chave: Irradiação, conservantes,cosméticos
  • 2.     INTRODUÇÃO A tecnologia de irradiação por raios gama (Co-60) tem sido amplamente utilizada em processos de esterilização de produtos para a saúde, bem como em processos de descontaminação ou redução de carga microbiana nos segmentos de alimentação, embalagens, fármacos e também cosméticos. Nos segmentos de alimentação e cosméticos prevalecem os processos de descontaminação ou redução da carga microbiana de matérias primas, visando maior controle das condições de processo e garantia da qualidade do produto final, de acordo com as Boas Praticas de Fabricação (BPF) estabelecidas. Nesses casos pode-se classificar o processo de Irradiação como um processo preventivo de descontaminação. Entretanto, apesar de todos os esforços e cuidados adotados nas linhas de processamento, eventualmente, podem ocorrer pequenos desvios na qualidade microbiológica das matérias primas e como conseqüência, no produto final, colocando-o em uma situação de alerta microbiológico (Portaria 481 – ANVISA)1, o que pode comprometer sua qualidade, a segurança de seu uso ou seu prazo de validade. Também nesses casos o processo de Irradiação pode ser empregado, visando corrigir esses desvios e tornando o produto seguro para uso. É importante salientar que a irradiação não substitui os procedimentos de BPF e deve ser utilizada sempre que possível como um processo preventivo para reduzir a “pressão microbiológica” (Guia ABC de Microbiologia)2 de um meio ou processo. Preventiva ou corretivamente, quando irradiado para atendimento à padrões microbiológicos, um produto deve manter suas características essenciais de qualidade, funcionalidade e segurança. Por isso é imprescindível a realização de testes com doses de irradiação escalonadas e a avaliação do produto antes de autorizar um processo. Tão importante quanto avaliar a manutenção de suas características de funcionalidade, sensoriais e estabilidade química, é também avaliar se houve ou não algum comprometimento de seu sistema conservante. De acordo com a definição da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Conservantes são substancias químicas sintéticas ou naturais empregadas para manter a qualidade microbiológica de produtos durante sua validade. No segmento cosmético existem mais que uma dezena deles (RDC 162)3 autorizados e sua indicação depende do meio, da utilização do produto e respectiva segurança, bem
  • 3.     como do espectro microbiológico para o qual se deseja a atuação. Os conservantes devem ter um amplo espectro de atuação inibindo a proliferação de microorganismos. Dentro da classe de produtos cosméticos, os maiores problemas em relação à contaminação são encontrados naqueles que apresentam atividade de água em sua formulação, tais como emulsões, suspensões, géis e soluções. O objetivo desse trabalho foi estudar os efeitos da radiação em cinco diferentes tipos de conservantes utilizados em matérias primas e produtos cosméticos como enxaguáveis (rinse-off) e os que permanecem sobre a pele (leave-on). Os conservantes avaliados foram Mistura de Isotiazolinonas, Metilparabeno, Propilparabeno, Fenoxietanol e Formol. Esses conservantes vêm sendo utilizados isoladamente ou em misturas, o que potencializa seus respectivos espectros de atuação. A validação do sistema conservante é demonstrada através da realização do Teste Desafio (Challenge Test)2.  
  • 4.     MATERIAIS E MÉTODOS Amostras Os conservantes foram preparados em solução aquosa pela Empresa Biocenter Microbiológica, conforme concentrações abaixo: Mistura de isotiazolinonas - 0,05 e 0,10% (p/v) Metilparabeno – 0,05 e 0,15% (p/v) Propilparabeno -0,10 e 0,20% (p/v) Formol: 0,05 e 0,20% (p/v) Fenoxietanol- 0,30 e 10% (p/v) Processo de irradiação As amostras de conservantes foram submetidas ao processo de irradiação no Irradiador Multiproposito da CBE Embrarad, unidade de Jarinu (Fig.1). Fig.1. Irradiador de Grande Porte
  • 5.     O processo de irradiação é realizado expondo produto por um período de tempo determinado à ondas eletromagnéticas de alta freqüência (Fig. 2) que penetram em qualquer embalagem e/ou produto, rompendo a cadeia de DNA do microorganismo. Essa energia é emitida a partir de uma fonte de raios gama (Co-60). De maneira geral os produtos são acondicionados sobre o sistema de transporte e circulam ao redor de fontes emissoras de radiação. Não há contato do produto com as fontes radioativas e a energia emitida (1,17-1,33 MeV) não provoca alterações nucleares nos materiais expostos, eliminando qualquer risco de tornar um produto radioativo. Do ponto de vista radiológico, os produtos expostos à radiação podem ser utilizados imediatamente após sua exposição, não necessitando períodos quarentenários. Fig. 2. Espectro de ondas eletromagnéticas A dose aplicada em todas as amostras foi de 10 kGy (Quilo Gray), com taxa de dose média de 7 kGy/hora. A dose refere-se à quantidade de energia aplicada no produto, sendo que 1 Gy = 1 Joule/kg de material. Para controle da dose aplicada utilizou-se o sistema Dosimétrico Polimetilmetacrilato (PMMA) da Harwell dosimeters.
  • 6.     Teste Desafio Após irradiação às amostras de conservantes foram submetidas ao Teste Desafio microbiológico, que consiste na contaminação proposital da solução aquosa com conservante por microorganismos específicos e avaliação da carga sobrevivente em intervalos de tempo definidos, realizado pela empresa Biocenter Microbiológica, conforme metodologia descrita no Guia ABC de Microbiologia2. Os microorganismos inoculados foram, para Bactérias: S.aureus ATCC 6538 P.aeruginosa ATCC 9027 E. coli ATCC 8739 para Fungos: C.albicans ATCC 10231 A.niger ATCC 164404 Nota: foram realizadas três inoculações no tempo 0, 7 dias e 14 dias. A contagem de microorganismos é representada pela unidade ufc (unidade formadora de colônia). RESULTADOS O teste desafio visa avaliar se o sistema conservante apresenta eficácia na inibição de crescimento de microorganismos e o critério de aceitação estabelecido para a condução desse trabalho, foi o de produzir uma redução inicial de 99,9% para bactérias e de 90% para fungos propositalmente inoculados2. Os resultados das avaliações são apresentados abaixo.
  • 7.     Metilparabeno Nome: A – Solução Aquosa de Metilparabeno 0,05% 10 KGY Inoculações: 3 Início: 03/05/2011 Término: 06/06/2011 pH: 3,4 Data das Leituras                          Bactérias (ufc/ml)  Fungos (ufc/ml)                    0h  2,4 x 104 1,9 x 104                  24h  240   240                  48h  240   120                7 dias  80   40              14 dias  120   200              21 dias  240   200              28 dias  40    80  Avaliação: Aprovado  Nome: B– Solução Aquosa de Metilparabeno 0,15% ‐  10 KGY  Inoculações: 3        Início: 03/05/2011                  Término:   06/06/2011                         pH: 3,3  Data das Leituras                          Bactérias (ufc/ml)  Fungos (ufc/ml)                    0h  2,6 x 104 9,6 x 103                  24h  120  40                  48h  < 10  < 10                7 dias  < 10  < 10              14 dias  < 10  < 10              21 dias  < 10  < 10              28 dias  < 10  < 10  Avaliação: Aprovado    Propilparabeno Nome: C – Solução Aquosa de Propilparabeno 0,10%  10 KGY  Inoculações: 3        Início: 03/05/2011                Término:       06/06/2011                        pH: 3,4  Data das Leituras                          Bactérias (ufc/ml)  Fungos (ufc/ml)                    0h  1,6 x 104 1,4 x 104                  24h  240  200                  48h  < 10  < 10                7 dias  < 10  < 10              14 dias  < 10  < 10              21 dias  < 10  < 10              28 dias  < 10  < 10  Avaliação: Aprovado 
  • 8.     Nome: D– Solução Aquosa de Propilparabeno 0,20%  10 KGY  Inoculações: 3           Início: 03/05/2011          Término:  06/06/2011                                   pH: 3,4  Data das Leituras                          Bactérias (ufc/ml)  Fungos (ufc/ml)                    0h  1,9 x 104 2,1 x 104                  24h  40  40                  48h  < 10  < 10                7 dias  < 10  < 10              14 dias  < 10  < 10              21 dias  < 10  < 10              28 dias  < 10  < 10  Avaliação: Aprovado  Formol Nome: E ‐ Solução Aquosa de Formol 0,05% ‐  10 KGY  Inoculações: 3        Início: 03/05/2011         Término: 06/06/2011                                       pH: 3,2  Data das Leituras                          Bactérias (ufc/ml)  Fungos (ufc/ml)                    0h  3,6 x 104 1,6 x 104                  24h  240   280                  48h  320   80                7 dias  < 10  < 10              14 dias  80  40              21 dias  160   80              28 dias  320   240  Avaliação: Aprovado    Nome: F – Solução Aquosa de Formol 0,20%  10 KGY  Inoculações: 3      Início: 03/05/2011       Término:  06/06/2011                                       pH: 3,0    Data das Leituras                         Bactérias (ufc/ml)  Fungos (ufc/ml)                    0h  2,4 x 104 2,1 x 104                  24h  < 10  < 10                  48h  < 10  < 10                7 dias  < 10  < 10              14 dias  < 10  < 10              21 dias  < 10  < 10              28 dias  < 10  < 10  Avaliação: Aprovado 
  • 9.     Fenoxietanol Nome: G– Solução Aquosa de Fenoxietanol  0,30%  10 KGY  Inoculações: 3           Início: 03/05/2011                Término:  06/06/2011                         pH: 3,5  Data das Leituras                          Bactérias (ufc/ml)  Fungos (ufc/ml)                    0h  1,2 x 104 1,6 x 104                  24h  280  280                  48h  80  160                7 dias  80  120              14 dias  200s  280              21 dias  < 10  < 10              28 dias  40  < 10  Avaliação: Aprovado    Nome: H – Solução Aquosa de Fenoxietanol  1,00%  10 KGY  Inoculações: 3                    Início: 03/05/2011           Término: 06/06/2011                     pH: 3,7  Data das Leituras                          Bactérias (ufc/ml)  Fungos (ufc/ml)                    0h  1,2 x 104 9,6 x 103                  24h  280  120                  48h  < 10  < 10                7 dias  160  < 10              14 dias  40  < 10              21 dias  < 10  < 10              28 dias  < 10  < 10  Avaliação: Aprovado 
  • 10.     Mistura de Isotiazolinonas  Nome: I – Solução Aquosa de Misturas de Isotiazolinonas 0,05% ‐ 10 KGY  Inoculações: 3           Início: 03/05/2011            Término:  06/06/2011                             pH: 3,6  Data das Leituras                          Bactérias (ufc/ml)  Fungos (ufc/ml)                    0h  3,1 x 104 1,4 x 104                  24h  1200  400                  48h  160  240                7 dias  240  600              14 dias  2,4 x 104  >105              21 dias  200  >105              28 dias  200  >105  Avaliação: Reprovado  Nome: J – Solução Aquosa de Misturas de Isotiazolinonas 0,10% ‐  10 KGY  Inoculações: 3          Início: 03/05/2011            Término: 06/06/2011                             pH: 3,6  Data das Leituras                          Bactérias (ufc/ml)  Fungos (ufc/ml)                    0h  1,2 x 104 1,2 x 104                  24h  1640  600                  48h  280  240                7 dias  2.720  120              14 dias  1.200  1.400              21 dias  160  >105              28 dias  80  >105    Os  resultados  demonstram  que  o  processo  de  irradiação  não  compromete  eficiência  de  Fenoxietanol,  Metilparabeno,  Propilparabeno  e  Formol  como  sistema  conservante  nas  condições  de  teste  realizado.  Tanto  para  bactérias  como  para  fungos  os  resultados  do  teste  desafio  demonstram  que  não  há  interferência  da  Irradiação  no  desempenho  do  sistema  conservante investigado,  mesmo para a menor concentração utilizada.   Para  Mistura  de  Isotiazolinonas  o  processo  de  irradiação  com  a  dose  de  10  kGy  provocou  a  perda de sua eficiência.  Embora a contagem microbiológica esteja no limiar para bactérias e  reduzindo  para  valores  aceitáveis,  os  resultados  para  fungos  torna  esse  sistema  conservante  reprovado para as condições de teste.     CONCLUSÃO FINAL :  Os resultados indicam que o processo de irradiação não compromete o sistema conservante,  em solução aquosa, quando submetidos ao processo de irradiação na dose máxima de 10 kGy, 
  • 11.     com excessão à Mistura de Isotiazolinonas que perdeu eficácia a partir da 2ª inoculação para  fungos.  A  irradiação  é  um  método  eficiente  e  eficaz  para  ser  usado  como  medida  preventiva  para  reduzir  a  pressão  microbiológica  sem  interferir  no  sistema  conservante,  principalmente  nos  casos em que não se usa a Mistura de Isotiazolinonas. Devemos levar em consideração que o  uso preventivo da irradiação leva à diminuição da carga microbiológica e como conseqüência  pode‐se  trabalhar  com  a  diminuição  do  uso  de  conservantes.  Recomenda‐se,  todavia  que,  o  emprego da radiação seja estudado caso a caso devido à constituição do produto final e sua  aplicação.    REFERÊNCIAS    BRASIL. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO Nº 481 de 23 de  setembro de 1999. Cita Parâmetros de Controle Microbiológico para Produtos de Higiene  Pessoal, Cosméticos e Perfumes, D.O.U.‐ Diário Oficial da União; Poder Executivo de 27 de  setembro de 1999.  ABC‐ Associação Brasileira de Cosmetologia ‐ Guia ABC de Microbiologia –Controle  Microbiológico na Industria de Produtos de Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes,  3ª  Edição, São Paulo, Pharmabooks, 73p., 2008.  BRASIL. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RESOLUÇÃO ‐ RDC Nº 162, de 11 de  setembro de 2001. Lista Substâncias de Ação Conservante Permitida para Produtos de  Higiene Pessoal, Cosméticos e Perfumes, D.O.U. .‐ Diário Oficial da União de 12 de setembro  de 2001, republicada no DOU de 2 de outubro de 2001.