O documento discute como o computador pode ser usado como um "Teatro do Oprimido" para reduzir contextos de ação e oprimir grupos sociais, mas também como ele pode ser usado de forma libertadora para representar ações humanas e permitir a participação dos usuários.
1. Computador como
Teatro do Oprimido
Frederick van Amstel @usabilidoido
DADIN - UTFPR
www.usabilidoido.com.br
2. O computador é uma máquina semiótica, mas seus signos nem
sempre fazem sentido para quem não está entre os escolhidos.
3. Os escolhidos às vezes criam interfaces metafóricas para
explicar como funciona o computador para seus usuários.
4. O design da
interface pode ir
além da
representação
metafórica e
representar
direto a ação do
usuário.
5. Afinal de contas, usuária(o)s não vêem o computador como um
fim em si mesmo, mas como um meio para agir e interagir.
6. O computador pode ser considerado um espaço para representar
ações humanas, tal como um palco teatral (Laurel, 1991).
7. "O trabalho do designer gráfico de
interfaces é paralelo ao do designer
cênico no teatro. Ambos criam
representações de objetos e ambientes
que dão contexto para ação."
(Laurel, 1991, p.14).
8. Ao representar a ação do usuário, o computador pode também
reduzir o contexto de ação.
9. Devido ao poder de redução da ação do outro, o computador
está sendo cada vez mais usado para oprimir grupos sociais.
10. PRODUTORES
grupo social que detém o
privilégio de definir o
funcionamento do
computador
USUÁRIOS
grupo social que tem a
necessidade de usar o
computador para realizar
uma atividade
proteção
simplificação
explicação
redução
abuso
gambiarra
subversão
expansão
Usuarismo baseado em Gonzatto (2018)
11. Teatro do Oprimido
• Desenvolvido no Teatro Arena entre os anos 1960
e 1970
• Ao invés de representar peças clássicas que nada
tinham a ver com o contexto brasileiro (teatro do
opressor), a proposta era representar dramas
cotidianos que a população oprimida vivia
• A ditadura brasileira perseguiu, prendeu e torturou
Augusto Boal, seu principal criador
• Boal foi exilado em 1971 e retornou ao Brasil para
fundar o Centro de Teatro do Oprimido em 1984
12. Meu Caro Amigo (1976) é uma carta-música enviada por Chico
Buarque a Augusto Boal durante o exílio.
13. A improvisação no Teatro do Oprimido é fundamental para
permitir a participação da platéia (Boal, 2014).
14. Participando, podemos nos ver como personalidade e como
personagem ao mesmo tempo (Marias do Brasil).
15. Ao nos vermos como personagens, podemos identificar e
destruir máscaras sociais que nos foram impostas.
16. Para se libertar, o oprimido precisa superar a contra-vontade
que o opressor plantou dentro de si (Boal, 1996).
"o tira da cabeça"
17. A participação conduz à realização das relações de opressão e
ao ensaio das reações que podem ser eficazes no cotidiano.
18. Será que o computador pode ser
um teatro do oprimido e não só
um teatro do opressor?
19. Teatro do Oprimido Tecnológico (UTFPR) desenvolve
perspectivas críticas sobre o uso da tecnologia no cotidiano.
Anunciante
Feed com notícias
emocionantes
Usuário frustrado
20. Teatro Projetual para projetos especulativos sobre futuros da
tecnologia e das opressões (Gonzatto & Van Amstel, 2017).
Câmera que detecta
marcadores de identidade
social
Usuário enquadrado
pela câmera
Interface de realidade
aumentada da câmera
Usuário da
câmera
21. Teatro Fórum sobre precarização do trabalho de design na
Semana de Design do GFAUD-USP (2020).
Inteligência Artificial
que atende clientes e
distribui trabalhos na
plataforma digital
Designer
precarizado que
trabalha para uma
plataforma digital
Designer
precarizado que
se vê como
empreendedor
22. Rede Design & Opressão com grupo de estudos semanal
www.designeopressao.org (2020).
23. Integração artística (Suchman, 1994) de aplicativos para
transformar o computador em teatro do oprimido.
Laboratório Camarim Platéia
Palco
24. Como criar máscaras com o Lens Studio utilizando as
tecnologias de reconhecimento facial e realidade aumentada.
27. Referências bibliográficas
BOAL, Augusto. A estética do oprimido. Rio de Janeiro: Garamond, 2009.
BOAL, Augusto. O arco-íris do desejo: método Boal de teatro e terapia. Editora Record,
1996.
BOAL, Augusto. Teatro do oprimido. Editora Cosac Naify, 2014.
GONZATTO, Rodrigo Freese et al. Usuários e produção da existência: contribuições de
Álvaro Vieira Pinto e Paulo Freire à interação humano-computador. 2018.
GONZATTO, Rodrigo Freese; VAN AMSTEL, Frederick. Designing oppressive and
libertarian interactions with the conscious body. In: Proceedings of the XVI Brazilian
Symposium on Human Factors in Computing Systems. ACM, 2017. p. 22.
LAUREL, Brenda. Computers as theatre. Addison-Wesley, 2014.
SUCHMAN, Lucy. Supporting articulation work: Aspects of a feminist practice of
technology production. IFIP Transactions A: Computer Science and Technology, n. A-57,
p. 7-21, 1994.