3. República Federativa do Brasil
Fernando Henrique Cardoso
Presidente
Ministério da Agricultura e do Abastecimento
Marcus Vinicius Pratini de Moraes
Ministro
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)
Conselho de Administração
Márcio Forte de Almeida
Presidente
Alberto Duque Portugal
Vice-Presidente
Dietrich Gerhard Quast
Alexandre Khalil Pires
Sérgio Fausto
Urbano Campos Ribeiral
Membros
Diretoria-Executiva da Embrapa
Alberto Duque Portugal
Presidente
Bonifácio Hideyuki Nakasu
José Roberto Rodrigues Peres
Dante Daniel Giacomelli Scolari
Diretores executivos
Embrapa Solos
Doracy Pessoa Ramos
Chefe Geral
Celso Vainer Manzatto
Chefe-Adjunto de Pesquisa & Desenvolvimento
Paulo Augusto da Eira
Chefe-Adjunto de Apoio Técnico/Administração
4. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Embrapa
Embrapa Solos
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Uso Agrícola dos Solos
Brasileiros
Editores Técnicos
Celso Vainer Manzatto
Elias de Freitas Junior
José Roberto Rodrigues Peres
Rio de Janeiro, RJ
2002
6. Instituições Parceiras
• Associação de Plantio Direto no Cerrado - APDC
• Instituto Agronômico de Campinas - IAC
• Instituto Agronômico do Paraná - IAPAR
• Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA
• Universidade Federal de Lavras – UFLA
• Universidade Federal de Viçosa - UFV
• Embrapa Agropecuária Oeste
• Embrapa Amazônia Oriental
• Embrapa Clima Temperado
• Embrapa Florestas
• Embrapa Meio Ambiente
• Embrapa Sede/SEA – Secretária de Administração Estratégica
• Embrapa Semi-árido
• Embrapa Solos
• Embrapa Trigo
7. Autores
Alberto Carlos de Campos Bernardi Clayton Campanhola
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. em Solos e Nutri- Engenheiro Agrônomo, PhD em Entomologia,
ção de Plantas, Pesquisador da Embrapa Solos, Pesquisador da Embrapa Meio Ambiente,
e-mail: alberto@cnps.embrapa.br. Rua Jardim e-mail: clayton@cnpma.embrapa.br. Rod. Cam-
Botânico, nº 1024, Rio de Janeiro, RJ, CEP: pinas-Mogi Mirim, km 127,5, Bairro Tanquinho
22460-000. Velho, Jaguariúna, SP, CEP: 13820-000.
Antonio Ramalho Filho
Elizabeth Presott Ferraz
Engenheiro Agrônomo, PhD em Estudo de So-
Bacharel em Estatística, Consultora Inter-
los, Pesquisador da Embrapa Solos, e-mail:
na da Presidência do INCRA, e-mail:
ramalho@cnps.embrapa.br. Rua Jardim Botâni-
elizabeth@incra.gov.br. Ed. Palácio do Desen-
co, nº 1024, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 22460-000.
volvimento, 18 andar, sala 1811 – SBN, Brasília,
DF. CEP: 70o57-900.
Carlos Alberto Flores
Engenheiro Agrônomo, M.Sc. Manejo do Solo,
Pesquisador da Embrapa Clima Temperado, e- Enio Fraga da Silva
mail: flores@cpact.embrapa.br. Br 392, Km 78, Engenheiro Agrônomo, D.Sc. em Solos e Nutrição
Pelotas, RS, CEP: 96001-970. de Plantas, Pesquisador da Embrapa Solos, e-mail:
enio@cnps.embrapa.br. Rua Jardim Botânico, nº
Carlos Alberto Silva 1024, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 22460-000.
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. em Ciência do Solo,
Professor da Universidade Federal de Lavras, e-
Fernando Falco Pruski
mail: csilva@ufla.br. DCS/UFLA, Cx. Postal: 37,
Engenheiro Agrícola, Doutor em Engenharia
Lavras, MG, CEP: 37200-000.
Agrícola – Recursos Hídricos e Ambientais, Pro-
fessor Titular da Universidade Federal de Viçosa
Celso de Castro Filho
– UFV, Pesquisador Bolsista do CNPq do De-
Engenheiro Agrônomo, PhD em Conservação de
partamento de Engenharia Agrícola, e-mail:
Solo, Pesquisador em Manejo e Conservação do
ffpruski@ufv.br. Av. P. H. Rolfs, s/nº, Viçosa, MG,
Solo do Instituto Agronômico do Paraná – IAPAR,
CEP: 36571-000.
e-mail: cccastro@pr.gov.br. Rod. Celso Garcia Cid,
km 375, Londrina, PR, CEP: 86001-970.
Fernando Luis Garagorry Cassales
Celso Vainer Manzatto Economista, PhD em Economia Agrícola,
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. em Produção Ve- Pesquisador da Embrapa/SEA, e-mail:
getal, Pesquisador da Embrapa Solos, e-mail: garag@sede.embrapa.br. Parque Estação Bio-
manzatto@cnps.embrapa.br. Rua Jardim Botâni- lógica – PqEB, Final Av. W/3 Norte, Cx. Postal:
co, nº 1024, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 22460-000. 040315, Brasília, DF, CEP: 70770-901.
8. Flávio Hugo Barreto Batista da Silva José Maria Gusman Ferraz
Engenheiro Agrônomo, M.Sc. em Engenharia Biólogo, D. Sc. em Ecologia, Pesquisador
Agrícola, Pesquisador da Embrapa Solos – UEP da Embrapa Meio Ambiente, e-mail:
Recife, e-mail: flaviohu@cnps.embrapa.br. Rua ferraz@cnpma.embrapa.br. Rodovia SP 340, Km
Antônio Falcão, 402 - Boa Viagem, Recife, PE, 127,5, Jaguariúna, SP, CEP: 13820.000.
CEP: 51020-240.
Ladislau Araújo Skorupa
Heloísa F. Filizola Engenheiro Florestal, D.Sc. em Botânica, Pes-
Pedóloga, D.Sc. em Ciências da Terra, Pesqui- quisador da Embrapa Meio Ambiente, e-mail:
sadora da Embrapa Meio Ambiente, e-mail: skorupa@cnpma.embrapa.br. Rod. Campinas/
filizola@cnpma.embrapa.br, Rodovia SP-340, Mogi Mirim, km 127,5, Jaguariúna, SP, CEP:
Km 127,5, Tanquinho Velho, Jaguariúna, SP, CEP: 13820-000.
13820-000.
Humberto Gonçalves dos Santos Luciano José de Oliveira Accioly
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. em Ciência do Solo, Engenheiro Agrônomo, D.Sc. em Sistema Geo-
Pesquisador da Embrapa Solos, e-mail: gráfico de Informação, Pesquisador da Embra-
humberto@cnps.embrapa.br. Rua Jardim Botâni- pa Solos, e-mail: oaccioly@cnps.embrapa.br.
co, nº 1024, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 22460-000. Rua Antônio Falcão, 402 - Boa Viagem, Recife,
PE, CEP: 51020-240.
Iêdo Bezerra Sá
Engenheiro Florestal, D.Sc. em Geoprocessa- Luís Carlos Hernani
mento/Sensoriamento Remoto, Pesquisador da Engenheiro Agrônomo, Doutor em Agronomia –
Embrapa Semi-Árido, e-mail Solos e Nutrição de Plantas, Pesquisador da
iedo@cpatsa.embrapa.br, BR 428. km 152, Cai- Embrapa Agropecuária Oeste, e-mail:
xa Postal 23, Petrolina, PE, CEP 56.300-970. hernani@cpao.embrapa.br. Rodovia BR 163, Km
253,6, Caixa Postal 61, Dourados, MS, CEP:
Isabella Clerici De Maria 79804-970
Engenheira Agrônoma, Doutora em Agronomia
- Solos e Nutrição de Plantas, Pesquisadora Ci- Magda Aparecida de Lima
entífica em Manejo e Conservação do Solo do Ecóloga, Dra. em Geociências, Pesquisadora
Instituto Agronômico, e-mail: Icdmaria@iac.br, da Embrapa Meio Ambiente, e-mail:
Caixa Postal 28, Campinas, SP, CEP: 13001-970. magda@cnpma.embrapa.br. Rodovia SP-340,
Km 127,5, Bairro Tanquinho Velho, Jaguariúna,
John Nicolas Landers SP, CEP: 13820-000.
Engenheiro Agrônomo, Consultor e Secretário
Executivo da Associação de Plantio Direto no Manoel Dornelas de Souza
Cerrado – APDC, e-mail: Engenheiro Agrônomo, Doutor em Física de
john.landers@apis.com.br. SMDB, Conjunto 9, Solos, Pesquisador da Embrapa Meio Ambien-
Lote 5, Brasília, DF. CEP: 71600-000. te, e-mail: dornelas@cnpma.embrapa.br. Caixa
Postal 69, Jaguariúna SP, CEP 13820-000.
José Eloir Denardin
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Solos e Nu- Marco Antonio Ferreira Gomes
trição de Plantas, Pesquisador e Chefe Adjunto Geólogo, D.Sc. em Solos e Nutrição de Plantas,
de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Tri- Pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, e-mail:
go, e-mail: denardin@cnpt.embrapa.br. Rodovia gomes@cnpma.embrapa.br. Rod. SP 340, Km
BR 285, km 174, Caixa Postal 451, Passo Fun- 127,5, Cx. Postal 69, Jaguariúna, SP, CEP:
do, RS, CEP 99001-970. 13.820-000.
José Flávio Dynia Maria Conceição Peres Young Pessoa
Engenheiro Agrônomo, PhD Solos e Nutrição de Matemática, D.Sc. em Automação, Pesquisado-
Plantas, Pesquisador da Embrapa Meio Ambi- ra da Embrapa Meio Ambiente, e-mail:
ente, e-mail: dynia@cnpma.embrapa.br. Rodo- young@cnpma.embrapa.br. Rodovia SP 340, Km
via SP 340, km 127,5, Caixa Postal 69, Jaguari- 127,5, Tanquinho Velho, Jaguariúna, SP, CEP:
úna, SP, CEP 13800-000. 13820-000.
9. Maria de Lourdes Mendonça Santos Brefin Rainoldo Alberto Kochhann
Engenheira Agrônoma, PhD em Ciência do Solo Engenheiro Agrônomo, Doutor em Solos e Nu-
e Geomática, Pesquisadora da Embrapa Solos, trição de Plantas, Pesquisador da Embrapa Tri-
e-mail: loumendonca@cnps.embrapa.br. Rua go, e-mail: rainoldo@cnpt.embrapa.br. Rodovia
Jardim Botânico, nº 1024, Rio de Janeiro, RJ, BR 285, km 174, Caixa Postal 451, Passo Fun-
CEP: 22460-000. do, RS, CEP 99001-970.
Ronaldo Pereira de Oliveira
Mário Luiz Diamante Aglio Engenheiro Eletrônico e Analista de Sistemas,
Geógrafo, M.Sc. em Cartografia Automatizada, Mestrado em Sistemas de Geoinformação,
Técnico Nível Superior da Embrapa Solos, e-mail: Pesquisador da Embrapa Solos, e-mail:
mario@cnps.embrapa.br. Rua Jardim Botânico, ronaldo@cnps.embrapa.br. Rua Jardim Botânico,
nº 1024, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 22460-000. nº 1024, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 22460-000.
Sérgio Ahrens
Maurício Rizzato Coelho
Engenheiro Florestal, Doutor em Ciências Flo-
Engenheiro Agrônomo, M.Sc. em Solos e Nutri-
restais, Pesquisador da Embrapa Florestas, e-
ção de Plantas, Pesquisador da Embrapa Solos,
mail: sahrens@cnpf.embrapa.br. Estrada da Ri-
e-mail: mrcoelho@cnps.embrapa.br. Rua Jardim
beira, Km 111, Cx. Postal: 319, Colombo, PR.
Botânico, nº 1024, Rio de Janeiro, RJ, CEP:
CEP: 83411-000.
22460-000.
Silvia Elizabeth de Castro Sampaio Cardim
Paulo Choji Kitamura Bacharel em Administração, Gerente Estratégi-
Engenheiro Agrônomo, Doutor em Economia, ca do INCRA, e-mail: silviac@incra.gov.br, Ed.
Pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, e-mail: Palácio do Desenvolvimento, 18 andar, sala 2105
kitamura@cnpma.embrapa.br. Rod. SP 340 km – SBN, Brasília, DF. CEP: 70o57-900
127,5 km, Jaguariúna, SP, CEP 13 820-000.
Tatiana Deane de Abreu Sá
Engenheira Agrônoma, D.Sc. em Fisiologia Ve-
Paulo de Tarso Loguercio getal, Pesquisadora da Embrapa Amazônia Ori-
Economista, M.Sc. em Antropologia, Sociologia ental, e-mail: tatiana@cpatu.embrapa.br. Trav. Dr.
e Política, Assessor Parlamentar do INCRA, e- Enéas Pinheiro, s/nº, Marco, Belém, PA, CEP:
mail: loguercio@incra.gov.br. Ed. Palácio do De- 66095-100.
senvolvimento, 18 andar, sala 2105 – SBN, Bra-
sília, DF. CEP: 70o57-900 Thomaz Correia e Castro da Costa
Engenheiro Agrônomo, D.S. em Ciência Flores-
tal, Pesquisador da Embrapa Solos, e-mail:
Pedro Luiz de Freitas thomaz@cnps.embrapa.br. Rua Jardim Botânico,
Engenheiro Agrônomo, PhD em Ciência do Solo, nº 1024, Rio de Janeiro, RJ, CEP: 22460-000.
Pesquisador da Embrapa Solos, Colaborador Téc-
nico e Diretor da Associação de Plantio Direto no Valéria Sucena Hammes
Cerrado, e-mail: pfreitas@cnps.embrapa.br. Rua Engenheira Agrônoma, D.Sc. em Planejamento
Jardim Botânico, nº 1024, Rio de Janeiro, RJ, CEP: Ambiental, Pesquisadora da Embrapa Meio
22460-000. Ambiente, e-mail: valeria@cnpma.embrapa.br.
Rod. SP-340, km 127,5 - Tanquinho Velho, Ja-
guariuna, SP, CEP: 13820-000.
Pedro Luiz Oliveira de Almeida Machado
Engenheiro Agrônomo, Ph.D. em Solos e Nutri-
Wagner Bettiol
ção de Plantas, Pesquisador da Embrapa Solos,
Engenheiro Agrônomo, D.Sc. em Fitopatologia,
e-mail: pedro@cnps.embrapa.br. Rua Jardim
Pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, e-mail:
Botânico, nº 1024, Rio de Janeiro, RJ, CEP:
bettiol@cnpma.embrapa.br. Caixa Postal 69,
22460-000.
Jaguariúna, SP, CEP: 13820-000.
10. Apresentação
Este livro relata a evolução da agropecuária brasileira ao longo das últimas três décadas, com
foco principal no uso das terras. São relatos de vários pesquisadores das áreas de ciência do solo,
da sociologia e da economia, fundamentais para o entendimento de como e onde as terras foram
ocupadas e os resultados dessa ocupação, do ponto de vista econômico, social e ambiental. Retrata
claramente o desperdício dos recursos naturais ocorridos pelo mau uso das terras, levando a repen-
sar esta ocupação como forma de se evitar os erros do passado. O que se pretende com este
documento não é mudar a historia, mas chamar a atenção para o papel fundamental dos solos e de
seu uso adequado para a sustentabilidade da agropecuária que constitui hoje a base deste formidá-
vel complexo agroindustrial gerador de divisas, com o qual pode contar o Brasil de hoje. Como bem
diz Roberto Rodrigues na apresentação do livro “Agribusiness Brasileiro — A História” — editado
pela ABAG, a agricultura hoje se faz com muita pesquisa, muito trabalho e com uso intensivo das
tecnologias modernas. Por isto ela é responsável pelo superávit brasileiro, mas requer atenção redo-
brada quanto aos seus efeitos sobre os recursos naturais pelo uso inapropriado das terras, pela
mecanização intensiva, uso abusivo de fertilizantes e defensivos.
Ao final dos diagnósticos realizados, pode-se concluir através de cenários que são evidentes
hoje, e que requerem medidas urgentes dos tomadores de decisão para manutenção ou aumento do
atual status da agropecuária brasileira. O primeiro deles mostra que embora nestas três décadas o
incremento do conhecimento e desenvolvimento tecnológico tenha sido relevante, aumentando con-
sideravelmente a produtividade da maioria das culturas, não foi suficiente para evitar o crescimento
da área agrícola, que cresceu em mais de 28%, e onde exerce atualmente grande pressão para
novas ocupações. O segundo cenário aponta para a necessidade de um grande esforço político de
recuperação e reintegração ao processo produtivo das chamadas terras velhas, que foram degrada-
das pelo mau e indevido uso. Chama-se este esforço de político, pois conhecimentos e tecnologia
são já disponíveis para esta recuperação. O terceiro cenário aponta para a necessidade do apoio
permanente à pesquisa de geração de conhecimentos e a transferência de tecnologias junto a gran-
de maioria dos pequenos e médios produtores, que não utilizando as tecnologias disponíveis deixam
de contribuir para o necessário aumento da produtividade. O quarto cenário está relacionado ao
melhor planejamento de uso das terras brasileiras, que necessita estar baseado nos Zoneamentos
agrícola e ecológico-econômico, que conjugam as informações relativas à potencialidade das terras,
com as necessidades de controle dos riscos de produção e ambientais, tornando-se ferramentas
essenciais aos processos de crédito e seguro agrícola.
José Roberto Rodrigues Peres
Diretor-Executivo, Embrapa
11. Sumário
Introdução, XXI
Capitulo 1 O Recurso Natural Solo, 1
Capítulo 2 O Potencial de Uso e o Uso Atual das Terras, 13
Capítulo 3 O Domínio do Uso do Solo, 23
Capítulo 4 Aspectos Gerais da Dinâmica de Uso da Terra, 31
Capítulo 5 A Erosão e Seu Impacto, 47
Capítulo 6 Fertilidade do Solo e Demanda por Nutrientes no Brasil, 61
Capítulo 7 Contaminação dos Solos em Áreas Agrícolas, 79
Capítulo 8 Utilização de Resíduos Urbanos e Industriais, 87
Capítulo 9 Outras Formas de Degradação do Solo, 93
Capítulo 10 Valores e Conscientização da Sociedade, 105
Capítulo 11 Legislação e Programas Nacionais, 121
Capítulo 12 Compromissos Internacionais: Convenção sobre Diversidade Biológica, 135
Capítulo 13 Compromissos Internacionais: Convenções-Quadro das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima (UNFCCC) e sobre o Combate à Desertificação (UNCCD), 145
Capítulo 14 Uma resposta conservacionista – O impacto do Sistema Plantio Direto, 151
Capítulo 15 Cenários sobre a adoção de práticas conservacionistas baseadas no plantio direto
e seus reflexos na produção agrícola e na expansão do uso da terra, 163
12. Lista de Tabelas
CAPITULO 1 CAPÍTULO 4
Tabela 1 Extensão e distribuição dos solos Tabela 1 Variação percentual nas áreas
no Brasil, 1 totais utilizadas, de 1970 para
Tabela 2 Extensão e distribuição percentual 1995, para o país e por
das classes de suscetibilidade região, 31
natural dos solos à erosão, 10 Tabela 2 Estruturas de uso da terra
(em %), nos anos de 1970 e
1995, para o país e por
CAPÍTULO 2 região, 32
Tabela 1 Aptidão das terras do Brasil por Tabela 3 Distribuição do número de
região e por nível de manejo para microrregiões, por quartil, e
os diferentes tipos de usos índice de concentração de
indicados, 14 Theil, 34
Tabela 2 Uso Atual das Terras do Brasil, 16 Tabela 4 Tabela de contingência para a
Tabela 3 Variáveis e Indicadores de Uso da presença de microrregiões em
Terra, 18 dois anos, 35
Tabela 4 Intensidade de uso agrosilvipatoril Tabela 5 Freqüência da presença de
das terras municipais por Regiões microrregiões nos anos de 1976 e
no Brasil, 19 1998, por grupo de contribuição, e
Tabela 5 Indicadores da Irrigação no medidas de persistência e
Brasil, 20 distância, 36
Tabela 6 Contribuição percentual da parte
persistente, no nível de 75%, em
CAPÍTULO 3 1976 e 1998, com respeito ao
Tabela 1 Brasil – Estabelecimentos, área, volume total em cada ano, 37
valor bruto da produção (VBP) e Tabela 7 Freqüência da presença de
financiamento total (FT), 25 microrregiões nos anos de 1976 e
Tabela 2 Agricultores familiares – 1998, por faixa de contribuição,
Estabelecimentos, área, VBP e medidas de persistência e
financiamento total segundo as distância, 37
regiões, 26 Tabela 8 Microregiões de rendimentos mais
Tabela 3 Variação do número de imóveis e da altos da soja e do algodão
área, segundo o Brasil e grandes herbáceo, em 1976 e 1998, 39
regiões (92/98), 27
Tabela 4 Brasil – Estabelecimentos, área,
valor bruto da produção (VBP) e
financiamento total (FT), 28 CAPÍTULO 5
Tabela 5 Agricultores familiares – Tabela 1 Estimativa de perda anual de solo
Estabelecimentos, área, VBP e e de água por erosão hídrica no
financiamento total segundo as Brasil em função do tipo de
regiões, 29 ocupação de solo, 55
13. Tabela 2 Estimativa de perda anual de CAPÍTULO 7
nutrientes e matéria orgânica Tabela 1 Teores de metais naturalmente
(t ha-1 ano-1) por erosão hídrica presentes nos solos no Estado de
em sistema convencional de S. Paulo, 83
manejo do solo no Brasil em Tabela 2 Teores de alguns metais pesados
função do tipo de ocupação de em corretivos e fertilizantes, 84
solo e total, 55 Tabela 3 Teores de metais pesados em
Tabela 3 Estimativa(1) do custo adicional solos agrícolas, 84
em fertilizantes em função da Tabela 4 Valores de alerta para metais
perda anual de nutrientes (N, P, K, pesados em solo, 84
Ca, Mg e S) e adubação orgânica
por erosão hídrica no Brasil de
acordo com o tipo ocupação de CAPÍTULO 8
solo e total, 56 Tabela 1 Teores de micronutrientes em
Tabela 4 Estimativa dos custos anuais alguns resíduos orgânicos e no
externos à propriedade devidos à lodo de esgoto, 89
erosão dos solos no Brasil, 56 Tabela 2 Macronutrientes contidos em
Tabela 5 Resumo da estimativa de alguns resíduos orgânicos, 89
valoração dos impactos anuais da Tabela 3 Composição do lixo sólido urbano
erosão dos solos no Brasil, 58 no Brasil, 90
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 6 Tabela 1 Área em processo de
Tabela 1 Extensão geográfica das maiores desertificação nos estados do
limitações na América Tropical, 63 Nordeste, 94
Tabela 2 Área cultivada, proporção da área Tabela 2 Escala desertificação e
que recebe fertilizantes e o respectivas áreas na Região
consumo total de fertilizantes Nordeste do Brasil, 95
dos principais países Tabela 3 Uso atual em percentagem por
consumidores, 64 unidade de solos da área piloto
Tabela 3 Área plantada das principais com 75.000 há do Núcleo de
culturas no Brasil, porcentagem Desertificação do Seridó – RN, 96
daárea fertilizada, taxa de Tabela 4 Biomassa da Caatinga por
aplicação e utilização total de Unidade de solo da área Piloto
nutrientes, dados referentes a de Desertificação do Seridó –
1996, 64 RN, 97
Tabela 4 Consumo aparente de fertilizantes, Tabela 5 Extensão e percentagem de
nutrientes e matérias primas no ocorrência de Areais por Área
Brasil no período de 1991 a Municipal da região sudeste
2000, 65 do Estado do Rio Grande do
Tabela 5 Produção e consumo aparente de Sul, 97
calcário no Brasil no período de Tabela 6 Classificação dos solos quanto a
1991 a 2000, 66 salinidade, 99
Tabela 6 Consumo aparente de calcário Tabela 7 Dados referentes às áreas
nos principais Estados salinizadas do Piauí, 100
(1.000 t), 66 Tabela 8 Áreas salinizadas nos perímetros
Tabela 7 Produtividade atual e ótima e irrigados do Ceará, 100
extração de nutrientes das Tabela 9 Áreas salinizadas no perímetro
principais culturas no Brasil, 67 irrigados do Rio Grande do
Tabela 8 Balanço de macronutrientes Norte, 100
primários na agricultura Tabela 10 Áreas salinizadas no perímetros
brasileira, 69 irrigados da Paraíba, 100
Tabela 9 Áreas que podem ser salvas do Tabela 11 Áreas salinizadas no perímetros
desflorestamento por várias irrigados de Pernambuco, 100
opções de manejo, estimada para Tabela 12 Áreas salinizadas no perímetros
Yurimaguas no Peru, 75 irrigados da Bahia, 100
14. Tabela 13 Áreas de solos (em km2) afetados Tabela 5 Outros impactos positivos, fora da
por salinização nos estados do propriedade rural, devidos à
Nordeste, 100 adoção de Sistema Plantio
Tabela 14 Danos Físicos do Uso do Fogo na Direto, em área 14,3 milhões de
Amazônia, 102 hectares, 159
Tabela 15 Danos Econômicos do Uso do Tabela 6 Benefícios devidos ao Sistema
Fogo na Amazônia, 102 Plantio Direto, considerando a
área cultivada de 14,3 milhões de
hectares no Brasil, 159
CAPÍTULO 14
Tabela 1 Evolução da área cultivada em
Sistema Plantio Direto no Brasil,
em mil hectares, em alguns CAPÍTULO 15
Estados e região do Cerrado Tabela 1 Cenários de área desmatada na
(1996-2000), segundo Federação Amazônia para fins agropecuários,
Brasileira de Plantio Direto na 166
Palha, 153 Tabela 2 Produção, área colhida e
Tabela 2 Redução de fertilizantes e produtividade das culturas
corretivos devido a menores perdas selecionadas na safra 1999/2000,
por erosão nos 14,3 milhões de 167.
hectares cultivados sob Sistema Tabela 3 Aumento da produtividade física
Plantio Direto no Brasil, 157 em áreas não irrigadas
Tabela 3 Resumo dos benefícios internos à considerando apenas a adoção de
propriedade rural para os 14,3 sistemas conservacionistas
milhões de hectares em Sistema baseados no plantio direto (safra +
de Plantio Direto, 158 safrinha ou safra de inverno), 168
Tabela 4 Benefícios externos á propriedade Tabela 4 Incrementos de área com
rural devidos à adoção de Sistema lavouras anuais e pastagens
Plantio Direto no Brasil, 158 recuperadas, 172
15. Lista de Figuras
CAPITULO 1 Figura 8 Área média dos estabelecimentos
Figura 1 Mapa de solos do Brasil, 3 patronais em hectares, 29
Figura 2 Mapa interpretativo da
suscetibilidade natural dos solos à CAPÍTULO 4
erosão hídrica, 10 Figura 1 Variações do uso da terra no Brasil
no período 1970 a 1985, 32
CAPÍTULO 2 Figura 2 Taxas de crescimento anuais de
Figura 1 Uso Atual das Terras por Região produção de grãos (arroz, feijão,
do Brasil, 16 milho, soja e trigo), 40
Figura 2 Evolução da área ocupada pela Figura 3 Indicadores de desempenho
agropecuária no Brasil no período relativo das lavouras (arroz, batata
de 1970 a 1998, 18 inglesa, cebola, feijão, mandioca,
Figura 3 Índice relativo da intensidade de milho, trigo, algodão em caroço,
uso das terras dos municípios por amendoim e soja), 41
atividades Agrosilvipastoris, 19 Figura 4 Evolução da área colhida e
Figura 4 Evolução das áreas irrigadas no produção agrícola de grãos –
Brasil, 20 arroz, feijão, milho, soja e trigo, 42
Figura 5 Uso atual, aptidão agrícola e
CAPÍTULO 3 balanço da disponibilidade das
Figura 1 Comportamento do índice de Gini terras aptas para pastagem
em 1992 e 1998, Segundo o Brasil plantada por região do Brasil, 43
e Grandes Regiões, 24 Figura 6 Evolução da produção de carnes
Figura 2 Comportamento dos índices de no Brasil, 44
concentração fundiária no Brasil -
1972/1998, 26 CAPÍTULO 5
Figura 3 Comportamento dos índices de Figura 1 Degradação, perda de
concentração fundiária no Brasil - produtividade e conseqüências
1972/1998, 27 econômicas, sociais e ambientais
Figura 4 Participação relativa das grandes resultantes do preparo do solo na
regiões no número total de agricultura tradicional, 50
imóveis cadastrados no Brasil em Figura 2 Áreas vulneráveis à erosão
1992, 27 resultantes do cruzamento entre a
Figura 5 Participação relativa das grandes pressão de uso das terras e a
regiões no número total de área susceptibilidade natural dos solos
cadastrada no Brasil em 1992, 27 à erosão, 53
Figura 6 Participação relativa das grandes Figura 3 Fator erosividade da chuva (R) na
regiões no número total de área bacia do rio Paraná, com a
cadastrada no Brasil em 1998, 27 intensidade aumentando do azul
Figura 7 Área média dos estabelecimentos para o verde e deste para o
familiares em hectares, 29 vermelho, 54
16. CAPÍTULO 6 Figura 2 Área de ocorrência de areais no
Figura 1 Economia de uso de área agrícola Sudoeste do Estado do Rio
no Brasil no período de 1970- Grande do Sul, Brasil, 97
1998, em função do acréscimo da Figura 3 Localização esquemática dos
produtividade média das solos com problemas de
culturas, 62 salinidade no Brasil, 99
Figura 2 Consumo de fertilizante N, P2O5 e
K2O no Brasil no período de 1975
a 1999, 65 Capítulo 14
Figura 3 Extração de macronutrientes Figura 1 Evolução da área cultiva em
primários N, P e K (A), Sistema Plantio Direto no Brasil
secundários Ca, Mg e S (B) e (1972-2000), 153
micronutrientes B, Cu, Fe, Mn e Zn Figura 2 Evolução da área cultiva em
(C), 68 Sistema Plantio Direto no Rio
Figura 4 Projeção de extração dos Grande do Sul, no período de
macronutrientes N, P e K para 1976 a 2000, 154
produtividades ótimas, 69
Capítulo 15
CAPÍTULO 7 Figura 1 Estrutura da sociedade civil no
Figura 1 Consumo de defensivos setor rural voltada à adoção do
agrícolas, 79 Sistema Plantio Direto como
Figura 2 Consumo de agrotóxicos por sistema conservacionista no
estado, 80 continente americano, 164
Figura 2 Evolução e projeção da relação
entre a área agrícola total e a
CAPÍTULO 8 população brasileira, 166
Figura 1 Composição do esgoto Figura 3 Variação da Taxa Anual de
doméstico, 88 Crescimento da Área de Adoção
do SPD no Brasil, 168
Figura 4 Evolução da área de adoção de
CAPÍTULO 9 SPD, considerando três cenários
Figura 1 Mapa da Desertificação no quanto a taxa de adoção
Brasil, 95 anual, 169
17. Introdução
A idéia da realização de um livro abordando o Uso Agrícola dos Solos Brasileiros nasceu após
o convite formalizado pelo IBAMA — Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renová-
veis, para que a Embrapa coordenasse a elaboração do Capítulo de Solos do “Geo Brasil 2002 —
Perspectivas do Meio Ambiente no Brasil”. O esforço de elaborar um relatório sobre a qualidade do
meio ambiente brasileiro, informando à sociedade, sua real situação, principais problemas e avan-
ços, resultou numa série de contribuições de pesquisadores da Embrapa e de outras instituições,
aproveitados em sua versão expandida, na construção dos capítulos desta obra.
Como resultado, esta obra apresenta quinze capítulos ordenados e elaborados utilizando-se
adaptações da metodologia utilizada pelo Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente para a
elaboração das séries GEO (Global Environment Outlook), como decorrência do viés agrícola ado-
tado. Possue ainda uma abordagem generalista, decorrência em parte, das orientações do Geo
Brasil 2002 e, de outra, das dimensões continentais do País e seus múltiplos condicionantes de
natureza local e regional.
Os capítulos iniciais tratam do estado atual dos solos brasileiros, compreendendo sua consti-
tuição, tipos, distribuição geográfica, potencial de uso e uso agrícola atual. Os capítulos que se
seguem tratam das atividades e processos de origem antrópica, que agem sobre o recurso solo
produzindo mudanças no seu domínio e uso atual, como resultado das dinâmicas e transformações
verificadas na agropecuária ao longo das três últimas décadas.
Nos capítulos cinco a nove são abordados os principais impactos decorrentes do uso dos
solos pela agropecuária e, nos seguintes, as ações adotadas para mitigar ou prevenir impactos
ambientais negativos ou mesmo conservar o recurso solo, que incluem a conscientização da socie-
dade, as leis nacionais e suas regulamentações, programas, convenções, acordos internacionais e
respostas conservacionistas ao uso das terras. No último capítulo apresentam-se alguns cenários
sobre este uso conservacionista e seus reflexos sobre a produção, produtividade e expansão do
espaço agrícola.
Cada capítulo contou com a contribuição de vários autores-colaboradores, cujos créditos téc-
nicos encontram-se listados em conjunto no início do livro, e posteriormente, individualizados por
capítulos.
Ressalta-se por fim, a importância que os diferentes aspectos do uso dos solos possuem
sobre o planejamento, ordenamento e desenvolvimento agrícola sustentável do País. A forte compe-
titividade no setor, decorrência da globalização e da abertura de mercados, vem determinando uma
crescente necessidade de se agregar valor aos produtos da agropecuária. Progressivamente estes
passam a ser avaliados ainda, não apenas pelo seu valor intrínseco, mas também como resultante
de mecanismos limpos e sustentáveis de produção. Ou seja, atualmente os mercados demandam
cada vez mais produtos socialmente justos e ambientalmente corretos, com amplos reflexos na
forma de uso e apropriação dos solos brasileiros.
18. 1
Capítulo
O Recurso
Natural Solo
Maurício Rizzato Coelho
Humberto Gonçalves dos Santos
Enio Fraga da Silva
Mario Luiz Diamante Aglio
Introdução de salinidade e/ou sodicidade em alguns solos nordes-
tinos são os principais fatores condicionantes à pro-
O solo é uma coleção de corpos naturais, constituídos dução agrícola nesta região do país.
por partes sólidas, líquidas e gasosas, tridimensionais, A região Centro-Oeste, vasta superfície aplaina-
dinâmicos, formados por materiais minerais e orgâni- da pelos processos erosivos naturais, é caracterizada
cos, contendo matéria viva e ocupando a maior por- pelo Planalto Central Brasileiro. A predominância de
ção do manto superficial das extensões continentais um clima tropical quente com veranicos acentuados é
do planeta (Embrapa, 1999). característica da região, destacando-se grandes exten-
O território brasileiro se caracteriza por uma sões de solos profundos, bem drenados, de baixa ferti-
grande diversidade de tipos de solos, correspondendo, lidade natural que são facilmente corrigidos pela adu-
diretamente, à intensidade de interação das diferentes bação e calagem, porém com características físicas fa-
formas e tipos de relevo, clima, material de origem, voráveis, além das condições topográficas que permi-
vegetação e organismos associados, os quais, por sua tem intensa mecanização agrícola das lavouras.
vez, condicionam diferentes processos formadores dos A região Sudeste se caracteriza por planaltos e
solos. A esta diversidade, deve-se a natureza de nosso áreas serranas com vários pontos de altitudes superio-
país, suas potencialidades e limitações de uso e, em res a 2.000 metros, clima tropical com verões quentes
grande parte, às diferenças regionais no que se refere às nas baixadas e mais amenos nas áreas altimontanas;
diversas formas de ocupação, uso e desenvolvimento predominância de solos bem desenvolvidos, geralmente
do território. de baixa fertilidade natural.
Assim, um quadro sintético das paisagens brasi- Na região Sul, os solos originados de rochas
leiras, por região, mostra o Norte do país como um básicas e de sedimentos diversos se encontram distri-
território de planícies e baixos planaltos, de clima equa- buídos em uma paisagem com relevo diversificado,
torial, calor permanente e alto teor de umidade atmos- onde predomina o clima subtropical, com estações bem
férica, com predominância de solos profundos, alta- definidas e solos predominantemente férteis com ele-
mente intemperizados, ácidos, de baixa fertilidade na- vado potencial agrosilvipastoril.
tural, e comumente saturados por alumínio tóxico para Como exposto, as diferenciações regionais são
a maioria das plantas, o que diminui significativamen- resultantes da considerável variabilidade de seus solos,
te o potencial produtivo de suas terras, quando não condições climáticas e geomorfológicas, refletindo di-
adequadamente manejadas. retamente no potencial agrícola das terras, na diversi-
Na região Nordeste, observam-se tipos climáti- ficação das paisagens e aspectos vinculados ao tipo
cos que variam do quente e úmido ao quente e seco predominante de uso do solo, com reflexos no desen-
(semi-árido), passando por uma faixa de transição semi- volvimento diferenciado das regiões do país. A ocor-
úmida. Nela, ocorre, em grande parte, solos de média rência, a diversidade e a distribuição geográfica das
a alta fertilidade natural, em geral pouco profundos principais classes de solos do Brasil são genericamente
em decorrência de seu baixo grau de intemperismo. O abordadas neste capítulo, salientando alguns dos atri-
déficit hídrico e, em menor proporção, a ocorrência butos agronômicos e taxonômicos mais relevantes e
1
19. 2 O Recurso Natural Solo
pertinentes aos diferentes tipos de solo que dominam apresentando pequena diferença no teor de argila
as paisagens das regiões brasileiras. em profundidade e, comumente, são de baixa ferti-
lidade natural. Em geral, a macroestrutura é fraca
ou moderada, no entanto, o típico horizonte latos-
Tipos, Características e Distribuição sólico apresenta forte microestruturação (pseudoa-
dos Solos reia), característica comum nos Latossolos Verme-
lhos Férricos, solos de elevado teor de óxidos de
A diversidade dos ecossistemas do território brasileiro é ferro. São típicos das regiões equatoriais e tropi-
extremamente grande e os solos, que são parte integran- cais, distribuídos, sobretudo, em amplas e antigas
te desse complexo de recursos naturais, também variam superfícies de erosão, pedimentos e terraços fluvi-
significativamente. Com base no Mapa de Solos do Brasil ais antigos, normalmente em relevo suavemente on-
(Embrapa, 1981) e no atual Sistema Brasileiro de Classi- dulado e plano. Os Latossolos são os solos mais
ficação de Solos (Embrapa, 1999), pode-se distinguir 13 representativos do Brasil, ocupando 38,7% da área
grandes classes de solos mapeáveis e representativas das total do país e distribuem-se em praticamente todo
paisagens brasileiras (Figura 1 e Tabela 1). território nacional (Tabela 1). Existem variados ti-
As grandes classes de solos subdividem-se em pos de Latossolos, que se diferenciam, dentre vári-
diferentes tipos, conforme as características próprias os outros atributos, pela sua cor, fertilidade natu-
de cada solo, separando-os em unidades mais homogê- ral, teor de óxidos de ferro e textura.
neas. As definições, conceitos e critérios taxonômicos Argissolos: os Argissolos formam uma classe bastan-
utilizados na classificação e diferenciação dos mais vari- te heterogênea que, em geral, tem em comum um
ados tipos de solos brasileiros estão detalhados no Siste- aumento substancial no teor de argila em profun-
ma Brasileiro de Classificação de Solos (Embrapa, 1999). didade. São bem estruturados, apresentam profun-
Neste capítulo, as classes de solos são descritas e concei- didade variável e cores predominantemente aver-
tuadas sucintamente, generalizando-se as mais expressi- melhadas ou amareladas, textura variando de are-
vas propriedades e características dos solos brasileiros, nosa a argilosa nos horizontes superficiais e de
sua distribuição geográfica e aspectos agronômicos. média a muito argilosa nos subsuperficiais; sua fer-
tilidade é variada e a mineralogia, predominante-
Latossolos: são solos resultantes de enérgicas trans- mente caulinítica. Os argissolos ocupam aproxima-
formações no material originário ou oriundos de damente 20,0% da superfície do país; em termos de
sedimentos pré-intemperizados onde predominam, extensão geográfica só perdem para os Latossolos
na fração argila, minerais nos últimos estádios de (Tabela 1) e, semelhante a estes, distribuem-se em
intemperismo (caulinitas e óxidos de ferro e alumí- praticamente todas as regiões brasileiras, desde o
nio), sendo a fração areia dominada por minerais Rio Grande do Sul até o Amapá e do Acre até Per-
altamente resistentes ao intemperismo. São de tex- nambuco. Habitualmente, ocupam terrenos de re-
tura variável, de média a muito argilosa, geralmen- levos mais dissecados quando comparados aos la-
te muito profundos, porosos, macios e permeáveis, tossolos.
Tabela 1. Extensão e distribuição dos solos no Brasil
Brasil Relativa por Regiões
Tipos de Solos Absoluta Relativa Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul
(km2) ao total (%) (%)
Alissolos 371.874,48 4,36 8,67 0,00 0,00 0,00 6,34
Argissolos 1.713.853,49 19,98 24,40 17,20 13,77 20,68 14,77
Cambissolos 232.139,19 2,73 1,06 2,09 1,59 8,64 9,28
Chernossolos 42.363,93 0,53 0,00 1,05 0,27 0,21 3,94
Espodossolos 133.204,88 1,58 3,12 0,39 0,26 0,37 0,00
Gleissolos 311445,26 3,66 6,41 0,78 2,85 0,5 0,4
Latossolos 3.317.590,34 38,73 33,86 31,01 52,81 56,30 24,96
Luvissolos 225.594,90 2,65 2,75 7,60 0,00 0,00 0,00
Neossolos 1.246.898,89 14,57 8,49 27,55 16,36 9,38 23,23
Nitossolos 119.731,33 1,41 0,28 0,05 1,22 2,56 11,48
Planossolos 155.152,13 1,84 0,16 6,61 1,73 0,16 3,00
Plintossolos 508.539,37 5,95 7,60 4,68 8,78 0,00 0,00
Vertissolos 169.015,27 2,01 3,20 0,99 0,36 1,20 2,60
Água 160.532,30 1,88 3,20 0,36 0,31 1,20 2,60
Total 8.547.403,50 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00
20. O Recurso Natural Solo 3
Figura 1. Mapa de Solos do Brasil. Adaptado de EMBRAPA (1981) por Embrapa Solos.
21. 4 O Recurso Natural Solo
Alissolos: compreendem solos de baixa fertilidade na- costa leste do país, especialmente na Bahia, em Ser-
tural e elevados teores de alumínio extraível (Al3+); gipe, Alagoas e Rio de Janeiro, nas baixadas areno-
em alguns solos desta classe ocorre um significativo sas do Rio Grande do Sul e em áreas interioranas
aumento do conteúdo de argila em profundidade; da Amazônia Ocidental, onde são expressivos.
em outros este aumento é menos pronunciado. Em Gleissolos: ocupam, geralmente, as partes depressio-
geral, são bem estruturados e distribuem-se na re- nais da paisagem e, como tal, estão permanente ou
gião subtropical do Brasil, especialmente nos Esta- periodicamente encharcados, salvo se artificialmente
dos do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, drenados. Comumente, desenvolvem-se em sedimen-
mas as maiores extensões deles é na Amazônia Oci- tos recentes nas proximidades dos cursos d’água e
dental, sob condições tropicais e equatoriais, predo- em materiais colúvio-aluviais sujeitos a condições
minantemente. de hidromorfismo, como as várzeas e baixadas. As-
Cambissolos: devido à heterogeneidade do material sim, situam-se indiscriminadamente em todas as
de origem, das formas de relevo e condições climá- áreas úmidas do território brasileiro, onde o lençol
ticas em que são formados, as características destes freático fica elevado durante a maior parte do ano.
solos variam muito de um local para outro. No Como ocorrências expressivas, no entanto, podem-
entanto, uma característica comum é o incipiente se citar aquelas relacionadas às várzeas da planície
estádio de evolução do horizonte subsuperficial, amazônica, em Goiás e Tocantins ao longo do Rio
apresentando, em geral, fragmentos de rochas per- Araguaia, em São Paulo e Rio de Janeiro às mar-
meando a massa do solo e/ou minerais primários gens do rio Paraíba, no Rio Grande do Sul às mar-
facilmente alteráveis (reserva de nutrientes), além gens das lagoas dos Patos, Mirim e Mangueira (Oli-
de pequeno ou nulo incremento de argila entre os veira et al., 1991).
horizontes superficiais e subsuperficiais. Ocorrem Luvissolos: compreendem solos com elevada fertili-
em praticamente todo o território brasileiro. São dade natural, dotados de argilas com alta capacida-
particularmente importantes na parte oriental dos de de retenção de íons trocáveis (argila de atividade
planaltos do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e alta) e saturação por bases também alta (elevada
Paraná, onde os Cambissolos existentes têm alto capacidade de retenção de nutrientes) nos horizon-
teor de matéria orgânica e elevados conteúdos de tes subsuperficiais, imediatamente abaixo de hori-
alumínio extraível. Outras ocorrências significati- zontes do tipo A fraco ou moderado (baixos teores
vas são aquelas relacionadas com a Serra do Mar, de matéria orgânica, pouco espessos e baixa a média
estendendo-se desde o nordeste do Rio Grande do capacidade de retenção de nutrientes). Áreas expres-
Sul até o Espírito Santo, serra da Mantiqueira e sivas são encontradas no nordeste brasileiro, onde se
regiões interioranas de Minas Gerais (Oliveira et distribuem principalmente na zona semi-árida.
al., 1992). Cambissolos de elevada fertilidade natu- Neossolos: pouco evoluídos, apresentam pequena
ral são comuns na região nordestina e no Estado expressão dos processos responsáveis pela sua for-
do Acre. mação, que não conduziram, portanto, a modifica-
Chernossolos: compreendem solos que apresentam ções expressivas do material originário. Diferenci-
atividade da fração argila bastante elevada no hori- am-se em grande parte pelo seu material de origem
zonte subsuperficial, sendo o superficial do tipo A e paisagem, como depósitos sedimentares (planíci-
chernozêmico (espesso, escuro, bem estruturado, es fluviais, sedimentos arenosos marinhos ou não)
rico em matéria orgânica e com alta saturação por e regiões de relevo acidentado. Existem quatro gran-
bases). São normalmente escuros, pouco coloridos, des tipos de Neossolos, que apresentam, generica-
moderadamente ácidos a fortemente alcalinos, por- mente, as seguintes características: Neossolos Li-
tanto, de elevada fertilidade natural e com presen- tólicos – solos rasos, com espessura inferior a 50cm,
ça de minerais de esmectita e/ou vermiculita na possuindo, em geral, uma estreita camada de mate-
fração argila. Distribuem-se predominantemente em rial terroso sobre a rocha; Neossolos Regolíticos
duas grandes áreas situadas ao sul (Rio Grande do – solos mais profundos com espessura superior a
Sul) e leste do Brasil (Bahia). 50cm e presença de minerais alteráveis ou fragmen-
Espodossolos: são predominantemente arenosos, com tos de rocha; Neossolos Quartzarênicos – solos
acúmulo de matéria orgânica e compostos de alu- mais profundos, com espessura superior a 50cm,
mínio em profundidade, podendo ou não conter de textura essencialmente arenosa por todo o solo
compostos de ferro. São muito pobres e muito áci- e, praticamente, ausência de minerais primários al-
dos, sendo peculiares os teores de alumínio extraí- teráveis (sem reserva de nutrientes); Neossolos Flú-
vel relativamente elevados em relação aos outros vicos – solos provenientes de sedimentos aluviais.
íons básicos presentes no solo. Distribuem-se es- Normalmente, possuem um horizonte escurecido
parsamente nas baixadas litorâneas ao longo da à superfície sobre camadas estratificadas. Os Neos-
22. O Recurso Natural Solo 5
solos Litólicos, em geral, estão associados a muitos baixa reserva de nutrientes. Encontram-se em rele-
afloramentos de rocha. No mapa de solos estão vo plano e suave ondulado, em áreas deprimidas,
apresentados como forma alongada, refletindo as planícies aluvionais e terços inferiores de encosta,
cristas e partes mais instáveis da paisagem (Resen- situações que impliquem no escoamento lento da
de, et al., 1988). Não há distribuição regionalizada, água do solo. As maiores extensões se encontram
ocorrendo por todo o território brasileiro. Os Ne- na região Amazônica (alto Amazonas do território
ossolos Regolíticos também são comuns no Brasil brasileiro), Amapá, Ilha de Marajó, baixada Mara-
como um todo. No entanto, extensas áreas ocor- nhense, norte do Piauí, sudeste de Tocantins e nor-
rem na região semi-árida nordestina. As maiores deste de Goiás, Pantanal Mato-Grossense e baixa-
ocorrências de Neossolos Quartzarênicos estão nos das da região da Ilha do Bananal (Oliveira et al.,
Estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato 1992). Plintossolos com predominância de nódu-
Grosso, oeste e norte da Bahia, sul do Pará, sul e los ou concreções (Plintossolos Pétricos) são comuns
norte do Maranhão, no Piauí e Pernambuco, em nas rupturas de chapadas em todo o Planalto Cen-
relevo predominantemente plano. Os Neossolos tral Brasileiro e em muitas rupturas de declive na
Flúvicos raramente ocupam apreciáveis áreas con- Amazônia (Resende, et al., 1988).
tínuas, pois são restritos às margens dos cursos Vertissolos: são solos de coloração acinzentada ou
d’água, lagoas e planícies costeiras onde, geralmen- preta, sem diferença significativa no teor de argila
te, ocupam as pequenas porções das várzeas (Oli- entre a parte superficial e a subsuperficial do solo.
veira et al., 1992). No entanto, a característica mais importante é a
Nitossolos: são solos de textura argilosa ou mais fina pronunciada mudança de volume com a variação
que apresentam pouco ou nenhum incremento de do teor de umidade devido ao elevado teor de argi-
argila em profundidade. São normalmente profun- las expansivas (argila de atividade alta), tendo como
dos, bem drenados, estruturados e de coloração feição morfológica característica e facilmente iden-
variando de vermelho a brunada. Em geral, são tificável, a presença de fendas de retração largas e
moderadamente ácidos, com saturação por bases profundas que se abrem desde a superfície do solo
de baixa a alta, argila de atividade baixa e as vezes nos períodos secos. São de elevada fertilidade quí-
contendo elevados conteúdos de alumínio extraí- mica, mas apresentam problemas de natureza físi-
vel. As maiores áreas contíguas estão nos Estados ca. Ocorrem, predominantemente, na zona seca do
sulinos. No entanto, no Estado de São Paulo, ex- Nordeste, no Pantanal Mato-grossense, na Campa-
tensas áreas são encontradas nos planaltos basálti- nha Rio Grandense e no Recôncavo Baiano (Oli-
cos que se estendem até o Rio Grande do Sul. veira et al., 1992).
Planossolos: são mal drenados, com horizonte su-
perficial de textura mais leve, em geral arenosa,
que contrasta abruptamente com o horizonte sub- Ocorrência e aspectos gerais dos solos por
superficial imediatamente subjacente, adensado e grandes regiões.
extremamente endurecido quando seco, geralmente As diferentes regiões do território brasileiro apresen-
de acentuada concentração de argila, bem estrutu- tam peculiaridades ambientais e culturais que refletem
rado e de permeabilidade muito lenta, apresen- a ocorrência, a distribuição, a aptidão agrícola de suas
tando visíveis sinais de hidromorfismo. Esses so- terras, o uso e manejo diferenciados de seus solos. As-
los ocorrem predominantemente em áreas de rele- pectos dessa natureza adquirem, em termos gerais, o
vo plano ou suave ondulado, muito utilizados com seguinte quadro sintético das paisagens brasileiras por
arroz irrigado no Rio Grande do Sul e com pasta- região.
gem na região nordeste do país (Resende, et al.,
1988).
Região Norte
Plintossolos: apresentam uma diversificação morfo-
lógica e analítica muito grande, no entanto, a ca- A região Norte abrange 3.878 mil km2, ocupando apro-
racterística mais importante desses solos é a pre- ximadamente a metade do território brasileiro. Solos
sença de manchas ou mosqueados avermelhados profundos, bem drenados, muito intemperizados e de
(plintita), geralmente compondo um emaranhado baixa fertilidade natural, como os Latossolos, são os
de cores bem contrastante com a matriz do solo, mais representativos, estendendo-se por 34% da região.
podendo ou não conter nódulos ou concreções (pe- Os Latossolos Amarelos ocorrem na depressão do
troplintita), os quais são constituídos por uma mis- Médio-Baixo Rio Amazonas (Figura 1); são originados
tura de argila, pobre em carbono orgânico e rica de sedimentos psamíticos, pelíticos e rudáceos e ocu-
em ferro, ou ferro e alumínio, com quartzo e ou- pam uma área de 582,5 mil km2, correspondendo a
tros materiais. Freqüentemente são ácidos e com 15% da região Norte. No entorno dos Latossolos
23. 6 O Recurso Natural Solo
Amarelos predominam os Latossolos Vermelho-Ama- madamente, 70% da área daquela região, bem como
relos, que se distribuem de maneira esparsa na paisa- 63% da população nordestina. Uma característica pe-
gem e ocupam 726,3 mil km2, correspondendo a 18,7% culiar do Nordeste brasileiro é a grande variabilidade
de toda a região Norte. de seus solos e condições ambientais, com diferentes
Outra classe de solos de grande representativi- vocações e potenciais para fins de produção. Conside-
dade é a dos Argissolos, que se distribuem por 26,6% rando apenas duas grandes faixas – a úmida (Litorâ-
da região, normalmente em relevos ondulados. Entre os nea) e a semi-árida – seria possível caracterizar aproxi-
Argissolos, a classe de maior ocorrência é o Argissolo madamente os solos de cada uma delas de acordo com
Vermelho-Amarelo, distribuídos em aproximadamente Souza (1979). A primeira faixa revela solos bem dife-
22% da região, sendo a classe de maior ocorrência indi- renciados. Compreende grande parte do Maranhão,
vidual do norte do Brasil. Nas áreas declivosas, sob rele- amplas áreas do Piauí e a faixa costeira que vai do Rio
vos ondulados a montanhosos, ocorrem os Neossolos Grande do Norte até o sul da Bahia, incluindo os Ta-
Litólicos, ocupando 165 mil km2 (4,2% da região). buleiros Costeiros. Sobre ela repousa a economia agrí-
Os Alissolos se distribuem na depressão do So- cola do litoral úmido – a cana-de-açúcar, o cacau, as
limões e são originados de sedimentos pleistocênicos frutas, o arroz, etc. – em substituição às matas desapa-
psamíticos. Ocupam 347,5 mil km2, o que correspon- recidas. Os solos aí são de profundidade variada, dota-
de a 9% da região. Nesses mesmos ambientes são co- dos de boa precipitação anual, e tiveram sua fertilidade
muns os Plintossolos, ocupando 269 mil km2 ou apro- reduzida graças ao uso agrícola contínuo e à grande
ximadamente 7% da região. Já nas planícies fluviais ou pluviosidade, favorecendo a lixiviação e a erosão. Nes-
flúvio-lacustre há a predominância de Gleissolos que se tas condições, dominam os Latossolos que ocorrem em
distribuem por 254 mil km2, cerca de 6,5% da região. relevos plano e suave ondulado e ocupam 488 mil km2,
As principais limitações, comuns na maioria dos correspondendo a 31% da área total do Nordeste.
solos da Amazônia, são a acidez elevada, a saturação A Segunda, zona semi-árida (Agreste e Sertão),
alta por alumínio e a disponibilidade baixa de nutri- com índices de pluviosidade mais baixos, abrange vá-
entes. Estima-se que 90% de suas terras apresentam rias áreas do interior do Nordeste. Em geral, os solos
deficiência em fósforo, 75% toxicidade por alumínio, aí são mais rasos, dotados de boa fertilidade natural,
50% baixa reserva de potássio, além do fato de que tendo em vista a retenção de elementos minerais. Sua
50% da região estar sujeita a déficits hídricos elevados extensão compreende a maior parte do polígono das
(Rodrigues, 1996). Entretanto, existem tecnologias que secas. Ocupando as áreas mais movimentadas, apare-
possibilitam contornar satisfatoriamente esses proble- cem tanto os Argissolos com baixa reserva de nutrien-
mas, mas que refletem, necessariamente, no aumento tes, distribuídos por 290 mil km2 (18,4%), como os
dos custos com insumos. As limitações de ordem físi- Luvissolos; esses, de elevada fertilidade natural, ocu-
ca para exploração agrícola intensiva das terras do norte pam 107 mil km2. Nestas condições ocorrem, também,
do país são pouco representativas. Apenas 10% da área os Neossolos, solos jovens que se diferenciam em Litó-
apresenta declividade superior a 20%. Entretanto, a licos, Quartzarênicos, e Regolíticos, ocupando 28,5%
elevada precipitação em algumas sub-regiões, acima de da região nordeste (451 mil km2). Em relevo plano e
2.000mm anuais, conjugada com solos de textura argi- suave ondulado, destacam-se os Planossolos e Plintos-
losa e drenagem deficiente, como Latossolos Amarelos solos, solos mal drenados, freqüentemente utilizados
e Plintossolos, dificulta ou mesmo inviabiliza o uso com pastagens.
agrícola sustentável. Os solos do Nordeste se diversificam segundo
A ampliação da fronteira agrícola na região os variados fatores de formação que lhes deram ori-
Amazônica, apesar da grande oferta de terras com po- gem. Há solos ricos, pobres e degradados pela erosão e
tencial para suportar atividades agrícolas, deverá ser pelo fogo. O uso irracional pela agricultura itinerante
acompanhada de um incremento da difusão de tecno- tem sido a causa mais importante de sua devastação.
logias que permitam alcançar uma maior produtivida- Isto tudo leva a afirmar que o Nordeste possui amplas
de com sustentabilidade, contribuindo para o desen- áreas de solos plenamente satisfatórios e diversifica-
volvimento socioeconômico e a preservação dos recur- dos que, uma vez explorados, permitiriam alimentar
sos naturais da região. uma grande população, desenvolvendo condições para
que esta tenha renda mais alta e melhor nível de vida,
Região Nordeste
diferente da realidade atual nesta região.
A região Nordeste é tradicionalmente dividida em três
Centro-Oeste
zonas: Litorânea, Agreste e Sertão, as quais, totaliza-
das, ocupam 1.582 mil km2. Estas duas últimas se ca- A fisiografia e o clima quente e subúmido, a vegetação
racterizam pelo clima semi-árido, abrangendo, aproxi- predominante de cerrados e de matas ao longo dos
24. O Recurso Natural Solo 7
cursos d’água ocupando chapadas e chapadões, dão ao Os Neossolos Quartzarênicos têm expressiva
Centro-Oeste uma fisionomia típica, estendendo-se por ocorrência na região. São amplamente distribuídos nas
uma área total de 1.879.455km2. A pecuária constituiu a regiões Norte, Oeste, Centro e Sudeste do estado de
atividade tradicional mais importante durante décadas Mato Grosso, Centro e Norte do Mato Grosso do Sul
na região, provavelmente devido ao seu isolamento até e Nordeste de Goiás, englobando aproximadamente
a transferência da capital do país do Rio de Janeiro para 15% da superfície do Centro-Oeste brasileiro. Apre-
o Planalto Central Brasileiro, nos idos de 1960. sentam severas limitações ao uso agrícola, seja pela tex-
A ocupação do novo espaço, abertura de áreas tura muito arenosa, fertilidade muito baixa, ou ainda
para agropecuária, pesquisas direcionadas, melhor co- devido ao alumínio em níveis de toxicidade, baixa ca-
nhecimento do ambiente físico com o aumento de pacidade de retenção de água ou elevada suscetibilida-
investimentos na região, construção de rodovias e a de à erosão. O desenvolvimento de processo erosivo
grande mobilização de empresas agrícolas do Sul e do nestes solos é rápido e tem início imediatamente após
Sudeste do país contribuíram para mostrar outra reali- a intervenção antrópica.
dade. Dentre as mudanças mais significativas ocorri- Os Cambissolos, Neossolos Litólicos e Plin-
das, destaca-se a expansão da agricultura nas áreas de tossolos Pétricos, são solos pouco intemperizados,
cerrados, em sua maior parte constituídas de grandes rasos ou pouco profundos, cascalhentos, concrecio-
extensões de Latossolos de texturas variando de média nários, geralmente pedregosos, ocorrendo em relevos
a muito argilosa, em relevos altamente favoráveis à desde planos até fortemente ondulados, ocupam em
mecanização, de excelentes propriedades físicas e de torno de 17% da região Centro-Oeste. São de poten-
fertilidade facilmente corrigida pela adubação e cala- cial agrícola praticamente nulo, com limitações de
gem. Com este potencial agrícola indiscutível, abriu-se fertilidade, profundidade efetiva, impedimento ao
uma nova fronteira para a produção de soja, milho, emprego da mecanização e altamente susceptíveis à
trigo, arroz, feijão, café, algodão e outras culturas cli- erosão, constituindo, em geral, as áreas onde se ob-
maticamente adaptadas, superando a importância da servam os altos índices de degradação quando culti-
pecuária na região. vadas.
De acordo com o Delineamento Macroagroeco- Outras áreas de características peculiares com-
lógico do Brasil (Embrapa, 1992), o Centro-Oeste apre- preendem as planícies fluviais inundáveis, como o
senta 31% de suas terras indicadas para preservação Pantanal Mato-Grossense e a Ilha de Bananal, onde
permanente, 3% para extrativismo e 66% para lavou- predominam tipos de solos como Planossolos, Plin-
ras de ciclo curto e longo. Portanto, o potencial para tossolos, Gleissolos, Neossolos Flúvicos, Neossolos
pecuária é considerado nulo segundo os critérios do Quartzarênicos Hidromórficos e Vertissolos. Estas áre-
zoneamento agroecológico. Não obstante, considerá- as requerem manejo especial e culturas adaptadas às
veis áreas são ocupadas com pastagens plantadas e na- condições de hidromorfismo, em função do regime
turais, revelando uma distorção de uso da terra, prin- hídrico e da drenagem deficiente. Em caso de utilizá-
cipalmente pelo avanço de pastagens sobre áreas indi- las com sistemas produtivos, permanece o risco da
cadas para preservação. Se não são essas áreas de pre- proximidade do lençol freático e dos numerosos cur-
servação invadidas, aquelas com vocações mais inten- sos d’água quando da aplicação de defensivos agríco-
sivas, atualmente se encontram em estado de subutili- las e adubação, constituindo uma ameaça a contami-
zação com pastagens de má qualidade. nação de mananciais, com reflexos diretos ao meio
Os Latossolos dominam nas paisagens do Cen- ambiente. Áreas com estas características representam
tro-Oeste. Distribuem-se em aproximadamente 35% da cerca de 10% da região Centro-Oeste e são indicadas
região, ocupando áreas aplainadas, geralmente sob ve- para preservação, constituindo ambientes ecológicos
getação de cerrado, de textura variando de média a frágeis.
muito argilosa, fertilidade baixa a média e elevado
potencial agrícola (Carvalho Filho et al., 1991). Devi-
Região Sul
do à sua média suscetibilidade à erosão, atualmente
tem-se implantado sistemas de manejo adotando o Com uma extensão geográfica de 577.723km2 é a me-
cultivo mínimo e o plantio direto; técnicas amplamente nor das regiões brasileiras, com alta densidade popula-
difundidas e incentivadas por associações de produto- cional, clima subtropical e cobertura vegetal nativa de
res regionais (Freitas, 2001). florestas e campos, atualmente desaparecidos quase por
Outros solos comuns são os Argissolos, geralmen- completo para dar lugar à exploração agropecuária e
te ocupando relevos mais dissecados, de fertilidade na- florestal mais desenvolvida do país.
tural média a alta e, semelhante aos latossolos, apresen- A região mantém grande atividade comercial
tam considerável potencial agrícola. Distribuem-se em com os países do Mercosul e com outras regiões do
aproximadamente 20% da região Centro-Oeste. Brasil, destacando-se, no setor agropecuário, como gran-
25. 8 O Recurso Natural Solo
de produtora de milho, soja, trigo, arroz, além de des- Região Sudeste
tacar-se na indústria madeireira, celulose, manufatura- Os latossolos abrangem aproximadamente 56% da re-
dos e a já conhecida indústria vinícola. Em grandes gião Sudeste e somados aos Argissolos, perfazem cerca
propriedades desenvolve-se a pecuária extensiva, ativi- de 78% desta importante região do país (Tabela 1), de
dade tradicional, onde se encontra um grande reba- elevado desenvolvimento social, técnico e cultural e
nho bovino, além de suíno e ovino, constituindo pra- responsável por setores estratégicos da cadeia produti-
ticamente a metade do rebanho nacional. va brasileira. Parte desses ambientes, de solos profun-
Constituída de três estados, Paraná, Santa Cata- dos, muito porosos, bem drenados e situados em rele-
rina e Rio Grande do Sul, é uma região típica de pla- vos de relativa planura de superfície, características
naltos e serras com terras férteis originadas, em grande inerentes aos Latossolos, dominam nas zonas de recar-
parte, do derrame basáltico que se estende por toda a ga dos aqüíferos, contribuindo efetivamente para a sua
Bacia Sedimentar do Paraná. Na região predominam capacidade de armazenamento de água; esta depende
os Latossolos Vermelho-Amarelos, Vermelhos e Bru- diretamente da facilidade de infiltração da água da
nos, profundos, de excelentes propriedades físicas e de chuva, daí a relevância dos Latossolos na manutenção
fertilidade facilmente corrigível pela adubação e cala- e recarga dos aqüíferos (Freitas, 2001).
gem (Fasolo, 1991). São muito susceptíveis à erosão e Em termos gerais, há uma estreita relação entre
as áreas cultivadas seguem recomendações técnicas de os grandes domínios geológicos da região Sudeste e os
contenção da erosão, onde começam a surgir cultivos principais tipos e uso dos solos, conforme exposto a
segundo o método do plantio direto e estudos para seguir.
aumento da eficiência da aplicação de corretivos e adu- Nos domínios de rochas pré-cambrianas do
bos através de técnicas de agricultura de precisão. Ou- embasamento cristalino, constituídos por complexos
tros solos, como os Nitossolos, Argissolos, Cambisso- gnáissicos-graníticos-migmatíticos, região denominada
los e Chernossolos, de média a alta fertilidade natural por Ab’Saber (1970) de Mares de Morros, há uma pre-
são comuns na região Sul e respondem por grande dominância de Argissolos, Latossolos e Cambissolos.
parte da produção de grãos. São solos, em sua maioria, de baixa fertilidade natural,
As planícies representam grandes extensões no e acidentados, no entanto, é a área de maior densidade
sul do país, predominantemente no Rio Grande do rural do país, originalmente coberta por floresta tropi-
Sul. A maior parte se encontra destituída de sua co- cal (Rezende & Resende, 1996). Na região Sudeste, os
bertura vegetal original, devido à utilização pelo ho- Mares de Morros envolvem predominantemente o Leste
mem com sistemas produtivos, principalmente, pe- do Estado de São Paulo, o Sul e o Leste de Minas
cuária e orizicultura. Em virtude destas explorações, Gerais, o Estado do Rio de Janeiro e a maior parte do
tais planícies foram submetidas a sistemas intensivos Espírito Santo (Ab’Saber, 1996). Essas áreas foram in-
de drenagens, a ponto de não se legitimar as condi- tensivamente ocupadas com lavoura cafeeira a partir
ções hídricas originais da grande maioria dos solos. da segunda metade do século XIX. Os nutrientes da
Esta consideração é fortemente ratificada em situa- mata original sustentavam a lavoura por algum tem-
ções onde se observam plantios de soja, o qual neces- po, no entanto, com o manejo inadequado dos cafe-
sita rebaixamento definitivo do lençol freático. Solos zais e enfraquecimento das terras, essas eram transfor-
como Gleissolos, Neossolos Flúvicos, Cambissolos madas em pastagens (Rezende & Resende, 1996). Atu-
(derivados de sedimentos fluviais), Planossolos, Plin- almente, o parque cafeeiro dessas regiões montanho-
tossolos e Organossolos são os mais representativos sas permanece significativo, representando aproxima-
desses ambientes, muito importantes na economia damente 35% da cafeicultura nacional (Guimarães,
da região. 1996), embora sejam as pastagens plantadas mais ex-
O uso intensivo do recurso solo é uma caracte- tensivas, as quais, em geral, estão mal manejadas, com
rística desta região que, aliado à mecanização agrícola, baixa capacidade suporte e degradadas.
é responsável pelos altos índices de erosão hídrica, A Bacia Sedimentar do Paraná é outra ocorrên-
observados principalmente nos Estados do Rio Gran- cia geológica expressiva no Sudeste brasileiro, ocupan-
de do Sul e Paraná. Em Santa Catarina, as serras domi- do cerca de 40% Estado de São Paulo, predominante-
nam extensas áreas de relevo forte ondulado a monta- mente na sua porção Centro-Oeste, bem como o Oes-
nhoso, fator restritivo à utilização dos solos com cul- te de Minas Gerais (região do Triângulo). Nesses ambi-
turas anuais. Não obstante, técnicas de manejo adap- entes predominam os arenitos cretácicos do Grupo
tadas a relevos acidentados têm sido implementadas Bauru, em sua maioria com cimentos ou nódulos car-
com bons resultados, tais como o preparo mínimo do bonáticos (IPT, 1981). Uma estreita relação solo-rele-
solo, plantio na palha, não remoção de restos cultu- vo-uso atual pode ser genericamente verificada na re-
rais e o cultivo em faixas e em curvas de nível, reduzin- gião: latossolos de textura média e baixa fertilidade
do significativamente as perdas por erosão. natural ocorrem nos topos em relevos aplainados, pre-
26. O Recurso Natural Solo 9
dominantemente cultivados com café, pastagens e natural, são expressivos nos domínios do Grupo Bam-
menos freqüentes a culturas anuais, reflorestamento e buí, ocorrência geológica significativa no Estado mi-
fruticultura. Em seqüência, na parte intermediária das neiro. Esses locais são predominantemente destinados
encostas, tem-se Argissolos de textura arenosa/média à pastagens extensivas, à culturas anuais (milho e fei-
que se caracterizam por um manto arenoso superfici- jão) e à fruticultura (bananicultura).
al, geralmente transitando abruptamente para um ho-
rizonte inferior de textura média, as vezes argilosa, e
de melhor fertilidade em relação aos latossolos. Esses A suscetibilidade natural dos solos aos
solos predominam em relevos acidentados e são alta- processos erosivos
mente susceptíveis aos processos erosivos lineares, sen-
do comuns o desenvolvimento de ravinas e voçorocas A suscetibilidade natural dos solos à erosão é uma
com pouco tempo de uso (Salomão, 1994). A vegeta- função da interação entre as condições de clima, mo-
ção primitiva praticamente não existe na região, com delado do terreno e tipo de solo, sendo um processo
predominância de pastagens extensivas e degradadas natural que pode ser intensificado pela ação antrópi-
nos locais de ocorrência dos Argissolos. Juntos, Latos- ca. Da análise empírica da interação destes fatores,
solos e Argissolos, perfazem aproximadamente 70% juntamente com a avaliação de estimativas experimen-
dos solos da região Sudeste, sob domínio dos arenitos tais de perdas de solo, foi possível estabelecer e classi-
do Grupo Bauru. ficar os solos em cinco classes de suscetibilidade na-
Os derrames basálticos mesozóicos da Bacia tural à erosão das terras do país. As classes de susceti-
Sedimentar do Paraná constituem outro grande domí- bilidade muito baixa e baixa englobam tanto os solos
nio litológico do Sudeste. Restrito basicamente ao Es- de baixadas, hidromórficos ou não, como aqueles de
tado de São Paulo, predominantemente na província planalto, muito porosos, profundos e bem drenados,
geomorfológica denominada por Almeida (1964) de todos localizados em relevo de relativa planura da
Depressão Periférica, é composto na sua maioria por superfície.
Latossolos Vermelhos, Nitossolos e Argissolos Verme- Em condições mais favoráveis ao desenvolvimen-
lhos; solos com elevado teor de óxidos de ferro e de to de processos erosivos, destacam-se solos comumen-
fertilidade variada, predominando os de relativa po- te arenosos ou com elevada mudança de textura em
breza em nutrientes. Esses domínios, principalmente profundidade, bem como aqueles rasos, localizados,
em relevos planos ocupados com os Latossolos, são em geral, em relevos dissecados, configurando classes
intensamente cultivados com cana-de-açúcar, que de- de suscetibilidade à erosão média, alta ou muito alta,
salojou importantes áreas outrora ocupadas com café dependendo, como relatado anteriormente, da intera-
(Oliveira & Menk, 1984), embora esta cultura ainda ção entre os diversos fatores responsáveis pela susceti-
permaneça em grandes extensões, predominantemen- bilidade dos mesmos à erosão (Figura 2 e Tabela 2).
te no leste paulista. Além dessas atividades, tais solos Com base nestas interpretações, as terras brasi-
são aproveitados com citrus, culturas anuais, princi- leiras podem situam-se, em sua maior porção, nas clas-
palmente milho, algodão, soja, sorgo, com pastagens ses de baixa a alta suscetibilidade à erosão (84% das
e, em menor extensão, reflorestamento. Os Latossolos terras), porém com composições regionais distintas,
Vermelhos, argilosos, muito porosos e com elevados como resultado das peculiaridades em relação aos va-
conteúdos de ferro (Fe O ≥ 180g/kg) provenientes do riados ambientes edafoclimáticos e ao grau de susceti-
intemperismo das rochas 3básicas da Bacia Sedimentar
2
bilidade natural dos solos (Tabela 2 e Figura 2).
do Paraná, ocupam aproximadamente 14% do Estado A região Norte se caracteriza pelos baixos níveis
de São Paulo (Oliveira & Menk, 1984). de suscetibilidade nas várzeas do rio Amazonas e seus
Finalmente, os domínios representados por se- afluentes, bem como nos baixos platôs, onde se desen-
qüências metamórficas (pré-cambriano), englobam gru- volvem solos argilosos ou muito argilosos, muito pro-
pos e formações geológicas diversas e distribuem-se fundos, geralmente em relevo plano. Esses ambientes,
predominantemente por todo o Centro-Oeste do Esta- sob domínio de Gleissolos, Neossolos Flúvicos, Latos-
do de Minas Gerais. Genericamente, recobrem o em- solos Amarelos e Latossolos Vermelho-Amarelos, re-
basamento cristalino e caracterizam-se por ocorrênci- presentam aproximadamente 46% dessa região do Bra-
as de gnáisses variados, xistos, filitos, quartzitos, már- sil (Tabela 2). As terras com o maior potencial de ero-
mores, ardósias e rochas carbonáticas, bem como for- são, distribuídas em aproximadamente 36% da região,
mações ferríferas localizadas, onde as explorações mi- ocorrem em relevos mais dissecados sob domínio de
nerais são expressivas. A diversidade de solos nessa re- Argissolos, Luvissolos e Cambissolos.
gião reflete a diversidade litológica, no entanto, exten- No Nordeste do Brasil, 33% das terras apresen-
sas áreas de Cambissolos e Latossolos com elevados tam suscetibilidade muito baixa e baixa, 34% média e
teores de alumínio extraível, solos de baixa fertilidade 33% tem classes de suscetibilidade alta e muito alta (Ta-
27. 10 O Recurso Natural Solo
Figura 2. Mapa interpretativo da suscetibilidade natural dos solos à erosão hídrica.
Tabela 2. Extensão e distribuição percentual das classes de suscetibilidade natural dos solos à erosão.
Regiões
Classes de N NE CO SE S BRASIL
Erosão
km2 % km2 % km2 % km2 % km2 % km2 %
M.Baixa 306.533 8 38.389 3 82.518 5 7.493 1 5.690 1 440.623 5
Baixa 1.427.765 39 461.989 30 732.576 45 423.368 46 154.863 28 3.200.561 39
Média 647.286 17 517.856 34 319.543 20 125.002 14 151.257 27 1.760.944 21
Alta 1.141.371 31 349.041 23 229.260 14 189.422 21 82.124 15 1.991.218 24
M.Alta 198.114 5 155.860 10 256.177 16 168.970 18 164.859 29 943.980 11
bela 2). Solos como os Neossolos Quartzarênicos, Litó- cados, representam as terras com elevada suscetibilidade
licos e Regolíticos são os com maior potencial de ero- à erosão. Já áreas expressivas de Latossolos, representan-
são devido à presença de conteúdos significativos de do cerca de 30% da região, são aquelas representativas
areia, associado, em alguns casos, a relevos dissecados. das terras com baixa suscetibilidade à erosão. A ocor-
Embora as chuvas no semi-árido nordestino sejam de rência de horizontes superficiais arenosos, bem como o
baixa duração e freqüência, sua elevada intensidade em aumento do teor de argila em profundidade torna os
alguns locais favorece o escoamento superficial, desa- Argissolos e Planossolos medianamente suscetíveis à ero-
gregação e transporte dos solos, mesmo em relevos mais são nas condições climáticas características da região.
aplainados. Solos como os Luvissolos, em geral com A região Centro-Oeste apresenta cerca de 70% de
maiores conteúdos de argila e em relevos bastante disse- seus solos com suscetibilidade à erosão variando de muito
28. O Recurso Natural Solo 11
baixa a média, em decorrência da dominância de rele- ALMEIDA, F. F. M. Fundamentos geológicos do relevo paulista.
vos aplainados do Planalto Central Brasileiro, associa- Boletim do Instituto Geográfico e Geológico, São Paulo, n.
41, p.169-262, 1964.
dos a solos profundos e bem drenados, como os Latos-
solos. O restante das terras (30%) corresponde, em ge- CARVALHO FILHO, A.; MOTA, P. E. F.; COSTA, L. D. da. Solos
da região Centro – Oeste. Goiânia: Embrapa-SNLCS- Coordena-
ral, aos solos com elevados teores de areia, como os
doria Centro Oeste, 1991. 1 v. Digitado.
Neossolos Quartzarênicos e alguns Latossolos de textu-
ra média, os quais apresentam fraca estruturação e são EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa em Solos. Delineamen-
to macroagroecológico do Brasil, escala 1:5.000.000. Rio de Ja-
facilmente desagregados e carregados pelas águas da chu- neiro, 1992. 1 mapa color.
va, mesmo em relevo relativamente plano. Ressalta-se a
ocorrência, nessa região, de severos processos erosivos EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa em Solos. Sistema bra-
sileiro de classificação de solos. Brasília, DF: Embrapa Produção
lineares (ravinas e voçorocas) nas terras situadas em al- de Informação, 1999. 412 p.
gumas cabeceiras de drenagem, resultando da conjuga-
EMBRAPA. Serviço Nacional de Levantamento e Conservação de
ção de solos de fraca estruturação e relevo movimenta-
Solos. Mapa de Solos do Brasil, escala 1:5.000.000. Rio de Janei-
do, como ocorre, por exemplo, nos chapadões da divisa ro, 1981. 1 mapa color.
dos Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Ge-
FASOLO, P. J. Situação atual do solo brasileiro nos Estados
ras e Mato Grosso, onde se originam diversos rios que do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Curitiba:
formam as bacias do Prata e do Amazonas. A Tabela 2 Embrapa - SNLCS - Coordenadoria Regional Sul, 1991. 1 v. Digi-
mostra a região Sudeste com predominância de solos tado.
com baixa suscetibilidade aos processos erosivos (46%). FREITAS, P. L. de. Sistemas conservacionistas, baseados no plantio
Semelhante à região Centro-Oeste, a ocorrência expres- direto e na integração lavoura-pecuária, como instrumentos efeti-
siva de Latossolos em relevos aplainados, com elevados vos de manejo e conservação do solo, da água, do ar e da biodiver-
conteúdos de argila e porosos, condicionam a baixa sus- sidade. In: REUNIÃO TÉCNICA DE MANEJO E CONSERVA-
ÇÃO DO SOLO E DA ÁGUA, 2001, Brasília, DF. Anais... Brasí-
cetibilidade à erosão. As terras muito erodíveis corres- lia, DF: Agência Nacional de Águas, 2001.
pondem a 40% da região e estão associadas a relevos
dissecados e aos solos com elevados conteúdos de areia GUIMARÃES, R. T. Desenvolvimento da Cafeicultura de Monta-
nha. In: ALVAREZ, V. H.; FONTES, L. E. F. (Ed.) O solo nos gran-
ou significativa diferença textural em profundidade, des domínios morfoclimáticos do Brasil e o desenvolvimento
como ocorre, por exemplo, nos domínios dos arenitos sustentado. Viçosa: SBCS: UFV, 1996. p. 251-260.
do Grupo Bauru, predominantemente na região Oeste
IPT. Mapa geológico do Estado de São Paulo: escala 1:500.000.
do Estado de São Paulo e nos relevos acidentados ao São Paulo: IPT- Divisão de Minas e Geologia Aplicada, 1981. v.1,
longo da Serra do Mar. 126 p.
Para a região Sul, observa-se a predominância
OLIVEIRA, J. B. de; MENK, J. R. F. Latossolos roxos do Estado
de solos com alta e muito alta suscetibilidade à erosão de São Paulo. Campinas: Instituto Agronômico, 1984. 132 p. (IAC.
(Tabela 2), condicionados pela presença significativa Boletim Técnico, 82).
de solos rasos, como os Cambissolos e Neossolos Litó- OLIVEIRA, J. B.; JACOMINE, P. K. T.; CAMARGO, M. N. Classes
licos, ou mesmo mais profundos, como os Argissolos, gerais de solos do Brasil. 2.ed. Jaboticabal: FUNEP, 1992. 201 p.
todos localizados em relevos acidentados das serras e
RESENDE, M.; CURI, N.; SANTANA, D. P. Pedologia e fertili-
planaltos sulinos. Os solos com suscetibilidade muito dade do solo: interações e aplicações. Brasília, DF: MEC; [La-
baixa e baixa perfazem 29% da região, geralmente as- vras]: ESAL; [Piracicaba]: POTAFOS, 1988. 81 p.
sociados aos planaltos e planícies sedimentares de rele-
REZENDE, S. B. de; RESENDE, M. Solos dos mares de morros:
vos aplainados, onde ocorrem Latossolos e Planosso- ocupação e uso. In: ALVAREZ, V. H.; FONTES, L. E. F. (Ed.) O
los respectivamente. Na classe de suscetibilidade mé- solo nos grandes domínios morfoclimáticos do Brasil e o
dia, destacam-se os Alissolos, Nitossolos e Chernosso- desenvolvimento. Viçosa: SBCS: UFV, 1996. p. 261-288.
los, em geral em relevo movimentado. RODRIGUES, T, E. Solos da Amazônia. In: ALVAREZ, V. H.;
FONTES, L. E. F. (Ed.) O solo nos grandes domínios morfocli-
máticos do Brasil e o desenvolvimento sustentado. Viçosa:
Referências Bibliográficas SBCS: UFV, 1996. p. 51-260.
AB’SABER, A. N. Domínios morfoclimáticos e solos do Brasil. In: SALOMÃO, F. X. T. Solos do arenito Bauru. In: PEREIRA, V. de;
ALVAREZ, V. H.; FONTES, L. E. F. (Ed.) O solo nos grandes FERREIRA, M. E.; CRUZ, M. C. P. da. (Ed.) Solos altamente
domínios morfoclimáticos do Brasil e o desenvolvimento suscetíveis à erosão. Jaboticabal: UNESP-FCAV: SBCS, 1994. p.
sustentado. Viçosa: SBCS; UFV, 1996. p.1-18. 51-55.
AB’SABER, A. N. Províncias geológicas e domínios morfocli- SOUZA, J, G. O Nordeste brasileiro: uma experiência de desen-
máticos no Brasil. São Paulo: USP-Instituto de Geografia, 1970. volvimento regional. Fortaleza: Banco do Nordeste do Brasil, 1979.
26 p. (USP. Geomorfologia, 20). 410 p.