Artigo odontologia e empreendedorismo comportamento do profissional empreendedor
1. Odontologia e empreendedorismo:
Comportamento do profissional empreendedor
Dentistry and entrepreneurship: entrepreneurial professional
behavior
Ludnel OLIVEIRA*
Vitor SANTOS*
Nelson GNOATTO**
*Discente do curso de odontologia da UEFS
**Professor Adjunto de Clínica Odontológica na Universidade Estadual de Feira de Santana.
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OLIVEIRA, L; SANTOS, V; GNOATTO, N. Odontologia e empreendedorismo.
RESUMO: A falta de uma formação acadêmica voltada para o lado
empreendedor faz com que o profissional de odontologia encontre dificuldades
na sua vida profissional, principalmente quando este tenta entrar no mercado
de trabalho ou abrir seu próprio consultório. É necessário que o cirurgião-
dentista desenvolva seu lado empreendedor e para isso é necessário que uma
série de atitudes comportamentais seja adotada para que o tão sonhado
sucesso profissional seja atingido. Assim este trabalho tem como objetivo
realizar uma revisão literária focando no comportamento empreendedor do
profissional de saúde e mais precisamente o cirurgião-dentista.
UNITERMOS: Odontologia; Empreendedorismo; Comportamento.
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OLIVEIRA, L; SANTOS, V; GNOATTO, N. Odontologia e empreendedorismo.
ABSTRACT: The lack of an academic background focused on the
entrepreneurial side, causes the dental professional encounter difficulties in
their professional life, especially when when it tries to enter the labor market or
open their own private practice. It is necessary for the dentist to develop their
entrepreneurial side and this requires that a series of behavioral attitudes are
adopted so that the dream is achieved professional success. Thus this paper
aims to conduct a literature review focusing on entrepreneurial behavior of
health professionals and more precisely the dentist.
KEYWORDS: Dentistry; Entrepreneurship; Behavior.
2. INTRODUÇÃO
Os aspectos vivenciados neste século de constantes transformações e
modernidade, num ambiente completamente dinâmico, fazem com que o
mundo dos negócios busque cada vez mais a organização de suas estruturas
visando à ampliação do seu mercado e consequentemente está atualizado com
os avanços.
No entanto, por mais globalizado que pareça, nem sempre todos são
contemplados com uma formação voltada ao empreendedorismo. Alguns
cursos de graduação, no seu currículo não disponibilizam aos discentes uma
matéria em especifico, para oferecer um norte de uma futura carreira como
empresário capaz de gerir seu próprio negócio.
Na área odontológica, não poderia ser diferente. O cirurgião-dentista não
encontra na sua formação acadêmica uma grade curricular que englobe a visão
empreendedora que ajude a compreender o mercado. A grande quantidade de
produtos e serviços disponíveis demonstra um mercado consumidor mais
exigente por preço, qualidade e inovação, gerando uma competição acirrada
entre as empresas, consultórios e profissionais, cabendo ao profissional esta
entretido com esta corriqueira mudança.
Neste contexto, onde a palavra chave se chama inovação, surge à figura
importante do empreendedor. Ele é o indivíduo que tem a visão de futuro, o
responsável maior pela união dos interesses de todas as partes envolvidas no
decorrer do caminho até o objetivo almejado. Segundo o SEBRAE – Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - cabe ao empreendedor
revitalizar e organizar os negócios de forma que se tornem perenes e
competitivos4. De acordo com a consultoria Price Waterhouse Coopers, um
3. bom gerente consegue visualizar 2 anos no futuro. Um bom diretor consegue
visualizar 10 anos no futuro. Um bom empreendedor consegue visualizar 30
anos no futuro4.
O presente trabalho objetivou analisar as estratégias de planejamento
empresarial e empreendedor do profissional de odontologia, e discutir como a
sua formação acadêmica poderia ser mais voltada para o lado empreendedor.
MATERIAL E MÉTODOS
Para a realização do presente trabalho foram realizadas pesquisas nas
bases de dados Módulo SEBRAE, Pubmed, Bireme, Scielo, Lilacs e Google.
Além dessas, foram feitas pesquisas no acervo da Biblioteca Central Julieta
Carteado na Universidade Estadual de Feira de Santana.
REVISÃO LITERÁRIA
Segundo MACIEL; CAMARGO 5, o proprietário de um pequeno negócio
pode ser ou não um empreendedor e argumentam em favor do uso da noção
de graus de empreendedorismo. Nesses termos, além de aspectos individuais,
uma organização empreendedora constitui-se por práticas estratégicas
inovadoras, bem como se assenta na lógica da busca de lucratividade e
crescimento como objetivos centrais.
Dessa forma, o comportamento empreendedor pode ser pensado de
uma perspectiva que englobe iniciativa, inovação e comportamento da firma
baseado em oportunidades.
O empreendedorismo é definido como algo que envolve aspectos e atos
como: criação, renovação ou inovação organizacional que ocorre dentro ou fora
4. de uma organização existente. Além destas definições devemos adicionar
elementos às noções de descoberta e exploração de oportunidades ao dar
espaço também para a inclusão da inovação e da iniciativa como elementos
nucleares do comportamento empreendedor 5.
Na verdade o que existe é a falta de uma melhor condução da carreira
entendo-a como um negócio e não como sacerdócio e aos poucos esta postura
do profissional de saúde em geral vem passando por mudanças 7.
Tanto em questão ao empreendedorismo como na odontologia, tão
importante quanto saber fazer é criar o que fazer, reconhecer a cadeia
econômica, o ciclo produtivo, entender do negócio, saber transformar
necessidades em especificações técnicas, transformando o conhecimento em
riqueza. Mas como se preparar para criar um negócio próprio, ou seja, como
ser um empreendedor?
Uma série de características são fundamentais para o Comportamento
Empreendedor (CCE), que são tomadas como práticas básicas para o sucesso
4
.
1. Busca de Oportunidades e Iniciativa: ter a capacidade de criar e
enxergar novas oportunidades de negócios 4.
2. Persistência: enfrentar os obstáculos decididamente, buscando
sempre o sucesso 4.
3. Correr riscos calculados: analisar as alternativas e a possibilidade de
dispor-se a desafios e riscos 4.
4. Exigência de qualidade e eficiência: decidir que fará sempre mais e
melhor, buscando satisfazer ou superar o que os clientes desejam 4.
5. 5. Comprometimento: fazer sacrifícios pessoais; se esforçar para
completar uma tarefa 4.
6. Busca de Informação: Obter informações sobre clientes, fornecedores
e produtos, consultar acessória especializada e obter acessória técnica e
comercial 4.
7. Estabelecimento de metas: definir metas com clareza e objetividade,
estipulando prazo 4.
8. Planejamento e monitoramento sistemáticos: planejar, dividindo
tarefas de grande porte em tarefas menores, com prazos definidos 4.
9. Persuasão e rede de contatos: utilizar-se de estratégias para
influenciar ou convencer os outros, a fim de conseguir melhorias no seu
negócio; manter boas relações comerciais com clientes e fornecedores 4.
10. Independência e Autoconfiança: Capacidade de completar tarefa
difícil e enfrentar desafios 4.
O empreendedor deve seguir as 10 características acima regularmente,
já que uma das principais causas do insucesso empresarial no Brasil é a falta
de planejamento 4. Conforme pesquisa feita pelo SEBRAE-SP, em 1992 cerca
de um milhão de pessoas lançaram-se no mercado (430.665 empresas). Cerca
de 50% não conseguiram passar do primeiro ano 4.
Segundo GOMES FILHO et al 3, algumas conseqüências desta alta taxa
de insucesso é evidente devido baixa consistência dos serviços prestados no
Brasil. Dentre as conseqüências temos: falha na maioria dos pequenos
negócios, negócios com resultados abaixo do esperado, empresários fazendo
trabalho de funcionários e excessivo trabalho com baixo retorno. Então,
levando em conta o mercado odontológico, muitas vezes o profissional não erra
6. por uma baixa consistência dos serviços prestados, mas pela forma rotineira de
trabalho, há uma tendência natural de manter a visão comercial
excessivamente focada dentro do consultório, em especial nos procedimentos
clínicos que são realizados. Ou seja, muitas vezes perde-se a visão ampliada,
que ajuda a perceber como os outros componentes do mercado interferem no
sucesso da empresa 2,3 .
ATINGIR METAS
Qualquer empresa seja comercial ou até mesmo um consultório precisa
de metas e da orientação diária de seus gestores para poder crescer de forma
ordenada, caso contrário ficaria à deriva, à mercê do mercado e suas
oscilações 1.
Dessa forma, o empreendedor é alguém que define metas, busca
informações e é obstinado. Embora muitas pessoas adquiram estas
características sem precisar freqüentar cursos, tem-se a firme convicção de
que elas podem ser desenvolvidas e lapidadas 7.
Neste contexto, o desafio da economia brasileira na era da globalização,
e principalmente na área de saúde, é conseguir reestruturar toda uma base
produtiva criada sob os padrões tecnológicos e de gestão dos países mais
desenvolvidos, pois a gestão social responsável, quando implementada em
7
toda a cadeia produtiva, aumenta a eficiência do processo produtivo . Este
aspecto não deve ser observado apenas na indústria, isso deve ser observado
também no consultório odontológico, tendo em vista que grandes
7. procedimentos necessitam de um aparato tecnológico de alto padrão do
produto final.
Diante de todo este contexto, deve-se traçar e planejar metas. As metas
são o alvo que você pretende atingir.
• Específica, ser clara o suficiente para que não haja dúvidas 4.
• Mensurável, ou seja, ter uma maneira de ser medida. A medida ajuda,
a saber, quando a meta foi atingida 4.
• Alcançável, que é aquela que é possível de ser atingida dentro das
condições que um empreendedor reúne no momento em que estabelece a sua
meta 4.
• Relevante, que é aquela que tem muito significado pessoal para o
empreendedor. A meta relevante é aquela que busca um maior empenho do
empreendedor 4.
• Temporal, que é uma meta que tem um prazo limite para acontecer 4.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existem atualmente expectativas voltadas ao mundo de oportunidades
para que as pessoas tenham maior chance de se tornar fundadores de sua
própria empresa, dono de seu próprio negócio. O profissional de odontologia
deve gerir seu consultório levando em conta que se trata de uma pequena
empresa e seu comportamento empreendedor é de vital importância para que
este quebre as barreiras imposta pelo mercado em geral.
Durante a produção do artigo podemos observar o quanto é difícil
adquirir esta visão empreendedora, trata-se de uma trajetória lenta e gradual,
porém longe da impossibilidade. O que observamos é a dificuldade dos
8. profissionais de saúde compreender a necessidade de uma visão
empreendedora dentro do campo profissional, e esta dificuldade não é só do
cirurgião-dentista, mas dos demais profissionais de saúde.
REFERÊNCIAS:
1. BEZINELLI, Letícia ; RAMOS, Marcelo. Curso de educação continuada em
gestão de consultório. O Dentista como Empresário - Empreendedorismo.
1ª Edição. Diponível em:
http://www.colgateprofissional.com.br/LeadershipBR/ProfessionalEducation/CP
D/Printables/CPD_1Edicao.pdf>. Acesso em 20.12.2012.
2. BEZINELLI, Letícia ; RAMOS, Marcelo; MAGALHÃES, Zilson. Curso de
educação continuada em gestão de consultório. O mercado odontológico,
parte I. 10ª Edição. Diponível em:<
http://www.colgateprofissional.com.br/dentistas/Curso_O-Mercado
Odontologico---Parte-1/detalhes>. Acesso em 20.12.2012.
3. GOMES FILHO, Tupanangyr and BRUNSTEIN, Israel. Considerações
sobre o planejamento para a qualidade de serviços e os fatores de sucesso de
novos empreendimentos. Gest. Prod. [online]. 1995, vol.2, n.1, pp. 96-108.
4. Curso à distância SEBRAE: APRENDER A EMPREENDER. Módulo III:
Empreendedorismo. 2012. Disponível em:<
http://www.ead.sebrae.com.br/hotsite/cursos/>. Acesso em:26.10.2012.
5. MACIEL, Cristiano de Oliveira and CAMARGO, Camila. Lócus de controle,
comportamento empreendedor e desempenho de pequenas empresas. RAM,
Rev. Adm. Mackenzie (Online)[online]. 2010, vol.11, n.2, pp. 168-188.
6. MARIANO; Sandra R. H e MAYER, Verônica Feder. O Comportamento
Empreendedor, criatividade e atitude empreendedora. 18 de Mar de
2009, pp. 218.
9. 7. RONCON, Paulo Fernando and MUNHOZ, Sarah. Estudantes de
enfermagem têm perfil empreendedor?. Rev. bras. enferm. [online]. 2009,
vol.62, n.5, pp. 695-700.