Em 3 frases ou menos:
1) O documento é um resumo de um livro de Charles Spurgeon sobre como o evangelho deve ser simples para que todos possam entendê-lo, incluindo os menos instruídos.
2) Argumenta que Deus revelou o evangelho de forma simples para que todos, inclusive crianças, idosos e pessoas com deficiência mental, possam compreendê-lo e ser salvos.
3) Defende que a simplicidade do evangelho permitiu que muitas almas fossem salvas ao longo da história.
Um evangelho simples para gente simples - Spurgeon
1. Um Evangelho
Simples para Gente
Simples
Por Charles H. Spurgeon (1834-1892)
Traduzido, Adaptado e
Editado por Silvio Dutra
Ago/2017
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S772
Spurgeon,Charles Haddon – 1834;1892
Um evangelho simples para gente simples – Charles H.
Spurgeon
Tradução, adaptaçãoe ediçãoporSilvioDutra – Rio de
Janeiro, 2017.
14p.; 14,8 x 21cm
1. Teologia. 2. Vida Cristã 3. Graça 4. Fé. 5. Alves,
Silvio Dutra I. Título
CDD 230
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“Porque este mandamento que hoje te ordeno, não
é demasiado difícil, nem está longe de ti. Não está
nos céus, para dizeres: Quem subirá por nós aos
céus, que no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que
o cumpramos? Nem está além do mar, para
dizeres: Quem passará por nós além do mar, que
no-lo traga, e no-lo faça ouvir, para que o
cumpramos? Pois esta palavra está mui perto de
ti, na tua boca, e no teu coração para a cumprires.”
(Deuteronômio 30.11-14).
Quando Deus se digna falar com o temeroso
indivíduo que o busca, não o faz da maneira de um
doutor difícil de compreender, senão à maneira de
um pai com seu filho, desejoso que seu filho
conheça imediatamente o que está em sua mente
de pai. Faz o caminho muito fácil para que o
viajante, ainda que não seja muito inteligente, não
se equivoque ao percorrê-lo. Ele explica seus
grandes pensamentos de maneira adequada para
nossas limitadas capacidades. Ele tem compaixão
do ignorante, e se converte no mestre das crianças.
Verdadeiramente o conhecimento que o Senhor
nosso Deus nos concede é sublime, porém sua
maneira de ensiná-lo é simples porque Ele nos traz
mandamento sobre mandamento, e linha sobre
linha, um pouquinho ali, e um pouquinho aqui.
Ele não vem a nós com reservas, senão que se
inclina aos homens de humilde condição, e
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enquanto Ele esconde estas coisas ao sábio e
prudente ele as revela aos pequeninos: “Sim, Pai,
porque assim foi do teu agrado.”
Recordem meus irmãos que nosso Senhor tem
cuidado de que não haja provisão alguma para o
orgulho dos homens. Ele odeia da mesma maneira
mais do que qualquer outro tipo de orgulho, o
orgulho do intelecto. Nenhuma carne se
glorificará em Sua presença. Ele apanha o
orgulhoso em sua própria astúcia, enquanto que
eleva ao humilde e ao manso, por isso, podemos
esperar que fale em termos claros a pastores e
pescadores, a quem outros consideram incultos e
ignorantes, para que os homens sábios deste
mundo não se exaltem sobre os mais humildes.
Não é desígnio do Todo-poderoso Senhor que
uma classe de pessoas, que se considera superior,
monopolize as bênçãos do evangelho afirmando
que as verdades da revelação estão envoltas em
termos cultos que as pessoas sem educação não
podem entender. Os diversos sistemas de idolatria
têm buscado cercar seus falsos ensinos com
segredos místicos, porém a palavra de nosso Deus
é reveladora de coisas ocultas desde a fundação do
mundo, e podemos estar seguros que quando Deus
trata com os homens não fará nada que permita à
sabedoria humana que se jacte de si mesma.
Ninguém receberá a glória por considerar que,
depois de tudo, sua cultura era a coisa necessária
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para que o evangelho de Deus fosse efetivo. A
filosofia não porá sua tenda na terra de Emanuel
exclamando: “Eu sou, e não há outra além de
mim”. É o modo de Deus inclinar-se ao humilde e
contrito, que faz com que sua salvação seja a
alegria dos humildes.
Também podemos esperar simplicidade quando
recordamos a intenção do plano da salvação. Deus
quer claramente, por meio do evangelho, a
salvação dos homens. Nos é pedido para pregar o
evangelho a toda criatura. Era necessário um
evangelho, simples para que fosse pregado a toda
criatura. Dou graças a Deus com todo meu
coração que o sábio aqui é posto no mesmo nível
que um menino, porque o evangelho deve ser
recebido por ele como uma criança o recebe. A
graça que Deus dá à pessoa menos educada de
qualquer aldeia, é tão capaz de recebê-lo quanto o
mais profundo erudito na universidade. Quisera
algum de vocês que fosse de outra maneira?
Poderiam ser tão inumanos? Deve o evangelho
estar limitado a uma aristocracia? Acaso as
poucas pessoas cultas devem ser gratificadas às
expensas da ruína das massas?
A palavra de vida está dirigida aos homens como
pecadores e não como filósofos, e por isso a
mensagem é simples e clara. Ademais,
esperaríamos que o evangelho seja muito simples,
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pelas muitas mentes débeis que seriam incapazes
de recebê-lo, caso não fosse simples. Lembrem
aos meninos: Quão felizes somos porque nossos
jovens podem conhecer ao Salvador que disse:
“deixai as criancinhas e não as impeçais de vir a
mim”!. Se para sua salvação nossas crianças
tivessem que ser teólogos eruditos, se antes de
poder conhecer ao Senhor tivessem que entender
as discussões de nossas publicações teológicas,
estariam seguramente numa terrível situação.
Teríamos que fechar nossas escolas dominicais,
convencidos de que as crianças devem perecer, ou
quando menos, esperar até que cheguem à
maioridade. Isto lhe agradaria? Estou certo que
não, penso que prefeririam ajudar a reunir as
ovelhas.
Recordem também, que muitas pessoas padecem
de debilidade mental em sua velhice. Quantos que
demonstraram uma grande força intelectual em
seus anos de maturidade encontram suas
faculdades começando a falhar conforme
aumentam seus anos. Queremos um evangelho
que um ancião possa entender quando a vista e o
ouvido lhe falharem, quando se lhe debilitar a
memória, e quando ficar débil o seu juízo.
Queremos um evangelho que possa se estender à
segunda infância, pois, se não, nossos anciãos
sentirão falta do bastão no qual se têm apoiado por
tanto tempo, e outras pessoas de avançada idade
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que têm chegado à última hora sem fé em Jesus
devem ser abandonadas em seu desespero.
Alguém quer que seja assim? Nenhum de nós o
deseja.
Lembrem também que muitas pessoas que
possuem mentes débeis, não são necessariamente
atrasados mentais, porém não têm a categoria de
intelectuais; não carecem de pensamento e razão,
porém têm um alcance de entendimento muito
limitado. Eles devem ser lançados fora por causa
de um evangelho complicado e filosófico? Não
podemos pensar isso. Nós podemos dar
testemunho de ter conhecido a muitas pessoas
fortes na fé, que dão glória a Deus, e muito bem
instruídas na doutrina divina, que têm sido
desprezadas completamente pelo juízo de
intelectos presunçosos. O evangelho de nossa
salvação salva da mesma maneira ao de mente
débil quanto ao inteligente. Não está bem que seja
assim? O Senhor tem dado um evangelho que
muitos podem entender ainda que não possam
chegar a compreender nenhuma outra coisa.
Que pensam meus amigos, que ocorreria com os
moribundos se o evangelho fosse complexo e
enredado? Como obteriam consolo os santos na
hora de sua morte em meio de um labirinto de
mistérios? Há ocasiões que nos chamam para
visitar pessoas que estão em seus últimos
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momentos, enfrentando o juízo sem Deus e sem
esperança. É uma situação triste. É sempre um
motivo para que nos ponhamos a tremer, quando
temos que tratar a um impenitente nas fronteiras
do mundo eterno. Porém não visitaríamos outro
leito de enfermo, pois não poderíamos falar com
esperança a nenhum moribundo, se não
pudéssemos levar-lhe um evangelho, que possam
entender aqueles cujas mentes estejam aturdidas
em meio das sombras da tumba. Necessitamos de
um evangelho que um homem possa receber igual
ao modo pelo qual se toma um remédio, ou ainda,
melhor, como se toma um copo de água fria que
lhe dá a enfermeira que está junto à sua cama.
Esperaríamos, pois, do objetivo do evangelho que
é salvar a muitos, incluindo os menos inteligentes,
que deve ser muito simples, e assim o
encontramos.
Os escolhidos por Deus (aqueles que creem em
Cristo) são usualmente pessoas de mente honesta
e sincera, que estão mais desejosos de crer do que
de discutir. O Espírito Santo que tem aberto seus
corações, não os tem feito sutis, e amigos de andar
buscando argumentos. Não os tem posto na clave
musical da dúvida perpétua. Sem chegar nunca a
nada concreto: senão que os tem afinado para
outra nota, a saber, a inclinar seus corações a vir
ao Senhor Jesus, e escutar que suas almas podem
viver. Daí que a maioria dos que seguem a Jesus
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não está ansiosa de ser contada entre os sábios e
filósofos, preferem ser cristãos na revelação do
que espertos na especulação. Para nós o
conhecimento de Cristo crucificado é a ciência
mais excelente, e a doutrina da cruz a filosofia
mais elevada. Preferimos receber a palavra de
nosso Senhor como criancinhas do que ser
famosos como homens pensadores.
Descobrirão que aqueles que têm pregado o
evangelho com maior aceitação, sem importar
seus dons naturais e habilidades, têm sido quase
sempre pessoas que têm preferido recorrer a uma
grande simplicidade em sua linguagem. Têm
sentido que o evangelho é em si mesmo tão belo
que adorná-lo com adornos de pura aparência
seria um ato para desonrá-lo. Poderiam dizer com
Paulo: “Porém se nosso evangelho ainda está
encoberto, é entre os que se perdem que está
encoberto. Assim que, tendo tal esperança,
atuamos com muita confiança.” Não somos como
Moisés que colocava um véu no rosto. Os
verdadeiros servos de Deus retiram todos os véus
que possam, e se esforçam para mostrar um Cristo
claramente crucificado entre sua gente. Além do
mais, Deus tem se comprazido em reconhecer
quão apropriada é esta mensagem para a
conversão das almas. Toda a dispensação levítica
proclamava em alta voz que o homem tem pecado.
Todos os dez mandamentos retumbavam com esta
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verdade. Não poderiam evitar conhecê-lo. Era
evidente também que a salvação é pelo sacrifício.
Não passava nenhum dia sem o cordeiro da manhã
e o da tarde. Durante todo o ano havia sacrifícios
especiais por meio dos quais a doutrina da
expiação pelo sangue era declarada claramente.
Estava escrito como um raio de sol: “sem
derramamento de sangue não há perdão.” Era
evidente também a doutrina da fé; cada pessoa que
trazia um sacrifício poria sua mão sobre a vítima,
confessava seu pecado, e por esse ato transferia
seu pecado à oferta.
Dessa maneira se descrevia tipicamente a fé como
o ato pelo qual aceitamos a propiciação preparada
por Deus, e reconhecemos ao Substituto dado por
Deus. Também era claro para cada israelita que
esta limpeza não era o efeito dos próprios
sacrifícios que serviam de tipos, porque não os
teriam repetido ano após ano e dia após dia,
porque como bem disse Paulo, com a consciência
limpa, não se teria requerido um sacrifício
posterior. A recordação do pecado se repetia uma
e outra vez, para que Israel conhecesse que os
sacrifícios visíveis apontavam a uma autêntica
forma de limpeza, e estavam destinados a
apresentar o Cordeiro bendito de Deus que tira o
pecado do mundo.
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Igualmente claro deve ter sido para cada israelita
que a fé que traz o benefício do grande sacrifício
é uma fé prática e operativa que afeta a vida e o
caráter. Eram exortados continuamente a servir ao
Senhor com todo seu coração. Eram exortados à
santidade e se lhes advertia contra a transgressão
e se lhes ensinava a obedecer de coração os
mandamentos do Senhor. De maneira que, ainda
que a dispensação possa ser considerada uma
sombra comparada com o dia do evangelho, de
maneira real e positiva era suficientemente clara.
Ainda então “a palavra estava próxima” para eles,
“em sua boca e em seu coração.”
Se posso dizer isto da dispensação mosaica, posso
assegurar com energia que no evangelho de Cristo
a verdade é agora manifesta mais
abundantemente. Moisés trouxe luz de lua, porém
em Jesus se tem levantado o sol, e nos alegramos
em seus raios do meio dia. Irmãos, benditos são os
nossos olhos porque veem e nossos ouvidos
porque ouvem coisas que profetas e reis
desejaram em vão ver e ouvir. Agora nosso
Senhor fala claramente, e não utiliza parábolas.
Em nossas ruas ouvimos o evangelho e não
teremos necessidade de subirmos ao céu nem
buscar por todos os lados no mar para encontrá-
lo. Neste dia ouvimos a cada homem falar em seu
próprio idioma, acerca das maravilhosas obras de
Deus.
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Moisés também acrescentou: “e em teu coração”.
Para os hebreus, coração não significa os afetos,
senão os elementos internos, que incluem o
entendimento. Meus queridos ouvintes, vocês
podem entender o evangelho. Quem crê no Senhor
Jesus será salvo, não é uma frase obscura. A
salvação pela graça por meio da fé é uma doutrina
tão evidente como o nariz no rosto. Que Jesus se
entregou Ele mesmo para morrer no lugar dos
homens, para que quem cresse nEle não
perecesse, senão que tivesse vida eterna, é algo
que pode ser entendido pelo menos educado dos
homens sob o céu. Ademais, as doutrinas do
evangelho são tais que nossa natureza interna dá
testemunho da verdade delas. Quando pregamos
que os homens são pecadores, a consciência de
vocês diz: “É verdade”. Quando declaramos que
há salvação pelo sacrifício, o entendimento de
vocês está de acordo com o fato de que este é um
modo gracioso pelo qual Deus é justo, e ao mesmo
tempo justificador do que tem fé. Ainda se não são
salvos pela Palavra, não podem deixar de dizer
que é um sistema digno de Deus, que quis salvar
por meio do dom de seu Filho Unigênito como
sacrifício pelo pecado. Se o creem, este evangelho
será tão simplesmente verdadeiro que cada parte
da natureza de vocês testificará disso.
O evangelho não contém nem dificuldades nem
obscuridades exceto as que nós mesmos criamos.
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O que consideramos como obscuridade é na
realidade nossa própria cegueira. Se não crês no
evangelho, por que é que não crês nele? Se apoia
na melhor evidência, e em si mesmo é
evidentemente verdadeiro. A razão da tua
incredulidade está em parte na tendência natural
do homem para o legalismo. A natureza humana
não pode crer na graça imerecida. Está
acostumada a comprar e vender, e por conseguinte
deve trazer um preço em sua mão, ter tudo por
nada parece impossível. A noção de um salário
que deve ser ganho é bastante natural, porém que
a vida eterna é o dom de Deus não se percebe
facilmente, e contudo é assim.
Termino dizendo que o objetivo desta
simplicidade e proximidade do evangelho é para
que o recebamos. Observem como o texto o
expressa claramente: “Pois esta palavra está mui
perto de ti, na tua boca, e no teu coração para a
cumprires.”. Para que a cumpras. Vocês que têm
abertas suas Bíblias notarão que os versículos
doze e treze terminam com “a fim de que a
cumpras”, mas o quatorze com “para que a
cumpras”. A finalidade de ouvir é cumprir. E no
final se ordena que seja cumprido. Se têm sido até
aqui apenas ouvintes, agora então cumpram.
Façam-no! O evangelho não é enviado aos
homens para satisfazer sua curiosidade. Cristo não
veio para nos divertir, mas para nos redimir. Sua
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palavra não está escrita para nosso assombro,
porém “estas coisas têm sido escritas para que
creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e
para que crendo tenhais vida em seu nome.”
O evangelho nos é enviado como maná para o dia
de hoje, para ser comido imediatamente. Não deve
ser guardado para o dia seguinte.
Quão dura e néscia é a vontade do homem. Requer
a graça todo-poderosa para trazê-lo ao ponto de
aceitar sua própria salvação. Levar alguém a
aceitar a Cristo como Salvador requer um milagre
da graça.
Outra vez digo, a dificuldade não está no
evangelho, senão no homem cujo coração
perverso não quer receber o dom mais escolhido
do céu. Se tu estás desejoso de ter a Cristo, Cristo
é teu. O fato de que estás desejoso de recebê-lo
prova que Ele tem vindo a ti. Crê que é teu e tenha
a paz. Se tu queres inclinar-te diante de Cristo, e
recebê-lo de agora em diante para que seja teu
Salvador, serás salvo.