O documento discute quatro tipos de conhecimento - empírico, teológico, filosófico e científico - e fornece dicas para leitura e estudo eficientes. Explica que o conhecimento empírico vem da experiência sensorial, o teológico da palavra divina, o filosófico da reflexão crítica e o científico da investigação metódica e avaliação por pares.
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Tipos de conhecimento e dicas para leitura acadêmica
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Tema – Alguns Tipos de Conhecimento
Projeto Pós-Graduação
Curso Núcleo Comum
Disciplina Metodologia Científica
Tema Alguns Tipos de Conhecimento
Professor Anderson Novello
Introdução
Neste tema, vamos conhecer alguns tipos de conhecimento, como o
empírico, o teológico, o filosófico e o científico, vamos entender também como
obtemos o conhecimento, dando algumas dicas para ler e estudar, e
terminaremos explicando a eficiência na leitura acadêmica. Então, vamos
começar?
Boa aula!
Conhecimentos
Conhecimento empírico
Você sabe o que é o conhecimento empírico? Já ouviu falar?
Bom, o conhecimento empírico é aquele que usa nossas experiências
sensoriais como meio para obter informação e, por isso, não depende de
nenhum estudo prévio. Podemos dizer, então, que é o que vemos e ouvimos
sem a ajuda de aparelhos, o que tocamos com nossos dedos, o que cheiramos
e o que provamos, ou seja, o que experimentamos com nossos corpos.
Também é conhecimento empírico o que vivenciamos, o que nos é
ensinado pela nossa cultura ancestral. O começo do aprendizado humano é
sempre empírico; o bebê que pega os objetos, sacode, põe na boca, cheira e
morde está obtendo seu primeiro aprendizado, coletando informações
sensorialmente.
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O conjunto dos conhecimentos que obtemos empiricamente por meio da
cultura na qual estamos inseridos e das experiências atuais que continuam a
ocorrer é comumente chamado de senso comum, sendo algumas de suas
características:
A ausência de investigação profunda ou detalhada;
A presença, a difusão e a tendência ao favorecimento da permanência de
preconceitos;
O método da tentativa e do erro;
A tomada de decisões baseada em tradições passadas por meio das
gerações e/ou costumes.
Senso comum, portanto, é o conjunto do que aprendemos e usamos no
dia a dia, sem necessidade de avaliar ou aprofundar o conhecimento, variando
de acordo com os diversos grupos culturais e sociais. Ainda assim, não deve ser
subestimado, pois é o nosso primeiro saber.
Conhecimento teológico
Independentemente da religião professada ou da divindade seguida, o
que caracteriza o conhecimento teológico é a forma de obtenção de respostas:
por meio da palavra divina. No conhecimento teológico, não estão em jogo a
comprovação, a replicação ou a refutação, pois não há como aferi-lo, refutá-lo
ou testá-lo. Além disso, baseia-se em um arcabouço de crenças, dogmas e
ensinamentos que devem ser aceitos como verdade, sem questionamentos.
O conhecimento teológico é uma questão de fé, mas a que esse
conhecimento responde?
Responde a questões existenciais que não são passíveis de respostas a
partir de outros tipos de conhecimento, questões inexplicáveis como “o que
acontece com nosso pensamento depois da morte?”; com o corpo, a ciência
responde, mas e com a “alma” que anima esse corpo? Cada crença ou religião
fornecerá sua verdade e aceitar essa resposta é parte dessa fé religiosa.
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Conhecimento filosófico
Conhecimento baseado no raciocínio lógico, na reflexão. O precursor da
Filosofia foi Tales de Mileto, que viveu na Jônia, no século VI a.C., e depois dele,
Sócrates (469-399 a.C.), Platão (427-347 a.C.) e Aristóteles (384-322 a.C.)
foram os grandes difusores dessa forma de pensar, que segue até os dias de
hoje.
Mas qual a particularidade do pensamento filosófico?
Basicamente, o pensamento filosófico ensina a pensar; seu método é a
reflexão crítica e seu objetivo é, como em todas as outras formas de
conhecimento, a busca do saber. Entretanto, a forma de alcançar esse saber
baseia-se na razão e na reflexão crítica, como explica Fachin (2006, p. 11) “a
reflexão traz, sobretudo, uma crítica analítica e sistemática em torno de todas as
coisas, objetos reais, e sobre as questões ideais que envolvem o pensamento e
a ação humana”.
Filosofar, portanto, é refletir criticamente sobre o observado ou o
idealizado, usando a razão para avaliar se faz sentido, se tem lógica. Não se
buscam informações apenas sobre o observado, visa-se também educar a
mente para o raciocínio lógico, pois filosofar é pensar.
Conhecimento científico
O conhecimento científico baseia-se na abordagem sistemática dos
fenômenos a serem investigados e necessita de aprendizado superior para seu
exercício. Com o intuito de facilitar a apreensão dos fenômenos, a ciência foi
segmentada em diversas áreas do conhecimento (Medicina, Botânica,
Engenharia, Sociologia, Psicologia etc.) e cada uma delas produz seus métodos
e ferramentas para pesquisa e construção de seu conhecimento.
Além da abordagem metodológica e da segmentação, o conhecimento
científico também só é considerado válido depois que suas descobertas são
submetidas aos pares, para avaliação, refutação ou confirmação. Tanto os
resultados quanto os procedimentos utilizados na obtenção das informações
sofrem meticuloso escrutínio. Sendo assim, só depois da confirmação da
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adequação do trabalho os resultados podem ser considerados válidos e
incluídos no conjunto dos conhecimentos humanos.
Obtendo conhecimentos
Dicas para ler e estudar
O primeiro item necessário para escrever um bom texto é você ter um rico
vocabulário, e a forma de se obter um bom vocabulário é lendo. Preste atenção
ao que lê; não leia só artigos e livros da sua área; separe um tempo de lazer
para ler literatura também.
Procure ler bons autores, pois eles, certamente, tem um bom vocabulário,
e caso encontre palavras que não conhece, procure em um dicionário. Com os
vários dicionários on-line disponíveis, não há desculpa para deixar de fazê-lo,
não é mesmo?
Dicionário Michaelis: <http://michaelis.uol.com.br/>;
Dicionário da Língua Portuguesa Online – Priberam:
<http://www.priberam.pt/DLPO/>;
Dicionário do Aurélio Online – Dicionário da Língua Portuguesa:
<http://www.dicionariodoaurelio.com/>;
Dicionário Houaiss: <http://houaiss.uol.com.br/>;
Dicionário de Sinônimos: <http://www.sinonimos.com.br/>;
Dicionário de Antônimos: <http://www.antonimos.com.br/>.
Fazer um glossário também ajuda a não esquecer aquela palavra nova
que aprendeu, por isso, procure no dicionário on-line, copie o significado e cole
em um arquivo “Glossário”, depois use essa palavra em algum texto, brinque
com ela, pois é importante que você tente escrever algo usando as palavras que
está aprendendo no processo. Não precisa ser um tratado ou uma novela, um
parágrafo já é suficiente, melhor ainda se tentar construir um parágrafo com mais
de uma delas. Desafie-se e se divirta!
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Para começar, procure livros que falem de assuntos do seu interesse, um
fato histórico, uma biografia de um atleta ou músico de sua preferência. Procure
também ler autores que escrevam em estilos diferentes; leia livros de crônicas,
especialmente as que falam do cotidiano, pois, em geral, são leves, divertidas,
brincalhonas.
Dica: aprender se divertindo é a melhor forma!
Obviamente, além dessas leituras nas horas de lazer, você deverá ler toda
bibliografia necessária para seu trabalho, uma vez que sem leitura não há como
elaborar um artigo científico.
Eficiência na leitura acadêmica
Para otimizar suas leituras, marque, sublinhe e faça anotações das partes
que considerar essenciais dos livros e que podem vir a ser citações em seu
artigo. Na sequência, faça uma ficha com os dados do livro e copie essas partes
marcadas, juntamente com a indicação do número da página. Feitas as fichas,
agrupe-as em pastas por assunto para encontrar com rapidez as fontes e as
citações para cada parte de seu artigo.
Para facilitar sua compreensão, no trabalho “Avaliação da frequência de
Drosophila polymorpha (Dobzhansky & Pavan, 1943) e do seu polimorfismo de
pigmentação abdominal em coletas de Drosophilidae na Ilha de Santa Catarina
e ilhas vizinhas”, na tentativa de caracterizar seu campo e fundamentar suas
análises, a pesquisadora precisou usar fontes bibliográficas que abrangessem:
Estudo de populações de Drosophila;
Genética;
Clima;
Vegetação;
Geografia das ilhas.
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Já no trabalho “Análise socioambiental do morro da Mariquinha – Maciço
Central de Florianópolis”, as fontes bibliográficas utilizadas deveriam dar suporte
a análises sobre:
Morfologia do terreno;
Demografia;
Camadas de renda;
Escolarização;
Necessidades básicas da população;
Serviços públicos básicos;
Geografia.
Portanto, criar pastas que separem os fichamentos das suas leituras em
microtemas, aqueles que farão parte do seu trabalho, facilita na hora de
encontrar o que precisa para a elaboração das suas análises e da redação do
seu texto. Fique atento!
Complemente o que leu aqui assistindo ao vídeo do professor Anderson
no material digital, ele explicará um pouco mais acerca dos tipos de
conhecimento.
Síntese
Vamos relembrar o que vimos no tema de hoje então?
Você deve lembrar que falamos sobre quatro tipos de conhecimento: o
empírico, o teológico, o filosófico e o científico, e todos eles são importante a sua
maneira em nossas vidas. Depois, explicamos como obter o conhecimento e, por
fim, estudamos a eficiência na leitura acadêmica.
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Referências
ABRAHAMSOHN, P. Redação científica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2009. 270 p.
BELL, J. Projeto de pesquisa: guia para pesquisadores iniciantes em educação,
saúde e ciências sociais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008. 224 p.
BOBÁNY, D. de M.; MARTINS, R. R. C. Do textual ao visual: um guia completo
para fazer seu Trabalho de Conclusão de Curso. Rio de Janeiro: Novas Ideias,
2008. 96 p.
DYNIEWICZ, A. M. Metodologia da pesquisa em saúde para principiantes.
2. ed. São Caetano do Sul: Difusão Editora, 2009. 208 p.
ECO, U. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1983. 176 p.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
176 p.
RUDIO, F. V. Introdução ao projeto de pesquisa científica. Petrópolis: Vozes,
1986. 144 p.
RUIZ, J. A. Metodologia científica: guia para eficiência nos estudos. 6. ed. 7.
reimpr. São Paulo: Atlas, 2013. 180 p.
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Atividades
No que diz respeito ao conhecimento empírico, analise as alternativas e
assinale a verdadeira.
a. Corresponde àquele conhecimento oriundo dos nossos sentidos, os
quais funcionam como meio para obtenção de informação.
b. O conhecimento advindo da nossa cultura ancestral não é considerado
empírico.
c. A iniciação do conhecimento pelo ser humano raramente é empírico.
d. Obter conhecimento sensorialmente implica adquirir informações
exclusivamente pelo tato.
Acerca do conhecimento teológico, marque a afirmativa falsa.
a. A obtenção de respostas dá-se por meio da palavra divina.
b. Apesar de dispensar comprovação, o conhecimento teológico
pressupõe o mínimo de bom senso para ser aceito pela comunidade
científica.
c. O conhecimento teológico busca dar respostas a questões existenciais,
as quais não são passíveis de serem respondidas por outros tipos de
conhecimento.
d. No conhecimento teológico, não estão em jogo a comprovação, a
replicação ou a refutação.
Sobre o conhecimento filosófico, marque a alternativa errada.
a. Filosofar implica refletir, usando a emoção, sobre o observado ou o
idealizado.
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b. Com o conhecimento filosófico não se buscam apenas informações
sobre o observado, mas, também, se pretende educar a mente para o
raciocínio lógico, para o ato de pensar.
c. O pensamento filosófico, por meio da reflexão crítica, ensina a pensar.
d. O precursor da Filosofia foi Tales de Mileto, que viveu na Jônia, no
século VI a.C.
Relativamente ao conhecimento científico, avalie as alternativas e marque
a incorreta.
a. Os resultados e procedimentos utilizados na obtenção das informações
passam por minuciosa investigação.
b. O conhecimento científico apresenta abordagem metodológica e, para
facilitar a apreensão dos fenômenos, também é segmentado.
c. Com o intuito de facilitar a apreensão dos fenômenos, a ciência foi
segmentada em diversas áreas do conhecimento e cada uma delas
produz seus métodos e ferramentas para pesquisa e construção de seu
conhecimento.
d. O conhecimento científico não depende de avaliação, refutação ou
confirmação de outros estudiosos.
A respeito da eficiência da leitura acadêmica, analise as proposições a
seguir e identifique a alternativa correta.
I. A realização de uma leitura dinâmica prévia contribui para a apreensão
mais eficiente das ideias do autor.
II. Marcar, sublinhar e fazer anotações nas partes que o leitor considera
mais importantes auxilia a otimizar a leitura.
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III. O agrupamento das fichas de leitura em pastas por assunto ajuda o
leitor a encontrar as fontes e citações com maior eficácia e agilidade.
a. Apenas a proposição III é verdadeira.
b. As proposições I e II são verdadeiras.
c. As proposições I e III são verdadeiras.
d. As proposições II e III são verdadeiras.
Veja o gabarito das questões no material on-line.