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Regina Célia Veiga da Fonseca
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-2553-4
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2011
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Célia Veiga da Fonseca. — Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2011.
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1. Ciência - Metodologia. 2. Pesquisa. 3. Redação técnica. 4. Metodologia. 5.
Trabalhos científicos. I. Título.
CDD 001.42
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Mestre em Engenharia de Produção com concentração em Mídia
e Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC). Graduada em Letras Português-Inglês pela Universidade
Tuiuti do Paraná (UTP). Graduada em Psicologia pela UTP. Profes-
sora de Metodologia Científica e Comunicação Empresarial em
cursos de graduação e pós-graduação. Seus estudos e pesquisas
situam-se no âmbito das Ciências Sociais Aplicadas, Humanas e
da Saúde.
Regina CéliaVeiga da Fonseca
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Sumário
O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento...9
A base do pensamento evolutivo......................................................................................................... 9
O raciocínio lógico ...................................................................................................................................10
Raciocínio dedutivo..................................................................................................................................11
Raciocínio indutivo...................................................................................................................................11
O conhecimento de senso comum ....................................................................................................12
O conhecimento científico ...................................................................................................................13
A metodologia científica........................................................................................................................14
O método científico e a pesquisa.....................................................................19
Método experimental..............................................................................................................................20
O caráter provisório da ciência.............................................................................................................21
Pesquisa........................................................................................................................................................21
O tema de uma pesquisa, problema, hipóteses e variáveis...................27
A escolha do tema....................................................................................................................................27
Predicados de um bom tema................................................................................................................28
Como formular um problema?.............................................................................................................29
Como construir hipóteses?....................................................................................................................30
Variáveis........................................................................................................................................................30
Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados...........................35
Método quantitativo ...............................................................................................................................35
Método qualitativo ..................................................................................................................................35
Coleta de dados.........................................................................................................................................36
Estrutura de um projeto e técnicas de leitura.............................................45
Elementos geralmente usados em um projeto de pesquisa.....................................................46
Técnicas de leitura.....................................................................................................................................50
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Apresentação
Prezado aluno,
A Metodologia Científica procura colocar à sua disposi-
ção um conjunto de diretrizes para auxiliá-lo na tarefa de
pesquisa em diferentes conteúdos científicos, na coleta e
organização de dados, na elaboração e na apresentação
de textos científicos.
Espera-se que, a partir da teoria aqui apresentada, você
possa reconhecer a importância da Metodologia Cientí-
fica como um facilitador do pensamento científico sob
todos os aspectos, além de identificá-la como base para
a atividade profissional que, por definição, precisa ser
ordenada, metódica e lógica.
Como resultado disso, esta obra caracteriza-se com uma
apresentação simples, clara e lógica, a fim de favorecer
o desenvolvimento de competências que melhorem a
capacidade de pensar e agir com cientificidade, seja no
âmbito acadêmico ou profissional.
Esta obra começa falando sobre a base do pensamento
evolutivo, que teve início com a curiosidade inata da
natureza humana, e foi se aprimorando com o passar dos
séculos, encantando o homem com a vastidão do que
pode ser conhecido no mundo.
Em seguida, apresenta algumas diretrizes para a organi-
zação desse pensar e as regras estabelecidas para tornar
possível, tanto a ordenação quanto o repasse desse
conhecimento acumulado para todos que por ele se inte-
ressarem. Isso é a Metodologia Científica!
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O pensamento evolutivo:
metodologia, raciocínio e conhecimento
A base do pensamento evolutivo
A partir do momento em que o homem tomou conhecimento de sua existência no
mundo, começou a explicar os fenômenos com os quais se deparava constantemente.
Inicialmente, o fez de uma forma intuitiva, criando mitos para justificar aquilo que não
compreendia. Durante algum tempo, essas explicações bastaram ao homem, porém,
a sua capacidade pensante fez surgir nele a necessidade de uma outra explicação, que
fosse racional, sobre si próprio, sobre o mundo e os seus inúmeros fenômenos.
Dessa necessidade nasceu a filosofia, na Grécia, por volta do século VI a.C.
Por meio de um longo processo histórico, ela surgiu promovendo a passagem daque-
le saber intuitivo e superficial para um saber racional e mais seguro. Isso, no entan-
to, aconteceu sem o rompimento brusco com todos os conhecimentos do passado.
Assim, durante muito tempo, os primeiros filósofos gregos compartilharam de diversas
crenças míticas, enquanto desenvolviam o conhecimento racional que caracterizaria a
filosofia.
O homem queria uma nova explicação para o mundo, por isso partiu em busca de
verdades decorrentes de um pensamento lógico e coerente. Essa busca o tornou cada
vez mais exigente com o conhecimento que adquiria e transmitia.
No início, o saber filosófico designava a totalidade do conhecimento racional de-
senvolvido pelo homem. Abrangia os mais diversos tipos de conhecimento que hoje
entendemos como pertencentes à Matemática, à Astronomia, à Física, à Biologia, à
Lógica, à Ética etc. Todo o conjunto dos conhecimentos racionais integrava o universo
do saber filosófico.
Com o passar dos anos, muitos desses conhecimentos foram conquistando auto-
nomia e se desprenderam do saber filosófico. Assim, essas ciências passaram a direcio-
nar suas investigações a certos campos delimitados da realidade, e o fazem ainda hoje
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Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento
de forma cada vez mais“localizada”. Esse processo continua evoluindo, de tal maneira,
que o mundo atual caracteriza-se como a“era dos especialistas”. Essa especialização, no
entanto, também pode constituir-se num problema, pois conduz a uma pulverização
do saber e à perda da visão mais ampla do conhecimento humano (COTRIM, 1999).
Hoje, o homem busca um conhecimento que, além de ser verdadeiro, deve ser
específico nas diferentes áreas de interesse.
Todo o acúmulo e a especificidade do conhecimento geram a necessidade, cada
vez maior, de que o estudioso utilize mecanismos que facilitem e colaborem com o seu
trabalho de investigação, para que o conhecimento a ser adquirido possa estar cada
vez mais próximo da verdade.
O raciocínio lógico
O raciocínio lógico é a arte de bem pensar e, de acordo com Hegel (apud CHAUÍ,
1998, p. 80), “de modo algum podemos renunciar ao pensamento”. Para se ter uma
ideia mais clara a respeito de raciocínio lógico, vejamos, sinteticamente, o que é racio-
cínio e o que é lógica.
O raciocínio é um processo mental que consiste em encadear logicamente dois
ou mais juízos antecedentes, em busca de um juízo novo, denominado conclusão ou
inferência. Em lógica, tem o nome de argumentação, que é um tipo de operação dis-
cursiva do pensamento. A argumentação consiste em encadear logicamente juízos e
deles tirar uma conclusão. Tradicionalmente, dividimos os argumentos em dois tipos:
os dedutivos e os indutivos.
A lógica é uma parte da filosofia, é a ciência do pensamento. Sua definição geral
pode ser a seguinte:“ciência que tem por objetivo determinar, por entre todas as ope-
rações intelectuais que tendem para o conhecimento do verdadeiro, as que são váli-
das, e as que não o são”(COTRIM, 1999, p. 303).
ParaofilósofogregoAristóteles(séc.IVa.C.)alógicaéuminstrumentoparapensar
melhor e, embora alguns filósofos anteriores a ele tenham estabelecido algumas leis
do pensamento, nenhum o fez com tal amplitude e rigor. Por essa razão,“a lógica aris-
totélica permaneceu através dos séculos até os nossos dias”(ARANHA; MARTINS, 1999,
p. 85). Essas contribuições foram incorporadas e desenvolvidas pelos modernos méto-
dos da lógica matemática ou simbólica.
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Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento
Raciocínio dedutivo
É o argumento cuja conclusão é inferida necessariamente de duas premissas. É
o raciocínio que nos permite tirar, de uma ou várias proposições, uma conclusão que
delas decorre logicamente. A Matemática, por exemplo, usa predominantemente pro-
cessos dedutivos de raciocínio.
O argumento dedutivo é aquele que se desenvolve de premissas gerais para
chegar a uma conclusão particular. Exemplo:
Premissa A: Todos os homens são mortais.
Premissa B: Epaminondas é homem.
Conclusão: Logo, Epaminondas é mortal.
A conclusão particular de que Epaminondas é mortal é necessária porque deriva
das premissas anteriores de que “todos os homens são mortais” e de que “Epaminon-
das é homem”.
Raciocínio indutivo
É o raciocínio ou forma de conhecimento pelo qual passamos do particular ao
universal, do especial ao geral, do conhecimento dos fatos ao conhecimento das leis.
O argumento indutivo é aquele que parte de proposições particulares para chegar
a uma conclusão geral. Exemplo:
Proposição A: O cobre, o zinco e a prata conduzem energia.
Proposição B: Ora, o cobre, o zinco e a prata são metais.
Conclusão: Logo, todo metal é condutor de energia.
Partindodaobservaçãoeanálisedosfatosefenômenos,podemoselaborarproposiçõesparticulares
verdadeiras.Combasenessasproposições,oargumentoindutivotendeachegaraconclusõesgerais
apenas provavelmente verdadeiras, mas não seguramente verdadeiras. (COTRIM, 1999, p. 312)
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Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento
Chauí (1998, p. 67) diz que a “indução realiza um caminho exatamente contrário
ao da dedução. Com a indução partimos de casos particulares iguais ou semelhantes e
procuramos a lei geral, a definição geral ou a teoria geral que explica e subordina todos
esses casos particulares”.
O conhecimento de senso comum
O conhecimento de senso comum é a forma mais usual que o homem utiliza para
interpretarasimesmo,seumundoeouniversocomoumtodo.Essaproduçãodeinterpre-
tações significativas, isto é, esse conhecimento, é o do senso comum.Também é chamado
de conhecimento ordinário, popular, comum ou empírico (KÖCHE, 1997). O conhecimento
do senso comum é o“conhecimento do povo, obtido ao acaso, após inúmeras tentativas. É
ametódico e assistemático”(CERVO; BERVIAN, 1996, p. 7).
Esseconhecimentosurgecomoconsequênciadanecessidadedohomemderesol-
ver problemas imediatos, que aparecem na vida prática e decorrem do contato direto
com os fatos e fenômenos que vão acontecendo no dia a dia. Na idade pré-histórica,
por exemplo, o homem soube fazer uso das cavernas para abrigar-se das intempéries
e proteger-se da ameaça dos animais selvagens. Progressivamente, foi aprendendo a
dominar a natureza, inventou a roda, meios mais eficazes de caça e de pesca, canoas
para navegar nos lagos e rios, instrumentos para o cultivo do solo e tantos outros. O
uso da moeda, o carro puxado por animais, o uso de remédios caseiros utilizando ervas
hoje classificadas como medicinais, a fabricação de utensílios domésticos, o estabele-
cimento de normas e leis que regulamentavam a convivência dos indivíduos no grupo
social, são exemplos que demonstram como o homem evoluiu historicamente buscan-
do e produzindo um conhecimento útil gerado pela necessidade de produzir soluções
para os seus problemas de sobrevivência (KÖCHE, 1997).
Oconhecimentodosensocomuméoresultadodanecessidadederesolverosproble-
mas diários. Não é, portanto, programado ou planejado antecipadamente. À medida que
a vida vai acontecendo, ele se desenvolve, seguindo a ordem natural dos acontecimentos.
Nele,háumatendênciademanterosujeitoqueoelaboracomoumespectadorpassivoda
realidade, sem uma reflexão acerca do assunto. Por isso, o conhecimento do senso comum
caracteriza-se por ser elaborado de forma espontânea e instintiva. Segundo Buzzi (apud
KÖCHE, 1997, p. 24),“o conhecimento do senso comum é um viversemconhecer”.
Esse conhecimento permanece num nível superficial. Um viver sem conhecer sig-
nifica que o senso comum, quando busca informações e elabora soluções para os seus
problemas imediatos, não especifica as razões ou fundamentos teóricos que demons-
tram ou justificam o seu uso, sua possível correção ou confiabilidade, por não compre-
ender e não saber explicar as relações que há entre os fenômenos. No senso comum se
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Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento
utilizam, geralmente, conhecimentos que funcionam razoavelmente bem na solução
dos problemas imediatos, apesar de não se compreender ou de se desconhecer as
explicações a respeito de seu sucesso. Esses conhecimentos, pelo fato de darem certo,
­transformam-se em convicções, em crenças que são repassadas de um indivíduo para
o outro e de uma geração para a outra (KÖCHE, 1997).
O conhecimento científico
O “conhecimento científico vai além do empírico, procurando conhecer além do
fenômeno, suas causas e leis”(CERVO; BERVIAN, 1996, p. 7).
O conhecimento científico surge da necessidade de o homem compreender os
fenômenos de forma clara, o mais próximo da verdade. Ele sai de uma posição mera-
mente passiva. “Cabe ao homem, otimizando o uso da sua racionalidade, propor uma
forma sistemática, metódica e crítica da sua função de desvelar o mundo, compreendê-
-lo, explicá-lo e dominá-lo”(KÖCHE, 1997, p. 24). O autor diz,
o que impulsiona o homem em direção à ciência é a necessidade de compreender a cadeia de relações
que se esconde por trás das aparências sensíveis dos objetos, fatos ou fenômenos, captadas pela
percepção sensorial e analisadas de forma superficial, subjetiva e a crítica pelo senso comum. O
homemqueriralémdessaformadeverarealidadeimediatamentepercebidaedescobrirosprincípios
explicativos que servem de base para a compreensão da organização, classificação e ordenação da
natureza em que está inserido. Não é a simples organização ou classificação que caracterizam um
conhecimento científico, mas a organização e classificação sustentadas em princípios explicativos.
O catálogo de um bibliotecário é um trabalho de grande valor e utilidade, sem, contudo, poder ser
chamado de ciência.
Através desses princípios, a realidade passa a ser percebida pelos olhos da ciência
não de uma forma desordenada e fragmentada, como ocorre na visão subjetiva do
senso comum, mas sob o enfoque de um princípio explicativo que esclarece e pro-
porciona a compreensão do tipo de relação que se estabelece sobre os fatos, coisas
e fenômenos, unificando a visão de mundo. Nesse sentido, o conhecimento científico
é expresso sob a forma de enunciados que explicam as condições que determinam a
ocorrência dos fatos e dos fenômenos relacionados a um problema (KÖCHE, 1997).
O conhecimento científico é um produto resultante da investigação científica.
Surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem
prática da vida diária, característica do conhecimento do senso comum, mas do desejo
e da necessidade de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e cri-
ticadas através de provas empíricas. É um produto da necessidade de se alcançar um
conhecimento“seguro”.
Pode surgir como problema de investigação, também das experiências e crenças do senso comum
[...] A investigação científica se inicia quando se descobre que os conhecimentos existentes,
originários das crenças do senso comum, das religiões ou da mitologia, são insuficientes e
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Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento
impotentes para explicar os problemas e as dúvidas que surgem. A investigação científica é a
construção e a busca de um saber que acontece no momento em que se reconhece a ineficácia
dos conhecimentos existentes, incapazes de responder de forma consistente e justificável às
perguntas e dúvidas levantadas. (KÖCHE, 1997, p. 24)
A metodologia científica
A metodologia trata das formas de se fazer ciência. Cuida dos procedimentos, das
ferramentas e dos caminhos para se atingir a realidade teórica e prática, pois essa é a
finalidade da ciência (DEMO, 1985).
Quando nos decidimos a fazer ciência, é importante chegarmos a um determina-
do lugar, previamente proposto. Para tanto, a metodologia oferece vários caminhos.
Cabe ao estudioso, ao cientista, escolher e usar a alternativa mais adequada ao seu
trabalho.
É essencial entendermos a importância da metodologia para a formação do cien-
tista; ela é condição fundamental de seu amadurecimento como personalidade cientí-
fica. Quando o cientista segue um método específico, promove o espírito crítico, capaz
de realizar a autoconsciência do trajeto feito e por fazer. Também delimita sua criativi-
dade e sua potencialidade no espaço de trabalho. A ciência propõe-se a captar e mani-
pular a realidade assim como ela é. Segundo Demo (1985), a metodologia desenvolve
a preocupação em torno de“como”chegar a essa realidade.
Mais do que uma disciplina, a metodologia científica nos introduz no mundo
dos procedimentos sistemáticos e racionais, base da formação tanto do estudioso
quanto do profissional, pois ambos atuam, além da prática, no mundo das ideias.
Pode-se afirmar até que a prática nasce da concepção sobre o que deve ser realizado
e qualquer tomada de decisão fundamenta-se naquilo que se afirma como o mais
lógico, racional, eficiente e eficaz.
Os trabalhos científicos mais comuns são:
	Resenha.Resumocríticodedeterminadolivro.Geralmenteérequeridacomo
tarefa intermediária complementar a uma disciplina de curso ou é solicitada
como artigo para divulgação em publicações periódicas especializadas.
	Revisão bibliográfica. Discute as contribuições de vários autores sobre um
tema específico. Geralmente, é preparada logo após a conclusão do projeto
de pesquisa e poderá figurar como um capítulo do trabalho final.
	Projeto de pesquisa. É o planejamento da pesquisa propriamente dito, dele
constando elementos como delimitação, fontes, metodologia, cronograma,
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Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento
entre outros. É solicitado como a primeira etapa de qualquer pesquisa a ser
desenvolvida.
	Monografia. É o relato de uma pesquisa, geralmente escrita como tarefa
final de uma disciplina, de um curso de graduação ou de especialização.
	Dissertação. É o relato de uma pesquisa desenvolvida num projeto de
mestrado.
	Tese. É o relato de uma pesquisa desenvolvida num projeto de doutorado.
As diretrizes aqui apresentadas facilitam o procedimento na elaboração de tra-
balhos científicos. Presume-se, portanto, que a sua ausência dificulta o trabalho do es-
tudante, transtorna a tarefa dos professores, complica a catalogação e armazenagem
dos textos e prejudica a disseminação da informação. “Elas não devem ser tomadas
como uma ´camisa de força`, mas como um conjunto de orientações a serem seguidas”
(AZEVEDO, 2000, p. 10).
Síntese
	O estudo da Metodologia Científica estimula a reflexão, que propicia a des-
coberta da realidade que nos rodeia.
	Os fundamentos da Metodologia Científica fornecem instrumentos para a
comprovação de hipóteses que fazemos sobre a realidade.
	Os procedimentos em Metodologia Científica orientam-nos na análise e na
apresentação dos resultados da investigação científica.
Texto complementar
A coisa mais bela que o homem pode experimentar é o sentido do mistério. É
a fonte de toda verdadeira arte e de toda verdadeira ciência. Quem nunca experi-
mentou essa sensação, encontra-se como que morto: seus olhos estão fechados. [...]
Saber que aquilo, que para nós é impenetrável, existe realmente e se manifesta com
a mais alta sabedoria e a mais radiante beleza que os nossos pobres sentidos con-
seguem perceber somente em suas formas primitivas, essa consciência, esse senti-
mento, é a essência da verdadeira religiosidade.
Albert Einstein
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Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento
Atividades
Vídeo:1.	 A Guerra do Fogo (França/Canadá, 1981, 96 min.). Direção de Jean-
-Jacques Annaud. Por causa de uma briga, apaga-se o fogo de uma tribo pré-
-histórica, que só sabia conservá-lo, não reproduzi-lo. O filme apresenta as
principais hipóteses de evolução da humanidade a partir, ou em função, da
descoberta da tecnologia do fogo. Assista ao filme e reflita sobre a evolução
do homem.
Pense e discuta com os seus colegas:2.	
Qual é o sentido do ser humano pensar sobre seus problemas e seus ques-a)	
tionamentos?
É possível entender um problema sem saber a resposta dele?b)	
Existe um método para desvendar mistérios?c)	
Qual é a sua atitude diante do mistério?d)	
Referências
ARANHA, Maria L. A.; MARTINS, Maria H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed.
São Paulo: Moderna, 1999.
AZEVEDO, Israel B. O Prazer da Produção Científica. 8. ed. São Paulo: Prazer de Ler,
2000.
CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo:
McGraw-Hill do Brasil, 1983.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 1998.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 1999.
DEMO, Pedro. Introdução à Metodologia da Ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1985.
______ . Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 2001.
KÖCHE. José C. Fundamentos de Metodologia Científica: teoria da ciência e prática
da pesquisa. Petrópolis: Vozes, 1997.
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Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento
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O método científico e a pesquisa
Na Grécia Antiga, a palavra methodos significava “caminho para se chegar a um
fim”. Hoje, depois de tantos anos, o seu significado estendeu-se um pouco mais e vários
autores apresentaram diferentes definições para essa palavra. No entanto, o conceito
de método continua tendo uma ligação muito forte com o sentido grego original, e é
precisamente esse ponto que nos interessa: falar do método como um caminho para
se chegar a um fim.
Todos nós conhecemos muitos métodos. Eles fazem parte da nossa vida. Galliano
(1986, p. 4) diz que “qualquer pessoa civilizada é uma espécie de ilha cercada de mé-
todos por todos o lados, ainda que nem sempre tenha consciência disso”. Do momen-
to em que acordamos pela manhã, todas as nossas ações seguem métodos para que
possam ser realizadas adequadamente. Desde preparar uma refeição, dirigir um carro,
até estudar ou trabalhar, o método está sempre presente em nossas vidas.
O método, portanto, constitui um dos pontos centrais nas formas de conhecimen-
to do ser humano. Ao levarmos esse conceito para a aquisição do conhecimento em
ciência, teremos um método chamado científico. Este, por sua vez, caracteriza-se por
um conjunto de procedimentos racionais e pré-estipulados de que o pesquisador se
utiliza para atingir uma determinada meta.
Em linhas gerais, o método científico é um instrumento utilizado pela ciência na
sondagem da realidade e, para tanto, os cientistas adotam os seguintes passos:
proposição de uma pergunta;
formulação de uma hipótese (por indução);
testes por meio de experimentos ou de novas observações;
conclusões sobre a validade ou não da hipótese.
Existem vários tipos de métodos científicos, mas vamos analisar apenas um deles,
o método experimental.
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20
Ométodocientíficoeapesquisa
Método experimental
Emtese,ométodoexperimentalsecaracterizapelasseguintesetapas:observação,
hipótese, experimentação, generalização (lei e teoria). Na prática, porém, o processo não
se realiza necessariamente nessa ordem, podendo variar conforme as circunstâncias.
	Observação e hipótese – nem sempre o pesquisador começa o seu trabalho
pela observação dos fatos, para depois realizar a seleção de dados.
Entre os tantos fatos com os quais o pesquisador se depara, a questão mais impor-
tante é saber selecionar os mais relevantes. Ora, como considerar a relevância de um
fato, a não ser que já tenha algumas hipóteses preliminares orientando o seu olhar?
Portanto, observação e hipótese se acham sempre relacionadas de maneira recí-
proca. Se de início a hipótese orienta a seleção dos fatos, em outro momento da pes-
quisa ela tem o papel de reorganizar esses fatos, dando-lhes uma interpretação provisó-
ria como proposta antecipada de solução do problema.
A intuição e a“iluminação súbita”(insight) nas descobertas científicas são precedi-
das por longo trabalho e rigorosa elaboração conceitual. Além disso, para ser científica,
a hipótese precisa ser verificada e confirmada pelos fatos e validada pela comunidade
intelectual (ARANHA; MARTINS, 1999).
	Confirmação da hipótese – a verificação da hipótese é feita de inúmeras
maneiras, dependendo das técnicas disponíveis e também do tipo de ciência
considerado. Por exemplo, em Astronomia, a confirmação só se faz mediante
nova observação. Assim, outros tipos de ciência também terão suas formas
específicas de verificação das hipóteses.
	Generalização – caso a hipótese referente à elucidação de um fenômeno não
se confirme pela experimentação, o trabalho deve ser recomeçado. Somente
quando o resultado for positivo, será possível fazer generalizações ou formular
leis pelas quais são descritas as regularidades dos fenômenos.
A grande força do método científico está na possibilidade de descoberta das re-
lações constantes e necessárias entre os fenômenos. Assim, se estabelecem as leis que
permitem a previsibilidade da natureza.
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21
Ométodocientíficoeapesquisa
O caráter provisório da ciência
Apesar do rigor do método científico, não convém concluir que a ciência é um
conhecimento certo e definitivo. A ciência avança em contínuo processo de investi-
gação que supõe alterações e ampliações necessárias diante de novas situações e em
diferentes épocas. Assim, à medida que surgem fatos novos, ou quando são inventa-
dos outros instrumentos de investigação, a ciência vai se alterando e adaptando, pro-
piciando novos conhecimentos.
Pesquisa
A pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas. Assim, ela parte
de uma dúvida ou de um problema, buscando uma resposta ou solução, com o uso
do metódo científico. Pesquisa também é uma forma de obtenção de conhecimen-
tos e descobertas acerca de um determinado assunto ou fato. Existem vários tipos de
pesquisa:
Pesquisa bibliográfica
A pesquisa bibliográfica deve ser somada, necessariamente, a todo e qualquer
outro tipo de pesquisa ou trabalho científico, constituindo uma base teórica para o de-
senvolvimento de todo trabalho de investigação em ciência. Ela abrange toda biblio-
grafia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, bo-
letins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc.,
até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais:
filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo
o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências
seguidas de debates que tenham sido transcritas de alguma forma, quer publicadas
quer gravadas.
A pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre
certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem,
chegando a conclusões inovadoras. É necessário refletir sobre ela para que se possa
articular e correlacionar as informações obtidas com o objeto de estudo.
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Ométodocientíficoeapesquisa
Pesquisa documental
A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está
restrita a documentos, escritos ou não. Estas podem ser feitas no momento em que o
fato ou fenômeno ocorre, ou depois. São compiladas pelo autor. Exemplos: estatísticas,
cartas, contratos, fotografias, filmes, mapas etc.
Pesquisa descritiva
A pesquisa descritiva, conforme diz o próprio nome, descreve uma realidade tal
como esta se apresenta, conhecendo-a e interpretando-a por meio da observação, do
registro e da análise dos fatos ou fenômenos (variáveis). Ela procura responder ques-
tões do tipo“o que ocorre”na vida social, política, e econômica, sem, no entanto, inter-
ferir nessa realidade.
Os dados dessa pesquisa ocorrem em seu habitat natural. Eles precisam ser cole-
tados e registrados ordenadamente para seu estudo. A pesquisa descritiva pode ter os
objetivos de:
	familiarizar-se com um fenômeno ou descobrir nova percepção do mesmo;
	saber atitudes, pontos de vista e preferências das pessoas;
	conhecer a motivação das pessoas para determinadas ações;
	fazerumestudodecasosobreumdeterminadoindivíduo,comunidadeouempresa.
Pesquisa experimental
É aquela que manipula deliberadamente algum aspecto da realidade, a partir de
condições anteriormente definidas. Esse tipo de pesquisa busca estabelecer relações
de causa e efeito, ou seja, procura responder “por que” um fenômeno ocorre. Para de-
senvolver uma pesquisa experimental é preciso ­realizar um experimento, que deverá
acontecer em ambiente natural (pesquisa de campo), ou em laboratório (pesquisa de
laboratório).
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Ométodocientíficoeapesquisa
Pesquisa de campo
Esse tipo de pesquisa consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocor-
rem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis
que se presumem relevantes para os analisar. Não deve ser confundida com a simples
coleta de dados.
O objetivo da pesquisa de campo é conseguir informações e/ou conhecimentos
acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que
se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles.
As fases da pesquisa de campo requerem a realização de uma pesquisa bibliográ-
fica. Esta permitirá que se estabeleça um modelo teórico inicial de referência, que au-
xiliará na determinação das variáveis e elaboração do plano geral da pesquisa. Deve-se
determinar as técnicas que serão empregadas na coleta de dados e na determinação
da amostra, que deverá ser representativa e suficiente para apoiar as conclusões.
Por último, antes que se realize a coleta de dados é preciso estabelecer tanto as
técnicas de registro desses dados como as técnicas que serão utilizadas em sua análise
posterior.
Pesquisa de laboratório
A pesquisa de laboratório é um procedimento de investigação mais difícil, porém
mais exato. Ela descreve e analisa o que será ou ocorrerá em situações controladas.
Exige instrumental específico, preciso, e ambientes adequados.
O objetivo da pesquisa de laboratório depende daquilo que o pesquisador se
propôs a alcançar e que deve ser previamente estabelecido. As técnicas utilizadas
também variam de acordo com o estudo a ser feito.
Na pesquisa de laboratório, as experiências são efetuadas em recintos fechados
(casas, laboratórios, salas) ou ao ar livre; em ambientes artificiais ou reais, de acordo
com o campo da ciência que está realizando-as, e se restringem a determinadas
manipulações.
A pesquisa de laboratório pode ser feita com pessoas, animais, vegetais ou
minerais.
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24
Ométodocientíficoeapesquisa
No laboratório, o cientista pode observar, medir e chegar a certos resultados,
sejam eles esperados ou inesperados (LAKATOS; MARCONI, 1991).
Não existe um método de pesquisa perfeito. Cabe ao pesquisador analisar cui-
dadosamente o seu objeto de pesquisa bem como os seus propósitos, para melhor
definir a sua escolha metodológica.
Texto complementar
Generalidades introdutórias sobre o método
(RUIZ, 2002)
O método constitui característica tão importante da ciência que, não raro, in-
dentificamos ciência com seu método. Cumpre, pois, que o destaquemos para um
breve estudo.
A palavra método é de origem grega e significa o conjunto de etapas e proces-
sos a serem vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da
verdade.
Os diversos passos do método científico não foram estabelecidos aprioristica-
mente; de fato, os homens procuraram agir cientificamente e só depois pararam para
examinar o caminho que conduzira seu trabalho ao êxito. Assim, surgiu o método
ou o traçado fundamental do caminho a percorrer na pesquisa científica.
Não foi somente com o método que tal fenômeno de reflexão e sistematiza-
ção ocorreu, pois o homem primeiro viveu, e só depois estudou a vida: primeiro
viveu moralmente, e só depois sistematizou a moral, primeiro raciocinou com lógica
espontânea ou natural, e só depois definiu as leis do raciocínio; assim, também, o
homem primeiro agiu metodicamente, e só depois estruturou os passos e exigên-
cias do método científico.
A importância do método
O método confere segurança e é fator de economia na pesquisa, no estudo, na
aprendizagem. Estabelecido e aprimorado pela contribuição cumulativa dos ante-
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25
Ométodocientíficoeapesquisa
passados, não pode ser ignorado hoje, em seus delineamentos gerais, sob pena de
insucesso.
Entretanto, se, por um lado, pode ser aceita a opinião de que“um espírito medí-
ocre, mas guiado por um bom método, fará muitas vezes mais progressos nas ciên-
cias que outro mais brilhante que caminha ao acaso”, por outro lado, é preciso não
exagerar a importância do método ou sua eficácia incondicional. O método é um
extraordinário instrumento de trabalho que ajuda, mas não substitui por si só o ta-
lento do pesquisador. O melhor será que o espírito talentoso não caminhe ao acaso
ou às apalpadelas, mas aceite a contribuição do método para conseguir progressos
nas ciências.
Método é um “conjunto de normas-padrão que devem ser satisfeitas, caso se
deseje que a pesquisa seja tida por adequadamente conduzida e capaz de levar a
conclusões merecedoras de adesão racional.”
Atividades
Em grupos de três ou quatro alunos, exponha e discuta:1.	
Um problema de seu interesse para estudo.a)	
Quais os tipos de pesquisas adequados para a possível solução desse pro-b)	
blema?
Referências
ARANHA, Maria L. A.; MARTINS, Maria H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed.
São Paulo: Moderna, 1999.
GALLIANO, A. Guilherme. O Método Científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra,
1986.
LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Fundamentos de Metodologia Científica. 3.
ed. São Paulo: Atlas, 1991.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
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O tema de uma pesquisa,
problema, hipóteses e variáveis
Toda pesquisa tem o seu início estabelecido a partir da escolha de um tema. Esse
tema, por sua vez, deve ter algumas características que viabilizem a realização da pes-
quisa. Somente após a realização dessa etapa é que o pesquisador pode dar início à
elaboração do plano de trabalho.
A escolha do tema
A escolha do tema deve estar ligada à área de atuação profissional, ou que faça
parte da experiência pessoal do estudante. Isso torna o trabalho de desenvolvimento
monográfico muito mais interessante e eficiente, porque o estudante já possui conheci-
mentos prévios que poderão facilitar a interpretação de textos, ideias e jargões da área,
além de orientar a busca de bibliografia e consulta a profissionais especializados.
A pesquisa de material escrito, livros, revistas, periódicos, jornais etc., representa
uma excelente fonte de ideias para escolha do tema/assunto a ser pesquisado. Pode-se
iniciar a busca consultando os próprios livros, lembrando que cada nova leitura de um
texto traz novas ideias, análises e interpretações (MARTINS; LINTZ, 2000).
Algumas fontes de ideias para a escolha de um tema:
experiências individuais;
material escrito em livros, revistas, periódicos etc.;
diálogos com professores, autoridades e colegas de curso;
observação direta do comportamento de fenômenos e fatos;
senso comum;
participação em seminários, encontros, congressos etc.;
reflexão.
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28
Otemadeumapesquisa,problema,hipótesesevariáveis
Uma vez perguntaram a Newton como ele havia descoberto a Lei da Gravidade,
e ele respondeu:“Pensando sobre ela”. Assim, percebe-se que a reflexão é, sem dúvida,
uma rica fonte de ideias. Com apoio na reflexão, podem surgir hipóteses sobre rela-
ções imprevistas, dúvidas de entendimento, descoberta de falhas ou subjetividades
em certas teorias, e tantas outras questões relevantes.
O senso comum, apesar de ser chamado de inimigo da ciência, também pode
trazer ideias para serem pesquisadas cientificamente.
Predicados de um bom tema
Quando da escolha de um tema é preciso estar ciente de que tal assunto neces-
sita de discussão, investigação, decisão ou solução. Assim, deve-se refle­tir se o foco de
estudo possui:
	viabilidade – o tema escolhido deve estar relacionado às evidências empíri-
cas que permitam observações, testes e validações;
	importância – o tema é importante quando, de alguma forma, está rela-
cionado a uma questão que polariza, ou afeta, um segmento substancial da
sociedade;
	originalidade – um tema é original quando há indicadores de que seus resul-
tados irão causar alguma surpresa. Isto é, se “há possibilidades de encontrar
novos resultados ainda não disseminados no ambiente científico-profissional”
(MARTINS; LINTZ, 2000, p. 24).
Por fim, é de suma importância que o tema tenha um foco de estudo restrito. Isso
proporcionará ao pesquisador mais segurança e facilidade na realização da pesquisa.
MartinseLintz(2000)comparamoprocessodeescolhadeumtemadepesquisacom
“aelaboraçãodeumroteiroparailuminaçãodeumapeça­teatral”(p.25).Osautoresafirmam
que, com criatividade e perspicácia, deve-se escolher onde “jogar a luz” (ou a câmera), ou
seja,“buscar uma perspectiva que possibilite dizer algo que ainda não foi dito, ou rever sob
outra visão, o que já foi dito sobre o tema que você pretende investigar”(p. 25).
Evite:
tema que fale de muitas coisas;
questões que envolvam juízo de valor;
simples suspeitas, vagas sensações, primeiras impressões.
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29
Otemadeumapesquisa,problema,hipótesesevariáveis
Como formular um problema?
Não é fácil formular um problema. Para alguns, isso implica o exercício de certa
capacidade que não é muito comum nos seres humanos. Todavia, não há como deixar
de reconhecer que o treinamento desempenha papel fundamental nesse processo.
Existem algumas condições que facilitam essa tarefa, tais como: imersão sistemá-
tica no objeto, estudo da literatura existente e discussão com ­pessoas que acumulam
muita experiência prática no campo de estudo.
Algumas regras práticas para a formulação de problemas científicos (GIL, 1996, p.
29):
	O problema deve ser formulado como pergunta
	 Exemplo: Se alguém disser que vai pesquisar a “falência das empresas”,
pouco estará dizendo. Mas, se propuser: “Quais fatores provocam a falên-
cia das empresas?”, então estará efetivamente propondo um problema de
pesquisa.
	O problema deve ser claro e preciso
	 Exemplo: “Como funciona a mente?”. Esse não é um problema claro, e
também não é preciso, portanto, não pode ser proposto. Ele deve ser refor-
mulado para:“Quais mecanismos psicológicos podem ser identificados no
processo de memorização?”
	O problema deve ser empírico
	 Os problemas científicos não devem se referir a valores. Exemplo: “Os
alunos de escolas particulares são mais inteligentes que os alunos de es-
colas públicas?”. Problemas desse tipo conduzem a julgamentos morais e,
consequentemente, a considerações subjetivas, invalidando os propósitos
da investigação científica, a qual deve ser objetiva.
	O problema deve ser suscetível de solução
	 Para formular adequadamente um problema é preciso que se tenha ideia de
como seria possível coletar os dados necessários à sua resolução. Exemplo:
“Ligando-se o nervo ótico às áreas auditivas do cérebro, a visão seria senti-
da auditivamente?”. Essa pergunta só poderia ser respondida se a tecnolo-
gia dispusesse de instrumentos capazes de obter tais dados, portanto, não é
possível de ser realizada.
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Otemadeumapesquisa,problema,hipótesesevariáveis
	O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável
	 Exemplo:“Em que pensam os jovens?”. É um problema muito amplo. Seria
necessário delimitar a população de jovens a serem pesquisados: faixa
etária, localidade abrangida etc (GIL, 1996, p. 32).
Caso o problema proposto não se adapte a essas regras, não precisa ser afastado.
O melhor é proceder à reformulação ou ao esclarecimento.
Como construir hipóteses?
Após a colocação de um problema solucionável, o passo seguinte consiste em
oferecer uma solução possível, através de uma proposição que será declarada verda-
deira ou falsa ao final da pesquisa. A essa proposição dá-se o nome de hipótese. Assim,
a hipótese é a proposição testável que pode vir a ser a solução do problema.
Como ilustração considere-se o seguinte problema: Quem se interessa por Marke-
ting? A hipótese poderia ser a seguinte: “Pessoas que trabalham em campanhas publici-
tárias tendem a manifestar interesse por Marketing”. Suponha-se que mediante a coleta
e a análise dos dados a hipótese tenha sido confirmada. Nesse caso, o problema terá sido
solucionado porque a pergunta formulada pôde ser respondida. Pode ocorrer, no entanto,
que não se consiga obter informações claras que indiquem ser aquela qualidade fator de-
terminante no interesse por Marketing.“Neste caso, a hipótese não terá sido confirmada e,
consequentemente, o problema não terá sido solucionado”(GIL, 1996, p. 35).
Não há regras para se construir hipóteses. Seu processo de elaboração é de natu-
reza criativa e, por essa razão, é frequentemente associado a certa qualidade de“gênio”.
Entretanto, em boa parte dos casos a qualidade mais requerida do pesquisador é a
experiência na área (GIL, 1996).
Variáveis
O pesquisador científico precisa determinar quais são os componentes dos ele-
mentos que serão investigados bem como a precisão utilizada para a mensuração do
objeto de estudo. Para tanto, é necessário determinar as variáveis da pesquisa para que
estas possam permitir maior clareza e confiabilidade nos resultados da pesquisa.
O termo variável é muito empregado na linguagem científica. Seu objetivo é o de
conferir maior precisão aos enunciados científicos, sejam eles hipóteses, teorias, leis,
princípios ou generalizações (GIL, 1996).
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31
Otemadeumapesquisa,problema,hipótesesevariáveis
O conceito de variável refere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes as-
pectos, valores e posições, segundo os casos particulares ou as circunstâncias. Assim,
a idade é uma variável porque pode abranger diferentes valores. Outros exemplos de
variáveis podem ser estatura, peso, sexo, temperatura, classe social, salário, profissão,
cor etc., desde que se destaquem os valores que contêm.
Podem-se destacar as variáveis de duas formas específicas. A primeira é aquela
em que as variáveis não descrevem nenhuma função. Esse tipo de variável é chamada
de genérica. É o que acontece na pesquisa descritiva, em que não existem relações
entre as diversas variáveis. Exemplo:
“O conceito que os alunos de Economia têm sobre desenvolvimento
econômico.”
Variáveis: nível social da família, religião, contato anterior com a área.
A segunda forma de se nomear as variáveis é aquela que considera sua função na
relação causa-efeito. É o que acontece na pesquisa experimental, em que existem relações
entre as variáveis, que podem ser de causa, dependência, influência etc. Exemplo:
“A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação dos filhos.”
Variável independente (VI): classe social
Variável dependente (VD): tempo de amamentação
De acordo com a sua função na relação causa-efeito, as variáveis podem ser
classificadas em três tipos: variável independente, variável dependente e variável
interveniente.
	Variável Independente (VI) é o fator que, provavelmente, será o responsável
(causa) pelas modificações em outro fenômeno observado e sempre antecede
o efeito no tempo. É aquilo que se supõe ser a causa. Recebe a denominação
de variável independente por não possuir nenhuma condição anterior neces-
sária para a sua ocorrência.
	Variável Dependente (VD) é o fator que, provavelmente, será alterado pelo
experimento (efeito). O efeito recebe a nomenclatura de variável dependente,
uma vez que depende diretamente da causa (VI). Existe uma relação direta de
dependência dessa variável em relação à variável independente (VI). Sem a
ocorrência da VI não haverá ocorrência da VD.
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Otemadeumapesquisa,problema,hipótesesevariáveis
	Variável Interveniente (VIn) é o fator que modifica a variável dependente
sem que tenha havido modificação na variável independente. Apesar de não
ser manipulada ou deliberadamente incluída pelo pesquisador, ocorreu (ou
pode vir a ocorrer) e influenciou na variabilidade dos dados assumidos pela
VD. A variável interveniente recebe esse nome uma vez que, quando ocorre,
ela intervém na relação entre a VI e a VD, alterando essa relação. A variável
interveniente só ocorre por dois motivos: por conta do acaso ou por erro do
pesquisador (CAMPOS, 2001). Exemplo:
“A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação dos filhos.”
Suponha-se que nessa experiência, depois de um número“x”de participantes,
o pesquisador já tenha os dados indicando a validade da sua experiência. Entretan-
to, na testagem das próximas cinco participantes, o pesquisador percebe que nem
houve amamentação porque as mães eram portadoras do vírus HIV (condição não
observada no restante do grupo). Nesse caso, a experiência falhou, e revelou a“con-
taminação pelo HIV”como uma variável interveniente (VIn).
A percepção acerca da função das variáveis é fundamental nas relações causais,
sendo importante que o pesquisador garanta que os resultados não sejam explicados
pela ocorrência de uma variável interveniente. É preciso tomar cuidado e garantir que
não haja nenhuma interferência externa que possa influir na relação que se deseja
testar.
Atividades
Em grupos de três ou quatro alunos, exponha e discuta um tema para estu-1.	
do, extraído da sua área de atuação profissional. Após a discussão, cada aluno
defende a sua ideia, explicando a importância do tema e a sua viabilidade de
estudo ou pesquisa.
Imagine que numa pesquisa a respeito do analfabetismo, temos a seguinte hi-2.	
pótese: “Países economicamente desenvolvidos apresentam baixos índices de
analfabetismo”. A partir dessa hipótese, aponte as variáveis existentes e expli-
que o porquê.
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33
Otemadeumapesquisa,problema,hipótesesevariáveis
Leitura do livro: GIL, Antonio Carlos.3.	 Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3.
ed. São Paulo: Atlas, 1996.
	 Nessa obra o autor expõe, de maneira clara e direta, vários procedimentos perti-
nentes à elaboração de um projeto de pesquisa. As orientações são práticas, uma
vez que esclarecem e facilitam o trabalho de pesquisa do estudante.
Referências
CAMPOS, Luiz F. de Lara. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Psicologia. 2. ed. Cam-
pinas: Alínea, 2001.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas,
1996.
MARTINS, Gilberto A.; LINTZ, Alexandre. Guia para Elaboração de Monografias eTra-
balhos de Conclusão de Curso. São Paulo: Atlas, 2000.
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Métodos quantitativos,
qualitativos e coleta de dados
Método quantitativo
É aquele que se baseia em dados mensuráveis das variáveis, procurando verificar
e explicar sua existência, relação ou influência sobre outra variável. Quando uma pes-
quisa se vale desse tipo de método, ela busca analisar a frequência de ocorrência para
medir a veracidade ou não daquilo que está sendo investigado.
Esse método utiliza técnicas específicas de mensuração, tais como questionários
com respostas de múltipla escolha, por exemplo. Faz uso de cálculos de média e pro-
porções, elaboração de índices e escalas, procedimentos estatísticos.
Esse caminho de investigação exige um número significativo de participantes
para que se possa produzir dados. A pesquisa quantitativa procura estabelecer uma
regra, um princípio, algo que reflita a uniformidade do fenômeno (ou parte dele), pre-
ocupando-se com o que é comum à maioria das situações (CAMPOS, 2001). A pesquisa
quantitativa é adequada para a regularidade de um fenômeno e não as suas possíveis
exceções.
Método qualitativo
Recebe esse nome pelo fato de se fundamentar em uma estratégia baseada em
dados coletados em interações sociais ou interpessoais, analisadas a partir dos signifi-
cados que participantes e/ou pesquisador atribuem ao fato (CHIZZOTI apud CAMPOS,
2001). Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador se propõe a participar, compreender e
interpretar as informações.
Os recursos disponíveis para esse tipo de método são entrevistas, observações,
questionários abertos, interpretação de formas de expressão visual como fotografias e
pinturas, e estudos de caso. Os procedimentos são interpretativos.
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36
Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados
O método qualitativo recebe muitas críticas por se considerar que o pesquisador,
como única fonte de interpretação dos dados, pode não ter um nível de compreensão
científica significativa exigida para tal desempenho. Além disso, ele pode imprimir a
sua subjetividade na análise dos resultados impedindo, dessa forma, a sua replicação,
uma vez que outro pesquisador não observará necessariamente os mesmos aspectos
do pesquisador original.Todas essas questões poderiam comprometer a cientificidade
das conclusões do estudo.
De qualquer maneira, é o pesquisador que deve decidir, de acordo com a nature-
za da sua pesquisa, qual método adotar. O importante nessa escolha é o rigor científico
aplicado ao longo da experiência e a coerência absoluta com os seus objetivos prees-
tabelecidos. Ademais, sabe-se que os dois métodos têm a possibilidade de se com-
plementar, oferecendo resultados que possam ser cruzados em diferentes etapas de
uma outra pesquisa. Por exemplo: dados decorrentes de análises quantitativas podem
contribuir com estudos qualitativos.
Coleta de dados
A coleta de dados é a fase da pesquisa que tem por objetivo obter informações
sobre a realidade. Conforme as informações necessárias, existem diversos instrumentos
e formas de operá-los. Nas ciências humanas, o questionário e a entrevista são os mais
frequentes instrumentos para coleta de dados. As suas respostas dão ao pesquisador
a informação necessária para o desenvolvimento do estudo. “O conhecimento, assim
obtido, refere-se à expressão verbal do fato pelo entrevistado, sendo que, na maioria das
vezes, o pesquisador não observou os acontecimentos diretamente” (DENKER, 1998, p.
137).
Entrevista
A entrevista é uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com um grau
de estruturação previamente definido, cuja finalidade é a obtenção de informações de
pesquisa. É uma conversa orientada para um objetivo definido, como receber informa-
ções relacionadas a um determinado assunto, por exemplo.
As perguntas são feitas oralmente e as respostas são registradas pelo pesquisa-
dor, por escrito ou com um gravador, se o entrevistado assim o permitir. É importan-
te lembrar que o entrevistador deve apenas coletar dados, e não discuti-los com o
entrevistado. Disso se conclui que o entrevistador deve falar pouco e ouvir muito. A
entrevista pode ser:
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37
Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados
Estruturada
Consiste de perguntas determinadas, isto é, apresenta uma série de perguntas
conforme um roteiro preestabelecido. Esse roteiro deverá ser aplicado a todos os en-
trevistados, sem alteração do teor ou da ordem das perguntas, a fim de que se possa
comparar as diferenças entre as respostas dos vários entrevistados.
Não estruturada
Consiste de uma conversação informal que pode ser alimentada por perguntas
abertas ou de sentido genérico, proporcionando maior liberdade para o entrevistado.
Esse tipo de entrevista é mais difícil de ser tabulada. Há uma dificuldade de contar com
pesquisadores preparados para essa tarefa; por essa razão, o mais recomendável é a
utilização da entrevista estruturada. Exemplo de pergunta não estruturada:
1.	 Em sua opinião, o que é turismo e como ele pode contribuir para o desenvol-
vimento dos municípios?
2.	 Conhece as leis de incentivo fiscal ao turismo?
	 Em caso afirmativo: Qual é a sua opinião sobre esse incentivo?
Vantagens da entrevista
por sua flexibilidade, permite maior sinceridade de expressão, adequada para
obter informações de indivíduos mais complexos e emotivos, ou para compro-
var os sentimentos subjacentes a uma opinião;
as perguntas são melhor entendidas e as informações são mais precisas;
aplicável a analfabetos;
permite observação e registro sobre aparência, comportamento e atitudes do
entrevistado.
Desvantagens da entrevista
são mais dispendiosas e demoradas;
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Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados
precisam de mais habilidade para a aplicação;
o respondente tem mais inibição;
devido à flexibilidade, é difícil a comparação entre uma entrevista e outra.
Questionário
O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir com
exatidão o que se deseja. A finalidade do questionário é obter, de maneira sistemática e
ordenada, informações sobre as variáveis que intervêm em uma investigação, em rela-
ção a uma população ou amostra determinada.
Essas informações dizem respeito, por exemplo, a quem são as pessoas, o que fazem,
o que pensam, suas opiniões, sentimentos, esperanças, desejos etc.
Os questionários são impressos e respondidos pelos participantes, devendo, por
esse motivo, constar no seu início uma explicação resumida dos objetivos da pesquisa,
instrução para o preenchimento e agradecimento. Boa parte do êxito da investiga-
ção depende da redação do questionário, que deve conter um conjunto de questões,
todas logicamente relacionadas com um problema central (DENCKER, 1998).
Como elaborar um questionário
perguntas ordenadas em sequência lógica;
perguntas que realmente tenham relação com o objetivo de estudo;
começar com perguntas fáceis, deixando as mais difíceis para o fim;
começar com perguntas mais impessoais, deixando as de cunho mais íntimo
para o fim;
verificar se o participante tem condições de responder às questões.
No início do questionário, colocar as informações que servem para caracterizar
o informante: sexo, idade, estado civil. No caso de solicitar-se o nome, verificar se a
identificação do respondente é necessária. Quando o participante não é identificado,
as respostas são mais livres e sinceras.
Quanto ao tipo de perguntas, elas podem ser:
Fechadas: (ou com alternativas fixas) são aquelas que limitam as respostas às
alternativas apresentadas – são muito usadas. Podem ter apenas duas alter-
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39
Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados
nativas: sim e não (dicotômicas), ou várias. Destinam-se a obter respostas mais
precisas. Exemplo:
Seu nível de escolaridade é:
1.º Grau 2.º Grau Graduação Pós-graduação
Abertas: destinam-se a obter uma resposta livre. Exemplo:
De que você gosta mais na cidade?
As respostas fechadas são padronizadas, de fácil aplicação, fáceis de codificar e
analisar, porém oferecem dados menos exatos. As perguntas abertas são destinadas
à obtenção de respostas livres. Embora possibilitem recolher dados ou informações
mais ricas e variadas, são codificadas e analisadas com maiores dificuldades (CERVO;
BERVIAN, 1996).
Vantagens do questionário
mais rápido;
grande número de participantes;
obtém dados de longe;
menos inibição do respondente.
Desvantagens do questionário
perguntas mal interpretadas ou dados inexatos;
não aplicável a analfabetos;
sem observações complementares.
Idas a campo
Depois de feita a opção quanto à coleta de dados, se por meio de entrevistas ou
questionários, é preciso montar um cronograma para as idas a campo, de forma a or-
ganizar as visitas e não se perder com os prazos preestabelecidos para a apresentação
dos resultados finais da pesquisa. Veja o exemplo:
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Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados
Cronograma de idas a campo
Data Horário Atividade Objetivo Observação
13/08/2003 10h Entrevistas Coleta de dados
Teste piloto/
2 perguntas
27/08/2003 10h Entrevistas Coleta de dados 5 perguntas
10/09/2003 10h Entrevistas Coleta de dados Idem
24/09/2003 10h Entrevistas Coleta de dados Idem
08/10/2003 10h Entrevistas Análise de dados Idem
22/10/2003 10h Entrevistas
Redação do
relatório final
Descrição dos resultados
Os resultados deverão ser apresentados de acordo com a sua análise estatística,
incorporando-se no texto apenas as tabelas, os quadros, os gráficos e outras ilustra-
ções estritamente necessárias à compreensão do desenrolar do raciocínio; os demais
deverão constar em apêndice (MARCONI; LAKATOS, 2001).
Discussão e interpretação dos resultados
Após a descrição dos resultados, proceder à discussão e à interpretação dos
mesmos é que consiste em expressar o verdadeiro significado do material em termos
do propósito do estudo. O pesquisador deverá fazer as ligações lógicas e comparações,
enunciar princípios e fazer generalizações.
A discussão e a interpretação dos resultados devem ser realizadas à luz das teorias
científicas expostas na fundamentação teórica do estudo. É preciso ponderar todos os
aspectos importantes revelados pela pesquisa, comparando-se o que era teoricamen-
te esperado com aquilo que foi efetivamente observado. É importante que, nessa fase
do processo, se faça uma releitura criteriosa de todas as informações teóricas obtidas e
uma reflexão acerca dos resultados e da pesquisa como um todo.
Nessa etapa o pesquisador deve esclarecer se a hipótese inicial da pesquisa foi, ou
não, confirmada pelos resultados obtidos, sem superestimar ou subestimar os mesmos.
Além disso, o pesquisador deve tomar medidas que garantam a boa compreensão e
discussão dos resultados: isso inclui a elaboração de um texto bem estruturado grama-
ticalmente e o uso de uma linguagem científica adequada.
(FONSECA,2007.)
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41
Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados
Conclusões
As conclusões devem responder diretamente aos objetivos da pesquisa, ou seja,
retomar os objetivos e responder a cada um deles, de forma sintética e direta. Após
as conclusões, o pesquisador deve dar sugestões para pesquisas futuras na área, com
base na pesquisa que acaba de concluir.
Texto complementar
O pesquisador, o problema da pesquisa,
a escolha de técnicas: algumas reflexões
(QUEIROZ, 1992, p. 16-17)
Nas primeiras décadas do século XX, observava-se já que as ciências exatas e
naturais não estavam mais tão certas e seguras em suas perspectivas e em seus re-
sultados quanto se imaginara. Verificava-se pouco a pouco que as descobertas con-
sideradas científicas sofriam também influências e limitações da coletividade a que
o investigador pertencia, assim como das próprias qualidades e preparo do mesmo;
o conteúdo do seu saber estava assim condicionado pela sua inserção numa so-
ciedade, e também pelas circunstâncias de tempo e de espaço. A objetividade não
podia ser, em seus resultados, tão indubitável quanto se acreditara, e as técnicas
quantitativas não fugiam às injunções de tempo, de espaço, de predicados variados
nas conclusões a que chegavam, reunindo-se neste aspecto às qualitativas.
Admitia-se agora que em toda ciência, em todo conhecimento a ela ligado, o
fator qualidade vinha em primeiro lugar: era a qualidade que fazia uma coisa se dis-
tinguir de todas as demais; que fazia as ciências e os conhecimentos terem suas ca-
racterísticas próprias. A qualidade, composta pelos aspectos sensíveis de uma coisa
ou de um fenômeno naquilo que a percepção pode captar, constitui assim o que é
fundamental em qualquer estudo ou pesquisa, pois é o ponto de partida para qual-
quer um deles. Todo cientista, ao determinar o tema de sua pesquisa, se encontra
inserido num universo físico, social e intelectual que a delimita; é também por meio
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Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados
da percepção do que neste universo existe que formula o que pretende investigar.
Nesta fase primordial domina o diferenciável, isto é, aquilo que é plenamente quali-
tativo, e não a uniformidade quantificável.
Para poder operar neste nível mais alto, necessita o pesquisador de uma for-
mação específica que lhe permita a tomada consciente de uma posição determi-
nada no conjunto de conhecimentos que são os seus, oriundos de sua experiência,
mas ampliada pelo saber já acumulado pelas ciências em geral e por sua ciência em
particular. Deve ter [...] diagnosticado sua própria posição nas diversas correntes de
pensamento de sua disciplina; distinguido a variedade de técnicas de que poderá
lançar mão no decorrer do trabalho e as limitações de cada uma, a fim de escolher
as mais eficientes na solução de seu problema. Os cientistas [...] devem, portanto, ter
uma formação teórica específica.
Atividades
Em quais circunstâncias torna-se necessária a utilização de questionários?1.	
Quais os cuidados necessários para a elaboração de um questionário?2.	
Faça uma pesquisa com sua família, com entrevistas. Anote o depoimento de3.	
seus familiares acerca de um acontecimento histórico que tenham presencia-
do. Compare os depoimentos entre si e com a versão oficial existente nos livros
de história. Qual é a sua conclusão?
Assista4.	 A Lista de Schindler (EUA, 1993. Dirigido por Steven Spielberg. Duração
195 min.). Durante a Segunda Guerra Mundial, um industrial alemão recruta
centenas de judeus para o trabalho em sua fábrica de panelas, salvando-os dos
campos de concentração nazistas. O filme é inspirado em fatos reais.
	 Discuta a importância da fotografia, dos depoimentos orais e dos registros es-
critos para a reconstituição dos crimes nazistas retratados no filme.
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43
Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados
Referências
CAMPOS, Luiz F. de Lara. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Psicologia. 2. ed. Cam-
pinas: Alínea, 2001.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: McGraw-Hill,
1996.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books,
1996.
DENCKER, A. F. M. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo. São Paulo: Futura,
1998.
FONSECA, Regina CéliaVeiga da Fonseca. Como Elaborar Projetos de Pesquisa e Mo-
nografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.
MARCONI, Marina A.; LAKATOS, Eva M. Metodologia doTrabalho Científico. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2001.
QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de, et al. Reflexões sobre a Pesquisa Sociológica. São
Paulo: MM Impress, 1992.
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Estrutura de um projeto
e técnicas de leitura
Como toda atividade racional e sistemática, a pesquisa exige que as ações de-
senvolvidas ao longo de seu processo sejam efetivamente planejadas. De modo geral
concebe-se o planejamento como a primeira fase da pesquisa, que envolve a formula-
ção do problema, a especificação de seus objetivos, a construção de hipóteses, a ope-
racionalização dos conceitos etc. O planejamento deve envolver também os aspectos
referentes ao tempo a ser despendido na pesquisa bem como aos recursos humanos,
materiais e financeiros necessários à sua efetivação.
A moderna concepção de planejamento envolve quatro elementos necessários à
sua compreensão: processo, eficiência, metas e prazos.
O projeto interessa, sobretudo, ao pesquisador e à sua equipe, já que apresenta o
roteiro das ações a serem desenvolvidas ao longo da pesquisa. Para quem contrata os
serviços de pesquisa, o projeto constitui documento fundamental, posto que esclarece
o que será pesquisado e apresenta a estimativa dos custos.
Projeto de pesquisa – segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 215),“projeto é uma
das etapas componentes do processo de elaboração, execução e apresentação da pes-
quisa”.Estanecessitaserplanejadacomextremorigor,casocontráriooinvestigador,em
determinada altura, encontrar-se-á perdido num emaranhado de dados colhidos, sem
saber como dispor dos mesmos ou até desconhecendo seu significado e importância.
Não existem regras fixas acerca da elaboração de um projeto. Sua estrutura é
determinada pelo tipo de problema a ser pesquisado e também pelo estilo de seus
autores. É necessário que o projeto esclareça como se processará a pesquisa, quais
as etapas que serão desenvolvidas e quais os recursos que devem ser alocados para
atingir seus objetivos. “É necessário, também, que o projeto seja suficientemente de-
talhado para proporcionar a avaliação do processo de pesquisa”(LAKATOS; MARCONI,
1991, p. 215).
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Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura
Elementos geralmente usados
em um projeto de pesquisa
Capa
Autor, título, cidade, ano.
Folha de rosto
Autor; título; texto explicativo sobre o projeto, mencionando o órgão (ou institui-
ção) ao qual se destina o projeto; orientador, cidade, ano.
Introdução
Expõe e delimita o tema a ser estudado/pesquisado.
Justificativa
Expõe a relevância acadêmica ou social do tema apresentado. Apresenta as razões
de ordem teórica e/ou prática que justificam a realização da pesquisa.
Problema
Deve ser apresentado como uma pergunta específica – focada e delimitada – sobre o
tema a ser estudado. Essa pergunta deve ser clara, objetiva e suscetível de solução.
Hipótese(s)
Deve propor uma resposta para a pergunta estabelecida no problema. Essa res-
posta deve oferecer uma solução possível ao problema, que será declarada falsa ou
verdadeira ao final da pesquisa.
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47
Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura
Objetivos
Relatam o que se pretende alcançar com o desenvolvimento da pesquisa. Os ob-
jetivos dividem-se em: geral e específicos.
	Objetivo geral: relata onde se quer chegar com a pesquisa apresentada, isto
é, qual o resultado final (geral) que se procura alcançar. Elaborado num único
parágrafo e iniciando sempre com um verbo de ação no infinitivo. (exemplos:
analisar..., avaliar..., averiguar..., comparar..., compreender..., conhecer..., de-
monstrar..., desenvolver..., distinguir..., empregar..., estudar..., expor..., identifi-
car..., interpretar..., introduzir..., observar..., propor... etc.).
	Objetivos específicos: relatam os passos específicos para se alcançar o ob-
jetivo geral. Cada objetivo deve iniciar com um verbo de ação no infinitivo,
conforme descrito no item anterior.
Método
Descreve o método de abordagem, ou seja, o tipo de pesquisa a ser utilizado e os
elementos necessários para a sua realização.
	Participantes: (quem? onde? quando?) delimita o universo a ser pesquisado.
Quem e quantos serão os indivíduos que serão estudados na pesquisa, indi-
cando sexo e idade. Indica, também, o local e a data da pesquisa.
	Instrumentos: (com quê?) descreve os instrumentos utilizados para fazer a
pesquisa, isto é, questionários, entrevistas, formulários, fotos.
	Procedimentos: (como?) descreve como os indivíduos serão avaliados, em
que situação e momento a pesquisa será feita.
	Análise de dados: descreve sinteticamente o modo de organização e análi-
se das informações encontradas. Dá uma explicação acerca da tabulação dos
dados (aspectos quantitativos, estatísticos) e critérios de análise e julgamen-
to. No caso da utilização de software específicos, indicar nomes e fontes dos
mesmos.
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48
Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura
Cronograma
É um esclarecimento e um controle do tempo necessário ao desenvolvimento da
pesquisa. Detalha as diferentes fases do projeto, apresentando, numa tabela, o período
correspondente a cada atividade da execução do projeto. Exemplo:
Atividades Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov.
Pesquisa bibliográfica X X X X X X X
Redação parcial X X X X X X
Pesquisa de campo X X
Tabulação dos dados X X
Interpretação dos dados X
Conclusões X X
Redação final X X X
Apresentação final X
Referencial teórico
Também chamado de Marco Teórico ou Fundamentação Teórica.
Indica a teoria ou as teorias de outros autores que fornecem a orientação geral
da pesquisa. Aqui, é necessário que o pesquisador utilize algumas técnicas adequadas
de leitura para obter uma fundamentação teórica consistente à pesquisa. Além disso,
toda e qualquer informação utilizada no trabalho deve indicar a fonte de onde foi reti-
rada, conforme as normas da ABNT.
Referências
Indicam todas as obras consultadas e mencionadas no projeto, principalmente no
Referencial Teórico. Para tanto, devem seguir as orientações nas Normas da ABNT.
(FONSECA,2007.)
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49
Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura
Os elementos de um projeto são, geralmente, assim distribuídos
e numerados
Capa (uma lauda)
Folha de rosto (uma lauda)
1 INTRODUÇÃO (inicia numa nova lauda)
1.1 JUSTIFICATIVA (continua na mesma lauda)
1.2 PROBLEMA (continua na sequência da mesma lauda)
1.3 HIPÓTESE (continua na sequência da mesma lauda)
1.4 OBJETIVO GERAL (continua na sequência da mesma lauda)
1.4.1 Objetivos específicos (continuam na sequência da mesma lauda)
1.5 MÉTODO (continua na sequência da mesma lauda)
1.6 CRONOGRAMA (continua na sequência da mesma lauda)
2 REFERENCIAL TEÓRICO (inicia numa nova lauda)
3 REFERÊNCIAS (iniciam numa nova lauda)
Atenção para:
a ordem e a numeração dos itens;
o uso de letras maiúsculas e minúsculas;
o uso de negrito ou não negrito;
digitação: letra Arial ou Times New Roman 12, espaço 1,5.
De acordo com Fonseca (2007) convém lembrar que a ordem dessas etapas não
é absolutamente rígida. Em muitos casos, é possível simplificá-la ou modificá-la. Essa
é uma decisão que cabe ao pesquisador, que poderá adaptar o esquema às situações
específicas.
Um projeto só pode ser definitivamente elaborado quando se tem o problema claramente formulado,
os objetivos bem determinados, assim como o plano de coleta e análise de dados. (GIL, 1996, p. 23)
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50
Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura
Técnicas de leitura
A leitura é um fator decisivo de estudo, não é tarefa, é cultura. A leitura propicia
a ampliação de conhecimentos, a obtenção de informações básicas ou específicas, a
abertura de novos horizontes para a mente, a sistematização do pensamento, o enri-
quecimento de vocabulário e o melhor entendimento do conteúdo das obras (LAKA-
TOS; MARCONI, 1991).
É necessário ler muito, e sempre, pois a maior parte dos conhecimentos é obtida
por intermédio da leitura: ler significa conhecer, interpretar, decifrar, distinguir os ele-
mentos mais importantes dos secundários. A leitura proporciona ao leitor uma com-
preensão melhor do mundo, capacitando-o a criticar, comparar e selecionar a informa-
ção de que necessita.
Na busca do material adequado para a leitura, é preciso identificar o texto. Para
tal, existem vários elementos auxiliares, como segue (LAKATOS; MARCONI, 1991):
	título – acompanhado ou não por subtítulo, estabelece o assunto;
	data da publicação – fornece elementos para certificar-se de sua atualiza-
ção e aceitação (número de edições);
	“orelha”ou contracapa – permite verificar as credenciais ou qualificações
do autor;
	índice ou sumário – apresenta tanto os tópicos abordados na obra quanto
as divisões a que o assunto está sujeito;
	introdução, prefácio ou nota do autor – propicia indícios sobre os objeti-
vos do autor e, geralmente, da metodologia por ele empregada;
	bibliografia – tanto final quanto as citações de rodapé, permite obter uma
ideia das obras consultadas e suas características gerais.
Uma leitura deve ser proveitosa e trazer resultados satisfatórios. Para tal, alguns
aspectos são fundamentais, como: atenção, intenção, reflexão, espírito crítico, análise
e síntese. Uma leitura de estudo deve ser realizada com um objetivo ou propósito para
que o conhecimento gerado possa ser avaliado, discutido e aplicado.
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51
Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura
Objetivos da leitura
De acordo com Lakatos e Marconi (1991), existem algumas maneiras e objetivos
para lidar com um texto:
	encontrar frases ou palavras-chave;
	captar a ideia geral, sem entrar em minúcias;
	obter uma visão ampla do conteúdo, principalmente do que interessa;
	absorver o conteúdo e todos os seus significados, lendo e relendo, se
necessário;
	estudar e formar um ponto de vista sobre o texto – leitura crítica.
Análise de texto
Analisar um texto significa estudar, decompor, dividir ou interpretar. A análise
de um texto refere-se ao processo de conhecimento de determinada realidade. Esse
processo implica a decomposição das partes do texto para um estudo mais completo,
determinando as relações entre as ideias e compreendendo a maneira pela qual estão
organizadas; estruturando as ideias de maneira hierárquica.
É a análise que vai permitir observar os componentes de um conjunto, perceber
suas possíveis relações, ou seja, passar de uma ideia-chave para um conjunto de ideias
mais específicas, passar à generalização e, finalmente, à crítica (LAKATOS; MARCONI,
1991).
Existem diferentes tipos de análise de texto:
	Leitura rápida: assinala-se as expressões e palavras importantes para se ter
uma visão global do texto.
	Compreensão de texto: separa-se as ideias centrais das secundárias. Procede-
-se à correlação entre elas e busca-se a compreensão do conteúdo do texto.
	Interpretação e crítica: correlaciona-se as ideias do autor com outras sobre o
mesmo tema. Faz-se uma crítica fundamentada em argumentos válidos, lógi-
cos e convincentes.
	Problematização: debate-se as questões do texto. Coloca-se opiniões pes-
soais sobre o texto, mas fundamentadas em outras obras e autores. Pode-se
levantar novas questões pertinentes ao texto.
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52
Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura
Texto complementar
Importância da leitura
(RUIZ, 2002, p. 34-35)
Não basta ir às aulas para garantir pleno êxito nos estudos. É preciso ler e, prin-
cipalmente, ler bem. Quem não sabe ler não saberá resumir, não saberá tomar apon-
tamentos e, finalmente, não saberá estudar. Ler bem é o ponto fundamental para os
que quiserem ampliar e desenvolver as orientações e aberturas das aulas. É muito im-
portante participar das aulas; elas não circunscrevem, não limitam; ao contrário, abrem
horizontes para as grandes caminhadas do aluno que leva a sério seus estudos e quer
atingir resultados plenos de seus cursos. Aliás, quase todas as cadeiras desenvolvem
programas de pesquisa bibliográfica para que o aluno desenvolva temas e reconstrua
ativamente o que outros já construíram. Para elaborar trabalhos de pesquisa, é neces-
sário ir às fontes, aos autores, aos livros; é preciso ler, ler muito e, principalmente, ler
bem. Durante as primeiras aulas de qualquer disciplina, os mestres apresentam crite-
riosa bibliografia; alguns livros são básicos, ou de leitura obrigatória, para quem quer
colhertodofrutodasaulas;outrossãomaisespecializadosouseconcentramemalgum
itemdoprograma,epode,entreostratadosgeraisdeconsultaobrigatória,serindicado
um, como livro de texto. A indicação do livro de texto tem vantagens e inconvenientes
cujaanáliseultrapassariaoslimitesqueestecompêndioimpõe.Diremos,apenas,queo
livro de texto é muito bom para a preparação da aula, mas que o aluno não pode ater-
se exclusivamente a ele. Timeo hominem unius libri, diziam os antigos. Devemos temer
o homem de um livro só. É necessário abeberar-se de outras fontes mais amplas, mais
especializadas sobre cada tema ou sobre cada pormenor dos programas.
Se não é possível pensar em fazer um bom curso sem descobrir ou fazer apa-
recer espaços de tempo para o estudo extra-aula e se é necessário programar crite-
riosamente a utilização desse tempo, não seria igualmente impossível pensar em
fazer um bom curso sem ter à mão boas fontes de leitura? É possível que se pretenda
fazer um curso universitário sem frequentar bibliotecas ou sem adquirir, ao menos,
os livros básicos para cada programa?
A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo
cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de
comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência pelo contato com
formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser considerado.
Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê memoriza elementos de um todo
que não se atingiu. E, ao terminar um curso superior, deveríamos não só estar capa-
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53
Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura
citados a repetir o que foi aprendido na faculdade, como também estar habilitados
a desenvolver, através de pesquisas, temas nunca abordados em aula. Deveríamos
ser uma pequena fonte, não um pequeno depósito de conhecimentos, ou mero en-
canamento por onde as coisas apenas passam.
É preciso ler, ler muito, ler bem.
É preciso sentir atração pelo saber, e encontrar onde buscá-Io. É necessário
iniciar este trabalho com determinação e perseverar nele; o crescimento cultural
tem crises como o crescimento físico; quem não sente apetite não deve deixar de
alimentar-se; comprometeria sua saúde.Também na leitura trabalhada devemos ser
perseverantes; só esta perseverança garantirá aquela espécie de saltos de integração
de dados, que se vão acumulando e associando como frutos da leitura continuada.
Atividades
Em grupos de três ou quatro colegas, discutam e estabeleçam a existência de1.	
um“problema”a ser resolvido em sua cidade. Em seguida apontem uma“justifi-
cativa”para o estudo de tal problema e finalmente apresentem uma“hipótese”
para a solução desse problema.
Selecione um livro científico qualquer de seu interesse. Identifique, neste livro,2.	
os vários elementos existentes, tais como: título, data de publicação, contraca-
pa, índice (ou sumário), introdução (prefácio ou nota do autor) e bibliografia.
Após a análise desses itens, apresente a sua opinião a respeito dessa obra como
fonte de leitura e informação científica.
Referências
FONSECA, Regina CéliaVeiga da Fonseca. Como Elaborar Projetos de Pesquisa e Mo-
nografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007.
LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Fundamentos de Metodologia Científica. 3. ed.
São Paulo: Atlas, 1991.
GIL,AntonioCarlos.ComoElaborarProjetosdePesquisa.3.ed.SãoPaulo:Atlas,1996.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. 5. ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
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Anotações
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Seminários de
Pesquisa
Seminários de
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Regina Célia Veiga da Fonseca
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-2553-4
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Seminarios de pesquisa

  • 1. Seminários de Pesquisa Seminários de Pesquisa Regina Célia Veiga da Fonseca Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-2553-4 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 2. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 3. IESDE Brasil S.A. Curitiba 2011 Regina Célia Veiga da Fonseca Seminários de Pesquisa Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 4. © 2006-2011 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. IESDE Brasil S.A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. Capa: IESDE Brasil S.A. Imagem da capa: Júpiter Images/DPI Images Shutterstock F676 Fonseca, Regina Célia Veiga da. / Seminários de Pesquisa. / Regina Célia Veiga da Fonseca. — Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2011. 56 p. ISBN: 978-85-387-2553-4 1. Ciência - Metodologia. 2. Pesquisa. 3. Redação técnica. 4. Metodologia. 5. Trabalhos científicos. I. Título. CDD 001.42 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 5. Mestre em Engenharia de Produção com concentração em Mídia e Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Graduada em Letras Português-Inglês pela Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Graduada em Psicologia pela UTP. Profes- sora de Metodologia Científica e Comunicação Empresarial em cursos de graduação e pós-graduação. Seus estudos e pesquisas situam-se no âmbito das Ciências Sociais Aplicadas, Humanas e da Saúde. Regina CéliaVeiga da Fonseca Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 6. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 7. Sumário O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento...9 A base do pensamento evolutivo......................................................................................................... 9 O raciocínio lógico ...................................................................................................................................10 Raciocínio dedutivo..................................................................................................................................11 Raciocínio indutivo...................................................................................................................................11 O conhecimento de senso comum ....................................................................................................12 O conhecimento científico ...................................................................................................................13 A metodologia científica........................................................................................................................14 O método científico e a pesquisa.....................................................................19 Método experimental..............................................................................................................................20 O caráter provisório da ciência.............................................................................................................21 Pesquisa........................................................................................................................................................21 O tema de uma pesquisa, problema, hipóteses e variáveis...................27 A escolha do tema....................................................................................................................................27 Predicados de um bom tema................................................................................................................28 Como formular um problema?.............................................................................................................29 Como construir hipóteses?....................................................................................................................30 Variáveis........................................................................................................................................................30 Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados...........................35 Método quantitativo ...............................................................................................................................35 Método qualitativo ..................................................................................................................................35 Coleta de dados.........................................................................................................................................36 Estrutura de um projeto e técnicas de leitura.............................................45 Elementos geralmente usados em um projeto de pesquisa.....................................................46 Técnicas de leitura.....................................................................................................................................50 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 8. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 9. Apresentação Prezado aluno, A Metodologia Científica procura colocar à sua disposi- ção um conjunto de diretrizes para auxiliá-lo na tarefa de pesquisa em diferentes conteúdos científicos, na coleta e organização de dados, na elaboração e na apresentação de textos científicos. Espera-se que, a partir da teoria aqui apresentada, você possa reconhecer a importância da Metodologia Cientí- fica como um facilitador do pensamento científico sob todos os aspectos, além de identificá-la como base para a atividade profissional que, por definição, precisa ser ordenada, metódica e lógica. Como resultado disso, esta obra caracteriza-se com uma apresentação simples, clara e lógica, a fim de favorecer o desenvolvimento de competências que melhorem a capacidade de pensar e agir com cientificidade, seja no âmbito acadêmico ou profissional. Esta obra começa falando sobre a base do pensamento evolutivo, que teve início com a curiosidade inata da natureza humana, e foi se aprimorando com o passar dos séculos, encantando o homem com a vastidão do que pode ser conhecido no mundo. Em seguida, apresenta algumas diretrizes para a organi- zação desse pensar e as regras estabelecidas para tornar possível, tanto a ordenação quanto o repasse desse conhecimento acumulado para todos que por ele se inte- ressarem. Isso é a Metodologia Científica! Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 10. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 11. 9 O pensamento evolutivo: metodologia, raciocínio e conhecimento A base do pensamento evolutivo A partir do momento em que o homem tomou conhecimento de sua existência no mundo, começou a explicar os fenômenos com os quais se deparava constantemente. Inicialmente, o fez de uma forma intuitiva, criando mitos para justificar aquilo que não compreendia. Durante algum tempo, essas explicações bastaram ao homem, porém, a sua capacidade pensante fez surgir nele a necessidade de uma outra explicação, que fosse racional, sobre si próprio, sobre o mundo e os seus inúmeros fenômenos. Dessa necessidade nasceu a filosofia, na Grécia, por volta do século VI a.C. Por meio de um longo processo histórico, ela surgiu promovendo a passagem daque- le saber intuitivo e superficial para um saber racional e mais seguro. Isso, no entan- to, aconteceu sem o rompimento brusco com todos os conhecimentos do passado. Assim, durante muito tempo, os primeiros filósofos gregos compartilharam de diversas crenças míticas, enquanto desenvolviam o conhecimento racional que caracterizaria a filosofia. O homem queria uma nova explicação para o mundo, por isso partiu em busca de verdades decorrentes de um pensamento lógico e coerente. Essa busca o tornou cada vez mais exigente com o conhecimento que adquiria e transmitia. No início, o saber filosófico designava a totalidade do conhecimento racional de- senvolvido pelo homem. Abrangia os mais diversos tipos de conhecimento que hoje entendemos como pertencentes à Matemática, à Astronomia, à Física, à Biologia, à Lógica, à Ética etc. Todo o conjunto dos conhecimentos racionais integrava o universo do saber filosófico. Com o passar dos anos, muitos desses conhecimentos foram conquistando auto- nomia e se desprenderam do saber filosófico. Assim, essas ciências passaram a direcio- nar suas investigações a certos campos delimitados da realidade, e o fazem ainda hoje Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 12. 10 Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento de forma cada vez mais“localizada”. Esse processo continua evoluindo, de tal maneira, que o mundo atual caracteriza-se como a“era dos especialistas”. Essa especialização, no entanto, também pode constituir-se num problema, pois conduz a uma pulverização do saber e à perda da visão mais ampla do conhecimento humano (COTRIM, 1999). Hoje, o homem busca um conhecimento que, além de ser verdadeiro, deve ser específico nas diferentes áreas de interesse. Todo o acúmulo e a especificidade do conhecimento geram a necessidade, cada vez maior, de que o estudioso utilize mecanismos que facilitem e colaborem com o seu trabalho de investigação, para que o conhecimento a ser adquirido possa estar cada vez mais próximo da verdade. O raciocínio lógico O raciocínio lógico é a arte de bem pensar e, de acordo com Hegel (apud CHAUÍ, 1998, p. 80), “de modo algum podemos renunciar ao pensamento”. Para se ter uma ideia mais clara a respeito de raciocínio lógico, vejamos, sinteticamente, o que é racio- cínio e o que é lógica. O raciocínio é um processo mental que consiste em encadear logicamente dois ou mais juízos antecedentes, em busca de um juízo novo, denominado conclusão ou inferência. Em lógica, tem o nome de argumentação, que é um tipo de operação dis- cursiva do pensamento. A argumentação consiste em encadear logicamente juízos e deles tirar uma conclusão. Tradicionalmente, dividimos os argumentos em dois tipos: os dedutivos e os indutivos. A lógica é uma parte da filosofia, é a ciência do pensamento. Sua definição geral pode ser a seguinte:“ciência que tem por objetivo determinar, por entre todas as ope- rações intelectuais que tendem para o conhecimento do verdadeiro, as que são váli- das, e as que não o são”(COTRIM, 1999, p. 303). ParaofilósofogregoAristóteles(séc.IVa.C.)alógicaéuminstrumentoparapensar melhor e, embora alguns filósofos anteriores a ele tenham estabelecido algumas leis do pensamento, nenhum o fez com tal amplitude e rigor. Por essa razão,“a lógica aris- totélica permaneceu através dos séculos até os nossos dias”(ARANHA; MARTINS, 1999, p. 85). Essas contribuições foram incorporadas e desenvolvidas pelos modernos méto- dos da lógica matemática ou simbólica. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 13. 11 Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento Raciocínio dedutivo É o argumento cuja conclusão é inferida necessariamente de duas premissas. É o raciocínio que nos permite tirar, de uma ou várias proposições, uma conclusão que delas decorre logicamente. A Matemática, por exemplo, usa predominantemente pro- cessos dedutivos de raciocínio. O argumento dedutivo é aquele que se desenvolve de premissas gerais para chegar a uma conclusão particular. Exemplo: Premissa A: Todos os homens são mortais. Premissa B: Epaminondas é homem. Conclusão: Logo, Epaminondas é mortal. A conclusão particular de que Epaminondas é mortal é necessária porque deriva das premissas anteriores de que “todos os homens são mortais” e de que “Epaminon- das é homem”. Raciocínio indutivo É o raciocínio ou forma de conhecimento pelo qual passamos do particular ao universal, do especial ao geral, do conhecimento dos fatos ao conhecimento das leis. O argumento indutivo é aquele que parte de proposições particulares para chegar a uma conclusão geral. Exemplo: Proposição A: O cobre, o zinco e a prata conduzem energia. Proposição B: Ora, o cobre, o zinco e a prata são metais. Conclusão: Logo, todo metal é condutor de energia. Partindodaobservaçãoeanálisedosfatosefenômenos,podemoselaborarproposiçõesparticulares verdadeiras.Combasenessasproposições,oargumentoindutivotendeachegaraconclusõesgerais apenas provavelmente verdadeiras, mas não seguramente verdadeiras. (COTRIM, 1999, p. 312) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 14. 12 Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento Chauí (1998, p. 67) diz que a “indução realiza um caminho exatamente contrário ao da dedução. Com a indução partimos de casos particulares iguais ou semelhantes e procuramos a lei geral, a definição geral ou a teoria geral que explica e subordina todos esses casos particulares”. O conhecimento de senso comum O conhecimento de senso comum é a forma mais usual que o homem utiliza para interpretarasimesmo,seumundoeouniversocomoumtodo.Essaproduçãodeinterpre- tações significativas, isto é, esse conhecimento, é o do senso comum.Também é chamado de conhecimento ordinário, popular, comum ou empírico (KÖCHE, 1997). O conhecimento do senso comum é o“conhecimento do povo, obtido ao acaso, após inúmeras tentativas. É ametódico e assistemático”(CERVO; BERVIAN, 1996, p. 7). Esseconhecimentosurgecomoconsequênciadanecessidadedohomemderesol- ver problemas imediatos, que aparecem na vida prática e decorrem do contato direto com os fatos e fenômenos que vão acontecendo no dia a dia. Na idade pré-histórica, por exemplo, o homem soube fazer uso das cavernas para abrigar-se das intempéries e proteger-se da ameaça dos animais selvagens. Progressivamente, foi aprendendo a dominar a natureza, inventou a roda, meios mais eficazes de caça e de pesca, canoas para navegar nos lagos e rios, instrumentos para o cultivo do solo e tantos outros. O uso da moeda, o carro puxado por animais, o uso de remédios caseiros utilizando ervas hoje classificadas como medicinais, a fabricação de utensílios domésticos, o estabele- cimento de normas e leis que regulamentavam a convivência dos indivíduos no grupo social, são exemplos que demonstram como o homem evoluiu historicamente buscan- do e produzindo um conhecimento útil gerado pela necessidade de produzir soluções para os seus problemas de sobrevivência (KÖCHE, 1997). Oconhecimentodosensocomuméoresultadodanecessidadederesolverosproble- mas diários. Não é, portanto, programado ou planejado antecipadamente. À medida que a vida vai acontecendo, ele se desenvolve, seguindo a ordem natural dos acontecimentos. Nele,háumatendênciademanterosujeitoqueoelaboracomoumespectadorpassivoda realidade, sem uma reflexão acerca do assunto. Por isso, o conhecimento do senso comum caracteriza-se por ser elaborado de forma espontânea e instintiva. Segundo Buzzi (apud KÖCHE, 1997, p. 24),“o conhecimento do senso comum é um viversemconhecer”. Esse conhecimento permanece num nível superficial. Um viver sem conhecer sig- nifica que o senso comum, quando busca informações e elabora soluções para os seus problemas imediatos, não especifica as razões ou fundamentos teóricos que demons- tram ou justificam o seu uso, sua possível correção ou confiabilidade, por não compre- ender e não saber explicar as relações que há entre os fenômenos. No senso comum se Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 15. 13 Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento utilizam, geralmente, conhecimentos que funcionam razoavelmente bem na solução dos problemas imediatos, apesar de não se compreender ou de se desconhecer as explicações a respeito de seu sucesso. Esses conhecimentos, pelo fato de darem certo, ­transformam-se em convicções, em crenças que são repassadas de um indivíduo para o outro e de uma geração para a outra (KÖCHE, 1997). O conhecimento científico O “conhecimento científico vai além do empírico, procurando conhecer além do fenômeno, suas causas e leis”(CERVO; BERVIAN, 1996, p. 7). O conhecimento científico surge da necessidade de o homem compreender os fenômenos de forma clara, o mais próximo da verdade. Ele sai de uma posição mera- mente passiva. “Cabe ao homem, otimizando o uso da sua racionalidade, propor uma forma sistemática, metódica e crítica da sua função de desvelar o mundo, compreendê- -lo, explicá-lo e dominá-lo”(KÖCHE, 1997, p. 24). O autor diz, o que impulsiona o homem em direção à ciência é a necessidade de compreender a cadeia de relações que se esconde por trás das aparências sensíveis dos objetos, fatos ou fenômenos, captadas pela percepção sensorial e analisadas de forma superficial, subjetiva e a crítica pelo senso comum. O homemqueriralémdessaformadeverarealidadeimediatamentepercebidaedescobrirosprincípios explicativos que servem de base para a compreensão da organização, classificação e ordenação da natureza em que está inserido. Não é a simples organização ou classificação que caracterizam um conhecimento científico, mas a organização e classificação sustentadas em princípios explicativos. O catálogo de um bibliotecário é um trabalho de grande valor e utilidade, sem, contudo, poder ser chamado de ciência. Através desses princípios, a realidade passa a ser percebida pelos olhos da ciência não de uma forma desordenada e fragmentada, como ocorre na visão subjetiva do senso comum, mas sob o enfoque de um princípio explicativo que esclarece e pro- porciona a compreensão do tipo de relação que se estabelece sobre os fatos, coisas e fenômenos, unificando a visão de mundo. Nesse sentido, o conhecimento científico é expresso sob a forma de enunciados que explicam as condições que determinam a ocorrência dos fatos e dos fenômenos relacionados a um problema (KÖCHE, 1997). O conhecimento científico é um produto resultante da investigação científica. Surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida diária, característica do conhecimento do senso comum, mas do desejo e da necessidade de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e cri- ticadas através de provas empíricas. É um produto da necessidade de se alcançar um conhecimento“seguro”. Pode surgir como problema de investigação, também das experiências e crenças do senso comum [...] A investigação científica se inicia quando se descobre que os conhecimentos existentes, originários das crenças do senso comum, das religiões ou da mitologia, são insuficientes e Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 16. 14 Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento impotentes para explicar os problemas e as dúvidas que surgem. A investigação científica é a construção e a busca de um saber que acontece no momento em que se reconhece a ineficácia dos conhecimentos existentes, incapazes de responder de forma consistente e justificável às perguntas e dúvidas levantadas. (KÖCHE, 1997, p. 24) A metodologia científica A metodologia trata das formas de se fazer ciência. Cuida dos procedimentos, das ferramentas e dos caminhos para se atingir a realidade teórica e prática, pois essa é a finalidade da ciência (DEMO, 1985). Quando nos decidimos a fazer ciência, é importante chegarmos a um determina- do lugar, previamente proposto. Para tanto, a metodologia oferece vários caminhos. Cabe ao estudioso, ao cientista, escolher e usar a alternativa mais adequada ao seu trabalho. É essencial entendermos a importância da metodologia para a formação do cien- tista; ela é condição fundamental de seu amadurecimento como personalidade cientí- fica. Quando o cientista segue um método específico, promove o espírito crítico, capaz de realizar a autoconsciência do trajeto feito e por fazer. Também delimita sua criativi- dade e sua potencialidade no espaço de trabalho. A ciência propõe-se a captar e mani- pular a realidade assim como ela é. Segundo Demo (1985), a metodologia desenvolve a preocupação em torno de“como”chegar a essa realidade. Mais do que uma disciplina, a metodologia científica nos introduz no mundo dos procedimentos sistemáticos e racionais, base da formação tanto do estudioso quanto do profissional, pois ambos atuam, além da prática, no mundo das ideias. Pode-se afirmar até que a prática nasce da concepção sobre o que deve ser realizado e qualquer tomada de decisão fundamenta-se naquilo que se afirma como o mais lógico, racional, eficiente e eficaz. Os trabalhos científicos mais comuns são: Resenha.Resumocríticodedeterminadolivro.Geralmenteérequeridacomo tarefa intermediária complementar a uma disciplina de curso ou é solicitada como artigo para divulgação em publicações periódicas especializadas. Revisão bibliográfica. Discute as contribuições de vários autores sobre um tema específico. Geralmente, é preparada logo após a conclusão do projeto de pesquisa e poderá figurar como um capítulo do trabalho final. Projeto de pesquisa. É o planejamento da pesquisa propriamente dito, dele constando elementos como delimitação, fontes, metodologia, cronograma, Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 17. 15 Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento entre outros. É solicitado como a primeira etapa de qualquer pesquisa a ser desenvolvida. Monografia. É o relato de uma pesquisa, geralmente escrita como tarefa final de uma disciplina, de um curso de graduação ou de especialização. Dissertação. É o relato de uma pesquisa desenvolvida num projeto de mestrado. Tese. É o relato de uma pesquisa desenvolvida num projeto de doutorado. As diretrizes aqui apresentadas facilitam o procedimento na elaboração de tra- balhos científicos. Presume-se, portanto, que a sua ausência dificulta o trabalho do es- tudante, transtorna a tarefa dos professores, complica a catalogação e armazenagem dos textos e prejudica a disseminação da informação. “Elas não devem ser tomadas como uma ´camisa de força`, mas como um conjunto de orientações a serem seguidas” (AZEVEDO, 2000, p. 10). Síntese O estudo da Metodologia Científica estimula a reflexão, que propicia a des- coberta da realidade que nos rodeia. Os fundamentos da Metodologia Científica fornecem instrumentos para a comprovação de hipóteses que fazemos sobre a realidade. Os procedimentos em Metodologia Científica orientam-nos na análise e na apresentação dos resultados da investigação científica. Texto complementar A coisa mais bela que o homem pode experimentar é o sentido do mistério. É a fonte de toda verdadeira arte e de toda verdadeira ciência. Quem nunca experi- mentou essa sensação, encontra-se como que morto: seus olhos estão fechados. [...] Saber que aquilo, que para nós é impenetrável, existe realmente e se manifesta com a mais alta sabedoria e a mais radiante beleza que os nossos pobres sentidos con- seguem perceber somente em suas formas primitivas, essa consciência, esse senti- mento, é a essência da verdadeira religiosidade. Albert Einstein Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 18. 16 Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento Atividades Vídeo:1. A Guerra do Fogo (França/Canadá, 1981, 96 min.). Direção de Jean- -Jacques Annaud. Por causa de uma briga, apaga-se o fogo de uma tribo pré- -histórica, que só sabia conservá-lo, não reproduzi-lo. O filme apresenta as principais hipóteses de evolução da humanidade a partir, ou em função, da descoberta da tecnologia do fogo. Assista ao filme e reflita sobre a evolução do homem. Pense e discuta com os seus colegas:2. Qual é o sentido do ser humano pensar sobre seus problemas e seus ques-a) tionamentos? É possível entender um problema sem saber a resposta dele?b) Existe um método para desvendar mistérios?c) Qual é a sua atitude diante do mistério?d) Referências ARANHA, Maria L. A.; MARTINS, Maria H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1999. AZEVEDO, Israel B. O Prazer da Produção Científica. 8. ed. São Paulo: Prazer de Ler, 2000. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 1998. COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 1999. DEMO, Pedro. Introdução à Metodologia da Ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1985. ______ . Pesquisa: princípio científico e educativo. São Paulo: Cortez, 2001. KÖCHE. José C. Fundamentos de Metodologia Científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. Petrópolis: Vozes, 1997. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 19. 17 Opensamentoevolutivo:metodologia,raciocínioeconhecimento Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 20. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 21. 19 O método científico e a pesquisa Na Grécia Antiga, a palavra methodos significava “caminho para se chegar a um fim”. Hoje, depois de tantos anos, o seu significado estendeu-se um pouco mais e vários autores apresentaram diferentes definições para essa palavra. No entanto, o conceito de método continua tendo uma ligação muito forte com o sentido grego original, e é precisamente esse ponto que nos interessa: falar do método como um caminho para se chegar a um fim. Todos nós conhecemos muitos métodos. Eles fazem parte da nossa vida. Galliano (1986, p. 4) diz que “qualquer pessoa civilizada é uma espécie de ilha cercada de mé- todos por todos o lados, ainda que nem sempre tenha consciência disso”. Do momen- to em que acordamos pela manhã, todas as nossas ações seguem métodos para que possam ser realizadas adequadamente. Desde preparar uma refeição, dirigir um carro, até estudar ou trabalhar, o método está sempre presente em nossas vidas. O método, portanto, constitui um dos pontos centrais nas formas de conhecimen- to do ser humano. Ao levarmos esse conceito para a aquisição do conhecimento em ciência, teremos um método chamado científico. Este, por sua vez, caracteriza-se por um conjunto de procedimentos racionais e pré-estipulados de que o pesquisador se utiliza para atingir uma determinada meta. Em linhas gerais, o método científico é um instrumento utilizado pela ciência na sondagem da realidade e, para tanto, os cientistas adotam os seguintes passos: proposição de uma pergunta; formulação de uma hipótese (por indução); testes por meio de experimentos ou de novas observações; conclusões sobre a validade ou não da hipótese. Existem vários tipos de métodos científicos, mas vamos analisar apenas um deles, o método experimental. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 22. 20 Ométodocientíficoeapesquisa Método experimental Emtese,ométodoexperimentalsecaracterizapelasseguintesetapas:observação, hipótese, experimentação, generalização (lei e teoria). Na prática, porém, o processo não se realiza necessariamente nessa ordem, podendo variar conforme as circunstâncias. Observação e hipótese – nem sempre o pesquisador começa o seu trabalho pela observação dos fatos, para depois realizar a seleção de dados. Entre os tantos fatos com os quais o pesquisador se depara, a questão mais impor- tante é saber selecionar os mais relevantes. Ora, como considerar a relevância de um fato, a não ser que já tenha algumas hipóteses preliminares orientando o seu olhar? Portanto, observação e hipótese se acham sempre relacionadas de maneira recí- proca. Se de início a hipótese orienta a seleção dos fatos, em outro momento da pes- quisa ela tem o papel de reorganizar esses fatos, dando-lhes uma interpretação provisó- ria como proposta antecipada de solução do problema. A intuição e a“iluminação súbita”(insight) nas descobertas científicas são precedi- das por longo trabalho e rigorosa elaboração conceitual. Além disso, para ser científica, a hipótese precisa ser verificada e confirmada pelos fatos e validada pela comunidade intelectual (ARANHA; MARTINS, 1999). Confirmação da hipótese – a verificação da hipótese é feita de inúmeras maneiras, dependendo das técnicas disponíveis e também do tipo de ciência considerado. Por exemplo, em Astronomia, a confirmação só se faz mediante nova observação. Assim, outros tipos de ciência também terão suas formas específicas de verificação das hipóteses. Generalização – caso a hipótese referente à elucidação de um fenômeno não se confirme pela experimentação, o trabalho deve ser recomeçado. Somente quando o resultado for positivo, será possível fazer generalizações ou formular leis pelas quais são descritas as regularidades dos fenômenos. A grande força do método científico está na possibilidade de descoberta das re- lações constantes e necessárias entre os fenômenos. Assim, se estabelecem as leis que permitem a previsibilidade da natureza. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 23. 21 Ométodocientíficoeapesquisa O caráter provisório da ciência Apesar do rigor do método científico, não convém concluir que a ciência é um conhecimento certo e definitivo. A ciência avança em contínuo processo de investi- gação que supõe alterações e ampliações necessárias diante de novas situações e em diferentes épocas. Assim, à medida que surgem fatos novos, ou quando são inventa- dos outros instrumentos de investigação, a ciência vai se alterando e adaptando, pro- piciando novos conhecimentos. Pesquisa A pesquisa é uma atividade voltada para a solução de problemas. Assim, ela parte de uma dúvida ou de um problema, buscando uma resposta ou solução, com o uso do metódo científico. Pesquisa também é uma forma de obtenção de conhecimen- tos e descobertas acerca de um determinado assunto ou fato. Existem vários tipos de pesquisa: Pesquisa bibliográfica A pesquisa bibliográfica deve ser somada, necessariamente, a todo e qualquer outro tipo de pesquisa ou trabalho científico, constituindo uma base teórica para o de- senvolvimento de todo trabalho de investigação em ciência. Ela abrange toda biblio- grafia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, bo- letins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais: filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritas de alguma forma, quer publicadas quer gravadas. A pesquisa bibliográfica não é mera repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras. É necessário refletir sobre ela para que se possa articular e correlacionar as informações obtidas com o objeto de estudo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 24. 22 Ométodocientíficoeapesquisa Pesquisa documental A característica da pesquisa documental é que a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre, ou depois. São compiladas pelo autor. Exemplos: estatísticas, cartas, contratos, fotografias, filmes, mapas etc. Pesquisa descritiva A pesquisa descritiva, conforme diz o próprio nome, descreve uma realidade tal como esta se apresenta, conhecendo-a e interpretando-a por meio da observação, do registro e da análise dos fatos ou fenômenos (variáveis). Ela procura responder ques- tões do tipo“o que ocorre”na vida social, política, e econômica, sem, no entanto, inter- ferir nessa realidade. Os dados dessa pesquisa ocorrem em seu habitat natural. Eles precisam ser cole- tados e registrados ordenadamente para seu estudo. A pesquisa descritiva pode ter os objetivos de: familiarizar-se com um fenômeno ou descobrir nova percepção do mesmo; saber atitudes, pontos de vista e preferências das pessoas; conhecer a motivação das pessoas para determinadas ações; fazerumestudodecasosobreumdeterminadoindivíduo,comunidadeouempresa. Pesquisa experimental É aquela que manipula deliberadamente algum aspecto da realidade, a partir de condições anteriormente definidas. Esse tipo de pesquisa busca estabelecer relações de causa e efeito, ou seja, procura responder “por que” um fenômeno ocorre. Para de- senvolver uma pesquisa experimental é preciso ­realizar um experimento, que deverá acontecer em ambiente natural (pesquisa de campo), ou em laboratório (pesquisa de laboratório). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 25. 23 Ométodocientíficoeapesquisa Pesquisa de campo Esse tipo de pesquisa consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocor- rem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presumem relevantes para os analisar. Não deve ser confundida com a simples coleta de dados. O objetivo da pesquisa de campo é conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. As fases da pesquisa de campo requerem a realização de uma pesquisa bibliográ- fica. Esta permitirá que se estabeleça um modelo teórico inicial de referência, que au- xiliará na determinação das variáveis e elaboração do plano geral da pesquisa. Deve-se determinar as técnicas que serão empregadas na coleta de dados e na determinação da amostra, que deverá ser representativa e suficiente para apoiar as conclusões. Por último, antes que se realize a coleta de dados é preciso estabelecer tanto as técnicas de registro desses dados como as técnicas que serão utilizadas em sua análise posterior. Pesquisa de laboratório A pesquisa de laboratório é um procedimento de investigação mais difícil, porém mais exato. Ela descreve e analisa o que será ou ocorrerá em situações controladas. Exige instrumental específico, preciso, e ambientes adequados. O objetivo da pesquisa de laboratório depende daquilo que o pesquisador se propôs a alcançar e que deve ser previamente estabelecido. As técnicas utilizadas também variam de acordo com o estudo a ser feito. Na pesquisa de laboratório, as experiências são efetuadas em recintos fechados (casas, laboratórios, salas) ou ao ar livre; em ambientes artificiais ou reais, de acordo com o campo da ciência que está realizando-as, e se restringem a determinadas manipulações. A pesquisa de laboratório pode ser feita com pessoas, animais, vegetais ou minerais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 26. 24 Ométodocientíficoeapesquisa No laboratório, o cientista pode observar, medir e chegar a certos resultados, sejam eles esperados ou inesperados (LAKATOS; MARCONI, 1991). Não existe um método de pesquisa perfeito. Cabe ao pesquisador analisar cui- dadosamente o seu objeto de pesquisa bem como os seus propósitos, para melhor definir a sua escolha metodológica. Texto complementar Generalidades introdutórias sobre o método (RUIZ, 2002) O método constitui característica tão importante da ciência que, não raro, in- dentificamos ciência com seu método. Cumpre, pois, que o destaquemos para um breve estudo. A palavra método é de origem grega e significa o conjunto de etapas e proces- sos a serem vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da verdade. Os diversos passos do método científico não foram estabelecidos aprioristica- mente; de fato, os homens procuraram agir cientificamente e só depois pararam para examinar o caminho que conduzira seu trabalho ao êxito. Assim, surgiu o método ou o traçado fundamental do caminho a percorrer na pesquisa científica. Não foi somente com o método que tal fenômeno de reflexão e sistematiza- ção ocorreu, pois o homem primeiro viveu, e só depois estudou a vida: primeiro viveu moralmente, e só depois sistematizou a moral, primeiro raciocinou com lógica espontânea ou natural, e só depois definiu as leis do raciocínio; assim, também, o homem primeiro agiu metodicamente, e só depois estruturou os passos e exigên- cias do método científico. A importância do método O método confere segurança e é fator de economia na pesquisa, no estudo, na aprendizagem. Estabelecido e aprimorado pela contribuição cumulativa dos ante- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 27. 25 Ométodocientíficoeapesquisa passados, não pode ser ignorado hoje, em seus delineamentos gerais, sob pena de insucesso. Entretanto, se, por um lado, pode ser aceita a opinião de que“um espírito medí- ocre, mas guiado por um bom método, fará muitas vezes mais progressos nas ciên- cias que outro mais brilhante que caminha ao acaso”, por outro lado, é preciso não exagerar a importância do método ou sua eficácia incondicional. O método é um extraordinário instrumento de trabalho que ajuda, mas não substitui por si só o ta- lento do pesquisador. O melhor será que o espírito talentoso não caminhe ao acaso ou às apalpadelas, mas aceite a contribuição do método para conseguir progressos nas ciências. Método é um “conjunto de normas-padrão que devem ser satisfeitas, caso se deseje que a pesquisa seja tida por adequadamente conduzida e capaz de levar a conclusões merecedoras de adesão racional.” Atividades Em grupos de três ou quatro alunos, exponha e discuta:1. Um problema de seu interesse para estudo.a) Quais os tipos de pesquisas adequados para a possível solução desse pro-b) blema? Referências ARANHA, Maria L. A.; MARTINS, Maria H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 2. ed. São Paulo: Moderna, 1999. GALLIANO, A. Guilherme. O Método Científico: teoria e prática. São Paulo: Harbra, 1986. LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Fundamentos de Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 28. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 29. 27 O tema de uma pesquisa, problema, hipóteses e variáveis Toda pesquisa tem o seu início estabelecido a partir da escolha de um tema. Esse tema, por sua vez, deve ter algumas características que viabilizem a realização da pes- quisa. Somente após a realização dessa etapa é que o pesquisador pode dar início à elaboração do plano de trabalho. A escolha do tema A escolha do tema deve estar ligada à área de atuação profissional, ou que faça parte da experiência pessoal do estudante. Isso torna o trabalho de desenvolvimento monográfico muito mais interessante e eficiente, porque o estudante já possui conheci- mentos prévios que poderão facilitar a interpretação de textos, ideias e jargões da área, além de orientar a busca de bibliografia e consulta a profissionais especializados. A pesquisa de material escrito, livros, revistas, periódicos, jornais etc., representa uma excelente fonte de ideias para escolha do tema/assunto a ser pesquisado. Pode-se iniciar a busca consultando os próprios livros, lembrando que cada nova leitura de um texto traz novas ideias, análises e interpretações (MARTINS; LINTZ, 2000). Algumas fontes de ideias para a escolha de um tema: experiências individuais; material escrito em livros, revistas, periódicos etc.; diálogos com professores, autoridades e colegas de curso; observação direta do comportamento de fenômenos e fatos; senso comum; participação em seminários, encontros, congressos etc.; reflexão. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 30. 28 Otemadeumapesquisa,problema,hipótesesevariáveis Uma vez perguntaram a Newton como ele havia descoberto a Lei da Gravidade, e ele respondeu:“Pensando sobre ela”. Assim, percebe-se que a reflexão é, sem dúvida, uma rica fonte de ideias. Com apoio na reflexão, podem surgir hipóteses sobre rela- ções imprevistas, dúvidas de entendimento, descoberta de falhas ou subjetividades em certas teorias, e tantas outras questões relevantes. O senso comum, apesar de ser chamado de inimigo da ciência, também pode trazer ideias para serem pesquisadas cientificamente. Predicados de um bom tema Quando da escolha de um tema é preciso estar ciente de que tal assunto neces- sita de discussão, investigação, decisão ou solução. Assim, deve-se refle­tir se o foco de estudo possui: viabilidade – o tema escolhido deve estar relacionado às evidências empíri- cas que permitam observações, testes e validações; importância – o tema é importante quando, de alguma forma, está rela- cionado a uma questão que polariza, ou afeta, um segmento substancial da sociedade; originalidade – um tema é original quando há indicadores de que seus resul- tados irão causar alguma surpresa. Isto é, se “há possibilidades de encontrar novos resultados ainda não disseminados no ambiente científico-profissional” (MARTINS; LINTZ, 2000, p. 24). Por fim, é de suma importância que o tema tenha um foco de estudo restrito. Isso proporcionará ao pesquisador mais segurança e facilidade na realização da pesquisa. MartinseLintz(2000)comparamoprocessodeescolhadeumtemadepesquisacom “aelaboraçãodeumroteiroparailuminaçãodeumapeça­teatral”(p.25).Osautoresafirmam que, com criatividade e perspicácia, deve-se escolher onde “jogar a luz” (ou a câmera), ou seja,“buscar uma perspectiva que possibilite dizer algo que ainda não foi dito, ou rever sob outra visão, o que já foi dito sobre o tema que você pretende investigar”(p. 25). Evite: tema que fale de muitas coisas; questões que envolvam juízo de valor; simples suspeitas, vagas sensações, primeiras impressões. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 31. 29 Otemadeumapesquisa,problema,hipótesesevariáveis Como formular um problema? Não é fácil formular um problema. Para alguns, isso implica o exercício de certa capacidade que não é muito comum nos seres humanos. Todavia, não há como deixar de reconhecer que o treinamento desempenha papel fundamental nesse processo. Existem algumas condições que facilitam essa tarefa, tais como: imersão sistemá- tica no objeto, estudo da literatura existente e discussão com ­pessoas que acumulam muita experiência prática no campo de estudo. Algumas regras práticas para a formulação de problemas científicos (GIL, 1996, p. 29): O problema deve ser formulado como pergunta Exemplo: Se alguém disser que vai pesquisar a “falência das empresas”, pouco estará dizendo. Mas, se propuser: “Quais fatores provocam a falên- cia das empresas?”, então estará efetivamente propondo um problema de pesquisa. O problema deve ser claro e preciso Exemplo: “Como funciona a mente?”. Esse não é um problema claro, e também não é preciso, portanto, não pode ser proposto. Ele deve ser refor- mulado para:“Quais mecanismos psicológicos podem ser identificados no processo de memorização?” O problema deve ser empírico Os problemas científicos não devem se referir a valores. Exemplo: “Os alunos de escolas particulares são mais inteligentes que os alunos de es- colas públicas?”. Problemas desse tipo conduzem a julgamentos morais e, consequentemente, a considerações subjetivas, invalidando os propósitos da investigação científica, a qual deve ser objetiva. O problema deve ser suscetível de solução Para formular adequadamente um problema é preciso que se tenha ideia de como seria possível coletar os dados necessários à sua resolução. Exemplo: “Ligando-se o nervo ótico às áreas auditivas do cérebro, a visão seria senti- da auditivamente?”. Essa pergunta só poderia ser respondida se a tecnolo- gia dispusesse de instrumentos capazes de obter tais dados, portanto, não é possível de ser realizada. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 32. 30 Otemadeumapesquisa,problema,hipótesesevariáveis O problema deve ser delimitado a uma dimensão viável Exemplo:“Em que pensam os jovens?”. É um problema muito amplo. Seria necessário delimitar a população de jovens a serem pesquisados: faixa etária, localidade abrangida etc (GIL, 1996, p. 32). Caso o problema proposto não se adapte a essas regras, não precisa ser afastado. O melhor é proceder à reformulação ou ao esclarecimento. Como construir hipóteses? Após a colocação de um problema solucionável, o passo seguinte consiste em oferecer uma solução possível, através de uma proposição que será declarada verda- deira ou falsa ao final da pesquisa. A essa proposição dá-se o nome de hipótese. Assim, a hipótese é a proposição testável que pode vir a ser a solução do problema. Como ilustração considere-se o seguinte problema: Quem se interessa por Marke- ting? A hipótese poderia ser a seguinte: “Pessoas que trabalham em campanhas publici- tárias tendem a manifestar interesse por Marketing”. Suponha-se que mediante a coleta e a análise dos dados a hipótese tenha sido confirmada. Nesse caso, o problema terá sido solucionado porque a pergunta formulada pôde ser respondida. Pode ocorrer, no entanto, que não se consiga obter informações claras que indiquem ser aquela qualidade fator de- terminante no interesse por Marketing.“Neste caso, a hipótese não terá sido confirmada e, consequentemente, o problema não terá sido solucionado”(GIL, 1996, p. 35). Não há regras para se construir hipóteses. Seu processo de elaboração é de natu- reza criativa e, por essa razão, é frequentemente associado a certa qualidade de“gênio”. Entretanto, em boa parte dos casos a qualidade mais requerida do pesquisador é a experiência na área (GIL, 1996). Variáveis O pesquisador científico precisa determinar quais são os componentes dos ele- mentos que serão investigados bem como a precisão utilizada para a mensuração do objeto de estudo. Para tanto, é necessário determinar as variáveis da pesquisa para que estas possam permitir maior clareza e confiabilidade nos resultados da pesquisa. O termo variável é muito empregado na linguagem científica. Seu objetivo é o de conferir maior precisão aos enunciados científicos, sejam eles hipóteses, teorias, leis, princípios ou generalizações (GIL, 1996). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 33. 31 Otemadeumapesquisa,problema,hipótesesevariáveis O conceito de variável refere-se a tudo aquilo que pode assumir diferentes as- pectos, valores e posições, segundo os casos particulares ou as circunstâncias. Assim, a idade é uma variável porque pode abranger diferentes valores. Outros exemplos de variáveis podem ser estatura, peso, sexo, temperatura, classe social, salário, profissão, cor etc., desde que se destaquem os valores que contêm. Podem-se destacar as variáveis de duas formas específicas. A primeira é aquela em que as variáveis não descrevem nenhuma função. Esse tipo de variável é chamada de genérica. É o que acontece na pesquisa descritiva, em que não existem relações entre as diversas variáveis. Exemplo: “O conceito que os alunos de Economia têm sobre desenvolvimento econômico.” Variáveis: nível social da família, religião, contato anterior com a área. A segunda forma de se nomear as variáveis é aquela que considera sua função na relação causa-efeito. É o que acontece na pesquisa experimental, em que existem relações entre as variáveis, que podem ser de causa, dependência, influência etc. Exemplo: “A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação dos filhos.” Variável independente (VI): classe social Variável dependente (VD): tempo de amamentação De acordo com a sua função na relação causa-efeito, as variáveis podem ser classificadas em três tipos: variável independente, variável dependente e variável interveniente. Variável Independente (VI) é o fator que, provavelmente, será o responsável (causa) pelas modificações em outro fenômeno observado e sempre antecede o efeito no tempo. É aquilo que se supõe ser a causa. Recebe a denominação de variável independente por não possuir nenhuma condição anterior neces- sária para a sua ocorrência. Variável Dependente (VD) é o fator que, provavelmente, será alterado pelo experimento (efeito). O efeito recebe a nomenclatura de variável dependente, uma vez que depende diretamente da causa (VI). Existe uma relação direta de dependência dessa variável em relação à variável independente (VI). Sem a ocorrência da VI não haverá ocorrência da VD. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 34. 32 Otemadeumapesquisa,problema,hipótesesevariáveis Variável Interveniente (VIn) é o fator que modifica a variável dependente sem que tenha havido modificação na variável independente. Apesar de não ser manipulada ou deliberadamente incluída pelo pesquisador, ocorreu (ou pode vir a ocorrer) e influenciou na variabilidade dos dados assumidos pela VD. A variável interveniente recebe esse nome uma vez que, quando ocorre, ela intervém na relação entre a VI e a VD, alterando essa relação. A variável interveniente só ocorre por dois motivos: por conta do acaso ou por erro do pesquisador (CAMPOS, 2001). Exemplo: “A classe social da mãe influencia no tempo de amamentação dos filhos.” Suponha-se que nessa experiência, depois de um número“x”de participantes, o pesquisador já tenha os dados indicando a validade da sua experiência. Entretan- to, na testagem das próximas cinco participantes, o pesquisador percebe que nem houve amamentação porque as mães eram portadoras do vírus HIV (condição não observada no restante do grupo). Nesse caso, a experiência falhou, e revelou a“con- taminação pelo HIV”como uma variável interveniente (VIn). A percepção acerca da função das variáveis é fundamental nas relações causais, sendo importante que o pesquisador garanta que os resultados não sejam explicados pela ocorrência de uma variável interveniente. É preciso tomar cuidado e garantir que não haja nenhuma interferência externa que possa influir na relação que se deseja testar. Atividades Em grupos de três ou quatro alunos, exponha e discuta um tema para estu-1. do, extraído da sua área de atuação profissional. Após a discussão, cada aluno defende a sua ideia, explicando a importância do tema e a sua viabilidade de estudo ou pesquisa. Imagine que numa pesquisa a respeito do analfabetismo, temos a seguinte hi-2. pótese: “Países economicamente desenvolvidos apresentam baixos índices de analfabetismo”. A partir dessa hipótese, aponte as variáveis existentes e expli- que o porquê. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 35. 33 Otemadeumapesquisa,problema,hipótesesevariáveis Leitura do livro: GIL, Antonio Carlos.3. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996. Nessa obra o autor expõe, de maneira clara e direta, vários procedimentos perti- nentes à elaboração de um projeto de pesquisa. As orientações são práticas, uma vez que esclarecem e facilitam o trabalho de pesquisa do estudante. Referências CAMPOS, Luiz F. de Lara. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Psicologia. 2. ed. Cam- pinas: Alínea, 2001. GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1996. MARTINS, Gilberto A.; LINTZ, Alexandre. Guia para Elaboração de Monografias eTra- balhos de Conclusão de Curso. São Paulo: Atlas, 2000. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 36. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 37. 35 Métodos quantitativos, qualitativos e coleta de dados Método quantitativo É aquele que se baseia em dados mensuráveis das variáveis, procurando verificar e explicar sua existência, relação ou influência sobre outra variável. Quando uma pes- quisa se vale desse tipo de método, ela busca analisar a frequência de ocorrência para medir a veracidade ou não daquilo que está sendo investigado. Esse método utiliza técnicas específicas de mensuração, tais como questionários com respostas de múltipla escolha, por exemplo. Faz uso de cálculos de média e pro- porções, elaboração de índices e escalas, procedimentos estatísticos. Esse caminho de investigação exige um número significativo de participantes para que se possa produzir dados. A pesquisa quantitativa procura estabelecer uma regra, um princípio, algo que reflita a uniformidade do fenômeno (ou parte dele), pre- ocupando-se com o que é comum à maioria das situações (CAMPOS, 2001). A pesquisa quantitativa é adequada para a regularidade de um fenômeno e não as suas possíveis exceções. Método qualitativo Recebe esse nome pelo fato de se fundamentar em uma estratégia baseada em dados coletados em interações sociais ou interpessoais, analisadas a partir dos signifi- cados que participantes e/ou pesquisador atribuem ao fato (CHIZZOTI apud CAMPOS, 2001). Nesse tipo de pesquisa, o pesquisador se propõe a participar, compreender e interpretar as informações. Os recursos disponíveis para esse tipo de método são entrevistas, observações, questionários abertos, interpretação de formas de expressão visual como fotografias e pinturas, e estudos de caso. Os procedimentos são interpretativos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 38. 36 Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados O método qualitativo recebe muitas críticas por se considerar que o pesquisador, como única fonte de interpretação dos dados, pode não ter um nível de compreensão científica significativa exigida para tal desempenho. Além disso, ele pode imprimir a sua subjetividade na análise dos resultados impedindo, dessa forma, a sua replicação, uma vez que outro pesquisador não observará necessariamente os mesmos aspectos do pesquisador original.Todas essas questões poderiam comprometer a cientificidade das conclusões do estudo. De qualquer maneira, é o pesquisador que deve decidir, de acordo com a nature- za da sua pesquisa, qual método adotar. O importante nessa escolha é o rigor científico aplicado ao longo da experiência e a coerência absoluta com os seus objetivos prees- tabelecidos. Ademais, sabe-se que os dois métodos têm a possibilidade de se com- plementar, oferecendo resultados que possam ser cruzados em diferentes etapas de uma outra pesquisa. Por exemplo: dados decorrentes de análises quantitativas podem contribuir com estudos qualitativos. Coleta de dados A coleta de dados é a fase da pesquisa que tem por objetivo obter informações sobre a realidade. Conforme as informações necessárias, existem diversos instrumentos e formas de operá-los. Nas ciências humanas, o questionário e a entrevista são os mais frequentes instrumentos para coleta de dados. As suas respostas dão ao pesquisador a informação necessária para o desenvolvimento do estudo. “O conhecimento, assim obtido, refere-se à expressão verbal do fato pelo entrevistado, sendo que, na maioria das vezes, o pesquisador não observou os acontecimentos diretamente” (DENKER, 1998, p. 137). Entrevista A entrevista é uma comunicação verbal entre duas ou mais pessoas, com um grau de estruturação previamente definido, cuja finalidade é a obtenção de informações de pesquisa. É uma conversa orientada para um objetivo definido, como receber informa- ções relacionadas a um determinado assunto, por exemplo. As perguntas são feitas oralmente e as respostas são registradas pelo pesquisa- dor, por escrito ou com um gravador, se o entrevistado assim o permitir. É importan- te lembrar que o entrevistador deve apenas coletar dados, e não discuti-los com o entrevistado. Disso se conclui que o entrevistador deve falar pouco e ouvir muito. A entrevista pode ser: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 39. 37 Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados Estruturada Consiste de perguntas determinadas, isto é, apresenta uma série de perguntas conforme um roteiro preestabelecido. Esse roteiro deverá ser aplicado a todos os en- trevistados, sem alteração do teor ou da ordem das perguntas, a fim de que se possa comparar as diferenças entre as respostas dos vários entrevistados. Não estruturada Consiste de uma conversação informal que pode ser alimentada por perguntas abertas ou de sentido genérico, proporcionando maior liberdade para o entrevistado. Esse tipo de entrevista é mais difícil de ser tabulada. Há uma dificuldade de contar com pesquisadores preparados para essa tarefa; por essa razão, o mais recomendável é a utilização da entrevista estruturada. Exemplo de pergunta não estruturada: 1. Em sua opinião, o que é turismo e como ele pode contribuir para o desenvol- vimento dos municípios? 2. Conhece as leis de incentivo fiscal ao turismo? Em caso afirmativo: Qual é a sua opinião sobre esse incentivo? Vantagens da entrevista por sua flexibilidade, permite maior sinceridade de expressão, adequada para obter informações de indivíduos mais complexos e emotivos, ou para compro- var os sentimentos subjacentes a uma opinião; as perguntas são melhor entendidas e as informações são mais precisas; aplicável a analfabetos; permite observação e registro sobre aparência, comportamento e atitudes do entrevistado. Desvantagens da entrevista são mais dispendiosas e demoradas; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 40. 38 Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados precisam de mais habilidade para a aplicação; o respondente tem mais inibição; devido à flexibilidade, é difícil a comparação entre uma entrevista e outra. Questionário O questionário é a forma mais usada para coletar dados, pois possibilita medir com exatidão o que se deseja. A finalidade do questionário é obter, de maneira sistemática e ordenada, informações sobre as variáveis que intervêm em uma investigação, em rela- ção a uma população ou amostra determinada. Essas informações dizem respeito, por exemplo, a quem são as pessoas, o que fazem, o que pensam, suas opiniões, sentimentos, esperanças, desejos etc. Os questionários são impressos e respondidos pelos participantes, devendo, por esse motivo, constar no seu início uma explicação resumida dos objetivos da pesquisa, instrução para o preenchimento e agradecimento. Boa parte do êxito da investiga- ção depende da redação do questionário, que deve conter um conjunto de questões, todas logicamente relacionadas com um problema central (DENCKER, 1998). Como elaborar um questionário perguntas ordenadas em sequência lógica; perguntas que realmente tenham relação com o objetivo de estudo; começar com perguntas fáceis, deixando as mais difíceis para o fim; começar com perguntas mais impessoais, deixando as de cunho mais íntimo para o fim; verificar se o participante tem condições de responder às questões. No início do questionário, colocar as informações que servem para caracterizar o informante: sexo, idade, estado civil. No caso de solicitar-se o nome, verificar se a identificação do respondente é necessária. Quando o participante não é identificado, as respostas são mais livres e sinceras. Quanto ao tipo de perguntas, elas podem ser: Fechadas: (ou com alternativas fixas) são aquelas que limitam as respostas às alternativas apresentadas – são muito usadas. Podem ter apenas duas alter- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 41. 39 Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados nativas: sim e não (dicotômicas), ou várias. Destinam-se a obter respostas mais precisas. Exemplo: Seu nível de escolaridade é: 1.º Grau 2.º Grau Graduação Pós-graduação Abertas: destinam-se a obter uma resposta livre. Exemplo: De que você gosta mais na cidade? As respostas fechadas são padronizadas, de fácil aplicação, fáceis de codificar e analisar, porém oferecem dados menos exatos. As perguntas abertas são destinadas à obtenção de respostas livres. Embora possibilitem recolher dados ou informações mais ricas e variadas, são codificadas e analisadas com maiores dificuldades (CERVO; BERVIAN, 1996). Vantagens do questionário mais rápido; grande número de participantes; obtém dados de longe; menos inibição do respondente. Desvantagens do questionário perguntas mal interpretadas ou dados inexatos; não aplicável a analfabetos; sem observações complementares. Idas a campo Depois de feita a opção quanto à coleta de dados, se por meio de entrevistas ou questionários, é preciso montar um cronograma para as idas a campo, de forma a or- ganizar as visitas e não se perder com os prazos preestabelecidos para a apresentação dos resultados finais da pesquisa. Veja o exemplo: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 42. 40 Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados Cronograma de idas a campo Data Horário Atividade Objetivo Observação 13/08/2003 10h Entrevistas Coleta de dados Teste piloto/ 2 perguntas 27/08/2003 10h Entrevistas Coleta de dados 5 perguntas 10/09/2003 10h Entrevistas Coleta de dados Idem 24/09/2003 10h Entrevistas Coleta de dados Idem 08/10/2003 10h Entrevistas Análise de dados Idem 22/10/2003 10h Entrevistas Redação do relatório final Descrição dos resultados Os resultados deverão ser apresentados de acordo com a sua análise estatística, incorporando-se no texto apenas as tabelas, os quadros, os gráficos e outras ilustra- ções estritamente necessárias à compreensão do desenrolar do raciocínio; os demais deverão constar em apêndice (MARCONI; LAKATOS, 2001). Discussão e interpretação dos resultados Após a descrição dos resultados, proceder à discussão e à interpretação dos mesmos é que consiste em expressar o verdadeiro significado do material em termos do propósito do estudo. O pesquisador deverá fazer as ligações lógicas e comparações, enunciar princípios e fazer generalizações. A discussão e a interpretação dos resultados devem ser realizadas à luz das teorias científicas expostas na fundamentação teórica do estudo. É preciso ponderar todos os aspectos importantes revelados pela pesquisa, comparando-se o que era teoricamen- te esperado com aquilo que foi efetivamente observado. É importante que, nessa fase do processo, se faça uma releitura criteriosa de todas as informações teóricas obtidas e uma reflexão acerca dos resultados e da pesquisa como um todo. Nessa etapa o pesquisador deve esclarecer se a hipótese inicial da pesquisa foi, ou não, confirmada pelos resultados obtidos, sem superestimar ou subestimar os mesmos. Além disso, o pesquisador deve tomar medidas que garantam a boa compreensão e discussão dos resultados: isso inclui a elaboração de um texto bem estruturado grama- ticalmente e o uso de uma linguagem científica adequada. (FONSECA,2007.) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 43. 41 Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados Conclusões As conclusões devem responder diretamente aos objetivos da pesquisa, ou seja, retomar os objetivos e responder a cada um deles, de forma sintética e direta. Após as conclusões, o pesquisador deve dar sugestões para pesquisas futuras na área, com base na pesquisa que acaba de concluir. Texto complementar O pesquisador, o problema da pesquisa, a escolha de técnicas: algumas reflexões (QUEIROZ, 1992, p. 16-17) Nas primeiras décadas do século XX, observava-se já que as ciências exatas e naturais não estavam mais tão certas e seguras em suas perspectivas e em seus re- sultados quanto se imaginara. Verificava-se pouco a pouco que as descobertas con- sideradas científicas sofriam também influências e limitações da coletividade a que o investigador pertencia, assim como das próprias qualidades e preparo do mesmo; o conteúdo do seu saber estava assim condicionado pela sua inserção numa so- ciedade, e também pelas circunstâncias de tempo e de espaço. A objetividade não podia ser, em seus resultados, tão indubitável quanto se acreditara, e as técnicas quantitativas não fugiam às injunções de tempo, de espaço, de predicados variados nas conclusões a que chegavam, reunindo-se neste aspecto às qualitativas. Admitia-se agora que em toda ciência, em todo conhecimento a ela ligado, o fator qualidade vinha em primeiro lugar: era a qualidade que fazia uma coisa se dis- tinguir de todas as demais; que fazia as ciências e os conhecimentos terem suas ca- racterísticas próprias. A qualidade, composta pelos aspectos sensíveis de uma coisa ou de um fenômeno naquilo que a percepção pode captar, constitui assim o que é fundamental em qualquer estudo ou pesquisa, pois é o ponto de partida para qual- quer um deles. Todo cientista, ao determinar o tema de sua pesquisa, se encontra inserido num universo físico, social e intelectual que a delimita; é também por meio Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 44. 42 Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados da percepção do que neste universo existe que formula o que pretende investigar. Nesta fase primordial domina o diferenciável, isto é, aquilo que é plenamente quali- tativo, e não a uniformidade quantificável. Para poder operar neste nível mais alto, necessita o pesquisador de uma for- mação específica que lhe permita a tomada consciente de uma posição determi- nada no conjunto de conhecimentos que são os seus, oriundos de sua experiência, mas ampliada pelo saber já acumulado pelas ciências em geral e por sua ciência em particular. Deve ter [...] diagnosticado sua própria posição nas diversas correntes de pensamento de sua disciplina; distinguido a variedade de técnicas de que poderá lançar mão no decorrer do trabalho e as limitações de cada uma, a fim de escolher as mais eficientes na solução de seu problema. Os cientistas [...] devem, portanto, ter uma formação teórica específica. Atividades Em quais circunstâncias torna-se necessária a utilização de questionários?1. Quais os cuidados necessários para a elaboração de um questionário?2. Faça uma pesquisa com sua família, com entrevistas. Anote o depoimento de3. seus familiares acerca de um acontecimento histórico que tenham presencia- do. Compare os depoimentos entre si e com a versão oficial existente nos livros de história. Qual é a sua conclusão? Assista4. A Lista de Schindler (EUA, 1993. Dirigido por Steven Spielberg. Duração 195 min.). Durante a Segunda Guerra Mundial, um industrial alemão recruta centenas de judeus para o trabalho em sua fábrica de panelas, salvando-os dos campos de concentração nazistas. O filme é inspirado em fatos reais. Discuta a importância da fotografia, dos depoimentos orais e dos registros es- critos para a reconstituição dos crimes nazistas retratados no filme. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 45. 43 Métodosquantitativos,qualitativosecoletadedados Referências CAMPOS, Luiz F. de Lara. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Psicologia. 2. ed. Cam- pinas: Alínea, 2001. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: McGraw-Hill, 1996. CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Científica. 4. ed. São Paulo: Makron Books, 1996. DENCKER, A. F. M. Métodos e Técnicas de Pesquisa em Turismo. São Paulo: Futura, 1998. FONSECA, Regina CéliaVeiga da Fonseca. Como Elaborar Projetos de Pesquisa e Mo- nografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007. MARCONI, Marina A.; LAKATOS, Eva M. Metodologia doTrabalho Científico. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2001. QUEIROZ, Maria Isaura Pereira de, et al. Reflexões sobre a Pesquisa Sociológica. São Paulo: MM Impress, 1992. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 46. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 47. 45 Estrutura de um projeto e técnicas de leitura Como toda atividade racional e sistemática, a pesquisa exige que as ações de- senvolvidas ao longo de seu processo sejam efetivamente planejadas. De modo geral concebe-se o planejamento como a primeira fase da pesquisa, que envolve a formula- ção do problema, a especificação de seus objetivos, a construção de hipóteses, a ope- racionalização dos conceitos etc. O planejamento deve envolver também os aspectos referentes ao tempo a ser despendido na pesquisa bem como aos recursos humanos, materiais e financeiros necessários à sua efetivação. A moderna concepção de planejamento envolve quatro elementos necessários à sua compreensão: processo, eficiência, metas e prazos. O projeto interessa, sobretudo, ao pesquisador e à sua equipe, já que apresenta o roteiro das ações a serem desenvolvidas ao longo da pesquisa. Para quem contrata os serviços de pesquisa, o projeto constitui documento fundamental, posto que esclarece o que será pesquisado e apresenta a estimativa dos custos. Projeto de pesquisa – segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 215),“projeto é uma das etapas componentes do processo de elaboração, execução e apresentação da pes- quisa”.Estanecessitaserplanejadacomextremorigor,casocontráriooinvestigador,em determinada altura, encontrar-se-á perdido num emaranhado de dados colhidos, sem saber como dispor dos mesmos ou até desconhecendo seu significado e importância. Não existem regras fixas acerca da elaboração de um projeto. Sua estrutura é determinada pelo tipo de problema a ser pesquisado e também pelo estilo de seus autores. É necessário que o projeto esclareça como se processará a pesquisa, quais as etapas que serão desenvolvidas e quais os recursos que devem ser alocados para atingir seus objetivos. “É necessário, também, que o projeto seja suficientemente de- talhado para proporcionar a avaliação do processo de pesquisa”(LAKATOS; MARCONI, 1991, p. 215). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 48. 46 Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura Elementos geralmente usados em um projeto de pesquisa Capa Autor, título, cidade, ano. Folha de rosto Autor; título; texto explicativo sobre o projeto, mencionando o órgão (ou institui- ção) ao qual se destina o projeto; orientador, cidade, ano. Introdução Expõe e delimita o tema a ser estudado/pesquisado. Justificativa Expõe a relevância acadêmica ou social do tema apresentado. Apresenta as razões de ordem teórica e/ou prática que justificam a realização da pesquisa. Problema Deve ser apresentado como uma pergunta específica – focada e delimitada – sobre o tema a ser estudado. Essa pergunta deve ser clara, objetiva e suscetível de solução. Hipótese(s) Deve propor uma resposta para a pergunta estabelecida no problema. Essa res- posta deve oferecer uma solução possível ao problema, que será declarada falsa ou verdadeira ao final da pesquisa. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 49. 47 Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura Objetivos Relatam o que se pretende alcançar com o desenvolvimento da pesquisa. Os ob- jetivos dividem-se em: geral e específicos. Objetivo geral: relata onde se quer chegar com a pesquisa apresentada, isto é, qual o resultado final (geral) que se procura alcançar. Elaborado num único parágrafo e iniciando sempre com um verbo de ação no infinitivo. (exemplos: analisar..., avaliar..., averiguar..., comparar..., compreender..., conhecer..., de- monstrar..., desenvolver..., distinguir..., empregar..., estudar..., expor..., identifi- car..., interpretar..., introduzir..., observar..., propor... etc.). Objetivos específicos: relatam os passos específicos para se alcançar o ob- jetivo geral. Cada objetivo deve iniciar com um verbo de ação no infinitivo, conforme descrito no item anterior. Método Descreve o método de abordagem, ou seja, o tipo de pesquisa a ser utilizado e os elementos necessários para a sua realização. Participantes: (quem? onde? quando?) delimita o universo a ser pesquisado. Quem e quantos serão os indivíduos que serão estudados na pesquisa, indi- cando sexo e idade. Indica, também, o local e a data da pesquisa. Instrumentos: (com quê?) descreve os instrumentos utilizados para fazer a pesquisa, isto é, questionários, entrevistas, formulários, fotos. Procedimentos: (como?) descreve como os indivíduos serão avaliados, em que situação e momento a pesquisa será feita. Análise de dados: descreve sinteticamente o modo de organização e análi- se das informações encontradas. Dá uma explicação acerca da tabulação dos dados (aspectos quantitativos, estatísticos) e critérios de análise e julgamen- to. No caso da utilização de software específicos, indicar nomes e fontes dos mesmos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 50. 48 Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura Cronograma É um esclarecimento e um controle do tempo necessário ao desenvolvimento da pesquisa. Detalha as diferentes fases do projeto, apresentando, numa tabela, o período correspondente a cada atividade da execução do projeto. Exemplo: Atividades Mar. Abr. Maio Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Pesquisa bibliográfica X X X X X X X Redação parcial X X X X X X Pesquisa de campo X X Tabulação dos dados X X Interpretação dos dados X Conclusões X X Redação final X X X Apresentação final X Referencial teórico Também chamado de Marco Teórico ou Fundamentação Teórica. Indica a teoria ou as teorias de outros autores que fornecem a orientação geral da pesquisa. Aqui, é necessário que o pesquisador utilize algumas técnicas adequadas de leitura para obter uma fundamentação teórica consistente à pesquisa. Além disso, toda e qualquer informação utilizada no trabalho deve indicar a fonte de onde foi reti- rada, conforme as normas da ABNT. Referências Indicam todas as obras consultadas e mencionadas no projeto, principalmente no Referencial Teórico. Para tanto, devem seguir as orientações nas Normas da ABNT. (FONSECA,2007.) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 51. 49 Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura Os elementos de um projeto são, geralmente, assim distribuídos e numerados Capa (uma lauda) Folha de rosto (uma lauda) 1 INTRODUÇÃO (inicia numa nova lauda) 1.1 JUSTIFICATIVA (continua na mesma lauda) 1.2 PROBLEMA (continua na sequência da mesma lauda) 1.3 HIPÓTESE (continua na sequência da mesma lauda) 1.4 OBJETIVO GERAL (continua na sequência da mesma lauda) 1.4.1 Objetivos específicos (continuam na sequência da mesma lauda) 1.5 MÉTODO (continua na sequência da mesma lauda) 1.6 CRONOGRAMA (continua na sequência da mesma lauda) 2 REFERENCIAL TEÓRICO (inicia numa nova lauda) 3 REFERÊNCIAS (iniciam numa nova lauda) Atenção para: a ordem e a numeração dos itens; o uso de letras maiúsculas e minúsculas; o uso de negrito ou não negrito; digitação: letra Arial ou Times New Roman 12, espaço 1,5. De acordo com Fonseca (2007) convém lembrar que a ordem dessas etapas não é absolutamente rígida. Em muitos casos, é possível simplificá-la ou modificá-la. Essa é uma decisão que cabe ao pesquisador, que poderá adaptar o esquema às situações específicas. Um projeto só pode ser definitivamente elaborado quando se tem o problema claramente formulado, os objetivos bem determinados, assim como o plano de coleta e análise de dados. (GIL, 1996, p. 23) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 52. 50 Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura Técnicas de leitura A leitura é um fator decisivo de estudo, não é tarefa, é cultura. A leitura propicia a ampliação de conhecimentos, a obtenção de informações básicas ou específicas, a abertura de novos horizontes para a mente, a sistematização do pensamento, o enri- quecimento de vocabulário e o melhor entendimento do conteúdo das obras (LAKA- TOS; MARCONI, 1991). É necessário ler muito, e sempre, pois a maior parte dos conhecimentos é obtida por intermédio da leitura: ler significa conhecer, interpretar, decifrar, distinguir os ele- mentos mais importantes dos secundários. A leitura proporciona ao leitor uma com- preensão melhor do mundo, capacitando-o a criticar, comparar e selecionar a informa- ção de que necessita. Na busca do material adequado para a leitura, é preciso identificar o texto. Para tal, existem vários elementos auxiliares, como segue (LAKATOS; MARCONI, 1991): título – acompanhado ou não por subtítulo, estabelece o assunto; data da publicação – fornece elementos para certificar-se de sua atualiza- ção e aceitação (número de edições); “orelha”ou contracapa – permite verificar as credenciais ou qualificações do autor; índice ou sumário – apresenta tanto os tópicos abordados na obra quanto as divisões a que o assunto está sujeito; introdução, prefácio ou nota do autor – propicia indícios sobre os objeti- vos do autor e, geralmente, da metodologia por ele empregada; bibliografia – tanto final quanto as citações de rodapé, permite obter uma ideia das obras consultadas e suas características gerais. Uma leitura deve ser proveitosa e trazer resultados satisfatórios. Para tal, alguns aspectos são fundamentais, como: atenção, intenção, reflexão, espírito crítico, análise e síntese. Uma leitura de estudo deve ser realizada com um objetivo ou propósito para que o conhecimento gerado possa ser avaliado, discutido e aplicado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 53. 51 Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura Objetivos da leitura De acordo com Lakatos e Marconi (1991), existem algumas maneiras e objetivos para lidar com um texto: encontrar frases ou palavras-chave; captar a ideia geral, sem entrar em minúcias; obter uma visão ampla do conteúdo, principalmente do que interessa; absorver o conteúdo e todos os seus significados, lendo e relendo, se necessário; estudar e formar um ponto de vista sobre o texto – leitura crítica. Análise de texto Analisar um texto significa estudar, decompor, dividir ou interpretar. A análise de um texto refere-se ao processo de conhecimento de determinada realidade. Esse processo implica a decomposição das partes do texto para um estudo mais completo, determinando as relações entre as ideias e compreendendo a maneira pela qual estão organizadas; estruturando as ideias de maneira hierárquica. É a análise que vai permitir observar os componentes de um conjunto, perceber suas possíveis relações, ou seja, passar de uma ideia-chave para um conjunto de ideias mais específicas, passar à generalização e, finalmente, à crítica (LAKATOS; MARCONI, 1991). Existem diferentes tipos de análise de texto: Leitura rápida: assinala-se as expressões e palavras importantes para se ter uma visão global do texto. Compreensão de texto: separa-se as ideias centrais das secundárias. Procede- -se à correlação entre elas e busca-se a compreensão do conteúdo do texto. Interpretação e crítica: correlaciona-se as ideias do autor com outras sobre o mesmo tema. Faz-se uma crítica fundamentada em argumentos válidos, lógi- cos e convincentes. Problematização: debate-se as questões do texto. Coloca-se opiniões pes- soais sobre o texto, mas fundamentadas em outras obras e autores. Pode-se levantar novas questões pertinentes ao texto. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 54. 52 Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura Texto complementar Importância da leitura (RUIZ, 2002, p. 34-35) Não basta ir às aulas para garantir pleno êxito nos estudos. É preciso ler e, prin- cipalmente, ler bem. Quem não sabe ler não saberá resumir, não saberá tomar apon- tamentos e, finalmente, não saberá estudar. Ler bem é o ponto fundamental para os que quiserem ampliar e desenvolver as orientações e aberturas das aulas. É muito im- portante participar das aulas; elas não circunscrevem, não limitam; ao contrário, abrem horizontes para as grandes caminhadas do aluno que leva a sério seus estudos e quer atingir resultados plenos de seus cursos. Aliás, quase todas as cadeiras desenvolvem programas de pesquisa bibliográfica para que o aluno desenvolva temas e reconstrua ativamente o que outros já construíram. Para elaborar trabalhos de pesquisa, é neces- sário ir às fontes, aos autores, aos livros; é preciso ler, ler muito e, principalmente, ler bem. Durante as primeiras aulas de qualquer disciplina, os mestres apresentam crite- riosa bibliografia; alguns livros são básicos, ou de leitura obrigatória, para quem quer colhertodofrutodasaulas;outrossãomaisespecializadosouseconcentramemalgum itemdoprograma,epode,entreostratadosgeraisdeconsultaobrigatória,serindicado um, como livro de texto. A indicação do livro de texto tem vantagens e inconvenientes cujaanáliseultrapassariaoslimitesqueestecompêndioimpõe.Diremos,apenas,queo livro de texto é muito bom para a preparação da aula, mas que o aluno não pode ater- se exclusivamente a ele. Timeo hominem unius libri, diziam os antigos. Devemos temer o homem de um livro só. É necessário abeberar-se de outras fontes mais amplas, mais especializadas sobre cada tema ou sobre cada pormenor dos programas. Se não é possível pensar em fazer um bom curso sem descobrir ou fazer apa- recer espaços de tempo para o estudo extra-aula e se é necessário programar crite- riosamente a utilização desse tempo, não seria igualmente impossível pensar em fazer um bom curso sem ter à mão boas fontes de leitura? É possível que se pretenda fazer um curso universitário sem frequentar bibliotecas ou sem adquirir, ao menos, os livros básicos para cada programa? A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência pelo contato com formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser considerado. Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê memoriza elementos de um todo que não se atingiu. E, ao terminar um curso superior, deveríamos não só estar capa- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 55. 53 Estruturadeumprojetoetécnicasdeleitura citados a repetir o que foi aprendido na faculdade, como também estar habilitados a desenvolver, através de pesquisas, temas nunca abordados em aula. Deveríamos ser uma pequena fonte, não um pequeno depósito de conhecimentos, ou mero en- canamento por onde as coisas apenas passam. É preciso ler, ler muito, ler bem. É preciso sentir atração pelo saber, e encontrar onde buscá-Io. É necessário iniciar este trabalho com determinação e perseverar nele; o crescimento cultural tem crises como o crescimento físico; quem não sente apetite não deve deixar de alimentar-se; comprometeria sua saúde.Também na leitura trabalhada devemos ser perseverantes; só esta perseverança garantirá aquela espécie de saltos de integração de dados, que se vão acumulando e associando como frutos da leitura continuada. Atividades Em grupos de três ou quatro colegas, discutam e estabeleçam a existência de1. um“problema”a ser resolvido em sua cidade. Em seguida apontem uma“justifi- cativa”para o estudo de tal problema e finalmente apresentem uma“hipótese” para a solução desse problema. Selecione um livro científico qualquer de seu interesse. Identifique, neste livro,2. os vários elementos existentes, tais como: título, data de publicação, contraca- pa, índice (ou sumário), introdução (prefácio ou nota do autor) e bibliografia. Após a análise desses itens, apresente a sua opinião a respeito dessa obra como fonte de leitura e informação científica. Referências FONSECA, Regina CéliaVeiga da Fonseca. Como Elaborar Projetos de Pesquisa e Mo- nografias. Curitiba: Imprensa Oficial, 2007. LAKATOS, Eva M.; MARCONI, Marina A. Fundamentos de Metodologia Científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991. GIL,AntonioCarlos.ComoElaborarProjetosdePesquisa.3.ed.SãoPaulo:Atlas,1996. RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2002. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 56. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 57. 55 Anotações Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 58. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 59. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
  • 60. Seminários de Pesquisa Seminários de Pesquisa Regina Célia Veiga da Fonseca Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-2553-4 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br