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               FACULDADE PITÁGORAS




ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO
   EM UMA EMPRESA QUE ATUA NO RAMO DE SOLUÇÕES
      GEOTÉCNICAS EM MINERAÇÃO E HIDROENERGIA




                    Bárbara Alves Couto
                 Camilla Magalhães da Silva
                  Fabiane Santos Pedrosa
                   Paula Brígida Arantes
                  Rafael de Souza Oliveira




                       Belo Horizonte
                            2012
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                  Bárbara Alves Couto
               Camilla Magalhães da Silva
                Fabiane Santos Pedrosa
                 Paula Brígida Arantes
                Rafael de Souza Oliveira




   ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE
  PORTFÓLIO EM UMA EMPRESA QUE ATUA NO RAMO DE
SOLUÇÕES GEOTÉCNICAS EM MINERAÇÃO E HIDROENERGIA




                         Monografia apresentada à Faculdade Pitágoras como
                         requisito parcial para obtenção do título de
                         Engenheiro de Produção.

                         Área: Engenharia Organizacional/Gestão de Projetos

                         Orientador: Prof. Fábio de Oliveira Alves




                     Belo Horizonte
                          2012
3



DEDICATÓRIA




   Dedicamos este trabalho a todos aqueles que
   acreditam que é possivel alcançar seus sonhos e
   batalham por eles, mesmo que isso lhes custe alguma
   renúncia momentânea.
4



                              AGRADECIMENTOS



À Deus, por sempre nos fortalecer e sustentar em todas nossas buscas e
necessidades;

Aos nossos familiares, por sempre nos compreender, apoiar e ajudar em todos os
momentos, inclusive nossas ausências durante toda jornada;

Ao professor Fábio de Oliveira Alves, por ter acreditado em nosso potencial, nos
dado força e determinação na execução deste trabalho;

Ao gestor Fabrício da empresa FRP Engenharia, por ter disponibilizado o rico
material obtido com o desenvolvimento do produto usado na elaboração deste
trabalho;

A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.
5



               EPÍGRAFE




“Todo ato de criação é, em primeiro lugar, um ato de destruição.”

                                                  Pablo Picasso
6



                                   RESUMO



Em uma economia cada vez mais globalizada e com o mercado mais competitivo, a
capacidade de gerenciar uma carteira de projetos, em prazos reduzidos, é
fundamental para a sobrevivência das organizações. A qualidade na entrega do
produto, priorizando sempre o prazo, as garantias dadas pelas empresas e o bom
desempenho do produto perpetuam sua marca. Com esse foco, o estudo de caso
demonstrou algumas ferramentas e metodologias que auxiliam o processo de
implantação da gestão de portfólio. Este processo faz referência ao gerenciamento
centralizado de um ou mais portfólio, que abrange identificação, priorização,
autorização e controle de projetos e programas para atingir objetivos de negócios
estratégicos específicos. São apresentadas ferramentas que concentram os
esforços e ideias da equipe de projetos, com o intuito de formar um processo
integrado de desenvolvimento. São demonstrados também os resultados obtidos
com a implantação, tais como a melhoria significativa na alocação dos recursos,
melhor equilíbrio dos investimentos e o aumento de participação de mercado. Cabe
ressaltar que este estudo está apoiado em um manual de referência do PMI, o
PMBOK®: Guia do conhecimento em gerenciamento de projetos, 4ª ed., 2008, como
base literária de estudos.


Palavras chave: Gestão de Portfólios, Projetos, Gerenciamento.
7



                                    ABSTRACT

In an increasingly globalized world and competitive market, the ability to manage a
portfolio of projects under tight deadlines, is essential for the survival of
organizations. The quality of product delivery, always prioritizing the deadlines, the
assurance given by the companies and the good product performance perpetuate the
brand. With this aim, the case study shows some tools and methodologies that assist
the process of implementing portfolio management. This process refers to the
centralized management of one or more portfolio, which covers identification,
prioritization, approval and control of projects and programs to achieve specific
strategic business objectives. The tools presented here compile the project team's
efforts and ideas in order to form an integrated process of development. Results
obtained with implementation are also shown here, such as the significant
improvement in resource allocation, better balance of investments and increased
market share. It should be noted that this study is supported by a reference manual
PMI, the PMBOK Guide: Project Management Body of Knowledge, 4th ed., 2008, as
bibliographical basis of studies.



Keywords: Portfolio Management, Projects, Management
8



                                        LISTA DE ILUSTRAÇÕES


FIGURA 1: O ciclo de vida do projeto subdividido em fases características.....17
FIGURA 2: Processo integrado de gerenciamento de projetos...........................22
FIGURA 3: Processos de seleção de projetos.......................................................29
FIGURA 4: Funil de Clark e Wheelwright - Processos de seleção de projetos. .31
FIGURA 5: Processo do stage-gate.........................................................................32
FIGURA 6: Alinhamento e Monitoramento e Controle - Processos de análise de
portfólio......................................................................................................................33
FIGURA 7: Governança de portfólio e gerenciamento de riscos - Processo de
análise de portfólio...................................................................................................34
FIGURA 8: Processo de Iniciação do projeto.........................................................44
FIGURA 9: Processo de Planejamento...................................................................45
FIGURA 10: Ficha de Abertura do Projeto..............................................................47
FIGURA 11: Plano do Projeto...................................................................................49
FIGURA 12: Controle de despesas do projeto.......................................................53
FIGURA 13: Lições Aprendidas...............................................................................58



GRÁFICO 1: Eficiência dos prazos..........................................................................59
GRÁFICO 2: Faturamento FRP Engenharia............................................................60
GRÁFICO 3: Margem de Contribuição....................................................................61
9



                   LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS



DRE - Demonstrativo de Resultado do Exercício

EAP – Estrutura Analítica do Projeto

PMBOK® - Project Management Body of Knowledge

PMI - Project Management Institute (Instituto de Administração de Projetos)

PMO – Project Management Office
10



                                                                SUMÁRIO


SUMÁRIO....................................................................................................................10
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................11
   1.1Problema de pesquisa.................................................................................................................13
   1.2 Objetivos.....................................................................................................................................13
   1.2.1 Objetivo Geral..........................................................................................................................13
   1.2.2 Objetivos Específicos...............................................................................................................13
   1.3 Justificativa.................................................................................................................................14
   1.4 Estrutura do trabalho.................................................................................................................15
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................16
   2.1 Gerenciamento de Projetos........................................................................................................16
   2.1.1 Escritório de Projetos...............................................................................................................22
   2.2 Gerenciamento de Portfólios......................................................................................................25
   2.2.1 Conceitos e funções do Gerenciamento de Portfólios.............................................................26
   2.2.2 Estratégias de gerenciamento de Portfólio..............................................................................27
   2.2.2.1 Seleção de projetos..............................................................................................................28
   2.2.2.2 Processos de gerenciamento do portfólio............................................................................30
   2.2.2.3 A abordagem de gerenciamento de portfólio do PMI..........................................................32
   2.2.3 A necessidade da implantação do gerenciamento..................................................................35
   2.2.4 Benefícios do Portfólio.............................................................................................................37
3 METODOLOGIA......................................................................................................39
   3.1 Caracterização da Pesquisa.........................................................................................................39
   3.2 Estratégia da Pesquisa................................................................................................................39
4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E RESULTADOS...............................................42
   4.1 Apresentação da empresa e identificação do negócio...............................................................42
   4.2 Diagnóstico do problema............................................................................................................42
   4.3 Implantação do gerenciamento de portfólio na empresa..........................................................43
   4.4 Ferramentas e etapas da implantação do gerenciamento de portfólio na empresa..................45
   4.4.1 Iniciação..................................................................................................................................46
   4.4.2 Planejamento..........................................................................................................................48
   4.4.3 Execução e Controle...............................................................................................................55
   4.4.4 Encerramento ........................................................................................................................57
   4.5 Resultados obtidos após a implementação das rotinas do gerenciamento de portfólio............59
11



5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................62
REFERÊNCIAS...........................................................................................................64
ANEXOS.....................................................................................................................66




1 INTRODUÇÃO
12



A gestão de projetos tem recebido um grande enfoque nos últimos anos e diversas
empresas dos mais variados setores tem se estruturado para desempenhar suas
atividades por meio de projetos.

O PMBOK® (2008, p. 11) define projeto “como um esforço temporário empreendido
para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”. Diante dessa definição
percebe-se que se faz necessário adotar um sistema adequado para coordenar todo
processo de elaboração e execução dos projetos. Neste âmbito, “a gestão de
projetos constitui a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas
às atividades dos projetos a fim de atender aos seus requisitos” ( PMBOK®, 2008, p.
12), sendo por isso, fundamental para uma boa gestão e, consequentemente, para o
crescimento da empresa.

Nesse sentido, Kerzner (2006, p. 15) afirma que “o desafio para quem não quer ser
apenas mais uma empresa no mercado está em gerenciar atividades nunca
realizadas no passado e que podem jamais vir a se repetir no futuro.” O autor
ressalta, ainda, que essas organizações buscam a diferenciação de seus produtos e
serviços para a obtenção de vantagens competitivas no mercado cada vez mais
acirrado.

Para implantação da gestão de portfólio é necessário que a empresa defina um
processo estratégico de negócios com a decisão de qual deve ser o conjunto de
projetos de produtos que deve vigorar. Deve haver coesão entre as estratégias e o
portfólio, sendo assim:

                          O gerenciamento do portfólio de projetos ajuda a determinar a
                          exata combinação de projetos e o correto nível de investimento
                          para cada projeto. O resultado disso é um maior equilíbrio entre
                          projetos em andamento e novas iniciativas estratégicas
                          (KERZNER, 2006, p. 244).



O mercado atual exige das empresas características como maior flexibilidade
modularidade, capacidade de adaptação e uma estrutura voltada para projetos.
Percebe-se que muitas dessas corporações apresentam uma grande quantidade de
projetos que na maioria das vezes, são mal geridos devido a falhas de planejamento
e má priorização, dentre diversos outros problemas (KERZNER, 2006). Fica claro,
13



ainda, que administrá-los isoladamente torna-se inviável e por tal motivo encontra-se
em evidência à prática de gerenciamento de portfólios de projetos .




1.1 Problema de pesquisa


Este trabalho tem a proposta de demonstrar como a implantação do gerenciamento
de portfólio pode contribuir para a redução de falhas no planejamento de projetos e
para melhoria da execução das atividades de gestão de projetos?



1.2 Objetivos


1.2.1 Objetivo Geral


Estudar a implantação da metodologia de gestão de portfólio, a fim de possibilitar
uma gestão integrada dos investimentos e recursos (financeiros, humanos,
tecnológicos) disponibilizados nos projetos.




1.2.2 Objetivos Específicos


•   Identificar o negócio da empresa FRP Engenharia, para análise dos benefícios
    qualitativos e quantitativos com relação à implantação de Gestão de Portfólio;

•   descrever as ferramentas e etapas da implantação do Gerenciamento de
    Portfólio na empresa;

•   apresentar os resultados obtidos após a implementação das rotinas do
    Gerenciamento de Portfólio.
14



1.3 Justificativa


Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelas empresas é a falta de uma visão
mais clara a respeito de quais são as estratégias para definir os projetos a serem
executados na organização. Esse problema ocorre devido às constantes mudanças
das prioridades e por nem sempre existir um acompanhamento efetivo dos projetos
a serem realizados, o que resulta na falta de clareza sobre o retorno que os projetos
desenvolvidos trazem para a organização.

O objetivo da Gestão de Portfólio é agregar valor aos produtos por meio de uma
avaliação detalhada de todas as propostas. A avaliação não seria possível sem essa
importante ferramenta de gestão que se baseia em informações estratégicas e
prioridades, visando reduzir o desperdício e a alocação ineficiente de recursos,
oferecendo benefícios para a tomada de decisão. Do contrário, as escolhas das
opções e diretrizes aconteceriam de acordo com as necessidades do momento, o
que não geraria uma base sólida para permanência e o sucesso da empresa no
mercado. O resultado da implantação de um correto gerenciamento de portfólios
propiciará uma gestão mais eficiente e equilibrada, que proporcionará a
administração e o alinhamento de seus projetos às direções estratégicas já
estabelecidas. Deste modo, o portfólio de projetos irá concretizar a estratégia da
empresa, o que resulta na definição correta de prioridades, e estabelece níveis
corretos de investimentos (KERZNER, 2006).

A implantação dos processos de Gerenciamento de Portfólio é de suma importância
para se realizar a ligação entre estratégia e operação organizacional. Por tal motivo
tem ganhando importância como meio de ajuda para as empresas realizarem o
trabalho de uma maneira mais organizada. Isso ocorre porque esse processo
determina os investimentos que a organização realizará e permite uma seleção dos
projetos, embasada na avaliação de critérios mais explícitos, o que permite decisões
mais transparentes e a rastreabilidade dos benefícios almejados em cada projeto.
Com isso, essas soluções possibilitam, ainda, que os gestores tenham uma visão
holística de todos os processos da empresa.
15



1.4 Estrutura do trabalho


Este estudo de caso está organizado em cinco capítulos a partir dos quais é possível
encontrar um desenvolvimento da implantação de gestão de portfólio, assim como
os benefícios das aplicações desta metodologia em um processo real de
desenvolvimento.


O primeiro capítulo destaca, por meio do problema de pesquisa, a necessidade da
implantação da gestão de portfólio em organizações que executem projetos.
Demonstram-se, ainda, os objetivos que serão desenvolvidos no trabalho bem como
aspectos que justifiquem a necessidade organizacional da implantação dessa
metodologia.


Em seguida, no capítulo 2, é apresentado todo referencial teórico que sustenta o
estudo de caso explanado no capítulo 4, com intuito de acentuar os principais
autores que estudaram este tema e que garantem as informações aqui descritas.


Já no capítulo 3, é apresentada a metodologia de pesquisa que orientou este
estudo, bem como o roteiro seguido, no qual se procurou mostrar uma linha de
desenvolvimento, cujo destaque foi a importância do planejamento em cada etapa
do desenvolvimento.


No quarto capítulo, é apresentado o estudo da implantação da metodologia de
Gestão de Portfólio e seus resultados, sendo utilizado um caso real de sua
implantação. Esta demonstra os passos seguidos, desde a definição estratégica do
projeto até a capacidade de melhoria da administração de riscos ligados aos
projetos. É demonstrado também como é latente e primordial a definição de quais
serão os processos estratégicos de negócios e o conjunto de projetos dos produtos
que tenham a possibilidade de vigorar.


Em seguida, são apresentadas as considerações finais deste estudo, bem como os
resultados relativos à implantação da metodologia de gestão de portfólio.
16



2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA




2.1 Gerenciamento de Projetos


Nas empresas, os projetos, quando implementados com sucesso, criam soluções
que maximizam as oportunidades ou minimizam os impactos das falhas, ou ainda,
identificam as oportunidades e ameaças. A partir de um Planejamento Estratégico é
possível prever recursos necessários para alcançar o objetivo dos projetos e
preparar para futuras eventualidades.

Previamente à apresentação da metodologia e interfaces da Gestão dos Projetos é
necessário depreender o que é considerado projeto e a necessidade de um
Gerenciamento metódico. Segundo Verzuh (2000), todos os projetos obtêm duas
características: Início e um fim, resultando em um produto singular. Essa descrição
subentende que, para ser um projeto, precisa ter um prazo limitado e resultado final
diferente das atividades rotineiras da empresa.

Outra definição do projeto é apontada pelo Project Management Institute (PMI –
Instituto de Administração de Projetos) como “um esforço temporário empreendido
para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo” (PMBOK®, 2008, p.11).


O Gerenciamento de projetos refere-se à organização, planejamento, direção e
controle de recursos organizacionais num dado empreendimento, levando-se em
conta tempo, custo e desempenho estimados. O PMBOK® (2008) ressalta que o
gerenciamento de projetos envolve aplicação de conhecimento, habilidades,
ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos.

                          Aplicar-se o conhecimento, habilidades, técnicas e ferramentas
                          em atividades do projeto são algumas das práticas de uma
                          gerência de projeto, a fim de satisfazer ou exceder às
                          necessidades e expectativa dos stakeholders. (QUARTAROLI
                          E LINHARES, 2004, p. 40).
17



Uma das vantagens do Gerenciamento de Projetos é ser flexível e adaptável a
qualquer empreendimento trazendo resultados positivos. Planejar projetos também
evita surpresas desagradáveis durante a execução de suas fases, permitindo assim
que as ações preventivas e corretivas sejam consolidadas antes que essas
situações virem problemas reais (VARGAS, 2009).

Segundo o PMBOK® (2008), as principais características dos projetos são:
temporariedade e individualidade. Elas se referem, respectivamente, ao fato de que
todo projeto deve ter duração finita e deve se tratar de um produto ou serviço que
ainda não foi desenvolvido.

As fases do ciclo de vida são determinadas pela entrega, ou finalização, de um
produto/trabalho. Essa entrega deve ser tangível para que se identifique o término
de uma fase e o início de outra. Conforme detalhado na FIG.01 o ciclo de vida do
projeto subdivide em cinco fases:




            FIGURA 1: O ciclo de vida do projeto subdividido em fases características
                                 Fonte: VARGAS, 2006, p.13.



O ciclo de vida do projeto define as técnicas de trabalho que serão utilizadas em
cada fase, sendo estas:



   •   Iniciação: É a fase onde inicia o projeto.
18



   •   Planejamento: É a fase responsável por detalhar tudo que será realizado pelo
       projeto.

   •   Execução: É a fase que materializa tudo aquilo que foi planejado
       anteriormente.

   •   Monitoramento e controle: É a fase que acontece paralelamente as de
       Planejamento e Execução.

   •   Encerramento: É a fase que formaliza a aceitação do projeto ou fase e
       encerra-se de uma forma organizada, o projeto solicitado.

Cada um desses processos de conhecimento tem um detalhamento específico e
uma compreensão própria, porém está integrado, a todo o momento, com os
demais, formando um todo único e organizado. O PMBOK® (2008) define nove áreas
de conhecimento para o gerenciamento de projetos, as quais abordam,
respectivamente, o gerenciamento dos seguintes aspectos do projeto:


   •   Integração

   •   Escopo

   •   Tempo

   •   Custos

   •   Qualidade

   •   Recursos humanos

   •   Riscos

   •   Comunicações

   •   Aquisições
19



Apresenta-se a seguir um breve esclarecimento sobre cada área, conforme
Quartaroli e Linhares (2004).




i - Gerenciamento de Integração: envolve processos necessários para garantir que
os diversos elementos envolvidos no projeto sejam precisamente coordenados. Este
processo é composto por três áreas: Desenvolvimento do Plano do projeto, a sua
execução e controle geral das mudanças.



ii - Gerenciamento de Escopo: inclui processos necessários para certificar que o
projeto contemple todo o trabalho exigido, para que o projeto possa ser um sucesso.
A gerência de Escopo é composta por cinco processos:



   •   Iniciação: é um processo que autoriza um novo projeto, ou prosseguir para
       uma fase subsequente de um projeto em andamento na organização. Para
       que ocorra esta autorização formal de iniciação do projeto, é criado o Termo
       de Abertura do Projeto.

   •   Planejamento: tem como objetivo elaborar uma documentação do escopo do
       projeto com base para decisões futuras do projeto.

   •   Detalhamento: determinar melhorias nas estimativas de custos, tempo e
       recursos e também nas atribuições de funções.

   •   Verificação: é feita no final de cada fase visando à aprovação do escopo do
       projeto.

   •   Controle de mudanças do escopo: Influência dos fatores que causam
       mudança no escopo e controlam essas mudanças para que elas sejam
       favoráveis.
20



iii - Gerenciamento de tempo: Administra os processos para assegurar que o projeto
encerre dentro do prazo previsto. Em sua extensão compõem-se de cinco
processos:


   •   Definição das Atividades: Este processo é responsável por identificar
       atividades que devem ser executadas para produzir os diversos subprodutos
       identificados na Estrutura Analítica do Projeto (EAP).
   •   Sequenciamento     das       Atividades:    Envolve   identificar    e    documentar
       recomendações      lógicas     entre   as    atividades   para      que   suporte   o
       desenvolvimento de um cronograma real.

   •   Estimativa da Duração das Atividades: Coleta informações sobre o escopo e
       os recursos no projeto e, posteriormente, desenvolve um prazo que será
       considerado no cronograma.

   •   Desenvolvimento do Cronograma: Determina as datas de início e fim de cada
       atividade. Caso não sejam reais, o projeto não terminará como planejado.

   •   Controle do Cronograma: Controlar mudanças no cronograma para garantir
       que as mudanças sejam aprovadas.




iv - Gerenciamento de Custos: Inclui os processos necessários para garantir que o
projeto será concluído dentro do orçamento aprovado. Este engloba quatro áreas.




   •    Planejamento de recursos: Envolvem quais, quantos recursos físicos
       (Pessoas, equipamentos e materiais), e quando serão necessárias para
       realização das atividades do projeto.

   •   Estimativa dos custos: Visa avaliar os custos dos recursos necessários para
       implementação das atividades.

   •   Orçamento dos custos: Efetuar orçamentos dos custos alocando as
       estimativas dos custos globais das atividades individuais ou de pacotes de
       trabalho.
21



   •   Controle dos custos: Acompanhar o desempenho do custo para identificar e
       entender as variações do plano do projeto.




v - Gerenciamento da Qualidade: Ressalta que o processo da qualidade deve ser
direcionado tanto para gerenciamento do projeto quanto para seu produto, no intuito
de evitar falhas. É Composta por três processos: Planejamento da qualidade,
Garantia da qualidade e Controle da qualidade.




vi - Gerenciamento de Recursos Humanos: Inclui os processos requeridos para
possibilitar o uso mais efetivo das pessoas envolvidas com o projeto. Envolve três
processos: Planejamento Organizacional, Recrutamento Pessoal e Desenvolvimento
do Time.




vii - Gerenciamento de Riscos: É uma área que pode ocorrer sob a forma de
ameaças ou de oportunidades, que influenciam o objetivo do projeto negativamente
ou positivamente. Dividi-se em cinco processos: Planejamento de Riscos,
Identificação dos Riscos, Análise Qualitativa dos Riscos, Análise Quantitativa dos
Riscos e Planejamento de Respostas aos Riscos.




viii - Gerenciamento de Comunicações: Inclui os processos solicitados para garantir
a geração, a coleta, a distribuição, o armazenamento e o controle básico das
informações do projeto. Existem quatro processos usados para fazer essa área bem
sucedida: Planejamento das Comunicações, Distribuição de Informações, Relatórios
de Desempenho e Encerramento Administrativo.




ix - Gerenciamento de Aquisições: Consiste no processo de cuidar das compras e
aquisições de produtos, serviços ou resultados necessários para a realização do
trabalho. Envolve Seis processos: Planejamento de Suprimentos, Planejamento de
22



processo de Aquisiçao, Processo de Aquisição, Seleção de Fornecedores,
Administração de contratos e Encerramento de Contratos.



A FIG. 2 sintetiza as nove áreas apresentadas.




                FIGURA 2: Processo integrado de gerenciamento de projetos
                              Fonte: VARGAS, 2006, p. 21.


As nove áreas do Gerenciamento de Projetos são interligadas. O Gerenciamento da
Integração, propositalmente apresentado no centro da FIG. 2, é a área que busca
este inter-relacionamento.




2.1.1 Escritório de Projetos


As empresas têm reconhecido os efeitos positivos que a gestão de projetos exerce
sobre a lucratividade, gerando resultados relevantes e otimizando seus processos e
recursos (KERZNER, 2006). Nessa perspectiva, Barcaui e Quelhas (2004) afirmam
23



que o escritório de projetos (PMO – Project Management Office) tem como principal
foco apoiar a corporação e as equipes de gerenciamento, centralizando e
controlando as informações relativas ao portfólio de projetos para sustentar o
planejamento estratégico estabelecido.

Vargas (2009) destaca que o crescente interesse pela adoção dessas estruturas de
gerenciamento é decorrente de várias razões como, por exemplo, a inexistência de
padrão para se medir desempenho de produtividade, o aumento na complexidade e
dinâmica dos projetos e a falta de documentação das lições aprendidas para
composição de diferenciais competitivos. Ainda na concepção desse autor, a
implantação de um escritório de gerenciamento de projetos em uma organização
tem como principal objetivo aumentar o nível de maturidade organizacional,
planejando, conduzindo, controlando e finalizando as atividades dos projetos.

Nesse contexto, alguns benefícios do amadurecimento organizacional, são
ressaltados por Valeriano (2005, p. 101) como “maior alinhamento dos projetos com
as estratégias e objetivos da organização”. Esse tipo de benefício pode otimizar a
execução de qualquer trabalho a ser executado, pois uma gestão de projetos
integrada e reconhecida como profissão pela corporação maximiza o desempenho
de todas as atividades (KERZNER, 2006).

Além da importância da integração, Barcaui e Quelhas (2004) destacam que a
implementação do escritório de projetos deve ser conduzida como um projeto dentro
da organização, devendo ocorrer de forma progressiva e ser atualizada conforme o
crescimento do nível de maturidade da empresa. Com o crescimento e a difusão da
gestão de projetos, o surgimento destas estruturas organizacionais passou a ganhar
força e aplicabilidade, garantindo o cumprimento de metas e objetivos determinados.
Dentro dessa perspectiva, Kerzner (2006, p. 267) afirma que “as organizações
começaram a identificar todas as atividades críticas relacionadas com gestão de
projetos e as colocaram sob a supervisão do escritório de projetos”.

Nesse âmbito, Vargas (2009) afirma que para um projeto ser considerado bem
sucedido, ele deve perseguir um eficiente planejamento de prazo, custo e qualidade
alinhados a um bom gerenciamento dos processos de trabalho. O mesmo autor
ainda destaca que parâmetros como a utilização eficiente dos recursos, a obtenção
de qualidade e desempenho almejados, o mínimo possível de alteração de escopo e
24



excelente aceitação pelo cliente ou contratante são essenciais para excelência de
qualquer projeto.

Com o objetivo de controlar o desempenho de todos os projetos geridos dentro da
unidade, o escritório de projetos trabalha em conjunto com um gestor de projetos,
que tem como principal função realizar todo o planejamento, controle, liderança e
realização da gestão do desenvolvimento dos resultados entregáveis de cada
projeto (VERZUH, 2000). Nesse sentido, Vargas (2009) evidencia que o gerente de
projetos deve se dedicar em tempo integral ao projeto e com total autonomia,
inclusive perante a equipe integrada aos projetos da organização. Além disso, outras
características apontadas como indispensáveis a esse profissional são:

   •   habilidade para diagnosticar problemas e garantir ações corretivas para
       solucioná-los;
   •   gerenciar a distribuição do trabalho no tempo;
   •   alocar recursos adequadamente;
   •   conhecer os elementos acessórios ao projeto (serviços e fornecedores); e
   •   delegar responsabilidades aos níveis amoldados, dentre outros.


Vargas (2009) afirma que o escritório de projetos pode estar estruturado dentro da
organização dedicado a um único projeto, que permite o foco para alcance de um
objetivo singular, ou pode estar dedicado a vários projetos, que necessitam de maior
equilíbrio, uma vez que possuem finalidades e objetivos distintos. Nesse âmbito os
escritórios de projetos podem ser agrupados de acordo com características comuns
e esse autor define três modelos de escritórios de acordo com seus desígnios e com
a forma de atuação almejada pela organização, sendo eles:


   •   Escritório de Projetos Autônomo: Sua função é gerenciar um programa
       específico ou um único projeto, sendo utilizado em uma área separada da
       corporação.
   •   Escritório de Suporte a Projetos: Promove as interfaces organizacionais,
       apoia projetos simultâneos e realiza planejamento, controle de custo, prazo,
       escopo e qualidade.
25



   •   Escritório de Projetos Corporativo: Atua diretamente no gerenciamento
       estratégico de todos os projetos. Suas atribuições são o planejamento
       estratégico dos projetos e o gerenciamento dos projetos da empresa como
       um todo e entre os departamentos.


Kerzner (2006) também agrupa os escritórios de projetos de acordo com suas
finalidades, mas considera os tipos descritos a seguir:

   •   Escritório de Projeto Funcional: Objetiva gerenciar um conjunto crítico de
       recursos dentro de uma área ou departamento de uma organização.
   •   Escritório de Projetos de Grupo de Clientes: Tem o desígnio de gerenciar e
       realizar uma melhor comunicação com o cliente. Reúne projetos comuns para
       facilitar melhores relações.
   •   Escritório de Projetos Corporativos: Tem como principal foco o atendimento à
       organização, desenvolvendo as questões estratégicas e corporativas.


Apesar de apresentarem algumas diferenças quanto às definições de alguns tipos
de escritórios de projetos, todos eles podem ser aplicados, desde que seja
observado o contexto dos projetos a serem gerenciados.

Dentro do contexto geral dos escritórios de projetos, conclui-se que para
sobrevivência das organizações em um mercado extremamente competitivo, não
basta habilidades, recursos e tecnologias para o gerenciamento projetos. É
necessário também o desenvolvimento de competências essenciais como o valor
percebido pelo cliente, a diferenciação de mercado e a capacidade de expansão
(VALERIANO, 2005). Kerzner (2006) ainda ressalta que o potencial de benefícios
trazidos por uma metodologia de projetos bem aplicada juntamente com a
implantação de um departamento de projetos, é bem maior do que inicialmente
previsto como possível. Dessa forma, a implantação dos escritórios de projetos
dentro das organizações corporativas pode ser vista como um recurso vantajoso
para a melhoria da produtividade das mesmas.

2.2 Gerenciamento de Portfólios
26



2.2.1 Conceitos e funções do Gerenciamento de Portfólios


De acordo com o PMBOK® (2008), portfólio de projetos refere-se a um conjunto de
projetos ou programas e outros trabalhos, agrupados para facilitar o gerenciamento
eficaz desse trabalho a fim de atingir os objetivos estratégicos de negócios. Os
projetos     ou   programas    do   portfólio   podem   não   ser   necessariamente
interdependentes ou diretamente relacionados.

Kerzner (2006) define a gestão de portfólio como um processo de tomada de
decisões que busca o melhor para a organização como um todo, ressaltando que
essas decisões não são tomadas aleatoriamente. A decisão geralmente está
relacionada com outros projetos e diversos fatores, tais como reservas financeiras
disponíveis e a alocação de recursos.

O PMBOK® (2008) declara que o gerenciamento de portfólios se refere à gestão
centralizada de um ou mais portfólios, que inclui identificação, priorização,
autorização, controle de projetos, programas e outros trabalhos relacionados, para
atingir objetivos estratégicos específicos de negócios. O gerenciamento de portfólio
se concentra em garantir que os projetos e programas sejam analisados a fim de
priorizar a alocação de recursos para que seja consistente e estejam alinhadas as
estratégias organizacionais.

A gestão de portfólio é um processo dinâmico de decisão, pelo qual uma lista de
projetos de novos produtos ativos do negócio é constantemente atualizada e
revisada. Nesse processo, novos projetos são avaliados, selecionados e priorizados,
os projetos existentes podem ser acelerados, abortados ou ter suas prioridades
alteradas, os recursos podem ser alocados e realocados nos projetos ativos. Este
processo implica o comprometimento da alta administração, processo formal de
desenvolvimento e definição clara de resultados esperados dos produtos para
avaliação.

O PMBOK® (2008) ressalta que a função da gestão de portfólio é maximizar o valor
dos benefícios capturados por meio da minimização dos riscos envolvidos na
execução das iniciativas. Com isso permitirá um planejamento mais eficiente dos
recursos empregados e assim reduzir o número de iniciativas redundantes
proporcionando uma seleção de alta atratividade.
27




2.2.2 Estratégias de gerenciamento de Portfólio


Os projetos são normalmente utilizados pelas organizações como um meio para
atingir os seus objetivos estratégicos (PMBOK®, 2008). Para saber qual conjunto de
projetos pode trazer maior valor agregado à organização e facilitar a realização de
tais objetivos, faz-se necessário que as estratégias estejam bem claras e
declaradas.   Atualmente    existem    diversas   ferramentas    que    auxiliam   no
desenvolvimento da estratégia organizacional. Uma delas é a Análise das Forças,
Fraquezas, Oportunidades e Ameaças, também conhecida como Análise SWOT –
Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats (TARAPANOFF, 2001). Essa
ferramenta auxilia na definição dos objetivos que a organização deverá atingir para
maximizar forças, minimizar fraquezas, aproveitar oportunidades e tratar as
ameaças.

De uma forma mais ampla, pode-se dizer que a gestão de um portfólio envolve as
atividades de identificação, priorização, autorização, monitoração e controle de
projetos, programas e outros trabalhos, visando assegurar que os investimentos
alcancem os objetivos estratégicos definidos pela organização. Por outro lado, a
gestão de projetos envolve a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e
técnicas ligadas às atividades do projeto, possibilitando o alcance de contribuições
individuais aos objetivos estratégicos (KERZNER, 2006).

O correto gerenciamento de portfólio requer, obrigatoriamente, que sejam adotadas
estratégias específicas para tal, pois, devido a falhas, principalmente na seleção dos
projetos, ocorrem grandes impactos nos custos da empresa bem como em inúmeros
projetos ineficientes. Diante desta afirmação, percebe-se que gerir corretamente o
portfólio de projetos, torna-se vital para a saúde da empresa, além de possibilitar o
desenvolvimento de produtos melhores, de forma mais eficaz e eficiente, ou seja, de
modo mais competitivo (MIGUEL, 2008).


Para se obter um gerenciamento bem sucedido, a alta administração da empresa
deve estar compromissada e bem engajada com este procedimento. Nesse sentido,
“cabe à alta administração, basicamente, definir e comunicar claramente as metas e
objetivos do portfólio de projetos, bem como os critérios e condições considerados
28



para a seleção dos projetos que constarão no portfólio” (KERZNER, 2006, p. 245),
além é claro de definir, a estratégia de negócios adotada pela empresa.


Ao se adotar um modelo para o gerenciamento de portfólio, as organizações devem
considerar os mais diversos aspectos, desde as características do seu próprio
negocio até mesmo os contextos ambientais e culturais de cada organização
(NEGREIROS e ROCHA, 2009).



2.2.2.1 Seleção de projetos


No processo de gerenciamento de portfólios, demonstrado na FIG. 3, novos projetos
são selecionados e avaliados. Após esta análise, aqueles que se mostrarem
estrategicamente vitais para serem executados, seja pela vertente tecnológica ou
mercadológica, além é claro de apresentarem uma viabilidade econômica, serão
priorizados (MIGUEL, 2008).
29




                        FIGURA 3: Processos de seleção de projetos
                      Fonte: COOPER et al., 1993 apud MIGUEL, 2008.



A FIG. 3 representa o processo de análise de seleção dos projetos. Como podem
ser verificados os projetos passam por filtros ou “gates” onde é analisado se o
mesmo se encaixa na estratégia de negócio da empresa. Em caso afirmativo, é
verificado se o projeto entra na lista de prioritários e assim os recursos são alocados
para desenvolvimento do mesmo. Caso seja verificado que o projeto não se
enquadre em alguma das etapas, o mesmo é encerrado e não entra no portfólio da
empresa.

Archer e Gahsemzadeh (1999, p. 208) afirmam que:


                           Um dos maiores desafios de um modelo de gestão de portfólios,
                           considerando que haja uma definição de metas estratégicas
                           consensadas para a organização, talvez seja a seleção dos projetos
                           componentes deste portfólio.
30



Além disso, a “definição de uma metodologia para a seleção de projetos é um
processo estratégico que deve ser feito antecipadamente a outros processos
relacionados à seleção de projetos no portfólio” (ARCHER E GAHSEMZADEH,
1999, p. 208), a fim de proporcionar o alinhamento estratégico dos projetos.
Entretanto, diversos outros processos de tomada de decisão devem ser
considerados, como a inclusão de revisões periódicas do portfólio de todos os
projetos, ou seja, a comparação dos projetos em si para verificar se continuam
alinhados estrategicamente com os objetivos da empresa, decidindo-se pela
continuação ou não de tais projetos. O processo é complementado pela decisão de
alocação dos recursos disponíveis nos projetos priorizados (MIGUEL, 2008).



2.2.2.2 Processos de gerenciamento do portfólio


O processo de gerenciamento inicia-se com a seleção dos projetos que irão compor
o portfólio. A literatura existente apresenta vários processos para a seleção dos
projetos, sendo que se destacam o funil de desenvolvimento apresentado por Clark
e Wheelwright (1993), conforme FIG. 04, e o stage-gate (Cooper, (1993) apud
Miguel (2008)).
31




          FIGURA 4: Funil de Clark e Wheelwright - Processos de seleção de projetos
                    Fonte: Adaptado de WHEELWRIGHT; CLARK, 1992.


No modelo ideal do funil de desenvolvimento, como pode ser visto na FIG. 04, a fase
um (mais ampla) inicia-se de forma expandida para estimular uma maior e melhor
geração de ideias. Aquelas que se enquadrarem nos perfis estratégicos pré-
definidos são detalhadas e analisadas, sendo tomada a decisão de continuidade ou
não do projeto (fase dois). Na segunda seleção “os projetos aprovados são providos
de pessoal e movidos a uma rápida introdução através de esforço focado (fase três)”
(KLEMENT e MORALES, 2009, p. 14).


O stage-gate proposto por Cooper (1993 apud Miguel (2008)) é um processo mais
amplo que traz uma abordagem onde o desenvolvimento do projeto é dividido em
estágios discretos e identificados, que melhorarão a qualidade das informações
geradas no projeto. Isso auxiliará os gestores nas tomadas de decisões,
especificando melhor os critérios de escolha e seleção de um projeto, possibilitando
assim, um gerenciamento do portfólio de forma mais eficaz. Como pode ser
verificado na FIG. 05, “cada um dos estágios é desenvolvido para obter as
informações para que o projeto possa progredir para o estágio seguinte, antes
passando por um ponto de decisão denominado de gate, que precede cada estágio”
(MIGUEL, 2008, p. 394).
32




                          FIGURA 5: Processo do stage-gate
                            Fonte: MIGUEL, 2008, p. 400.



De acordo com a FIG. 05, os gates servem como pontos de verificação e decisão
até a homologação (aprovação) do projeto, pois neles são realizadas análises de
continuidade ou aborto do projeto, sendo que para tal devem-se seguir critérios e
atividades pré-definidas (MIGUEL, 2008).




2.2.2.3 A abordagem de gerenciamento de portfólio do PMI


Na literatura são encontrados diversos modelos de gerenciamento, sendo o Padrão
de Gerenciamento de Portfólio do PMI o mais utilizado. Este Guia traz uma
abordagem mais sistemática e completa, estabelecendo os processos por uma
sequencia lógica de realização, além de apresentarem agrupamento por
similaridades e áreas de conhecimento (PADRÃO DE GERENCIAMENTO DE
PORTFÓLIOS, 2008). Na abordagem por similaridades os processos de
gerenciamento são divididos em dois grupos, sendo definidos como de alinhamento
e de monitoramento e controle, conforme detalhado na FIG. 06.
33




      FIGURA 6: Alinhamento e Monitoramento e Controle - Processos de análise de portfólio
              Fonte: PADRÃO DE GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIOS (2008)



Como demonstrado na FIG. 06, e confirmado por Negreiros e Rocha (2009, p. 13)
“os processos de alinhamento são responsáveis por determinar como os
componentes serão identificados, categorizados, avaliados, selecionados e incluídos
no portfólio”. Para tal, devem ser disponibilizadas as informações dos projetos que
irão compor o portfólio, como recursos a serem alocados, custos, tempo de
execução dentre outros, isso considerando as metas estratégicas pré-determinadas
para o portfólio. Cabe ressaltar que na fase de seleção dos projetos, os processos
do funil de Clark e Wheelwright e o stage-gate de Cooper, são amplamente
utilizados, sendo que este último pode ser usado, também, nas demais fases do
projeto.


O grupo de processos de monitoramento e controle é responsável pela revisão e
verificação dos indicadores do portfólio, analisando se os componentes estão
alinhados com as estratégias estabelecidas e trazendo benefícios à instituição. As
atividades deste grupo avaliam se o portfólio está com um desempenho geral
suficiente para atingir as metas organizacionais (PADRÃO DE GERENCIMENTO DE
PORTFÓLIO, 2008).
34



O Padrão de Gerenciamento de Portfólios (2008) traz ainda outra divisão, onde os
processos descritos na FIG. 06 são apresentados por áreas de conhecimentos,
sendo estas a área de governança de portfólio e a de gerenciamento de riscos,
conforme FIG. 07.


                                                                            Processos de
     Área de             Processos de
                                                       Descrição          Monitoramento e                   Descrição
  Conhecimento           Alinhamento
                                                                              Controle
  Governança do                                                                   4.9               Comparar indicadores de
                              4.1                  Criar uma lista de
    Portfólio                                                            Revisar e informar o       desempenho e os critérios
                         Identificar os           componentes para o
                                                                           desempenho do              utilizados e manter os
                         componentes                    portfólio.
                                                                              Portfólio.            stakeholders informados.
                                                                                 4.10
                              4.2             Organizar os componentes                                Analisar mudanças na
                                                                              Monitorar
                          Categorizar              da lista em grupos                                 estratégia e garantir o
                                                                              mudanças
                         componentes          relevantes para o negócio.                            alinhamento do Portfólio.
                                                                             estratégicas
                                                Coletar informações dos                             Prover aos stakeholders o
                             4.3                                                  4.7
                                                componentes visando a                                  entendimento das
                            Avaliar                                       Comunicar ajustes
                                                   preparação para o                                mudanças no portfólio em
                         componentes                                         no Portfólio
                                                  processo de seleção.                                função da estratégia.
                              4.4               Definir os componentes
                          Selecionar            do portfólio baseado em
                         componentes              critérios de seleção.
                                                      Classificar os
                              4.5
                                                 componentes para sua
                           Priorizar
                                               realização de acordo com
                         componentes
                                                         critérios.
                                                    Criar um mix de
                             4.6                   componentes que
                      Balancear Portfólio        maximize e alcance os
                                                 objetivos estratégicos.
                             4.8                    Alocar recursos e
                           Autorizar             comunicar decisões de
                         componentes                balanceamento.
Gerenciamento dos                                                                                         Rastrear riscos
                                                                                      5.4
Riscos do Portfólio            5.1            Determinar e documentar                               identificados ou residuais,
                                                                                 Monitorar e
                      Identificar Riscos do     os riscos que possam                                identificar novos e avaliar
                                                                              controlar Riscos do
                            Portfólio            afetar o portfólio.                                   a eficácia dos planos
                                                                                   Portfólio
                                                                                                          estabelecidos.
                              5.2
                                              Avaliar e priorizar os riscos
                      Analisar Riscos do
                                                     identificados.
                           Portfólio
                              5.3              Desenvolver ações para
                         Desenvolver             potencializar riscos
                        Respostas aos          positivos e minimizar o
                      Riscos do Portfólio      impacto dos negativos.

  FIGURA 7: Governança de portfólio e gerenciamento de riscos - Processo de análise de portfólio
              Fonte: PADRÃO DE GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIOS (2008)

Como pode ser verificado na FIG. 07, na área de governança de portfólio estão os
processos necessários para seleção, monitoramento e comunicação relacionados
aos investimentos realizados, além de assegurar que os mesmos continuem
alinhados aos objetivos estratégicos da empresa (PADRÃO DE GERENCIAMENTO
35



DE PORTFÓLIOS, 2008). Nesta área ainda estão os processos para seleção e
avaliação dos projetos.


Negreiros e Rocha (2009, p. 14) afirmam que “a área de conhecimento de riscos diz
respeito a análise de condições ou eventos que, uma vez ocorridos, possam causar
efeitos positivos ou negativos a pelo menos um objetivo estratégico do portfólio”. O
objetivo da gestão de riscos é maximizar a probabilidade de eventos positivos e
minimizar fatores que possam influenciar negativamente o portfólio (PADRÃO DE
GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIOS, 2008).


Nessas duas abordagens os processos de gerenciamento de portfólio são descritos
de forma clara e simplificada, por meio de atividades, praticamente subsequentes.
Alinhando as duas figuras (FIG. 06 e FIG. 07) percebe-se que a área de governança
é composta por atividades relacionadas aos processos de alinhamento e
monitoramento e controle, voltadas para a identificação, seleção e manutenção do
projeto junto a estratégia organizacional. Já a área de gerenciamento de riscos,
composta por algumas atividades de alinhamento, tem por finalidade potencializar
riscos positivos e minimizar os negativos.



2.2.3 A necessidade da implantação do gerenciamento


A busca de melhoria da produtividade nas empresas e organizações tem gerado
uma procura por soluções em gestão de portfólio de projetos. Essa busca
proporcionará aos gestores uma visão holística dos processos e otimização dos
produtos gerados pelos projetos.


A gestão de portfólio proporciona benefícios constantes para as decisões a serem
tomadas na empresa porque se baseia em informações estratégicas. Outro fator
importante que demonstra os benefícios da adoção dessa prática de gestão é a
capacidade de melhoria da administração de riscos ligados aos projetos. Esse
processo gera uma forma de escolha, priorização, autorização e gerenciamento de
todo o trabalho da organização, e seus objetivos. Esses objetivos que englobam a
qualidade de seus serviços se resumem ao nível em que essa empresa deseja
36



alcançar na escala de mercado. A empresa que visa alcançar um posicionamento de
destaque dentre as demais, disponibiliza uma grande parte do seu tempo e
orçamento desenvolvendo o planejamento estratégico.


Pelo fato de os recursos financeiros e tempo não poderem ser desperdiçados é
importante definir, por meio da gestão de portfólio, quais projetos oferecem
resultados para a empresa. De acordo com Cooper et al. (1998, apud Cheng, 2000),
a gestão do portfólio é um processo dinâmico de decisão, pelo qual os projetos são
atualizados e revisados constantemente. Depois verificam-se quais são os projetos
vitais para serem executados.


Dentro desse contexto, Cheng (2000) explica que a possibilidade estratégica
engloba o alinhamento das metas e objetivos da empresa e considera as
particularidades do seu negócio, com o conjunto de projetos que estão sendo
desenvolvidos. Além disso, a possibilidade estratégica é uma tentativa constante de
adequar   as   necessidades     do    mercado    às    competências   tecnológicas   e
organizacionais, permitindo continuidade no negócio da empresa.


Cooper (1993, apud Cheng, 2000) é enfático ao demonstrar a necessidade das
empresas em melhorarem          seu   processo    de    desenvolvimento    através do
gerenciamento da sua carteira de projetos, da melhoria da sua estrutura de trabalho
e utilização de técnicas que facilitem o desenvolvimento de um novo serviço ou
produto. Isso possibilita que as empresas desempenhem seus serviços de maneira
mais satisfatória e mais eficiente, tornando-se competitivas no mercado.

Na busca de eficiência no gerenciamento de projetos será necessário determinar o
alinhamento estratégico da empresa. Este pode ser alcançado por meio de uma
adequada gestão de portfólio de projetos, implementação de estrutura na forma de
escritórios e também da construção de competências de gestão em âmbito
organizacional (PMBOK®, 2008). Destaca-se ainda que o gerenciamento de portfólio
de projetos gera condições para que as empresas sustentem suas vantagens
competitivas, garantindo oportunidades de maior crescimento no mercado
(GARFEIN, 2004).
37



2.2.4 Benefícios do Portfólio

As empresas e organizações que efetuam projetos baseiam-se em uma
necessidade organizacional. Este processo é oriundo do Planejamento Estratégico
onde são definidas as metas organizacionais para os próximos períodos. A partir
desse desenvolvimento, é possível gerar uma visão de meta organizacional que
possibilitará mais produtividade e ganhos.


Outros benefícios do gerenciamento de portfólio, conforme Pereira (2006), são:
   •   a melhoria significativa na alocação de recursos;
   •   mudança de foco dos custos para investimentos que são firmados em
       decisões baseadas no valor arrecadado pelos projetos;
   •   alocação de recursos de projetos prioritários;
   •   melhor equilíbrio dos investimentos e o aumento de participação de mercado.


Consoante Kerzner (2006) o principal objetivo do gerenciamento de Portfólio é iniciar
e manter os projetos que sejam necessários e sustentáveis, de maneira a atender
aos objetivos estratégicos da organização. Para Archer (1999, apud Pereira, 2002),
a definição e gestão de um portfólio de projetos almejam transferir o processo de
gerenciamento bem como de desenvolvimento de um estado crítico para um
gerenciável por meio de estratégias que estabeleçam a execução de menos projetos
em áreas prioritárias. De acordo com Otto e Holmes (2000), a gestão do portfólio
tem por objetivo a integração de forma planejada das oportunidades de mercado e
as capacidades técnicas da organização. Esta abordagem gera uma potencialização
das competências essenciais existentes de forma que seja fortalecido o
posicionamento competitivo da organização.


Já Patterson (1999) defende que o reconhecimento, implantação e gerenciamento
de um portfólio de projetos visam converter o plano estratégico da empresa em
projetos de inovação e de desenvolvimento de capacidade técnica. Além disso, se o
plano estratégico de gerenciamento de portfólio de projetos for aplicado em toda a
empresa, os setores precisarão operar de maneira mais coesa já que os interesses
e objetivos são comuns.
38



Cooper et al. (1998, apud Cheng, 2000) afirma que se a organização utilizar a
gestão de portfólio para alocar recursos de forma apropriada, alcançará os objetivos
corporativos de desenvolvimento de novos projetos. Esses objetivos serão
convertidos em estratégias tecnológicas de mercado previamente estabelecidas
pelos stakeholders da organização.


O gerenciamento de Portfólio proporciona uma grande contribuição para os gestores
das empresas e instituições, de forma clara e detalhada, das dimensões estratégicas
que darão direcionamento de como organizar a carteira de projetos. Isso permite
uma priorização eficaz dos projetos e cria ferramentas de controle e descarte desses
projetos.


De acordo com o que foi abordado sobre os benefícios do portfólio, destaca-se a
importância da gestão de projetos entre a formação das estratégias da organização
e a operacionalização dos projetos em desenvolvimento. Esta gestão contribui
diretamente para o aumento da produtividade a redução dos custos e para a
eliminação da alocação ineficiente de recursos e investimentos.
39



3 METODOLOGIA


3.1 Caracterização da Pesquisa


Para se realizar uma pesquisa científica, inicialmente, faz-se necessário definir seu
objeto de estudo e, a partir daí, delimitar o universo a ser estudado e construir o
processo de investigação e análise. A definição deste objeto de estudo deve iniciar-
se com a identificação do problema e posteriormente com a definição da
metodologia adequada para condução da pesquisa e possível solução. Marconi e
Lakatos (2003, p. 115) afirmam que “a pesquisa pode ser considerada um
procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um trabalho
científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir
verdades parciais”.


Nesse contexto, o trabalho adotou o método de estudo de caso, que segundo Gil
(2005) pode ser definido como um estudo sistemático de um ou mais objetos, sendo
que por meio de uma investigação, busca-se ampliar o conhecimento ou confirmar
um já existente. Este método de pesquisa envolve um profundo estudo, que
permitirá, posteriormente, o amplo e detalhado conhecimento do assunto
pesquisado.


A adoção de uma metodologia adequada é fator preponderante para o sucesso da
pesquisa, pois conforme Gil (2005), os procedimentos metodológicos indicarão o
caminho a seguir durante a pesquisa. Para tanto, deve-se focar nos métodos
particulares de cada modelo de pesquisa, pois esses apresentam as atividades que
permitirão alcançar o objetivo proposto, identificando pontos de melhoria e
auxiliando nas decisões dos pesquisadores (MARCONI e LAKATOS, 2003).



3.2 Estratégia da Pesquisa

O estudo de caso foi desenvolvido ao longo dos meses de fevereiro a junho de
2012. Neste período foi realizada uma análise dos resultados obtidos com a
implantação da Gestão de Portfólio em uma empresa que atua na área de
40



consultoria e projetos para a mineração a céu aberto e subterrânea, sondagem,
geologia de engenharia e hidroenergia.


A coleta de dados foi realizada na empresa FRP Engenharia para verificar de que
forma é exercido o gerenciamento de portfólio dos projetos, sendo necessário
investigações exploratórias de documentos, registros, arquivos, entrevistas e
observações. Para isto, foram realizadas quatro reuniões para coleta de dados. Na
primeira reunião foi realizada uma apresentação da empresa, bem como de seu
processo de gerenciamento. O gerente da organização explicitou o modelo de
seleção de projetos e ainda forneceu informações de forma a possibilitar uma maior
compreensão do processo de gerenciamento desenvolvido. Durante a segunda
reunião, a equipe iniciou a coleta de dados por meio de uma entrevista com o
gerente de planejamento. Após a análise destas informações, foi possível perceber
os impactos decorrentes de uma gestão deficiente.


Em uma terceira reunião na empresa com os representantes da área de gestão de
portfólio, foi elaborado um questionário baseado em cinco etapas: inicial,
planejamento, preparação, coleta e análise, sendo levantadas questões como:
   •   qual o padrão de gerenciamento do portfólio adotado pela empresa;
   •   quais os critérios adotados para alocação dos recursos nos projetos;
   •   quais as ferramentas utilizadas no gerenciamento dos projetos, dentre outras.


Durante toda a entrevista foram feitas anotações frequentes com o intuito de
entender o processo de gerenciamento de portfólio e conhecer quais produtos
faziam parte da carteira de projetos.


Foi realizada, ainda, uma quarta reunião para que a equipe consolidasse os dados
coletados, sendo constatado que são utilizadas ferramentas para controle dos
prazos, custos e escopo. Algumas das ferramentas desenvolvidas foram o Plano de
Projeto, Cronograma Físico e Financeiro, sendo que esse último, tem o objetivo de
controlar os custos, receitas e lucratividade de cada projeto. Todas as ferramentas
utilizadas e desenvolvidas pela empresa tem o objetivo de auxiliar principalmente na
41



previsibilidade do faturamento, na priorização/seleção dos projetos e na geração de
informação à alta administração.


As informações foram obtidas ao longo destas quatro reuniões, com a participação
do grupo de estudo, o que possibilitou a análise crítica do desenvolvimento do
trabalho. Nestas reuniões, o estudo de caso foi auxiliado por um questionário, e
todas as questões foram embasadas na teoria deste trabalho e estruturadas com
foco no objetivo da pesquisa.


Após obter todos os dados, o grupo de estudo, realizou uma leitura rápida do
material para analisar se foi suficiente para a pesquisa ou não. Depois foi realizada a
leitura seletiva, com o objetivo de determinar os fatos relevantes. Em seguida foi
feita uma leitura analítica, para compatibilizar e resumir as informações e, por último,
uma leitura interpretativa dos dados selecionados. Ressalta-se que alguns dados da
FRP Engenharia são sigilosos e não serão apresentados neste estudo.
42



4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E RESULTADOS



4.1 Apresentação da empresa e identificação do negócio

A empresa estudada está localizada na cidade de Belo Horizonte, possuindo sede
própria, com atuação em toda a América Latina. Suas atividades foram iniciadas no
ano de 1986 atuando como um escritório de prestação de serviços de consultoria em
geologia de engenharia, geomecânica em mineração e projetos hidrelétricos. Com o
crescimento da demanda, a empresa ampliou sua atuação na área de geotécnica
aplicada a projetos de mineração e hidroenergia, por meio de estudos que abrangem
a concepção de projetos e soluções integradas com áreas de suporte ou
complementares, tais como hidrologia, hidráulica, hidrogeologia, manejo de resíduos
e água, se estabelecendo, assim, como uma das líderes em seu segmento.


A empresa avalia estrategicamente a eficiência da execução e a partir disso é
tomada a decisão de desenvolvimento dos projetos em função das necessidades
dos clientes, sendo que para isso se mantêm um contato constante junto a eles.
Desta forma a empresa produz projetos “customizados” que irão atender a real
necessidade de seu cliente. Os projetos são desenvolvidos buscando-se a
excelência e mantendo um alto nível de qualidade, sendo para tal, realizada uma
pesquisa “pós-projeto” para se mensurar o nível de satisfação do cliente.



4.2 Diagnóstico do problema


É importante destacar como os projetos eram desenvolvidos antes da implantação
do Gerenciamento de Portfólio.     Em 2009, a empresa pesquisada visualizou a
necessidade de ter um processo claro que permitisse a efetuação de uma gestão
dos produtos, melhoria dos resultados operacionais e financeiros bem como a
ampliação do seu negócio. Naquela ocasião, foi realizado um diagnóstico para
identificar a eficiência da gestão dos projetos. Este diagnóstico foi antecedente ao
processo de implantação do portfólio, porém, fundamental para direcionar as ações
para tal processo.
43



O diagnóstico foi realizado por uma equipe formada pela Direção, Gerências e
Coordenadores de Projetos e teve como objetivo identificar as deficiências do
gerenciamento e direcionar as ações para as etapas da implantação do
gerenciamento de portfólio.

Entre as deficiências encontradas após a avaliação, destacam-se:


   •   ineficiência na identificação do volume de projetos/produtos;
   •   incerteza de faturamento;
   •   não cumprimento de prazo;
   •   nenhuma previsibilidade de faturamento;
   •   incerteza de entrega dos produtos intermediários;
   •   incerteza quanto ao prazo de encerramento dos projetos/produtos;
   •   desenvolvimento de projetos sem contrato com impactos diretos nos
       resultados financeiros;
   •   retrabalho;
   •   má gestão dos documentos e produtos do projeto;
   •   insatisfação do cliente.


A partir das falhas descritas, foi desenvolvido um plano de ação para implantação do
gerenciamento de portfólio, sendo composto pelas seguintes etapas:

   •   mapeamento do Processo de Seleção dos Projetos;
   •   definição de metodologia de projetos;
   •   ferramentas para apoio na execução da implantação e medição dos
       indicadores.
   •   definição de indicadores de controle e desempenho.



4.3 Implantação do gerenciamento de portfólio na empresa


Durante a implantação foi importante definir o processo macro que possibilitaria o
gerenciamento do portfólio de projetos alinhado aos objetivos estratégicos da
empresa. Isso objetiva garantir um mix de projetos equilibrado, bem como uma
44



seleção de projetos passíveis de gerenciamento e aderentes a sua expertise. O
processo ficou definido conforme apresentado na FIG. 8. Destaca-se que em todo o
método utilizado houve o envolvimento do cliente e da empresa.




                        FIGURA 8: Processo de Iniciação do projeto
                            Fonte: FRP ENGENHARIA, 2012


Conforme ilustrado na FIG. 8, o cliente determina sua ideia ou necessidade e
demanda à empresa a definição do trabalho por meio de uma especificação técnica
(problema, requisitos, premissas, restrições). A empresa, por meio da área comercial
e da equipe técnica, analisa a demanda a fim de garantir uma seleção eficiente dos
projetos. Uma vez selecionado o projeto, apresenta-se uma proposta comercial que
compreenda os requisitos definidos pelo cliente na especificação do serviço e
posteriormente a solução apresentada é compreendida numa proposta técnica.
Aliada a esta proposta, a área comercial desenvolve o orçamento do projeto com
base em homem-hora previsto para desenvolvimento do projeto e aplica estratégias
comerciais (parcelamento, ciclo financeiro, preço) que são refletidos em proposta
comerciais. A proposta “entra” em momento de negociação com o cliente para
aprovação e contratação do projeto. Assim o processo de seleção encerra-se
iniciando o desenvolvimento do projeto (nascimento do projeto).


Paralelamente ao macro processo de seleção de projetos foi desenvolvida uma
metodologia que tem como objetivo ampliar a satisfação do cliente, evitando o
retrabalho. Com isso é garantido o cumprimento de prazos e gerada a possibilidade
de quantificação (valor monetário) do produto para previsibilidade de faturamento.


Essa metodologia foi desenvolvida com base em quatro fases (suficiência de dados
básicos, concepção, plano de projeto e reunião de equipe), conforme demonstrado
na FIG.9. Além dessas fases, são utilizados gates que têm a finalidade de controle
de qualidade. O gate é um momento de verificação do produto/documento gerado
pela fase e também um momento de envolvimento do cliente para validação do
produto. Como consequência dessa validação, é evitado o retrabalho além de
45



proporcionar o atendimento às exigências do cliente gerando satisfação em relação
ao serviço prestado. O gate tem também um papel importante nos aditivos
contratuais por eventuais alterações do escopo que ocorram no momento de
validação do produto.




                          FIGURA 9: Processo de Planejamento
                            Fonte: FRP ENGENHARIA, 2012



Na fase de suficiência de dados, são levantadas com o cliente e todos os
envolvidos, as informações necessárias para o início do projeto. Após uma análise
(gate 1) verifica-se se estes dados são suficientes e se inicia a fase de concepção,
onde tais dados são estudados, juntamente com o escopo do projeto, bem como as
alternativas a serem adotadas para execução do mesmo. Se o projeto estiver
alinhado (gate 2), inicia-se a elaboração do plano de projeto e cronograma, onde são
descritas as atividades que farão parte do escopo do projeto, bem como
determinado os prazos para execução dos mesmos. Caso os documentos sejam
aprovados (gate 3), é realizada uma reunião de equipe para início da execução do
projeto.




4.4 Ferramentas e etapas da implantação do gerenciamento de portfólio na
     empresa


Para auxiliar no gerenciamento de portfólio a empresa desenvolveu ferramentas
próprias que são utilizadas em todas as fases do ciclo de vida do projeto. Foram
desenvolvidas planilhas de controle e documentos que auxiliam o gerenciamento e
servem como base para o controle dos projetos que estão em fase de execução.


Apresentam-se, a seguir, estas ferramentas, de acordo com as fases do
gerenciamento de projetos, apresentadas no item 2.1.
46



4.4.1 Iniciação


A fase de iniciação tem como objetivo envolver todos os participantes que atuarão
no ciclo de vida do projeto e que irão influenciar diretamente no resultado final. Esta
etapa estabelece o escopo do projeto, os recursos a serem utilizados e os processos
a serem seguidos.

Para que o projeto seja realmente oficializado é criado o termo de abertura,
conforme FIG. 10. O Termo de Abertura do Projeto (TAP) ou Project Charter é o
documento que autoriza formalmente um projeto, é ele que reconhece sua
existência e outorga ao gerente de projetos a autoridade para aplicar os recursos
organizacionais nas atividades do projeto. O gerente de projetos sempre deve ser
denominado antes do início do planejamento e, de preferência, enquanto o termo de
abertura do projeto estiver sendo desenvolvido.

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ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIOS EM UMA EMPRESA QUE ATUA NO RAMO DE SOLUÇÕES GEOTÉCNICAS EM MINERAÇÃO E HIDROENERGIA

  • 1. 1 FACULDADE PITÁGORAS ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO EM UMA EMPRESA QUE ATUA NO RAMO DE SOLUÇÕES GEOTÉCNICAS EM MINERAÇÃO E HIDROENERGIA Bárbara Alves Couto Camilla Magalhães da Silva Fabiane Santos Pedrosa Paula Brígida Arantes Rafael de Souza Oliveira Belo Horizonte 2012
  • 2. 2 Bárbara Alves Couto Camilla Magalhães da Silva Fabiane Santos Pedrosa Paula Brígida Arantes Rafael de Souza Oliveira ESTUDO DA IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIO EM UMA EMPRESA QUE ATUA NO RAMO DE SOLUÇÕES GEOTÉCNICAS EM MINERAÇÃO E HIDROENERGIA Monografia apresentada à Faculdade Pitágoras como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro de Produção. Área: Engenharia Organizacional/Gestão de Projetos Orientador: Prof. Fábio de Oliveira Alves Belo Horizonte 2012
  • 3. 3 DEDICATÓRIA Dedicamos este trabalho a todos aqueles que acreditam que é possivel alcançar seus sonhos e batalham por eles, mesmo que isso lhes custe alguma renúncia momentânea.
  • 4. 4 AGRADECIMENTOS À Deus, por sempre nos fortalecer e sustentar em todas nossas buscas e necessidades; Aos nossos familiares, por sempre nos compreender, apoiar e ajudar em todos os momentos, inclusive nossas ausências durante toda jornada; Ao professor Fábio de Oliveira Alves, por ter acreditado em nosso potencial, nos dado força e determinação na execução deste trabalho; Ao gestor Fabrício da empresa FRP Engenharia, por ter disponibilizado o rico material obtido com o desenvolvimento do produto usado na elaboração deste trabalho; A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho.
  • 5. 5 EPÍGRAFE “Todo ato de criação é, em primeiro lugar, um ato de destruição.” Pablo Picasso
  • 6. 6 RESUMO Em uma economia cada vez mais globalizada e com o mercado mais competitivo, a capacidade de gerenciar uma carteira de projetos, em prazos reduzidos, é fundamental para a sobrevivência das organizações. A qualidade na entrega do produto, priorizando sempre o prazo, as garantias dadas pelas empresas e o bom desempenho do produto perpetuam sua marca. Com esse foco, o estudo de caso demonstrou algumas ferramentas e metodologias que auxiliam o processo de implantação da gestão de portfólio. Este processo faz referência ao gerenciamento centralizado de um ou mais portfólio, que abrange identificação, priorização, autorização e controle de projetos e programas para atingir objetivos de negócios estratégicos específicos. São apresentadas ferramentas que concentram os esforços e ideias da equipe de projetos, com o intuito de formar um processo integrado de desenvolvimento. São demonstrados também os resultados obtidos com a implantação, tais como a melhoria significativa na alocação dos recursos, melhor equilíbrio dos investimentos e o aumento de participação de mercado. Cabe ressaltar que este estudo está apoiado em um manual de referência do PMI, o PMBOK®: Guia do conhecimento em gerenciamento de projetos, 4ª ed., 2008, como base literária de estudos. Palavras chave: Gestão de Portfólios, Projetos, Gerenciamento.
  • 7. 7 ABSTRACT In an increasingly globalized world and competitive market, the ability to manage a portfolio of projects under tight deadlines, is essential for the survival of organizations. The quality of product delivery, always prioritizing the deadlines, the assurance given by the companies and the good product performance perpetuate the brand. With this aim, the case study shows some tools and methodologies that assist the process of implementing portfolio management. This process refers to the centralized management of one or more portfolio, which covers identification, prioritization, approval and control of projects and programs to achieve specific strategic business objectives. The tools presented here compile the project team's efforts and ideas in order to form an integrated process of development. Results obtained with implementation are also shown here, such as the significant improvement in resource allocation, better balance of investments and increased market share. It should be noted that this study is supported by a reference manual PMI, the PMBOK Guide: Project Management Body of Knowledge, 4th ed., 2008, as bibliographical basis of studies. Keywords: Portfolio Management, Projects, Management
  • 8. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1: O ciclo de vida do projeto subdividido em fases características.....17 FIGURA 2: Processo integrado de gerenciamento de projetos...........................22 FIGURA 3: Processos de seleção de projetos.......................................................29 FIGURA 4: Funil de Clark e Wheelwright - Processos de seleção de projetos. .31 FIGURA 5: Processo do stage-gate.........................................................................32 FIGURA 6: Alinhamento e Monitoramento e Controle - Processos de análise de portfólio......................................................................................................................33 FIGURA 7: Governança de portfólio e gerenciamento de riscos - Processo de análise de portfólio...................................................................................................34 FIGURA 8: Processo de Iniciação do projeto.........................................................44 FIGURA 9: Processo de Planejamento...................................................................45 FIGURA 10: Ficha de Abertura do Projeto..............................................................47 FIGURA 11: Plano do Projeto...................................................................................49 FIGURA 12: Controle de despesas do projeto.......................................................53 FIGURA 13: Lições Aprendidas...............................................................................58 GRÁFICO 1: Eficiência dos prazos..........................................................................59 GRÁFICO 2: Faturamento FRP Engenharia............................................................60 GRÁFICO 3: Margem de Contribuição....................................................................61
  • 9. 9 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS DRE - Demonstrativo de Resultado do Exercício EAP – Estrutura Analítica do Projeto PMBOK® - Project Management Body of Knowledge PMI - Project Management Institute (Instituto de Administração de Projetos) PMO – Project Management Office
  • 10. 10 SUMÁRIO SUMÁRIO....................................................................................................................10 1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................11 1.1Problema de pesquisa.................................................................................................................13 1.2 Objetivos.....................................................................................................................................13 1.2.1 Objetivo Geral..........................................................................................................................13 1.2.2 Objetivos Específicos...............................................................................................................13 1.3 Justificativa.................................................................................................................................14 1.4 Estrutura do trabalho.................................................................................................................15 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................16 2.1 Gerenciamento de Projetos........................................................................................................16 2.1.1 Escritório de Projetos...............................................................................................................22 2.2 Gerenciamento de Portfólios......................................................................................................25 2.2.1 Conceitos e funções do Gerenciamento de Portfólios.............................................................26 2.2.2 Estratégias de gerenciamento de Portfólio..............................................................................27 2.2.2.1 Seleção de projetos..............................................................................................................28 2.2.2.2 Processos de gerenciamento do portfólio............................................................................30 2.2.2.3 A abordagem de gerenciamento de portfólio do PMI..........................................................32 2.2.3 A necessidade da implantação do gerenciamento..................................................................35 2.2.4 Benefícios do Portfólio.............................................................................................................37 3 METODOLOGIA......................................................................................................39 3.1 Caracterização da Pesquisa.........................................................................................................39 3.2 Estratégia da Pesquisa................................................................................................................39 4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E RESULTADOS...............................................42 4.1 Apresentação da empresa e identificação do negócio...............................................................42 4.2 Diagnóstico do problema............................................................................................................42 4.3 Implantação do gerenciamento de portfólio na empresa..........................................................43 4.4 Ferramentas e etapas da implantação do gerenciamento de portfólio na empresa..................45 4.4.1 Iniciação..................................................................................................................................46 4.4.2 Planejamento..........................................................................................................................48 4.4.3 Execução e Controle...............................................................................................................55 4.4.4 Encerramento ........................................................................................................................57 4.5 Resultados obtidos após a implementação das rotinas do gerenciamento de portfólio............59
  • 12. 12 A gestão de projetos tem recebido um grande enfoque nos últimos anos e diversas empresas dos mais variados setores tem se estruturado para desempenhar suas atividades por meio de projetos. O PMBOK® (2008, p. 11) define projeto “como um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo”. Diante dessa definição percebe-se que se faz necessário adotar um sistema adequado para coordenar todo processo de elaboração e execução dos projetos. Neste âmbito, “a gestão de projetos constitui a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades dos projetos a fim de atender aos seus requisitos” ( PMBOK®, 2008, p. 12), sendo por isso, fundamental para uma boa gestão e, consequentemente, para o crescimento da empresa. Nesse sentido, Kerzner (2006, p. 15) afirma que “o desafio para quem não quer ser apenas mais uma empresa no mercado está em gerenciar atividades nunca realizadas no passado e que podem jamais vir a se repetir no futuro.” O autor ressalta, ainda, que essas organizações buscam a diferenciação de seus produtos e serviços para a obtenção de vantagens competitivas no mercado cada vez mais acirrado. Para implantação da gestão de portfólio é necessário que a empresa defina um processo estratégico de negócios com a decisão de qual deve ser o conjunto de projetos de produtos que deve vigorar. Deve haver coesão entre as estratégias e o portfólio, sendo assim: O gerenciamento do portfólio de projetos ajuda a determinar a exata combinação de projetos e o correto nível de investimento para cada projeto. O resultado disso é um maior equilíbrio entre projetos em andamento e novas iniciativas estratégicas (KERZNER, 2006, p. 244). O mercado atual exige das empresas características como maior flexibilidade modularidade, capacidade de adaptação e uma estrutura voltada para projetos. Percebe-se que muitas dessas corporações apresentam uma grande quantidade de projetos que na maioria das vezes, são mal geridos devido a falhas de planejamento e má priorização, dentre diversos outros problemas (KERZNER, 2006). Fica claro,
  • 13. 13 ainda, que administrá-los isoladamente torna-se inviável e por tal motivo encontra-se em evidência à prática de gerenciamento de portfólios de projetos . 1.1 Problema de pesquisa Este trabalho tem a proposta de demonstrar como a implantação do gerenciamento de portfólio pode contribuir para a redução de falhas no planejamento de projetos e para melhoria da execução das atividades de gestão de projetos? 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Estudar a implantação da metodologia de gestão de portfólio, a fim de possibilitar uma gestão integrada dos investimentos e recursos (financeiros, humanos, tecnológicos) disponibilizados nos projetos. 1.2.2 Objetivos Específicos • Identificar o negócio da empresa FRP Engenharia, para análise dos benefícios qualitativos e quantitativos com relação à implantação de Gestão de Portfólio; • descrever as ferramentas e etapas da implantação do Gerenciamento de Portfólio na empresa; • apresentar os resultados obtidos após a implementação das rotinas do Gerenciamento de Portfólio.
  • 14. 14 1.3 Justificativa Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelas empresas é a falta de uma visão mais clara a respeito de quais são as estratégias para definir os projetos a serem executados na organização. Esse problema ocorre devido às constantes mudanças das prioridades e por nem sempre existir um acompanhamento efetivo dos projetos a serem realizados, o que resulta na falta de clareza sobre o retorno que os projetos desenvolvidos trazem para a organização. O objetivo da Gestão de Portfólio é agregar valor aos produtos por meio de uma avaliação detalhada de todas as propostas. A avaliação não seria possível sem essa importante ferramenta de gestão que se baseia em informações estratégicas e prioridades, visando reduzir o desperdício e a alocação ineficiente de recursos, oferecendo benefícios para a tomada de decisão. Do contrário, as escolhas das opções e diretrizes aconteceriam de acordo com as necessidades do momento, o que não geraria uma base sólida para permanência e o sucesso da empresa no mercado. O resultado da implantação de um correto gerenciamento de portfólios propiciará uma gestão mais eficiente e equilibrada, que proporcionará a administração e o alinhamento de seus projetos às direções estratégicas já estabelecidas. Deste modo, o portfólio de projetos irá concretizar a estratégia da empresa, o que resulta na definição correta de prioridades, e estabelece níveis corretos de investimentos (KERZNER, 2006). A implantação dos processos de Gerenciamento de Portfólio é de suma importância para se realizar a ligação entre estratégia e operação organizacional. Por tal motivo tem ganhando importância como meio de ajuda para as empresas realizarem o trabalho de uma maneira mais organizada. Isso ocorre porque esse processo determina os investimentos que a organização realizará e permite uma seleção dos projetos, embasada na avaliação de critérios mais explícitos, o que permite decisões mais transparentes e a rastreabilidade dos benefícios almejados em cada projeto. Com isso, essas soluções possibilitam, ainda, que os gestores tenham uma visão holística de todos os processos da empresa.
  • 15. 15 1.4 Estrutura do trabalho Este estudo de caso está organizado em cinco capítulos a partir dos quais é possível encontrar um desenvolvimento da implantação de gestão de portfólio, assim como os benefícios das aplicações desta metodologia em um processo real de desenvolvimento. O primeiro capítulo destaca, por meio do problema de pesquisa, a necessidade da implantação da gestão de portfólio em organizações que executem projetos. Demonstram-se, ainda, os objetivos que serão desenvolvidos no trabalho bem como aspectos que justifiquem a necessidade organizacional da implantação dessa metodologia. Em seguida, no capítulo 2, é apresentado todo referencial teórico que sustenta o estudo de caso explanado no capítulo 4, com intuito de acentuar os principais autores que estudaram este tema e que garantem as informações aqui descritas. Já no capítulo 3, é apresentada a metodologia de pesquisa que orientou este estudo, bem como o roteiro seguido, no qual se procurou mostrar uma linha de desenvolvimento, cujo destaque foi a importância do planejamento em cada etapa do desenvolvimento. No quarto capítulo, é apresentado o estudo da implantação da metodologia de Gestão de Portfólio e seus resultados, sendo utilizado um caso real de sua implantação. Esta demonstra os passos seguidos, desde a definição estratégica do projeto até a capacidade de melhoria da administração de riscos ligados aos projetos. É demonstrado também como é latente e primordial a definição de quais serão os processos estratégicos de negócios e o conjunto de projetos dos produtos que tenham a possibilidade de vigorar. Em seguida, são apresentadas as considerações finais deste estudo, bem como os resultados relativos à implantação da metodologia de gestão de portfólio.
  • 16. 16 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 Gerenciamento de Projetos Nas empresas, os projetos, quando implementados com sucesso, criam soluções que maximizam as oportunidades ou minimizam os impactos das falhas, ou ainda, identificam as oportunidades e ameaças. A partir de um Planejamento Estratégico é possível prever recursos necessários para alcançar o objetivo dos projetos e preparar para futuras eventualidades. Previamente à apresentação da metodologia e interfaces da Gestão dos Projetos é necessário depreender o que é considerado projeto e a necessidade de um Gerenciamento metódico. Segundo Verzuh (2000), todos os projetos obtêm duas características: Início e um fim, resultando em um produto singular. Essa descrição subentende que, para ser um projeto, precisa ter um prazo limitado e resultado final diferente das atividades rotineiras da empresa. Outra definição do projeto é apontada pelo Project Management Institute (PMI – Instituto de Administração de Projetos) como “um esforço temporário empreendido para criar um produto, serviço ou resultado exclusivo” (PMBOK®, 2008, p.11). O Gerenciamento de projetos refere-se à organização, planejamento, direção e controle de recursos organizacionais num dado empreendimento, levando-se em conta tempo, custo e desempenho estimados. O PMBOK® (2008) ressalta que o gerenciamento de projetos envolve aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas às atividades do projeto a fim de atender aos seus requisitos. Aplicar-se o conhecimento, habilidades, técnicas e ferramentas em atividades do projeto são algumas das práticas de uma gerência de projeto, a fim de satisfazer ou exceder às necessidades e expectativa dos stakeholders. (QUARTAROLI E LINHARES, 2004, p. 40).
  • 17. 17 Uma das vantagens do Gerenciamento de Projetos é ser flexível e adaptável a qualquer empreendimento trazendo resultados positivos. Planejar projetos também evita surpresas desagradáveis durante a execução de suas fases, permitindo assim que as ações preventivas e corretivas sejam consolidadas antes que essas situações virem problemas reais (VARGAS, 2009). Segundo o PMBOK® (2008), as principais características dos projetos são: temporariedade e individualidade. Elas se referem, respectivamente, ao fato de que todo projeto deve ter duração finita e deve se tratar de um produto ou serviço que ainda não foi desenvolvido. As fases do ciclo de vida são determinadas pela entrega, ou finalização, de um produto/trabalho. Essa entrega deve ser tangível para que se identifique o término de uma fase e o início de outra. Conforme detalhado na FIG.01 o ciclo de vida do projeto subdivide em cinco fases: FIGURA 1: O ciclo de vida do projeto subdividido em fases características Fonte: VARGAS, 2006, p.13. O ciclo de vida do projeto define as técnicas de trabalho que serão utilizadas em cada fase, sendo estas: • Iniciação: É a fase onde inicia o projeto.
  • 18. 18 • Planejamento: É a fase responsável por detalhar tudo que será realizado pelo projeto. • Execução: É a fase que materializa tudo aquilo que foi planejado anteriormente. • Monitoramento e controle: É a fase que acontece paralelamente as de Planejamento e Execução. • Encerramento: É a fase que formaliza a aceitação do projeto ou fase e encerra-se de uma forma organizada, o projeto solicitado. Cada um desses processos de conhecimento tem um detalhamento específico e uma compreensão própria, porém está integrado, a todo o momento, com os demais, formando um todo único e organizado. O PMBOK® (2008) define nove áreas de conhecimento para o gerenciamento de projetos, as quais abordam, respectivamente, o gerenciamento dos seguintes aspectos do projeto: • Integração • Escopo • Tempo • Custos • Qualidade • Recursos humanos • Riscos • Comunicações • Aquisições
  • 19. 19 Apresenta-se a seguir um breve esclarecimento sobre cada área, conforme Quartaroli e Linhares (2004). i - Gerenciamento de Integração: envolve processos necessários para garantir que os diversos elementos envolvidos no projeto sejam precisamente coordenados. Este processo é composto por três áreas: Desenvolvimento do Plano do projeto, a sua execução e controle geral das mudanças. ii - Gerenciamento de Escopo: inclui processos necessários para certificar que o projeto contemple todo o trabalho exigido, para que o projeto possa ser um sucesso. A gerência de Escopo é composta por cinco processos: • Iniciação: é um processo que autoriza um novo projeto, ou prosseguir para uma fase subsequente de um projeto em andamento na organização. Para que ocorra esta autorização formal de iniciação do projeto, é criado o Termo de Abertura do Projeto. • Planejamento: tem como objetivo elaborar uma documentação do escopo do projeto com base para decisões futuras do projeto. • Detalhamento: determinar melhorias nas estimativas de custos, tempo e recursos e também nas atribuições de funções. • Verificação: é feita no final de cada fase visando à aprovação do escopo do projeto. • Controle de mudanças do escopo: Influência dos fatores que causam mudança no escopo e controlam essas mudanças para que elas sejam favoráveis.
  • 20. 20 iii - Gerenciamento de tempo: Administra os processos para assegurar que o projeto encerre dentro do prazo previsto. Em sua extensão compõem-se de cinco processos: • Definição das Atividades: Este processo é responsável por identificar atividades que devem ser executadas para produzir os diversos subprodutos identificados na Estrutura Analítica do Projeto (EAP). • Sequenciamento das Atividades: Envolve identificar e documentar recomendações lógicas entre as atividades para que suporte o desenvolvimento de um cronograma real. • Estimativa da Duração das Atividades: Coleta informações sobre o escopo e os recursos no projeto e, posteriormente, desenvolve um prazo que será considerado no cronograma. • Desenvolvimento do Cronograma: Determina as datas de início e fim de cada atividade. Caso não sejam reais, o projeto não terminará como planejado. • Controle do Cronograma: Controlar mudanças no cronograma para garantir que as mudanças sejam aprovadas. iv - Gerenciamento de Custos: Inclui os processos necessários para garantir que o projeto será concluído dentro do orçamento aprovado. Este engloba quatro áreas. • Planejamento de recursos: Envolvem quais, quantos recursos físicos (Pessoas, equipamentos e materiais), e quando serão necessárias para realização das atividades do projeto. • Estimativa dos custos: Visa avaliar os custos dos recursos necessários para implementação das atividades. • Orçamento dos custos: Efetuar orçamentos dos custos alocando as estimativas dos custos globais das atividades individuais ou de pacotes de trabalho.
  • 21. 21 • Controle dos custos: Acompanhar o desempenho do custo para identificar e entender as variações do plano do projeto. v - Gerenciamento da Qualidade: Ressalta que o processo da qualidade deve ser direcionado tanto para gerenciamento do projeto quanto para seu produto, no intuito de evitar falhas. É Composta por três processos: Planejamento da qualidade, Garantia da qualidade e Controle da qualidade. vi - Gerenciamento de Recursos Humanos: Inclui os processos requeridos para possibilitar o uso mais efetivo das pessoas envolvidas com o projeto. Envolve três processos: Planejamento Organizacional, Recrutamento Pessoal e Desenvolvimento do Time. vii - Gerenciamento de Riscos: É uma área que pode ocorrer sob a forma de ameaças ou de oportunidades, que influenciam o objetivo do projeto negativamente ou positivamente. Dividi-se em cinco processos: Planejamento de Riscos, Identificação dos Riscos, Análise Qualitativa dos Riscos, Análise Quantitativa dos Riscos e Planejamento de Respostas aos Riscos. viii - Gerenciamento de Comunicações: Inclui os processos solicitados para garantir a geração, a coleta, a distribuição, o armazenamento e o controle básico das informações do projeto. Existem quatro processos usados para fazer essa área bem sucedida: Planejamento das Comunicações, Distribuição de Informações, Relatórios de Desempenho e Encerramento Administrativo. ix - Gerenciamento de Aquisições: Consiste no processo de cuidar das compras e aquisições de produtos, serviços ou resultados necessários para a realização do trabalho. Envolve Seis processos: Planejamento de Suprimentos, Planejamento de
  • 22. 22 processo de Aquisiçao, Processo de Aquisição, Seleção de Fornecedores, Administração de contratos e Encerramento de Contratos. A FIG. 2 sintetiza as nove áreas apresentadas. FIGURA 2: Processo integrado de gerenciamento de projetos Fonte: VARGAS, 2006, p. 21. As nove áreas do Gerenciamento de Projetos são interligadas. O Gerenciamento da Integração, propositalmente apresentado no centro da FIG. 2, é a área que busca este inter-relacionamento. 2.1.1 Escritório de Projetos As empresas têm reconhecido os efeitos positivos que a gestão de projetos exerce sobre a lucratividade, gerando resultados relevantes e otimizando seus processos e recursos (KERZNER, 2006). Nessa perspectiva, Barcaui e Quelhas (2004) afirmam
  • 23. 23 que o escritório de projetos (PMO – Project Management Office) tem como principal foco apoiar a corporação e as equipes de gerenciamento, centralizando e controlando as informações relativas ao portfólio de projetos para sustentar o planejamento estratégico estabelecido. Vargas (2009) destaca que o crescente interesse pela adoção dessas estruturas de gerenciamento é decorrente de várias razões como, por exemplo, a inexistência de padrão para se medir desempenho de produtividade, o aumento na complexidade e dinâmica dos projetos e a falta de documentação das lições aprendidas para composição de diferenciais competitivos. Ainda na concepção desse autor, a implantação de um escritório de gerenciamento de projetos em uma organização tem como principal objetivo aumentar o nível de maturidade organizacional, planejando, conduzindo, controlando e finalizando as atividades dos projetos. Nesse contexto, alguns benefícios do amadurecimento organizacional, são ressaltados por Valeriano (2005, p. 101) como “maior alinhamento dos projetos com as estratégias e objetivos da organização”. Esse tipo de benefício pode otimizar a execução de qualquer trabalho a ser executado, pois uma gestão de projetos integrada e reconhecida como profissão pela corporação maximiza o desempenho de todas as atividades (KERZNER, 2006). Além da importância da integração, Barcaui e Quelhas (2004) destacam que a implementação do escritório de projetos deve ser conduzida como um projeto dentro da organização, devendo ocorrer de forma progressiva e ser atualizada conforme o crescimento do nível de maturidade da empresa. Com o crescimento e a difusão da gestão de projetos, o surgimento destas estruturas organizacionais passou a ganhar força e aplicabilidade, garantindo o cumprimento de metas e objetivos determinados. Dentro dessa perspectiva, Kerzner (2006, p. 267) afirma que “as organizações começaram a identificar todas as atividades críticas relacionadas com gestão de projetos e as colocaram sob a supervisão do escritório de projetos”. Nesse âmbito, Vargas (2009) afirma que para um projeto ser considerado bem sucedido, ele deve perseguir um eficiente planejamento de prazo, custo e qualidade alinhados a um bom gerenciamento dos processos de trabalho. O mesmo autor ainda destaca que parâmetros como a utilização eficiente dos recursos, a obtenção de qualidade e desempenho almejados, o mínimo possível de alteração de escopo e
  • 24. 24 excelente aceitação pelo cliente ou contratante são essenciais para excelência de qualquer projeto. Com o objetivo de controlar o desempenho de todos os projetos geridos dentro da unidade, o escritório de projetos trabalha em conjunto com um gestor de projetos, que tem como principal função realizar todo o planejamento, controle, liderança e realização da gestão do desenvolvimento dos resultados entregáveis de cada projeto (VERZUH, 2000). Nesse sentido, Vargas (2009) evidencia que o gerente de projetos deve se dedicar em tempo integral ao projeto e com total autonomia, inclusive perante a equipe integrada aos projetos da organização. Além disso, outras características apontadas como indispensáveis a esse profissional são: • habilidade para diagnosticar problemas e garantir ações corretivas para solucioná-los; • gerenciar a distribuição do trabalho no tempo; • alocar recursos adequadamente; • conhecer os elementos acessórios ao projeto (serviços e fornecedores); e • delegar responsabilidades aos níveis amoldados, dentre outros. Vargas (2009) afirma que o escritório de projetos pode estar estruturado dentro da organização dedicado a um único projeto, que permite o foco para alcance de um objetivo singular, ou pode estar dedicado a vários projetos, que necessitam de maior equilíbrio, uma vez que possuem finalidades e objetivos distintos. Nesse âmbito os escritórios de projetos podem ser agrupados de acordo com características comuns e esse autor define três modelos de escritórios de acordo com seus desígnios e com a forma de atuação almejada pela organização, sendo eles: • Escritório de Projetos Autônomo: Sua função é gerenciar um programa específico ou um único projeto, sendo utilizado em uma área separada da corporação. • Escritório de Suporte a Projetos: Promove as interfaces organizacionais, apoia projetos simultâneos e realiza planejamento, controle de custo, prazo, escopo e qualidade.
  • 25. 25 • Escritório de Projetos Corporativo: Atua diretamente no gerenciamento estratégico de todos os projetos. Suas atribuições são o planejamento estratégico dos projetos e o gerenciamento dos projetos da empresa como um todo e entre os departamentos. Kerzner (2006) também agrupa os escritórios de projetos de acordo com suas finalidades, mas considera os tipos descritos a seguir: • Escritório de Projeto Funcional: Objetiva gerenciar um conjunto crítico de recursos dentro de uma área ou departamento de uma organização. • Escritório de Projetos de Grupo de Clientes: Tem o desígnio de gerenciar e realizar uma melhor comunicação com o cliente. Reúne projetos comuns para facilitar melhores relações. • Escritório de Projetos Corporativos: Tem como principal foco o atendimento à organização, desenvolvendo as questões estratégicas e corporativas. Apesar de apresentarem algumas diferenças quanto às definições de alguns tipos de escritórios de projetos, todos eles podem ser aplicados, desde que seja observado o contexto dos projetos a serem gerenciados. Dentro do contexto geral dos escritórios de projetos, conclui-se que para sobrevivência das organizações em um mercado extremamente competitivo, não basta habilidades, recursos e tecnologias para o gerenciamento projetos. É necessário também o desenvolvimento de competências essenciais como o valor percebido pelo cliente, a diferenciação de mercado e a capacidade de expansão (VALERIANO, 2005). Kerzner (2006) ainda ressalta que o potencial de benefícios trazidos por uma metodologia de projetos bem aplicada juntamente com a implantação de um departamento de projetos, é bem maior do que inicialmente previsto como possível. Dessa forma, a implantação dos escritórios de projetos dentro das organizações corporativas pode ser vista como um recurso vantajoso para a melhoria da produtividade das mesmas. 2.2 Gerenciamento de Portfólios
  • 26. 26 2.2.1 Conceitos e funções do Gerenciamento de Portfólios De acordo com o PMBOK® (2008), portfólio de projetos refere-se a um conjunto de projetos ou programas e outros trabalhos, agrupados para facilitar o gerenciamento eficaz desse trabalho a fim de atingir os objetivos estratégicos de negócios. Os projetos ou programas do portfólio podem não ser necessariamente interdependentes ou diretamente relacionados. Kerzner (2006) define a gestão de portfólio como um processo de tomada de decisões que busca o melhor para a organização como um todo, ressaltando que essas decisões não são tomadas aleatoriamente. A decisão geralmente está relacionada com outros projetos e diversos fatores, tais como reservas financeiras disponíveis e a alocação de recursos. O PMBOK® (2008) declara que o gerenciamento de portfólios se refere à gestão centralizada de um ou mais portfólios, que inclui identificação, priorização, autorização, controle de projetos, programas e outros trabalhos relacionados, para atingir objetivos estratégicos específicos de negócios. O gerenciamento de portfólio se concentra em garantir que os projetos e programas sejam analisados a fim de priorizar a alocação de recursos para que seja consistente e estejam alinhadas as estratégias organizacionais. A gestão de portfólio é um processo dinâmico de decisão, pelo qual uma lista de projetos de novos produtos ativos do negócio é constantemente atualizada e revisada. Nesse processo, novos projetos são avaliados, selecionados e priorizados, os projetos existentes podem ser acelerados, abortados ou ter suas prioridades alteradas, os recursos podem ser alocados e realocados nos projetos ativos. Este processo implica o comprometimento da alta administração, processo formal de desenvolvimento e definição clara de resultados esperados dos produtos para avaliação. O PMBOK® (2008) ressalta que a função da gestão de portfólio é maximizar o valor dos benefícios capturados por meio da minimização dos riscos envolvidos na execução das iniciativas. Com isso permitirá um planejamento mais eficiente dos recursos empregados e assim reduzir o número de iniciativas redundantes proporcionando uma seleção de alta atratividade.
  • 27. 27 2.2.2 Estratégias de gerenciamento de Portfólio Os projetos são normalmente utilizados pelas organizações como um meio para atingir os seus objetivos estratégicos (PMBOK®, 2008). Para saber qual conjunto de projetos pode trazer maior valor agregado à organização e facilitar a realização de tais objetivos, faz-se necessário que as estratégias estejam bem claras e declaradas. Atualmente existem diversas ferramentas que auxiliam no desenvolvimento da estratégia organizacional. Uma delas é a Análise das Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças, também conhecida como Análise SWOT – Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats (TARAPANOFF, 2001). Essa ferramenta auxilia na definição dos objetivos que a organização deverá atingir para maximizar forças, minimizar fraquezas, aproveitar oportunidades e tratar as ameaças. De uma forma mais ampla, pode-se dizer que a gestão de um portfólio envolve as atividades de identificação, priorização, autorização, monitoração e controle de projetos, programas e outros trabalhos, visando assegurar que os investimentos alcancem os objetivos estratégicos definidos pela organização. Por outro lado, a gestão de projetos envolve a aplicação de conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas ligadas às atividades do projeto, possibilitando o alcance de contribuições individuais aos objetivos estratégicos (KERZNER, 2006). O correto gerenciamento de portfólio requer, obrigatoriamente, que sejam adotadas estratégias específicas para tal, pois, devido a falhas, principalmente na seleção dos projetos, ocorrem grandes impactos nos custos da empresa bem como em inúmeros projetos ineficientes. Diante desta afirmação, percebe-se que gerir corretamente o portfólio de projetos, torna-se vital para a saúde da empresa, além de possibilitar o desenvolvimento de produtos melhores, de forma mais eficaz e eficiente, ou seja, de modo mais competitivo (MIGUEL, 2008). Para se obter um gerenciamento bem sucedido, a alta administração da empresa deve estar compromissada e bem engajada com este procedimento. Nesse sentido, “cabe à alta administração, basicamente, definir e comunicar claramente as metas e objetivos do portfólio de projetos, bem como os critérios e condições considerados
  • 28. 28 para a seleção dos projetos que constarão no portfólio” (KERZNER, 2006, p. 245), além é claro de definir, a estratégia de negócios adotada pela empresa. Ao se adotar um modelo para o gerenciamento de portfólio, as organizações devem considerar os mais diversos aspectos, desde as características do seu próprio negocio até mesmo os contextos ambientais e culturais de cada organização (NEGREIROS e ROCHA, 2009). 2.2.2.1 Seleção de projetos No processo de gerenciamento de portfólios, demonstrado na FIG. 3, novos projetos são selecionados e avaliados. Após esta análise, aqueles que se mostrarem estrategicamente vitais para serem executados, seja pela vertente tecnológica ou mercadológica, além é claro de apresentarem uma viabilidade econômica, serão priorizados (MIGUEL, 2008).
  • 29. 29 FIGURA 3: Processos de seleção de projetos Fonte: COOPER et al., 1993 apud MIGUEL, 2008. A FIG. 3 representa o processo de análise de seleção dos projetos. Como podem ser verificados os projetos passam por filtros ou “gates” onde é analisado se o mesmo se encaixa na estratégia de negócio da empresa. Em caso afirmativo, é verificado se o projeto entra na lista de prioritários e assim os recursos são alocados para desenvolvimento do mesmo. Caso seja verificado que o projeto não se enquadre em alguma das etapas, o mesmo é encerrado e não entra no portfólio da empresa. Archer e Gahsemzadeh (1999, p. 208) afirmam que: Um dos maiores desafios de um modelo de gestão de portfólios, considerando que haja uma definição de metas estratégicas consensadas para a organização, talvez seja a seleção dos projetos componentes deste portfólio.
  • 30. 30 Além disso, a “definição de uma metodologia para a seleção de projetos é um processo estratégico que deve ser feito antecipadamente a outros processos relacionados à seleção de projetos no portfólio” (ARCHER E GAHSEMZADEH, 1999, p. 208), a fim de proporcionar o alinhamento estratégico dos projetos. Entretanto, diversos outros processos de tomada de decisão devem ser considerados, como a inclusão de revisões periódicas do portfólio de todos os projetos, ou seja, a comparação dos projetos em si para verificar se continuam alinhados estrategicamente com os objetivos da empresa, decidindo-se pela continuação ou não de tais projetos. O processo é complementado pela decisão de alocação dos recursos disponíveis nos projetos priorizados (MIGUEL, 2008). 2.2.2.2 Processos de gerenciamento do portfólio O processo de gerenciamento inicia-se com a seleção dos projetos que irão compor o portfólio. A literatura existente apresenta vários processos para a seleção dos projetos, sendo que se destacam o funil de desenvolvimento apresentado por Clark e Wheelwright (1993), conforme FIG. 04, e o stage-gate (Cooper, (1993) apud Miguel (2008)).
  • 31. 31 FIGURA 4: Funil de Clark e Wheelwright - Processos de seleção de projetos Fonte: Adaptado de WHEELWRIGHT; CLARK, 1992. No modelo ideal do funil de desenvolvimento, como pode ser visto na FIG. 04, a fase um (mais ampla) inicia-se de forma expandida para estimular uma maior e melhor geração de ideias. Aquelas que se enquadrarem nos perfis estratégicos pré- definidos são detalhadas e analisadas, sendo tomada a decisão de continuidade ou não do projeto (fase dois). Na segunda seleção “os projetos aprovados são providos de pessoal e movidos a uma rápida introdução através de esforço focado (fase três)” (KLEMENT e MORALES, 2009, p. 14). O stage-gate proposto por Cooper (1993 apud Miguel (2008)) é um processo mais amplo que traz uma abordagem onde o desenvolvimento do projeto é dividido em estágios discretos e identificados, que melhorarão a qualidade das informações geradas no projeto. Isso auxiliará os gestores nas tomadas de decisões, especificando melhor os critérios de escolha e seleção de um projeto, possibilitando assim, um gerenciamento do portfólio de forma mais eficaz. Como pode ser verificado na FIG. 05, “cada um dos estágios é desenvolvido para obter as informações para que o projeto possa progredir para o estágio seguinte, antes passando por um ponto de decisão denominado de gate, que precede cada estágio” (MIGUEL, 2008, p. 394).
  • 32. 32 FIGURA 5: Processo do stage-gate Fonte: MIGUEL, 2008, p. 400. De acordo com a FIG. 05, os gates servem como pontos de verificação e decisão até a homologação (aprovação) do projeto, pois neles são realizadas análises de continuidade ou aborto do projeto, sendo que para tal devem-se seguir critérios e atividades pré-definidas (MIGUEL, 2008). 2.2.2.3 A abordagem de gerenciamento de portfólio do PMI Na literatura são encontrados diversos modelos de gerenciamento, sendo o Padrão de Gerenciamento de Portfólio do PMI o mais utilizado. Este Guia traz uma abordagem mais sistemática e completa, estabelecendo os processos por uma sequencia lógica de realização, além de apresentarem agrupamento por similaridades e áreas de conhecimento (PADRÃO DE GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIOS, 2008). Na abordagem por similaridades os processos de gerenciamento são divididos em dois grupos, sendo definidos como de alinhamento e de monitoramento e controle, conforme detalhado na FIG. 06.
  • 33. 33 FIGURA 6: Alinhamento e Monitoramento e Controle - Processos de análise de portfólio Fonte: PADRÃO DE GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIOS (2008) Como demonstrado na FIG. 06, e confirmado por Negreiros e Rocha (2009, p. 13) “os processos de alinhamento são responsáveis por determinar como os componentes serão identificados, categorizados, avaliados, selecionados e incluídos no portfólio”. Para tal, devem ser disponibilizadas as informações dos projetos que irão compor o portfólio, como recursos a serem alocados, custos, tempo de execução dentre outros, isso considerando as metas estratégicas pré-determinadas para o portfólio. Cabe ressaltar que na fase de seleção dos projetos, os processos do funil de Clark e Wheelwright e o stage-gate de Cooper, são amplamente utilizados, sendo que este último pode ser usado, também, nas demais fases do projeto. O grupo de processos de monitoramento e controle é responsável pela revisão e verificação dos indicadores do portfólio, analisando se os componentes estão alinhados com as estratégias estabelecidas e trazendo benefícios à instituição. As atividades deste grupo avaliam se o portfólio está com um desempenho geral suficiente para atingir as metas organizacionais (PADRÃO DE GERENCIMENTO DE PORTFÓLIO, 2008).
  • 34. 34 O Padrão de Gerenciamento de Portfólios (2008) traz ainda outra divisão, onde os processos descritos na FIG. 06 são apresentados por áreas de conhecimentos, sendo estas a área de governança de portfólio e a de gerenciamento de riscos, conforme FIG. 07. Processos de Área de Processos de Descrição Monitoramento e Descrição Conhecimento Alinhamento Controle Governança do 4.9 Comparar indicadores de 4.1 Criar uma lista de Portfólio Revisar e informar o desempenho e os critérios Identificar os componentes para o desempenho do utilizados e manter os componentes portfólio. Portfólio. stakeholders informados. 4.10 4.2 Organizar os componentes Analisar mudanças na Monitorar Categorizar da lista em grupos estratégia e garantir o mudanças componentes relevantes para o negócio. alinhamento do Portfólio. estratégicas Coletar informações dos Prover aos stakeholders o 4.3 4.7 componentes visando a entendimento das Avaliar Comunicar ajustes preparação para o mudanças no portfólio em componentes no Portfólio processo de seleção. função da estratégia. 4.4 Definir os componentes Selecionar do portfólio baseado em componentes critérios de seleção. Classificar os 4.5 componentes para sua Priorizar realização de acordo com componentes critérios. Criar um mix de 4.6 componentes que Balancear Portfólio maximize e alcance os objetivos estratégicos. 4.8 Alocar recursos e Autorizar comunicar decisões de componentes balanceamento. Gerenciamento dos Rastrear riscos 5.4 Riscos do Portfólio 5.1 Determinar e documentar identificados ou residuais, Monitorar e Identificar Riscos do os riscos que possam identificar novos e avaliar controlar Riscos do Portfólio afetar o portfólio. a eficácia dos planos Portfólio estabelecidos. 5.2 Avaliar e priorizar os riscos Analisar Riscos do identificados. Portfólio 5.3 Desenvolver ações para Desenvolver potencializar riscos Respostas aos positivos e minimizar o Riscos do Portfólio impacto dos negativos. FIGURA 7: Governança de portfólio e gerenciamento de riscos - Processo de análise de portfólio Fonte: PADRÃO DE GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIOS (2008) Como pode ser verificado na FIG. 07, na área de governança de portfólio estão os processos necessários para seleção, monitoramento e comunicação relacionados aos investimentos realizados, além de assegurar que os mesmos continuem alinhados aos objetivos estratégicos da empresa (PADRÃO DE GERENCIAMENTO
  • 35. 35 DE PORTFÓLIOS, 2008). Nesta área ainda estão os processos para seleção e avaliação dos projetos. Negreiros e Rocha (2009, p. 14) afirmam que “a área de conhecimento de riscos diz respeito a análise de condições ou eventos que, uma vez ocorridos, possam causar efeitos positivos ou negativos a pelo menos um objetivo estratégico do portfólio”. O objetivo da gestão de riscos é maximizar a probabilidade de eventos positivos e minimizar fatores que possam influenciar negativamente o portfólio (PADRÃO DE GERENCIAMENTO DE PORTFÓLIOS, 2008). Nessas duas abordagens os processos de gerenciamento de portfólio são descritos de forma clara e simplificada, por meio de atividades, praticamente subsequentes. Alinhando as duas figuras (FIG. 06 e FIG. 07) percebe-se que a área de governança é composta por atividades relacionadas aos processos de alinhamento e monitoramento e controle, voltadas para a identificação, seleção e manutenção do projeto junto a estratégia organizacional. Já a área de gerenciamento de riscos, composta por algumas atividades de alinhamento, tem por finalidade potencializar riscos positivos e minimizar os negativos. 2.2.3 A necessidade da implantação do gerenciamento A busca de melhoria da produtividade nas empresas e organizações tem gerado uma procura por soluções em gestão de portfólio de projetos. Essa busca proporcionará aos gestores uma visão holística dos processos e otimização dos produtos gerados pelos projetos. A gestão de portfólio proporciona benefícios constantes para as decisões a serem tomadas na empresa porque se baseia em informações estratégicas. Outro fator importante que demonstra os benefícios da adoção dessa prática de gestão é a capacidade de melhoria da administração de riscos ligados aos projetos. Esse processo gera uma forma de escolha, priorização, autorização e gerenciamento de todo o trabalho da organização, e seus objetivos. Esses objetivos que englobam a qualidade de seus serviços se resumem ao nível em que essa empresa deseja
  • 36. 36 alcançar na escala de mercado. A empresa que visa alcançar um posicionamento de destaque dentre as demais, disponibiliza uma grande parte do seu tempo e orçamento desenvolvendo o planejamento estratégico. Pelo fato de os recursos financeiros e tempo não poderem ser desperdiçados é importante definir, por meio da gestão de portfólio, quais projetos oferecem resultados para a empresa. De acordo com Cooper et al. (1998, apud Cheng, 2000), a gestão do portfólio é um processo dinâmico de decisão, pelo qual os projetos são atualizados e revisados constantemente. Depois verificam-se quais são os projetos vitais para serem executados. Dentro desse contexto, Cheng (2000) explica que a possibilidade estratégica engloba o alinhamento das metas e objetivos da empresa e considera as particularidades do seu negócio, com o conjunto de projetos que estão sendo desenvolvidos. Além disso, a possibilidade estratégica é uma tentativa constante de adequar as necessidades do mercado às competências tecnológicas e organizacionais, permitindo continuidade no negócio da empresa. Cooper (1993, apud Cheng, 2000) é enfático ao demonstrar a necessidade das empresas em melhorarem seu processo de desenvolvimento através do gerenciamento da sua carteira de projetos, da melhoria da sua estrutura de trabalho e utilização de técnicas que facilitem o desenvolvimento de um novo serviço ou produto. Isso possibilita que as empresas desempenhem seus serviços de maneira mais satisfatória e mais eficiente, tornando-se competitivas no mercado. Na busca de eficiência no gerenciamento de projetos será necessário determinar o alinhamento estratégico da empresa. Este pode ser alcançado por meio de uma adequada gestão de portfólio de projetos, implementação de estrutura na forma de escritórios e também da construção de competências de gestão em âmbito organizacional (PMBOK®, 2008). Destaca-se ainda que o gerenciamento de portfólio de projetos gera condições para que as empresas sustentem suas vantagens competitivas, garantindo oportunidades de maior crescimento no mercado (GARFEIN, 2004).
  • 37. 37 2.2.4 Benefícios do Portfólio As empresas e organizações que efetuam projetos baseiam-se em uma necessidade organizacional. Este processo é oriundo do Planejamento Estratégico onde são definidas as metas organizacionais para os próximos períodos. A partir desse desenvolvimento, é possível gerar uma visão de meta organizacional que possibilitará mais produtividade e ganhos. Outros benefícios do gerenciamento de portfólio, conforme Pereira (2006), são: • a melhoria significativa na alocação de recursos; • mudança de foco dos custos para investimentos que são firmados em decisões baseadas no valor arrecadado pelos projetos; • alocação de recursos de projetos prioritários; • melhor equilíbrio dos investimentos e o aumento de participação de mercado. Consoante Kerzner (2006) o principal objetivo do gerenciamento de Portfólio é iniciar e manter os projetos que sejam necessários e sustentáveis, de maneira a atender aos objetivos estratégicos da organização. Para Archer (1999, apud Pereira, 2002), a definição e gestão de um portfólio de projetos almejam transferir o processo de gerenciamento bem como de desenvolvimento de um estado crítico para um gerenciável por meio de estratégias que estabeleçam a execução de menos projetos em áreas prioritárias. De acordo com Otto e Holmes (2000), a gestão do portfólio tem por objetivo a integração de forma planejada das oportunidades de mercado e as capacidades técnicas da organização. Esta abordagem gera uma potencialização das competências essenciais existentes de forma que seja fortalecido o posicionamento competitivo da organização. Já Patterson (1999) defende que o reconhecimento, implantação e gerenciamento de um portfólio de projetos visam converter o plano estratégico da empresa em projetos de inovação e de desenvolvimento de capacidade técnica. Além disso, se o plano estratégico de gerenciamento de portfólio de projetos for aplicado em toda a empresa, os setores precisarão operar de maneira mais coesa já que os interesses e objetivos são comuns.
  • 38. 38 Cooper et al. (1998, apud Cheng, 2000) afirma que se a organização utilizar a gestão de portfólio para alocar recursos de forma apropriada, alcançará os objetivos corporativos de desenvolvimento de novos projetos. Esses objetivos serão convertidos em estratégias tecnológicas de mercado previamente estabelecidas pelos stakeholders da organização. O gerenciamento de Portfólio proporciona uma grande contribuição para os gestores das empresas e instituições, de forma clara e detalhada, das dimensões estratégicas que darão direcionamento de como organizar a carteira de projetos. Isso permite uma priorização eficaz dos projetos e cria ferramentas de controle e descarte desses projetos. De acordo com o que foi abordado sobre os benefícios do portfólio, destaca-se a importância da gestão de projetos entre a formação das estratégias da organização e a operacionalização dos projetos em desenvolvimento. Esta gestão contribui diretamente para o aumento da produtividade a redução dos custos e para a eliminação da alocação ineficiente de recursos e investimentos.
  • 39. 39 3 METODOLOGIA 3.1 Caracterização da Pesquisa Para se realizar uma pesquisa científica, inicialmente, faz-se necessário definir seu objeto de estudo e, a partir daí, delimitar o universo a ser estudado e construir o processo de investigação e análise. A definição deste objeto de estudo deve iniciar- se com a identificação do problema e posteriormente com a definição da metodologia adequada para condução da pesquisa e possível solução. Marconi e Lakatos (2003, p. 115) afirmam que “a pesquisa pode ser considerada um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um trabalho científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais”. Nesse contexto, o trabalho adotou o método de estudo de caso, que segundo Gil (2005) pode ser definido como um estudo sistemático de um ou mais objetos, sendo que por meio de uma investigação, busca-se ampliar o conhecimento ou confirmar um já existente. Este método de pesquisa envolve um profundo estudo, que permitirá, posteriormente, o amplo e detalhado conhecimento do assunto pesquisado. A adoção de uma metodologia adequada é fator preponderante para o sucesso da pesquisa, pois conforme Gil (2005), os procedimentos metodológicos indicarão o caminho a seguir durante a pesquisa. Para tanto, deve-se focar nos métodos particulares de cada modelo de pesquisa, pois esses apresentam as atividades que permitirão alcançar o objetivo proposto, identificando pontos de melhoria e auxiliando nas decisões dos pesquisadores (MARCONI e LAKATOS, 2003). 3.2 Estratégia da Pesquisa O estudo de caso foi desenvolvido ao longo dos meses de fevereiro a junho de 2012. Neste período foi realizada uma análise dos resultados obtidos com a implantação da Gestão de Portfólio em uma empresa que atua na área de
  • 40. 40 consultoria e projetos para a mineração a céu aberto e subterrânea, sondagem, geologia de engenharia e hidroenergia. A coleta de dados foi realizada na empresa FRP Engenharia para verificar de que forma é exercido o gerenciamento de portfólio dos projetos, sendo necessário investigações exploratórias de documentos, registros, arquivos, entrevistas e observações. Para isto, foram realizadas quatro reuniões para coleta de dados. Na primeira reunião foi realizada uma apresentação da empresa, bem como de seu processo de gerenciamento. O gerente da organização explicitou o modelo de seleção de projetos e ainda forneceu informações de forma a possibilitar uma maior compreensão do processo de gerenciamento desenvolvido. Durante a segunda reunião, a equipe iniciou a coleta de dados por meio de uma entrevista com o gerente de planejamento. Após a análise destas informações, foi possível perceber os impactos decorrentes de uma gestão deficiente. Em uma terceira reunião na empresa com os representantes da área de gestão de portfólio, foi elaborado um questionário baseado em cinco etapas: inicial, planejamento, preparação, coleta e análise, sendo levantadas questões como: • qual o padrão de gerenciamento do portfólio adotado pela empresa; • quais os critérios adotados para alocação dos recursos nos projetos; • quais as ferramentas utilizadas no gerenciamento dos projetos, dentre outras. Durante toda a entrevista foram feitas anotações frequentes com o intuito de entender o processo de gerenciamento de portfólio e conhecer quais produtos faziam parte da carteira de projetos. Foi realizada, ainda, uma quarta reunião para que a equipe consolidasse os dados coletados, sendo constatado que são utilizadas ferramentas para controle dos prazos, custos e escopo. Algumas das ferramentas desenvolvidas foram o Plano de Projeto, Cronograma Físico e Financeiro, sendo que esse último, tem o objetivo de controlar os custos, receitas e lucratividade de cada projeto. Todas as ferramentas utilizadas e desenvolvidas pela empresa tem o objetivo de auxiliar principalmente na
  • 41. 41 previsibilidade do faturamento, na priorização/seleção dos projetos e na geração de informação à alta administração. As informações foram obtidas ao longo destas quatro reuniões, com a participação do grupo de estudo, o que possibilitou a análise crítica do desenvolvimento do trabalho. Nestas reuniões, o estudo de caso foi auxiliado por um questionário, e todas as questões foram embasadas na teoria deste trabalho e estruturadas com foco no objetivo da pesquisa. Após obter todos os dados, o grupo de estudo, realizou uma leitura rápida do material para analisar se foi suficiente para a pesquisa ou não. Depois foi realizada a leitura seletiva, com o objetivo de determinar os fatos relevantes. Em seguida foi feita uma leitura analítica, para compatibilizar e resumir as informações e, por último, uma leitura interpretativa dos dados selecionados. Ressalta-se que alguns dados da FRP Engenharia são sigilosos e não serão apresentados neste estudo.
  • 42. 42 4 APRESENTAÇÃO DOS DADOS E RESULTADOS 4.1 Apresentação da empresa e identificação do negócio A empresa estudada está localizada na cidade de Belo Horizonte, possuindo sede própria, com atuação em toda a América Latina. Suas atividades foram iniciadas no ano de 1986 atuando como um escritório de prestação de serviços de consultoria em geologia de engenharia, geomecânica em mineração e projetos hidrelétricos. Com o crescimento da demanda, a empresa ampliou sua atuação na área de geotécnica aplicada a projetos de mineração e hidroenergia, por meio de estudos que abrangem a concepção de projetos e soluções integradas com áreas de suporte ou complementares, tais como hidrologia, hidráulica, hidrogeologia, manejo de resíduos e água, se estabelecendo, assim, como uma das líderes em seu segmento. A empresa avalia estrategicamente a eficiência da execução e a partir disso é tomada a decisão de desenvolvimento dos projetos em função das necessidades dos clientes, sendo que para isso se mantêm um contato constante junto a eles. Desta forma a empresa produz projetos “customizados” que irão atender a real necessidade de seu cliente. Os projetos são desenvolvidos buscando-se a excelência e mantendo um alto nível de qualidade, sendo para tal, realizada uma pesquisa “pós-projeto” para se mensurar o nível de satisfação do cliente. 4.2 Diagnóstico do problema É importante destacar como os projetos eram desenvolvidos antes da implantação do Gerenciamento de Portfólio. Em 2009, a empresa pesquisada visualizou a necessidade de ter um processo claro que permitisse a efetuação de uma gestão dos produtos, melhoria dos resultados operacionais e financeiros bem como a ampliação do seu negócio. Naquela ocasião, foi realizado um diagnóstico para identificar a eficiência da gestão dos projetos. Este diagnóstico foi antecedente ao processo de implantação do portfólio, porém, fundamental para direcionar as ações para tal processo.
  • 43. 43 O diagnóstico foi realizado por uma equipe formada pela Direção, Gerências e Coordenadores de Projetos e teve como objetivo identificar as deficiências do gerenciamento e direcionar as ações para as etapas da implantação do gerenciamento de portfólio. Entre as deficiências encontradas após a avaliação, destacam-se: • ineficiência na identificação do volume de projetos/produtos; • incerteza de faturamento; • não cumprimento de prazo; • nenhuma previsibilidade de faturamento; • incerteza de entrega dos produtos intermediários; • incerteza quanto ao prazo de encerramento dos projetos/produtos; • desenvolvimento de projetos sem contrato com impactos diretos nos resultados financeiros; • retrabalho; • má gestão dos documentos e produtos do projeto; • insatisfação do cliente. A partir das falhas descritas, foi desenvolvido um plano de ação para implantação do gerenciamento de portfólio, sendo composto pelas seguintes etapas: • mapeamento do Processo de Seleção dos Projetos; • definição de metodologia de projetos; • ferramentas para apoio na execução da implantação e medição dos indicadores. • definição de indicadores de controle e desempenho. 4.3 Implantação do gerenciamento de portfólio na empresa Durante a implantação foi importante definir o processo macro que possibilitaria o gerenciamento do portfólio de projetos alinhado aos objetivos estratégicos da empresa. Isso objetiva garantir um mix de projetos equilibrado, bem como uma
  • 44. 44 seleção de projetos passíveis de gerenciamento e aderentes a sua expertise. O processo ficou definido conforme apresentado na FIG. 8. Destaca-se que em todo o método utilizado houve o envolvimento do cliente e da empresa. FIGURA 8: Processo de Iniciação do projeto Fonte: FRP ENGENHARIA, 2012 Conforme ilustrado na FIG. 8, o cliente determina sua ideia ou necessidade e demanda à empresa a definição do trabalho por meio de uma especificação técnica (problema, requisitos, premissas, restrições). A empresa, por meio da área comercial e da equipe técnica, analisa a demanda a fim de garantir uma seleção eficiente dos projetos. Uma vez selecionado o projeto, apresenta-se uma proposta comercial que compreenda os requisitos definidos pelo cliente na especificação do serviço e posteriormente a solução apresentada é compreendida numa proposta técnica. Aliada a esta proposta, a área comercial desenvolve o orçamento do projeto com base em homem-hora previsto para desenvolvimento do projeto e aplica estratégias comerciais (parcelamento, ciclo financeiro, preço) que são refletidos em proposta comerciais. A proposta “entra” em momento de negociação com o cliente para aprovação e contratação do projeto. Assim o processo de seleção encerra-se iniciando o desenvolvimento do projeto (nascimento do projeto). Paralelamente ao macro processo de seleção de projetos foi desenvolvida uma metodologia que tem como objetivo ampliar a satisfação do cliente, evitando o retrabalho. Com isso é garantido o cumprimento de prazos e gerada a possibilidade de quantificação (valor monetário) do produto para previsibilidade de faturamento. Essa metodologia foi desenvolvida com base em quatro fases (suficiência de dados básicos, concepção, plano de projeto e reunião de equipe), conforme demonstrado na FIG.9. Além dessas fases, são utilizados gates que têm a finalidade de controle de qualidade. O gate é um momento de verificação do produto/documento gerado pela fase e também um momento de envolvimento do cliente para validação do produto. Como consequência dessa validação, é evitado o retrabalho além de
  • 45. 45 proporcionar o atendimento às exigências do cliente gerando satisfação em relação ao serviço prestado. O gate tem também um papel importante nos aditivos contratuais por eventuais alterações do escopo que ocorram no momento de validação do produto. FIGURA 9: Processo de Planejamento Fonte: FRP ENGENHARIA, 2012 Na fase de suficiência de dados, são levantadas com o cliente e todos os envolvidos, as informações necessárias para o início do projeto. Após uma análise (gate 1) verifica-se se estes dados são suficientes e se inicia a fase de concepção, onde tais dados são estudados, juntamente com o escopo do projeto, bem como as alternativas a serem adotadas para execução do mesmo. Se o projeto estiver alinhado (gate 2), inicia-se a elaboração do plano de projeto e cronograma, onde são descritas as atividades que farão parte do escopo do projeto, bem como determinado os prazos para execução dos mesmos. Caso os documentos sejam aprovados (gate 3), é realizada uma reunião de equipe para início da execução do projeto. 4.4 Ferramentas e etapas da implantação do gerenciamento de portfólio na empresa Para auxiliar no gerenciamento de portfólio a empresa desenvolveu ferramentas próprias que são utilizadas em todas as fases do ciclo de vida do projeto. Foram desenvolvidas planilhas de controle e documentos que auxiliam o gerenciamento e servem como base para o controle dos projetos que estão em fase de execução. Apresentam-se, a seguir, estas ferramentas, de acordo com as fases do gerenciamento de projetos, apresentadas no item 2.1.
  • 46. 46 4.4.1 Iniciação A fase de iniciação tem como objetivo envolver todos os participantes que atuarão no ciclo de vida do projeto e que irão influenciar diretamente no resultado final. Esta etapa estabelece o escopo do projeto, os recursos a serem utilizados e os processos a serem seguidos. Para que o projeto seja realmente oficializado é criado o termo de abertura, conforme FIG. 10. O Termo de Abertura do Projeto (TAP) ou Project Charter é o documento que autoriza formalmente um projeto, é ele que reconhece sua existência e outorga ao gerente de projetos a autoridade para aplicar os recursos organizacionais nas atividades do projeto. O gerente de projetos sempre deve ser denominado antes do início do planejamento e, de preferência, enquanto o termo de abertura do projeto estiver sendo desenvolvido.