O documento discute a importância das escolhas vocacionais e fornece atividades para ajudar os alunos a refletirem sobre suas opções de carreira. A primeira atividade pede aos alunos que liste suas profissões preferidas e pesquise sobre elas. A segunda atividade envolve debates em grupo sobre essas opções. Na terceira, os alunos escolhem uma das duas profissões preferidas. A quarta atividade é uma sessão de orientação vocacional com uma psicóloga.
5. “Escolhas”
Fazem parte da nossa vida.
Não encerra em um único momento.
O tempo todo reafirmamos nossa escolha anterior /
transformamos / abandonamos.
Vestibular – pós graduação – direcionamento de carreira –
aposentadoria.
“Atirar a qualquer direção”
6. MOMENTO DA DECISÃO
INSEGURANÇA
CONFLITOS
FRUSTRAÇÃO
ANSIEDADES
ANGÚSTIA
MEDO
7. • Profissão que
dá dinheiro.
• Mercado de
trabalho
• Gênero
feminino e
masculino.
• Valores socio-culturais
dita
regras implícitas e
explicitas.
• Status social e
econômico.
• Vulnerabilidade
perante o
grupo.
• Manter o grupo
unido.
• Valores,
desejos e
expectativas.
• Idealizações:
pais e filhos.
PAIS E
FAMÍLIA
AMIGOS E
GRUPO
PRECONCEITO
COM AS
PROFISSÕES
MEIO
SOCIO
CULTURAL
8. Texto: O louco (Kahlil Gibran. Para além das palavras).
No pátio de um manicômio encontrei um jovem com rosto
pálido, bonito e transtornado. Sentei-me junto a ele sobre a banqueta
e lhe perguntei:
- "Por que você está aqui?"
Olhou-me com olhar atônito e me disse:
- É uma pergunta pouco oportuna a tua, mas vou respondê-la.
Meu pai queria fazer de mim um retrato dele mesmo, e assim
também meu tio. Minha mãe via em mim a imagem de seu ilustre
genitor. Minha irmã me apontava o marido, marinheiro, como o
modelo perfeito para ser seguido. Meu irmão pensava que eu devia
ser idêntico a ele: um vitorioso atleta.
E mesmo meus mestres, o doutor em filosofia, o maestro de
música e o orador, eram bem convictos: cada um queria que eu fosse
o reflexo de seu vulto em um espelho.
Por isso vim para cá. Acho o ambiente mais sadio. Aqui pelo
menos posso ser eu mesmo.
9. Atividade 1
• Escreva em uma folha todas a profissões que deseja seguir em
ordem de prioridade.
• Pesquise o máximo de informações sobre as profissões que
escolhera, seguindo o pequeno roteiro:
- Informações das notas necessárias para passar no vestibular dos
cursos que escreveram no papel, bem como a concorrência;
- O tempo de preparação necessário para a profissão;
- As vantagens e desvantagens das profissões;
- Remuneração;
- Em revistas, jornais, internet entre outros meios de comunicação
buscar informações pertinentes aos cursos (aqueles escolhidos na
primeira atividade);
- O mercado de trabalho;
- Condições de trabalho;
10. Atividade 2
• Em círculo, todos os alunos trocariam ideias entre si, contudo
com uma visão mais realista das profissões. O objetivo desta
atividade é fazer com que os alunos saibam mais a respeito
das profissões que planejavam seguir.
• Em ordem de prioridade os alunos terão que escolher duas
profissões de todas as que escreveram no papel. É um
momento de escolha, dúvida e medo. Já com as duas
profissões escolhidas pelos alunos, a sala será dividida em
pequenos grupos.
• O primeiro debate será realizado em cada grupo de forma que
as ideias dos alunos possam ser analisadas pelos próprios
colegas do grupo. As informações sobre as duas profissões
escolhidas serão analisadas cuidadosamente pelos membros
do grupo de modo que se esclareçam ao máximo sobre as
duas profissões escolhidas por cada aluno.
11. Atividade 3
• Percebe-se que este momento se assemelha a um funil,
muitas informações e várias profissões no início e agora
chega a um momento de escolher. Dessas duas
profissões os alunos terão que se posicionar frente a uma
e justificar sua escolha.
12. Atividade 4
• Orientação vocacional com a Psicóloga.
Notas do Editor
Quando pensamos no conflito de escolha profissional, a primeira idéia que nos vem à cabeça é a de um indivíduo – geralmente um adolescente – em dúvida quanto ao vestibular. No entanto, o conflito em escolher uma profissão não é privilégio de quem deseja ingressar em uma faculdade. Durante toda a vida estamos fazendo escolhas. Uma escolha não se encerra em um único momento. É como se estivéssemos sempre nos questionando, abrindo a possibilidade de reafirmar a escolha anterior ou de transformá-la, mudando um pouco nosso caminho. Ou, ainda, abandoná-la de vez em busca de novas possibilidades. E será assim por toda a vida! Em cada etapa da vida este processo será atravessado por particularidades e questionamentos específicos - na vivência do vestibular, na escolha de pós-graduação, na definição de campos de atuação, no direcionamento de carreira, na preparação para aposentadoria,... E as dificuldades vivenciadas muitas vezes podem levá-lo a escolher impulsivamente, a deixar-se influenciar pelas opiniões e desejos de outras pessoas ao seu redor, a abrir mão daquilo que realmente importa para você, etc. São tantas dúvidas, pressões, incertezas... O que fazer diante disso? Decidir impulsivamente, "atirar em qualquer direção", deixar de lado seus desejos são armadilhas que resolvem o conflito momentaneamente e apenas de forma ilusória, podendo trazer conseqüências futuras. Como solucionar efetivamente o impasse? Elaborando seus conflitos e efetuando uma escolha autêntica.Mas... O que significa isso? O que seria efetuar uma escolha autêntica?
OS PAIS E A FAMÍLIAIntensas pressões podem vir da família, tanto para que se escolha uma determinada profissão, quanto para que não se escolha outra. As expectativas, os valores e os projetos familiares, por mais bem intencionados que sejam, são como "marcas de um desejo do outro", que incidem sobre nós e influenciam nossas escolhas – explícita ou implicitamente. Muitas vezes, sem nem perceber, nos identificamos com estes desejos, nos misturando e nos embaralhando com eles. Com isso, perdemos um pouco a capacidade de nos diferenciarmos destes "desejos do outro". Discriminar "o que querem de mim" de "o que eu quero para mim" é o caminho a ser buscado. Qual é, de fato, o seu desejo?* OS AMIGOS E O GRUPO SOCIALAs pressões do grupo social ao qual fazemos parte também exercem forte influência. Do mesmo modo como ocorre com a família, muitas vezes nos misturamos com o desejo de nossos amigos – o que é natural, pois na constituição de qualquer grupo, o que o mantém unido é um certo sentimento de identidade que muitas vezes pode se confundir com a identidade profissional dos membros do grupo. O receio de não ser aceito pelo grupo em função de uma determinada escolha também pode interferir no processo. Deixar-se levar por esta influência – muitas vezes sem nem se dar conta disso – pode ocasionar conflitos e prejudicar a realização de uma escolha autêntica.* O MEIO SÓCIO-CULTURALTambém sofremos pressões em função do meio sócio-cultural no qual estamos inseridos. O sistema de valores sócio-cultural dita regras implícitas e explicitas quanto a quais profissões são consideradas fonte de status social e quais são vistas com preconceito. Além disso, é este contexto que determina, em grande medida, o tipo de informação que recebemos – o que vai influenciar fortemente as escolhas realizadas. Isto porque as escolhas se efetuam dentro de um universo minimamente conhecido e, portanto, determinado pelo meio sócio-cultural. Não se escolhe aquilo a que não se teve acesso, que não se sabe que existe. Outra questão relevante como influência direta na escolha profissional são os estímulos que nos levam a desenvolver determinadas aptidões e habilidades, bem como a desenvolver interesse por determinadas áreas. Estes estímulos também são determinados pelo meio em que nos encontramos.* A DINÂMICA DOS PROCESSOS INCONSCIENTESAo considerar o inconsciente, leva-se em conta que uma escolha, qualquer que seja esta escolha, não é arbitrária. Há algo de uma "determinação" inconsciente, própria dos processos psíquicos de cada um. Isto se relaciona, inclusive, com os itens anteriores (a família, os pais, os amigos, o grupo social, a cultura) que exercem sua influência também através dos processos inconscientes. Segundo Sigmund Freud, maturidade seria a capacidade de amar e trabalhar. O tema da escolha profissional, para a psicanálise, está atravessado por diversos mecanismos inconscientes como atitudes defensivas e escolhas sintomáticas. Portanto, haja ou não conflito de escolha, estes processos nos atravessam sem que percebamos – até porque são dinâmicas inconscientes. Havendo necessidade, o psicólogo é o profissional capacitado para diagnosticar a atuação de mecanismos inconscientes na origem de suas dificuldades e poderá ajudá-lo a elaborar e a criar novas formas de relação com o conflito da escolha. Isso significa elucidar os "pontos cegos" nesta dinâmica dos processos inconscientes como forma de possibilitar novos arranjos psíquicos que abram caminho para a realização de uma escolha profissional. Muitas vezes um processo de orientação vocacional é suficiente para proporcionar mudanças na dinâmica psíquica; outra vezes pode ser recomendada a realização de uma psicoterapia. Um psicólogo poderá orientá-lo quanto a isso, se for o caso.* OS PRECONCEITOS COM RELAÇÃO ÀS PROFISSÕESAlguns preconceitos se relacionam com crenças instituídas acerca da realidade sócio-profissional como: "tal profissão não dá dinheiro", "não há mercado para aquela profissão", etc. Há ainda outras formas de preconceito, como os relacionados ao gênero feminino ou masculino: "essa profissão é para mulheres; sou homem, não posso fazer isso" ou "não existem mulheres nesta atividade, não vou conseguir me inserir". Trata-se, portanto, de estereótipos, de "pré-conceitos" sobre atividades e profissões. É preciso ter cuidado para não abrir mão de seus desejos em virtude destas influências. Manter o senso crítico e estar sempre atento são bons caminhos para não se deixar influenciar por estereótipos. A cada vez que você notar que já possui juízo formado sobre uma atividade ou profissão, pergunte-se: "minha percepção fundamenta-se em uma análise criteriosa e na construção de uma imagem correspondente à realidade desta profissão, ou estou tomando como verdade um mero estereótipo?"* O LUTO PELO QUE NÃO FOI ESCOLHIDOEscolher uma profissão, significar não escolher todas as outras. Muitas vezes o que está em questão na dificuldade de escolha é muito mais "o que se precisa deixar para trás" do que "o que se deseja levar em frente". Sempre há perdas em um processo de escolha: "perde-se aqui, para poder ganhar ali". E como em toda perda, seja material ou emocional, há o que se denomina "vivência do luto". Trata-se de elaborar a perda sofrida, para que seja possível deixar para trás o que se perdeu e seguir em frente. Sem a elaboração do luto pelo não-escolhido, pode-se ficar preso na indecisão, na imobilidade, sem conseguir "sair do lugar", configurando um impasse no processo de escolha profissional.