O documento resume os principais pontos da leitura de Demerval Saviani sobre a periodização da história da educação brasileira. Saviani critica as abordagens anteriores que seguiam critérios externos como aspectos políticos ou econômicos. Ele propõe uma periodização centrada em aspectos internos ao desenvolvimento da educação no Brasil, dividida em duas etapas: 1) os antecedentes desde a pedagogia jesuítica até o início da República; 2) a escola pública propriamente dita a partir de 1890, subdiv
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
História da educação brasileira segundo Saviani
1. Instituto Federal do Paraná – Campus Paranaguá
Ciências Sociais – Licenciatura em Sociologia – 1º ano
Tópicos Especiais de História da educação – 13/03/2012
Aluna: Katia Monteiro Silva
Com base na leitura do texto (O Legado educacional do “Longo Século XX” Brasileiro)
de Demerval Saviani, elabore uma síntese, organizada de forma dissertativa ou esquemática.
Demerval Saviani começa sua explanação atestando as diferentes formas de demarcações das
fases históricas, mencionando que uma das principais questões para periodização da história é
definir quais os critérios que devem presidi-la e se eles devem ser internos ou externos ao
objeto.
A forma de organização da história da educação brasileira abordava, em diferentes autores, ora a
tônica política, ora a tônica econômica seguindo uma tendência mundial de autores como
Giovanni Arrighi (1996) focado no aspecto econômico, situando o início desse contexto à partir
do final da grande depressão continuando com a crise de 1930, e Eric Hobsbawm (1995), mais
focado no eixo político, tratando século XX como breve e o XIX como longo subdividido em
três momentos: a era das revoluções, a era do capital e a era dos impérios.
As tendências econômicas, da história da educação brasileira, levam em conta que as
transformações decisivas, ocorreram no final do século XIX para o século XX (até 1930), pois
no último quartel do século XIX houve a explosão da monocultura cafeeira, monopólio exercido
pelo Brasil, que propiciou alto grau de capitalização, mas que com a crise mundial ocasionou a
industrialização substituindo o modelo agrário-exportador considerando os períodos “agrário
exportador dependente”, “nacional desenvolvimentista de industrialização com base na
substituição de importações” e “internacionalização do mercado interno”. Em contrapartida com
as tendências políticas, que abordavam a queda da monarquia e instalação do regime
republicano, dividindo-se em período colonial, Império e República.
Essas tendências segundo o autor, apesar de abordarem diferentes aspectos influenciadores,
eram similares ao adotarem o critério de estudo exterior ao objeto propriamente dito (educação
brasileira). Por isso adotou uma forma diferenciada de organizar a história da escola pública no
Brasil centrando a periodização em aspectos internos aos processos educativos. Dividida assim:
1ª. Etapa: Os Antecedentes
Na pedagogia Jesuítica a escola pública usava de recursos públicos e o ensino era coletivo, mas
a infra-estrutura, agentes pedagógicos, componentes curriculares, normas disciplinares e
mecanismos de avaliação estavam sob o controle dos jesuítas (educação pública entendida no
sentido amplo). No período das Aulas Régias, influenciada pelas idéias iluministas a reforma
pombalina tenta organizar a educação como responsabilidade do poder público, mas deixava a
cargo do próprio professor condições materiais, infra-estrutura e recursos pedagógicos. A
terceira fase é demarcada por tentativas descontinuas e intermitentes de organizar a educação
como responsabilidade do poder público e principalmente pela queda da monarquia e a
instauração da República.
2. Pedagogia
jesuitica
(1549-1759)
Aulas Régias
(1759-1827)
Governo
Imperial e
governo das
Províncias
(1827-1890)
2ª etapa: Escola pública propriamente dita
(1890 em diante) início da República
A segunda etapa redireciona a educação para o caminho dos princípios republicanos, sendo
dividida em 3períodos onde o primeiro é demarcado pela implantação progressiva e em ritmos
diferenciados nos estados, influenciados pelo iluminismo, das escolas primárias. O segundo
demarca a regulamentação no âmbito nacional de escolas superiores, secundárias e primárias,
iniciando com a reforma Francisco Campo passando pela reforma Capanema culminando com a
promulgação da LDB. O terceiro período destaca-se pela unificação da educação nacional e
aprovação da nova LDB. O primeiro e o segundo períodos dessa fase sofrem forte ressonância
do período de industrialização que o mundo estava vivendo e todas as influencias que isso
acarretava como: a sistematização do processo educacional, racionalização dos espaços,
obediência a critérios técnicos, econômicos e políticos.
unificação (pública e
Implantação privada) da
progressiva e ritmos regulamentação da
diferenciados nos educação nacional
estados (1890-1931) (1961-1996)
regulamentação em
ambito nacional (1931-
1961)
A educação brasileira segue, mesmo que em tempos diametralmente diferentes, a tendência
mundial de organização econômica e social e, paradoxalmente, encontra muitas dificuldades
para aliar às mudanças adotadas a plenitude da eficiência de seu funcionamento, para atender,
mesmo que dentro de ideologias controversas, a toda a sua população.