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Morada do Samba (Prelúdio)

                                         Quando a vida amanhecia
                                         Foi sob o som do tambor
                                         Do terreiro de Santa Bárbara
                                         Que o sentido habituou.

                                         Estava pronta a morada
                                         Aguardando nos quintais
                                         A chegada dos enredos
                                         Para alegrar carnavais.

                                         As esquinas se alegravam
                                         Ao som de um surdo de corte
                                         No qual Calama marcava
                                         O tom do samba do norte.

                                         Se fazia batucada
                                         De repenique e pandeiro
                                         No correr de belas tardes
                                         Ao longo do ano inteiro.

                                         Quando era fevereiro
                                         Fosse menina ou senhora
                                         Íamos para Educandos
                                         Sair na "Em Cima da Hora".

                                         O Morro estava pronto
                                         Pra receber sua amada
                                         Pois já estava crescido
                                         Era do samba a morada.




                                                                            2




                                     1




Fundação



                                         Vitória

Ao final de oitenta e um,
Depois de uma reunião
Dia cinco de setembro
Estava feita a fundação
                                         És mais que o meu próprio dia
E logo viria a ser                       Que a orgia, és bem melhor
O brinco da comunidade                   És leve assim como o vento
Sonhando ser algum dia                   Que o meu pensamento é bem maior
Uma jóia da cidade
                                         És tão bela quanto a vida
Verde feito a esmeralda                  És tão doce quanto o mel
Branco de paz e candura                  És tão mansa quanto a brisa
Seu nome traz liberdade                  És tão ampla quanto o céu
Contrapondo à ditadura
                                         És mais nuvem do que chão
Reino onde o regente é o samba           És mais Baco que Morfeu
E nós os súditos seus                    És mais vinho do que pão
Unido para agrupado ser forte            És mais minha que sou teu
Benzendo o chão de Morfeu                És mais vôo do que pouso
                                         Pleno repouso, és todo meu
E Morfeu, filho da noite
Deus dos sonhos da gente
Conduziu-nos sem açoite
Botando o Morro na frente




                                 3                                          4
Comissão de Frente

                                 A Ala


Alegria meu povo!
De fraque e cartola
Já vem desfilando
Minha amada escola               A ala
                                 Se embala
Alegria meu povo!                Movimentos desiguala
Vou de fantasia                  Em momento algum se cala
Ouça meu samba
Que linda poesia                 Ala bonita
                                 Do povo agita
Alegria meu povo!                Não se conflita
Tem truque a mostrar             Se adorna e se emperiquita
O ensaio secreto
Vai se desvendar                 Ala é peça importante
                                 Quesito fundamental
Alegria meu povo!                É a alegria da escola
Vim apresentar                   A vida do carnaval
Um mar de alegria
E fazê-Io chorar

Alegria meu povo!




                             5                                 6




Ala Show (passistas)
                                 O Componente




As flores do meu jardim
São brilhantes, coloridas
São flores de carne e osso
Meninas desprotegidas.
                                 Partícula
                                 Célula
São lindas e são cheirosas
                                 Doutor
São fáceis de mastigar
                                 Camelô
Pois são morenas formosas
                                 Rei
As frutas do meu pomar.
                                 Palhaço
                                 Rico
São doces e luminosas
                                 Pobre
Do lume composto em mel
                                 Branco
Saem estrelas gostosas
                                 Preto
As estrelas do meu céu.
                                 Todos iguais
                                 Sociedade justa
Flores, frutas e estrelas
                                 Utopia realizada
Do universo em questão
                                 Escola de samba em desfile.
São metáforas que brotam
De dentro do meu coração.

São as passistas do morro
Dançarinas da ala show
Pois se fosse futebol
Elas seriam o gol!




                             7                                 8
Mestre Sala e Porta Bandeira        Presidente



Se meus olhos conseguissem
Enxergar o que deveriam
E de minhas mãos fluíssem           Branco
Poesia, escreveriam.                Mas negro no sangue sambista
                                    Baixo
Pelo menos uma quadra               Mas alto na visão dos fatos
Ou até mesmo um terceto             Calado
Para homenagear                     Mas falante nos momentos exatos
Os passos do minueto.               Quieto
                                    Mas agitado interiormente
Que eles dançam perfeito            Sereno
Com equilíbrio e nobreza            Mas determinado
Pois é a característica             Sério
Daquela dança francesa.             Mas sorridente
                                    Humilde
No meio da minha escola             Mas brioso.
Carregando o pavilhão
Voa a porta-bandeira                Mais do que um cérebro
Deslizando pelo chão.               Coração
                                    Mais ouvido do que boca
E vai o meu mestre-sala             Mais que um pai
Circulando, a protegê-Ia,           Mãe.
Feito beija-flor, beijando
A mais bela das estrelas.




                                9                                            10




Notívago

                                    Novo Diretor (Fruto Bom)


Faz parte da noite
Da noite o dia                      Lá vai ele gesticulando
O sonho perfeito                    Dançando, pulando mais alto
E a melancolia.                     Lá vai ele comandando
                                    O andamento no asfalto.
Faz parte da noite
Da noite sem fim                    Lá vai ele de baqueta na mão
A solução simples                   Sob os olhares do povo
Que brota em mim.                   Prende o som, para um surdão
                                    Afina e o liberta de novo.
Faz parte da noite
O sumo da criação                   Lá vai ele feito Cristo
O sono perdido                      Crucifixo ambulante
As asas do coração.                 Grita: "assim não... assim... isto..."
                                    Volta ele triunfante.
Faz parte da noite
Faz parte do dia                    Lá vai ele apitando
A cabeça cheia                      Marcando o tempo, a cadência
A alma vazia.                       Lá vem ele praguejando
                                    Vai perder a paciência!
Faz parte da noite
O medo, o temor                     Lá vai ele, todo som
Os planos, os danos                 Tamborim, repique, treme-terra
O ódio, o amor.                     Ser ritmista é seu dom
                                    Ganzá, centrador, caixa-de-guerra.
Da noite faz parte
As luzes da imensidão               Lá vai ele o diretor de bateria
Faz parte da noite                  Fruto bom que o morro plantou
Toda minha inspiração.              É o Iron, todo energia
                                    Foi o Jairo que ensinou.




                               11                                            12
Inspiração


                                             Poetizando



Onde está você que eu não vejo?
Fico a sentir o tempo que passa
Perdido no mundo de grande desejo
Onde está você que não me abraça?
                                             Em tudo impera a poesia
                                             Na rua, na mesa, no céu.
Vê se vem logo, correndo
                                             Em tudo impera a poesia
Para que eu saia dessa agonia
                                             Na lua, na cama, no anel.
Não compreendo, porque não chegas
Você me ilumina e me alivia.
                                             Em tudo impera a poesia
                                             Na casa, na morte, na vida.
Seja breve princesa
                                             Em tudo impera a poesia
Princesa que és da mente
                                             Chocada, intocada, perdida.
Rainha que és
Do coração.

Mantenha minha luz acesa
Para que eu alegre minha gente
Vem logo oh!
... Minha inspiração.




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Gente do Barracão

                                             Platonismo do Folião



Quem sustenta estas cabeças
Estes corpos desnutridos
Estes corações meninos
Com tantos sonhos perdidos?
Quem constrói o amanhã                       Vai minha escola passando
Desses moços tão distintos                   Na avenida da ilusão.
Que o destino deu o samba                    Desfilando vai meu amor
Família, filhos famintos?                    Na palma do meu coração.
Será essa ninharia
Ou a arte que os encanta                     Com seu sorriso encantado
Será nossa companhia                         Dando ao meu verso harmonia
Ou essa amizade santa?                       E ao conjunto do meu samba
Será irresponsabilidade                      É seu olhar fantasia.
Ou comida que aqui tem
Será pura vaidade                            Sendo sua face o enredo
Ou será arte também?                         Que hoje eu fiz desfilar
Não sei, não sei de verdade                  Em segredo no meio do povo
Do fundo do coração                          Fiz de você meu sonhar.
Só sei que é linda essa gente ... ...
A gente do barracão.




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Diretor de Bateria




                                               Baila no ar,
                                               Feito um passarinho.
                                               Empunhando a baqueta,
                                               Gesticula,
O Refúgio do Artista                           Olha pra trás,
                                               Para os lados,
                                               Como um domador.
                                               Perplexos todos olham
                                               Firme no gesto,
                                               Ouvidos aguçados,
                                               Educados,
                                               Ao som do samba da sinfonia em marcha
                                               Redoma a bateria,
O refúgio do artista                           Administra a música,
Não tem cor                                    Divide o som, direita e esquerda,
Não tem parede,                                Acima e abaixo,
Não tem solo,                                  Graves e agudos.
Não tem chão.                                  Maestro popular,
O refúgio do artista é seu próprio amor        Explode em energia,
Que cria as vidas da arte                      Pula,
Pelas veias do coração.                        Corta o samba,
                                               Segura o coração,
                                               Volta no tempo,
                                               Entra em marcação,
                                               Retoma o som,
                                               Vitória total, afinal,
                                               Não atravessou,
                                               Caminha firme,
                                               Dono da avenida,
                                               Rei do carnaval,
                                               Sonhador, sangue de bateria,
                                               Vencedor... pássaro... maestro... diretor.
                                               Nota dez!



                                          17                                                  18




                                               O Desfile
                                               Sinto no ar um sentimento doce.
                                               Mesmo vestido de palhaço, como agora estou
Chefe de Barracão                              Vou penetrar no meu dengo
                                               E vibrar cantando tudo o que se preparou.

                                               E na sequência do desfile vou viajar
                                               Fugir de todos os problemas do ano inteiro
                                               E me entregar na orgia sem me perder
                                               Pois sou palhaço. sou alegria. sou festeiro.

Passamos pela infância                         E assim, seguindo vou com minha escola
E guardamos conosco                            A passar mais uma vez na avenida.
No íntimo do nosso ser                         Cobrir-me com minha fantasia de grande gola
O espírito dos primitivos                      E desfilar nesse orgasmo de minha vida.
Sem conforto e sem ambição
Lutando para viver                             Seguindo a cadência que o samba ordena
Somente pela alegria.                          Vou acenando para o povo coberto de emoção
                                               Não quero nem saber quem me condena
Recolhido em meu canto                         Só quero seguir o ritmo dessa vibração
Orgulha-me dirigir tamanha obra.
                                               E ir, seguindo sem pensar em nada
E orgulha-me mais ainda                        Somente dançar e cantar o samba escolhido
Ver em tudo isso                               Lembrar que sou palhaço e não fada
Poesia pura                                    Perder-me no meio de tantos desconhecidos.
Meus amigos
Conforta lá dentro do meu coração              Sou igual a qualquer outro de minha ala
Porque como eles                               Seja doutor, professor ou camelô,
Eu também adoro                                Somos todos palhaços e o palhaço iguala
Ser rato de barracão.                          Nesta ala ao palhaço que é meu amor.

                                               Sendo palhaço, vou também sendo um rei
                                               Rei da avenida, rei da vida, da ilusão
                                               Sou soberano neste sonho que criei
                                               Sou um palhaço, sou um rei, sou folião.

                                               Rei, folião, palhaço
                                               Meu total sentimento externo
                                               Aqui guardo com alegria meu espaço
                                               Cantando para que o desfile seja eterno.
                                          19                                                  20
Diretor
O Ponto dos Poetas


                                                  Diretor
                                                  Aquele som nunca mais
                                                  A roda, o samba, a noite
Há um poeta em cada um de nós                     Coisa que ficou para trás.
E este poeta se põe em um ponto
Que as vezes se faz presente pela voz             Diretor
E noutras vezes por um simples conto.             Privacidade é saudade
                                                  O barzinho, o passeio, a ponte
Há sempre um poeta em tudo que existe             O olhar perdido na praça
Seja na gente, nas plantas, nas flores,           Ou até aquela graça
Seja até numa despedida triste,                   Já é página virada
Seja mesmo numa tela sem cores.                   Aquela vida privada
                                                  A andar pela calçada.
E ao revirar as velhas páginas deste verso
Só não vê se não quiseres perceber                Diretor
Que é poesia tua presença no Universo             Agora a própria vida exige
Há hoje, agora, um poeta em você.                 A própria palavra corrige
                                                  E se debruçam esperanças
Então desperta logo poeta,                        Nos rostos dessas crianças
E faz um verso para teu bem querer                Que vivem a te seguir.
Que ao perceber que o continuas amando
Se fará poeta e fará um verso pra você.           Poetas somos todos todo dia
                                                  É só querer pela ponta da caneta
Desejo, assim, que seja um verso inocente,        Escrever para nosso amor, nosso bem querer
Somente um verso a revelar a pureza,              Com as mãos do nosso coração...
                                                  Ponto central dos nossos sentimentos
Que faz presente o poeta que há na gente
                                                  E da nossa existência.
E deixe claro o ponto exato da beleza.




                                             21                                                22




                                                  Novo Carnaval

Vai Minha Escola



                                                  Novo samba, novo alento
                                                  Nova luz, nova canção
                                                  Nova estrela no firmamento
                                                  Nova paz no coração.

Vai minha escola menina                           Novo som, nova poesia
Descrever outra alegria                           Novo ser, novo voar
Em meio a essa tristeza                           Novo barco em calmaria
Com meu povo em romaria.                          Novo brilho no olhar.
Vai minha escola mais linda
Fazer o que és capaz                              Novo lar, nova alegria
E seja menina faceira                             Novo azul, nova emoção
Cortejando outro rapaz.                           Nova leve sinfonia
Vai minha escola de samba                         Nova chuva no meu chão.
Fazer o que te mandam os poetas
Poetas que do povo surgiram                       Novo enredo, nova dança
E para o povo escrevem suas metas.                Nova ala, novo passo
Vai minha escola de sonhos                        Nova cara de criança
De samba e de humildade                           Nova vida-descompasso
Pois em teu selo és de ouro
Um tesouro da cidade.                             Novo feito, nova glória
                                                  Novo sonho, nova ilusão
                                                  Nova página da história
                                                  Velha vida em contramão.




                                             23                                                24
Minha Filha Mais Velha
O Compositor
                                                     Criei-te entregando-te flores
                                                     Perfumando-te para que perfumosa foste
                                                     Beijando teu pavilhão, tuas cores
                                                     Amando-te sem ver teus defeitos
                                                     Ao contrário, os fazendo adornos
                                                     Pelos cantos por onde andei.
Poeta do povo, do meio da gente                      Amei-te mais que a tudo
Garoto do samba, moleque decente.                    Que em volta de mim se fez presente
Poeta da gente, sem letra e sem verbo                Fui teu corpo, teu poeta, tua mente
Sonhador do samba, que do instinto é servo.          Fiz-te jóia amada por tantos
                                                     Fiz-te bela e formosa moça
                                                     Chorei teus choros
Sem precisão de pensamento nas coisas da vida
                                                     E sorri teu sorriso
Vai levando a vida pensando na escola
                                                     Enxuguei teus soluços
E pensando na escola vai pensando na avenida
                                                     E afaguei teus braços
Vagando na vida só no samba consola.
                                                     Fui teus sinais, teus traços
                                                     Fui muito mais pra ti
Sem ligar muito pra hora e pro dia
                                                     Fui concerto e canção
Só pensa no samba, na escolha do enredo
                                                     Fui cravo e não espinho
E guardando as estrofes, o refrão da poesia
                                                     Vivi a limpar teus caminhos
Parece um tesouro. É puro segredo.
                                                     Ficaste moça linda e formosa
                                                     Ficaste moça leve e perfumosa
Quando aponta a escola cantando seu samba
                                                     Ficaste moça estranha e dengosa,
Soluça o menino em seu interior
                                                     De repente, para ofuscar minha alegria
Foi o ano inteiro andando em corda bamba
Para finalmente exprimir arte-amor.                  Sem pensar foste em busca de
                                                     outras companhias
                                                     Te rebelaste contra teu próprio pai
Ninguém decifrará donde velo a melodia
                                                     Que hoje chora a perda da moça meiga e bela
Ninguém descreverá donde saiu a canção
                                                     Que embalou os sonhos da janela
Pois dos poetas do povo ela vem todo dia
                                                     Daquela casa de madeira do Morro.
No surdo que marca as batidas do coração.
                                                     Resignado, eu, teu pai
                                                     Vou deixar-te a sofrer um pouquinho sem mim
São assim os poetas da arte do povo
                                                     Para que conheças teus novos parceiros
Que descem do Morro pra encantar a cidade
                                                     E para que num dia desses de chuva e trovões
E sempre compõem um lindo samba novo
                                                     Sem o afago de meu grito de guerra
Que corre fama e lhes devolve a felicidade.
                                                     Voltes, mansa, de novo para mim
                                                     Implorando que não seja o fim
                                                     De nós dois, da nossa família, pai e filha.

                                                25                                                                          26




Samba Novo                                           Jardim Florido




                                                     Meu samba
                                                     Chega bem devagarinho
                                                     Vem chegando de mansinho
Quando a voz ecoa fundo
                                                     Vem devagar
Quando a mão procura alguém
                                                     Meu samba
Quando a beleza é o mundo
                                                     Eu me fiz bem mais contente
Quando a melodia vem
                                                     No meio de minha gente
                                                     Noutra canção a cantar
O amigo é mais bonito
                                                     Meu samba
O amanhã esperança
                                                     Minha escola é majestade
A mulher eterno abrigo
                                                     Símbolo da liberdade
O ar areja bonança                                   Reino forte de emoção
                                                     Meu samba
Quando o céu é confiança                             Você trouxe a alegria
Quando a mente fica limpa                            Protegido pela guia
Quando a noite é criança                             Fez do Morro campeão
Quando a inspiração é grimpa
                                                     Então valeu senhor
A boca fala                                          Tanto lutar para ver
O coração acelera                                    Ontem semear sementes
A maldade cala                                       Hoje o jardim florescer
O bem impera

Surge ele, do povo.                                                                                 Dedicado ao Axé Mãe Preta,
Nasce um samba novo.                                                                                Samba de Gilson e Almeron.




                                                27                                                                          28
Minha Maldade (Samba)
                                            Meu Novo Amor
                                            (Escola de Samba)


Quando você chorou
Seu pranto molhou meu peito
Meu coração alagou
Meu verso estava feito                      Andei pelo mundo
                                            E pelo mundo onde andei
Vi seu choro sem soluço                     Procurei meu sonho
Vi silêncio e calmarias                     O meu sonho procurei
Sendo expulso vi o amor
Dando lugar a agonia                        Conheci mil coisas belas
                                            Acalentei meu sonhar
Quando você chorou                          Sambei muito entre elas
Vi faltar água na fonte                     Serviu só pra me alegrar
Para regar a flor
Que abriu meu horizonte                     E assim
                                            Quase perdido em desencanto
Vi faltar a harmonia                        Enxuguei todo meu pranto
Coisa comum nos casais                      Bem ali no meu pomar
A alegria vi se esvair
Que aliviou meus ais                        Ela é
                                            Hoje a fruta mais gostosa
Amor perdoa                                 Meu alimento, minha prosa
jamais posso te perder                      Meu pavilhão, meu olhar.
Quase perdi minha vida
Pois minha vida é você




                                       29                                            30




                                            Pureza Ferida (Samba)

                                            A pura beleza
                                            Estampada em teu rosto
                                            Tão simples, tão belo
A Passista Socorro                          A singeleza
                                            Em teu moreno corpo
                                            Doce caramelo
                                            A alegria
                                            Em tuas doces palavras
                                            Tão boas de ouvir
                                            Tuas carícias
                                            Ou simples malícias
Bate o relógio: seis horas da tarde.        Tão bom de se sentir
Lá vem ela subindo o Morro,                 Esses teus negros olhos
O sol senta, já não arde                    Tão cheios de brilho
Vai rebolando. É a Socorro.                 Torrentes de vida
                                            A tua boca
Bate o relógio: seis da manhã.              Teus lábios carnudos
Lá vai ela, descendo a ladeira              E mãos atrevidas
O sol nasce, é o amanhã                     Fizeram menino
É sempre assim: trabalhadeira.              Esse teu poeta
                                            Esse teu cantor
Nessa vida. Entra ano e sai ano             Louco felino
Nunca muda esse cotidiano                   Sem traço e sem meta
É mulher, índia, guerreira.                 Te deu todo amor
                                            E então veio a noite
Sobe e desce todo dia,                      Com as trevas o medo, a desilusão
Sem perder a alegria                        Você revelando alguns seus segredos
É mulher. Bela e faceira.                   E sem compaixão
                                            Deixou teu menino em desatino
                                            Chorando num canto, banhado em lamento
                                            Em profundo pranto
                                            Só restou o sofrimento
                                            Mas não há de ser nada, não, não há
                                            O castigo é seu, foi você quem perdeu
                                            Quem vivia a te amar. Eu.




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Alegoria
Artesão




                                                        Adorna as flores do jardim
                                                        Enfeitando o que já é enfeite
Surge a arte                                            Às vezes é flor de jasmim
Do seio e do suor do povo.                              Às vezes café com leite.
É a nossa parte
Materializar o sonho novo.                              Se o jardim que se plantou
                                                        Fez-se jardim ambulante
Barro, pano e madeira                                   Faz-se também furta cor
Couro, tinta e lata                                     E alterna opaco e brilhante.
Arame, martelo, besteira
Misturando ouro e prata.                                Adereçando meus sonhos
                                                        De compostura confusa
Surge a arte                                            Que se fizeram desenhos
Parte final da história                                 Com mil faces difusas.
Que resulta em Carnaval
Ficou pronta nossa parte                                E o jardim do sonho completo
Resta buscar a vitória                                  Feito desfile de flores na avenida
E levantar nosso astral.                                Onde o folião atrepado
                                                        Dá-lhe movimento e vida.




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Rainha Vitória




Vaga pelo espaço meu pensamento
Sem que consiga concatenar as idéias
Porque um imenso vazio
Se apossou de mim ultimamente
Sem me permitir sonhar meus inocentes sonhos.
                                                        Rainha Vitória
Penso em "vitória" despedaçadamente.                    Espero vê-Ia logo à minha frente
                                                        Senti-Ia terna e pura, feito filha
                                                        Senti-Ia altiva e nobre, feito mãe
Hora é palpável e material
                                                        Senti-Ia possível, como em meus sonhos
Hora é sonho absolutamente desfeito
                                                        É tudo o que preciso
Hora é cinza que vejo despejada no cinzeiro
                                                        Para que o sangue guerreiro volte
Hora é a fumaça que foge das minhas mãos
                                                        A correr em meu corpo.
Sem me permitir senti-Ia jamais
Hora retoma aos meus braços, de noite
                                                        Rainha Vitória
E me endoida durante o dia inteiro
                                                        Sem ti não há luta
Hora me acorda em sonho pesado,
                                                        Sem ti não há esperança
De madrugada
E não me permite mais dormir                            Sem ti não há vida em mim.
Me forçando a ver clarear o dia
E me aumentando as olheiras no rosto cansado.

Rainha Vitória
Comparo a minha luta por ti
Às lutas e ao sofrimento dos Grandes da história
Se os diminuo em razão dos meus sonhos
Que se diminuam, não me importo
O que me importa
É que comparo minha luta
Às lutas de Bolívar, Arafat, Mandela ...




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Lugar Feliz (Samba)


                                     Enredo
Apesar de viver sobre a lama
O Morro chama
Por você pra sambar
Apesar de o tempo ser triste
A felicidade existe
E com o Morro forma o par

                                     Bem-vindo
Se envolve em sua pobreza
                                     Enredo dos meus sonhos
E alimenta a certeza
                                     Bem-vindo
Que a liberdade chegará
                                     Sonhos de meu enredo
                                     Bem-vinda
Seja por um simples ato
                                     Fantasia de meus dias
Seja por vias de fato
                                     Bem-vinda
Este povo sorrirá
                                     Ilusão dos meus segredos
E esta poesia mostra
                                     Que seja lindo e colorido
Através de sua terra exposta
                                     Que seja alegre e vibrante
Num dia-a-dia contente
                                     Que seja o manto protegido
Envolto sempre em ternura
                                     Que proteja minha amante
De face simples e pura
Simples povo, pura gente
                                     E que me conte algo novo
                                     No folhetim da história.
Ah! Morro amigo querido
Sei que teu brio ferido
Foi Deus que assim quis
Mas és da luta a glória
Em breve mudarás a história
Serás um lugar feliz.




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Pó Brilhante

                                     Os Pés


Quem brilha, e brilha
De verdade
Clareia a avenida, de vida
E Liberdade

                                     Deixa-me beijar teus pés.
E essa liberdade que brilha
                                     Porque quando eu os beijar
E incendeia
                                     Estarei beijando os pés
É o brilho natural das cores
                                     Daquelas que conduziram as trouxas de roupa:
Que incendeia.
                                     - As lavadeiras do Igarapé da Vovó.
                                     Estarei beijando os pés
O brilho alucinante
                                     Das crianças que correm subindo a
Que faz de conta que brilha
                                     Rua São Benedito,
E que empolga o brincante
                                     Estarei beijando os pés
Quando aspira sua trilha
                                     Das mães do Igarapé do Quarenta,
E retira a inocência
                                     Que os poderosos teimam em não enxergar
Que da vida faz o brilho
                                     Sua luta e seu sofrimento.
Que não é a aparência
Mas do canto o estribilho,
                                     Deixa-me beijar teus pés
Da canção o tom mais forte
                                     Porque quando o fizer
Que o cantor faz entoar
                                     Estarei beijando os pés
Quando assim brilha na música
                                     Daqueles que construíram o Morro
Realmente a desfilar.
                                     E estarei, sobretudo, beijando os pés
                                     Que conduziram o Reino Unido
O pó brilhante que conta
                                     A tantas vitórias!
No carnaval, na avenida
É o pó que brilha o corpo
Bom pros olhos e pra vida.




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1988 - Conta Amazonas
Lantejoula




                                                As lendas, emoções inesperadas
                                                Foi o que a cidade viu passar
                                                Na frente, árvores inacabadas
Brilha de lado e de frente                      Os juizes, pasmos, a olhar
Brilhante de tons diferentes.                   Sem entenderem o incêndio
Clareia meus olhos opacos                       O fogo em erupção
São cores, brilhos os cacos.                    Escorrendo sob aplausos
                                                Frenesi na multidão
Milhões de imagens se faz                       Que escolheu a vencedora
Trilhões de formas de paz                       Mas a comissão julgadora
                                                Com a carta marcada na mão
Coberto o Morro de lantejoula                   Sem nenhuma piedade
Se embebe em néctar de papoulas.                Na contramão da cidade
                                                Escreveu: decepção.
                                                E mesmo sem a vitória
                                                Aquela menina simplória
                                                Retirou do morro o caos
                                                Quando apaixonou Manaus.




                                           41                                               42




Barracão                                        Que ao alvorecer não será mais um lençol
                                                Mas um estandarte ou uma franja
Quando recolhido em meu canto                   Ainda de noite,
Veio as coisas surgindo                         Novas visitas
Evoluindo,                                      Novos devaneios
Saindo do nada                                  E novos planos
Somente da mente da gente                       Não são mais pobres
Nascendo entre vários sons                      São orgulho só
Se fazendo presentes                            A mãe que chega
Quando recolhido em meu canto                   A irmã que traz notícias
Veio a solidariedade                            O pedido de um diretor
Armada entre ferragens                          Uma reunião pra falar sério
Entre ferramentas e madeira                     O presidente que fala, fala, fala...
Sinto o bem estar                               Injeta ânimo
De estar ao lado                                Distribui cigarros
De homens e mulheres                            Serve café
Brancos, pretos e índios,                       Eles querem mostrar a sujeira da produção
Mais índios                                     O cansaço, a estafa
Que brancos e pretos.                           Apontam a obra prima irmã do sonho
No dia a obra                                   Querem um carinho
Animada sob o som                               Precisam de um abraço
De um samba novo                                Não lhes importa mais nada
De um abraço de quem chega                      Somente um abraço, com carinho
De uma saudação de quem vai                     Um cigarro
De um lanche ou um presente de visitante        A confiança
Eles, orgulhosos, são os donos da festa         Sentem-se homens assim
E feito pavões                                  Importantes feito gente grande
Ficam orgulhosos de sua obra                    Importantes feito gente humilde.
De sua sujeira                                  Ainda é noite,
De seu cansaço.                                 Cantarola-se um samba, ao fundo
Quando recolhido ao meu canto,                  Devora-se goles
A noite ouço estórias engraçadas                Da cachaça proibida, no ambiente.
Misturados aos que continuam a trabalhar        E eu, recolhido ao meu canto
O beijo da namorada nova                        Vejo quanto amor
Ou da namorada do dia                           Se derrama pelos cantos
Buscam o esconderijo                            Dos olhos dessa gente
Dentro das sujas redes                          Que traz no sangue
Ou descansam o cansado corpo                    O sentimento da arte popular.
Após um banho rápido,                           Vou gostando, cada vez mais, desse clima
Sobre uma peça de pano                          Desse clímax


                                           43                                               44
Desse ambiente simples
De mutirão em forma de arte
De vida comum
De comunidade
Comida dividida
                                                                          Espelho
Bebida distribuída igualmente
Construindo ilusões
Sonhos de muitos
Desejo de milhares
Glória de poucos
Que se sentem gente
Humilde e importante
Construtores e irmãos                                                     Quebrado ou inteiro
Experientes, mas meninos                                                  Reflete alegria
Que irresponsavelmente                                                    Seja cedo ou tarde
Abandonam suas vidas                                                      Seja noite ou dia
E que responsavelmente
Deliciam-se nos prazeres                                                  Reluz as imagens
Da convivência com o parceiro                                             Que a gente sonhou
Simplesmente no afã                                                       Confundindo a cena
De construir a alegria                                                    Que o artista formou
De um carnaval,
De um lugar,                                                              Espelho quebrado
De uma cidade,                                                            Juntado do lixo
De uma vida                                                               Serviu de beleza
Em forma de arte.                                                         Compôs um capricho

         Barracão da Reino Unido, na preparação do AXE MÃE PRETA (1989)   Espelho inteiro
                                                                          Perfeito e polido
                                                                          Deformou a cena
                                                                          Perdeu o sentido

                                                                          O lixo do espelho virou arte pura
                                                                          Compondo o cenário do que é essa vida
                                                                          E a peça luxuosa falhou na avenida




                                                                     45                                           46




Pavilhão




                                                                          Pluma


Bandeira,
Estandarte,
Balção,
Pendão,
Lábaro,
Seja lá como queiram chamar.                                              Nobreza colorida
Mas quando este pedaço de pano                                            Necessária aparição
Tremula dançando no ar                                                    Desfilante na avenida
Meu corpo é que treme insano                                              O tom leve da visão.
Sob meu molhado olhar.




                                                                     47                                           48
O Tamborim
Ala das Baianas




O samba as fazem girar           O couro agudo afinado
E também cuidar de nós           Nas mãos de um bom tocador
Na avenida se transformam        Coreografa o bailado
Num campo de girassóis.          Com fortes batidas de amor.




                            49                                 50




                                 A Bateria
A Fantasia




                                 Mãos e cordas
                                 Lata e couro
A fantasia é tudo
                                 Pano e bordas
Pois tudo é fantasia
                                 Prata e ouro
E fantasia na pista
                                 Som, compasso, animação
O povo em harmonia.
                                 É da Escola o coração.




                            51                                 52
A Torcida Organizada




                                       A Rainha da Bateria

Vou olhar no teu olhar
Pois quero vê-Ia brilhar
E quando o brilho for crescendo
Sei que também vou chorar

Vou levantar os teus braços
Bem na altura dos meus
Para fechá-Io em abraços               Vai sambando bem na frente
Entrelaçando-me aos teus               Frenética e alucinante
                                       Reluzindo na avenida
Vou soltar a minha voz                 Como uma pedra brilhante.
Junto contigo em coral
Juntando à voz do povo
Que embala o carnaval

Vou aplaudir loucamente
Tudo o que for passando
Desde a comissão de frente
Até quem vier limpando.




                                  53                                       54




                                       Vai com Deus Reino Unido
                                       (O GRITO DE GUERRA)

                                       Clareou, escureceu.
                                       Balançou, estremeceu.
O Carnavalesco                         Agitou, ensurdeceu.

                                       Rufaram os tambores
                                       Benzeram-se os cantores
                                       Rezaram os diretores

                                       Foguetes espocaram
                                       Destaques se arrumaram
                                       Casais se abraçaram

De repente, da visão                   Cavaquinho afinado
De um lampejo da vida,                 Carro alegórico adornado
De qualquer um lugar                   Pulmão paralisado
O artista põe a mão
Vê seu povo na avenida                 Semblantes tensos
Feito esmeralda a brilhar.             Abraços extensos
                                       Beijos imensos
Dá forma a todas as artes
E as artes a ele obedecem              Vai falar o presidente
Monta sua tela em partes               Vai ter choro de emoção
Mesmo às noites se aquecem             O seu "grito" é comovente
Fadiga e talento em contraste          Emociona o folião
Que aos sonhos rejuvenescem.
                                       Fala o que vem à mente
Quando monta a aquarela                Solta a escola na avenida
E as cores vão dançando,               Faz chorar o componente
Surge a cena mais bela:                Manda alegrar a vida
... O artista "viajando".
                                       É sempre assim todo ano
                                       Com seu povo reunido
                                       Solta o discurso profano
                                       "Vai com Deus meu Reino Unido..."




                                  55                                       56
Quarta-Feira (Cinzas)

                                     Ambiente Vivo da Memória




A pontuação contada
A bebida tragada                     Terra preta... pés descalços... espinhos de tucumã
A testa suada                        Urtigas batendo nas pernas... coceira de matar qualquer um
                                     Pés de sorva... campinho de peladas... bola de seringa
A camisa enfeitada                   Castanheiras... cacimbas de água cristalina... cajueiros.
A voz apressada                      Barranco alto... piranhas... aracus... pacús... traíras
A tez preocupada                     Catraia... canoas e botes... remo e faia... igarapé cheio
                                     Nado livre... afogamento sem morte... folhas de vindicá
Concluída a apuração                 Sabão em pedra... trouxa de roupa... lavadeiras.. .
Meia voz vira explosão               Linha de nylon e anzol... tarrafa e malhadeira Pipira... sanhaçu... bem-te-vi...
Mil gestos de vibração               tesouras... caga sibite... rasga mortalha... preguiças
                                     Papagaios de papel.. casquetas... linha zero... linha zebra
Só se ouve o samba enredo            Floresta viva... vida nativa... raízes presentes
Tantas vezes repetido                Sessenta e sete... Distrito Industrial... fábricas
E as baquetas entre os dedos         Progresso... empregos... linha de montagem
Dando o tom: dever cumprido          Esgoto... fezes... destruição veloz... morte
                                     Jaz o Igarapé do Quarenta... meu riacho...
O povo dança endoidecido             Minha infância... meu brinquedo... (quebrado).
Como se não houvesse o amanhã
Comemorando a vitória
Da escola campeã.




                                57                                                                                      58

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Morada do Samba

  • 1. Morada do Samba (Prelúdio) Quando a vida amanhecia Foi sob o som do tambor Do terreiro de Santa Bárbara Que o sentido habituou. Estava pronta a morada Aguardando nos quintais A chegada dos enredos Para alegrar carnavais. As esquinas se alegravam Ao som de um surdo de corte No qual Calama marcava O tom do samba do norte. Se fazia batucada De repenique e pandeiro No correr de belas tardes Ao longo do ano inteiro. Quando era fevereiro Fosse menina ou senhora Íamos para Educandos Sair na "Em Cima da Hora". O Morro estava pronto Pra receber sua amada Pois já estava crescido Era do samba a morada. 2 1 Fundação Vitória Ao final de oitenta e um, Depois de uma reunião Dia cinco de setembro Estava feita a fundação És mais que o meu próprio dia E logo viria a ser Que a orgia, és bem melhor O brinco da comunidade És leve assim como o vento Sonhando ser algum dia Que o meu pensamento é bem maior Uma jóia da cidade És tão bela quanto a vida Verde feito a esmeralda És tão doce quanto o mel Branco de paz e candura És tão mansa quanto a brisa Seu nome traz liberdade És tão ampla quanto o céu Contrapondo à ditadura És mais nuvem do que chão Reino onde o regente é o samba És mais Baco que Morfeu E nós os súditos seus És mais vinho do que pão Unido para agrupado ser forte És mais minha que sou teu Benzendo o chão de Morfeu És mais vôo do que pouso Pleno repouso, és todo meu E Morfeu, filho da noite Deus dos sonhos da gente Conduziu-nos sem açoite Botando o Morro na frente 3 4
  • 2. Comissão de Frente A Ala Alegria meu povo! De fraque e cartola Já vem desfilando Minha amada escola A ala Se embala Alegria meu povo! Movimentos desiguala Vou de fantasia Em momento algum se cala Ouça meu samba Que linda poesia Ala bonita Do povo agita Alegria meu povo! Não se conflita Tem truque a mostrar Se adorna e se emperiquita O ensaio secreto Vai se desvendar Ala é peça importante Quesito fundamental Alegria meu povo! É a alegria da escola Vim apresentar A vida do carnaval Um mar de alegria E fazê-Io chorar Alegria meu povo! 5 6 Ala Show (passistas) O Componente As flores do meu jardim São brilhantes, coloridas São flores de carne e osso Meninas desprotegidas. Partícula Célula São lindas e são cheirosas Doutor São fáceis de mastigar Camelô Pois são morenas formosas Rei As frutas do meu pomar. Palhaço Rico São doces e luminosas Pobre Do lume composto em mel Branco Saem estrelas gostosas Preto As estrelas do meu céu. Todos iguais Sociedade justa Flores, frutas e estrelas Utopia realizada Do universo em questão Escola de samba em desfile. São metáforas que brotam De dentro do meu coração. São as passistas do morro Dançarinas da ala show Pois se fosse futebol Elas seriam o gol! 7 8
  • 3. Mestre Sala e Porta Bandeira Presidente Se meus olhos conseguissem Enxergar o que deveriam E de minhas mãos fluíssem Branco Poesia, escreveriam. Mas negro no sangue sambista Baixo Pelo menos uma quadra Mas alto na visão dos fatos Ou até mesmo um terceto Calado Para homenagear Mas falante nos momentos exatos Os passos do minueto. Quieto Mas agitado interiormente Que eles dançam perfeito Sereno Com equilíbrio e nobreza Mas determinado Pois é a característica Sério Daquela dança francesa. Mas sorridente Humilde No meio da minha escola Mas brioso. Carregando o pavilhão Voa a porta-bandeira Mais do que um cérebro Deslizando pelo chão. Coração Mais ouvido do que boca E vai o meu mestre-sala Mais que um pai Circulando, a protegê-Ia, Mãe. Feito beija-flor, beijando A mais bela das estrelas. 9 10 Notívago Novo Diretor (Fruto Bom) Faz parte da noite Da noite o dia Lá vai ele gesticulando O sonho perfeito Dançando, pulando mais alto E a melancolia. Lá vai ele comandando O andamento no asfalto. Faz parte da noite Da noite sem fim Lá vai ele de baqueta na mão A solução simples Sob os olhares do povo Que brota em mim. Prende o som, para um surdão Afina e o liberta de novo. Faz parte da noite O sumo da criação Lá vai ele feito Cristo O sono perdido Crucifixo ambulante As asas do coração. Grita: "assim não... assim... isto..." Volta ele triunfante. Faz parte da noite Faz parte do dia Lá vai ele apitando A cabeça cheia Marcando o tempo, a cadência A alma vazia. Lá vem ele praguejando Vai perder a paciência! Faz parte da noite O medo, o temor Lá vai ele, todo som Os planos, os danos Tamborim, repique, treme-terra O ódio, o amor. Ser ritmista é seu dom Ganzá, centrador, caixa-de-guerra. Da noite faz parte As luzes da imensidão Lá vai ele o diretor de bateria Faz parte da noite Fruto bom que o morro plantou Toda minha inspiração. É o Iron, todo energia Foi o Jairo que ensinou. 11 12
  • 4. Inspiração Poetizando Onde está você que eu não vejo? Fico a sentir o tempo que passa Perdido no mundo de grande desejo Onde está você que não me abraça? Em tudo impera a poesia Na rua, na mesa, no céu. Vê se vem logo, correndo Em tudo impera a poesia Para que eu saia dessa agonia Na lua, na cama, no anel. Não compreendo, porque não chegas Você me ilumina e me alivia. Em tudo impera a poesia Na casa, na morte, na vida. Seja breve princesa Em tudo impera a poesia Princesa que és da mente Chocada, intocada, perdida. Rainha que és Do coração. Mantenha minha luz acesa Para que eu alegre minha gente Vem logo oh! ... Minha inspiração. 13 14 Gente do Barracão Platonismo do Folião Quem sustenta estas cabeças Estes corpos desnutridos Estes corações meninos Com tantos sonhos perdidos? Quem constrói o amanhã Vai minha escola passando Desses moços tão distintos Na avenida da ilusão. Que o destino deu o samba Desfilando vai meu amor Família, filhos famintos? Na palma do meu coração. Será essa ninharia Ou a arte que os encanta Com seu sorriso encantado Será nossa companhia Dando ao meu verso harmonia Ou essa amizade santa? E ao conjunto do meu samba Será irresponsabilidade É seu olhar fantasia. Ou comida que aqui tem Será pura vaidade Sendo sua face o enredo Ou será arte também? Que hoje eu fiz desfilar Não sei, não sei de verdade Em segredo no meio do povo Do fundo do coração Fiz de você meu sonhar. Só sei que é linda essa gente ... ... A gente do barracão. 15 16
  • 5. Diretor de Bateria Baila no ar, Feito um passarinho. Empunhando a baqueta, Gesticula, O Refúgio do Artista Olha pra trás, Para os lados, Como um domador. Perplexos todos olham Firme no gesto, Ouvidos aguçados, Educados, Ao som do samba da sinfonia em marcha Redoma a bateria, O refúgio do artista Administra a música, Não tem cor Divide o som, direita e esquerda, Não tem parede, Acima e abaixo, Não tem solo, Graves e agudos. Não tem chão. Maestro popular, O refúgio do artista é seu próprio amor Explode em energia, Que cria as vidas da arte Pula, Pelas veias do coração. Corta o samba, Segura o coração, Volta no tempo, Entra em marcação, Retoma o som, Vitória total, afinal, Não atravessou, Caminha firme, Dono da avenida, Rei do carnaval, Sonhador, sangue de bateria, Vencedor... pássaro... maestro... diretor. Nota dez! 17 18 O Desfile Sinto no ar um sentimento doce. Mesmo vestido de palhaço, como agora estou Chefe de Barracão Vou penetrar no meu dengo E vibrar cantando tudo o que se preparou. E na sequência do desfile vou viajar Fugir de todos os problemas do ano inteiro E me entregar na orgia sem me perder Pois sou palhaço. sou alegria. sou festeiro. Passamos pela infância E assim, seguindo vou com minha escola E guardamos conosco A passar mais uma vez na avenida. No íntimo do nosso ser Cobrir-me com minha fantasia de grande gola O espírito dos primitivos E desfilar nesse orgasmo de minha vida. Sem conforto e sem ambição Lutando para viver Seguindo a cadência que o samba ordena Somente pela alegria. Vou acenando para o povo coberto de emoção Não quero nem saber quem me condena Recolhido em meu canto Só quero seguir o ritmo dessa vibração Orgulha-me dirigir tamanha obra. E ir, seguindo sem pensar em nada E orgulha-me mais ainda Somente dançar e cantar o samba escolhido Ver em tudo isso Lembrar que sou palhaço e não fada Poesia pura Perder-me no meio de tantos desconhecidos. Meus amigos Conforta lá dentro do meu coração Sou igual a qualquer outro de minha ala Porque como eles Seja doutor, professor ou camelô, Eu também adoro Somos todos palhaços e o palhaço iguala Ser rato de barracão. Nesta ala ao palhaço que é meu amor. Sendo palhaço, vou também sendo um rei Rei da avenida, rei da vida, da ilusão Sou soberano neste sonho que criei Sou um palhaço, sou um rei, sou folião. Rei, folião, palhaço Meu total sentimento externo Aqui guardo com alegria meu espaço Cantando para que o desfile seja eterno. 19 20
  • 6. Diretor O Ponto dos Poetas Diretor Aquele som nunca mais A roda, o samba, a noite Há um poeta em cada um de nós Coisa que ficou para trás. E este poeta se põe em um ponto Que as vezes se faz presente pela voz Diretor E noutras vezes por um simples conto. Privacidade é saudade O barzinho, o passeio, a ponte Há sempre um poeta em tudo que existe O olhar perdido na praça Seja na gente, nas plantas, nas flores, Ou até aquela graça Seja até numa despedida triste, Já é página virada Seja mesmo numa tela sem cores. Aquela vida privada A andar pela calçada. E ao revirar as velhas páginas deste verso Só não vê se não quiseres perceber Diretor Que é poesia tua presença no Universo Agora a própria vida exige Há hoje, agora, um poeta em você. A própria palavra corrige E se debruçam esperanças Então desperta logo poeta, Nos rostos dessas crianças E faz um verso para teu bem querer Que vivem a te seguir. Que ao perceber que o continuas amando Se fará poeta e fará um verso pra você. Poetas somos todos todo dia É só querer pela ponta da caneta Desejo, assim, que seja um verso inocente, Escrever para nosso amor, nosso bem querer Somente um verso a revelar a pureza, Com as mãos do nosso coração... Ponto central dos nossos sentimentos Que faz presente o poeta que há na gente E da nossa existência. E deixe claro o ponto exato da beleza. 21 22 Novo Carnaval Vai Minha Escola Novo samba, novo alento Nova luz, nova canção Nova estrela no firmamento Nova paz no coração. Vai minha escola menina Novo som, nova poesia Descrever outra alegria Novo ser, novo voar Em meio a essa tristeza Novo barco em calmaria Com meu povo em romaria. Novo brilho no olhar. Vai minha escola mais linda Fazer o que és capaz Novo lar, nova alegria E seja menina faceira Novo azul, nova emoção Cortejando outro rapaz. Nova leve sinfonia Vai minha escola de samba Nova chuva no meu chão. Fazer o que te mandam os poetas Poetas que do povo surgiram Novo enredo, nova dança E para o povo escrevem suas metas. Nova ala, novo passo Vai minha escola de sonhos Nova cara de criança De samba e de humildade Nova vida-descompasso Pois em teu selo és de ouro Um tesouro da cidade. Novo feito, nova glória Novo sonho, nova ilusão Nova página da história Velha vida em contramão. 23 24
  • 7. Minha Filha Mais Velha O Compositor Criei-te entregando-te flores Perfumando-te para que perfumosa foste Beijando teu pavilhão, tuas cores Amando-te sem ver teus defeitos Ao contrário, os fazendo adornos Pelos cantos por onde andei. Poeta do povo, do meio da gente Amei-te mais que a tudo Garoto do samba, moleque decente. Que em volta de mim se fez presente Poeta da gente, sem letra e sem verbo Fui teu corpo, teu poeta, tua mente Sonhador do samba, que do instinto é servo. Fiz-te jóia amada por tantos Fiz-te bela e formosa moça Chorei teus choros Sem precisão de pensamento nas coisas da vida E sorri teu sorriso Vai levando a vida pensando na escola Enxuguei teus soluços E pensando na escola vai pensando na avenida E afaguei teus braços Vagando na vida só no samba consola. Fui teus sinais, teus traços Fui muito mais pra ti Sem ligar muito pra hora e pro dia Fui concerto e canção Só pensa no samba, na escolha do enredo Fui cravo e não espinho E guardando as estrofes, o refrão da poesia Vivi a limpar teus caminhos Parece um tesouro. É puro segredo. Ficaste moça linda e formosa Ficaste moça leve e perfumosa Quando aponta a escola cantando seu samba Ficaste moça estranha e dengosa, Soluça o menino em seu interior De repente, para ofuscar minha alegria Foi o ano inteiro andando em corda bamba Para finalmente exprimir arte-amor. Sem pensar foste em busca de outras companhias Te rebelaste contra teu próprio pai Ninguém decifrará donde velo a melodia Que hoje chora a perda da moça meiga e bela Ninguém descreverá donde saiu a canção Que embalou os sonhos da janela Pois dos poetas do povo ela vem todo dia Daquela casa de madeira do Morro. No surdo que marca as batidas do coração. Resignado, eu, teu pai Vou deixar-te a sofrer um pouquinho sem mim São assim os poetas da arte do povo Para que conheças teus novos parceiros Que descem do Morro pra encantar a cidade E para que num dia desses de chuva e trovões E sempre compõem um lindo samba novo Sem o afago de meu grito de guerra Que corre fama e lhes devolve a felicidade. Voltes, mansa, de novo para mim Implorando que não seja o fim De nós dois, da nossa família, pai e filha. 25 26 Samba Novo Jardim Florido Meu samba Chega bem devagarinho Vem chegando de mansinho Quando a voz ecoa fundo Vem devagar Quando a mão procura alguém Meu samba Quando a beleza é o mundo Eu me fiz bem mais contente Quando a melodia vem No meio de minha gente Noutra canção a cantar O amigo é mais bonito Meu samba O amanhã esperança Minha escola é majestade A mulher eterno abrigo Símbolo da liberdade O ar areja bonança Reino forte de emoção Meu samba Quando o céu é confiança Você trouxe a alegria Quando a mente fica limpa Protegido pela guia Quando a noite é criança Fez do Morro campeão Quando a inspiração é grimpa Então valeu senhor A boca fala Tanto lutar para ver O coração acelera Ontem semear sementes A maldade cala Hoje o jardim florescer O bem impera Surge ele, do povo. Dedicado ao Axé Mãe Preta, Nasce um samba novo. Samba de Gilson e Almeron. 27 28
  • 8. Minha Maldade (Samba) Meu Novo Amor (Escola de Samba) Quando você chorou Seu pranto molhou meu peito Meu coração alagou Meu verso estava feito Andei pelo mundo E pelo mundo onde andei Vi seu choro sem soluço Procurei meu sonho Vi silêncio e calmarias O meu sonho procurei Sendo expulso vi o amor Dando lugar a agonia Conheci mil coisas belas Acalentei meu sonhar Quando você chorou Sambei muito entre elas Vi faltar água na fonte Serviu só pra me alegrar Para regar a flor Que abriu meu horizonte E assim Quase perdido em desencanto Vi faltar a harmonia Enxuguei todo meu pranto Coisa comum nos casais Bem ali no meu pomar A alegria vi se esvair Que aliviou meus ais Ela é Hoje a fruta mais gostosa Amor perdoa Meu alimento, minha prosa jamais posso te perder Meu pavilhão, meu olhar. Quase perdi minha vida Pois minha vida é você 29 30 Pureza Ferida (Samba) A pura beleza Estampada em teu rosto Tão simples, tão belo A Passista Socorro A singeleza Em teu moreno corpo Doce caramelo A alegria Em tuas doces palavras Tão boas de ouvir Tuas carícias Ou simples malícias Bate o relógio: seis horas da tarde. Tão bom de se sentir Lá vem ela subindo o Morro, Esses teus negros olhos O sol senta, já não arde Tão cheios de brilho Vai rebolando. É a Socorro. Torrentes de vida A tua boca Bate o relógio: seis da manhã. Teus lábios carnudos Lá vai ela, descendo a ladeira E mãos atrevidas O sol nasce, é o amanhã Fizeram menino É sempre assim: trabalhadeira. Esse teu poeta Esse teu cantor Nessa vida. Entra ano e sai ano Louco felino Nunca muda esse cotidiano Sem traço e sem meta É mulher, índia, guerreira. Te deu todo amor E então veio a noite Sobe e desce todo dia, Com as trevas o medo, a desilusão Sem perder a alegria Você revelando alguns seus segredos É mulher. Bela e faceira. E sem compaixão Deixou teu menino em desatino Chorando num canto, banhado em lamento Em profundo pranto Só restou o sofrimento Mas não há de ser nada, não, não há O castigo é seu, foi você quem perdeu Quem vivia a te amar. Eu. 31 32
  • 9. Alegoria Artesão Adorna as flores do jardim Enfeitando o que já é enfeite Surge a arte Às vezes é flor de jasmim Do seio e do suor do povo. Às vezes café com leite. É a nossa parte Materializar o sonho novo. Se o jardim que se plantou Fez-se jardim ambulante Barro, pano e madeira Faz-se também furta cor Couro, tinta e lata E alterna opaco e brilhante. Arame, martelo, besteira Misturando ouro e prata. Adereçando meus sonhos De compostura confusa Surge a arte Que se fizeram desenhos Parte final da história Com mil faces difusas. Que resulta em Carnaval Ficou pronta nossa parte E o jardim do sonho completo Resta buscar a vitória Feito desfile de flores na avenida E levantar nosso astral. Onde o folião atrepado Dá-lhe movimento e vida. 33 34 Rainha Vitória Vaga pelo espaço meu pensamento Sem que consiga concatenar as idéias Porque um imenso vazio Se apossou de mim ultimamente Sem me permitir sonhar meus inocentes sonhos. Rainha Vitória Penso em "vitória" despedaçadamente. Espero vê-Ia logo à minha frente Senti-Ia terna e pura, feito filha Senti-Ia altiva e nobre, feito mãe Hora é palpável e material Senti-Ia possível, como em meus sonhos Hora é sonho absolutamente desfeito É tudo o que preciso Hora é cinza que vejo despejada no cinzeiro Para que o sangue guerreiro volte Hora é a fumaça que foge das minhas mãos A correr em meu corpo. Sem me permitir senti-Ia jamais Hora retoma aos meus braços, de noite Rainha Vitória E me endoida durante o dia inteiro Sem ti não há luta Hora me acorda em sonho pesado, Sem ti não há esperança De madrugada E não me permite mais dormir Sem ti não há vida em mim. Me forçando a ver clarear o dia E me aumentando as olheiras no rosto cansado. Rainha Vitória Comparo a minha luta por ti Às lutas e ao sofrimento dos Grandes da história Se os diminuo em razão dos meus sonhos Que se diminuam, não me importo O que me importa É que comparo minha luta Às lutas de Bolívar, Arafat, Mandela ... 35 36
  • 10. Lugar Feliz (Samba) Enredo Apesar de viver sobre a lama O Morro chama Por você pra sambar Apesar de o tempo ser triste A felicidade existe E com o Morro forma o par Bem-vindo Se envolve em sua pobreza Enredo dos meus sonhos E alimenta a certeza Bem-vindo Que a liberdade chegará Sonhos de meu enredo Bem-vinda Seja por um simples ato Fantasia de meus dias Seja por vias de fato Bem-vinda Este povo sorrirá Ilusão dos meus segredos E esta poesia mostra Que seja lindo e colorido Através de sua terra exposta Que seja alegre e vibrante Num dia-a-dia contente Que seja o manto protegido Envolto sempre em ternura Que proteja minha amante De face simples e pura Simples povo, pura gente E que me conte algo novo No folhetim da história. Ah! Morro amigo querido Sei que teu brio ferido Foi Deus que assim quis Mas és da luta a glória Em breve mudarás a história Serás um lugar feliz. 37 38 Pó Brilhante Os Pés Quem brilha, e brilha De verdade Clareia a avenida, de vida E Liberdade Deixa-me beijar teus pés. E essa liberdade que brilha Porque quando eu os beijar E incendeia Estarei beijando os pés É o brilho natural das cores Daquelas que conduziram as trouxas de roupa: Que incendeia. - As lavadeiras do Igarapé da Vovó. Estarei beijando os pés O brilho alucinante Das crianças que correm subindo a Que faz de conta que brilha Rua São Benedito, E que empolga o brincante Estarei beijando os pés Quando aspira sua trilha Das mães do Igarapé do Quarenta, E retira a inocência Que os poderosos teimam em não enxergar Que da vida faz o brilho Sua luta e seu sofrimento. Que não é a aparência Mas do canto o estribilho, Deixa-me beijar teus pés Da canção o tom mais forte Porque quando o fizer Que o cantor faz entoar Estarei beijando os pés Quando assim brilha na música Daqueles que construíram o Morro Realmente a desfilar. E estarei, sobretudo, beijando os pés Que conduziram o Reino Unido O pó brilhante que conta A tantas vitórias! No carnaval, na avenida É o pó que brilha o corpo Bom pros olhos e pra vida. 39 40
  • 11. 1988 - Conta Amazonas Lantejoula As lendas, emoções inesperadas Foi o que a cidade viu passar Na frente, árvores inacabadas Brilha de lado e de frente Os juizes, pasmos, a olhar Brilhante de tons diferentes. Sem entenderem o incêndio Clareia meus olhos opacos O fogo em erupção São cores, brilhos os cacos. Escorrendo sob aplausos Frenesi na multidão Milhões de imagens se faz Que escolheu a vencedora Trilhões de formas de paz Mas a comissão julgadora Com a carta marcada na mão Coberto o Morro de lantejoula Sem nenhuma piedade Se embebe em néctar de papoulas. Na contramão da cidade Escreveu: decepção. E mesmo sem a vitória Aquela menina simplória Retirou do morro o caos Quando apaixonou Manaus. 41 42 Barracão Que ao alvorecer não será mais um lençol Mas um estandarte ou uma franja Quando recolhido em meu canto Ainda de noite, Veio as coisas surgindo Novas visitas Evoluindo, Novos devaneios Saindo do nada E novos planos Somente da mente da gente Não são mais pobres Nascendo entre vários sons São orgulho só Se fazendo presentes A mãe que chega Quando recolhido em meu canto A irmã que traz notícias Veio a solidariedade O pedido de um diretor Armada entre ferragens Uma reunião pra falar sério Entre ferramentas e madeira O presidente que fala, fala, fala... Sinto o bem estar Injeta ânimo De estar ao lado Distribui cigarros De homens e mulheres Serve café Brancos, pretos e índios, Eles querem mostrar a sujeira da produção Mais índios O cansaço, a estafa Que brancos e pretos. Apontam a obra prima irmã do sonho No dia a obra Querem um carinho Animada sob o som Precisam de um abraço De um samba novo Não lhes importa mais nada De um abraço de quem chega Somente um abraço, com carinho De uma saudação de quem vai Um cigarro De um lanche ou um presente de visitante A confiança Eles, orgulhosos, são os donos da festa Sentem-se homens assim E feito pavões Importantes feito gente grande Ficam orgulhosos de sua obra Importantes feito gente humilde. De sua sujeira Ainda é noite, De seu cansaço. Cantarola-se um samba, ao fundo Quando recolhido ao meu canto, Devora-se goles A noite ouço estórias engraçadas Da cachaça proibida, no ambiente. Misturados aos que continuam a trabalhar E eu, recolhido ao meu canto O beijo da namorada nova Vejo quanto amor Ou da namorada do dia Se derrama pelos cantos Buscam o esconderijo Dos olhos dessa gente Dentro das sujas redes Que traz no sangue Ou descansam o cansado corpo O sentimento da arte popular. Após um banho rápido, Vou gostando, cada vez mais, desse clima Sobre uma peça de pano Desse clímax 43 44
  • 12. Desse ambiente simples De mutirão em forma de arte De vida comum De comunidade Comida dividida Espelho Bebida distribuída igualmente Construindo ilusões Sonhos de muitos Desejo de milhares Glória de poucos Que se sentem gente Humilde e importante Construtores e irmãos Quebrado ou inteiro Experientes, mas meninos Reflete alegria Que irresponsavelmente Seja cedo ou tarde Abandonam suas vidas Seja noite ou dia E que responsavelmente Deliciam-se nos prazeres Reluz as imagens Da convivência com o parceiro Que a gente sonhou Simplesmente no afã Confundindo a cena De construir a alegria Que o artista formou De um carnaval, De um lugar, Espelho quebrado De uma cidade, Juntado do lixo De uma vida Serviu de beleza Em forma de arte. Compôs um capricho Barracão da Reino Unido, na preparação do AXE MÃE PRETA (1989) Espelho inteiro Perfeito e polido Deformou a cena Perdeu o sentido O lixo do espelho virou arte pura Compondo o cenário do que é essa vida E a peça luxuosa falhou na avenida 45 46 Pavilhão Pluma Bandeira, Estandarte, Balção, Pendão, Lábaro, Seja lá como queiram chamar. Nobreza colorida Mas quando este pedaço de pano Necessária aparição Tremula dançando no ar Desfilante na avenida Meu corpo é que treme insano O tom leve da visão. Sob meu molhado olhar. 47 48
  • 13. O Tamborim Ala das Baianas O samba as fazem girar O couro agudo afinado E também cuidar de nós Nas mãos de um bom tocador Na avenida se transformam Coreografa o bailado Num campo de girassóis. Com fortes batidas de amor. 49 50 A Bateria A Fantasia Mãos e cordas Lata e couro A fantasia é tudo Pano e bordas Pois tudo é fantasia Prata e ouro E fantasia na pista Som, compasso, animação O povo em harmonia. É da Escola o coração. 51 52
  • 14. A Torcida Organizada A Rainha da Bateria Vou olhar no teu olhar Pois quero vê-Ia brilhar E quando o brilho for crescendo Sei que também vou chorar Vou levantar os teus braços Bem na altura dos meus Para fechá-Io em abraços Vai sambando bem na frente Entrelaçando-me aos teus Frenética e alucinante Reluzindo na avenida Vou soltar a minha voz Como uma pedra brilhante. Junto contigo em coral Juntando à voz do povo Que embala o carnaval Vou aplaudir loucamente Tudo o que for passando Desde a comissão de frente Até quem vier limpando. 53 54 Vai com Deus Reino Unido (O GRITO DE GUERRA) Clareou, escureceu. Balançou, estremeceu. O Carnavalesco Agitou, ensurdeceu. Rufaram os tambores Benzeram-se os cantores Rezaram os diretores Foguetes espocaram Destaques se arrumaram Casais se abraçaram De repente, da visão Cavaquinho afinado De um lampejo da vida, Carro alegórico adornado De qualquer um lugar Pulmão paralisado O artista põe a mão Vê seu povo na avenida Semblantes tensos Feito esmeralda a brilhar. Abraços extensos Beijos imensos Dá forma a todas as artes E as artes a ele obedecem Vai falar o presidente Monta sua tela em partes Vai ter choro de emoção Mesmo às noites se aquecem O seu "grito" é comovente Fadiga e talento em contraste Emociona o folião Que aos sonhos rejuvenescem. Fala o que vem à mente Quando monta a aquarela Solta a escola na avenida E as cores vão dançando, Faz chorar o componente Surge a cena mais bela: Manda alegrar a vida ... O artista "viajando". É sempre assim todo ano Com seu povo reunido Solta o discurso profano "Vai com Deus meu Reino Unido..." 55 56
  • 15. Quarta-Feira (Cinzas) Ambiente Vivo da Memória A pontuação contada A bebida tragada Terra preta... pés descalços... espinhos de tucumã A testa suada Urtigas batendo nas pernas... coceira de matar qualquer um Pés de sorva... campinho de peladas... bola de seringa A camisa enfeitada Castanheiras... cacimbas de água cristalina... cajueiros. A voz apressada Barranco alto... piranhas... aracus... pacús... traíras A tez preocupada Catraia... canoas e botes... remo e faia... igarapé cheio Nado livre... afogamento sem morte... folhas de vindicá Concluída a apuração Sabão em pedra... trouxa de roupa... lavadeiras.. . Meia voz vira explosão Linha de nylon e anzol... tarrafa e malhadeira Pipira... sanhaçu... bem-te-vi... Mil gestos de vibração tesouras... caga sibite... rasga mortalha... preguiças Papagaios de papel.. casquetas... linha zero... linha zebra Só se ouve o samba enredo Floresta viva... vida nativa... raízes presentes Tantas vezes repetido Sessenta e sete... Distrito Industrial... fábricas E as baquetas entre os dedos Progresso... empregos... linha de montagem Dando o tom: dever cumprido Esgoto... fezes... destruição veloz... morte Jaz o Igarapé do Quarenta... meu riacho... O povo dança endoidecido Minha infância... meu brinquedo... (quebrado). Como se não houvesse o amanhã Comemorando a vitória Da escola campeã. 57 58