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O MAR
Rio
As águas vêm de longe,
                                                       O mar,
trazem o mundo,
                                                       o meu mar.
os montes a terra as pedras                            todo o mar
os bichos pólen                                        do mundo
                                                       ao meu encontro.
as folhas e a luz                                      Mar meu,

a chuva o granizo                                      centro.

e a sede dos homens                                    Mergulho
                                                       no mar.
o rumor das noites e dos dias.
                                                       Entro?
Rio vivo, quase mudo,
cheio de água
                                                       Ou entra
cheio de terra
                                                       em mim
cheio de tudo.
                                                       o mar?
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Eu sou português             no gingar de um marinheiro.      em cada gesto
aqui
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                                                              ao pé do mar
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do vento                     campeão do improviso             Eu sou a festa
                             trago as mãos sujas do sangue    inacabada
Nasci                        que empapa a terra que piso.     quase ausente
deste lado da cidade
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nesta margem                 Eu sou português                 a luta antiga
no meio da tempestade        aqui                             renovada
durante o reino do medo.     na brilhantina em que embrulho   ainda urgente.
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e o luar sabia a azedo.      eu sou filho do sarilho          aqui
                             no gesto desmesurado             o português sem mestre
                             nos cordéis do desenrasca.       mas com jeito.
                                                              Eu sou português
                                                              aqui
                                                              e trago o mês de Abril
                                                              a voar
Rei, Capitão, Soldado, Ladrão
Tudo de pernas para o ar                           Rei, capitão,
                                                   soldado, ladrão,
Numa noite escura, escura,                         menina bonita

o sol brilhava no céu.                             do meu coração.

Subi pela rua abaixo,
                                                   Não quero ter coroa,
vestido de corpo ao léu.                           nem arma na mão,
                                                   nem fazer assaltos
Fui cair dentro de um poço                         com um facalhão.
mais alto que a chaminé,
                                                   Quero ser criança,
vi peixes a beber pão,                             quero ser feliz,
rãs a comerem café.                                não quero nas lutas
                                                   partir o nariz.

Construí a minha casa
                                                   Quero ter amigos
com o telhado no chão                              jogar futebol,
e a porta bem no cimo                              descobrir o mundo
para lá entrar de avião.                           debaixo do sol.

                                                   Rei, capitão,
Na escola daquela terra
                                                   soldado, ladrão,
ensinavam trinta burros.
                                                   não.
O professor aprendia
                             SELECÇÃO DE EDWIGES
a dar coices e dar zurros.                         Mas quero a menina
                                                   do meu coração.
Poemas perdidos.


                       Real, real porque me abandonaste?
                       E, no entanto, às vezes bem preciso
                       de entregar nas tuas mãos o meu espírito
                       e que, por um momento, baste
                       que seja feita a tua vontade
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                       não digo a vida, mas ao menos o vivido,
                       nomes e coisas, livre arbítrio, causalidade.


                       Oh, juntar os pedaços de todos os livros
                       e desimaginar o mundo, descriá-lo,
                       amarrado ao mastro mais altivo
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  • 1. O MAR Rio As águas vêm de longe, O mar, trazem o mundo, o meu mar. os montes a terra as pedras todo o mar os bichos pólen do mundo ao meu encontro. as folhas e a luz Mar meu, a chuva o granizo centro. e a sede dos homens Mergulho no mar. o rumor das noites e dos dias. Entro? Rio vivo, quase mudo, cheio de água Ou entra cheio de terra em mim cheio de tudo. o mar? SELECÇÃO DE ADILSON
  • 2. EU SOU PORTUGUÊS AQUI Eu sou português aqui Eu sou português em terra e fome talhado aqui feito de barro e carvão no teatro mentiroso Nasci rasgado pelo vento norte mas afinal verdadeiro aqui amante certo da morte na finta fácil no mês de Abril no silêncio da agressão. no gozo quando esqueci toda a saudade no sorriso doloroso e comecei a inventar Eu sou português no gingar de um marinheiro. em cada gesto aqui a liberdade.o mas nascido deste lado Nasci do lado de cá da vida deste lado da ternura Nasci do lado do sofrimento do coração esfarrapado aqui da miséria repetida eu sou filho da aventura SELECÇÃO DE ADMILSON ao pé do mar do pé descalço da anedota do acaso de uma garganta magoada no cantar. do vento campeão do improviso Eu sou a festa trago as mãos sujas do sangue inacabada Nasci que empapa a terra que piso. quase ausente deste lado da cidade eu sou a briga nesta margem Eu sou português a luta antiga no meio da tempestade aqui renovada durante o reino do medo. na brilhantina em que embrulho ainda urgente. Sempre a apostar na viagem no alto da minha esquina quando os frutos amargavam a conversa e a borrasca Eu sou português e o luar sabia a azedo. eu sou filho do sarilho aqui no gesto desmesurado o português sem mestre nos cordéis do desenrasca. mas com jeito. Eu sou português aqui e trago o mês de Abril a voar
  • 3. Rei, Capitão, Soldado, Ladrão Tudo de pernas para o ar Rei, capitão, soldado, ladrão, Numa noite escura, escura, menina bonita o sol brilhava no céu. do meu coração. Subi pela rua abaixo, Não quero ter coroa, vestido de corpo ao léu. nem arma na mão, nem fazer assaltos Fui cair dentro de um poço com um facalhão. mais alto que a chaminé, Quero ser criança, vi peixes a beber pão, quero ser feliz, rãs a comerem café. não quero nas lutas partir o nariz. Construí a minha casa Quero ter amigos com o telhado no chão jogar futebol, e a porta bem no cimo descobrir o mundo para lá entrar de avião. debaixo do sol. Rei, capitão, Na escola daquela terra soldado, ladrão, ensinavam trinta burros. não. O professor aprendia SELECÇÃO DE EDWIGES a dar coices e dar zurros. Mas quero a menina do meu coração.
  • 4. Poemas perdidos. Real, real porque me abandonaste? E, no entanto, às vezes bem preciso de entregar nas tuas mãos o meu espírito e que, por um momento, baste que seja feita a tua vontade para tudo de novo ter sentido, não digo a vida, mas ao menos o vivido, nomes e coisas, livre arbítrio, causalidade. Oh, juntar os pedaços de todos os livros e desimaginar o mundo, descriá-lo, amarrado ao mastro mais altivo do passado! Mas onde encontrar um passado? SELECÇÃO DE CLAUDINA