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Eu me propus a desenhar um artifício com o qual eu pudesse me identificar, a fim de localizar um ponto de
exotismo e assim fazer valer o som e o suposto sentido das palavras em meu repertório não muito vasto, ou
não muito concreto do que se pode chamar de vocabulário.
Assim eu não me comprometo a buscar nada; apenas experimentar algo de novo ou não muito rebuscado do
glorioso sabor que se sente ao escrever, como se estivesse contando histórias.
Passo a Passo, extremamente rápido fiz Promessas Absurdas com característica vulgar de quem está
querendo protestar alguma coisa, mesmo que seja algo banal.
Mente Exposta sim. Com essa aprendi a definir o que sinto. Já não se tolera mais a simples exposição do
corpo e da alma em favor de uma situação agonizante na qual apenas se liberta energias para se defender
dos mais constrangedores corredores do nosso valioso tempo. É necessário perceber que só através de uma
decisão convicta e plausível, devemos nos expor a situações que criamos. Devemos assumir a nossa própria
postura.
Quem já não sentiu os raios excitantes e o odor perfumado de momentos atraentes? Paro de pensar e
escrevo O Charme que nunca envelhece e que tanto procuram.
Atrás de todo relacionamento corporal e sensorial sentimos a estranha (ou deliciosa) sensação de estarmos
perseguindo algo de valor em nossas carícias e futilidades.
Transa é um desenho estético e carinhoso de valores que aos poucos assumimos.
4. Passageiro De Um Falso Lugar
It’s raining Out There. We must learn a lesson once more. The pain and rain will always be the same
wherever situation in our lives. Although I need to live I’ll never forget your lips and your eyes. As soon
as possible I will understand the world where I live.
1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
Vamos tentar entender o porquê de nossas questões sobre relacionamento amorosos que não deram certo em
diversas ocasiões. É difícil. O fácil é aprimorar os sentimentos que nos restam traze-los à tona, no
marasmo do dia seguinte, apesar de tudo. Verdes Temporais se passa neste momento em que eu apenas
refleti num modo “melhor” de encarar o sarcasmo do final não muito feliz.
São Paulo ainda é para mim o que foi para muitos outros: uma viagem alucinante no seio de um sistema
que se encontra em constante e irreversível entropia, fruto de uma metrópole. Delírio Casual basta para
retirar de mim o que sinto e vejo nos arredores marginais desse extremo complexo.
O que estarei fazendo aqui? Se bem sei, tentando avaliar um dado momento histórico que faz jus ao final
do milênio? Não sei. Sou ou não, um passageiro de Um Falso Lugar?
Em Meu Mundo pouco restou daquilo que eu quis expressar de mais concreto, diante dos momentos
queridos que passamos lado a lado, confidenciando delícias do nosso íntimo.
Agora retira-se a máscara e passa-se um bom creme em nossa face.
Paulo Maia, São Paulo, Verão de 1988.
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5. Promessas Absurdas
Mente Exposta
1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
O Charme
Transa
It’s Raining Out There
Verdes Temporais
Delírio Casual
Um Falso Lugar
Meu Mundo
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6. Promessas Absurdas
Eu sei que fiz promessas absurdas mas não foi nem metade do que você fez
Todo o nosso começo atrevido teria coragem de vivê-lo mais uma vez?
1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
O nosso mesmo copo de cerveja amargou e ficou todo fora do real
E todos esses pratos na mesa refletem o vazio da nossa moral
E se quiser mais promessas, não viva sentindo as coisas avessas
Assistindo à TV, uma coisa normal. E os galantes falando na tela global
O conflito no país é uma coisa geral, acreditamos na retórica de todo boçal
E fazem promessas absurdas. Sentimos o peso de um clima tropical
Acho que todos querem o mesmo objeto, uma coisa imunda com tanto poder
Se ver no espelho e sentir seu reflexo, não é tudo o que podemos fazer
E as coisas rolam no meu quintal e você nem crê no poder desse mal
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7. Mente Exposta
Acontece uma em zil vezes
Admirar o amor quando este aparece
Sentir arrepios, medo, suar
1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
Gerar emoções quando o sol chegar
Delirar é estar com a mente
exposta às sensações que o mundo oferece
A loucura se manifesta os olhos observam o
espaço pensando em ficar
Anoitece e o sol já se foi
Que história é essa meu amor ?
O corpo está sozinho e eu já não sinto
o toque da poesia nas minhas mãos
Acontece um milhão de vezes suportar
a dor quando esta vem sem avisar
Rabiscar as velhas linhas e encontrar
um caminho bem mais vulgar
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8. O Charme
Ah! quanto sonhar, ter no sonho um livre olhar
Viver é bem mais prazer
É, a vida oferece sentimentos e faz e acontece
1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
Um charme que nunca envelhece
Mas comigo é tão estranho um sussurro no ouvido
Quero mais, não, não que me enlouqueça
As vidas são assim, porque assim são tratadas
Não, a dor não passa de uma coisa amarga e é amarga porque é infeliz
Ah! quanto sentir, ter no íntimo a noção do luzir
Você tão doce e suave
Sim, estou tão contente na estrada de um sentido inocente
O charme que tanto procuram
Mas o destino quis assim, brincadeiras de menino
Quero mais, sim, e que o charme agora faça cena linda e gostosa
Sim, que a vida passe inteira no cinema, jóia liberada
O charme que nunca envelhece e que tanto procuram
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9. Transa
1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
Quando estamos mesmo a sós nossos corpos se dilatam
E procuram ofegantes uma paz alucinante
Sem demoras e sem dramas não pecamos por tentar
Somos os mesmos na cama, nem que o teto seja o luar
E não importa o vulgar se no vazio não está
É diferente e sem mistérios por pior não vai ficar
No seu corpo o infinito vem pedindo para entrar
A ilusão recorre ao grito e de prazer vamos gozar
Nosso amor não tem história da mesmice social
Nossa vida só recorre ao prazer sentimental
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10. It’s Raining Out There
It’s raining out there you know
It’s raining out there with a love song (here)
There are people out there moving on
We have all the time and there’s nothing wrong
1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
But it’s raining out there and our smile keep so shine
We’re under a spell by the sunlight and love used to be fly
It’s raining out there just for a while
It doesn’t matter if we can’t give all the time
Someday our problems will disappear
Someday the sun will reappear
Our promises are forgotten
And tomorrow will ever coming in
The rain and pain will always be the same
If you try anyway you can call my name
It’s raining out there and we’re dreaming inside here
It’s raining out there and we’ll fell the sunshine in 10
11. Verdes Temporais
Ah! Nestes vales verdes
Verdes temporais
1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
Quantos temporais
Quis revigorar
Nesta fortaleza
A imaginação
Quanta solidão
Que voa no sonho
Um espaço no tempo
Desse espaço no tempo
Refletindo um sonho
Que tem esta canção
Eu sempre quis lhe dar
Uma palavra forte
Minha juventude
Fortalece a paixão
Quis revigorar
Que sinto por você
Nestes vales verdes
Nestes temporais
No meu coração
Quis iluminar
Passou-se o tempo
Minha lucidez
E fiz esta canção
Sabendo o porquê
E quis cantar pra você
De te amar
O universo quente
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12. Delírio Casual
Um pouco de tolice à nossa cabeça
E que o real nunca nos enlouqueça E choramos juntos
Descobrimos que o mal é uma besta Realçamos a pintura dessa tribo
Em choque com os limites
1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
São animais ferozes soltos na relva
Das calçadas molhadas de São Paulo
Do metrô que passa por baixo de ti Penso em caminhar um só pouquinho
Com todos os signos visuais Levando comigo o som
Penso em espantar a tristeza
Seus sintomas me levam a crer E realizar a canção
Nos ruídos da TV E o reinado da sorte, lança a visão
Nos soldados a cavalo que passeiam Dos guerreiros da morte, da paixão
E não percebem a chuva
Não pisam no solo que é terra O raiar da sedução
No vida comum, no bojo da terra Encosta o corpo na parede
Prédios que incendeiam a noite E as delícias do tesão
Caem tudo na mesma rede
Sente-se no topo do mundo A fiel encarnação do amor é febril
E faça-me rir, faça-me feliz Fecha a mente, cala a boca no vazio
Neste gigantesco oásis bem no meio do país 12
13. Um Falso Lugar
Reconheço o seu falar Muitos vivem na certeza
No seu tom familiar De que o eterno vai vingar
1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
As palavras descem secas Vivem disso passageiros
Sabem mesmo respirar De um falso lugar
Nas paredes pedras
mórbidas Na derrota cairemos
Neste particular No maldito mal-estar
Os estímulos do planeta
Sinto e ouço suas batidas Sabem gesticular
Uma idéia singular E na vitória sentiremos
Paro e penso no devoto O vazio oscilar
Pedra fria no altar
São seis horas, nunca é tarde Muitos vivem na certeza
Nesse mesmo lugar De que a fase vai passar
Morrem nesta, passageiros
Esta vida não tem preço De um falso lugar
Quase sempre é um tentar
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14. Meu Mundo
eu sempre sonhei que aqui estivesse
eu nunca pensei que você viesse
1988 © Paulo Maia. Todos os direitos reservados.
a me tocar tão fundo no meu mundo
eu nunca achei que fosse te achar
e sempre pensei que não existia
ninguém que te queria
me queria, me entendia
e eu te amei num mundo que achei que era normal
e vi o que era
era o meu olhar perdido numa esfera
perdido...
eu sempre tentei me esquecer de chorar
mas nunca deixei de me apaixonar
quis sempre tocar tão fundo no meu mundo
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15. Passageiro De Um Falso Lugar
Todas as letras foram compostas por PAULO MAIA,
exceto “Meu Mundo”, por PAULO MAIA e VANYA SANSIVIERI
São Paulo - 1988