O documento descreve a resistência de Canudos até seu completo esgotamento, quando os últimos quatro defensores, um velho, dois homens e uma criança, foram mortos pelos cinco mil soldados que cercavam a cidade.

1. O pré-modernismo
Manoel Neves

2. O PRÉ-MODERNISMO
linhas gerais
Canudos
não
se
rendeu.
Exemplo
único
em
toda
a
História,
resis9u
até
ao
esgotamento
completo.
Expugnado
palmo
a
palmo,
na
precisão
integral
do
termo,
caiu
no
dia
5,
ao
entardecer,
quando
caíram
os
seus
úl9mos
defensores,
que
todos
morreram.
Eram
quatro
apenas:
um
velho,
dois
homens
feitos
e
uma
criança,
na
frente
dos
quais
rugiam
raivosamente
cinco
mil
soldados.
CUNHA,
Euclides
da.
Os
sertões.
São
Paulo:
Á9ca,
2005.
transição entre os estilos do fim do século XIX e o modernismo;
“já é moderno”: denúncia social a partir da perspectiva do oprimido;
“ainda não é moderno”: estilo e linguagem passadistas;
Lima Barreto: é moderno tanto na forma quanto na temática;
denunciam-se as condições adversas enfrentadas no campo e na cidade.

3. TEXTO
ENEM-2002
A
palavra
tatuagem
é
rela9vamente
recente.
Toda
a
gente
sabe
que
foi
o
navegador
Cook
que
a
introduziu
no
Ocidente,
e
esse
escrevia
ta,ou,
termo
da
Polinésia
de
tatou
ou
tutahou,
“desenho”.
Desde
os
mais
remotos
tempos,
vemo-­‐la
a
transformar-­‐se:
dis9n9vo
honorífico
entre
uns
homens,
ferrete
de
ignomínia
entre
outros,
meio
de
assustar
o
adversário
para
os
bretões,
marca
de
uma
classe
de
selvagens
das
ilhas
marquesas
(...)
sinal
de
amor,
de
desprezo,
de
ódio
(...).
Há
três
casos
de
tatuagem
no
Rio,
completamente
diversos
na
sua
significação
moral:
os
negros,
os
turcos
com
o
fundo
religioso
e
o
bando
de
meretrizes,
dos
rufiões
e
dos
humildes,
que
se
marcam
por
crime
ou
por
ociosidade.
RIO,
João
do.
Os
tatuadores.
Revista
Kosmos.
1904,
apud:
A
alma
encantadora
das
ruas,
SP:
Cia
das
Letras,
1999

4. QUESTÃO 01
ENEM-2002
Com
base
no
texto
são
feitas
as
seguintes
afirmações:
João
do
Rio
revela
como
a
tatuagem
já
estava
presente
na
cidade
do
Rio
de
Janeiro,
pelo
menos
desde
o
início
do
século
XX,
e
era
mais
u9lizada
por
alguns
setores
da
população.
A
tatuagem,
de
origem
polinésia,
difundiu-­‐se
no
ocidente
com
a
caracterís9ca
que
permanece
até
hoje:
u9lização
entre
os
jovens
com
função
estritamente
esté9ca.
O
texto
mostra
como
a
tatuagem
é
uma
prá9ca
que
se
transforma
no
tempo
e
que
alcança
inúmeros
sen9dos
nos
diversos
setores
das
sociedades
e
para
as
diferentes
culturas.
Está
CORRETO
o
que
se
afirma
APENAS
em
I
II
III
I
e
II
I
e
III

5. SOLUÇÃO COMENTADA
ENEM-2002
No
trecho
da
crônica
de
João
do
Rio,
datado
de
1904,
mostra-­‐se
que
a
tatuagem
já
estava
presente
no
Rio
de
Janeiro,
no
início
do
século
XX
e
era
de
uso
específico
de
uma
camada
da
população.
Por
isso,
o
que
se
afirma
em
I
é
verdadeiro.
O
texto
evidencia,
ainda,
que
em
cada
sociedade
a
tatuagem
assume
um
valor
cultural
diferente
–
mo9vo
de
honra
em
alguns
lugares,
é
mo9vo
de
discriminação
em
outros,
o
que
nos
leva
a
afirmar
que
o
item
III
também
é
verdadeiro.

6. TEXTO
ENEM-2005
Depois
de
um
bom
jantar:
feijão
com
carne-­‐seca,
orelha
de
porco
e
couve
com
angu,
arroz-­‐mole
engordurado,
carne
de
vento
assada
no
espeto,
torresmo
enxuto
de
toicinho
da
barriga,
viradinho
de
milho
verde
e
um
prato
de
caldo
de
couve,
jantar
encerrado
por
um
prato
fundo
de
canjica
com
torrões
de
açúcar,
Nhô
Tomé
saboreou
o
café
forte
e
se
estendeu
na
rede.
A
mão
direita
sob
a
cabeça,
à
guisa
de
travesseiro,
o
indefechvel
cigarro
de
palha
entre
as
pontas
do
indicador
e
do
polegar,
envernizados
pela
fumaça,
de
unhas
encanoadas
e
longas,
ficou-­‐se
de
pança
para
o
ar,
modorrento,
a
olhar
para
as
ripas
do
telhado.
Quem
come
e
não
deita,
a
comida
não
aproveita,
pensava
Nhô
Tomé...
E
pôs-­‐se
a
cochilar.
A
sua
modorra
durou
pouco;
Tia
Policena,
ao
passar
pela
sala,
bradou
assombrada:
—
Êêh!
Sinhô!
Vai
drumi
agora?
Não!
Num
presta...
Dá
pisadêra
e
póde
morrê
de
ataque
de
cabeça!
Despois
do
armoço
num
far-­‐má...
mais
despois
da
janta?!”
PIRES,
Cornélio.
Conversas
ao
pé
do
fogo.
São
Paulo:
Imprensa
Oficial
do
Estado
de
São
Paulo,
1987.

7. QUESTÃO 02
ENEM-2005
Nesse
trecho,
extraído
de
texto
publicado
originalmente
em
1921,
o
narrador
apresenta,
sem
explicitar
juízos
de
valor,
costumes
da
época,
descrevendo
os
pratos
servidos
no
jantar
e
a
a9tude
de
Nhô
Tomé
e
de
Tia
Policena.
desvaloriza
a
norma
culta
da
língua
porque
incorpora
à
narra9va
usos
próprios
da
linguagem
regional
das
personagens.
condena
os
hábitos
descritos,
dando
voz
a
Tia
Policena,
que
tenta
impedir
Nhô
Tomé
de
deitar-­‐
se
após
as
refeições.
u9liza
a
diversidade
sociocultural
e
linguís9ca
para
demonstrar
seu
desrespeito
às
populações
das
zonas
rurais
do
início
do
século
XX.
manifesta
preconceito
em
relação
a
Tia
Policena
ao
transcrever
a
fala
dela
com
os
erros
próprios
da
região.

8. SOLUÇÃO COMENTADA
ENEM-2005
Assinale-­‐se
a
alterna9va
“a”,
pois
o
autor
apresenta
os
costumes
de
uma
região
específica
do
Brasil.
Trata-­‐se
de
um
texto
que
segue
a
tendência
regionalista
do
Pré-­‐Modernismo.

9. TEXTO
ENEM-2009
Meia-­‐noite.
Ao
meu
quarto
me
recolho.
Meu
Deus!
E
este
morcego!
E,
agora,
vede:
Na
bruta
ardência
orgânica
da
sede,
Morde-­‐me
a
goela
ígneo
e
escaldante
molho.
“Vou
mandar
levantar
outra
parede...”
Digo.
Ergo-­‐me
a
tremer.
Fecho
o
ferrolho
E
olho
o
teto.
E
vejo-­‐o
ainda,
igual
a
um
olho,
Circularmente
sobre
a
minha
rede!
Pego
de
um
pau.
Esforços
faço.
Chego
A
tocá-­‐lo.
Minh’alma
se
concentra.
Que
ventre
produziu
tão
feio
parto?!
A
Consciência
Humana
é
este
morcego!
Por
mais
que
a
gente
faça,
à
noite,
ele
entra
Impercep9velmente
em
nosso
quarto!
ANJOS,
A.
O
morcego.
In.:
Obra
completa.
Rio
de
Janeiro:
Aguilar,
1994.

10. TEXTO
ENEM-2009
O
lugar-­‐comum
em
que
se
converteu
a
imagem
de
um
poeta
doen9o,
com
o
gosto
do
macabro
e
do
horroroso,
dificulta
que
se
veja,
na
obra
de
Augusto
dos
Anjos,
o
olhar
clínico,
o
comportamento
analí9co,
até
mesmo
certa
frieza,
certa
impessoalidade
cienhfica.
CUNHA,
F.
Roman;smo
e
modernidade
na
poesia.
Rio
de
Janeiro:
Cátedra,
1988
(adaptado).

11. QUESTÃO 03
ENEM-2009
Em
consonância
com
os
comentários
do
texto
2
acerca
da
poé9ca
de
Augusto
dos
Anjos,
o
poema
O
morcego
apresenta-­‐se,
enquanto
percepção
do
mundo,
como
forma
esté9ca
capaz
de
reencantar
a
vida
pelo
mistério
com
que
os
fatos
banais
são
reves9dos
na
poesia.
expressar
o
caráter
doen9o
da
sociedade
moderna
por
meio
do
gosto
pelo
macabro.
representar
realis9camente
as
dificuldades
do
co9diano
sem
associá-­‐lo
a
reflexões
de
cunho
existencial.
abordar
dilemas
humanos
universais
a
par9r
de
um
ponto
de
vista
distanciado
e
analí9co
acerca
do
co9diano.
conseguir
a
atenção
do
leitor
pela
inclusão
de
elementos
das
histórias
de
horror
e
suspense
na
estrutura
lírica
da
poesia.

12. SOLUÇÃO COMENTADA
ENEM-2009
Em
“O
morcego”,
o
locutor,
a
par9r
de
um
evento
banal
[o
avistar
de
um
morcego
no
teto
de
seu
quarto]
faz
reflexões
acerca
da
consciência
humana.
Assinale-­‐se,
pois,
a
alterna9va
"d".

13. TEXTO
ENEM-2010
Negrinha
era
uma
pobre
órfã
de
sete
anos.
Preta?
Não;
fusca,
mula9nha
escura,
de
cabelos
ruços
e
olhos
assustados.
Nascera
na
senzala,
de
mãe
escrava,
e
seus
primeiros
anos
vivera-­‐os
pelos
cantos
escuros
da
cozinha,
sobre
velha
esteira
e
trapos
imundos.
Sempre
escondida,
que
a
patroa
não
gostava
de
crianças.
Excelente
senhora,
a
patroa.
Gorda,
rica,
dona
do
mundo,
amimada
dos
padres,
com
lugar
certo
na
igreja
e
camarote
de
luxo
reservado
no
céu.
Entaladas
as
banhas
no
trono
(uma
cadeira
de
balanço
na
sala
de
jantar),
ali
bordava,
recebia
as
amigas
e
o
vigário,
dando
audiências,
discu9ndo
o
tempo.
Uma
virtuosa
senhora
em
suma
–
“dama
de
grandes
virtudes
apostólicas,
esteio
da
religião
e
da
moral”,
dizia
o
reverendo.
Ó9ma,
a
dona
Inácia.
Mas
não
admi9a
choro
de
criança.
Ai!
Punha-­‐lhe
os
nervos
em
carne
viva.
[...]
A
excelente
dona
Inácia
era
mestra
na
arte
de
judiar
de
crianças.
Vinha
da
escravidão,
fora
senhora
de
escravos
–
e
daquelas
ferozes,
amigas
de
ouvir
cantar
o
bolo
e
estalar
o
bacalhau.
Nunca
se
afizera
ao
regime
novo
–
essa
indecência
de
negro
igual.
LOBATO,
Monteiro.
Negrinha.
In.:
Os
cem
melhores
contos
brasileiros
do
século.
Rio
de
Janeiro:
Obje9va,
2000.
[fragmento]

14. QUESTÃO 04
ENEM-2010
A
narra9va
focaliza
um
momento
histórico-­‐social
de
valores
contraditórios.
Essa
contradição
infere-­‐se,
no
contexto,
pela
falta
de
aproximação
entre
a
menina
e
a
senhora,
preocupada
com
as
amigas.
recep9vidade
da
senhora
para
com
os
padres,
mas
deselegante
para
com
as
beatas.
ironia
do
padre
a
respeito
da
senhora,
que
era
perversa
com
as
crianças.
resistência
da
senhora
em
aceitar
a
liberdade
dos
negros,
evidenciada
no
final
do
texto.
rejeição
aos
criados
por
parte
da
senhora,
que
preferia
tratá-­‐los
com
cas9gos.

15. SOLUÇÃO COMENTADA
ENEM-2010
A
contradição
presente
no
texto
se
refere
ao
fato
de,
numa
sociedade
de
iguais,
a
senhora
tratar
os
negros
como
diferentes.
Assinale-­‐se,
pois,
a
alterna9va
“d”.

16. TEXTO
ENEM-2010
Eu
amo
a
rua.
Esse
sen9mento
de
natureza
toda
ín9ma
não
vos
seria
revelado
por
mim
se
não
julgasse,
e
razões
não
9vesse
para
julgar,
que
este
amor
assim
absoluto
e
assim
exagerado
é
par9lhado
por
todos
vós.
Nós
somos
irmãos,
nós
nos
sen9mos
parecidos
e
iguais;
nas
cidades,
nas
aldeias,
nos
povoados,
não
porque
soframos,
com
a
dor
e
os
desprazeres,
a
lei
e
a
polícia,
mas
porque
nos
une,
nivela
e
agremia
o
amor
da
rua.
É
este
mesmo
o
sen9mento
imperturbável
e
indissolúvel,
o
único
que,
como
a
própria
vida,
resiste
às
idades
e
às
épocas.
RIO,
J.
A
rua.
In:
A
alma
encantadora
das
ruas.
São
Paulo:
Companhia
das
Letras,
2008
(fragmento).

17. TEXTO
ENEM-2010
A
rua
dava-­‐lhe
uma
força
de
fisionomia,
mais
consciência
dela.
Como
se
sen9a
estar
no
seu
reino,
na
região
em
que
era
rainha
e
imperatriz.
O
olhar
cobiçoso
dos
homens
e
o
de
inveja
das
mulheres
acabavam
o
sen9mento
de
sua
personalidade,
exaltavam-­‐no
até.
Dirigiu-­‐se
para
a
rua
do
Catete
com
o
seu
passo
miúdo
e
sólido.
[...]
No
caminho
trocou
cumprimento
com
as
raparigas
pobres
de
uma
casa
de
cômodos
da
vizinhança.
[...]
E
debaixo
dos
olhares
maravilhados
das
pobres
raparigas,
ela
con9nuou
o
seu
caminho,
arrepanhando
a
saia,
sa9sfeita
que
nem
uma
duquesa
atravessando
os
seus
domínios.
BARRETO,
Lima.
Um
e
outro.
In:
Clara
dos
Anjos.
Rio
de
Janeiro:
Editora
Mérito.
(fragmento)

18. QUESTÃO 05
ENEM-2010
A
experiência
urbana
é
um
tema
recorrente
em
crônicas,
contos
e
romances
do
final
do
século
XIX
e
início
do
XX,
muitos
dos
quais
elegem
a
rua
para
explorar
essa
experiência.
Nos
fragmentos
I
e
II,
a
rua
é
vista,
respec9vamente,
como
lugar
que
desperta
sensações
contraditórias
e
desejo
de
reconhecimento.
favorece
o
cul9vo
da
in9midade
e
a
exposição
dos
dotes
~sicos.
possibilita
vínculos
pessoais
duradouros
e
encontros
casuais.
propicia
o
sen9do
de
comunidade
e
a
exibição
pessoal.
promove
o
anonimato
e
a
segregação
social.

19. SOLUÇÃO COMENTADA
ENEM-2010
No
texto
de
João
do
Rio,
o
sen9mento
que
a
rua
propicia
é
o
de
união,
comunidade.
Para
o
locutor
do
texto
01,
na
tua
todos
são
iguais.
O
texto
de
Barreto,
por
sua
vez,
apresenta
a
rua
como
um
pedestal
onde
a
personagem
se
exibe
e
é
reconhecida
por
sua
beleza.
Assina-­‐se,
pois,
a
alterna9va
“d”.