SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 10
UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO
                     DISCIPLINA: NEUROANATOMIA
                              MEDICINA

                      Rogério Amorim – UniRio - 2º período

                             A MEDULA ESPINHAL




            A medula espinhal localiza-se no canal vertebral, possuindo no homem adulto
45 cm de comprimento e na mulher aproximadamente 42cm. A medula pesa em torno de 30
gramas.Cranialmente a medula é limitada ao nível do Forame Magno pelo bulbo. Já seu
limite caudal situa-se geralmente à altura da segunda vertebra lombar.
            Ao nível da segunda vértebra lombar, a medula, forma o CONE MEDULAR,
que se continua como um delgado filamento meníngeo denominado FILAMENTO
TERMINAL.
            O filamento terminal é um delicado filamento que desce pelo canal vertebral se
estendendo do ápice do cone medular até o primeiro segmento do cóccix, tendo em média
20 cm de comprimento. O Filamento Terminal Interno é rodeado pelos nervos da cauda
Equina, ao paso que o Filamento Terminal Externo, é recoberto pela dura-máter e fixado a
primeira vértebra coccígea.
            O calibre da medula não é uniforme, apresentando duas dilatações denominadas
INTUMESCÊNCIAS.
            A Intumescência Cervical, estende-se da terceira vértebra cervical à segunda
vértebra torácica, alcançando sua máxima circunferência ( cerca de 38 mm) ao nível do
sexto par de nervos cervicais. Esta dilatação corresponde a origem dos grandes nervos que
suprem os membros superiores.
            A Intumescência Lombar, começa ao nível da nona vértebra torácica e alcança
sua máxima circunferência ( cerca de 33 mm ) na altura da décima segunda vértebra
torácica, se afilando logo após para formar o cone medular. Corresponde à origem dos
nervos que suprem os membros inferiores.



                             FISSURAS E SULCOS


           Uma fissura mediana ventral e um sulco mediano dorsal, dividem a medula
espinhal longitudinalmente em duas metades simétricas.
FISSURA MEDIANA VENTRAL:



          Possuí profundidade média de 3 mm, aumentando caudalmente.
Contêm dupla camada de pia-máter, e seu assoalho é formado por substância
branca transversa, a comissura branca ventral.



                            SULCO MEDIANO DORSAL :



            É um sulco raso que marca a posiçao do SEPTO MEDIANO DORSAL, uma
fina lâmina de tecido neuroglial, que penetra além da metade na substância da medula
espinhal, separando efetivamente a porção dorsal em direita e esquerda.




                            SULCO LATERAL DORSAL :




           É uma ranhura longitudinal que corresponde a posição da penetração das raízes
dorsais dos nervos espinhais.
           Nas regiões cervical e torácica superior da medula espinhal,um sulco, o SULCO
INTERMÉDIO DORSAL, marca a separação entre os Fasículos Grácil e Cuneiforme.




                            SULCO LATERAL VENTRAL :




           É um sulco raso, pouco nítido onde as raízes ventrais dos nervos espionhais
estão fixadas.
SEGMENTOS DA MEDULA ESPINHAL



            Trinta e um pares de nervos espinhais originam-se da medula espinhal, cada um
destes nervos possuí uma raíz anterior ou ventral e uma raíz posterior ou dorsal. Em alguns
casos, dois outros pares de nervos não funcionais, ou seja, são apenas vestigiais, estão
presentes no filamento terminal, sendo portanto nervos coccígeos.
            Os pares de nervos estão agrupados da seguinte maneira: oito cervicais, doze
torácico, cinco lombares, cinco sacrais e um coccígeo.
            A raíz dorsal do nervo espinhal se liga ao sulco lateral dorsal, enquanto que a
raíz ventral se liga ao sulco lateral ventral. A ligação se dá através de filamentos
radiculares.
            No adulto, a medula não ocupa todo ocanal vertebral, terminando ao nível da
segunda vértebra lombar. Abaixo deste ponto, o canal vertebral contêm apenas as meninges
e as raízes nervosas dos últimos nervos espinhais, que dispostos em torna do cone medular
e do filamento terminal, contituem a CAUDA EQÜNA.

                        AS RAÍZES DORSAIS DOS NERVOS ESPINHAIS
Também chamada raíz sensitiva, pois suas fibras conduzem impulsos nervosos à
medula espinhal. Estão fixadas ao sulco lateral dorsal por intermédio de seis ou oito
radículas.
            Na raíz dorsal encontra-se um gânglio espinhal. As radículas se dividem de
acordo com sua penetrção na medula: medial, contêm grandes fibras mielínicas; e lateral,
possuí fibras mielínicas finas e fibras amielínicas.




                        AS RAÍZES VENTRAIS DOS NERVOS ESPINHAIS



            É uma raíz motora, uma vez que, suas fibras levam impulsos da medula espinhal
para os músculos e outras estruturas. Estão fixados à medula espinhal ao longo do sulco
lateral ventral.




                        ESTRUTURA INTERNA DA MEDULA ESPINHAL



           A medula espinhal é constituída pelos corpos celulares dos neurônios, isto torna
sua coloração acinzentada, sendo por isso denominada substância cinzenta. Externamente a
medula é constituída por fibras mielínicas e devido a sua coloração, é denominada
substância branca.
           A SUBSTÂNCIA CINZENTA em uma seção transversal apresenta-se em forma
da letra “H”. É dividida pela comissura cinzenta em corno ou coluna posterior e corno ou
coluna anterior. A quantidade de substância cinzenta varia em diferentes níveis da medula
espinhal, na região torácica é pequena com grande região branca. Ao passo que nas
intumescências cervical e lombar.




                                     O CORNO DORSAL
Também denominado corno ou coluna posterior, projeta-se mais longe e é mais
delgado que o corno ventral. O corno posterior quase alcança a superfície do sulco lateral
dorsal, sendo separada deste por meio de uma fina camada de substância branca
denominada FASCÍCULO DORSOLATERAL.
           Na extremidade ( ápice ) do corno dorsal, existe uma área contituída por tecido
nervoso translúcido, ricos em células neuroglias e pequenos nerônios, denominada
substância gelatinosa ou de Rolando.
           As células do corno posterior pertencem ao lado sensitivo de um arco reflexo. A
substância gelatinosa se estende por toda medula espinhal e oblonga, onde se torna o núcleo
do nervo trigêmeo.
           O núcleo torácico ou coluna de clarke que estende-se da sétima vértebra
cervical ou primeira torácica até a segunda ou terceira vértebras torácicas é uma área oval
na base medial do corno dorsal, relaciona-se com propriocepção inconsciente.
             O núcleo próprio estende-se através da medula, na região da base do corno
posteror.




                                     O CORNO VENTRAL



            Também denominado corno ou coluna anterior, é mais alongado e curto que o
corno posterior. Este corno encontra-se aumentado nas intumescências cervical e lombar.
            O núcleo frênico é um grupo de céulas bem definidas na porção intermediária. O
CORNO LATERAL, também chamado Intermédio Lateral, encontra-se presente nos
segmentos torácicos e lombares altos.
            Entre os cornos lateral e dorsal a substância cinzenta envia projeções finas
irregulares para a substância branca, aparentando uma rede ao corte transversal, sendo por
isso denominado Formação Reticular. Tal formação é mais desenvolvida na região cervical.
            No centro da substância cinzenta, localiza-se ocanal central da medula, também
conhecido como canal do Epêndima. Esta estrutura anatômica é o resquício da luz do tubo
neural do embrião.
            Ao redor do canal central da medula, encontramos a substância gelatinosa
central, que consiste de neuróglia, células ependimárias, fibras nervosas e células nervosas.
            A SUBSTÂNCIA BRANCA é formada por fibras mielínicas e divide-se em três
funículos: dorsal, ventral e lateral.



                                     FUNÍCULO DORSAL
O funículo dorsal subdivide-se em cinco fascículos:



              •   FASCÍCULO GRÁCIL – também conhecido como Tracto de Goll,
                  situa-se próximo ao septo dorsal mediano. Forma as vias ascendentes da
                  medula, é formado por fibras que penetram na medula pelas raízes
                  coccígeas, sacrais, lombares e torácicas baixas; terminando no tubérculo
                  do núcleo grácil no bulbo. Conduz impulsos provenientes dos membros
                  inferiores e da metade inferior do tronco.




              •   FASCÍCULO CUNEIFORME – este fascículo pode ser denominado
                  como tracto de Burdach. O fascículo cuneiforme é separado do fascículo
                  grácil pelo septo intermédio dorsal. Formado por fibras que penetram
                  pelas raízes cervicais e torácicas altas, terminando no turbéculo do
                  núcleo cuneiforme situado no bulbo. Conduz impulsos originados nos
                  membros superiores e na metade superior do tronco.



           Do ponto de vista funcional, não existe diferença entre os fascículos grácil e
cuneiforme. Ambos conduzem impulsos nervosos relacionados a : propriocepção conciente
ou cinestesia que permite sem o auxílio da visão, situar uma parte do corpo ou perceber o
seu movimento. A perda deste sentido, após lesão do funículo posterior faz com que o
indivíduo perca a capacidade de sem ver, localizar a posição de seu braço ou perna; tato
discriminativo ou epicrítico permite localizar e descrever as características táteis de um
objeto; sensibilidade vibratória permite a percepção de estímulos mecânicos repetitivos, a
perda da sensibilidade vibratória é um dos sinais precoce da lesão do funículo posterior; a
estereognosia é a capacidade de perceber com as mãos a forma e o tamanho de um objeto.



              •   FASCÍCULO INTERFASCICULAR OU SEMILUNAR - também
                  conhecido como Schultze, encontra-se comprimido entre os fascículos
                  grácil e cuneiforme. Não possuí grande importância clínica. Conduzem
                  fibras descendentes.
•   FASCÍCULO PRÓPRIO DORSAL – está junto a substância cinzenta
                  central. Recebe fibras do corno dorsal que se bifurcam em ramos
                  ascendentes e descendentes.




                              FUNÍCULO LATERAL



          FIBRAS ASCENDENTES :




              •   TRACTO ESPINHO CEREBELAR DORSAL – faixa que se estende da
                  ponta do corno dorsal até aproximadamente metade do caminho
                  ventralmente. Inicia-se ao nível do segundo ou terceiro nervo lombar.
                  Este tracto também é conhecido como Flechsig.



              •   TRACTO ESPINHO CEREBELAR VENTRAL – (Tracto de Gouwes)
                  Estende-se do Tracto Espinho Cerebelar Posterior até quase o sulco
                  ventral lateral. Começa ao nível do terceiro nervo lombar, seguindo até o
                  penduncúlo cerebelar superior.



           Ambos os tractos são fibras proprioceptivas cujos impulsos não atingem o nível
da consciência.




              •   TRACTO ESPINHO TALÂMICO LATERAL – possuí trajeto cruzado,
                  conduzindo impulsos de dor e temperatura, suas fibras terminam no
                  tálamo. Em certos casos de dor decorrente principalmente de câncer,
                  aconselha-se o tratamento cirúrgico por secção do Tracto Espinho
                  Talâmico Lateral, esta técnica é denominada cordotomia.
•   TRACTO DORSO LATERAL – encontra-se no ápice do corno dorsal
                  separa o corno dorsal do sulco lateral dorsal. Também conhecido como
                  Lissauer.



          Outros tractos sem importância clínica estão presentes na via ascendente do
Funículo Lateral: Fascículo Próprio Dorsal; Tracto Espinho Tectal.




          FIBRAS DESCENDENTES :




           As fibras descendentes da medula respondem aos estímulos motores. Esta via
divide-se em dois grupos: as vias piramidais, que recebem este nome porquê antes de
penetrar na medula passam pelas pirâmides bulbares; vias extra piramidais.




              •   TRACTO CÓRTICO ESPINHAL LATERAL – faz parte da via
                  piramidal e suas fibras possuem trajeto cruzado. Estende-se por toda
                  medula espinhal, controlando a motricidade voluntária. Uma lesão no
                  Tracto Córtico Espinhal Lateral acima da decussação das pirâmides
                  causa paralisia da metade oposta do corpo. 30% de suas fibras formam o
                  Tracto Córtico Espinhal Ventral.




          Os outros tractos da via descendente do Funículo Lateral, que não possuem
importância clínica são: Tracto Rubro Espinhal, Tracto Olivo Espinhal e Tracto Reticulo
Espinhal Lateral.
FUNÍCULO VENTRAL




•   TRACTO ESPINHO TALÂMICO VENTRAL – ocupa posição
    periférica próxima a fissura mediana ventral. Conduzem impulsos tácteis
    e de pressão.




•   FASCÍCULO PRÓPRIO VENTRAL – próxima a substância cinzenta do
    corno anterior.




•   TRACTO CÓRTICO ESPINHAL VENTRAL – via piramidal de trajeto
    direto. Forma com o Tracto Córtico Espinhal Lateral a Via Motora Final
    de Sherington.




•   TRACTO VESTIBULO ESPINHAL – localizado próximo da área do
    Tracto Espinho Talâmico Ventral, suas fibras estão relacionadas com a
    manutenção do tônus e do equilíbrio.



•   TRACTO TECTO ESPINHAL – situado parcialmente no funículo
    ventrale parcialmente no lateral, suas fibras estão relacionadas com os
    reflexos visuais.



•   FASCÍCULO SULCO MARGINAL – ocupa uma pequena faixa ao
    longo da fissura mediana ventral. Toma parte dos reflexos vestibulares e
    visuais, coordenando movimentos da cabeça e olhos.



•   TRACTO RETICULO ESPINHAL VENTRAL.
Medula Espinhal: Estrutura e Funções

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Mais procurados (20)

Medresumos 2016 neuroanatomia 06 - microscopia da ponte
Medresumos 2016   neuroanatomia 06 - microscopia da ponteMedresumos 2016   neuroanatomia 06 - microscopia da ponte
Medresumos 2016 neuroanatomia 06 - microscopia da ponte
 
Aula Medula Espinhal
Aula Medula EspinhalAula Medula Espinhal
Aula Medula Espinhal
 
Tronco encefálico
Tronco encefálico Tronco encefálico
Tronco encefálico
 
Desenvolvimento do sistema nervoso (1)
Desenvolvimento do sistema nervoso (1)Desenvolvimento do sistema nervoso (1)
Desenvolvimento do sistema nervoso (1)
 
Filogenese do Sistema Nervoso
Filogenese do Sistema NervosoFilogenese do Sistema Nervoso
Filogenese do Sistema Nervoso
 
Sistema nervoso parte i
Sistema nervoso parte iSistema nervoso parte i
Sistema nervoso parte i
 
Sistema cardioascular: coração
Sistema cardioascular:   coraçãoSistema cardioascular:   coração
Sistema cardioascular: coração
 
Neuroanatomia
NeuroanatomiaNeuroanatomia
Neuroanatomia
 
MEDULA ESPINHAL JANDERSON SOARES
MEDULA ESPINHAL  JANDERSON SOARESMEDULA ESPINHAL  JANDERSON SOARES
MEDULA ESPINHAL JANDERSON SOARES
 
Osso/Bone/Hueso Temporal - Osteologia
Osso/Bone/Hueso Temporal - OsteologiaOsso/Bone/Hueso Temporal - Osteologia
Osso/Bone/Hueso Temporal - Osteologia
 
Sistema nervoso parte ii
Sistema nervoso parte iiSistema nervoso parte ii
Sistema nervoso parte ii
 
Estrutura da Ponte
Estrutura da PonteEstrutura da Ponte
Estrutura da Ponte
 
SISTEMA NERVOSO
SISTEMA NERVOSOSISTEMA NERVOSO
SISTEMA NERVOSO
 
Medula e Nervos Espinhais
Medula e Nervos EspinhaisMedula e Nervos Espinhais
Medula e Nervos Espinhais
 
Sistema nervoso
Sistema nervosoSistema nervoso
Sistema nervoso
 
Telencéfalo
TelencéfaloTelencéfalo
Telencéfalo
 
Anatomia do Sistema Nervoso
Anatomia do Sistema NervosoAnatomia do Sistema Nervoso
Anatomia do Sistema Nervoso
 
Revisão neuroanatomia
Revisão neuroanatomiaRevisão neuroanatomia
Revisão neuroanatomia
 
6802897 aula-nervos-cranianos
6802897 aula-nervos-cranianos6802897 aula-nervos-cranianos
6802897 aula-nervos-cranianos
 
Anatomy Book - Plexo Lombossacral
Anatomy Book - Plexo LombossacralAnatomy Book - Plexo Lombossacral
Anatomy Book - Plexo Lombossacral
 

Destaque (6)

Neuroanatomia medula espinhal
Neuroanatomia   medula espinhalNeuroanatomia   medula espinhal
Neuroanatomia medula espinhal
 
Estrutura Branca do Cérebro
Estrutura Branca do CérebroEstrutura Branca do Cérebro
Estrutura Branca do Cérebro
 
Medula Espinhal - Macroscopia
Medula Espinhal - MacroscopiaMedula Espinhal - Macroscopia
Medula Espinhal - Macroscopia
 
Neuroanatomia vias medulares
Neuroanatomia   vias medularesNeuroanatomia   vias medulares
Neuroanatomia vias medulares
 
Lesão medular
Lesão medularLesão medular
Lesão medular
 
Introdução a Neuroanatomia e Neurofisiologia
Introdução a Neuroanatomia e NeurofisiologiaIntrodução a Neuroanatomia e Neurofisiologia
Introdução a Neuroanatomia e Neurofisiologia
 

Semelhante a Medula Espinhal: Estrutura e Funções

aulasnc-131229090727-phpapp01.pdf
aulasnc-131229090727-phpapp01.pdfaulasnc-131229090727-phpapp01.pdf
aulasnc-131229090727-phpapp01.pdfAyrttonAnacleto2
 
Medresumos 2016 neuroanatomia 02 - macroscopia da medula espinhal
Medresumos 2016   neuroanatomia 02 - macroscopia da medula espinhalMedresumos 2016   neuroanatomia 02 - macroscopia da medula espinhal
Medresumos 2016 neuroanatomia 02 - macroscopia da medula espinhalJucie Vasconcelos
 
Medresumos 2016 neuroanatomia 07 - microscopia do mesencéfalo
Medresumos 2016   neuroanatomia 07 - microscopia do mesencéfaloMedresumos 2016   neuroanatomia 07 - microscopia do mesencéfalo
Medresumos 2016 neuroanatomia 07 - microscopia do mesencéfaloJucie Vasconcelos
 
Documento trabalho de Neuroanatomia
Documento trabalho de NeuroanatomiaDocumento trabalho de Neuroanatomia
Documento trabalho de NeuroanatomiaAnderson Santana
 
introd a neuro, filogenese, embriologia e divisão do Sistema Nervosos
 introd a neuro, filogenese, embriologia e divisão do Sistema Nervosos introd a neuro, filogenese, embriologia e divisão do Sistema Nervosos
introd a neuro, filogenese, embriologia e divisão do Sistema NervososMarliaSousa8
 
Anatomia E Protocolo Tomografia Computadorizada de Crânio
Anatomia E Protocolo Tomografia Computadorizada de  CrânioAnatomia E Protocolo Tomografia Computadorizada de  Crânio
Anatomia E Protocolo Tomografia Computadorizada de CrânioAlex Eduardo Ribeiro
 
Medresumos 2016 neuroanatomia 03 - microscopia da medula espinhal
Medresumos 2016   neuroanatomia 03 - microscopia da medula espinhalMedresumos 2016   neuroanatomia 03 - microscopia da medula espinhal
Medresumos 2016 neuroanatomia 03 - microscopia da medula espinhalJucie Vasconcelos
 
Aula 15 Mamíferos Eutérios 3
Aula 15 Mamíferos Eutérios 3Aula 15 Mamíferos Eutérios 3
Aula 15 Mamíferos Eutérios 3jucajp
 
Tronco Encefálico - Macroscopia - Neuroanatomia FAMECA
Tronco Encefálico - Macroscopia - Neuroanatomia FAMECA Tronco Encefálico - Macroscopia - Neuroanatomia FAMECA
Tronco Encefálico - Macroscopia - Neuroanatomia FAMECA Laura Alonso Matheus Montouro
 
Aula Microscopia Da Ponte E MesencéFalo
Aula Microscopia Da Ponte E MesencéFaloAula Microscopia Da Ponte E MesencéFalo
Aula Microscopia Da Ponte E MesencéFalokazumialexandre
 
anatomia sistema nervoso - telencéfalo
anatomia   sistema nervoso - telencéfaloanatomia   sistema nervoso - telencéfalo
anatomia sistema nervoso - telencéfaloAlexandreDesSaints
 

Semelhante a Medula Espinhal: Estrutura e Funções (20)

aulasnc-131229090727-phpapp01.pdf
aulasnc-131229090727-phpapp01.pdfaulasnc-131229090727-phpapp01.pdf
aulasnc-131229090727-phpapp01.pdf
 
Medresumos 2016 neuroanatomia 02 - macroscopia da medula espinhal
Medresumos 2016   neuroanatomia 02 - macroscopia da medula espinhalMedresumos 2016   neuroanatomia 02 - macroscopia da medula espinhal
Medresumos 2016 neuroanatomia 02 - macroscopia da medula espinhal
 
Tronco encefálico
Tronco encefálicoTronco encefálico
Tronco encefálico
 
Medresumos 2016 neuroanatomia 07 - microscopia do mesencéfalo
Medresumos 2016   neuroanatomia 07 - microscopia do mesencéfaloMedresumos 2016   neuroanatomia 07 - microscopia do mesencéfalo
Medresumos 2016 neuroanatomia 07 - microscopia do mesencéfalo
 
Macroscopia do snc
Macroscopia do sncMacroscopia do snc
Macroscopia do snc
 
Macroscopia do snc
Macroscopia do sncMacroscopia do snc
Macroscopia do snc
 
Documento trabalho de Neuroanatomia
Documento trabalho de NeuroanatomiaDocumento trabalho de Neuroanatomia
Documento trabalho de Neuroanatomia
 
introd a neuro, filogenese, embriologia e divisão do Sistema Nervosos
 introd a neuro, filogenese, embriologia e divisão do Sistema Nervosos introd a neuro, filogenese, embriologia e divisão do Sistema Nervosos
introd a neuro, filogenese, embriologia e divisão do Sistema Nervosos
 
Anatomia E Protocolo Tomografia Computadorizada de Crânio
Anatomia E Protocolo Tomografia Computadorizada de  CrânioAnatomia E Protocolo Tomografia Computadorizada de  Crânio
Anatomia E Protocolo Tomografia Computadorizada de Crânio
 
Anatomia aula ii
Anatomia aula iiAnatomia aula ii
Anatomia aula ii
 
Vias sensoriais
Vias sensoriaisVias sensoriais
Vias sensoriais
 
Tronco Cerebral
Tronco CerebralTronco Cerebral
Tronco Cerebral
 
Medresumos 2016 neuroanatomia 03 - microscopia da medula espinhal
Medresumos 2016   neuroanatomia 03 - microscopia da medula espinhalMedresumos 2016   neuroanatomia 03 - microscopia da medula espinhal
Medresumos 2016 neuroanatomia 03 - microscopia da medula espinhal
 
Aula 15 Mamíferos Eutérios 3
Aula 15 Mamíferos Eutérios 3Aula 15 Mamíferos Eutérios 3
Aula 15 Mamíferos Eutérios 3
 
Sistemanervoso1
Sistemanervoso1Sistemanervoso1
Sistemanervoso1
 
Tronco Encefálico - Macroscopia - Neuroanatomia FAMECA
Tronco Encefálico - Macroscopia - Neuroanatomia FAMECA Tronco Encefálico - Macroscopia - Neuroanatomia FAMECA
Tronco Encefálico - Macroscopia - Neuroanatomia FAMECA
 
Aula Microscopia Da Ponte E MesencéFalo
Aula Microscopia Da Ponte E MesencéFaloAula Microscopia Da Ponte E MesencéFalo
Aula Microscopia Da Ponte E MesencéFalo
 
Medula espinhal profunda
Medula espinhal profundaMedula espinhal profunda
Medula espinhal profunda
 
Sistema nervoso central
Sistema nervoso centralSistema nervoso central
Sistema nervoso central
 
anatomia sistema nervoso - telencéfalo
anatomia   sistema nervoso - telencéfaloanatomia   sistema nervoso - telencéfalo
anatomia sistema nervoso - telencéfalo
 

Medula Espinhal: Estrutura e Funções

  • 1. UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO DISCIPLINA: NEUROANATOMIA MEDICINA Rogério Amorim – UniRio - 2º período A MEDULA ESPINHAL A medula espinhal localiza-se no canal vertebral, possuindo no homem adulto 45 cm de comprimento e na mulher aproximadamente 42cm. A medula pesa em torno de 30 gramas.Cranialmente a medula é limitada ao nível do Forame Magno pelo bulbo. Já seu limite caudal situa-se geralmente à altura da segunda vertebra lombar. Ao nível da segunda vértebra lombar, a medula, forma o CONE MEDULAR, que se continua como um delgado filamento meníngeo denominado FILAMENTO TERMINAL. O filamento terminal é um delicado filamento que desce pelo canal vertebral se estendendo do ápice do cone medular até o primeiro segmento do cóccix, tendo em média 20 cm de comprimento. O Filamento Terminal Interno é rodeado pelos nervos da cauda Equina, ao paso que o Filamento Terminal Externo, é recoberto pela dura-máter e fixado a primeira vértebra coccígea. O calibre da medula não é uniforme, apresentando duas dilatações denominadas INTUMESCÊNCIAS. A Intumescência Cervical, estende-se da terceira vértebra cervical à segunda vértebra torácica, alcançando sua máxima circunferência ( cerca de 38 mm) ao nível do sexto par de nervos cervicais. Esta dilatação corresponde a origem dos grandes nervos que suprem os membros superiores. A Intumescência Lombar, começa ao nível da nona vértebra torácica e alcança sua máxima circunferência ( cerca de 33 mm ) na altura da décima segunda vértebra torácica, se afilando logo após para formar o cone medular. Corresponde à origem dos nervos que suprem os membros inferiores. FISSURAS E SULCOS Uma fissura mediana ventral e um sulco mediano dorsal, dividem a medula espinhal longitudinalmente em duas metades simétricas.
  • 2. FISSURA MEDIANA VENTRAL: Possuí profundidade média de 3 mm, aumentando caudalmente. Contêm dupla camada de pia-máter, e seu assoalho é formado por substância branca transversa, a comissura branca ventral. SULCO MEDIANO DORSAL : É um sulco raso que marca a posiçao do SEPTO MEDIANO DORSAL, uma fina lâmina de tecido neuroglial, que penetra além da metade na substância da medula espinhal, separando efetivamente a porção dorsal em direita e esquerda. SULCO LATERAL DORSAL : É uma ranhura longitudinal que corresponde a posição da penetração das raízes dorsais dos nervos espinhais. Nas regiões cervical e torácica superior da medula espinhal,um sulco, o SULCO INTERMÉDIO DORSAL, marca a separação entre os Fasículos Grácil e Cuneiforme. SULCO LATERAL VENTRAL : É um sulco raso, pouco nítido onde as raízes ventrais dos nervos espionhais estão fixadas.
  • 3. SEGMENTOS DA MEDULA ESPINHAL Trinta e um pares de nervos espinhais originam-se da medula espinhal, cada um destes nervos possuí uma raíz anterior ou ventral e uma raíz posterior ou dorsal. Em alguns casos, dois outros pares de nervos não funcionais, ou seja, são apenas vestigiais, estão presentes no filamento terminal, sendo portanto nervos coccígeos. Os pares de nervos estão agrupados da seguinte maneira: oito cervicais, doze torácico, cinco lombares, cinco sacrais e um coccígeo. A raíz dorsal do nervo espinhal se liga ao sulco lateral dorsal, enquanto que a raíz ventral se liga ao sulco lateral ventral. A ligação se dá através de filamentos radiculares. No adulto, a medula não ocupa todo ocanal vertebral, terminando ao nível da segunda vértebra lombar. Abaixo deste ponto, o canal vertebral contêm apenas as meninges e as raízes nervosas dos últimos nervos espinhais, que dispostos em torna do cone medular e do filamento terminal, contituem a CAUDA EQÜNA. AS RAÍZES DORSAIS DOS NERVOS ESPINHAIS
  • 4. Também chamada raíz sensitiva, pois suas fibras conduzem impulsos nervosos à medula espinhal. Estão fixadas ao sulco lateral dorsal por intermédio de seis ou oito radículas. Na raíz dorsal encontra-se um gânglio espinhal. As radículas se dividem de acordo com sua penetrção na medula: medial, contêm grandes fibras mielínicas; e lateral, possuí fibras mielínicas finas e fibras amielínicas. AS RAÍZES VENTRAIS DOS NERVOS ESPINHAIS É uma raíz motora, uma vez que, suas fibras levam impulsos da medula espinhal para os músculos e outras estruturas. Estão fixados à medula espinhal ao longo do sulco lateral ventral. ESTRUTURA INTERNA DA MEDULA ESPINHAL A medula espinhal é constituída pelos corpos celulares dos neurônios, isto torna sua coloração acinzentada, sendo por isso denominada substância cinzenta. Externamente a medula é constituída por fibras mielínicas e devido a sua coloração, é denominada substância branca. A SUBSTÂNCIA CINZENTA em uma seção transversal apresenta-se em forma da letra “H”. É dividida pela comissura cinzenta em corno ou coluna posterior e corno ou coluna anterior. A quantidade de substância cinzenta varia em diferentes níveis da medula espinhal, na região torácica é pequena com grande região branca. Ao passo que nas intumescências cervical e lombar. O CORNO DORSAL
  • 5. Também denominado corno ou coluna posterior, projeta-se mais longe e é mais delgado que o corno ventral. O corno posterior quase alcança a superfície do sulco lateral dorsal, sendo separada deste por meio de uma fina camada de substância branca denominada FASCÍCULO DORSOLATERAL. Na extremidade ( ápice ) do corno dorsal, existe uma área contituída por tecido nervoso translúcido, ricos em células neuroglias e pequenos nerônios, denominada substância gelatinosa ou de Rolando. As células do corno posterior pertencem ao lado sensitivo de um arco reflexo. A substância gelatinosa se estende por toda medula espinhal e oblonga, onde se torna o núcleo do nervo trigêmeo. O núcleo torácico ou coluna de clarke que estende-se da sétima vértebra cervical ou primeira torácica até a segunda ou terceira vértebras torácicas é uma área oval na base medial do corno dorsal, relaciona-se com propriocepção inconsciente. O núcleo próprio estende-se através da medula, na região da base do corno posteror. O CORNO VENTRAL Também denominado corno ou coluna anterior, é mais alongado e curto que o corno posterior. Este corno encontra-se aumentado nas intumescências cervical e lombar. O núcleo frênico é um grupo de céulas bem definidas na porção intermediária. O CORNO LATERAL, também chamado Intermédio Lateral, encontra-se presente nos segmentos torácicos e lombares altos. Entre os cornos lateral e dorsal a substância cinzenta envia projeções finas irregulares para a substância branca, aparentando uma rede ao corte transversal, sendo por isso denominado Formação Reticular. Tal formação é mais desenvolvida na região cervical. No centro da substância cinzenta, localiza-se ocanal central da medula, também conhecido como canal do Epêndima. Esta estrutura anatômica é o resquício da luz do tubo neural do embrião. Ao redor do canal central da medula, encontramos a substância gelatinosa central, que consiste de neuróglia, células ependimárias, fibras nervosas e células nervosas. A SUBSTÂNCIA BRANCA é formada por fibras mielínicas e divide-se em três funículos: dorsal, ventral e lateral. FUNÍCULO DORSAL
  • 6. O funículo dorsal subdivide-se em cinco fascículos: • FASCÍCULO GRÁCIL – também conhecido como Tracto de Goll, situa-se próximo ao septo dorsal mediano. Forma as vias ascendentes da medula, é formado por fibras que penetram na medula pelas raízes coccígeas, sacrais, lombares e torácicas baixas; terminando no tubérculo do núcleo grácil no bulbo. Conduz impulsos provenientes dos membros inferiores e da metade inferior do tronco. • FASCÍCULO CUNEIFORME – este fascículo pode ser denominado como tracto de Burdach. O fascículo cuneiforme é separado do fascículo grácil pelo septo intermédio dorsal. Formado por fibras que penetram pelas raízes cervicais e torácicas altas, terminando no turbéculo do núcleo cuneiforme situado no bulbo. Conduz impulsos originados nos membros superiores e na metade superior do tronco. Do ponto de vista funcional, não existe diferença entre os fascículos grácil e cuneiforme. Ambos conduzem impulsos nervosos relacionados a : propriocepção conciente ou cinestesia que permite sem o auxílio da visão, situar uma parte do corpo ou perceber o seu movimento. A perda deste sentido, após lesão do funículo posterior faz com que o indivíduo perca a capacidade de sem ver, localizar a posição de seu braço ou perna; tato discriminativo ou epicrítico permite localizar e descrever as características táteis de um objeto; sensibilidade vibratória permite a percepção de estímulos mecânicos repetitivos, a perda da sensibilidade vibratória é um dos sinais precoce da lesão do funículo posterior; a estereognosia é a capacidade de perceber com as mãos a forma e o tamanho de um objeto. • FASCÍCULO INTERFASCICULAR OU SEMILUNAR - também conhecido como Schultze, encontra-se comprimido entre os fascículos grácil e cuneiforme. Não possuí grande importância clínica. Conduzem fibras descendentes.
  • 7. FASCÍCULO PRÓPRIO DORSAL – está junto a substância cinzenta central. Recebe fibras do corno dorsal que se bifurcam em ramos ascendentes e descendentes. FUNÍCULO LATERAL FIBRAS ASCENDENTES : • TRACTO ESPINHO CEREBELAR DORSAL – faixa que se estende da ponta do corno dorsal até aproximadamente metade do caminho ventralmente. Inicia-se ao nível do segundo ou terceiro nervo lombar. Este tracto também é conhecido como Flechsig. • TRACTO ESPINHO CEREBELAR VENTRAL – (Tracto de Gouwes) Estende-se do Tracto Espinho Cerebelar Posterior até quase o sulco ventral lateral. Começa ao nível do terceiro nervo lombar, seguindo até o penduncúlo cerebelar superior. Ambos os tractos são fibras proprioceptivas cujos impulsos não atingem o nível da consciência. • TRACTO ESPINHO TALÂMICO LATERAL – possuí trajeto cruzado, conduzindo impulsos de dor e temperatura, suas fibras terminam no tálamo. Em certos casos de dor decorrente principalmente de câncer, aconselha-se o tratamento cirúrgico por secção do Tracto Espinho Talâmico Lateral, esta técnica é denominada cordotomia.
  • 8. TRACTO DORSO LATERAL – encontra-se no ápice do corno dorsal separa o corno dorsal do sulco lateral dorsal. Também conhecido como Lissauer. Outros tractos sem importância clínica estão presentes na via ascendente do Funículo Lateral: Fascículo Próprio Dorsal; Tracto Espinho Tectal. FIBRAS DESCENDENTES : As fibras descendentes da medula respondem aos estímulos motores. Esta via divide-se em dois grupos: as vias piramidais, que recebem este nome porquê antes de penetrar na medula passam pelas pirâmides bulbares; vias extra piramidais. • TRACTO CÓRTICO ESPINHAL LATERAL – faz parte da via piramidal e suas fibras possuem trajeto cruzado. Estende-se por toda medula espinhal, controlando a motricidade voluntária. Uma lesão no Tracto Córtico Espinhal Lateral acima da decussação das pirâmides causa paralisia da metade oposta do corpo. 30% de suas fibras formam o Tracto Córtico Espinhal Ventral. Os outros tractos da via descendente do Funículo Lateral, que não possuem importância clínica são: Tracto Rubro Espinhal, Tracto Olivo Espinhal e Tracto Reticulo Espinhal Lateral.
  • 9. FUNÍCULO VENTRAL • TRACTO ESPINHO TALÂMICO VENTRAL – ocupa posição periférica próxima a fissura mediana ventral. Conduzem impulsos tácteis e de pressão. • FASCÍCULO PRÓPRIO VENTRAL – próxima a substância cinzenta do corno anterior. • TRACTO CÓRTICO ESPINHAL VENTRAL – via piramidal de trajeto direto. Forma com o Tracto Córtico Espinhal Lateral a Via Motora Final de Sherington. • TRACTO VESTIBULO ESPINHAL – localizado próximo da área do Tracto Espinho Talâmico Ventral, suas fibras estão relacionadas com a manutenção do tônus e do equilíbrio. • TRACTO TECTO ESPINHAL – situado parcialmente no funículo ventrale parcialmente no lateral, suas fibras estão relacionadas com os reflexos visuais. • FASCÍCULO SULCO MARGINAL – ocupa uma pequena faixa ao longo da fissura mediana ventral. Toma parte dos reflexos vestibulares e visuais, coordenando movimentos da cabeça e olhos. • TRACTO RETICULO ESPINHAL VENTRAL.