A medula espinhal estende-se da base do crânio até a região lombar, onde forma o cone medular. Possui 31 pares de nervos espinhais e é dividida longitudinalmente em substância cinzenta em forma de H e substância branca. A substância branca contém vários tractos ascendentes e descendentes responsáveis pela sensibilidade e motricidade.
1. UNIVERSIDADE DO RIO DE JANEIRO
DISCIPLINA: NEUROANATOMIA
MEDICINA
Rogério Amorim – UniRio - 2º período
A MEDULA ESPINHAL
A medula espinhal localiza-se no canal vertebral, possuindo no homem adulto
45 cm de comprimento e na mulher aproximadamente 42cm. A medula pesa em torno de 30
gramas.Cranialmente a medula é limitada ao nível do Forame Magno pelo bulbo. Já seu
limite caudal situa-se geralmente à altura da segunda vertebra lombar.
Ao nível da segunda vértebra lombar, a medula, forma o CONE MEDULAR,
que se continua como um delgado filamento meníngeo denominado FILAMENTO
TERMINAL.
O filamento terminal é um delicado filamento que desce pelo canal vertebral se
estendendo do ápice do cone medular até o primeiro segmento do cóccix, tendo em média
20 cm de comprimento. O Filamento Terminal Interno é rodeado pelos nervos da cauda
Equina, ao paso que o Filamento Terminal Externo, é recoberto pela dura-máter e fixado a
primeira vértebra coccígea.
O calibre da medula não é uniforme, apresentando duas dilatações denominadas
INTUMESCÊNCIAS.
A Intumescência Cervical, estende-se da terceira vértebra cervical à segunda
vértebra torácica, alcançando sua máxima circunferência ( cerca de 38 mm) ao nível do
sexto par de nervos cervicais. Esta dilatação corresponde a origem dos grandes nervos que
suprem os membros superiores.
A Intumescência Lombar, começa ao nível da nona vértebra torácica e alcança
sua máxima circunferência ( cerca de 33 mm ) na altura da décima segunda vértebra
torácica, se afilando logo após para formar o cone medular. Corresponde à origem dos
nervos que suprem os membros inferiores.
FISSURAS E SULCOS
Uma fissura mediana ventral e um sulco mediano dorsal, dividem a medula
espinhal longitudinalmente em duas metades simétricas.
2. FISSURA MEDIANA VENTRAL:
Possuí profundidade média de 3 mm, aumentando caudalmente.
Contêm dupla camada de pia-máter, e seu assoalho é formado por substância
branca transversa, a comissura branca ventral.
SULCO MEDIANO DORSAL :
É um sulco raso que marca a posiçao do SEPTO MEDIANO DORSAL, uma
fina lâmina de tecido neuroglial, que penetra além da metade na substância da medula
espinhal, separando efetivamente a porção dorsal em direita e esquerda.
SULCO LATERAL DORSAL :
É uma ranhura longitudinal que corresponde a posição da penetração das raízes
dorsais dos nervos espinhais.
Nas regiões cervical e torácica superior da medula espinhal,um sulco, o SULCO
INTERMÉDIO DORSAL, marca a separação entre os Fasículos Grácil e Cuneiforme.
SULCO LATERAL VENTRAL :
É um sulco raso, pouco nítido onde as raízes ventrais dos nervos espionhais
estão fixadas.
3. SEGMENTOS DA MEDULA ESPINHAL
Trinta e um pares de nervos espinhais originam-se da medula espinhal, cada um
destes nervos possuí uma raíz anterior ou ventral e uma raíz posterior ou dorsal. Em alguns
casos, dois outros pares de nervos não funcionais, ou seja, são apenas vestigiais, estão
presentes no filamento terminal, sendo portanto nervos coccígeos.
Os pares de nervos estão agrupados da seguinte maneira: oito cervicais, doze
torácico, cinco lombares, cinco sacrais e um coccígeo.
A raíz dorsal do nervo espinhal se liga ao sulco lateral dorsal, enquanto que a
raíz ventral se liga ao sulco lateral ventral. A ligação se dá através de filamentos
radiculares.
No adulto, a medula não ocupa todo ocanal vertebral, terminando ao nível da
segunda vértebra lombar. Abaixo deste ponto, o canal vertebral contêm apenas as meninges
e as raízes nervosas dos últimos nervos espinhais, que dispostos em torna do cone medular
e do filamento terminal, contituem a CAUDA EQÜNA.
AS RAÍZES DORSAIS DOS NERVOS ESPINHAIS
4. Também chamada raíz sensitiva, pois suas fibras conduzem impulsos nervosos à
medula espinhal. Estão fixadas ao sulco lateral dorsal por intermédio de seis ou oito
radículas.
Na raíz dorsal encontra-se um gânglio espinhal. As radículas se dividem de
acordo com sua penetrção na medula: medial, contêm grandes fibras mielínicas; e lateral,
possuí fibras mielínicas finas e fibras amielínicas.
AS RAÍZES VENTRAIS DOS NERVOS ESPINHAIS
É uma raíz motora, uma vez que, suas fibras levam impulsos da medula espinhal
para os músculos e outras estruturas. Estão fixados à medula espinhal ao longo do sulco
lateral ventral.
ESTRUTURA INTERNA DA MEDULA ESPINHAL
A medula espinhal é constituída pelos corpos celulares dos neurônios, isto torna
sua coloração acinzentada, sendo por isso denominada substância cinzenta. Externamente a
medula é constituída por fibras mielínicas e devido a sua coloração, é denominada
substância branca.
A SUBSTÂNCIA CINZENTA em uma seção transversal apresenta-se em forma
da letra “H”. É dividida pela comissura cinzenta em corno ou coluna posterior e corno ou
coluna anterior. A quantidade de substância cinzenta varia em diferentes níveis da medula
espinhal, na região torácica é pequena com grande região branca. Ao passo que nas
intumescências cervical e lombar.
O CORNO DORSAL
5. Também denominado corno ou coluna posterior, projeta-se mais longe e é mais
delgado que o corno ventral. O corno posterior quase alcança a superfície do sulco lateral
dorsal, sendo separada deste por meio de uma fina camada de substância branca
denominada FASCÍCULO DORSOLATERAL.
Na extremidade ( ápice ) do corno dorsal, existe uma área contituída por tecido
nervoso translúcido, ricos em células neuroglias e pequenos nerônios, denominada
substância gelatinosa ou de Rolando.
As células do corno posterior pertencem ao lado sensitivo de um arco reflexo. A
substância gelatinosa se estende por toda medula espinhal e oblonga, onde se torna o núcleo
do nervo trigêmeo.
O núcleo torácico ou coluna de clarke que estende-se da sétima vértebra
cervical ou primeira torácica até a segunda ou terceira vértebras torácicas é uma área oval
na base medial do corno dorsal, relaciona-se com propriocepção inconsciente.
O núcleo próprio estende-se através da medula, na região da base do corno
posteror.
O CORNO VENTRAL
Também denominado corno ou coluna anterior, é mais alongado e curto que o
corno posterior. Este corno encontra-se aumentado nas intumescências cervical e lombar.
O núcleo frênico é um grupo de céulas bem definidas na porção intermediária. O
CORNO LATERAL, também chamado Intermédio Lateral, encontra-se presente nos
segmentos torácicos e lombares altos.
Entre os cornos lateral e dorsal a substância cinzenta envia projeções finas
irregulares para a substância branca, aparentando uma rede ao corte transversal, sendo por
isso denominado Formação Reticular. Tal formação é mais desenvolvida na região cervical.
No centro da substância cinzenta, localiza-se ocanal central da medula, também
conhecido como canal do Epêndima. Esta estrutura anatômica é o resquício da luz do tubo
neural do embrião.
Ao redor do canal central da medula, encontramos a substância gelatinosa
central, que consiste de neuróglia, células ependimárias, fibras nervosas e células nervosas.
A SUBSTÂNCIA BRANCA é formada por fibras mielínicas e divide-se em três
funículos: dorsal, ventral e lateral.
FUNÍCULO DORSAL
6. O funículo dorsal subdivide-se em cinco fascículos:
• FASCÍCULO GRÁCIL – também conhecido como Tracto de Goll,
situa-se próximo ao septo dorsal mediano. Forma as vias ascendentes da
medula, é formado por fibras que penetram na medula pelas raízes
coccígeas, sacrais, lombares e torácicas baixas; terminando no tubérculo
do núcleo grácil no bulbo. Conduz impulsos provenientes dos membros
inferiores e da metade inferior do tronco.
• FASCÍCULO CUNEIFORME – este fascículo pode ser denominado
como tracto de Burdach. O fascículo cuneiforme é separado do fascículo
grácil pelo septo intermédio dorsal. Formado por fibras que penetram
pelas raízes cervicais e torácicas altas, terminando no turbéculo do
núcleo cuneiforme situado no bulbo. Conduz impulsos originados nos
membros superiores e na metade superior do tronco.
Do ponto de vista funcional, não existe diferença entre os fascículos grácil e
cuneiforme. Ambos conduzem impulsos nervosos relacionados a : propriocepção conciente
ou cinestesia que permite sem o auxílio da visão, situar uma parte do corpo ou perceber o
seu movimento. A perda deste sentido, após lesão do funículo posterior faz com que o
indivíduo perca a capacidade de sem ver, localizar a posição de seu braço ou perna; tato
discriminativo ou epicrítico permite localizar e descrever as características táteis de um
objeto; sensibilidade vibratória permite a percepção de estímulos mecânicos repetitivos, a
perda da sensibilidade vibratória é um dos sinais precoce da lesão do funículo posterior; a
estereognosia é a capacidade de perceber com as mãos a forma e o tamanho de um objeto.
• FASCÍCULO INTERFASCICULAR OU SEMILUNAR - também
conhecido como Schultze, encontra-se comprimido entre os fascículos
grácil e cuneiforme. Não possuí grande importância clínica. Conduzem
fibras descendentes.
7. • FASCÍCULO PRÓPRIO DORSAL – está junto a substância cinzenta
central. Recebe fibras do corno dorsal que se bifurcam em ramos
ascendentes e descendentes.
FUNÍCULO LATERAL
FIBRAS ASCENDENTES :
• TRACTO ESPINHO CEREBELAR DORSAL – faixa que se estende da
ponta do corno dorsal até aproximadamente metade do caminho
ventralmente. Inicia-se ao nível do segundo ou terceiro nervo lombar.
Este tracto também é conhecido como Flechsig.
• TRACTO ESPINHO CEREBELAR VENTRAL – (Tracto de Gouwes)
Estende-se do Tracto Espinho Cerebelar Posterior até quase o sulco
ventral lateral. Começa ao nível do terceiro nervo lombar, seguindo até o
penduncúlo cerebelar superior.
Ambos os tractos são fibras proprioceptivas cujos impulsos não atingem o nível
da consciência.
• TRACTO ESPINHO TALÂMICO LATERAL – possuí trajeto cruzado,
conduzindo impulsos de dor e temperatura, suas fibras terminam no
tálamo. Em certos casos de dor decorrente principalmente de câncer,
aconselha-se o tratamento cirúrgico por secção do Tracto Espinho
Talâmico Lateral, esta técnica é denominada cordotomia.
8. • TRACTO DORSO LATERAL – encontra-se no ápice do corno dorsal
separa o corno dorsal do sulco lateral dorsal. Também conhecido como
Lissauer.
Outros tractos sem importância clínica estão presentes na via ascendente do
Funículo Lateral: Fascículo Próprio Dorsal; Tracto Espinho Tectal.
FIBRAS DESCENDENTES :
As fibras descendentes da medula respondem aos estímulos motores. Esta via
divide-se em dois grupos: as vias piramidais, que recebem este nome porquê antes de
penetrar na medula passam pelas pirâmides bulbares; vias extra piramidais.
• TRACTO CÓRTICO ESPINHAL LATERAL – faz parte da via
piramidal e suas fibras possuem trajeto cruzado. Estende-se por toda
medula espinhal, controlando a motricidade voluntária. Uma lesão no
Tracto Córtico Espinhal Lateral acima da decussação das pirâmides
causa paralisia da metade oposta do corpo. 30% de suas fibras formam o
Tracto Córtico Espinhal Ventral.
Os outros tractos da via descendente do Funículo Lateral, que não possuem
importância clínica são: Tracto Rubro Espinhal, Tracto Olivo Espinhal e Tracto Reticulo
Espinhal Lateral.
9. FUNÍCULO VENTRAL
• TRACTO ESPINHO TALÂMICO VENTRAL – ocupa posição
periférica próxima a fissura mediana ventral. Conduzem impulsos tácteis
e de pressão.
• FASCÍCULO PRÓPRIO VENTRAL – próxima a substância cinzenta do
corno anterior.
• TRACTO CÓRTICO ESPINHAL VENTRAL – via piramidal de trajeto
direto. Forma com o Tracto Córtico Espinhal Lateral a Via Motora Final
de Sherington.
• TRACTO VESTIBULO ESPINHAL – localizado próximo da área do
Tracto Espinho Talâmico Ventral, suas fibras estão relacionadas com a
manutenção do tônus e do equilíbrio.
• TRACTO TECTO ESPINHAL – situado parcialmente no funículo
ventrale parcialmente no lateral, suas fibras estão relacionadas com os
reflexos visuais.
• FASCÍCULO SULCO MARGINAL – ocupa uma pequena faixa ao
longo da fissura mediana ventral. Toma parte dos reflexos vestibulares e
visuais, coordenando movimentos da cabeça e olhos.
• TRACTO RETICULO ESPINHAL VENTRAL.