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Literatura de autoria feminina
SÍNTESE: O texto mostra como a tradição literária
feminina começou a ganhar força com o advento da
crítica feminista e como a bandeira do feminismo
norteou o resgate e reinterpretação da produção
literária de autoria feminina. Também expõe que foi
sendo construída uma trajetória dessa produção para
que servisse de resistência a ideologias já
estabelecidas que regulavam o saber literário.
Portanto, o processo de questionamento dessas
práticas, começou a entender a mulher como sujeito
da produção literária, crítica e teórica e também de
sua territorialização em um espaço patriarcal.
O cânone literário tem sido representado por obras-
primas de uma determinada cultura local, pelo
homem ocidental, branco e de classe média alta, e
sido controlado por uma ideologia que exclui os
escritos de mulheres, minorias sexuais e étnico-raciais
e os de classes sociais baixas. Para a mulher adentrar
nesse espaço, foi preciso criar uma ruptura e anunciar
uma alteridade em relação a essa visão de mundo
logocêntrica e falocêntrica. Lobo (1999) aponta que
uma dessas rupturas foi “através de arestas e frestas
que conseguiu abrir através de seu aprendizado de ler
e escrever em conventos (LOBO, 1999, p. 5). A
exclusão da mulher do mundo literário pode ser bem
explicitada em uma fala do escritor e jornalista João
do Rio, em que este afirma que a escrita das mulheres
é um verdadeiro desastre e que elas escrevem por
que com certeza não tinham mais o que fazer (JOÃO
DO RIO 1911 apud XAVIER, 1999, p. 19).
Posicionamentos críticos acerca da proibição da
mulher no mundo da escrita, vêm dando força a
crítica literária feminista no trabalho de desmitificar os
princípios ideológicos, teóricos, estéticos e retóricos do
cânone literário, para desestabilizá-lo e só assim
reconstruí-lo. Se observa que esses princípios são
construídos de acordo com os valores patriarcais e a
intenção é promover a visibilidade das mulheres
produzindo um discurso novo que se insira na
historiografia literária.
Com a ajuda da reflexão advinda do feminismo, a
mulher passa a ocupar um novo lugar na sociedade
fazendo com que a crítica literária e a própria
literatura passem a ser escritas por elas, sem o medo
de rejeições ou escândalos. Diante dessas mudanças,
passou a se pensar o:
+ RESGATE: o resgate da produção literária de autoria
feminina tem bastante importância, pois recupera
inúmeras obras de escritoras e confronta a ideia de
baixo valor estético dessas produções que foram
construídas ao longo da história.
+ REVISIONISMO CRÍTICO: uma determinada cultura
pode ser criada e representada por um discurso de
valores patriarcais provenientes das obras canônicas
e o resgate pode ajudar a romper com essa ideia.
+ FEMINISMO CRÍTICO: que age por meio do
pensamento pós-estruturalista na busca da
desconstrução da neutralidade e da imposição
dentro da crítica literária para que se possa
engrandecer as análises e apresentar um novo olhar
capaz de perceber particularidades que a
convenção masculina nunca atentou.
CONTRIBUIÇÕES: Na contribuição desse resgate a
produção de autoria feminina temos:
+ A antologia “Escritoras Brasileiras do século XIX”
(1999,2003,2009) com três volumes organizada pela
professora Zahidé Lupinacci Muzart. Schimidt (2009)
afirma que “o significado cultural e político dessa
empreitada, como podemos já perceber, é algo que
certamente marcará seu lugar na história da crítica
literária brasileira” (SCHIMIDT, 2009, p. 17).
+ A própria autora Lúcia Osana Zolin que desenvolveu
um projeto de pesquisa que disponibiliza dados de
quase 200 escritoras paraenses, cerca de 700 obras
literárias e mais de 200 antologias no Centro de
Documentação de Literatura de Autoria Feminina
Paranaense da Universidade Estadual de Maringá.
Ao fazer a mulher produtora de literatura própria
emergir, reinterpretar-se e conhecer os mecanismos
ideológicos, a crítica feminista tem desenvolvido sua
trajetória para que conheçam suas marcas e
peculiaridades de cada época especifica. Quando
se estuda os trabalhos de escritoras coletivamente,
percebe-se de geração em geração a recorrência a
certos padrões, temas, problemas e imagens.
A autora Elaine Showalter em sua obra “A literature of
their own: British women novelists from Brontë to
Lessing” (1985), trabalhando na perspectiva da
trajetória argumenta que as mulheres escritoras
construíram uma subcultura dentro da sociedade
organizada pela ideologia patriarcal, ou seja,
construíram sua tradição literária a partir das relações
que enfrentavam com a sociedade em que se
inseriam. Nesse caso, investiga-se as maneiras pela
qual a autoconsciência da mulher se inseriu na
literatura num tempo e espaço específicos e como
ela se desenvolveu. Em sua perspectiva, todas as
subculturas literárias (negra, judia, canadense, anglo-
indiana, americana, etc.) passam por três grandes
fases: a de imitação e internalização dos padrões
dominantes; a fase de protesto contra esses padrões
e valores; e a fase de autodescoberta com a busca
de sua própria identidade. Quando adaptamos essas
fases a literatura de autoria feminina temos as fases:
feminina, feminista e fêmea (ou mulher).
Quadro 1 – Fases da trajetória da literatura de autoria
feminina inglesa
Fase
feminina
Internalização e
imitação dos
padrões e
valores vigentes.
La princesse de clève
(1678), de Madame
Lafayette; Jane Eyre
(1847) e Shirley (1849), de
Charlotte Brontë; The mill
on the floss (1860) e
Middlemarch (1871), de
George Elitot; Valentine
(1832) e Lélia (1833), de
George Sand.
Fase
feminista
Protesto contra
os valores e os
padrões
vigentes;
Mrs. Dalloway (1925) e To
the lighthouse (1927), de
Virginia Woolf; Pilgrimage
(1915), de Dorothy
Richardson; The hotel
(1927), de Elizabeth
Bowen; A convidada
(1943), de Simone de
Beauvoir.
Fase
fêmea
(ou
mulher)
Autodescoberta;
busca de
identidade
própria.
The bloody chamber
(1979) e Wise Children
(1991), de Angela Carter;
Strange meeting (1971),
de Susan Hill; The color
purple (1982), de Alice
Walker; The sweetest
dream (2001), de Doris
Lessing; The pickup (2001),
de Nadime Gordimer;
Lesa moirés vides (1984),
Ce qu’ils disent ou rien
(1977), Le femme geleé
(1981), de Annie Ernaux.
NA LITERATURA BRASILEIRA
No brasil e no exterior, a literatura de autoria feminina
até um tempo atrás não existia ou não aparecia no
cânone tradicional efetivamente. A crítica Lúcia
Miguel Pereira reconhecida no círculo masculino
literário, em seu livro “A história da literatura brasileira”
(1950), apenas refere-se a Júlia Lopes de Almeida e
não considera que outras escritoras da época tenham
participação na formação da identidade nacional ou
considera suas obras inferiores. Diante das proporções
do cercamento histórico da mulher, o impulso da
revolução industrial dos anos 60 também se alastrou
em relação a literatura de autoria feminina. Enquanto
que nos anos 30 e 40 mal se viam o nome de escritoras
na lista de consagrados, nos anos 70 e 80 há uma
explosão de publicações: Raquel de Queiroz, Cecília
Meirelles e Clarice Lispector, sendo esta última
responsável por abrir “uma tradição para a literatura
da mulher no Brasil, gerando um sistema de influências
que se fará reconhecido na geração seguinte"
(VIANA, 1995, p. 172). A vista dessa mudança, outras
vozes vão surgindo na literatura brasileira como:
Nélida Piñon, Lygia Fagundes Telles, Ana Maria
Machado, Ana Cristina Cesar, Hilda Hilst, Márcia
Denser, Lya Luft, Adélia Prado, Sónia Coutinho, Zulmira
Ribeiro Tavares, Marina Colasanti, Helena Parente
Cunha, Judith Grossman e Patrícia Melo. São escritoras
que dentro da mentalidade de mudança acerca da
condição da mulher, lançam narrativas cheias de
personagens femininas cientes da dependência e
submissão que a ideologia patriarcal as atribui e
quase sempre decididas a problematizar esse status
quo.
Na literatura brasileira, a trajetória da literatura de
autoria feminina em relação as fases sofrem algumas
alterações no que tange à cronologia. A autora
Elódia Xavier no ensaio “Narrativa de autoria feminina
na literatura brasileira: as marcas da trajetória” (1998),
argumenta que a fase ‘feminina’ teria começado
período de 1850 e ido até 1940, como exemplo, temos
a “Úrsula” de Maria Firmina dos Reis como primeiro
romance de autoria feminina. De 1940 até 1990 temos
a fase ‘feminista’ estruturando-se em torno de
relações das relações de gênero que trazem
diferenças entre os sexos e instigando possibilidades
de a mulher atingir sua plenitude existencial, com a
chegada da obra “Perto do coração selvagem’ de
Clarice Lispector. Com essa fase inaugurada, dos anos
1990 em diante, começaram a surgir diversas obras
escritas por mulheres que se caracterizam por não
mais fazer parte das tradições patriarcais,
inaugurando assim a fase ‘fêmea’.
Quadro 2 - Fases da trajetória da literatura de autoria
feminina brasileira
Fase
feminina
Imitação e
internalização de
valores vigentes;
reduplicação da
tradição em
questões éticas,
ideológicas e
estéticas.
Úrsula (1859), de Maria
Firmina dos Reis; A
intrusa (1908), de Júlia
Lopes de Almeida; A
sucessora (1934), de
Carolina Nabuco;
Dedicação de uma
amiga (1850), de Nísia
Floresta; D. Narcisa de
Vilar (1858), de Ana
Luísa de Azevedo
Castro.
Fase
feminista
Críticas aos valores
patriarcais; torna
visível a repressão
feminina nas
práticas sociais e
desencadeamento
de um processo de
conscientização
feminino.
Laços de família ( 1960),
de Clarice Lispector; As
parceiras (1980), A asa
esquerda do anjo
(1981), Reunião de
família (1982), Quarto
fechado (1984) e Exílio
(1987), de Lya Luft;
Antes que o amor
acabe (1984), de
Patrícia Bins; Diana
caçadora (1986), de
Márcia Denser; Atire em
Sofia (1989), de Sônia
Coutinho; A mulher no
espelho (1985), As doze
cores do vermelho
(1988), de Helena
Parente Cunha;
Mulheres de Tijucopapo
(1987), de Marilene
Felinto; A casa da
paixão (1972), de
Nélida Piñon.
Fase
fêmea
Autodescoberta;
busca de
identidades
próprias; novas
formas de
representação.
A república dos sonhos
(1984), de Nélida Piñon;
O homem da mão seca
(1994), de Adélia Prado;
O ponto cego (1999), A
sentinela (1994), de Lya
Luft; Acqua toffana
(1994), O matador
(1995), Elogio da
mentira (1998), Valsa
negra (2003), de
Patrícia Melo.; Joias de
família (1990), de
Zulmira Ribeiro Tavares.
LITERATURA BRASILEIRA DE AUTORIA FEMINIA RECENTE
O final do século XX assistiu a uma reviravolta
considerável no âmbito social e literário no que diz
respeito ao reconhecimento institucional da
existência da literatura escrita por mulheres como
objeto legítimo de pesquisa. Com o pensamento
feminista influenciando o conteúdo literário feminino,
suas temáticas foram passando de universo feminino
afetado pelas relações hierárquicas de gênero para
outras mais abrangentes que não dizem respeito
apenas as mulheres, mas à humanidade em geral.
As escritoras contemporâneas possuem como modelo
mulheres reais, posicionadas contra ideias
hegemônicas, cheias de autonomia. A representação
da mulher na literatura foi afetada positivamente
pelos feminismos e outros movimentos sociais. No
cenário social brasileiro ainda há muito o que se
conquistar em relação a igualdade na diferença,
porém muito já se conquistou, pois discursos e práticas
contra a discriminação e a favor da inclusão são bem
aceitos e respeitados. Há a aprovação de pautas e
demandas dos movimentos sociais em setores
governamentais e a construção de políticas públicas
que contemplam perceptivas singulares de cunho
antipatriarcal e antirracista.
A literatura de autoria feminina foi se apresentando
como um segmento literário de tendência
revolucionária, que partindo da perspectiva
sociocultural da mulher e identificando-se com o
pensamento feminista é capaz de fazer emergir
identidades e posturas femininas que retiram a mulher
da obscuridade e do silenciamento, promovendo-lhe
a suberificação. Os romances recentes
protagonizados por personagens do sexo feminino, as
apresentam letradas, vivenciando conflitos típicos da
pós-modernidade, empreendendo mudanças,
viagens, peregrinações, e narrando suas próprias
histórias.
Quadro 3 - Literatura de autoria feminina brasileira recente:
obras representativas
Como pudemos constatar, a literatura de autoria
feminina brasileira já percorreu um longo percurso de
conquista das mulheres ao acesso ao universo das
Letras. Entretanto, o universo literário ainda possui suas
próprias regras e nem sempre coerentes com o
respeito as diferenças, pois vemos que a maioria das
publicações são de autoras brancas, nascidas no eixo
Rio-São Paulo e que integram a elite intelectual
brasileira. Para além do entusiasmo da inserção da
mulher no mundo da literatura, é preciso atentar-se a
necessidade da popularização das condições de
produção e circulação de literatura de autoria
feminina de outras classes, raça/etnia, escolaridade,
e acarretadas pelo distanciamento geográfico.
Resta a(ao) pesquisador(a)/professor(a) de literatura
fazer com que essas vozes ‘outras’ sejam ouvidas não
apenas em reuniões acadêmicas, grupos de trabalho
ou seminários, mas em salas de aula para contribuir
com a descolonização do pensamento e fazer
emergir multiplicidades e heterogeneidade de vozes
e perspectivas geo-socioculturais que compõe a
cena literária brasileira.
REFERÊNCIAS:
ZOLIN, Lúcia Osana. Literatura de autoria feminina. In:
BONNICI, Thomas; ZOLIN, Lúcia O.(org.) Teoria literária:
abordagens históricas e tendências contemporâneas.
2 ed. Maringá: Eduern, 2009.
A chave de casa (2007), de Tatiana Salém Levi; A
vendedora de fósforos (2011), de Adriana Lunardi; Azul
corvo (2010), de Adriana Lisboa; Deixei ele lá e vim (2006),
de Elvira Vigna; Carvão animal (2011), de Ana Paula
Maia; Era meu esse rosto (2012), de Marcia Tiburi; Fogo
Fátuo (2014), de Patrícia Melo; Guerra no coração do
cerrado (2006), de Maria José Silveira; Mar azul (2012), de
Paloma Vidal; Milamor (2008), de Lívia Garcia-Roza; O
inventário das coisas ausentes (2014), de Carola
Saavedra; O pintor que escrevia (2003), de Leticia
Wierzchowski; O tigre na sombra (2012), de Lya Luft; Um
defeito de cor (2006), de Ana Maria Gonçalves; Voltar a
Palermo (2002), de Luzilá Gonçalves Ferreira; Vozes do
deserto (2004), de Nélida Piñon; Yuxin (2009), de Ana
Miranda; Terras proibidas (2011), de Luiza Lobo.

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Literatura feminina: do resgate à autodescoberta

  • 1. Literatura de autoria feminina SÍNTESE: O texto mostra como a tradição literária feminina começou a ganhar força com o advento da crítica feminista e como a bandeira do feminismo norteou o resgate e reinterpretação da produção literária de autoria feminina. Também expõe que foi sendo construída uma trajetória dessa produção para que servisse de resistência a ideologias já estabelecidas que regulavam o saber literário. Portanto, o processo de questionamento dessas práticas, começou a entender a mulher como sujeito da produção literária, crítica e teórica e também de sua territorialização em um espaço patriarcal. O cânone literário tem sido representado por obras- primas de uma determinada cultura local, pelo homem ocidental, branco e de classe média alta, e sido controlado por uma ideologia que exclui os escritos de mulheres, minorias sexuais e étnico-raciais e os de classes sociais baixas. Para a mulher adentrar nesse espaço, foi preciso criar uma ruptura e anunciar uma alteridade em relação a essa visão de mundo logocêntrica e falocêntrica. Lobo (1999) aponta que uma dessas rupturas foi “através de arestas e frestas que conseguiu abrir através de seu aprendizado de ler e escrever em conventos (LOBO, 1999, p. 5). A exclusão da mulher do mundo literário pode ser bem explicitada em uma fala do escritor e jornalista João do Rio, em que este afirma que a escrita das mulheres é um verdadeiro desastre e que elas escrevem por que com certeza não tinham mais o que fazer (JOÃO DO RIO 1911 apud XAVIER, 1999, p. 19). Posicionamentos críticos acerca da proibição da mulher no mundo da escrita, vêm dando força a crítica literária feminista no trabalho de desmitificar os princípios ideológicos, teóricos, estéticos e retóricos do cânone literário, para desestabilizá-lo e só assim reconstruí-lo. Se observa que esses princípios são construídos de acordo com os valores patriarcais e a intenção é promover a visibilidade das mulheres produzindo um discurso novo que se insira na historiografia literária. Com a ajuda da reflexão advinda do feminismo, a mulher passa a ocupar um novo lugar na sociedade fazendo com que a crítica literária e a própria literatura passem a ser escritas por elas, sem o medo de rejeições ou escândalos. Diante dessas mudanças, passou a se pensar o: + RESGATE: o resgate da produção literária de autoria feminina tem bastante importância, pois recupera inúmeras obras de escritoras e confronta a ideia de baixo valor estético dessas produções que foram construídas ao longo da história. + REVISIONISMO CRÍTICO: uma determinada cultura pode ser criada e representada por um discurso de valores patriarcais provenientes das obras canônicas e o resgate pode ajudar a romper com essa ideia. + FEMINISMO CRÍTICO: que age por meio do pensamento pós-estruturalista na busca da desconstrução da neutralidade e da imposição dentro da crítica literária para que se possa engrandecer as análises e apresentar um novo olhar capaz de perceber particularidades que a convenção masculina nunca atentou. CONTRIBUIÇÕES: Na contribuição desse resgate a produção de autoria feminina temos: + A antologia “Escritoras Brasileiras do século XIX” (1999,2003,2009) com três volumes organizada pela professora Zahidé Lupinacci Muzart. Schimidt (2009) afirma que “o significado cultural e político dessa empreitada, como podemos já perceber, é algo que certamente marcará seu lugar na história da crítica literária brasileira” (SCHIMIDT, 2009, p. 17). + A própria autora Lúcia Osana Zolin que desenvolveu um projeto de pesquisa que disponibiliza dados de quase 200 escritoras paraenses, cerca de 700 obras literárias e mais de 200 antologias no Centro de Documentação de Literatura de Autoria Feminina Paranaense da Universidade Estadual de Maringá. Ao fazer a mulher produtora de literatura própria emergir, reinterpretar-se e conhecer os mecanismos ideológicos, a crítica feminista tem desenvolvido sua trajetória para que conheçam suas marcas e peculiaridades de cada época especifica. Quando se estuda os trabalhos de escritoras coletivamente, percebe-se de geração em geração a recorrência a certos padrões, temas, problemas e imagens. A autora Elaine Showalter em sua obra “A literature of their own: British women novelists from Brontë to Lessing” (1985), trabalhando na perspectiva da trajetória argumenta que as mulheres escritoras construíram uma subcultura dentro da sociedade organizada pela ideologia patriarcal, ou seja, construíram sua tradição literária a partir das relações que enfrentavam com a sociedade em que se inseriam. Nesse caso, investiga-se as maneiras pela qual a autoconsciência da mulher se inseriu na literatura num tempo e espaço específicos e como ela se desenvolveu. Em sua perspectiva, todas as subculturas literárias (negra, judia, canadense, anglo- indiana, americana, etc.) passam por três grandes fases: a de imitação e internalização dos padrões
  • 2. dominantes; a fase de protesto contra esses padrões e valores; e a fase de autodescoberta com a busca de sua própria identidade. Quando adaptamos essas fases a literatura de autoria feminina temos as fases: feminina, feminista e fêmea (ou mulher). Quadro 1 – Fases da trajetória da literatura de autoria feminina inglesa Fase feminina Internalização e imitação dos padrões e valores vigentes. La princesse de clève (1678), de Madame Lafayette; Jane Eyre (1847) e Shirley (1849), de Charlotte Brontë; The mill on the floss (1860) e Middlemarch (1871), de George Elitot; Valentine (1832) e Lélia (1833), de George Sand. Fase feminista Protesto contra os valores e os padrões vigentes; Mrs. Dalloway (1925) e To the lighthouse (1927), de Virginia Woolf; Pilgrimage (1915), de Dorothy Richardson; The hotel (1927), de Elizabeth Bowen; A convidada (1943), de Simone de Beauvoir. Fase fêmea (ou mulher) Autodescoberta; busca de identidade própria. The bloody chamber (1979) e Wise Children (1991), de Angela Carter; Strange meeting (1971), de Susan Hill; The color purple (1982), de Alice Walker; The sweetest dream (2001), de Doris Lessing; The pickup (2001), de Nadime Gordimer; Lesa moirés vides (1984), Ce qu’ils disent ou rien (1977), Le femme geleé (1981), de Annie Ernaux. NA LITERATURA BRASILEIRA No brasil e no exterior, a literatura de autoria feminina até um tempo atrás não existia ou não aparecia no cânone tradicional efetivamente. A crítica Lúcia Miguel Pereira reconhecida no círculo masculino literário, em seu livro “A história da literatura brasileira” (1950), apenas refere-se a Júlia Lopes de Almeida e não considera que outras escritoras da época tenham participação na formação da identidade nacional ou considera suas obras inferiores. Diante das proporções do cercamento histórico da mulher, o impulso da revolução industrial dos anos 60 também se alastrou em relação a literatura de autoria feminina. Enquanto que nos anos 30 e 40 mal se viam o nome de escritoras na lista de consagrados, nos anos 70 e 80 há uma explosão de publicações: Raquel de Queiroz, Cecília Meirelles e Clarice Lispector, sendo esta última responsável por abrir “uma tradição para a literatura da mulher no Brasil, gerando um sistema de influências que se fará reconhecido na geração seguinte" (VIANA, 1995, p. 172). A vista dessa mudança, outras vozes vão surgindo na literatura brasileira como: Nélida Piñon, Lygia Fagundes Telles, Ana Maria Machado, Ana Cristina Cesar, Hilda Hilst, Márcia Denser, Lya Luft, Adélia Prado, Sónia Coutinho, Zulmira Ribeiro Tavares, Marina Colasanti, Helena Parente Cunha, Judith Grossman e Patrícia Melo. São escritoras que dentro da mentalidade de mudança acerca da condição da mulher, lançam narrativas cheias de personagens femininas cientes da dependência e submissão que a ideologia patriarcal as atribui e quase sempre decididas a problematizar esse status quo. Na literatura brasileira, a trajetória da literatura de autoria feminina em relação as fases sofrem algumas alterações no que tange à cronologia. A autora Elódia Xavier no ensaio “Narrativa de autoria feminina na literatura brasileira: as marcas da trajetória” (1998), argumenta que a fase ‘feminina’ teria começado período de 1850 e ido até 1940, como exemplo, temos a “Úrsula” de Maria Firmina dos Reis como primeiro romance de autoria feminina. De 1940 até 1990 temos a fase ‘feminista’ estruturando-se em torno de relações das relações de gênero que trazem diferenças entre os sexos e instigando possibilidades de a mulher atingir sua plenitude existencial, com a chegada da obra “Perto do coração selvagem’ de Clarice Lispector. Com essa fase inaugurada, dos anos 1990 em diante, começaram a surgir diversas obras escritas por mulheres que se caracterizam por não mais fazer parte das tradições patriarcais, inaugurando assim a fase ‘fêmea’. Quadro 2 - Fases da trajetória da literatura de autoria feminina brasileira Fase feminina Imitação e internalização de valores vigentes; reduplicação da tradição em questões éticas, ideológicas e estéticas. Úrsula (1859), de Maria Firmina dos Reis; A intrusa (1908), de Júlia Lopes de Almeida; A sucessora (1934), de Carolina Nabuco; Dedicação de uma amiga (1850), de Nísia Floresta; D. Narcisa de Vilar (1858), de Ana Luísa de Azevedo Castro. Fase feminista Críticas aos valores patriarcais; torna visível a repressão feminina nas práticas sociais e desencadeamento de um processo de conscientização feminino. Laços de família ( 1960), de Clarice Lispector; As parceiras (1980), A asa esquerda do anjo (1981), Reunião de família (1982), Quarto fechado (1984) e Exílio (1987), de Lya Luft; Antes que o amor acabe (1984), de Patrícia Bins; Diana caçadora (1986), de Márcia Denser; Atire em Sofia (1989), de Sônia Coutinho; A mulher no espelho (1985), As doze cores do vermelho (1988), de Helena Parente Cunha; Mulheres de Tijucopapo (1987), de Marilene
  • 3. Felinto; A casa da paixão (1972), de Nélida Piñon. Fase fêmea Autodescoberta; busca de identidades próprias; novas formas de representação. A república dos sonhos (1984), de Nélida Piñon; O homem da mão seca (1994), de Adélia Prado; O ponto cego (1999), A sentinela (1994), de Lya Luft; Acqua toffana (1994), O matador (1995), Elogio da mentira (1998), Valsa negra (2003), de Patrícia Melo.; Joias de família (1990), de Zulmira Ribeiro Tavares. LITERATURA BRASILEIRA DE AUTORIA FEMINIA RECENTE O final do século XX assistiu a uma reviravolta considerável no âmbito social e literário no que diz respeito ao reconhecimento institucional da existência da literatura escrita por mulheres como objeto legítimo de pesquisa. Com o pensamento feminista influenciando o conteúdo literário feminino, suas temáticas foram passando de universo feminino afetado pelas relações hierárquicas de gênero para outras mais abrangentes que não dizem respeito apenas as mulheres, mas à humanidade em geral. As escritoras contemporâneas possuem como modelo mulheres reais, posicionadas contra ideias hegemônicas, cheias de autonomia. A representação da mulher na literatura foi afetada positivamente pelos feminismos e outros movimentos sociais. No cenário social brasileiro ainda há muito o que se conquistar em relação a igualdade na diferença, porém muito já se conquistou, pois discursos e práticas contra a discriminação e a favor da inclusão são bem aceitos e respeitados. Há a aprovação de pautas e demandas dos movimentos sociais em setores governamentais e a construção de políticas públicas que contemplam perceptivas singulares de cunho antipatriarcal e antirracista. A literatura de autoria feminina foi se apresentando como um segmento literário de tendência revolucionária, que partindo da perspectiva sociocultural da mulher e identificando-se com o pensamento feminista é capaz de fazer emergir identidades e posturas femininas que retiram a mulher da obscuridade e do silenciamento, promovendo-lhe a suberificação. Os romances recentes protagonizados por personagens do sexo feminino, as apresentam letradas, vivenciando conflitos típicos da pós-modernidade, empreendendo mudanças, viagens, peregrinações, e narrando suas próprias histórias. Quadro 3 - Literatura de autoria feminina brasileira recente: obras representativas Como pudemos constatar, a literatura de autoria feminina brasileira já percorreu um longo percurso de conquista das mulheres ao acesso ao universo das Letras. Entretanto, o universo literário ainda possui suas próprias regras e nem sempre coerentes com o respeito as diferenças, pois vemos que a maioria das publicações são de autoras brancas, nascidas no eixo Rio-São Paulo e que integram a elite intelectual brasileira. Para além do entusiasmo da inserção da mulher no mundo da literatura, é preciso atentar-se a necessidade da popularização das condições de produção e circulação de literatura de autoria feminina de outras classes, raça/etnia, escolaridade, e acarretadas pelo distanciamento geográfico. Resta a(ao) pesquisador(a)/professor(a) de literatura fazer com que essas vozes ‘outras’ sejam ouvidas não apenas em reuniões acadêmicas, grupos de trabalho ou seminários, mas em salas de aula para contribuir com a descolonização do pensamento e fazer emergir multiplicidades e heterogeneidade de vozes e perspectivas geo-socioculturais que compõe a cena literária brasileira. REFERÊNCIAS: ZOLIN, Lúcia Osana. Literatura de autoria feminina. In: BONNICI, Thomas; ZOLIN, Lúcia O.(org.) Teoria literária: abordagens históricas e tendências contemporâneas. 2 ed. Maringá: Eduern, 2009. A chave de casa (2007), de Tatiana Salém Levi; A vendedora de fósforos (2011), de Adriana Lunardi; Azul corvo (2010), de Adriana Lisboa; Deixei ele lá e vim (2006), de Elvira Vigna; Carvão animal (2011), de Ana Paula Maia; Era meu esse rosto (2012), de Marcia Tiburi; Fogo Fátuo (2014), de Patrícia Melo; Guerra no coração do cerrado (2006), de Maria José Silveira; Mar azul (2012), de Paloma Vidal; Milamor (2008), de Lívia Garcia-Roza; O inventário das coisas ausentes (2014), de Carola Saavedra; O pintor que escrevia (2003), de Leticia Wierzchowski; O tigre na sombra (2012), de Lya Luft; Um defeito de cor (2006), de Ana Maria Gonçalves; Voltar a Palermo (2002), de Luzilá Gonçalves Ferreira; Vozes do deserto (2004), de Nélida Piñon; Yuxin (2009), de Ana Miranda; Terras proibidas (2011), de Luiza Lobo.