O documento resume a história de "Leandro, o rei da Helíria" de Alice Vieira. Conta a história de um rei bondoso que decide abdicar do trono e entregá-lo à filha que mais o ama. Suas duas filhas mais velhas fingem amá-lo para obter o reino, enquanto a filha mais nova, Violeta, demonstra seu amor de forma simples e sincera, fazendo com que o rei a expulse. Mais tarde, o rei se arrepende ao perceber que Violeta era a única que
1. Resumo(s) da ação
«Um rei bondoso, duas filhas más, uma filha boa e um bobo fiel. É assim o reino de Helíria!
Tudo está em paz até ao dia em que o Rei tem um sonho muito estranho queo leva a crerque está
na altura de abandonar o trono.
Como não tem filho varão decide entregar o reino à filha que mais o amar. Para isso, cada uma
deve exprimir, por palavras, os seus sentimentos.
Amarílis e Hortênsia fazem um lindo discurso comparando o seu amor ao Sol, ao ar e a todos os
elementos vitais.
Violeta,a filha mais nova, não encontra outra comparação senão a de que quer ao pai tanto como
a comida quer ao sal.
O Rei não entende estamedidade amor e, furioso, expulsaa filha, para sempre, e entrega metade
do reino a cada uma das outras filhas.
Mais tarde, as filhas más acabam por expulsar o pai, que caminha durante anos com o seu bobo
fiel por terras desconhecidas.
Já velho, cansado e cego, encontra, sem saber, o reino de sua filha Violeta. Esta serve-lhe um
manjar de comida sem sal.
O pai compreende, então, a falta de um bem tão essencial e pede perdão a Violeta por não ter
percebido que ela era a única filha honesta e que realmente o amava.»
Fonte: Helena, «Leandro, o rei da Helíria” de Alice Vieira», in blogue Português sem fronteiras,
19.01.2012.
Vídeo – Resumo do enredo da peça.
Fonte: Y outube
4. Fontes de inspiração
Pelo menos, duas histórias terão servido de inspiração ao texto
dramático de Alice Vieira:
Um conto tradicional:
Clica nesta imagem para leres o conto.
O Sal e a Água
2. In: Contos tradicionais portugueses do povo português - recolha por
Teófilo Braga, 1.ª ed. – Porto, 1860; com várias reedições nos nossos
dias.
Uma das mais famosas tragédias:
Clica nesta imagem para saberes mais.
O rei Lear, de William Shakespeare
Edição recente em língua portuguesa: O rei Lear, de William
Shakespeare. Porto, Col. “Shakespeare para o século XXI”, Campo das
Letras, 2005.
5. Análise da obra
5.1. A edição utilizada é a 12.ª edição: Lisboa, Editorial Caminho, 2011. Portanto, todas
as citações e indicações de página referem-se a essa edição.
5.2. O título «Leandro, rei da Helíria» cria a expectativa de a história
ser sobre... uma personagem principal, chamada... Leandro (o nome
surge em primeiro lugar) e que é... rei de uma terra chamada... Helíria.
Portanto, uma personagem masculina e o seu poder sobre um certo território serão
provavelmente aspetos importantes: «Deste o reino, deste o manto, / deste o cetro, destea coroa
/ às filhas do teu encanto [...]» (p. 69). Como sabemos, trata-se de uma herança e uma questão
de poder: Quem sucederá a Leandro no seu trono? Quem reinará em Helíria?
5.3. Estrutura externa da peça.
3. A peça divide-se em dois atos (quando o cenário muda, assistimos
então ao 2.º ato); cada ato tem onze cenas(sempre que uma
personagem sai ou entra em cena/palco demarca-se uma cena).
Podemos esquematizar a sua estrutura deste modo:
TEXTO DRAMÁTICO
TOTAL
ATO 1
Cena 1
Cena 2
Cena 3
Cena 4
Cena 5
Cena 6
Cena 7
Cena 8
Cena 9
Cena 10
Cena 11
ATO 2
Cena 1
Cena 2
Cena 3
Cena 4
Cena 5
Cena 6
Cena 7
Cena 8
Cena 9
Cena 10
Cena 11
O texto principal são as falas das personagens, i.e., o modo de
expressão dominante é o diálogo - por exemplo:
PRÍNCIPE FELIZARDO: E o que é que a gente faz com um coração?
PRÍNCIPE SIMPLÍCIO: Tiraste-me as palavras da boca!
Existe ainda um texto secundário constituído pelas indicações do autor
ou didascálicas destinadas aos atores e a todos os técnicos que
contribuem para a encenação da peça. Essas indicações
cénicas surgem entre parênteses e em itálico – vejamos vários
exemplos:
Elementos
envolvidos na
representação do
texto
Didascálicas
4. Cenarista (No jardim do palácio real de Helíria. Rei
Leandro passeia com o Bobo)
Aderecista (Preparativos para a festa, os criados passam
com grandes travessas, cestos, barris, etc. ...
Cantam) (p. 39)
Luminotécnico (Aqui a cena fica suspensa, e a luz centra-se
apenas no bobo, que fala para os espetadores na
plateia) (p. 14)
(A luz regressa à gruta) (p. 79)
Sonoplasta (Tocam as trombetas) (p. 29)
Atores BOBO (gritando de repente, depois de olhar
muito para Violeta): É ela! É ela! Eu bem sabia
que já tinha visto aquela cara! É ela! É
Violeta! (p. 103)
(Simplício encolhe os ombros); (Simplício diz que
não com a cabeça, o outro fica mais
sossegado) (p. 55)
5.4. Organização interna da peça.
Como texto portador de sentido, i.e., em que se conta uma história e por
partes, esta peça obedece a uma estrutura interna:
1. exposição (introdução)
2. conflito (desenvolvimento)
3. desenlace (conclusão).
Partes Delimitação no texto Resumo
EXPOSIÇÃO 1.° ato: cenas I a VI ...
CONFLITO 1.° ato: cena VII, até
2.° ato: cena VIII
...
DESENLACE 2.° ato: cena IX até Cena
XI
...
(em elaboração)
5.5 Apresentação das principais personagens
(sua caraterização)
O rei Leandro
É rei do reino de Helíria.
Sente-se velho demais para continuar a reinar.
5. Está atormentado com um sonho que interpreta como sendo uma
mensagem dos deuses.
Tem no Bobo um amigo, mas não lhe dá o devido valor.
O seu maior tesouro são as filhas, principalmente a mais nova,
Violeta.
É impulsivo ao questionar as filhas e a julgar as suas respostas:
demonstra ser cruel com Violeta por esta o desapontar com a sua
medida de amor.
O Bobo
É uma personagem divertida que dá humor à ação.
Ao longo da peça, para além da sua função cómica, o Bobo assume
também o papel de comentador e de crítico (por vezes, é irónico e
muitas vezes os seus apartes expõem ou dão a conhecer melhor as
pessoas que rodeiam o rei).
Revela ser inteligente e ponderado.
Apercebe-se bem do carácter das princesas.
Não abandona o Rei apesar da sua desgraça e é ele quem, anos
mais tarde, o guia até Violeta.
Estabelece uma relação forte com o público através dos apartes e
monólogos proferidos.
Amarílis
É uma princesa, a filha mais velha do rei Leandro da Helíria.
De acordo com a simbologia do seu nome de flor, a traição, diz o
povo que é uma mulher artificiosa, enganadora e interesseira.
Não se preocupa com a superficialidade do noivo.
É falsa, ingrata e oportunista: na primeira oportunidade expulsa o
próprio pai do seu reino.
Hortênsia
É uma princesa, a filha do meio do rei Leandro.
De acordo com a simbologia do seu nome de flor, a vaidade, diz o
povo que as Hortênsias são mulheres caprichosas e inconstantes.
É falsa e interesseira, como a irmã mais velha: também ela não se
sente culpada ou com remorsos por expulsar o pai do seu reino.
Não se incomoda com a falta de personalidade do noivo.
Entra em competição com a irmã Amarílis.
Violeta
É uma princesa, a filha mais nova do rei Leandro da Helíria e a sua
preferida.
6. É uma filha preocupada, a amorosa e bondosa: preocupa-se com
o bem-estar do pai e de todos. Simbolicamente a Violeta representa a
modéstia. De facto, é a simplicidade de Violeta que vai provocar a ira
do pai e a sua expulsão de casa.
Sente um amor verdadeiro e desinteressado pelo príncipe
Reginaldo.
Apesar de ter sido incompreendida e expulsa do reino pelo pai,
não lhe guarda rancor e perdoa-lhe todo o mal que lhe fez.
O Príncipe Felizardo
É o pretendente e futuro marido de Amarílis.
Novo-rico, e muito materialista – acha que o valor das pessoas se
mede por aquilo que elas possuem –, é vaidoso, convencido, altivo,
grosseiro, gabarola.
Sendo também interesseiro, não espanta que não dê importância
ao amor no casamento entre duas pessoas.
Desculpa as suas atitudes com as ordens de Amarílis.
O Príncipe Simplício
É o pretendente e futuro marido de Hortênsia.
Vive na sombra de Felizardo, apoiando-o incondicionalmente, e
revela uma fraca personalidade.
Tem um vocabulário reduzido e por isso apenas profere, ao longo
de toda a peça, uma única frase: «Tiraste-me as palavras da boca.».
Príncipe Reginaldo
É o pretendente e futuro marido de Violeta.
Ama-a de verdade verdadeiramente e sente-se feliz por ser
correspondido pelo amor igualmente desinteressado de Violeta.
Enfrenta o rei quando este expulsa do reino a filha mais nova,
Violeta.
É terno, apaixonado, bondoso e generoso, e apoia Violeta nas suas
decisões.
Pastor, Godofredo Segismundo
É perspicaz e detentor de sabedoria popular.
É uma pessoa feliz na sua humildade e no seu casamento com
Briolanja.
Encaminha o rei para o palácio de Violeta, permitindo um final
feliz.