SANTOS, Milton. Da individualidade do espaço total e de sua análise através das instâncias produtivas. IN: Espaço e Método. São Paulo: Nobel, 1985, p. 61-64.
SANTOS, Milton. Espaço e Capital: O meio técnico-científico. IN: Espaço e Método. São Paulo: Nobel, 1985, p.37-48
PROVA - ESTUDO CONTEMPORÂNEO E TRANSVERSAL: LEITURA DE IMAGENS, GRÁFICOS E MA...
Espaço e Capital de Milton Santos
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GeisaAndrade
7º semestre de licenciatura emGeografia- IFBA- Campus Salvador
RESENHA
SANTOS, Milton. Da individualidade do espaço total e de sua análise através
das instâncias produtivas. IN: Espaço e Método. São Paulo: Nobel, 1985, p.
61-64.
O Prof. Milton Santos formou-se em Direito no ano de 1948, pela UFBA
(Universidade Federal da Bahia), foi professor em Ilhéus e Salvador, autor de
livros, que surpreenderam os geógrafos brasileiros e de todo o mundo, pela
originalidade e audácia: "O Povoamento da Bahia" (48), "O Futuro da
Geografia" (53), "Zona do Cacau" (55) entre muitos outros. Em 1958, já voltava
da Universidade de Estrasburgo, da França, com o doutorado em Geografia,
trabalhou no jornal "A Tarde" e na CPE (Comissão de Planejamento
Econômico-BA), precursora da Sudene, foi preso em 1964 e exilado. Passou o
período entre 1964 a 1977 ensinando na França, Estados Unidos, Canadá,
Peru, Venezuela, Tânzania; escrevendo e lutando por suas idéias. Foi o único
brasileiro e receber um "prêmio Nobel", o Vautrin Lud, que é como um Nobel de
Geografia. Outras de suas magistrais obras são: "Por Uma Outra Globalização"
e "Território e Sociedade no Século XXI".
No capítulo 5, “Da individualidade do espaço total e de sua análise através das
instâncias produtivas” traduz considerações ações humanas e como essas
produz o espaço “Sem produção não há espaço e vice-versa”, pois o espaço é
como suporte para o processo produtivo e como meio de trabalho tecnicamente
elaborado. E eleva a um nível mais alto que jamais, a sua capacidade de
transferir valor ao conjunto de instrumentos e meios de trabalho que nele tem
base.
E esse visto com funcionalidade a partir do que melhor este tenha a oferecer
depende de seu poder, ora esse de distribuir com maior ou menor rapidez, por
conta das frações (estradas, vias, meios de comunicação) e essas frações
distingue os espaços que diante da sua capacidade de tornar produto em
capital que consegue fazer o ciclo produtivo se desenvolver.
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7º semestre de licenciatura emGeografia- IFBA- Campus Salvador
O autor destaca a premissa de o espaço ser total e indivisível, numa relação
dialética entre as frações que caracterizam o território por meio de hierarquia
que se configuram pela centralidade e tão logo tornam os interesses por meio
de critérios que possam beneficiar ao capital e assim concluindo a premissa do
espaço seletivo, hierarquizado e valorizado por meio das categorias de
objetos/elementos os fixos e os fluxos e desse modo os subespaços nacionais
as cidades, não obtêm o mesmo valor e como também não mantém sempre o
mesmo valor.
E como se fosse um ciclo de funcionamento, existe as instancias produtivas
denominadas circulação, distribuição e consumo, sem essas três etapas
confluindo em um movimento cada pedaço dos espaços (cidades) seja esse
rural ou urbano se compromete em exerce sua função ao qual o sistema
técnico disponibilizado garante exercer com a sua devida velocidade ao qual
compete.
Para garantir a circulação, a distribuição e consumo, existem a
compartimentação dos espaços que o autor denomina de “fluxos”, os espaços
da circulação e os “fixos”, os espaços da distribuição e do consumo. A pressão
de intensificar os meios técnicos que possam favorecer a rápida transformação
do produto em mercadoria por capital-dinheiro é que pode garantir a
permanência do espaço no âmbito do processo produtivo.
E nesse processo de permanência e inserção no processo produtivo que as
firmas, entendendo essas com a própria ação estatal, corporações e/ou as
multinacionais, que vão agir mais eficazmente sobre o território e garantir que
os mercados (escala de áreas de países) recebam e consumam o produto com
as devidas variações de disponibilidades dos produtos e interesse do
consumidor. E outro destaque é sobre o valor dos lugares com o autor ratifica
sobre o espaço seletivo e está relacionada à virtualidade, a potencialidade que
o próprio espaço possui e assim pode contribuir para que esse possa mudar de
valor.
Desse modo, no capitulo, o autor discorre sobre particularidades do espaço,
sejam elas por vezes individuais, mas, são interdependentes e daí a premissa
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que o espaço é total e indivisível, pois tais funções exercidas no espaço
relacionadas à produção, a circulação, a distribuição e o consumo.
Uma duvida recorrente ao texto fica claro à existência ou a não existência de
um espaço que apenas que exerça o papel de fixos ou fluxos, isto é a relação
dialética sobrecarrega o espaço de múltiplas tarefas, mas que analise acaba
sendo a prioridade por uma função hegemônica.
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SANTOS, Milton. Espaço e Capital: O meio técnico-científico. IN: Espaço e
Método. São Paulo: Nobel, 1985, p.37-48
As técnicas tornam a possibilidade de conquistar o espaço e tão logo
transformá-lo. E ao longo do processo as técnicas se tornaram cada vez mais
aprimorada, e aqueles que as detinham logo estava à frente do processo de
produção do espaço. A complexidade das técnicas foi cada vez mais
necessária à supremacia diante de outros espaços.
E daí o autor afirma que vivemos no momento da contemporaneidade, o meio
técnico- científico momento onde coincide o desenvolvimento da ciência em
prol do desenvolvimento das técnicas e desse modo a ciência também está
atrelada aos interesses hegemônicos do capital e esse valoriza o trabalho
intelectual ao trabalho manual.
Espaço sempre foi o lócus da produção. A ideia de produção supõe a ideia de
lugar. Sem produção não há espaço e vice-versa. Mas, o processo direto da
produção é, mais que as outras instâncias produtivas (circulação, repartição,
consumo), tributário de um pedaço determinado de território, organizado por
uma fração da sociedade para o exercício de uma forma particular de
produção.
O fato de que o espaço total seja indivisível não nos impede de, nele.
Distinguir as frações (estradas, condutos, vias e meios de comunicação)
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utilizadas para permitir que a produção e os seus fatores circulem: pode-se
falar num espaço de circulação? Pode-se admitir que haja pedaços de território
cuja única função seja a de assegurar a circulação? Cremos que, além disso,
deve-se, mesmo, reconhecer que tais espaços de circulação prestam-se de
maneira diferente à utilização pelas firmas diversas dentro de uma cidade,
região ou país.
O uso seletivo do espaço se daria, sobretudo através desse processo, uma vez
que, nas condições atuais de circulação rápida do capital, isto é, pela
necessidade de rápida transformação do produto em mercadoria ou capital-
dinheiro, isto é, nas condições atuais de reprodução, a capacidade maior ou
menor de fazer rapidamente o produto é condição, para cada firma.
A questão pode assim, como vimos ser colocada em termos nacionais e locais:
no tocante à produção e à circulação, o dado nacional avulta, graças à
hegemonia de que, sem contestação, dispõem as firmas mais poderosas.
Quanto ao consumo, sobreleva o dado local, a partir das múltiplas formas de
acessibilidade dos bens e serviços, cuja manifestação termina por se dar em
termos, sobretudo locais.
O espaço, como realidade, é uno e total. É por isso que a sociedade como um
todo atribui, cada um dos seus movimentos, um valor diferente a cada fração
do território, seja qual for a escala da observação, e que cada ponto de espaço
é solidário dos demais, em todos os momentos. A isso se chama a totalidade
do espaço.
Hoje, e com grande insistência, que a antiga noção de região não pode resistir
às configurações atuais da economia, governada, nos diversos países, por uma
internacionalização do capital que abarca novas formas. Houve um momento
em que a região era considerada como a categoria do estudo espacial.
A insistência de uma integração nacional, nos países subdesenvolvidos,
favorecia laços mais diretos de cada subespaço nacional (ou, pelo menos, de
certos deles, em casos espaciais) em relação com os centros do sistema
mundial, cada área exercendo funções reclamadas aos pais (ou colônia) como
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um todo, mas estritamente localizadas. A inexistência de uma fluidez espacial,
isto é, de mobilidade dos fatores, deixava, porém, a impressão de que cada
área funcionava segundo uma lógica própria, independente das relações do
país como um todo com o sistema mundial.
Nos países desenvolvidos, as relações eram, sobretudo, regiões históricas,
criadas antes da revolução dos transportes, onde o peso do passado, influindo
tanto na configuração do espaço na vida econômica e cultural, assegurava a
manutenção de um grande número de relações internas, mais facilmente
identificáveis, mais empiricamente comprováveis e, sobretudo, mais presentes
na interpretação dos estudiosos, pondo, desse modo, na sombra, as relações
externas, das quais as relações internas dependiam em última análise.
A internacionalização do capital produtivo, paralela à fase técnico-científico
atual do imperialismo, veio pôr à debilidade do conceito, pelo menos em sua
noção clássica. O processo de acumulação ganha novo ritmo e a localização
das atividades mais rentáveis se tornam mais seletiva.
Uma região é, na verdade, o lócus de determinadas funções da sociedade
total em um momento dado. Mas, pelo fato de que, no passado, o mesmo
fenômeno se produziu, as divisões espaciais do trabalho precedentes criaram,
na área respectiva, instrumentos de trabalho fixos ás diversas órbitas do
processo produtivo, aos quais se vem juntar novos instrumentos de trabalho
necessários às atividades novas e renovadas atuais.
A região se definiria, assim, como o resultado das possibilidades ligadas a
certa presença, nela, de capitais fixos exercendo determinado papel ou
determinadas funções técnicas e das condições do seu funcionamento
econômico, dadas pela rede de relações acima indicadas. Pode-se dizer que
há uma verdadeira dialética entre ambos esses fatores concretos, um
influenciando e modificando o outro.
Assim, o regional seria dado exatamente por formas, consideradas, porém,
como formas técnicas, exceto se já não funcionam, jamais deixam de ser
portadores de um conteúdo, isto é, de um sistema de relações ligado à lógica
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interna de firmas ou instituições e que resistências à lógica mais ampla, de
natureza geral, nacional.
A penetração, no campo, das formas mais modernas do capitalismo conduz a
dois resultados complementares. De um lado, novos objetos geográficos se
criam, fundando uma nova estrutura técnica, de outro, a própria estrutura do
espaço muda. Designações tais como região urbana ou zona rural ganham um
novo conteúdo. Numa área onde a composição orgânica do capital é elevada,
onde quantidade e qualidade das estradas favorece a circulação e as trocas,
onde a proximidade de uma grande cidade e a especialização produtiva e
espacial conduz a complementação, o campo se industrializa, torna-se objeto
de relação de capital avançadas, claramente distintas das que têm lugar tanto
nas regiões agrícolas tradicionais, quanto naquelas que, sendo modernas,
estão distanciadas das áreas urbanas mais desenvolvidas.
O que distinguiria a região urbana e a região agrícola não será mais a
espacialização funcional, mas a quantidade, a densidade e a multidimensão
das relações mantidas sobre o espaço respectivo. A noção de oposição cidade-
campo torna-se, desse modo, mudança, para dar lugar à noção de
complementaridade e seu exercício sobre uma porção do espaço. Sem dúvida,
o espaço total de um país é solidário, portanto complementar. Aqui, porém,
trata-se de cooperação a uma escala inferior, isto é, à escala do processo
imediato da produção e/ ou consumo.