SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 27
PONTO 3: A DINÂMICA DAS REDES NA
ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DO CERRADO
LarissaAlves de Lira
Aula apresentada ao concurso de professor temporário da UFG, Goiás, Regional
Jataí
• Problemática:
• A dinâmica das redes no cerrado recoloca a importância do papel dos elementos da
natureza num período de globalização?
• Objetivos da aula:
• - Compreender que os diferentes paradigmas geográficos podem ser mobilizados segundo
a complexidade do espaço estudado.
• - Compreender o conceito de Espaço em Milton Santos como uma confluência dos
elementos físicos e da ação humana unificados por meio da técnica.
• - Compreender a importância de articular o paradigma natural ao paradigma econômico.
• - Situar o histórico de ocupação do cerrado nos modelos de desenvolvimento adotados
pelo Estado Brasileiro.
• - Entender como os modelos geográficos podem ser espacializados, segundo os mais
novos métodos que a geografia regional legou aos cientistas sociais contemporâneos.
• -Ver como é mobilizada uma compreensão teórica global da geografia: uma metafísica, os
paradigmas, os conceitos, a comparação das cartas como elementos de explicação das
realidades geográficas.
• Plano da aula:
• - Introdução
• - Os paradigmas da geografia: qual o papel da natureza na teoria da geografia?
• - Como a natureza aparece na teoria de Milton Santos?
• - O cerrado como uma fronteira agrícola do capitalismo
• - As características ambientais do cerrado
• - As características produtivas do cerrado e sua situação nas conjunturas econômicas do
estado brasileiro
• - Uma primeira rede apropriada pelo capital: uma rede de áreas planas e contínuas
• - Uma segunda rede que o capital se apropria: os corredores exportadores
• - Uma terceira rede que o capital constrói: a rede urbana
• - Uma quarta rede que o capital monopoliza: a informação
• - Concluindo: nem a natureza está ausente da organização das redes do cerrado nem as
redes do capital globalizado...
LOCALIZAÇÃO:
Fonte:
http://apoiogeografiahist
oriaescolasp.blogspot.co
m.br/2011/06/cerrado-
savana-brasileira.html
REDES
OS PARADIGMAS DA GEOGRAFIA: QUAL O
PAPEL DA NATUREZA NATEORIA DA
GEOGRAFIA?
• “Antítese da ideia de isolamento, o cruzamento: substituindo o lugar de relações
verticais da geografia clássica, que manifesta a relação natureza-cultura no
interior do meio geográfico, a um lugar interligado, mutável, em uma relação
horizontal com todos os outros lugares do mundo compondo o espaço geográfico
[...] Ele também repensa o conceito de ‘meio’: invalida a causalidade natural,
destacando o quanto o meio geográfico é ‘artificial’. [...] Ao fazê-lo, de maneira
um pouco prometeica, Julliard coloca o homem no comando, revertendo a solução
proposta por J. Brunhes e, com isso, o determinismo ambientalista que assombra
as mentes de seus contemporâneos, tais como Le Lannou. (ROBIC, 2001b, p. 89).
COMO A NATUREZA APARECE NATEORIA
DE MILTON SANTOS?
• Aqui eu cito Marília Steinberger: “O espaço une as noções de ambiental,
territorial, regional, urano e rural porque é uma totalidade. (...).Território é
natureza natural e artificial. Os atributos naturais do espaço não são permanentes
e assim, como os atributos não naturais, os dois são destinados a mudar pelo
trabalho do homem. (...). Assim, Milton Santos, repõe o papel do espaço como
chave para quebrar o dualismo entre homem-natureza e conduz-nos a um
patamar de reflexão que concilia historicamente espaço, natureza e território, por
meio da técnica, e insere o meio ambiente nesse contexto.”
• Ainda citando Marília Steinberger, “em 1985, considera o meio ecológico, ao lado
dos homens, das firmas, das instituições e das infraestruturas como um dos
elementos do espaço enquanto sistema. Define-o como ‘o conjunto de complexos
territoriais que constituem a base física do trabalho humano’”.
• Continuando a nos apoiar em Marília Steinberger, a autora nos define que
“posteriormente, em 1988, Milton Santos explica que, sendo, a história da
humanidade ‘a história da transformação da natureza pelo trabalho humano’, é
possível identificar três fases na relação entre sociedade e o meio: a do meio
natural, quando a natureza ‘constituía a base da vida material’; a do meio técnico,
iniciada no fim do século XVIII com a ‘mecanização do território’; e a atual, do
meio técnico-científico, cujo marco é o fim da Segunda Guerra Mundial, quando ‘o
território vai se mostrando, a cada dia que passa, com um conteúdo maior em
ciência, em tecnologia e em informação”. Depois, ele vai falar em meio técnico,
científico e informacional.
O CERRADO COMO UMA FRONTEIRA
AGRÍCOLA DO CAPITALISMO
Fonte: BERNARDES, 2009.
Fonte:
http://www2.fct.unesp.
br/nera/atlas/agropecua
ria.htm
Fonte:
http://www.transport
es.gov.br/
Fonte:
http://geoconceicao.
blogspot.com.br/201
0/07/regiao-
nordeste.html
• “Se, paraVidal, o movimento rege a dinâmica do globo, toda a terra está sob o
impulso das correntes: ou agrega forças para a expansão, ou para o recuo. O
cosmos é um estado corrente e fluido. Logo, as regiões que se desenham se
diferenciam uma das outras pelo tipo de circulação que se dá no seu interior.
Chamamos estes « tipos » de espacialidades da circulação. Essas espacialidades na
obra deVidal são: uma tendência ao isolamento ou a disseminação; um modo ou
processo como se dão as comunicações (relações travadas por contiguidade ou
por redes); um ritmo de vencimento das distâncias (e, portanto, um meio de
transporte característico e uma associação com os elementos do meio que lhe
imprimem dinamismo), uma escala (pequena região ou pays; grande região ou
Estado; e enfim, o mundo).” [grifos nossos] (LIRA, 2013, p. 126).
AS CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS DO
CERRADO
• O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de
cerca de 22% do território nacional. A sua área contínua incide sobre os estados de
Goiás,Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia,
Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos
enclaves no Amapá, Roraima e Amazonas.
AS CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS E SUA
SITUAÇÃO NAS CONJUNTURAS
ECONÔMICAS ATUAIS
• Neo-liberalismo no Brasil (décadas de 1960-1990):
• - Diminuição da Estrutura do Estado
• - Concentração industrial com ligação direta entre os pólos exportadores e os portos
exportadores.
• - Debilitação da indústria – crescimentos dos segmentos minerais e agroindustriais voltados para
o mercado externo
• - Desmatamento e estímulo às exportações de produtos primários.
• - Estímulo das exportações
•
• - Guerra fiscal entre os governos locais para atrair investimentos.
• - Inserções próprias das regiões ao mercado internacional conformando-se em
território competitivos.
• -Privatização- perda do controle do Estado na economia.
• - Fragmentação do território nacional.
• - Concorrência entre as regiões.
• - Estímulo a concentração industrial através da mão de obra barata.
• - Crédito privilegiado para as grandes empresas.
• - Incentivo às exportações que destruiu a pequena e a média propriedade.
UMA PRIMEIRA REDE APROPRIADA PELO
CAPITAL: UMA REDE DE ÁREAS PLANAS E
CONTÍNUAS
Fonte:
http://www.geografia
paratodos.com.br/ind
ex.php?pag=capitulo_
6_relevo_e_solo-
formacao_e_classifica
cao
UMA SEGUNDA REDE QUE O CAPITAL SE
APROPRIA: OS CORREDORES
EXPORTADORES.
Fonte:
http://pt.slideshar
e.net/fgv-
oficial/nelson-
siffert
Fonte:
http://www.transpor
tes.gov.br/
Fonte: IBGE, 2015.
UMATERCEIRA REDE QUE O CAPITAL
CONSTRÓI: A REDE URBANA
Fonte: IBGE, 2015.
Fonte: IBGE, 2015.
Fonte: IBGE, 2015.
UMA QUARTA REDE QUE O CAPITAL
MONOPOLIZA: A INFORMAÇÃO
Fonte: FREDERICO,
2008.
•CONCLUINDO: NEM A NATUREZA ESTÁ AUSENTE DA
ORGANIZAÇÃO DAS REDES DO CERRADO NEMAS
REDES DO CAPITAL GLOBALIZADO...
• Bibliografia:
• ARRIGHI, G. Adam Smith em Pequim. Origens e fundamentos do século XXI. São Paulo:
Boitempo, 2008.
• BERNARDES, J. A. B.Agricultura e novos espaços urbanos no cerrado brasileiro. Tamoios: Rio
de Janeiro, ano III, n. 1, 2007.
• BERNARDES, JúliaAdão. Fronteiras daAgricultura Moderna no Cerrado Norte/Nordeste:
descontinuidades e permanências. In: BERNARDES, J. A.; BRANDÃO FILHO, José Bertoldo. A
territorialidade do capital. Rio de Janeiro: Arquimedes, 2009, cap 1, pp. 13-39.
• CANO, W. Questão regional e política econômica nacional. In: CASTRO, A. C. (org.). BNDE:
Desenvolvimento em debate. Painéis do Desenvolvimento Brasileiro- II. Rio de Janeiro: Mauad,
BNDES, 2002.
• FREDERICO, S. O NovoTempo do Cerrado. Expansão dos fronts agrícolas e controle do sistema
de armazenamento de grãos.Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós Graduação
em Geografia Humana da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008.
• GEORGE, P. Os métodos da Geografia. São Paulo: Difusão europeia do livro, 1972.
• HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume 2005.
• IBGE, Arranjos populacionais e concentrações urbanas no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2015.
• LIRA, L. A. O Mediterrâneo deVidal de la Blache.O primeiro esboço do método geográfico. São Paulo:
Alameda, 2013.
• MINISTÈRIO DO MEIOAMBIENTE. O bioma do cerrado. http://www.mma.gov.br/biomas/cerrado
• MONBEIG, P. Pioneiros e fazendeiros de São Paulo. Hucitec, Polis, 1984.
• ROBIC, M. C. Le val comme laboratoire de géographie humaine ? Les avatars du val d’Anniviers. Revue de
géographie alpine, Grenoble, 89 (4), 2001.
• SANTOS, M. A natureza do espaço.Técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2008.
• SANTOS, M. SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do séculoXXI. Rio de Janeiro: Record,
2001.
• SANTOS, M. Sociedade e espaço: a formação social como teoria e como método. Boletim paulista de
geografia, n. 54, jun., 1977.
• SOUZA, M, L. de. Mudar a cidade. Uma introdução crítica ao Planejamento e à Gestão Urbanos. Rio de
Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
• STEINBERGER, M. (org). Território, ambiente e políticas públicas. Brasília: Paralelo 15 e LGE Editora, 2006.
• VIDAL DE LA BLACHE, P. 'Sur la relativité des divisions régionales'. In: Athena, nº 11,. Paris: Librairie Alcan,
Décembre 1911.
• VITTE, A.C. Da metafísica da natureza à gênese da geografia moderna. In:A. C. (org). Contribuições à
história e à epistemologia da geografia. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Ponto 3

Geografia - noções conceituais para a contemporaneidade
Geografia - noções conceituais para a contemporaneidadeGeografia - noções conceituais para a contemporaneidade
Geografia - noções conceituais para a contemporaneidadePatrícia Éderson Dias
 
A Geografia e os seus conceitos chaves
A Geografia e os seus conceitos chavesA Geografia e os seus conceitos chaves
A Geografia e os seus conceitos chavesraphaellaizabel
 
CHSA 2ª SÉRIE-3º BIM Professor.pdf
CHSA 2ª SÉRIE-3º BIM Professor.pdfCHSA 2ª SÉRIE-3º BIM Professor.pdf
CHSA 2ª SÉRIE-3º BIM Professor.pdfGernciadeProduodeMat
 
Periferia conceito, e dicotomia
Periferia conceito, e dicotomia Periferia conceito, e dicotomia
Periferia conceito, e dicotomia Epidio Araújo
 
Exercícios resolvidos de geografia sobre o conceito de paisagem (1)
Exercícios resolvidos de geografia sobre o conceito de paisagem (1)Exercícios resolvidos de geografia sobre o conceito de paisagem (1)
Exercícios resolvidos de geografia sobre o conceito de paisagem (1)Atividades Diversas Cláudia
 
Integração entre Biodiversidade, Geodiversidade e Paisagem - Estudos de Caso ...
Integração entre Biodiversidade, Geodiversidade e Paisagem - Estudos de Caso ...Integração entre Biodiversidade, Geodiversidade e Paisagem - Estudos de Caso ...
Integração entre Biodiversidade, Geodiversidade e Paisagem - Estudos de Caso ...Vitor Vieira Vasconcelos
 
Qualidade Ambiental Urbana de Imperatriz - MA
Qualidade Ambiental Urbana de Imperatriz - MAQualidade Ambiental Urbana de Imperatriz - MA
Qualidade Ambiental Urbana de Imperatriz - MARodrigo Lima Santos
 

Semelhante a Ponto 3 (20)

Geografia - noções conceituais para a contemporaneidade
Geografia - noções conceituais para a contemporaneidadeGeografia - noções conceituais para a contemporaneidade
Geografia - noções conceituais para a contemporaneidade
 
A Geografia e os seus conceitos chaves
A Geografia e os seus conceitos chavesA Geografia e os seus conceitos chaves
A Geografia e os seus conceitos chaves
 
Geografia aloiziio
Geografia aloiziioGeografia aloiziio
Geografia aloiziio
 
CHSA 2ª SÉRIE-3º BIM Professor.pdf
CHSA 2ª SÉRIE-3º BIM Professor.pdfCHSA 2ª SÉRIE-3º BIM Professor.pdf
CHSA 2ª SÉRIE-3º BIM Professor.pdf
 
Redes de emergencia
Redes de emergenciaRedes de emergencia
Redes de emergencia
 
Informaticaquestoes
InformaticaquestoesInformaticaquestoes
Informaticaquestoes
 
Informaticaquestoes
InformaticaquestoesInformaticaquestoes
Informaticaquestoes
 
Geoprocessamento
GeoprocessamentoGeoprocessamento
Geoprocessamento
 
Periferia conceito, e dicotomia
Periferia conceito, e dicotomia Periferia conceito, e dicotomia
Periferia conceito, e dicotomia
 
Rios Urbanos 2012
Rios Urbanos 2012Rios Urbanos 2012
Rios Urbanos 2012
 
Plano de ensino 9º ano geografia1
Plano de ensino 9º ano geografia1Plano de ensino 9º ano geografia1
Plano de ensino 9º ano geografia1
 
Exercícios resolvidos de geografia sobre o conceito de paisagem (1)
Exercícios resolvidos de geografia sobre o conceito de paisagem (1)Exercícios resolvidos de geografia sobre o conceito de paisagem (1)
Exercícios resolvidos de geografia sobre o conceito de paisagem (1)
 
Integração entre Biodiversidade, Geodiversidade e Paisagem - Estudos de Caso ...
Integração entre Biodiversidade, Geodiversidade e Paisagem - Estudos de Caso ...Integração entre Biodiversidade, Geodiversidade e Paisagem - Estudos de Caso ...
Integração entre Biodiversidade, Geodiversidade e Paisagem - Estudos de Caso ...
 
1º bimestre 3º etapa
1º bimestre 3º etapa1º bimestre 3º etapa
1º bimestre 3º etapa
 
Ocupação Territorial do Brasil
Ocupação Territorial do BrasilOcupação Territorial do Brasil
Ocupação Territorial do Brasil
 
Qualidade Ambiental Urbana de Imperatriz - MA
Qualidade Ambiental Urbana de Imperatriz - MAQualidade Ambiental Urbana de Imperatriz - MA
Qualidade Ambiental Urbana de Imperatriz - MA
 
0004
00040004
0004
 
Slides Primeiro Ano
Slides Primeiro Ano Slides Primeiro Ano
Slides Primeiro Ano
 
Slides primeiro ano completo
Slides primeiro ano completoSlides primeiro ano completo
Slides primeiro ano completo
 
Apostila de geografia
Apostila de geografiaApostila de geografia
Apostila de geografia
 

Ponto 3

  • 1. PONTO 3: A DINÂMICA DAS REDES NA ORGANIZAÇÃO ESPACIAL DO CERRADO LarissaAlves de Lira Aula apresentada ao concurso de professor temporário da UFG, Goiás, Regional Jataí
  • 2. • Problemática: • A dinâmica das redes no cerrado recoloca a importância do papel dos elementos da natureza num período de globalização? • Objetivos da aula: • - Compreender que os diferentes paradigmas geográficos podem ser mobilizados segundo a complexidade do espaço estudado. • - Compreender o conceito de Espaço em Milton Santos como uma confluência dos elementos físicos e da ação humana unificados por meio da técnica. • - Compreender a importância de articular o paradigma natural ao paradigma econômico. • - Situar o histórico de ocupação do cerrado nos modelos de desenvolvimento adotados pelo Estado Brasileiro. • - Entender como os modelos geográficos podem ser espacializados, segundo os mais novos métodos que a geografia regional legou aos cientistas sociais contemporâneos. • -Ver como é mobilizada uma compreensão teórica global da geografia: uma metafísica, os paradigmas, os conceitos, a comparação das cartas como elementos de explicação das realidades geográficas.
  • 3. • Plano da aula: • - Introdução • - Os paradigmas da geografia: qual o papel da natureza na teoria da geografia? • - Como a natureza aparece na teoria de Milton Santos? • - O cerrado como uma fronteira agrícola do capitalismo • - As características ambientais do cerrado • - As características produtivas do cerrado e sua situação nas conjunturas econômicas do estado brasileiro • - Uma primeira rede apropriada pelo capital: uma rede de áreas planas e contínuas • - Uma segunda rede que o capital se apropria: os corredores exportadores • - Uma terceira rede que o capital constrói: a rede urbana • - Uma quarta rede que o capital monopoliza: a informação • - Concluindo: nem a natureza está ausente da organização das redes do cerrado nem as redes do capital globalizado...
  • 6. OS PARADIGMAS DA GEOGRAFIA: QUAL O PAPEL DA NATUREZA NATEORIA DA GEOGRAFIA? • “Antítese da ideia de isolamento, o cruzamento: substituindo o lugar de relações verticais da geografia clássica, que manifesta a relação natureza-cultura no interior do meio geográfico, a um lugar interligado, mutável, em uma relação horizontal com todos os outros lugares do mundo compondo o espaço geográfico [...] Ele também repensa o conceito de ‘meio’: invalida a causalidade natural, destacando o quanto o meio geográfico é ‘artificial’. [...] Ao fazê-lo, de maneira um pouco prometeica, Julliard coloca o homem no comando, revertendo a solução proposta por J. Brunhes e, com isso, o determinismo ambientalista que assombra as mentes de seus contemporâneos, tais como Le Lannou. (ROBIC, 2001b, p. 89).
  • 7. COMO A NATUREZA APARECE NATEORIA DE MILTON SANTOS? • Aqui eu cito Marília Steinberger: “O espaço une as noções de ambiental, territorial, regional, urano e rural porque é uma totalidade. (...).Território é natureza natural e artificial. Os atributos naturais do espaço não são permanentes e assim, como os atributos não naturais, os dois são destinados a mudar pelo trabalho do homem. (...). Assim, Milton Santos, repõe o papel do espaço como chave para quebrar o dualismo entre homem-natureza e conduz-nos a um patamar de reflexão que concilia historicamente espaço, natureza e território, por meio da técnica, e insere o meio ambiente nesse contexto.” • Ainda citando Marília Steinberger, “em 1985, considera o meio ecológico, ao lado dos homens, das firmas, das instituições e das infraestruturas como um dos elementos do espaço enquanto sistema. Define-o como ‘o conjunto de complexos territoriais que constituem a base física do trabalho humano’”.
  • 8. • Continuando a nos apoiar em Marília Steinberger, a autora nos define que “posteriormente, em 1988, Milton Santos explica que, sendo, a história da humanidade ‘a história da transformação da natureza pelo trabalho humano’, é possível identificar três fases na relação entre sociedade e o meio: a do meio natural, quando a natureza ‘constituía a base da vida material’; a do meio técnico, iniciada no fim do século XVIII com a ‘mecanização do território’; e a atual, do meio técnico-científico, cujo marco é o fim da Segunda Guerra Mundial, quando ‘o território vai se mostrando, a cada dia que passa, com um conteúdo maior em ciência, em tecnologia e em informação”. Depois, ele vai falar em meio técnico, científico e informacional.
  • 9. O CERRADO COMO UMA FRONTEIRA AGRÍCOLA DO CAPITALISMO Fonte: BERNARDES, 2009.
  • 13. • “Se, paraVidal, o movimento rege a dinâmica do globo, toda a terra está sob o impulso das correntes: ou agrega forças para a expansão, ou para o recuo. O cosmos é um estado corrente e fluido. Logo, as regiões que se desenham se diferenciam uma das outras pelo tipo de circulação que se dá no seu interior. Chamamos estes « tipos » de espacialidades da circulação. Essas espacialidades na obra deVidal são: uma tendência ao isolamento ou a disseminação; um modo ou processo como se dão as comunicações (relações travadas por contiguidade ou por redes); um ritmo de vencimento das distâncias (e, portanto, um meio de transporte característico e uma associação com os elementos do meio que lhe imprimem dinamismo), uma escala (pequena região ou pays; grande região ou Estado; e enfim, o mundo).” [grifos nossos] (LIRA, 2013, p. 126).
  • 14. AS CARACTERÍSTICAS AMBIENTAIS DO CERRADO • O Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de cerca de 22% do território nacional. A sua área contínua incide sobre os estados de Goiás,Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos enclaves no Amapá, Roraima e Amazonas.
  • 15. AS CARACTERÍSTICAS PRODUTIVAS E SUA SITUAÇÃO NAS CONJUNTURAS ECONÔMICAS ATUAIS • Neo-liberalismo no Brasil (décadas de 1960-1990): • - Diminuição da Estrutura do Estado • - Concentração industrial com ligação direta entre os pólos exportadores e os portos exportadores. • - Debilitação da indústria – crescimentos dos segmentos minerais e agroindustriais voltados para o mercado externo • - Desmatamento e estímulo às exportações de produtos primários. • - Estímulo das exportações •
  • 16. • - Guerra fiscal entre os governos locais para atrair investimentos. • - Inserções próprias das regiões ao mercado internacional conformando-se em território competitivos. • -Privatização- perda do controle do Estado na economia. • - Fragmentação do território nacional. • - Concorrência entre as regiões. • - Estímulo a concentração industrial através da mão de obra barata. • - Crédito privilegiado para as grandes empresas. • - Incentivo às exportações que destruiu a pequena e a média propriedade.
  • 17. UMA PRIMEIRA REDE APROPRIADA PELO CAPITAL: UMA REDE DE ÁREAS PLANAS E CONTÍNUAS Fonte: http://www.geografia paratodos.com.br/ind ex.php?pag=capitulo_ 6_relevo_e_solo- formacao_e_classifica cao
  • 18. UMA SEGUNDA REDE QUE O CAPITAL SE APROPRIA: OS CORREDORES EXPORTADORES. Fonte: http://pt.slideshar e.net/fgv- oficial/nelson- siffert
  • 21. UMATERCEIRA REDE QUE O CAPITAL CONSTRÓI: A REDE URBANA Fonte: IBGE, 2015.
  • 24. UMA QUARTA REDE QUE O CAPITAL MONOPOLIZA: A INFORMAÇÃO Fonte: FREDERICO, 2008.
  • 25. •CONCLUINDO: NEM A NATUREZA ESTÁ AUSENTE DA ORGANIZAÇÃO DAS REDES DO CERRADO NEMAS REDES DO CAPITAL GLOBALIZADO...
  • 26. • Bibliografia: • ARRIGHI, G. Adam Smith em Pequim. Origens e fundamentos do século XXI. São Paulo: Boitempo, 2008. • BERNARDES, J. A. B.Agricultura e novos espaços urbanos no cerrado brasileiro. Tamoios: Rio de Janeiro, ano III, n. 1, 2007. • BERNARDES, JúliaAdão. Fronteiras daAgricultura Moderna no Cerrado Norte/Nordeste: descontinuidades e permanências. In: BERNARDES, J. A.; BRANDÃO FILHO, José Bertoldo. A territorialidade do capital. Rio de Janeiro: Arquimedes, 2009, cap 1, pp. 13-39. • CANO, W. Questão regional e política econômica nacional. In: CASTRO, A. C. (org.). BNDE: Desenvolvimento em debate. Painéis do Desenvolvimento Brasileiro- II. Rio de Janeiro: Mauad, BNDES, 2002. • FREDERICO, S. O NovoTempo do Cerrado. Expansão dos fronts agrícolas e controle do sistema de armazenamento de grãos.Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Geografia Humana da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008. • GEORGE, P. Os métodos da Geografia. São Paulo: Difusão europeia do livro, 1972. • HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume 2005. • IBGE, Arranjos populacionais e concentrações urbanas no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE, 2015.
  • 27. • LIRA, L. A. O Mediterrâneo deVidal de la Blache.O primeiro esboço do método geográfico. São Paulo: Alameda, 2013. • MINISTÈRIO DO MEIOAMBIENTE. O bioma do cerrado. http://www.mma.gov.br/biomas/cerrado • MONBEIG, P. Pioneiros e fazendeiros de São Paulo. Hucitec, Polis, 1984. • ROBIC, M. C. Le val comme laboratoire de géographie humaine ? Les avatars du val d’Anniviers. Revue de géographie alpine, Grenoble, 89 (4), 2001. • SANTOS, M. A natureza do espaço.Técnica e tempo. Razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2008. • SANTOS, M. SILVEIRA, M. L. O Brasil: território e sociedade no início do séculoXXI. Rio de Janeiro: Record, 2001. • SANTOS, M. Sociedade e espaço: a formação social como teoria e como método. Boletim paulista de geografia, n. 54, jun., 1977. • SOUZA, M, L. de. Mudar a cidade. Uma introdução crítica ao Planejamento e à Gestão Urbanos. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. • STEINBERGER, M. (org). Território, ambiente e políticas públicas. Brasília: Paralelo 15 e LGE Editora, 2006. • VIDAL DE LA BLACHE, P. 'Sur la relativité des divisions régionales'. In: Athena, nº 11,. Paris: Librairie Alcan, Décembre 1911. • VITTE, A.C. Da metafísica da natureza à gênese da geografia moderna. In:A. C. (org). Contribuições à história e à epistemologia da geografia. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.