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Futebol Clube Porto – DRAGON FORCE
- Turma B1 - sub 13 -
Relatório de Estágio Profissionalizante
realizado no Futebol Clube do Porto – Futebol S.A.D.
Orientador: Prof. Doutor Filipe Luís Martins Casanova
Supervisor: Dr. Pedro Miguel Silva
João Pedro Colaço Araújo
Porto, Junho de 2013
IV
V
Futebol Clube Porto – DRAGON FORCE
- Turma B1 - sub 13 -
Relatório de Estágio Profissionalizante
realizado no Futebol Clube do Porto – Futebol S.A.D.
Relatório de Estágio com vista à obtenção de grau de
Mestre (Decreto – Lei nº 74/2006, de 24 de Março)
em Desporto para Crianças e Jovens
Orientador: Prof. Doutor Filipe Luís Martins Casanova
Supervisor: Dr. Pedro Miguel Silva
João Pedro Colaço Araújo
Porto, Junho de 2013
VI
Araújo, J., (2013). Futebol Clube do Porto – Dragon Force - Expert B1, sub 13 - Relatório de
estágio profissionalizante para obtenção do grau de Mestre em Desporto para Crianças e
Jovens apresentada á Faculdade de Desporto, da Universidade do Porto.
PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL, FORMAÇÃO, EXPERTISE.
VII
Dedicatória
À minha avó que estaria tão orgulhosa do seu menino de ouro…
VIII
Agradecimentos
Ao meu orientador, o Professor Doutor Filipe Luís Martins Casanova, pela sua
disponibilidade total na orientação deste trabalho.
A toda a escola de futebol Dragon Force, em especial aos meus jogadores da turma Expert B1
pela possibilidade de crescer não só como treinador mas também como pessoa.
À pessoa mais importante da minha vida, a minha namorada Paula daqui a poucos dias
esposa, pelo apoio incondicional ao longo deste trajeto.
Aos meus pais por todos os ensinamentos, apoio e compreensão que me deram ao longo
destes 26 anos.
À minha irmã Ana e aos meus amados sobrinhos Simão e Bruna que de uma forma direta ou
indireta tiveram contributo nesse trabalho.
IX
Índice Geral
Índice de Figuras .................................................................................................................................................XI
Índice de Tabelas.................................................................................................................................................XI
Índice de Anexos................................................................................................................................................ XII
1 Introdução ........................................................................................................................................................ 3
2 Revisão Bibliográfica....................................................................................................................................... 6
2.1 Características do Futebolista Expert .................................................................................................. 6
2.2 O Desenvolvimento do Futebolista Expert ........................................................................................... 8
2.3 Prática Deliberada.............................................................................................................................. 11
2.4 O Treinador........................................................................................................................................ 14
2.5 O Treinador de Crianças e Jovens..................................................................................................... 15
2.6 Estratégias dos Treinadores .............................................................................................................. 17
3 O Clube – Futebol Clube do Porto ............................................................................................................... 20
3.1 A Criação da Futebol Clube do Porto - Futebol, S.A.D. ..................................................................... 21
3.2 O Futebol – Percurso de Êxito Desportivo ......................................................................................... 22
3.3 Dragon Force ..................................................................................................................................... 22
3.4 Departamentos transversais .............................................................................................................. 23
4 O Modelo de Jogo .......................................................................................................................................... 26
4.1 Princípio da Especificidade ................................................................................................................ 28
4.2 Princípio da Progressão Complexa.................................................................................................... 28
4.3 Principio das Propensões................................................................................................................... 29
4.4 Princípio da Alternância Horizontal em Especificidade ...................................................................... 30
4.5 Morfociclo Padrão .............................................................................................................................. 30
4.6 Modelo de Jogo Dragon Force........................................................................................................... 32
4.7 Momentos do jogo.............................................................................................................................. 32
4.8 Princípios fundamentais do Modelo de Jogo...................................................................................... 32
4.9 A identificação deste modelo rege-se por aspetos fundamentais ...................................................... 33
4.10 O Treinador Dragon Force ................................................................................................................. 33
6 Estrutura Organizacional Dragon Force..................................................................................................... 37
6.1 Recursos Humanos............................................................................................................................ 39
6.2 Recurso Logísticos............................................................................................................................. 39
7 Plano Anual Dragon Force............................................................................................................................ 42
8 A Equipa Expert B1 – Sub 13....................................................................................................................... 45
8.1 Avaliação Diagnóstica da Equipa....................................................................................................... 46
8.2 Contrato de Equipa ............................................................................................................................ 47
8.3 Ideia de Jogo Pretendida ................................................................................................................... 48
8.4 Estrutura da Equipa ........................................................................................................................... 52
8.5 Avaliações Sumativas Trimestrais ..................................................................................................... 53
8.6 Liga Interna – Tabela dos Pontos ...................................................................................................... 54
8.7 Padrão semanal da Equipa Expert B1 sem competição .................................................................... 56
8.8 Padrão semanal de Equipa Expert B1, em competição ..................................................................... 59
8.9 Indicador de Rendimento ................................................................................................................... 62
8.10 Conquistas ......................................................................................................................................... 63
X
9 Conclusões ...................................................................................................................................................... 65
9.1 Componente teórica........................................................................................................................... 65
9.2 Componente prática........................................................................................................................... 66
10 Referências Bibliográficas............................................................................................................................. 68
11 Anexos............................................................................................................................................................. 77
11.1 Anexo I: Diário de Treino.................................................................................................................... 77
11.2 Anexo II: Avaliações I Trimestre......................................................................................................... 93
11.3 Anexo III: Avaliações II Trimestre....................................................................................................... 96
11.4 Anexo IV: Avaliações do III Trimestre ................................................................................................ 99
11.5 Anexo V: Tabelas de Pontos............................................................................................................ 102
XI
Índice de Figuras
Figura 1 - Abordagem do desempenho expert (adaptado por Williams & Ericsson, 2005). ....................................................10
Figura 2 – Conhecimentos do Treinador Dragon Force...........................................................................................................33
Figura 3 – Morfociclo Padrão (adaptado por Oliveira,2003). ..................................................................................................32
Figura 4 – Plano Anual Dragon Force. ....................................................................................................................................42
Figura 5 – Planeamento Anual da turma Exper B1..................................................................................................................43
Figura 6 – Equipa Expert B1....................................................................................................................................................46
Figura 7 – Avaliação da Equipa...............................................................................................................................................47
Figura 8 – Contrato de Equipa. ................................................................................................................................................48
Figura 9 – Estrutura base da equipa. ........................................................................................................................................53
Figura 10 – Ficha de Avaliação do aluno referente ao I trimestre............................................................................................54
Figura 11 – Registo de Pontos referente à 4ª semana de treinos. .............................................................................................55
Figura 13 – Padrão semanal da equipa Expert B1....................................................................................................................56
Figura 14 – Treino nº31 (Sub Princípios à 2ª feira). ................................................................................................................58
Figura 15 – Treino nº22 (Grandes Princípios à 6ª feira)...........................................................................................................59
Figura 16 – Padrão Semanal da equipa Expert B1 (competição). ............................................................................................60
Figura 17 – Evolução dos Resultados da Equipa. ....................................................................................................................62
Figura 18 – Total de jogos expressos em Vitórias, Derrotas e Empates...................................................................................62
Figura 19 – Evolução dos Golos Marcados e Sofridos.............................................................................................................63
Índice de Tabelas
Tabela 1 – Recursos Humanos Dragon Force. .....................................................................................................39
Tabela 2 – Informações Específicas Sobre os Jogadores......................................................................................45
XII
Índice de Anexos
Anexo I: Diário de Treino.......................................................................................................................... 77
Anexo II: Avaliações I Trimestre .............................................................................................................. 93
Anexo III: Avaliações II Trimestre ........................................................................................................... 96
Anexo IV: Avaliações do III Trimestre ..................................................................................................... 99
Anexo V: Tabelas de Pontos.................................................................................................................... 102
XIII
Resumo
Os principais objetivos inerentes a este estágio foram a aquisição do conhecimento prático
sobre a metodologia de treino utilizada na escola de futebol Dragon Force e conhecer o
funcionamento de uma grande estrutura desportiva, ligada à prática do futebol profissional e
ao futebol de formação.
Numa primeira fase da presente dissertação foi desenvolvida uma revisão bibliográfica acerca
do futebolista expert, do treinador de formação juntamente com um estudo descritivo sobre a
estrutura da escola Dragon Force. De seguida numa segunda fase foi desenvolvido um
trabalho prático na turma Expert B1 ao longo de toda a época desportiva.
Para além da revisão bibliográfica, este relatório contempla um diário de treino juntamente
com um dossier informativo relativo à turma, para evidenciar um conhecimento científico e
empírico do estudo.
No conjunto de todas as práticas conclui-se que o jovem futebolista expert apresentou um
conjunto de unidades que o caraterizam como tal, diferentes de todos os outros, pois o seu
historial prático, número de horas e experiências de prática foram distintos dos demais
colegas, que o levam a atingir a elite da competição, em que estão inseridos. Por último, o
treinador de crianças e jovens deverá ser um treinador com um conhecimento multidisciplinar,
além do conhecimento técnico e tático e deverá ser exímio na metodologia de ensino,
pedagogia e na capacidade de despertar interesse nos jovens e motivá-los.
PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL, FORMAÇÃO, EXPERTISE.
XIV
Abstract
The main objectives inherent in this internship were the acquisition of practical knowledge
about the training methodology used in the Dragon Force Football School and getting to know
the functioning of a large sports facility, linked to the practice of professional football and
football training.
In a first stage of this dissertation was developed a bibliographic review about the expert
footballer, of the training coach along with a descriptive study of the structure of the Dragon
Force Football School. On a second stage it was developed a practical work in the class
Expert B1 along the whole season.
In addition to the bibliographic review, this report comprises a training journal along with an
information dossier regarding the class to show the scientific and empirical knowledge of the
study.
On the practices altogether we can conclude that the young expert footballer has presented a
set of units that characterize him as such, different from all others, thus his practical history,
number of hours and practical experiences have been distinct from the other colleagues,
which lead him to reach the competition elite, in which they are inserted. At last, the child and
youth coach should be a coach with multidisciplinary knowledge, beyond the technical and
tactical knowledge and should be an expert in the teaching methodology, pedagogy and in the
ability to stir interest in young people and to motivate them.
KEYWORDS: SOCCER, YOUTH TRAINING, EXPERTISE.
XV
Lista de Abreviaturas
F.C. P – Futebol clube do Porto
DC – Defesa Central
MC – Médio Centro
PL – Ponta de Lança
OO – Organização Ofensiva
OD – Organização Defensiva
TDA – Transição Defensiva
TAD – Transição Ofensiva
2
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
3
1 Introdução
“O Futebol de Formação é uma escola de jogadores de Futebol. Assim como a escola
tradicional pretende dar uma formação cultural e académica aos cidadãos para que mais tarde
possam vir a ser integrados na vida ativa, a escola de futebol pretende dar uma formação
adequada aos jovens futebolistas, para que mais tarde possam vir a integrar as suas equipas
seniores” (Pacheco, 2001). Também, o mesmo autor referiu que formar jovens futebolistas é
uma atividade pedagógica aliciante e atrativa, que exige por parte de todos os que a dirigem,
uma qualificação adequada e um elevado sentido de responsabilidade para com o praticante, o
sistema desportivo e a sociedade (Pacheco, 2001).
No final do primeiro ano do 2º ciclo de estudos (Mestrado), surgiu a oportunidade de
integrar os quadros técnicos da Escola de Futebol Dragon Force, escola oficial do Futebol
Clube do Porto (F.C.P.). Oportunidade para aliar esta experiência a um estágio
profissionalizante com vista à obtenção do grau de mestre no Treino Desportivo para Crianças
e Jovens e, também, adquirir formação prática numa turma de expert, equivalente ao escalão
sub. 13.
O Projeto Dragon Force começou a ser planeado na época desportiva 2006/2007. Mas
foi em 2007/2008 que o F.C.P. abriu a escola do Dragão (no campo do Padroense) que serviu
de embrião para o projeto Dragon Force. Em Setembro de 2008, no emblemático e renovado
campo da constituição, e denominado hoje em dia como Vitalis Park, nasce a primeira Escola
de Futebol Dragon Force.
Os objetivos sempre foram claros para o F.C.P. a escola: (i) desportivo – capacidade
de formar e captar novos talentos para a formação do F.C.P.; (ii) comunicação – fazer chegar
a marca F.C.P. ao maior número de crianças e famílias; (iii) qualidade e responsabilidade
social – prestar um diferente número de serviços, às escolas; e (iv) financeiro - gerar uma
nova fonte de receitas.
Atualmente, a Dragon Force integra 14 escolas de futebol, 1 escola de andebol, 1
escola de basquetebol e 1 escola de hóquei em patins. No total, mais de 3000 crianças
praticam diariamente a sua modalidade preferida.
Deste modo para a presente dissertação definiu-se os seguintes objetivos:
 Objetivo geral:
o Suportado por um quadro científico, dar a conhecer o processo de formação do
futebolista expert, e quais os pressupostos que permitem alcançar a excelência.
4
 Objetivos específicos:
o Conhecer quais as características do treinador de elite comparativamente com
o treinador de Formação;
o Como deve intervir o treinador no Futebol de Formação;
o Esclarecer o perfil do treinador Dragon Force, bem como a sua intervenção
perante os jovens atletas;
o Conhecer toda a estrutura do universo Dragon Force;
o Aprofundar o conhecimento sobre a metodologia de treino aplicada;
o Conhecer qual o modelo de jogo utilizado na escola;
o Dar a conhecer todo o processo de treino da turma Expert B1 e a forma de
intervenção ao longo da época desportiva 2012/2013.
Com o propósito de cumprir os objetivos traçados, realizou-se uma revisão da
literatura, através da qual se procurou enquadrar o tema no quadro científico atual.
Desta forma, o presente estudo estrutura-se nos seguintes capítulos:
1. Introdução: pretende justificar a pertinência do estudo, delimitar a problemática e
definir os objetivos;
2. Revisão da Literatura: consiste numa revisão da literatura relacionada com os temas
em estudo;
3. Conhecer o clube – Futebol Clube do Porto;
4. O que é o Modelo de Jogo;
5. Conhecer a Estrutura Organizacional da escola de futebol Dragon Force;
6. Qual o Plano Anual para a época desportiva 2012/ 2013;
7. Trabalho prático sobre a equipa Expert B1 – sub 13;
8. Conclusões do estudo realizado;
9. Referências Bibliográficas: indexação das referências bibliográficas mencionadas ao
longo do estudo;
10. Anexos: anexação do diário de treino, das avaliações trimestrais e das tabelas dos
pontos.
5
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
6
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Características do Futebolista Expert
Nas últimas décadas a literatura tem sido repleta de hipóteses similares e uma grande
controvérsia surgiu sobre a distinção entre várias construções e definições, como a
capacidade, habilidade, talento, experiência e expertise (e.g., Howe, Davidson & Sloboda,
1998; Simonton, 1999).
De acordo com a bibliografia, muitos psicólogos atribuem à visão de que as
habilidades básicas (compreensão pelo jogo e capacidade de execução) são suficientes para
explicar o desempenho expert (Sternberg & Wagner, 1999). No entanto, desviando-se desse
pressuposto, Ericsson e seus colegas (Ericsson 1996; Ericsson & Charness, 1994; Ericsson &
Lehmann, 1996) defendem que, não é só o desempenho expert um produto de conhecimentos
específicos de domínio e habilidade, mas a estrutura e aquisição de conhecimentos são
também fundamentalmente diferentes do que o inicialmente considerado.
O termo expert é utilizado na descrição de um individuo que tenha alcançado um
desempenho superior numa qualquer atividade através de uma aprendizagem e prática
contínua. Segundo Ericsson (1996), um indivíduo expert é alguém que adquiriu uma
habilidade especial ou um conhecimento num domínio particular, através do treino ou da
experiência. Os autores, Ruiz e Sanchez (1997; p. 236), seguindo o mesmo pensamento,
referem ainda, que o indivíduo expert “denota tempo, trabalho e correta tutela e supervisão
técnica, ao conhecimento necessário para conseguir realizar uma determinada tarefa, o que
conduz à perícia”. Esta perícia ou expertise é facultada pela estabilidade e pela
mensurabilidade da performance durante longos períodos de tempo (Ericsson & Smith, 1991).
No entanto, há quem advogue que na expertise, a competência de um indivíduo de
uma certa atividade, depende da presença ou ausência de atributos que tem uma componente
biológica inata, denominados por “dons”, “talentos” ou “aptidões naturais” (Howe et al.,
1998). Segundo os mesmos autores, a explicação para o sucesso de um atleta, pode dever-se
às suas qualidades inatas que lhe permitem uma maior e mais rápida aquisição dentro da sua
área de especialização, tornando-se assim num expert. Costa (2005) considera, ser um mito,
crer-se que talento seja determinado geneticamente, focando que os desempenhos de
excelência apresentados pelos indivíduos, em áreas como o futebol, resultam do empenho
investido nas experiências ao longo de vários anos de prática, permitindo-lhes alcançar
melhorias extraordinárias.
7
O autor Lewontin (2000) usa a metáfora do “balde vazio” para dar uma ideia do
contributo dos genes e do ambiente, quanto à respetiva influência relativa no desenvolvimento
dos indivíduos. O autor clarifica o sentido daquela imagem, alegando que enquanto os genes
determinam o tamanho do continente (balde), o ambiente determina a qualidade dos
conteúdos que o preenchem. Sendo cada indivíduo diferente dos demais, sobretudo na forma
como responde ao processo de formação, ao acreditar-se no inatismo do talento põe-se em
causa o papel da aprendizagem, do treino e da capacidade transformadora que, por definição,
os qualifica (Garganta, 2006b). Helsen e seus colaboradores (2000a) referem que as
expectativas que as crianças possuem para se tornarem peritos e, consequentemente, obterem
mais sucesso a partir da prática, pode constituir um fator-chave para se confirmarem como
atletas de nível superior. Também, Graça (2007) reforça estas ideias ao prevenir que as
conceções perfilhadas em relação ao entendimento da noção de “talento” têm obviamente
fortes repercussões nas práticas da seleção, nas expectativas e exigências, nas oportunidades
de prática, assim como na motivação, na confiança e no empenhamento dos jovens atletas.
O desempenho superior dos indivíduos experts assenta, basicamente, na experiência,
no entanto, é importante referir que para se alcançar o estatuto de expert, os atletas deverão
adquirir a excelência em quatro domínios: (i) domínio fisiológico, a aquisição do
desempenho da elite é exclusivo do domínio do desporto (ii) domínio técnico, da expertise,
refere-se ao grau de coordenação sensório-motor do qual emergem modelos de movimento
refinados, eficientes e efetivos, (iii) domínio cognitivo (tático/estratégico; percetivo/cognitivo
e decisional), o conhecimento tático e estratégico não envolve apenas a capacidade para
determinar qual a estratégia mais apropriada numa determinada situação, mas também qual a
estratégia que pode ser executada com sucesso dentro dos constrangimentos dos movimentos
exigidos, e (iv) domínio emocional, intimamente relacionado com a expertise, pelo facto de
este desempenhar um papel fulcral em aspetos que os indivíduos experts revelam
superioridade, sendo relacionados com a ação, a aprendizagem, a memória e as tomadas de
decisão. Corroborando este pensamento, Oliveira (2004) evidencia que a emoção também
influencia a aprendizagem e os respetivos conhecimentos.
Estudos sobre a história prática do futebol têm estabelecido geralmente uma distinção
entre prática de equipa organizada, prática individual e atividades lúdicas, não existindo
relatos de variações internas destes tipos de prática. Por exemplo, a prática individual tem
servido para mostrar distinções entre jogadores nacionais e internacionais de jogadores
provincianos/ locais nos seus primeiros anos de compromisso (Helsen, et al.,1998). Mais
especificamente, os jogadores internacionais despenderam, de forma significativa, mais tempo
8
de prática individual do que os jogadores nacionais ou provincianos/ locais nos seus primeiros
anos de envolvimento na prática desportiva, em particular no futebol.
O treino em equipas organizadas tem sido relatado como fundamental na infância e na
adolescência. Horas acumuladas e despendidas na prática tem servido para distinguir de forma
significativa os jogadores seniores internacionais, nacionais e provincianos/locais (Helsen et
al.,1998) e entre jogadores jovens de elite e sub-elite (Ward et al., 2007). Estas conclusões
foram suportadas por estudos realizados a futebolistas da primeira liga holandesa, em que os
autores referiram que “receber treino especializado e formação durante um período
prolongado de tempo é muito importante para atingir os níveis mais elevados” (Huijgen et al.,
2009).
Em contraste com estudos sobre a prática especifica do futebol, um estudo recente
indicou que esta mesma prática pode ser mais importante nos primeiros anos de treino do que
o desenvolvimento da prática em equipas organizadas (Ford et al., 2009). A quantidade de
atividade de jogo entre as idades de 6 e os 12 anos de idade foi o único fator de discriminação
entre aqueles que ainda estavam em academias de elite (338 horas/ano), apesar de existirem
algumas evidências de que o grau de envolvimento na prática do futebol organizado ou
atividades jogadas pode ser moderado devido a diferenças culturais entre países.
Num estudo realizado a jovens jogadores de elite brasileiros e portugueses, o montante total
de horas de prática até aos 18 anos foi semelhante para os jogadores de ambos os países, mas
os brasileiros tinham quase o dobro de horas de futebol em atividade lúdica (1600 horas) do
que os seus homólogos portugueses - 960 horas (Koslowsky & Da Conceição Botelho, 2010).
2.2 O Desenvolvimento do Futebolista Expert
A área científica que permite o estudo da expertise tem as suas raízes históricas na
psicologia tradicional e nos trabalhos clássicos de De Groot (1965). O autor examinou os
pensamentos complexos e os mecanismos que mediavam a seleção de movimentos por parte
dos jogadores de xadrez de classe mundial, tendo reportado que os jogadores especialistas, os
experts foram capazes de perceber as melhores jogadas de xadrez de forma muito rápida, em
questão de segundos, e que essas perceções foram mediadas pelos seus extensos
conhecimentos das configurações do jogo. Também, observou que o ato de recordar as
posições das peças no xadrez aumenta em função da perícia do indivíduo.
Os investigadores Simon e Chase (1973) propuseram a primeira teoria do
conhecimento com base no referencial teórico do processamento da informação humana,
definido por Newell e Simon (1972), na qual ambos argumentavam que os indivíduos expert
9
de xadrez desenvolveram um extensivo conhecimento do jogo resultante de muitos anos de
experiência de prática. Estes padrões complexos permitem aos experts recuperarem ou
recordarem algumas sequências de jogo a partir da sua memória. Ericsson e seus
colaboradores (Ericsson e Kintsch, 1995; Ericsson, 1996, 1998; Ericsson e Lehmann, 1996)
sugerem que os indivíduos experts adquirem habilidades complexas que os capacitam de
contornar os limites sugeridos sobre o trabalho da memória. Essas habilidades promovem a
codificação rápida de informações na memória de trabalho a longo prazo, permitindo o acesso
seletivo a essa informação quando necessário, ampliando assim a capacidade disponível na
memória de trabalho a curto prazo. Os indivíduos experts são portanto capazes de expandir a
capacidade de trabalho da sua memória, com o objetivo de exercerem com êxito o
planeamento, o raciocínio, a avaliação e outras atividades necessárias que exijam exercer um
desempenho superior dentro dos seus domínios de atuação (Ericsson e Delaney, 1999).
Em resposta às crescentes críticas da teoria original da expertise, Ericsson e Smith
(1991) propuseram um quadro descritivo e indutivo para o estudo do conhecimento, que
referiram como a abordagem do desempenho expert. Três etapas importantes foram
identificadas na análise empírica do desempenho dos indivíduos experts. A primeira etapa
exige que o desempenho seja observado in situ, ou seja, no próprio local, numa tentativa para
capturar a experiência no domínio de interesse e para projetar tarefas representativas que
permitam que as suas habilidades sejam reproduzidas fielmente em laboratório.
Na segunda etapa, o objetivo é determinar os mecanismos mediadores que
representam o desempenho dos indivíduos expert usando o processo de rastreamento de
medidas, tais como: a análise do protocolo verbal, gravação dos movimentos oculares e/ou
manipulações das tarefas representativas. O conhecimento dos processos subjacentes podem
ajudar a facilitar o desenvolvimento teórico e melhorar a comparação dos fatores que
contribuem para o desenvolvimento dos indivíduos experts. A última etapa envolve esforços
para detalhar a aprendizagem adaptativa e os processos de aquisição explícitos mais
relevantes para o desenvolvimento de competências, com potenciais implicações para a
prática e processo instrutório.
A abordagem do desempenho expert e alguns dos métodos e medidas que podem ser
usadas em cada uma das fases encontra-se ilustrada na Figura 1.
10
Figura 1 - Abordagem do desempenho expert (adaptado por Williams & Ericsson, 2005).
Alguns estudos recentes têm estimulado o debate quanto às vantagens e desvantagens
da abordagem do desempenho expert, bem como os seus pilares conceptuais associados à
teoria da memória e da noção da prática deliberada (Abernethy et al., 2003a, b).
Uma das razões porque o futebol é tão popular deve-se ao facto dos jogadores não
precisarem de possuir extraordinárias capacidades técnicas, psicológicas e físicas (Stolen et
al., 2005). Um jogador consegue compensar debilidades numa área sendo forte em outras, por
exemplo a perícia pode ser conseguida através de uma combinação única de habilidades
(Meylan et al., 2012).
Segundo Côte e seus colaboradores (2009) a iniciação na prática desportiva ocorre por
volta dos 6 anos de idade. No entanto, no futebol, estudos realizados em atletas de elite e sub-
elite revelam que os participantes, de ambos os grupos, iniciam a sua participação desportivo-
futebolística entre os 5 e os 12 anos de idade (Helsen et al., 1998; Ford et al., 2009; Ward et
al., 2007).
Em Portugal, cerca de 90,5% dos jovens praticantes iniciam a prática desportivo-
futebolística aos 10 anos de idade (Leite et al., 2009). Contudo, alguns dados científicos
reportam um efeito significativo na idade de iniciação do jovem atleta em equipas de futebol,
nomeadamente os jogadores de elite iniciam mais cedo a prática desportivo-futebolística do
que os jogadores não elite (Ward et al, 2007).
11
O processo de especialização e desenvolvimento do jovem jogador é complexo,
passando por múltiplos fatores pessoais e circunstanciais (Neto et al,. 2009; Reilly et al.,
2000).
Com base nos estudos sobre a expertise de Macpherson (1993; 1994; 1999; 2000), De
French et al. (1995) e De French & Thomas (1987), Janelle & Hillman (2003; cit. por
Ericsson & Starkes, 2003) relatam que após um período longo de prática deliberada os
atletas/jogadores conseguem extrair respostas mais apropriadas, a partir dos quais os
indivíduos experts formam estratégias táticas, aumentando assim a eficácia da sua tomada de
decisão.
2.3 Prática Deliberada
Diferenças substanciais no corpo sugerem que os atletas de elite necessitam mais de
10 anos de prática para adquirir as habilidades e a experiência necessárias para alcançarem
performances superiores. Esta regra dos 10 anos foi inicialmente discutida por Simon e Chase
(1973) realizando-se uma investigação em diferentes domínios, tais como: xadrez (Charness
et al., 1996), desporto (Bloom, 1985; Ericsson, 1990; Ericsson et al., 1993; Schulz et al.,
1994; Starkes et al., 1996) e música (Bloom, 1985; Ericsson et al., 1993).
Na música, Ericsson e seus colaboradores (1993) recolheram registos das atividades
diárias de pianistas e violinistas experts. Para tal, utilizaram a técnica da recordação
retrospetiva do início da prática dos músicos, em que lhes permitiu criar estimativas acerca da
prática de treino acumulada dos músicos, em cada idade. Os violinistas de elite normalmente
iniciam a sua prática entre os 4 e os 5 anos de idade, o que ao atingirem os 20 anos de idade
permitiu-lhes acumular cerca de 10 000 horas de treino. Enquanto, um grupo de músicos, de
um nível intermédio, utilizou cerca de 8000 horas de prática e um outro grupo, de nível
elementar, despendeu apenas 5000 horas de treino. Estes resultados sugerem que o nível de
desempenho alcançado está intimamente relacionado com o tempo de prática de treino.
Consequentemente, Ericsson e seus colaboradores (1993) apresentaram uma teoria,
conhecida como a teoria da prática deliberada, em que afirmam que a prática deliberada é
uma atividade de esforço motivada pelo objetivo de melhorar o desempenho, sendo o
desenvolvimento do jovem talento competência dos especialistas.
Com o decorrer do tempo, a ideia de que o nível de expertise de um jogador se deve a
um talento inato ou a uma herança genética foi substituída por uma explicação de que a
superioridade que caracteriza o expert está relacionada com a qualidade do processo e a
quantidade de horas de prática em que este se empenha ao longo da sua vida. Aliás, o papel da
12
prática deliberada é um fator determinante no desenvolvimento da excelência desportiva
(Charness & Tuffiash, 1993; Ericsson & Lehmann, 1996; Ward et al., 2007).
A prática deliberada caracteriza-se como uma atividade de treino direcionada para
melhorar aspetos específicos do desempenho, sendo a aprendizagem um resultado direto e
esperado, ao contrário de outras atividades, em que a aprendizagem é implícita a um resultado
indireto da experiência (Ericsson et al.,1993). Os autores anteriormente referidos admitem
mesmo que a quantidade (tempo dedicado) da prática deliberada está diretamente relacionada
com a aquisição de níveis de desempenho de qualidade.
A prática deliberada oferece oportunidades para a repetição, treino e correção de erros,
relevando também a importância de alternar o descanso com períodos de prática intensiva
(Ericsson et al., 1993).
Starkes (2003) refere que a prática deliberada não se reduz ao jogo, ao trabalho, à
observação do desempenho dos adversários, nem tão pouco a um conjunto de atividades de
treino dos jovens que diariamente praticam atividade física. Mas, também requer esforço e
atenção, e implica a seleção de atividades específicas de aprendizagem pelo treinador, não
estando ligado ao imediatismo ou qualquer tipo de recompensa.
Também, Ericsson e seus colaboradores (1993, 1994, 1996) realçam a consistência da
relação entre o número de horas acumuladas de prática deliberada e o rendimento, relegando
para segundo plano outras atividades, tais como a prática por diversão ou a competição em
torneios. Só um individuo com objetivos de rendimento elevados, aliados a um nível de
compromisso também elevado, é capaz de realizar as milhares de horas necessárias para
atingir o patamar da excelência desportiva em qualquer contexto de realização (Locke &
Latham, 1990; Baker & Côte, 2003).
Importa referir que a prática deliberada está dependente não só do esforço físico e
mental do atleta mas também do acesso a treinadores, equipamentos e a meios financeiros de
excelência (Ericsson et al., 1993; Van Yperen, 2009).
Num estudo longitudinal em que se procurou estabelecer uma relação entre o
compromisso (dedicação, entrega e motivação) com os objetivos de rendimento desportivo
elevado, o autor Van Yperen (2009) reportou que os jogadores de futebol que evoluíram para
a prática profissional mostravam um nível de compromisso com os objetivos superior ao dos
seus colegas, que haviam feito um percurso simultâneo na mesma academia mas acabaram
por desistir, contudo, a importância dos objetivos não diferia entre os dois grupos (Van
Yperen, 2009). Assim, os indivíduos são motivados para a prática deliberada pelo simples
facto de que esta melhorou o desempenho e permitiu, consequentemente, atingir o nível de
rendimento desejado (Ericsson et al., 1993).
13
Contudo, alguns autores advogam que o fator “hereditariedade” prevalece sobre o
“meio” na determinação de performances de alto nível de rendimento (Klissoures et al.,
2007). Segundo Klissoures e seus colaboradores (2007), os atletas de excelência são o
resultado de um conjunto de genes capazes de manifestar características diferentes dos
demais.
No entanto, Ericsson e seus colaboradores (1993,1996 e 2007) têm vindo a defender
que a performance, nos seus mais variados domínios, é resultado do tempo despendido pelos
atletas na prática de atividades relevantes. Ainda, os mesmos autores reforçam que as
diferenças de desempenho entre indivíduos resultam do sentido da oportunidade, da
experiência, do esforço e da regra de otimização do treino para a aquisição de performances
de excelência.
Saliente-se, também, que na consciencialização de atividades diárias (prática
deliberada), os autores avaliaram-nas como pouco agradáveis e exigentes, tanto a nível físico
como mental. Este tipo de metodologia foi mais tarde aplicado ao domínio desportivo, com
idênticos resultados (Nordin et al, 2006).
Com base em entrevistas realizadas a 34 jovens ingleses e canadianos, filiados em
clubes da Premier League, e seis treinadores de topo, os investigadores Holt e Dunn (2004)
formularam a Teoria de Competências Psicossociais e de Envolvimento. Estes identificaram
quatro competências que facilitam o desenvolvimento do talento desportivo durante a
adolescência: (i) a disciplina; (ii) o compromisso com a prática; (iii) a flexibilidade de
carácter e (iv) o suporte social. A disciplina representava a dedicação do indivíduo e a
capacidade do sujeito no desenvolvimento das tarefas; o compromisso referia-se à motivação
inerente ao próprio individuo no cumprimento dos objetivos de carreira; a capacidade de criar
estratégias de superação das dificuldades que os indivíduos se iriam debatendo ao longo de
todo o processo, passava pela presença de um carácter flexível e aberto à mudança; e o
suporte social exprimia a disponibilidade e a necessidade de apoio emocional e informacional.
Apenas alguns estudos relataram a quantidade de horas acumuladas na elite do futebol
juvenil (Ford & Williams, 2008; Helsen, et al.,1998; Koslowsky & Da Conceição Botelho,
2010; Ward et al., 2007). No único estudo incluindo jogadores seniores, foram encontradas
diferenças significativas entre os jogadores internacionais e os provincianos nos 10 anos das
suas carreiras desportivas, com 4587 horas e 3306 horas de prática especifica acumulada no
futebol, respetivamente (Helsen et al., 1998). Três anos adicionais foram necessários para
identificar diferenças significativas entre jogadores internacionais e jogadores nacionais com
6328 horas e 5220 horas, respetivamente.
14
2.4 O Treinador
A evolução que tem acontecido no desporto, a luta pela sua constante melhoria e as
exigências sempre crescentes, nele exercido, quer no desporto de formação quer no desporto
de alto rendimento, deram origem a estudos, reflexões e investigações em torno da preparação
dos atletas e daquilo que possa desencadear maiores prestações; caso do treino e o seu
principal responsável, o treinador (Pardal, 2002).
Em todos os sectores, há alguns indivíduos que demonstram consistentemente
performances a níveis superiores em relação aos seus contemporâneos, fazendo com que se
destaquem da maioria. Estes indivíduos são frequentemente rotulados de excecionais,
superiores, dotados, talentosos, especiais ou experts (Ericsson & Smith, 1991). Na senda dos
mesmos autores “o treinador expert caracteriza-se por possuir um conjunto de características
estáveis, independentemente da situação”.
Para Martens (1999) treinar é essencialmente um processo de comunicação, que
implica saber comunicar e interagir com os atletas. Ou seja, os treinadores deverão dominar a
área da comunicação, como atesta Costa (2006) referindo que o treinador comunica com os
praticantes de formas muito diversas. Se por um lado, o treinador deve demonstrar alguma
“preocupação”, por questões particulares de cada um, por outro deve ter presente uma conduta
de isenção, igualdade e justiça no tratamento que dispensa aos seus atletas durante o treino e
para além deste momento. Para Bompa (2005; cit. por Evangelista, 2007) o treinador de
referência deve ter as seguintes capacidades:
 Caráter firme;
 Capacidade de motivar;
 Excelente professor;
 Psicólogo, permanente;
 Alto nível educacional e informacional;
 Líder e organizado;
 Habilidades intelectuais elevadas.
O investigador Evangelista (2007) enumerou um número de características dos
treinadores peritos, considerando-as como essenciais. A saber:
 Possuem um conhecimento profundo e especializado;
 Organizam o seu conhecimento hierarquicamente;
 Possuem uma grande capacidade prospetiva e de resolução dos problemas;
15
 Apresentam um quase automatismo durante a análise e a instrução.
 Desenvolveram técnicas de auto-controlo e de avaliação do seu trabalho.
Para Gluch (1997), e no sentido da excelência, o treinador deve procurar potenciar ao
máximo as capacidades dos seus atletas, aumentando os níveis de autoconfiança na eficácia
das suas ações e encorajando a autoanálise destes. Para além disto, este autor destaca outros
fatores importantes para o treinador na conquista do sucesso, nomeadamente a autoestima
elevada, a capacidade de comunicação, a capacidade de motivar os atletas, a adoção de um
estilo de liderança adequado às circunstâncias e a capacidade para potenciar a coesão de
grupo.
Na opinião de Barreto (1998) o treinador deve ser um técnico especialista na sua
modalidade, possuir um conhecimento profundo da mesma, em todas as suas principais
dimensões (histórica, cultural, estrutural, metodológica, relacional, técnica, tática, estratégica)
e ter a capacidade de análise, quer do treino quer da competição, permitindo-lhe descobrir os
aspetos primordiais que possibilitem aprender, aperfeiçoar e consolidar tanto o rendimento
individual (jogador) como o rendimento coletivo (equipa).
2.5 O Treinador de Crianças e Jovens
O investigador Pereira (1996) defende que a formação é a base do alto rendimento e a
este nível o treino surge como epicentro de todo o processo. Assim, torna-se fundamental que
se conheça, de forma profunda, o processo de formação desportiva, de modo a que se
respeitem os diferentes níveis de prática, cada qual com as suas características próprias
(Mesquita, 1997). Para o mesmo autor a “Formação”, para ser bem-sucedida, pressupõe a
construção e a existência de “alicerces”, adquiridos durante o período de formação do atleta.
Esses “alicerces” devem ser criados o mais cedo possível, tendo como base a qualidade do
processo de treino e da intervenção das pessoas que orientam a formação (Moita, 2008).
É preciso transformar a formação de jogadores “num processo ajustado e com
objetivos adequados às diferentes fases do desenvolvimento do jovem jogador” (Leal &
Quinta, 2001).
Assim sendo, a formação desportiva do jovem constitui-se como um aspeto
fundamental na globalidade da sua preparação desportiva, revelando-se muito importante a
definição de objetivos em cada uma das etapas do processo de formação, para que o seu
desenvolvimento ocorra assim de forma harmoniosa (Mesquita, 1997). Para Araújo (1995) ser
treinador exige um conhecimento multidisciplinar, tornando-se evidentemente
16
imprescindíveis os conhecimentos inerentes à tática, à técnica e à preparação condicional do
jogo em que o treinador se especialize, bem como o fundamental domínio da pedagogia e
metodologia de ensino e a necessidade expressa de ser um especialista no provocar do
interesse e da motivação das que consigo aprendem e treinam.
Portanto, é crucial que o treinador proporcione aos seus atletas os meios necessários
para que estes se sintam motivados, ao mesmo tempo que adquirem e desenvolvem
qualidades (Bayer, 1987).
Segundo Mesquita (1997) no processo inicial de formação desportiva, a preocupação
passa por proporcionar aos jovens o acesso a uma prática desportiva regular, possibilitando
uma seleção progressiva dos que revelam talento que perspetive atingir o alto rendimento,
sem que para isso este seja renunciado aos demais. O mesmo autor sugere que a obtenção do
resultado imediato não pode ser uma preocupação prioritária para o treinador, na medida em
que a aprendizagem não deve ser orientada por rendimentos imediatos, sob a pena de se estar
a comprometer a formação e a evolução do jovem praticante.
Por outro lado, Costa (2006) refere que a mensagem do treinador, no trato diário com
os praticantes, deve ser uma mensagem humanista, que se afaste do obscuro pragmatismo que
caracteriza o mundo contemporâneo e que timbra com contornos muito fortes a educação dos
jovens, cujos reflexos ainda estão por determinar no seu impacto futuro. Também, o mesmo
autor refere que a presença do treinador durante o treino dá um contributo enorme para o
entendimento da atividade como uma parcela da formação do caráter.
Assim sendo, Marques (1999) refere que o treinador assume em todo o processo de
formação desportiva e humana um papel vital, dado ser o responsável direto, pelo presente e
futuro dos jovens que lhe são confiados, o que exige que possua conhecimentos acerca do
desenvolvimento motor, biológico, psíquico e social dos jovens, e a capacidade de os integrar
nas suas propostas metodológicas de ensino. Por conseguinte, Frade (2002) a intervenção do
treinador deve privilegiar os seguintes parâmetros:
 Linguagem acessível e contextualizada;
 Presença envolvente;
 Estimulação emotiva;
 Demonstração e participação na prática;
 Ajudar a reconhecer o problema – não dar a solução;
 Interpretação do contexto (intencionalidade e concretização com sentido);
 Promover situações onde o contexto tem várias soluções para haver seletividade
(através do critério).
17
2.6 Estratégias dos Treinadores
Uma tarefa importante que os treinadores devem ter sempre presente é o de fornecer
aos seus alunos/atletas feedbacks para que possam melhorar o seu desempenho durante a
prática. A prestação do feedback ajuda a promover uma aprendizagem eficiente, garante um
correto desenvolvimento da habilidade e influencia a motivação do aluno/atleta em persistir
com a prática.
Tradicionalmente, os treinadores têm a tendência a fornecer quantidades abundantes
de feedbacks na crença de que a efetiva aquisição das habilidades do futebol será melhor. No
entanto, enquanto os alunos/atletas necessitam do feedback para refinar e desenvolver as suas
habilidades, é importante perceber que esta informação pode ser adquirida através de muitas
vias e métodos diferentes, em que uns são mais eficazes do que outros.
O feedback surge como uma consequência natural da execução de uma ação, muitas
vezes referido como feedback intrínseco. Por exemplo, no futebol um jogador será capaz de
ver, sentir e ouvir a consequência de um passe sem receber qualquer feedback extrínseco, ou
seja, por parte do seu treinador. A maior parte das vezes, o próprio jogador sente se fez algo
bom ou mau através deste tipo de feedback intrínseco, sendo por vezes necessária alguma
sensibilidade, por parte do treinador, no momento de comunicar com o seu jogador seja para
repreender, corrigir ou felicitar.
Os treinadores precisam de estar conscientes de que os diferentes tipos de feedbacks
podem atuar de forma isolada e/ou em conjunto com outras técnicas de instrução. Esse
conhecimento é essencial para que os treinadores consigam determinar quando e como
deverão aumentar a informação fornecida ao jogador, para melhor incentivar a aprendizagem.
Questões importantes a considerar são: a frequência com que devem ser aumentados os
feedbacks fornecidos, como e quando precisam de ser fornecidos.
De acordo com a hipótese de orientação proposta por Salmoni e seus colaboradores
(1984), um aumento do feedback em cada prova tem um efeito benéfico sobre o desempenho,
mas poderá apresentar um efeito negativo sobre a aprendizagem das habilidades. Fornecer
feedbacks sobre cada prática pode levar a uma sobrecarga de informações, resultando num
excesso de confiança impedindo o aluno/atleta de se envolver adequadamente no processo da
resolução dos problemas. A chave para esta resolução passa pelos alunos/atletas serem
encorajados a confiar nos seus próprios mecanismos de feedback intrínsecos, ao invés das
informações constantes fornecidas pelos treinadores. Se os alunos/atletas não forem
encorajados a tornarem-se ativos solucionadores dos problemas durante a prática e tirarem
18
partido dos seus processos intrínsecos, então terão imensas dificuldades em orientar o seu
desempenho quando lhes faltarem os feedbacks extrínsecos por parte dos treinadores.
Os treinadores mais experientes mostram ter mais facilidade em diagnosticar os erros,
o que poderá contribuir para uma intervenção mais específica (Mesquita, 1998).
O feedback resulta de uma competência da tomada de decisão oportuna por parte do
professor/treinador com base numa seleção e processamento de informação pertinente
recolhida numa observação de aula/treino, envolvendo a análise da resposta do aluno em
função do contexto onde se desenvolve (Mesquita, 2009).
Nesta medida, a capacidade de fornecer um feedback que seja pertinente e relevante é
geralmente visto como um aspeto importante para um ensino com qualidade (Silverman., et al
1998).
Portanto, a instrução durante a prática é um momento importante na intervenção do
treinador e a emissão de feedbacks a forma de concretização dessa intervenção verbal.
O feedback pode ser definido como a informação a uma resposta, usada para modificar
a resposta seguinte (Siedentop, 1991). Se atendermos ao feedback, de acordo com o seu tipo
ou objetivo principal, podemos enquadrá-lo da seguinte forma (Farias, 2007): a) Descritivo,
quando o professor/treinador relata aos alunos/jogadores ou à turma/equipa a forma como
estes realizaram a tarefa e pode assumir a forma correta ou a incorreta; b) Prescritivo, quando
o professor/treinador informa os alunos/jogadores ou à turma/equipa da forma de realização
da tarefa ou função, podendo referir-se e justificar os critérios e/ou os erros a não cometer; c)
Questionamento, quando o professor/treinador formula questões relacionadas com situações
de caráter generalizado ou específico acerca da aula/treino; e d) Informação Avaliativa,
quando o professor/treinador avalia a prestação dos alunos/jogadores ou da turma/equipa, de
forma simples, não especificando pormenores sobre a avaliação. A expressão utilizada poderá
ser positiva ou negativa.
Com base em alguns estudos, tanto na Educação Física como ao nível do treino
desportivo, o feedback prescritivo foi identificado como o tipo mais utilizado, seguido do
feedback descritivo, como é atestado pelo estudo realizado por Pacheco (2002) na área do
futebol e aplicado nas reuniões de preparação que antecedem a competição.
De acordo com Piéron (1984), o feedback pedagógico pode ser classificado ainda
segundo: i) a forma (auditivo, visual, cinestésico, misto); ii) a direção (individual, grupo,
turma/equipa); e iii) o momento (durante, após, retardado). O mesmo autor considera
importante abordar o feedback pedagógico como: i) referencial geral (todo o movimento,
parte do movimento); ii) referencial específico (forma, esforço, força, ritmo); e iii) relação
com a tarefa (nova reação, mudança de “interlocutor”).
19
Também, Rink (1993) sugere uma diferente linha classificativa de feedbacks: i)
avaliativo e ii) corretivo, sendo que ambos podem ser classificados de: i) gerais; ii)
específicos; iii) negativos; iv) positivos; v) direcionados à turma/equipa; vi) direcionados ao
grupo; vii) direcionados ao indivíduo; viii) congruentes; e ix) não congruentes.
CAPÍTULO 3
O CLUBE – FUTEBOL CLUBE DO PORTO
20
3 O Clube – Futebol Clube do Porto
Em Setembro de 1893, nascia um F.C.P., ativo e dinâmico. António Nicolau
d'Almeida, desportista por excelência e exímio comerciante de Vinho do Porto, convidou, na
qualidade de presidente do clube, o F.C. Lisbonense para um jogo de futebol. Ficava na
história a primeira aparição azul e branca. Nos livros, em páginas amarelecidas pelo tempo,
este é o registo mais antigo da atividade portista.
Os anos seguintes foram de entusiasmo crescente. José Monteiro da Costa quis juntar,
numa comunhão que desejava profícua, o diverso trabalho da comunidade desportiva
portuense, maioritariamente portuguesa, obviamente, mas também com forte representação de
Inglaterra, berço do jogo que passaria a encantar a cidade. O impulso inglês levou mesmo a
que extinguisse o Grupo Recreativo «O Destino», que presidia, em favor do F.C.P. a estrutura
formava-se.
Os fundadores, os obreiros, homens verdadeiramente decididos a criar algo que
orgulhasse as gerações vindouras, garantiram desde logo um lugar especial num clube que já
se pressentia especial. O seu arrojo fê-los escolher o azul e o branco para cores do clube.
Apostavam na tranquilidade e na pureza e mantinham-se fiéis aos princípios cultural e
desportivo. Num plano mais abrangente, criam que podiam representar um país que então
tinha os mesmos tons no estandarte.
O F.C.P. assumia agora uma vocação nacional e universal. No primeiro emblema
destacava-se uma bola de futebol com as iniciais F.C.P. à qual, 20 anos depois, seria
sobreposto o brasão da cidade, por intervenção artística de Simplício. O clube era agora um
símbolo que começava a incitar paixões. Em 1948, a vitória por 3-2 sobre o Arsenal de
Londres, na época a melhor equipa do mundo, é uma prova cabal das potencialidades que os
portistas rapidamente atingiram. No ano das bodas de ouro do futebol nacional, o clube mais
cativante de um país que nos serviu de modelo no popular desporto, rendeu-se à supremacia
azul e branca. O F.C.P passava a impulsionar todo o desporto português.
Ano após ano, conquista após conquista, o F.C.P. foi ganhando fôlego. Tornou-se
grande, não só na ambição, mas também nas potencialidades desportivas. Somou títulos e
surpreendeu o país e o Mundo. A década de 80 foi talvez a mais memorável. Em 1987 e 1988,
a Taça dos Campeões, a Taça Intercontinental e a Supertaça Europeia, feitos impressionantes,
provas evidentes de uma filosofia especial. Alguns anos mais tarde, o penta campeonato,
façanha única em Portugal. A história tinha agora um lugar especial para o clube.
Hoje em dia, o Mundo mudou e Portugal evoluiu. As realidades desportivas são
outras, as sociedades anónimas desportivas (S.A.D.) passaram a ser quase uma imposição de
21
um mercado económico muito competitivo, mas o F.C.P. permanece dinâmico e vencedor. O
clube continua a representar a sua região e a servir de baluarte para os seus legítimos
interesses, mas tende a espalhar a sua filosofia de simplicidade responsável e ambiciosa a
todos os portugueses espalhados pelos cinco continentes. Homens como Nicolau d'Almeida e
Monteiro da Costa, onde quer que se encontrem, estarão, por certo, muito orgulhosos da força
que o seu esboço de F.C.P. alcançou.
O Centro de Treinos e Formação Desportiva Porto/Gaia e o Estádio do Dragão
colocam o clube em patamares de vanguarda, difíceis de igualar. O futuro parece risonho. A
trabalhar em condições únicas e modernas, a respeitar integralmente o seu passado, o F.C.P.
redobra a sua pujança. Títulos como a Taça UEFA de 2002/03, a UEFA Champions League
de 2003/04 e a Taça Intercontinental 2004 provam esta realidade inequívoca.
Para além do fulgor no futebol, o F.C.P. é grande em todas as modalidades que
pratica. O palmarés fala por si e basta uma constatação simples para destacar a abrangência do
azul e branco: o F.C.P. luta por títulos em hóquei em patins, basquetebol e andebol,
modalidades que, a par com o futebol, mais cativam os portugueses. O bilhar, a natação, o
atletismo, o desporto adaptado, os desportos motorizados, o boxe, o campismo, o xadrez, a
pesca, o karaté e o halterofilismo também contribuem para o sucesso do clube e asseguram
novos tópicos para o espólio portista.
3.1 A Criação da Futebol Clube do Porto - Futebol, S.A.D.
A Futebol Clube do Porto - Futebol, S.A.D. foi constituída a 5 de Agosto de 1997,
sendo seus acionistas fundadores os seguintes: Investiantas - Investimentos Desportivos, Lda.:
99.997 ações (49.9985%); F.C.P. 80.000 ações (40%) e Câmara Municipal do Porto: 20.000
ações (10%).
O embrião desta nova sociedade desportiva emerge do F.C.P., instituição de utilidade
pública com mais de 100 anos de existência. Na cidade do Porto, o F.C.P. tem caracterizado a
sua existência pelo fomento da prática desportiva e pela participação em competições das
mais diversas modalidades. Dada a sua dimensão e ecletismo, o F.C.P. é considerado um dos
grandes clubes portugueses, caracterizando-se pelo seu carácter associativo e pelo futebol, sua
principal atividade.
A criação da S.A.D. sempre teve em vista a gestão única e exclusiva do futebol
profissional do F.C.P. As suas orientações estratégicas fundamentais assentam na procura do
sucesso desportivo de uma forma sustentada e a oferta de espetáculos desportivos de elevada
qualidade, de forma a satisfazer os seus adeptos e simpatizantes, a população da região em
que se encontra implantado e a população do país, em geral. Desta forma, as diversas
22
atividades relacionadas com o futebol profissional terão mais e melhores condições para
serem desenvolvidas com sucesso.
A F.C.P. – Futebol, S.A.D. tem por objeto social a "participação, na modalidade de
futebol, em competições desportivas de caráter profissional, a promoção e organização de
espetáculos desportivos e o fomento ou desenvolvimento de atividades relacionadas com a
prática desportiva profissionalizada da referida modalidade.
O essencial da atividade a desenvolver pela F.C.P. - Futebol, S.A.D. consistirá na
participação em competições desportivas de caráter profissional, nacionais e internacionais,
casos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, Taça de Portugal, Supertaça "Cândido de
Oliveira" e competições europeias, com especial destaque para a Liga dos Campeões, prova
em que o F.C.P. tem participado de uma forma permanente nas últimas épocas.
3.2 O Futebol – Percurso de Êxito Desportivo
Em termos de resultados desportivos, foi no final da década de setenta que a equipa de
futebol sénior do F.C.P. iniciou a sua "viagem" na rota do sucesso. Com um projeto
desportivo consistente, o F.C.P. foi progressivamente obtendo mais e maiores sucessos,
nomeadamente a nível internacional. Tal ascensão, que incluiu a presença na final da Taça das
Taças, na época desportiva de 1983/84, culminaria com a conquista da Taça dos Clubes
Campeões Europeus, na época desportiva de 1986/87, e da Supertaça Europeia e da Taça
Intercontinental, na época desportiva de 1987/88. Um dos grandes marcos na história do
F.C.P. foi a conquista do Campeonato Nacional da 1ª Divisão por três vezes consecutivas,
alcançando uma meta há muito ambicionada no clube: o tricampeonato, nas épocas
desportivas 94/95, 95/96 e 96/97. O tetra campeonato foi a 1ª grande vitória na história
da F.C.P. - Futebol, S.A.D., logo seguido do tão ambicionado penta campeonato, feito até
hoje único na história do futebol português. Por outro lado, e em termos internacionais, nos
últimos anos o F.C.P. tem participado regularmente na Liga dos Campeões, continuando a ser
o maior representante luso no futebol europeu.
O F.C.P. é um clube multidesportivo português sediado na cidade do Porto e o clube
com mais títulos nacionais e internacionais na história do futebol português. No futebol,
compete atualmente na Primeira Liga.
3.3 Dragon Force
O Projeto Dragon Force começou a ser planeado na época desportiva 2006/2007. Em
2007/2008 o F.C.P. abre a escola do Dragão, no campo do Padroense, que serviu de embrião
23
para o projeto Dragon Force. Em Setembro de 2008, no emblemático e renovado campo da
Constituição e, atualmente, denominado como Vitalis Park, nasce a primeira Escola de
Futebol Dragon Force. Os objetivos sempre foram claros para o F.C.P.: (1) Desportivo,
capacidade de formar e captar novos talentos para servir a formação do F.C.P.; (2)
Comunicação, fazer chegar a marca F.C.P. ao maior número de crianças e famílias; (3)
Qualidade e Responsabilidade Social através dos serviços prestados e associados às escolas; e
(4) Financeiro, gerar uma nova fonte de receitas.
Atualmente, a Dragon Force integra 14 escolas de futebol, 1 escola de andebol, 1
escola de basquetebol e 1 escola de hóquei em patins. No total, mais de 3000 crianças
praticam diariamente a sua modalidade preferida.
A ideia do projeto não seria uma novidade para a comunidade, já que outras escolas
existiam no país, no entanto, a diferença poderia ser exercida ao nível do conceito, da
autenticidade de uma cultura que estava associada ao F.C.P. e, fundamentalmente, do
processo. Como refere Ricardo Ramos, atual gestor do projeto Dragon Force: “Tivemos desde
cedo a preocupação em conceber um projeto diferenciador e inovador que aliasse a qualidade
das infraestruturas desportivas e recursos humanos à transmissão de valores e cultura do
F.C.P. Não fomos pioneiros na introdução das escolas de futebol, mas fomos inovadores
porque melhoramos o serviço a todos os níveis com uma qualidade ímpar nas instalações, nos
recursos humanos, na metodologia de treino, nos processos de trabalho e no apoio de vários
departamentos transversais, tais como, a nutrição, a pedagogia e a psicologia. Para além de
tudo isto, na época desportiva 2009/2010 conseguimos certificar com “selo de qualidade” a
escola de futebol Dragon Force respeitando as normas ISO 9001:2008, permitindo-nos
expandir a escola de futebol Dragon Force pelo País, sempre com grande rigor e controlo.”
3.4 Departamentos transversais
Os departamentos transversais são os seguintes:
 Departamento de Pedagogia – Existe um espaço denominado Espaço Aberto, em
que os alunos são devidamente acompanhados por mediadores socioeducativos e
Psicólogos. Este espaço serve para os alunos desenvolverem diversas atividades e
tarefas escolares, possibilitando também um crescimento pessoal e social, elevando os
valores do desporto e da sociedade.
 Departamento de Psicologia – Este departamento tem como principal objetivo o
acompanhamento dos atletas na sua integração na prática do futebol. Há sempre um
24
profissional disponível para trabalhar, juntamente com os treinadores, no
desenvolvimento das capacidades dos jovens, estando também disponíveis para
auxiliar os pais/ encarregados de educação.
 Departamento Médico – Este departamento está sempre disponível nos períodos de
treinos, com a presença constante de um médico e enfermeiro para as devidas
ocorrências.
 Departamento de Nutrição – Medições antropométricas são realizadas no início de
cada época desportiva e, posterior, aconselhamento alimentar é indicado a todos os
alunos. Aqueles em que foi diagnosticado excesso de peso, há um acompanhamento
personalizado por parte dos nutricionistas, em colaboração com os pais / encarregados
de educação. Outros eventos complementares foram realizados, como o torneio
denominado Taça da Alimentação (cada equipa correspondia a um alimento), para
sensibilizar todos os atletas a uma boa prática nutricional.
25
CAPÍTULO 4
O MODELO DE JOGO
26
4 O Modelo de Jogo
A preocupação desde o primeiro dia é colocar a equipa a jogar como o treinador quer,
ou seja, em função de um Modelo de Jogo. Oliveira (2003), define modelo de jogo como uma
ideia/conjetura de jogo constituída por princípios, subprincípios, subprincípios dos
subprincípios, representativos dos diferentes momentos/fases do jogo, que se articulam entre
si, manifestando uma organização funcional própria, ou seja, uma identidade.
Segundo Frade (1985; pp. 5), o Modelo é como uma pedagogia de projeto, que deve
estar constantemente a ser visualizado assumindo-se no elemento causal do futuro, ou seja, no
referencial que se pretende atingir.
O modelo de jogo é o referencial que deve regular o trabalho desde o início da
temporada até ao final, sendo irracional pensar-se em Periodização Tática sem se pensar no
modelo de jogo (Faria,1999). Ou seja, “se tu queres instalar uma linguagem comum com
regras, princípios, uma cultura de jogo, num modelo de jogo (…) é fundamental que isso seja
através do jogo” (Faria, 2002, pp. VIII).
Garganta (1991) refere que a compreensão de um sistema complexo pressupõe uma
modelação, modelação que pode ser entendida como a ação da elaboração e da construção
intencional, por composição de símbolos, de modelos suscetíveis num fenómeno complexo.
A modelação permite desenvolver as características (identidade) da equipa através das
suas regularidades ou padrões – organização. E, para desenvolver o modelo, ou melhor, essa
modelação, tem que se contemplar os princípios metodológicos, tendo em conta as limitações
humanas e as necessidades fundamentais para que exista uma adaptação de qualidade (Frade,
2007). A ter em conta que o Modelo de Jogo está sempre em construção, nunca é um dado
adquirido, estando sempre recetivo ao individual e ao coletivo, ou seja, a equipa tem uma
ideia de jogo, mas as características dos jogadores são únicas e todas diferentes entre eles, o
que possibilita criar novas dinâmicas dessa mesma ideia sempre que há alteração de
jogadores, por exemplo em substituições ou em lesões.
Por conseguinte, Silva (2012; pp. 37) diz-nos que o modelo envolve a
operacionalização dos princípios de ação dos jogadores nos vários momentos do jogo. Por
isso, este conceito de modelo de jogo não se reduz a uma ideia geral, tratando-se sobretudo de
configurar as interações dos jogadores. Reforçando este lado pragmático do processo, Frade
(cit. por Martins, 2003; pp. III) afirma que “ mais importante que a própria noção do modelo,
são os princípios do próprio modelo”.
27
Segundo Oliveira (2004; pp. 130) o importante é que “o treinador saiba muito bem
aquilo que pretende da equipa e do jogo, que tenha ideias muito concretas relativamente às
invariantes/padrões que pretende que a sua equipa e os respetivos jogadores manifestem.”
Reforçando este aspeto, Mourinho (cit. Oliveira et al., 2006; pp. 200) afirmou que é
fundamental que os jogadores compreendam as suas ideias, ou seja, a sua filosofia de jogo
para que deste modo, possam ter comportamentos ajustados ao que pretende.
Desta forma, torna-se necessário aproximar a forma de treinar o mais possível à
competição, pois só assim os jogadores se irão identificar com a ideia de jogo, ou seja,
treinando/ jogando e jogando/treinando.
Ao nível dos princípios de jogo, estes são padrões de comportamento táticos a
diferentes escalas, que se pretende que a equipa e os jogadores evidenciem nos diferentes
momentos do jogo. Pode-se afirmar que os princípios nada mais são do que uma linha de
orientação da ação do jogador e da equipa na diferentes fases do jogo. No entanto, existem
três tipos de princípios, ou seja, uns princípios gerais, outros culturais e outros relacionados
com o Modelo de Jogo. Os princípios gerais são comuns a qualquer jogar, estes referem-se a
uma forma específica de jogar de uma equipa, e podem representar-se também em níveis de
organização mais baixos, ao nível dos sub e dos sub-sub-princípios. No entanto, os princípios
relacionados com o modelo de jogo não podem ser confundidos com os princípios culturais
(Azevedo, 2009).
Segundo Brito (2003) os princípios de jogo são linhas orientadoras básicas que
coordenam as atitudes e comportamentos táticos dos jogadores quer no processo ofensivo,
quer no processo defensivo, bem como nas transições.
Um modelo de jogo rege-se pelos seus princípios e na sua repetição sistemática por
parte do treinador, dependente sempre das suas ideias e dos seus jogadores.
Em relação à organização estrutural, esta diz respeito ao posicionamento que os
jogadores assumem em campo e que depois leva a equipa a assumir uma determinada
disposição (Azevedo, 2009). As estruturas não devem ser rígidas, mas sim contemplar sempre
às características e capacidades dos jogadores (Oliveira, 2003).
Para, Tamarit (2012; pp. 20) “cada treinador deverá ter a sua ideia de jogo e
sistematizá-la. Deverá definir o que quer que a sua equipa faça em cada momento do jogo,
deverá estruturar o seu jogo em Princípios e Subprincípios de jogo. Quando este treinador
com a sua ideia de jogo chega a um determinado contexto: um país, um clube, uma história,
novos jogadores, esta ideia de Jogo vê-se fortemente influenciada”
28
4.1 Princípio da Especificidade
“Ah, então não há nada mais específico do que o jogo 11 vs 11.” Não! Não é nada
disso, isso é uma blasfémia. Porque se reconhecemos que o nosso jogar tem X princípios e X
subprincípios, e deixamos em aberto a possibilidade de acontecerem uma determinada
quantidade de subprincípios dos subprincípios que são o resultado desta inter-relação
concreta, portanto em termos de treino, temos que lhes dar, de uma forma hierarquizada,
sendo que umas são mais importantes do que outras, mas temos que atuar sobre todas, sobre
eles todos, para eles melhorarem. A especificidade cumpre-se aí, é no respeito que tenho por
todos os princípios, e o respeito em termos metodológicos. Agora isto não é fácil, eu fazê-lo
de modo a todos melhorarem e sem se estorvarem, sem se contaminarem negativamente uns
aos outros” (Frade, 2007).
Frade (2007) considera este como um supra-princípio do treino em futebol. O
princípio de especificidade da periodização tática, deve criar situações táticas que o jogo da
equipa requisita, incutindo nos jogadores o desenvolvimento de todas as dimensões, através
do modelo de jogo adotado (Oliveira, 1991).
Para Frade (2002), o que condiciona a especificidade é o modelo de jogo da equipa e
este possui suas particularidades de acordo com cada contexto. Rocha (2003) afirma que essa
especificidade requer uma adaptação oriunda de exercícios específicos de determinada forma
de jogar.
Segundo Oliveira (2009), na Periodização Tática, só se considera algo específico, se
estiver relacionado com o modelo de jogo criado. Segundo o mesmo autor, a sua
operacionalização deve assumir várias dimensões/escalas: coletiva, intersectorial, setorial e
individual além disso, o cumprimento do princípio da especificidade da Periodização Tática é
somente atingindo por inteiro se durante o treino, os jogadores mantiverem um elevado nível
de concentração durante o exercício. O treinador deve intervir de forma adequada e percetível
perante o exercício para que os jogadores entendam os objetivos e as finalidades do exercício.
Frade (2010), diz-nos que não se pode pensar nos exercícios de maneira diversa, eles têm que
ser identificadores ou têm que estar identificados com a maneira como o treinador quer jogar.
4.2 Princípio da Progressão Complexa
Este princípio tem sentido devido à não linearidade do processo e dá-se pelo menos
em dois níveis distintos mas que se relacionam entre si.
A um nível mais longo este Princípio parte de um jogar menos complexo para um
jogar mais complexo e como se sabe não é linear, ou seja, sofre retrocessos, desvios, mas
29
sempre coerente com a matriz do jogar, sem que se perca o sentido daquilo que se está a fazer
(Tamarit, 2012). Ou seja, ao longo do padrão semanal de treino são transmitidas informações
aos jogadores que se pretendem transformar em hábitos e padrões de jogo. Atendendo a este
facto, a complexidade de informação transmitida deverá ser progressivamente aumentada.
4.3 Principio das Propensões
Este princípio consiste em alcançar através da criação de um exercício
contextualizado, que apareça um grande número de vezes e que queremos que os nossos
jogadores vivenciem e adquiram a todos os níveis.
Segundo Resende (2002) “a aprendizagem resulta da repetição sistemática”, mas para
Maciel (2010) “a aprendizagem resulta de mecanismos não mecânicos, ou seja, através da
vivência de contextos abertos, não determinísticos mas probabilísticos”.
Tamarit (2012; pp. 40) afirma que graças ao princípio das propensões consegue-se a
repetição sistemática das vivências específicas pretendidas, ou seja, as interações do nosso
jogar, que são dependentes do dia do morfociclo, devido ao princípio da alternância horizontal
em especificidade, tanto ao nível Tático, Físico, Técnico e Psicológico.
Como afirma Maciel (2010) “A repetição sistemática (determinante para a aquisição
de uma intencionalidade coletiva) das porções do jogar que desejamos vivenciar nos
diferentes dias, assim como os respetivos padrões de desempenho e configurações dos
exercícios verificam-se convenientemente neste principio metodológico”, diz-nos ainda o
autor que “o propósito não passa por quantificar ações mas por criar contextos de exercitação
que conduzem a uma determinada dominância de interações relativas ao nosso jogar, isto sem
deixar de ter em conta o padrão de desempenho e de desgaste que caracterizam aquele dia do
morfociclo”.
Em suma, tudo parte através da ideia de jogo inicial, uma imagem do jogar pretendido
e que se questiona como se vai lá chegar. A um nível mais curto há que controlar e regular a
complexidade dos exercícios durante cada treino do morfociclo, tendo em especial atenção a
relação esforço/recuperação tática. É vital ter em conta o esforço/desempenho e a recuperação
emocional para que os jogadores cheguem ao próximo jogo da melhor forma possível.
A complexidade de um exercício depende da relação entre muitas variáveis, de
destacar:
 A complexidade dos Princípios e Subprincípios e da articulação entre eles;
30
 A sub-dinâmica dominante do esforço e do padrão de contração muscular dominantes
que estão implicadas: recuperação, tensão da contração muscular, velocidade da
contração, recuperação/ativação;
 Quantidade de jogadores que estão a realizar os exercícios;
 Espaço de jogo onde se realiza o exercício.
4.4 Princípio da Alternância Horizontal em Especificidade
“O esforço vem do atleta em ter que contrair os músculos, ter que mover-se e portanto,
como há três indicadores que caracterizam o modo como as contrações musculares se
manifestam e sendo diversa a relação da sua manifestação e o seu cansaço, então tens que
calibrar por aí.” (Frade, 2010). Ou seja, utilizar esses indicadores em diferentes dias da
semana, maximizando cada um deles.
A diferenciação dos regimes de desempenho implicados nos diferentes dias têm que
ter em conta a fratalização das várias dimensões que compõem o jogar. Como principais
referências para a operacionalização do morfociclo devemos ter em consideração: (i) - o nível
da complexidade (Grandes Princípios, Subprincípios e Subprincípios dos Subprincípios),
subjacente à porção do jogar que é vivenciada em determinada unidade de treino (que deve
ser entendida como a maior parte de um todo, no morfociclo); (ii) - o regime da contração
muscular implicada de forma dominante na vivência do jogar nos diferentes dias que
compõem o morfociclo em que o regime da contração muscular é caracterizado e deve ter em
consideração três variáveis: tensão, duração e velocidade; (iii) - Dimensão estratégica e a sua
distribuição pelos dias que compõem o ciclo entre duas partidas, é outra dimensão a ter em
consideração, assim como os aspetos bioquímicos e bioenergéticos (Maciel, 2010).
Através desta abordagem, percebe-se que a operacionalização incide em determinados
aspetos do jogar tendo em contas as exigências que cada “dimensão” comporta. Assim, ao
longo da semana desenvolve-se diferentes escalas de organização (Gomes, 2006).
4.5 Morfociclo Padrão
“É um ciclo que tem presenças com o ciclo seguinte, em função de quê? Da forma
dos dinamismos que gera repercussões! Porque o que você quer que aconteça é que apareçam
determinadas configurações geométricas, mas em função do modo como você quer que se
relacionem os jogadores. Isso é uma forma, Morfo por essa razão. É uma morfologia, a lógica
da dinâmica (…) o padrão tem a ver com a Ideia. É por isso que faz sentido falar em fractal,
senão não faz! Você fraciona mas não perde a configuração.” (Frade, 2010)
31
Para Jorge Maciel (2010), o morfociclo padrão, deverá ser entendido como um fractal
de um nível mais macro de uma determinada Periodização Tática, uma vez que sendo uma
periodização a mais curto prazo (ciclo entre dois jogos) também ela deverá ter como matriz
configuradora a presença constante de uma intencionalidade coletiva, um jogar, que se deseja
assumir e fazer expressar como identidade para a equipa. Desta forma, o morfociclo padrão
assume um papel determinante, visto que permite por um lado a estabilização de um jogar e,
por outro, a progressão do mesmo, inclusive em diferentes escalas temporais.
A operacionalização de um jogar tendo em conta a padronização semanal da sua
vivenciação possibilita a manutenção da integridade de uma identidade (um tático) sem
bloqueio evolutivo, isto é, sem fecho. Possibilitando desse modo uma evolução espiralada,
marcada pelo emergir de várias dimensões à partida desconhecidas, sem que haja perda de
identidade pelo facto de esse processo evoluir alicerçado numa matriz (a conceptual – o jogar,
a intencionalidade coletiva, o tático) que é sustentada pelos grandes princípios de jogo e pelo
facto desse processo ser operacionalizado tendo por base uma outra matriz (a metodológica –
Periodização Tática), que é suportada pelos princípios metodológicos e pela sua aplicação no
respeito por um morfociclo padrão.
Tal como a conceção de jogo, também o morfociclo padrão, que lhe permitirá dar
vida, deverá ter por referência a realidade. Torna-se pertinente neste ponto salientar que
aquilo que o caracteriza são fundamentalmente três aspetos, a saber: a densidade competitiva
elevada, os níveis de aspiração e de exigência igualmente elevados.
Outra premissa igualmente importante, passa por reconhecer que quando se fala de
treino, treino de qualidade, aquisitivo, o que se pretende é que uma determinada matriz, uma
determinada intencionalidade, se manifeste no concreto pela generalidade dos jogadores, ou
seja, deseja-se que a intenção prévia vá paulatinamente sendo partilhada, graças à sua
vivenciação em especificidade, por um número cada vez maior de jogadores, de modo a que
esta se torne comum à generalidade, e como tal se constitua como cultura Especifica da
equipa (Maciel, 2010).
32
Figura 2 – Morfociclo Padrão (adaptado por Oliveira,2003).
4.6 Modelo de Jogo Dragon Force
O Modelo de Jogo Dragon Force é alicerçado em duas ideias de base:
 Desenvolver uma filosofia de jogo congruente com o Modelo de Jogo instituído no
Departamento de Formação do F.C.P;
 Permitir a evolução de alunos com distintos níveis de desempenho/potencial.
4.7 Momentos do jogo
Para o tratamento didático-metodológico de todos os aspetos referentes ao jogo,
dividimo-lo em quatro momentos:
 Organização Ofensiva (OO): quando temos a posse da bola;
 Organização Defensiva (OD): quando o adversário tem a posse da bola;
 Transição Defesa – Ataque (TDA): quando ganhamos a posse da bola;
 Transição Ataque – Defesa (TAD): quando perdemos a posse da bola.
4.8 Princípios fundamentais do Modelo de Jogo
 A posse e a circulação da bola como “obsessão” objetiva e inteligente da equipa e de
todos os jogadores;
33
 A zona pressionante como método que condicione o comportamento ofensivo do
adversário e nos permita recuperar a posse da bola;
 Transições fortes que aproveitem a desorganização momentânea da equipa adversária.
4.9 A identificação deste modelo rege-se por aspetos fundamentais
Jogo Posicional:
 Assume uma importância decisiva no nosso jogo.
Deve caracterizar-se por:
 Formar muitas linhas (em largura e profundidade);
 Dispor os jogadores em diagonais (formando sucessivos triângulos e losangos);
 Privilegiar o aparecimento dos princípios fundamentais do modelo de jogo, tendo
em atenção as formas de jogo (Futebol de 3, de 5 e de 7);
 Respeitar as diferentes faixas etárias dos intervenientes.
4.10 O Treinador Dragon Force
O treinador Dragon Force deve possuir:
Figura 3 – Conhecimentos do Treinador Dragon Force.
A escola de futebol Dragon Force advoga que os conhecimentos do treinador sobre o
Jogo se referem à:
 Capacidade para compreender o Modelo de Jogo Dragon Force;
 Capacidade para observar o jogo e os jogadores retirando conclusões relevantes.
34
Enquanto, os conhecimentos do treinador sobre as características das faixas etárias são
referentes à:
 Capacidade para escolher exercícios adequados;
 Capacidade para comunicar eficazmente com entusiasmo, expressividade e com léxico
adequado à idade.
Por fim, o conhecimento didático-metodológico do treinador deve-se à:
 Capacidade de planeamento;
 Capacidade para intervir com qualidade durante o treino;
 Capacidade para demonstrar;
 Capacidade para refletir e melhorar o processo.
Aliás, nas escolas de futebol Dragon Force, a intervenção do treinador deve ser feita
da seguinte forma:
 Ter uma presença positiva, valorizar em vez de reprimir;
 (Re) Conhecer os jogadores e as suas características (desempenhos);
 Orientar para a aquisição com sentido (perceber o que faz);
 Ter a capacidade de intervir com qualidade.
Frade (2007) defende que em vez de se concentrar na repetição de exercícios até
conseguir a mecanização do jogo, o treinador deve ter como prioridade passar aos jogadores o
modelo que pretende. É a partir dessa consciência que todos os detalhes, individuais e
coletivos, são trabalhados.
35
36
CAPÍTULO 5
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DRAGON FORCE
37
6 Estrutura Organizacional Dragon Force
A Dragon Force é uma escola que acolhe centenas de alunos de diferentes faixas
etárias e de diferentes níveis de desempenho futebolístico. Para dar uma melhor resposta,
foram criados diferentes níveis de ensino com o intuito de desenvolver as capacidades de jogo
de cada um sempre em identificação com a cultura do F.C.P.
Seguindo uma lógica crescente de desenvolvimento e de acordo com a frequência de
treinos semanais das diferentes turmas, a Dragon Force dispõe de cinco níveis:
 Iniciação – alunos nascidos entre 2007/2008 (5/6 anos de idade);
 Básico – alunos nascidos entre 2005/2006 (7/8 anos de idade);
 Intermédio – 2003/2004 (9/10 anos de idade);
 Avançado – 2001/2002 (11/12 anos de idade);
 Expert – 1999/2000 (13/14 anos de idade).
Diferentes níveis requerem diferentes formas de jogo, são elas:
 Iniciação – forma de jogo de 2 vs 2 e 3 vs 3;
 Básico – forma de jogo de 3 vs 3, 4 vs 4 e 5 vs 5;
 Intermédio – forma de jogo de 5 vs 5;
 Avançado – forma de jogo de 7 vs 7;
 Expert – forma de jogo de 7 vs 7.
Os alunos Dragon Force podem frequentar a escola de futebol uma, duas ou três vezes
por semana.
Sempre que um aluno esteja acima do nível da turma e que treine semanalmente até
duas vezes, é proposto ao seu Encarregado de Educação uma alteração para uma turma que
treine três vezes por semana e possa assim desenvolver o seu potencial com mais uma hora
semanal de treino. Todos os alunos que apresentem maior qualidade e potencial, de acordo
com os parâmetros da escola, são colocados nas Seleções Dragon Force que foram criadas
para as diferentes idades (uma por cada nível de desempenho). Existem quatro equipas de
competição, nomeadamente os Sub. 13A, os Sub. 13B, os Sub. 11 e os Sub. 10, em que os
melhores jogadores da escola são escolhidos para participarem em campeonatos distritais.
Ao longo de toda a época desportiva existem várias competições na Dragon Force, de
forma a promover e aumentar as oportunidades de competição entre turmas e seleções, a
saber:
38
 Ligas Dragon Force (sextas feiras);
 Dragon Force Cup (sábados);
 Liga Universo Dragon Force;
 Taça Artur Baeta;
 Taças Temáticas;
 Jogos amigáveis, entre diferentes escolas e clubes.
39
6.1 Recursos Humanos
A estrutura Dragon Force está muito bem hierarquizada, estruturada, organizada e
coordenada, proporcionando a todos os intervenientes um ambiente profissional, estável, e
rigoroso (ver Tabela 1).
Tabela 1 – Recursos Humanos Dragon Force.
6.2 Recurso Logísticos
As infraestruturas desportivas da Escola Dragon Force são:
 1 Campo de futebol de 11, em relva sintética, com luz artificial que integra dois
campos de futebol de 7;
 1 Campo de futebol de 7, em relva sintética, coberto, com luz artificial;
 1 Campo de terra batida futebol de 5 (espaço “Artur Baeta”).
Edifício de apoio à atividade desportiva composto por:
 Receção;
 Balneários para os atletas;
 Balneário para os treinadores;
 Balneário para os árbitros;
 1 Gabinete para o Coordenador Técnico e Coordenador Técnico-Adjunto;
Recursos Humanos
Gestor do Projeto Ricardo Ramos
Gestor da Expansão e Parcerias Afonso Gama
Gestor da Qualidade e Operações Jorge Conrado
Coordenador Técnico Geral Carlos Campos
Coordenador Técnico-adjunto Vítor Moreira
Departamento Médico Nuno Vicente
Departamento de Pedagogia Daniela Freitas
Departamento de Psicologia Paulo Paiva
Departamento de Nutrição Pedro Carvalho
Técnico de Equipamentos Paulo Brandão
Técnico de Informática Miguel
Seguranças da SPDE
Treinadores
40
 Sala para os treinadores, com computador e com acesso à Internet;
 Quadro de apontamentos;
 Armário para arrumação do dossier respetivo a cada treinador;
 Mesa de reuniões;
 Sala com impressora/fotocopiadora;
 Sala multiusos (Espaço Aberto);
 Departamento médico;
 Arrumos;
 Bar/restaurante.
Material de treino disponível:
 Balizas de Futebol de 1, 4, 5, 7 e 11;
 Coletes;
 Cones altos e baixos;
 Bolas de tamanho 1, 3,4 e 5;
 Arcos;
 Varetas;
 Sinalizadores;
 Barreiras móveis.
41
CAPÍTULO 6
PLANO ANUAL DRAGON FORCE
42
7 Plano Anual Dragon Force
O plano anual para escola e para a turma Expert B1 foi elaborado, com o objetivo de
dar conhecimento a todos os intervenientes da Dragon Force as atividades a decorrer ao longo
da temporada.
Mais especificamente, o plano anual da turma Expert B1 contribuiu para um melhor
planeamento de todo o processo de treino e gestão organizacional da equipa (ver Figuras 4 e
5).
Figura 4 – Plano Anual Dragon Force.
43
Figura 5 – Planeamento Anual da turma Exper B1.
44
CAPÍTULO 7
A EQUIPA EXPERT B1 – SUB 13
45
8 A Equipa Expert B1 – Sub 13
A turma Expert B1 foi inicialmente constituída por 12 jogadores, terminando a época
com 10 jogadores. É uma turma com diferentes experiências no que à prática do futebol diz
respeito, nomeadamente aos anos como jogadores da escola Dragon Force e aos anos de
prática desta modalidade.
Na Tabela 2 reporta-se alguma informação específica sobre os jogadores da equipa em
questão.
Tabela 2 – Informações Específicas Sobre os Jogadores.
O envolvimento competitivo dos jogadores para com o processo instrutório tático-
estratégico sempre foi constante e intenso, conforme sugerido na Figura 6.
Nome Posição Anos de prática DF Anos de prática da modalidade
Alexandre Queirós PL 1ºano 1ano
André Santos DC 1ºano 2anos
César Pereira DC 1ºano 1ano
Davi Lima MC 1ºano 3anos
Fidel Ruiz MC 3ºano 3anos
Francisco Silva GR 2ºano 2anos
João Coelho DC 2ºano 2anos
João Oliveira PL 1ºano 2anos
José Pereira ME 4ºano 4anos
Ricardo Cabral PL 2ºano 2anos
Rúben Novais MD 1ºano 4anos
Rui Finteiro PL 1ºano 1anos
46
Figura 6 – Equipa Expert B1
8.1 Avaliação Diagnóstica da Equipa
O termo avaliar, etimologicamente, significa etimar, comparar, julgar. Mialaret (1979)
afirma que avaliar consiste em “atribuir um juízo de valor em função de critérios precisos”.
Pelletier (1971) diz-nos que o termo avaliação deu lugar a uma encruzilhada semântica e que
constitui hoje uma atividade que assume formas variadas nos mais diversos contextos do
processo educativo.
Para Mesquita (2012), a avaliação inicial deverá, determinar os objetivos formativos
em função de uma predição do que é possível aprender. Na mesma linha de pensamento, a
autora diz-nos que na medida em que essa recolha de informação serve os propósitos de
orientação e regulação do processo de ensino-aprendizagem ela deve ser entendida como
eminentemente formativa. A avaliação diagnóstica da equipa foi elaborada no início da época
desportiva com o objetivo de fornecer informações sobre o estado atual da equipa, ou seja,
determinar os comportamentos coletivos e individuais para o jogo. Esta avaliação inicial
forneceu informações de orientação para o processo formativo ao longo de toda a época
desportiva.
Este tipo de avaliação responde a duas questões fundamentais, (1) ” Que
aprendizagens servem de base às que vamos ensinar? e (2) Que aprendizagens, das que vamos
ensinar, já foram adquiridas pelos alunos?” (Mesquita, 2012). Segue na figura abaixo a
avaliação diagnóstica da turma Expert B1.
47
Figura 7 – Avaliação da Equipa.
8.2 Contrato de Equipa
No início do período pré-competitivo foi entregue a cada jogador um contrato de
equipa numa carta fechada, para que cada um a pudesse ler em casa. No treino seguinte e após
uma reflexão coletiva com algumas propostas de alteração, toda a equipa assinou o contrato
criando um compromisso coletivo para toda a época.
Este contrato foi elaborado com o intuito de fidelizar os jogadores à Dragon Force e a
toda a equipa, para que se mantenham sempre empenhados e motivados quer nos treinos quer
nas várias competições internas.
O contrato de equipa encontra-se representado na Figura 8.
48
Figura 8 – Contrato de Equipa.
8.3 Ideia de Jogo Pretendida
A análise à ideia de jogo da turma Expert tendo em conta a cultura de jogo da escola
Dragon Force, as características dos jogadores e do próprio treinador que é apologista de um
futebol vistoso e organizado é apresentada de uma forma globalizante.
Este modelo foi criado e sustentado após uma avaliação prévia à qualidade da turma,
quer nos aspetos individuais quer nos aspetos coletivos. De referir que a equipa se apresenta
estruturalmente, em 1+2+3+1, sendo que este sistema é dinâmico e serve apenas para ter uma
referência do posicionamento inicial.
49
Sistema de Jogo Ofensivo - Organização Ofensiva
Saídas – 1º sub. Momento:
Saída em construção curta pelos Defesas Centrais (DCs):
 DCs bem abertos nos limites da área;
 DCs posicionados de frente para o adversário;
 Os alas profundos e bem abertos para criar espaço para DCs;
 Procurar sair pelos DCs.
Após entrada da bola no DC inicia-se a construção do jogo ofensivo com variâncias
posicionais tendo como objetivo dar ao portador da bola mais que uma linha de passe para
circular a bola. Para tal, se beneficia:
 Recuo do ala mantendo-se bem aberto junto da linha lateral;
 Movimento interior do Pivot procurando espaço entre – linhas;
 DC contrário dá linha de passe para possível variação do jogo através do Pivot;
 PL posiciona-se entre o Ala e o Pivot criando um losango iniciado pelo DC com bola.
(2º sub. Momento)
(Arrastamento para) Saída em construção curta pelo Pivot:
 Saída curta em segurança pelo pivot no corredor central (provocando arrastamento do
adversário);
 Pivot aproxima-se do guarda redes (GR) para receber a bola, podendo devolver com
uma parede ao mesmo ou jogar nos DCs, procurando sempre após o passe uma nova
posição para dar constantemente uma linha de passe ao portador da bola;
 Recuo dos alas para suporte do meio campo mantendo-se sempre abertos.
(Arrastamento para) saída em construção direta para o Ala:
 Criação de espaço para a saída direta no corredor lateral através do Ala.
Face à impossibilidade da saída curta (nem pelos DCs nem pelo Pivot), toda a equipa
movimenta-se para arrastar o adversário:
 Armadilha por parte dos alas que recuam num movimento de arrastamento dos
defesas, para que depois muito rapidamente subam no terreno surpreendendo os
opositores criando espaços nas costas da defesa;
50
 DCs e Pivot fecham a zona central.
Criação de Espaços – 2º sub. Momento
 Formação de losango (DC, Ala, Pivot e ponta de lança - PL) para criação de várias
linhas de passe;
 PL a aparecer no espaço entre – linhas para ponte/parede procurando assim
automatizar a triangulação DC – PL – Ala;
 Pivot baixa para compensar a subida do DC que iniciou condução;
 DC com passe diagonal longo após atração em condução;
 Ala contrário bem aberto para poder receber a bola;
 Receção orientada para a frente para aproveitar a conquista espaço – temporal (1 vs 1).
“Reciclar” jogo para DC ou GR :
 Equipa subida e em ataque organizado não consegue ultrapassar o bloco adversário,
deve então reciclar o seu jogo devolvendo a bola para DC ou GR;
 Após a reciclagem toda a equipa regressa ao 1º sub momento.
Entrada nos Espaços – 3º sub. Momento:
Jogo Posicional:
 Equipa com bola cria desequilíbrios com subidas constantes dos DCs;
 Quando um dos DCs sobe no terreno de jogo, o Pivot terá que fazer a compensação ao
colega recuando um pouco.
 PL com muita mobilidade colocando-se entre – linhas, dando sempre linhas de passe
aos colegas.
Transição Defensiva
Reação rápida à perda:
 Reagir e pressionar para conquistar a bola;
 Reagir e condicionar para obrigar a jogar para trás.
Sistema de Jogo Defensivo – Organização Defensiva
Fecho dos espaços com duas variantes – 1º sub. Momento:
51
O Bloco médio:
 Toda a equipa num bloco coeso permite ao adversário sair a jogar e trocar a bola no
seu meio campo, sendo o PL a comandar o posicionamento do bloco efetuando
alguma pressão posicional;
 No nosso meio campo não é permitido haver trocas de bola do adversário, a pressão
realizada por nós deve ser intensa até recuperarmos a bola;
 Fecho do bloco;
 Fechar o lado da bola, mobilidade e coesão;
 Voz de comando do GR para corrigir posições.
Jogo de Coberturas:
 Pivot sempre a equilibrar o centro da equipa (fundamental no equilíbrio da equipa);
 Jogadores não podem estar “tapados”, sempre disponíveis para dar linhas de passe;
 Coberturas dos defesas centrais sempre na diagonal (Guarda – Costas) e nunca na
diagonal;
 Nas saídas do adversário PL (ao DC com bola) e Ala fazem compensações na pressão
aos DCs.
Criação de Zonas de Pressão – 2º sub. Momento:
 Forte pressão sempre que o adversário tente jogar dentro do nosso meio campo;
 Obrigar o adversário a jogar para trás sempre que entrem no nosso bloco;
 Mensagem a passar à equipa é que no nosso meio campo defensivo a palavra de ordem
é pressionar a 1000 à hora até recuperarmos a bola ou jogar para fora das zonas de
pressão.
Pressionar saídas do adversário (Armadilha):
 PL pressiona o DC portador da bola, o Ala do lado contrário ao da bola pressiona o
outro DC;
 Condicionar saídas do adversário para o nosso corredor central.
Os nossos alas não têm a dimensão tática e física necessária para que seja diferente.
Com uma pressão efetiva do PL e Ala consegue-se fechar o corredor lateral para que se jogue
pelo centro do terreno. O Pivot deve ser forte no desarme e com um bom posicionamento,
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  • 1. Futebol Clube Porto – DRAGON FORCE - Turma B1 - sub 13 - Relatório de Estágio Profissionalizante realizado no Futebol Clube do Porto – Futebol S.A.D. Orientador: Prof. Doutor Filipe Luís Martins Casanova Supervisor: Dr. Pedro Miguel Silva João Pedro Colaço Araújo Porto, Junho de 2013
  • 2. IV
  • 3. V Futebol Clube Porto – DRAGON FORCE - Turma B1 - sub 13 - Relatório de Estágio Profissionalizante realizado no Futebol Clube do Porto – Futebol S.A.D. Relatório de Estágio com vista à obtenção de grau de Mestre (Decreto – Lei nº 74/2006, de 24 de Março) em Desporto para Crianças e Jovens Orientador: Prof. Doutor Filipe Luís Martins Casanova Supervisor: Dr. Pedro Miguel Silva João Pedro Colaço Araújo Porto, Junho de 2013
  • 4. VI Araújo, J., (2013). Futebol Clube do Porto – Dragon Force - Expert B1, sub 13 - Relatório de estágio profissionalizante para obtenção do grau de Mestre em Desporto para Crianças e Jovens apresentada á Faculdade de Desporto, da Universidade do Porto. PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL, FORMAÇÃO, EXPERTISE.
  • 5. VII Dedicatória À minha avó que estaria tão orgulhosa do seu menino de ouro…
  • 6. VIII Agradecimentos Ao meu orientador, o Professor Doutor Filipe Luís Martins Casanova, pela sua disponibilidade total na orientação deste trabalho. A toda a escola de futebol Dragon Force, em especial aos meus jogadores da turma Expert B1 pela possibilidade de crescer não só como treinador mas também como pessoa. À pessoa mais importante da minha vida, a minha namorada Paula daqui a poucos dias esposa, pelo apoio incondicional ao longo deste trajeto. Aos meus pais por todos os ensinamentos, apoio e compreensão que me deram ao longo destes 26 anos. À minha irmã Ana e aos meus amados sobrinhos Simão e Bruna que de uma forma direta ou indireta tiveram contributo nesse trabalho.
  • 7. IX Índice Geral Índice de Figuras .................................................................................................................................................XI Índice de Tabelas.................................................................................................................................................XI Índice de Anexos................................................................................................................................................ XII 1 Introdução ........................................................................................................................................................ 3 2 Revisão Bibliográfica....................................................................................................................................... 6 2.1 Características do Futebolista Expert .................................................................................................. 6 2.2 O Desenvolvimento do Futebolista Expert ........................................................................................... 8 2.3 Prática Deliberada.............................................................................................................................. 11 2.4 O Treinador........................................................................................................................................ 14 2.5 O Treinador de Crianças e Jovens..................................................................................................... 15 2.6 Estratégias dos Treinadores .............................................................................................................. 17 3 O Clube – Futebol Clube do Porto ............................................................................................................... 20 3.1 A Criação da Futebol Clube do Porto - Futebol, S.A.D. ..................................................................... 21 3.2 O Futebol – Percurso de Êxito Desportivo ......................................................................................... 22 3.3 Dragon Force ..................................................................................................................................... 22 3.4 Departamentos transversais .............................................................................................................. 23 4 O Modelo de Jogo .......................................................................................................................................... 26 4.1 Princípio da Especificidade ................................................................................................................ 28 4.2 Princípio da Progressão Complexa.................................................................................................... 28 4.3 Principio das Propensões................................................................................................................... 29 4.4 Princípio da Alternância Horizontal em Especificidade ...................................................................... 30 4.5 Morfociclo Padrão .............................................................................................................................. 30 4.6 Modelo de Jogo Dragon Force........................................................................................................... 32 4.7 Momentos do jogo.............................................................................................................................. 32 4.8 Princípios fundamentais do Modelo de Jogo...................................................................................... 32 4.9 A identificação deste modelo rege-se por aspetos fundamentais ...................................................... 33 4.10 O Treinador Dragon Force ................................................................................................................. 33 6 Estrutura Organizacional Dragon Force..................................................................................................... 37 6.1 Recursos Humanos............................................................................................................................ 39 6.2 Recurso Logísticos............................................................................................................................. 39 7 Plano Anual Dragon Force............................................................................................................................ 42 8 A Equipa Expert B1 – Sub 13....................................................................................................................... 45 8.1 Avaliação Diagnóstica da Equipa....................................................................................................... 46 8.2 Contrato de Equipa ............................................................................................................................ 47 8.3 Ideia de Jogo Pretendida ................................................................................................................... 48 8.4 Estrutura da Equipa ........................................................................................................................... 52 8.5 Avaliações Sumativas Trimestrais ..................................................................................................... 53 8.6 Liga Interna – Tabela dos Pontos ...................................................................................................... 54 8.7 Padrão semanal da Equipa Expert B1 sem competição .................................................................... 56 8.8 Padrão semanal de Equipa Expert B1, em competição ..................................................................... 59 8.9 Indicador de Rendimento ................................................................................................................... 62 8.10 Conquistas ......................................................................................................................................... 63
  • 8. X 9 Conclusões ...................................................................................................................................................... 65 9.1 Componente teórica........................................................................................................................... 65 9.2 Componente prática........................................................................................................................... 66 10 Referências Bibliográficas............................................................................................................................. 68 11 Anexos............................................................................................................................................................. 77 11.1 Anexo I: Diário de Treino.................................................................................................................... 77 11.2 Anexo II: Avaliações I Trimestre......................................................................................................... 93 11.3 Anexo III: Avaliações II Trimestre....................................................................................................... 96 11.4 Anexo IV: Avaliações do III Trimestre ................................................................................................ 99 11.5 Anexo V: Tabelas de Pontos............................................................................................................ 102
  • 9. XI Índice de Figuras Figura 1 - Abordagem do desempenho expert (adaptado por Williams & Ericsson, 2005). ....................................................10 Figura 2 – Conhecimentos do Treinador Dragon Force...........................................................................................................33 Figura 3 – Morfociclo Padrão (adaptado por Oliveira,2003). ..................................................................................................32 Figura 4 – Plano Anual Dragon Force. ....................................................................................................................................42 Figura 5 – Planeamento Anual da turma Exper B1..................................................................................................................43 Figura 6 – Equipa Expert B1....................................................................................................................................................46 Figura 7 – Avaliação da Equipa...............................................................................................................................................47 Figura 8 – Contrato de Equipa. ................................................................................................................................................48 Figura 9 – Estrutura base da equipa. ........................................................................................................................................53 Figura 10 – Ficha de Avaliação do aluno referente ao I trimestre............................................................................................54 Figura 11 – Registo de Pontos referente à 4ª semana de treinos. .............................................................................................55 Figura 13 – Padrão semanal da equipa Expert B1....................................................................................................................56 Figura 14 – Treino nº31 (Sub Princípios à 2ª feira). ................................................................................................................58 Figura 15 – Treino nº22 (Grandes Princípios à 6ª feira)...........................................................................................................59 Figura 16 – Padrão Semanal da equipa Expert B1 (competição). ............................................................................................60 Figura 17 – Evolução dos Resultados da Equipa. ....................................................................................................................62 Figura 18 – Total de jogos expressos em Vitórias, Derrotas e Empates...................................................................................62 Figura 19 – Evolução dos Golos Marcados e Sofridos.............................................................................................................63 Índice de Tabelas Tabela 1 – Recursos Humanos Dragon Force. .....................................................................................................39 Tabela 2 – Informações Específicas Sobre os Jogadores......................................................................................45
  • 10. XII Índice de Anexos Anexo I: Diário de Treino.......................................................................................................................... 77 Anexo II: Avaliações I Trimestre .............................................................................................................. 93 Anexo III: Avaliações II Trimestre ........................................................................................................... 96 Anexo IV: Avaliações do III Trimestre ..................................................................................................... 99 Anexo V: Tabelas de Pontos.................................................................................................................... 102
  • 11. XIII Resumo Os principais objetivos inerentes a este estágio foram a aquisição do conhecimento prático sobre a metodologia de treino utilizada na escola de futebol Dragon Force e conhecer o funcionamento de uma grande estrutura desportiva, ligada à prática do futebol profissional e ao futebol de formação. Numa primeira fase da presente dissertação foi desenvolvida uma revisão bibliográfica acerca do futebolista expert, do treinador de formação juntamente com um estudo descritivo sobre a estrutura da escola Dragon Force. De seguida numa segunda fase foi desenvolvido um trabalho prático na turma Expert B1 ao longo de toda a época desportiva. Para além da revisão bibliográfica, este relatório contempla um diário de treino juntamente com um dossier informativo relativo à turma, para evidenciar um conhecimento científico e empírico do estudo. No conjunto de todas as práticas conclui-se que o jovem futebolista expert apresentou um conjunto de unidades que o caraterizam como tal, diferentes de todos os outros, pois o seu historial prático, número de horas e experiências de prática foram distintos dos demais colegas, que o levam a atingir a elite da competição, em que estão inseridos. Por último, o treinador de crianças e jovens deverá ser um treinador com um conhecimento multidisciplinar, além do conhecimento técnico e tático e deverá ser exímio na metodologia de ensino, pedagogia e na capacidade de despertar interesse nos jovens e motivá-los. PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL, FORMAÇÃO, EXPERTISE.
  • 12. XIV Abstract The main objectives inherent in this internship were the acquisition of practical knowledge about the training methodology used in the Dragon Force Football School and getting to know the functioning of a large sports facility, linked to the practice of professional football and football training. In a first stage of this dissertation was developed a bibliographic review about the expert footballer, of the training coach along with a descriptive study of the structure of the Dragon Force Football School. On a second stage it was developed a practical work in the class Expert B1 along the whole season. In addition to the bibliographic review, this report comprises a training journal along with an information dossier regarding the class to show the scientific and empirical knowledge of the study. On the practices altogether we can conclude that the young expert footballer has presented a set of units that characterize him as such, different from all others, thus his practical history, number of hours and practical experiences have been distinct from the other colleagues, which lead him to reach the competition elite, in which they are inserted. At last, the child and youth coach should be a coach with multidisciplinary knowledge, beyond the technical and tactical knowledge and should be an expert in the teaching methodology, pedagogy and in the ability to stir interest in young people and to motivate them. KEYWORDS: SOCCER, YOUTH TRAINING, EXPERTISE.
  • 13. XV Lista de Abreviaturas F.C. P – Futebol clube do Porto DC – Defesa Central MC – Médio Centro PL – Ponta de Lança OO – Organização Ofensiva OD – Organização Defensiva TDA – Transição Defensiva TAD – Transição Ofensiva
  • 14.
  • 16. 3 1 Introdução “O Futebol de Formação é uma escola de jogadores de Futebol. Assim como a escola tradicional pretende dar uma formação cultural e académica aos cidadãos para que mais tarde possam vir a ser integrados na vida ativa, a escola de futebol pretende dar uma formação adequada aos jovens futebolistas, para que mais tarde possam vir a integrar as suas equipas seniores” (Pacheco, 2001). Também, o mesmo autor referiu que formar jovens futebolistas é uma atividade pedagógica aliciante e atrativa, que exige por parte de todos os que a dirigem, uma qualificação adequada e um elevado sentido de responsabilidade para com o praticante, o sistema desportivo e a sociedade (Pacheco, 2001). No final do primeiro ano do 2º ciclo de estudos (Mestrado), surgiu a oportunidade de integrar os quadros técnicos da Escola de Futebol Dragon Force, escola oficial do Futebol Clube do Porto (F.C.P.). Oportunidade para aliar esta experiência a um estágio profissionalizante com vista à obtenção do grau de mestre no Treino Desportivo para Crianças e Jovens e, também, adquirir formação prática numa turma de expert, equivalente ao escalão sub. 13. O Projeto Dragon Force começou a ser planeado na época desportiva 2006/2007. Mas foi em 2007/2008 que o F.C.P. abriu a escola do Dragão (no campo do Padroense) que serviu de embrião para o projeto Dragon Force. Em Setembro de 2008, no emblemático e renovado campo da constituição, e denominado hoje em dia como Vitalis Park, nasce a primeira Escola de Futebol Dragon Force. Os objetivos sempre foram claros para o F.C.P. a escola: (i) desportivo – capacidade de formar e captar novos talentos para a formação do F.C.P.; (ii) comunicação – fazer chegar a marca F.C.P. ao maior número de crianças e famílias; (iii) qualidade e responsabilidade social – prestar um diferente número de serviços, às escolas; e (iv) financeiro - gerar uma nova fonte de receitas. Atualmente, a Dragon Force integra 14 escolas de futebol, 1 escola de andebol, 1 escola de basquetebol e 1 escola de hóquei em patins. No total, mais de 3000 crianças praticam diariamente a sua modalidade preferida. Deste modo para a presente dissertação definiu-se os seguintes objetivos:  Objetivo geral: o Suportado por um quadro científico, dar a conhecer o processo de formação do futebolista expert, e quais os pressupostos que permitem alcançar a excelência.
  • 17. 4  Objetivos específicos: o Conhecer quais as características do treinador de elite comparativamente com o treinador de Formação; o Como deve intervir o treinador no Futebol de Formação; o Esclarecer o perfil do treinador Dragon Force, bem como a sua intervenção perante os jovens atletas; o Conhecer toda a estrutura do universo Dragon Force; o Aprofundar o conhecimento sobre a metodologia de treino aplicada; o Conhecer qual o modelo de jogo utilizado na escola; o Dar a conhecer todo o processo de treino da turma Expert B1 e a forma de intervenção ao longo da época desportiva 2012/2013. Com o propósito de cumprir os objetivos traçados, realizou-se uma revisão da literatura, através da qual se procurou enquadrar o tema no quadro científico atual. Desta forma, o presente estudo estrutura-se nos seguintes capítulos: 1. Introdução: pretende justificar a pertinência do estudo, delimitar a problemática e definir os objetivos; 2. Revisão da Literatura: consiste numa revisão da literatura relacionada com os temas em estudo; 3. Conhecer o clube – Futebol Clube do Porto; 4. O que é o Modelo de Jogo; 5. Conhecer a Estrutura Organizacional da escola de futebol Dragon Force; 6. Qual o Plano Anual para a época desportiva 2012/ 2013; 7. Trabalho prático sobre a equipa Expert B1 – sub 13; 8. Conclusões do estudo realizado; 9. Referências Bibliográficas: indexação das referências bibliográficas mencionadas ao longo do estudo; 10. Anexos: anexação do diário de treino, das avaliações trimestrais e das tabelas dos pontos.
  • 19. 6 2 Revisão Bibliográfica 2.1 Características do Futebolista Expert Nas últimas décadas a literatura tem sido repleta de hipóteses similares e uma grande controvérsia surgiu sobre a distinção entre várias construções e definições, como a capacidade, habilidade, talento, experiência e expertise (e.g., Howe, Davidson & Sloboda, 1998; Simonton, 1999). De acordo com a bibliografia, muitos psicólogos atribuem à visão de que as habilidades básicas (compreensão pelo jogo e capacidade de execução) são suficientes para explicar o desempenho expert (Sternberg & Wagner, 1999). No entanto, desviando-se desse pressuposto, Ericsson e seus colegas (Ericsson 1996; Ericsson & Charness, 1994; Ericsson & Lehmann, 1996) defendem que, não é só o desempenho expert um produto de conhecimentos específicos de domínio e habilidade, mas a estrutura e aquisição de conhecimentos são também fundamentalmente diferentes do que o inicialmente considerado. O termo expert é utilizado na descrição de um individuo que tenha alcançado um desempenho superior numa qualquer atividade através de uma aprendizagem e prática contínua. Segundo Ericsson (1996), um indivíduo expert é alguém que adquiriu uma habilidade especial ou um conhecimento num domínio particular, através do treino ou da experiência. Os autores, Ruiz e Sanchez (1997; p. 236), seguindo o mesmo pensamento, referem ainda, que o indivíduo expert “denota tempo, trabalho e correta tutela e supervisão técnica, ao conhecimento necessário para conseguir realizar uma determinada tarefa, o que conduz à perícia”. Esta perícia ou expertise é facultada pela estabilidade e pela mensurabilidade da performance durante longos períodos de tempo (Ericsson & Smith, 1991). No entanto, há quem advogue que na expertise, a competência de um indivíduo de uma certa atividade, depende da presença ou ausência de atributos que tem uma componente biológica inata, denominados por “dons”, “talentos” ou “aptidões naturais” (Howe et al., 1998). Segundo os mesmos autores, a explicação para o sucesso de um atleta, pode dever-se às suas qualidades inatas que lhe permitem uma maior e mais rápida aquisição dentro da sua área de especialização, tornando-se assim num expert. Costa (2005) considera, ser um mito, crer-se que talento seja determinado geneticamente, focando que os desempenhos de excelência apresentados pelos indivíduos, em áreas como o futebol, resultam do empenho investido nas experiências ao longo de vários anos de prática, permitindo-lhes alcançar melhorias extraordinárias.
  • 20. 7 O autor Lewontin (2000) usa a metáfora do “balde vazio” para dar uma ideia do contributo dos genes e do ambiente, quanto à respetiva influência relativa no desenvolvimento dos indivíduos. O autor clarifica o sentido daquela imagem, alegando que enquanto os genes determinam o tamanho do continente (balde), o ambiente determina a qualidade dos conteúdos que o preenchem. Sendo cada indivíduo diferente dos demais, sobretudo na forma como responde ao processo de formação, ao acreditar-se no inatismo do talento põe-se em causa o papel da aprendizagem, do treino e da capacidade transformadora que, por definição, os qualifica (Garganta, 2006b). Helsen e seus colaboradores (2000a) referem que as expectativas que as crianças possuem para se tornarem peritos e, consequentemente, obterem mais sucesso a partir da prática, pode constituir um fator-chave para se confirmarem como atletas de nível superior. Também, Graça (2007) reforça estas ideias ao prevenir que as conceções perfilhadas em relação ao entendimento da noção de “talento” têm obviamente fortes repercussões nas práticas da seleção, nas expectativas e exigências, nas oportunidades de prática, assim como na motivação, na confiança e no empenhamento dos jovens atletas. O desempenho superior dos indivíduos experts assenta, basicamente, na experiência, no entanto, é importante referir que para se alcançar o estatuto de expert, os atletas deverão adquirir a excelência em quatro domínios: (i) domínio fisiológico, a aquisição do desempenho da elite é exclusivo do domínio do desporto (ii) domínio técnico, da expertise, refere-se ao grau de coordenação sensório-motor do qual emergem modelos de movimento refinados, eficientes e efetivos, (iii) domínio cognitivo (tático/estratégico; percetivo/cognitivo e decisional), o conhecimento tático e estratégico não envolve apenas a capacidade para determinar qual a estratégia mais apropriada numa determinada situação, mas também qual a estratégia que pode ser executada com sucesso dentro dos constrangimentos dos movimentos exigidos, e (iv) domínio emocional, intimamente relacionado com a expertise, pelo facto de este desempenhar um papel fulcral em aspetos que os indivíduos experts revelam superioridade, sendo relacionados com a ação, a aprendizagem, a memória e as tomadas de decisão. Corroborando este pensamento, Oliveira (2004) evidencia que a emoção também influencia a aprendizagem e os respetivos conhecimentos. Estudos sobre a história prática do futebol têm estabelecido geralmente uma distinção entre prática de equipa organizada, prática individual e atividades lúdicas, não existindo relatos de variações internas destes tipos de prática. Por exemplo, a prática individual tem servido para mostrar distinções entre jogadores nacionais e internacionais de jogadores provincianos/ locais nos seus primeiros anos de compromisso (Helsen, et al.,1998). Mais especificamente, os jogadores internacionais despenderam, de forma significativa, mais tempo
  • 21. 8 de prática individual do que os jogadores nacionais ou provincianos/ locais nos seus primeiros anos de envolvimento na prática desportiva, em particular no futebol. O treino em equipas organizadas tem sido relatado como fundamental na infância e na adolescência. Horas acumuladas e despendidas na prática tem servido para distinguir de forma significativa os jogadores seniores internacionais, nacionais e provincianos/locais (Helsen et al.,1998) e entre jogadores jovens de elite e sub-elite (Ward et al., 2007). Estas conclusões foram suportadas por estudos realizados a futebolistas da primeira liga holandesa, em que os autores referiram que “receber treino especializado e formação durante um período prolongado de tempo é muito importante para atingir os níveis mais elevados” (Huijgen et al., 2009). Em contraste com estudos sobre a prática especifica do futebol, um estudo recente indicou que esta mesma prática pode ser mais importante nos primeiros anos de treino do que o desenvolvimento da prática em equipas organizadas (Ford et al., 2009). A quantidade de atividade de jogo entre as idades de 6 e os 12 anos de idade foi o único fator de discriminação entre aqueles que ainda estavam em academias de elite (338 horas/ano), apesar de existirem algumas evidências de que o grau de envolvimento na prática do futebol organizado ou atividades jogadas pode ser moderado devido a diferenças culturais entre países. Num estudo realizado a jovens jogadores de elite brasileiros e portugueses, o montante total de horas de prática até aos 18 anos foi semelhante para os jogadores de ambos os países, mas os brasileiros tinham quase o dobro de horas de futebol em atividade lúdica (1600 horas) do que os seus homólogos portugueses - 960 horas (Koslowsky & Da Conceição Botelho, 2010). 2.2 O Desenvolvimento do Futebolista Expert A área científica que permite o estudo da expertise tem as suas raízes históricas na psicologia tradicional e nos trabalhos clássicos de De Groot (1965). O autor examinou os pensamentos complexos e os mecanismos que mediavam a seleção de movimentos por parte dos jogadores de xadrez de classe mundial, tendo reportado que os jogadores especialistas, os experts foram capazes de perceber as melhores jogadas de xadrez de forma muito rápida, em questão de segundos, e que essas perceções foram mediadas pelos seus extensos conhecimentos das configurações do jogo. Também, observou que o ato de recordar as posições das peças no xadrez aumenta em função da perícia do indivíduo. Os investigadores Simon e Chase (1973) propuseram a primeira teoria do conhecimento com base no referencial teórico do processamento da informação humana, definido por Newell e Simon (1972), na qual ambos argumentavam que os indivíduos expert
  • 22. 9 de xadrez desenvolveram um extensivo conhecimento do jogo resultante de muitos anos de experiência de prática. Estes padrões complexos permitem aos experts recuperarem ou recordarem algumas sequências de jogo a partir da sua memória. Ericsson e seus colaboradores (Ericsson e Kintsch, 1995; Ericsson, 1996, 1998; Ericsson e Lehmann, 1996) sugerem que os indivíduos experts adquirem habilidades complexas que os capacitam de contornar os limites sugeridos sobre o trabalho da memória. Essas habilidades promovem a codificação rápida de informações na memória de trabalho a longo prazo, permitindo o acesso seletivo a essa informação quando necessário, ampliando assim a capacidade disponível na memória de trabalho a curto prazo. Os indivíduos experts são portanto capazes de expandir a capacidade de trabalho da sua memória, com o objetivo de exercerem com êxito o planeamento, o raciocínio, a avaliação e outras atividades necessárias que exijam exercer um desempenho superior dentro dos seus domínios de atuação (Ericsson e Delaney, 1999). Em resposta às crescentes críticas da teoria original da expertise, Ericsson e Smith (1991) propuseram um quadro descritivo e indutivo para o estudo do conhecimento, que referiram como a abordagem do desempenho expert. Três etapas importantes foram identificadas na análise empírica do desempenho dos indivíduos experts. A primeira etapa exige que o desempenho seja observado in situ, ou seja, no próprio local, numa tentativa para capturar a experiência no domínio de interesse e para projetar tarefas representativas que permitam que as suas habilidades sejam reproduzidas fielmente em laboratório. Na segunda etapa, o objetivo é determinar os mecanismos mediadores que representam o desempenho dos indivíduos expert usando o processo de rastreamento de medidas, tais como: a análise do protocolo verbal, gravação dos movimentos oculares e/ou manipulações das tarefas representativas. O conhecimento dos processos subjacentes podem ajudar a facilitar o desenvolvimento teórico e melhorar a comparação dos fatores que contribuem para o desenvolvimento dos indivíduos experts. A última etapa envolve esforços para detalhar a aprendizagem adaptativa e os processos de aquisição explícitos mais relevantes para o desenvolvimento de competências, com potenciais implicações para a prática e processo instrutório. A abordagem do desempenho expert e alguns dos métodos e medidas que podem ser usadas em cada uma das fases encontra-se ilustrada na Figura 1.
  • 23. 10 Figura 1 - Abordagem do desempenho expert (adaptado por Williams & Ericsson, 2005). Alguns estudos recentes têm estimulado o debate quanto às vantagens e desvantagens da abordagem do desempenho expert, bem como os seus pilares conceptuais associados à teoria da memória e da noção da prática deliberada (Abernethy et al., 2003a, b). Uma das razões porque o futebol é tão popular deve-se ao facto dos jogadores não precisarem de possuir extraordinárias capacidades técnicas, psicológicas e físicas (Stolen et al., 2005). Um jogador consegue compensar debilidades numa área sendo forte em outras, por exemplo a perícia pode ser conseguida através de uma combinação única de habilidades (Meylan et al., 2012). Segundo Côte e seus colaboradores (2009) a iniciação na prática desportiva ocorre por volta dos 6 anos de idade. No entanto, no futebol, estudos realizados em atletas de elite e sub- elite revelam que os participantes, de ambos os grupos, iniciam a sua participação desportivo- futebolística entre os 5 e os 12 anos de idade (Helsen et al., 1998; Ford et al., 2009; Ward et al., 2007). Em Portugal, cerca de 90,5% dos jovens praticantes iniciam a prática desportivo- futebolística aos 10 anos de idade (Leite et al., 2009). Contudo, alguns dados científicos reportam um efeito significativo na idade de iniciação do jovem atleta em equipas de futebol, nomeadamente os jogadores de elite iniciam mais cedo a prática desportivo-futebolística do que os jogadores não elite (Ward et al, 2007).
  • 24. 11 O processo de especialização e desenvolvimento do jovem jogador é complexo, passando por múltiplos fatores pessoais e circunstanciais (Neto et al,. 2009; Reilly et al., 2000). Com base nos estudos sobre a expertise de Macpherson (1993; 1994; 1999; 2000), De French et al. (1995) e De French & Thomas (1987), Janelle & Hillman (2003; cit. por Ericsson & Starkes, 2003) relatam que após um período longo de prática deliberada os atletas/jogadores conseguem extrair respostas mais apropriadas, a partir dos quais os indivíduos experts formam estratégias táticas, aumentando assim a eficácia da sua tomada de decisão. 2.3 Prática Deliberada Diferenças substanciais no corpo sugerem que os atletas de elite necessitam mais de 10 anos de prática para adquirir as habilidades e a experiência necessárias para alcançarem performances superiores. Esta regra dos 10 anos foi inicialmente discutida por Simon e Chase (1973) realizando-se uma investigação em diferentes domínios, tais como: xadrez (Charness et al., 1996), desporto (Bloom, 1985; Ericsson, 1990; Ericsson et al., 1993; Schulz et al., 1994; Starkes et al., 1996) e música (Bloom, 1985; Ericsson et al., 1993). Na música, Ericsson e seus colaboradores (1993) recolheram registos das atividades diárias de pianistas e violinistas experts. Para tal, utilizaram a técnica da recordação retrospetiva do início da prática dos músicos, em que lhes permitiu criar estimativas acerca da prática de treino acumulada dos músicos, em cada idade. Os violinistas de elite normalmente iniciam a sua prática entre os 4 e os 5 anos de idade, o que ao atingirem os 20 anos de idade permitiu-lhes acumular cerca de 10 000 horas de treino. Enquanto, um grupo de músicos, de um nível intermédio, utilizou cerca de 8000 horas de prática e um outro grupo, de nível elementar, despendeu apenas 5000 horas de treino. Estes resultados sugerem que o nível de desempenho alcançado está intimamente relacionado com o tempo de prática de treino. Consequentemente, Ericsson e seus colaboradores (1993) apresentaram uma teoria, conhecida como a teoria da prática deliberada, em que afirmam que a prática deliberada é uma atividade de esforço motivada pelo objetivo de melhorar o desempenho, sendo o desenvolvimento do jovem talento competência dos especialistas. Com o decorrer do tempo, a ideia de que o nível de expertise de um jogador se deve a um talento inato ou a uma herança genética foi substituída por uma explicação de que a superioridade que caracteriza o expert está relacionada com a qualidade do processo e a quantidade de horas de prática em que este se empenha ao longo da sua vida. Aliás, o papel da
  • 25. 12 prática deliberada é um fator determinante no desenvolvimento da excelência desportiva (Charness & Tuffiash, 1993; Ericsson & Lehmann, 1996; Ward et al., 2007). A prática deliberada caracteriza-se como uma atividade de treino direcionada para melhorar aspetos específicos do desempenho, sendo a aprendizagem um resultado direto e esperado, ao contrário de outras atividades, em que a aprendizagem é implícita a um resultado indireto da experiência (Ericsson et al.,1993). Os autores anteriormente referidos admitem mesmo que a quantidade (tempo dedicado) da prática deliberada está diretamente relacionada com a aquisição de níveis de desempenho de qualidade. A prática deliberada oferece oportunidades para a repetição, treino e correção de erros, relevando também a importância de alternar o descanso com períodos de prática intensiva (Ericsson et al., 1993). Starkes (2003) refere que a prática deliberada não se reduz ao jogo, ao trabalho, à observação do desempenho dos adversários, nem tão pouco a um conjunto de atividades de treino dos jovens que diariamente praticam atividade física. Mas, também requer esforço e atenção, e implica a seleção de atividades específicas de aprendizagem pelo treinador, não estando ligado ao imediatismo ou qualquer tipo de recompensa. Também, Ericsson e seus colaboradores (1993, 1994, 1996) realçam a consistência da relação entre o número de horas acumuladas de prática deliberada e o rendimento, relegando para segundo plano outras atividades, tais como a prática por diversão ou a competição em torneios. Só um individuo com objetivos de rendimento elevados, aliados a um nível de compromisso também elevado, é capaz de realizar as milhares de horas necessárias para atingir o patamar da excelência desportiva em qualquer contexto de realização (Locke & Latham, 1990; Baker & Côte, 2003). Importa referir que a prática deliberada está dependente não só do esforço físico e mental do atleta mas também do acesso a treinadores, equipamentos e a meios financeiros de excelência (Ericsson et al., 1993; Van Yperen, 2009). Num estudo longitudinal em que se procurou estabelecer uma relação entre o compromisso (dedicação, entrega e motivação) com os objetivos de rendimento desportivo elevado, o autor Van Yperen (2009) reportou que os jogadores de futebol que evoluíram para a prática profissional mostravam um nível de compromisso com os objetivos superior ao dos seus colegas, que haviam feito um percurso simultâneo na mesma academia mas acabaram por desistir, contudo, a importância dos objetivos não diferia entre os dois grupos (Van Yperen, 2009). Assim, os indivíduos são motivados para a prática deliberada pelo simples facto de que esta melhorou o desempenho e permitiu, consequentemente, atingir o nível de rendimento desejado (Ericsson et al., 1993).
  • 26. 13 Contudo, alguns autores advogam que o fator “hereditariedade” prevalece sobre o “meio” na determinação de performances de alto nível de rendimento (Klissoures et al., 2007). Segundo Klissoures e seus colaboradores (2007), os atletas de excelência são o resultado de um conjunto de genes capazes de manifestar características diferentes dos demais. No entanto, Ericsson e seus colaboradores (1993,1996 e 2007) têm vindo a defender que a performance, nos seus mais variados domínios, é resultado do tempo despendido pelos atletas na prática de atividades relevantes. Ainda, os mesmos autores reforçam que as diferenças de desempenho entre indivíduos resultam do sentido da oportunidade, da experiência, do esforço e da regra de otimização do treino para a aquisição de performances de excelência. Saliente-se, também, que na consciencialização de atividades diárias (prática deliberada), os autores avaliaram-nas como pouco agradáveis e exigentes, tanto a nível físico como mental. Este tipo de metodologia foi mais tarde aplicado ao domínio desportivo, com idênticos resultados (Nordin et al, 2006). Com base em entrevistas realizadas a 34 jovens ingleses e canadianos, filiados em clubes da Premier League, e seis treinadores de topo, os investigadores Holt e Dunn (2004) formularam a Teoria de Competências Psicossociais e de Envolvimento. Estes identificaram quatro competências que facilitam o desenvolvimento do talento desportivo durante a adolescência: (i) a disciplina; (ii) o compromisso com a prática; (iii) a flexibilidade de carácter e (iv) o suporte social. A disciplina representava a dedicação do indivíduo e a capacidade do sujeito no desenvolvimento das tarefas; o compromisso referia-se à motivação inerente ao próprio individuo no cumprimento dos objetivos de carreira; a capacidade de criar estratégias de superação das dificuldades que os indivíduos se iriam debatendo ao longo de todo o processo, passava pela presença de um carácter flexível e aberto à mudança; e o suporte social exprimia a disponibilidade e a necessidade de apoio emocional e informacional. Apenas alguns estudos relataram a quantidade de horas acumuladas na elite do futebol juvenil (Ford & Williams, 2008; Helsen, et al.,1998; Koslowsky & Da Conceição Botelho, 2010; Ward et al., 2007). No único estudo incluindo jogadores seniores, foram encontradas diferenças significativas entre os jogadores internacionais e os provincianos nos 10 anos das suas carreiras desportivas, com 4587 horas e 3306 horas de prática especifica acumulada no futebol, respetivamente (Helsen et al., 1998). Três anos adicionais foram necessários para identificar diferenças significativas entre jogadores internacionais e jogadores nacionais com 6328 horas e 5220 horas, respetivamente.
  • 27. 14 2.4 O Treinador A evolução que tem acontecido no desporto, a luta pela sua constante melhoria e as exigências sempre crescentes, nele exercido, quer no desporto de formação quer no desporto de alto rendimento, deram origem a estudos, reflexões e investigações em torno da preparação dos atletas e daquilo que possa desencadear maiores prestações; caso do treino e o seu principal responsável, o treinador (Pardal, 2002). Em todos os sectores, há alguns indivíduos que demonstram consistentemente performances a níveis superiores em relação aos seus contemporâneos, fazendo com que se destaquem da maioria. Estes indivíduos são frequentemente rotulados de excecionais, superiores, dotados, talentosos, especiais ou experts (Ericsson & Smith, 1991). Na senda dos mesmos autores “o treinador expert caracteriza-se por possuir um conjunto de características estáveis, independentemente da situação”. Para Martens (1999) treinar é essencialmente um processo de comunicação, que implica saber comunicar e interagir com os atletas. Ou seja, os treinadores deverão dominar a área da comunicação, como atesta Costa (2006) referindo que o treinador comunica com os praticantes de formas muito diversas. Se por um lado, o treinador deve demonstrar alguma “preocupação”, por questões particulares de cada um, por outro deve ter presente uma conduta de isenção, igualdade e justiça no tratamento que dispensa aos seus atletas durante o treino e para além deste momento. Para Bompa (2005; cit. por Evangelista, 2007) o treinador de referência deve ter as seguintes capacidades:  Caráter firme;  Capacidade de motivar;  Excelente professor;  Psicólogo, permanente;  Alto nível educacional e informacional;  Líder e organizado;  Habilidades intelectuais elevadas. O investigador Evangelista (2007) enumerou um número de características dos treinadores peritos, considerando-as como essenciais. A saber:  Possuem um conhecimento profundo e especializado;  Organizam o seu conhecimento hierarquicamente;  Possuem uma grande capacidade prospetiva e de resolução dos problemas;
  • 28. 15  Apresentam um quase automatismo durante a análise e a instrução.  Desenvolveram técnicas de auto-controlo e de avaliação do seu trabalho. Para Gluch (1997), e no sentido da excelência, o treinador deve procurar potenciar ao máximo as capacidades dos seus atletas, aumentando os níveis de autoconfiança na eficácia das suas ações e encorajando a autoanálise destes. Para além disto, este autor destaca outros fatores importantes para o treinador na conquista do sucesso, nomeadamente a autoestima elevada, a capacidade de comunicação, a capacidade de motivar os atletas, a adoção de um estilo de liderança adequado às circunstâncias e a capacidade para potenciar a coesão de grupo. Na opinião de Barreto (1998) o treinador deve ser um técnico especialista na sua modalidade, possuir um conhecimento profundo da mesma, em todas as suas principais dimensões (histórica, cultural, estrutural, metodológica, relacional, técnica, tática, estratégica) e ter a capacidade de análise, quer do treino quer da competição, permitindo-lhe descobrir os aspetos primordiais que possibilitem aprender, aperfeiçoar e consolidar tanto o rendimento individual (jogador) como o rendimento coletivo (equipa). 2.5 O Treinador de Crianças e Jovens O investigador Pereira (1996) defende que a formação é a base do alto rendimento e a este nível o treino surge como epicentro de todo o processo. Assim, torna-se fundamental que se conheça, de forma profunda, o processo de formação desportiva, de modo a que se respeitem os diferentes níveis de prática, cada qual com as suas características próprias (Mesquita, 1997). Para o mesmo autor a “Formação”, para ser bem-sucedida, pressupõe a construção e a existência de “alicerces”, adquiridos durante o período de formação do atleta. Esses “alicerces” devem ser criados o mais cedo possível, tendo como base a qualidade do processo de treino e da intervenção das pessoas que orientam a formação (Moita, 2008). É preciso transformar a formação de jogadores “num processo ajustado e com objetivos adequados às diferentes fases do desenvolvimento do jovem jogador” (Leal & Quinta, 2001). Assim sendo, a formação desportiva do jovem constitui-se como um aspeto fundamental na globalidade da sua preparação desportiva, revelando-se muito importante a definição de objetivos em cada uma das etapas do processo de formação, para que o seu desenvolvimento ocorra assim de forma harmoniosa (Mesquita, 1997). Para Araújo (1995) ser treinador exige um conhecimento multidisciplinar, tornando-se evidentemente
  • 29. 16 imprescindíveis os conhecimentos inerentes à tática, à técnica e à preparação condicional do jogo em que o treinador se especialize, bem como o fundamental domínio da pedagogia e metodologia de ensino e a necessidade expressa de ser um especialista no provocar do interesse e da motivação das que consigo aprendem e treinam. Portanto, é crucial que o treinador proporcione aos seus atletas os meios necessários para que estes se sintam motivados, ao mesmo tempo que adquirem e desenvolvem qualidades (Bayer, 1987). Segundo Mesquita (1997) no processo inicial de formação desportiva, a preocupação passa por proporcionar aos jovens o acesso a uma prática desportiva regular, possibilitando uma seleção progressiva dos que revelam talento que perspetive atingir o alto rendimento, sem que para isso este seja renunciado aos demais. O mesmo autor sugere que a obtenção do resultado imediato não pode ser uma preocupação prioritária para o treinador, na medida em que a aprendizagem não deve ser orientada por rendimentos imediatos, sob a pena de se estar a comprometer a formação e a evolução do jovem praticante. Por outro lado, Costa (2006) refere que a mensagem do treinador, no trato diário com os praticantes, deve ser uma mensagem humanista, que se afaste do obscuro pragmatismo que caracteriza o mundo contemporâneo e que timbra com contornos muito fortes a educação dos jovens, cujos reflexos ainda estão por determinar no seu impacto futuro. Também, o mesmo autor refere que a presença do treinador durante o treino dá um contributo enorme para o entendimento da atividade como uma parcela da formação do caráter. Assim sendo, Marques (1999) refere que o treinador assume em todo o processo de formação desportiva e humana um papel vital, dado ser o responsável direto, pelo presente e futuro dos jovens que lhe são confiados, o que exige que possua conhecimentos acerca do desenvolvimento motor, biológico, psíquico e social dos jovens, e a capacidade de os integrar nas suas propostas metodológicas de ensino. Por conseguinte, Frade (2002) a intervenção do treinador deve privilegiar os seguintes parâmetros:  Linguagem acessível e contextualizada;  Presença envolvente;  Estimulação emotiva;  Demonstração e participação na prática;  Ajudar a reconhecer o problema – não dar a solução;  Interpretação do contexto (intencionalidade e concretização com sentido);  Promover situações onde o contexto tem várias soluções para haver seletividade (através do critério).
  • 30. 17 2.6 Estratégias dos Treinadores Uma tarefa importante que os treinadores devem ter sempre presente é o de fornecer aos seus alunos/atletas feedbacks para que possam melhorar o seu desempenho durante a prática. A prestação do feedback ajuda a promover uma aprendizagem eficiente, garante um correto desenvolvimento da habilidade e influencia a motivação do aluno/atleta em persistir com a prática. Tradicionalmente, os treinadores têm a tendência a fornecer quantidades abundantes de feedbacks na crença de que a efetiva aquisição das habilidades do futebol será melhor. No entanto, enquanto os alunos/atletas necessitam do feedback para refinar e desenvolver as suas habilidades, é importante perceber que esta informação pode ser adquirida através de muitas vias e métodos diferentes, em que uns são mais eficazes do que outros. O feedback surge como uma consequência natural da execução de uma ação, muitas vezes referido como feedback intrínseco. Por exemplo, no futebol um jogador será capaz de ver, sentir e ouvir a consequência de um passe sem receber qualquer feedback extrínseco, ou seja, por parte do seu treinador. A maior parte das vezes, o próprio jogador sente se fez algo bom ou mau através deste tipo de feedback intrínseco, sendo por vezes necessária alguma sensibilidade, por parte do treinador, no momento de comunicar com o seu jogador seja para repreender, corrigir ou felicitar. Os treinadores precisam de estar conscientes de que os diferentes tipos de feedbacks podem atuar de forma isolada e/ou em conjunto com outras técnicas de instrução. Esse conhecimento é essencial para que os treinadores consigam determinar quando e como deverão aumentar a informação fornecida ao jogador, para melhor incentivar a aprendizagem. Questões importantes a considerar são: a frequência com que devem ser aumentados os feedbacks fornecidos, como e quando precisam de ser fornecidos. De acordo com a hipótese de orientação proposta por Salmoni e seus colaboradores (1984), um aumento do feedback em cada prova tem um efeito benéfico sobre o desempenho, mas poderá apresentar um efeito negativo sobre a aprendizagem das habilidades. Fornecer feedbacks sobre cada prática pode levar a uma sobrecarga de informações, resultando num excesso de confiança impedindo o aluno/atleta de se envolver adequadamente no processo da resolução dos problemas. A chave para esta resolução passa pelos alunos/atletas serem encorajados a confiar nos seus próprios mecanismos de feedback intrínsecos, ao invés das informações constantes fornecidas pelos treinadores. Se os alunos/atletas não forem encorajados a tornarem-se ativos solucionadores dos problemas durante a prática e tirarem
  • 31. 18 partido dos seus processos intrínsecos, então terão imensas dificuldades em orientar o seu desempenho quando lhes faltarem os feedbacks extrínsecos por parte dos treinadores. Os treinadores mais experientes mostram ter mais facilidade em diagnosticar os erros, o que poderá contribuir para uma intervenção mais específica (Mesquita, 1998). O feedback resulta de uma competência da tomada de decisão oportuna por parte do professor/treinador com base numa seleção e processamento de informação pertinente recolhida numa observação de aula/treino, envolvendo a análise da resposta do aluno em função do contexto onde se desenvolve (Mesquita, 2009). Nesta medida, a capacidade de fornecer um feedback que seja pertinente e relevante é geralmente visto como um aspeto importante para um ensino com qualidade (Silverman., et al 1998). Portanto, a instrução durante a prática é um momento importante na intervenção do treinador e a emissão de feedbacks a forma de concretização dessa intervenção verbal. O feedback pode ser definido como a informação a uma resposta, usada para modificar a resposta seguinte (Siedentop, 1991). Se atendermos ao feedback, de acordo com o seu tipo ou objetivo principal, podemos enquadrá-lo da seguinte forma (Farias, 2007): a) Descritivo, quando o professor/treinador relata aos alunos/jogadores ou à turma/equipa a forma como estes realizaram a tarefa e pode assumir a forma correta ou a incorreta; b) Prescritivo, quando o professor/treinador informa os alunos/jogadores ou à turma/equipa da forma de realização da tarefa ou função, podendo referir-se e justificar os critérios e/ou os erros a não cometer; c) Questionamento, quando o professor/treinador formula questões relacionadas com situações de caráter generalizado ou específico acerca da aula/treino; e d) Informação Avaliativa, quando o professor/treinador avalia a prestação dos alunos/jogadores ou da turma/equipa, de forma simples, não especificando pormenores sobre a avaliação. A expressão utilizada poderá ser positiva ou negativa. Com base em alguns estudos, tanto na Educação Física como ao nível do treino desportivo, o feedback prescritivo foi identificado como o tipo mais utilizado, seguido do feedback descritivo, como é atestado pelo estudo realizado por Pacheco (2002) na área do futebol e aplicado nas reuniões de preparação que antecedem a competição. De acordo com Piéron (1984), o feedback pedagógico pode ser classificado ainda segundo: i) a forma (auditivo, visual, cinestésico, misto); ii) a direção (individual, grupo, turma/equipa); e iii) o momento (durante, após, retardado). O mesmo autor considera importante abordar o feedback pedagógico como: i) referencial geral (todo o movimento, parte do movimento); ii) referencial específico (forma, esforço, força, ritmo); e iii) relação com a tarefa (nova reação, mudança de “interlocutor”).
  • 32. 19 Também, Rink (1993) sugere uma diferente linha classificativa de feedbacks: i) avaliativo e ii) corretivo, sendo que ambos podem ser classificados de: i) gerais; ii) específicos; iii) negativos; iv) positivos; v) direcionados à turma/equipa; vi) direcionados ao grupo; vii) direcionados ao indivíduo; viii) congruentes; e ix) não congruentes. CAPÍTULO 3 O CLUBE – FUTEBOL CLUBE DO PORTO
  • 33. 20 3 O Clube – Futebol Clube do Porto Em Setembro de 1893, nascia um F.C.P., ativo e dinâmico. António Nicolau d'Almeida, desportista por excelência e exímio comerciante de Vinho do Porto, convidou, na qualidade de presidente do clube, o F.C. Lisbonense para um jogo de futebol. Ficava na história a primeira aparição azul e branca. Nos livros, em páginas amarelecidas pelo tempo, este é o registo mais antigo da atividade portista. Os anos seguintes foram de entusiasmo crescente. José Monteiro da Costa quis juntar, numa comunhão que desejava profícua, o diverso trabalho da comunidade desportiva portuense, maioritariamente portuguesa, obviamente, mas também com forte representação de Inglaterra, berço do jogo que passaria a encantar a cidade. O impulso inglês levou mesmo a que extinguisse o Grupo Recreativo «O Destino», que presidia, em favor do F.C.P. a estrutura formava-se. Os fundadores, os obreiros, homens verdadeiramente decididos a criar algo que orgulhasse as gerações vindouras, garantiram desde logo um lugar especial num clube que já se pressentia especial. O seu arrojo fê-los escolher o azul e o branco para cores do clube. Apostavam na tranquilidade e na pureza e mantinham-se fiéis aos princípios cultural e desportivo. Num plano mais abrangente, criam que podiam representar um país que então tinha os mesmos tons no estandarte. O F.C.P. assumia agora uma vocação nacional e universal. No primeiro emblema destacava-se uma bola de futebol com as iniciais F.C.P. à qual, 20 anos depois, seria sobreposto o brasão da cidade, por intervenção artística de Simplício. O clube era agora um símbolo que começava a incitar paixões. Em 1948, a vitória por 3-2 sobre o Arsenal de Londres, na época a melhor equipa do mundo, é uma prova cabal das potencialidades que os portistas rapidamente atingiram. No ano das bodas de ouro do futebol nacional, o clube mais cativante de um país que nos serviu de modelo no popular desporto, rendeu-se à supremacia azul e branca. O F.C.P passava a impulsionar todo o desporto português. Ano após ano, conquista após conquista, o F.C.P. foi ganhando fôlego. Tornou-se grande, não só na ambição, mas também nas potencialidades desportivas. Somou títulos e surpreendeu o país e o Mundo. A década de 80 foi talvez a mais memorável. Em 1987 e 1988, a Taça dos Campeões, a Taça Intercontinental e a Supertaça Europeia, feitos impressionantes, provas evidentes de uma filosofia especial. Alguns anos mais tarde, o penta campeonato, façanha única em Portugal. A história tinha agora um lugar especial para o clube. Hoje em dia, o Mundo mudou e Portugal evoluiu. As realidades desportivas são outras, as sociedades anónimas desportivas (S.A.D.) passaram a ser quase uma imposição de
  • 34. 21 um mercado económico muito competitivo, mas o F.C.P. permanece dinâmico e vencedor. O clube continua a representar a sua região e a servir de baluarte para os seus legítimos interesses, mas tende a espalhar a sua filosofia de simplicidade responsável e ambiciosa a todos os portugueses espalhados pelos cinco continentes. Homens como Nicolau d'Almeida e Monteiro da Costa, onde quer que se encontrem, estarão, por certo, muito orgulhosos da força que o seu esboço de F.C.P. alcançou. O Centro de Treinos e Formação Desportiva Porto/Gaia e o Estádio do Dragão colocam o clube em patamares de vanguarda, difíceis de igualar. O futuro parece risonho. A trabalhar em condições únicas e modernas, a respeitar integralmente o seu passado, o F.C.P. redobra a sua pujança. Títulos como a Taça UEFA de 2002/03, a UEFA Champions League de 2003/04 e a Taça Intercontinental 2004 provam esta realidade inequívoca. Para além do fulgor no futebol, o F.C.P. é grande em todas as modalidades que pratica. O palmarés fala por si e basta uma constatação simples para destacar a abrangência do azul e branco: o F.C.P. luta por títulos em hóquei em patins, basquetebol e andebol, modalidades que, a par com o futebol, mais cativam os portugueses. O bilhar, a natação, o atletismo, o desporto adaptado, os desportos motorizados, o boxe, o campismo, o xadrez, a pesca, o karaté e o halterofilismo também contribuem para o sucesso do clube e asseguram novos tópicos para o espólio portista. 3.1 A Criação da Futebol Clube do Porto - Futebol, S.A.D. A Futebol Clube do Porto - Futebol, S.A.D. foi constituída a 5 de Agosto de 1997, sendo seus acionistas fundadores os seguintes: Investiantas - Investimentos Desportivos, Lda.: 99.997 ações (49.9985%); F.C.P. 80.000 ações (40%) e Câmara Municipal do Porto: 20.000 ações (10%). O embrião desta nova sociedade desportiva emerge do F.C.P., instituição de utilidade pública com mais de 100 anos de existência. Na cidade do Porto, o F.C.P. tem caracterizado a sua existência pelo fomento da prática desportiva e pela participação em competições das mais diversas modalidades. Dada a sua dimensão e ecletismo, o F.C.P. é considerado um dos grandes clubes portugueses, caracterizando-se pelo seu carácter associativo e pelo futebol, sua principal atividade. A criação da S.A.D. sempre teve em vista a gestão única e exclusiva do futebol profissional do F.C.P. As suas orientações estratégicas fundamentais assentam na procura do sucesso desportivo de uma forma sustentada e a oferta de espetáculos desportivos de elevada qualidade, de forma a satisfazer os seus adeptos e simpatizantes, a população da região em que se encontra implantado e a população do país, em geral. Desta forma, as diversas
  • 35. 22 atividades relacionadas com o futebol profissional terão mais e melhores condições para serem desenvolvidas com sucesso. A F.C.P. – Futebol, S.A.D. tem por objeto social a "participação, na modalidade de futebol, em competições desportivas de caráter profissional, a promoção e organização de espetáculos desportivos e o fomento ou desenvolvimento de atividades relacionadas com a prática desportiva profissionalizada da referida modalidade. O essencial da atividade a desenvolver pela F.C.P. - Futebol, S.A.D. consistirá na participação em competições desportivas de caráter profissional, nacionais e internacionais, casos do Campeonato Nacional da 1ª Divisão, Taça de Portugal, Supertaça "Cândido de Oliveira" e competições europeias, com especial destaque para a Liga dos Campeões, prova em que o F.C.P. tem participado de uma forma permanente nas últimas épocas. 3.2 O Futebol – Percurso de Êxito Desportivo Em termos de resultados desportivos, foi no final da década de setenta que a equipa de futebol sénior do F.C.P. iniciou a sua "viagem" na rota do sucesso. Com um projeto desportivo consistente, o F.C.P. foi progressivamente obtendo mais e maiores sucessos, nomeadamente a nível internacional. Tal ascensão, que incluiu a presença na final da Taça das Taças, na época desportiva de 1983/84, culminaria com a conquista da Taça dos Clubes Campeões Europeus, na época desportiva de 1986/87, e da Supertaça Europeia e da Taça Intercontinental, na época desportiva de 1987/88. Um dos grandes marcos na história do F.C.P. foi a conquista do Campeonato Nacional da 1ª Divisão por três vezes consecutivas, alcançando uma meta há muito ambicionada no clube: o tricampeonato, nas épocas desportivas 94/95, 95/96 e 96/97. O tetra campeonato foi a 1ª grande vitória na história da F.C.P. - Futebol, S.A.D., logo seguido do tão ambicionado penta campeonato, feito até hoje único na história do futebol português. Por outro lado, e em termos internacionais, nos últimos anos o F.C.P. tem participado regularmente na Liga dos Campeões, continuando a ser o maior representante luso no futebol europeu. O F.C.P. é um clube multidesportivo português sediado na cidade do Porto e o clube com mais títulos nacionais e internacionais na história do futebol português. No futebol, compete atualmente na Primeira Liga. 3.3 Dragon Force O Projeto Dragon Force começou a ser planeado na época desportiva 2006/2007. Em 2007/2008 o F.C.P. abre a escola do Dragão, no campo do Padroense, que serviu de embrião
  • 36. 23 para o projeto Dragon Force. Em Setembro de 2008, no emblemático e renovado campo da Constituição e, atualmente, denominado como Vitalis Park, nasce a primeira Escola de Futebol Dragon Force. Os objetivos sempre foram claros para o F.C.P.: (1) Desportivo, capacidade de formar e captar novos talentos para servir a formação do F.C.P.; (2) Comunicação, fazer chegar a marca F.C.P. ao maior número de crianças e famílias; (3) Qualidade e Responsabilidade Social através dos serviços prestados e associados às escolas; e (4) Financeiro, gerar uma nova fonte de receitas. Atualmente, a Dragon Force integra 14 escolas de futebol, 1 escola de andebol, 1 escola de basquetebol e 1 escola de hóquei em patins. No total, mais de 3000 crianças praticam diariamente a sua modalidade preferida. A ideia do projeto não seria uma novidade para a comunidade, já que outras escolas existiam no país, no entanto, a diferença poderia ser exercida ao nível do conceito, da autenticidade de uma cultura que estava associada ao F.C.P. e, fundamentalmente, do processo. Como refere Ricardo Ramos, atual gestor do projeto Dragon Force: “Tivemos desde cedo a preocupação em conceber um projeto diferenciador e inovador que aliasse a qualidade das infraestruturas desportivas e recursos humanos à transmissão de valores e cultura do F.C.P. Não fomos pioneiros na introdução das escolas de futebol, mas fomos inovadores porque melhoramos o serviço a todos os níveis com uma qualidade ímpar nas instalações, nos recursos humanos, na metodologia de treino, nos processos de trabalho e no apoio de vários departamentos transversais, tais como, a nutrição, a pedagogia e a psicologia. Para além de tudo isto, na época desportiva 2009/2010 conseguimos certificar com “selo de qualidade” a escola de futebol Dragon Force respeitando as normas ISO 9001:2008, permitindo-nos expandir a escola de futebol Dragon Force pelo País, sempre com grande rigor e controlo.” 3.4 Departamentos transversais Os departamentos transversais são os seguintes:  Departamento de Pedagogia – Existe um espaço denominado Espaço Aberto, em que os alunos são devidamente acompanhados por mediadores socioeducativos e Psicólogos. Este espaço serve para os alunos desenvolverem diversas atividades e tarefas escolares, possibilitando também um crescimento pessoal e social, elevando os valores do desporto e da sociedade.  Departamento de Psicologia – Este departamento tem como principal objetivo o acompanhamento dos atletas na sua integração na prática do futebol. Há sempre um
  • 37. 24 profissional disponível para trabalhar, juntamente com os treinadores, no desenvolvimento das capacidades dos jovens, estando também disponíveis para auxiliar os pais/ encarregados de educação.  Departamento Médico – Este departamento está sempre disponível nos períodos de treinos, com a presença constante de um médico e enfermeiro para as devidas ocorrências.  Departamento de Nutrição – Medições antropométricas são realizadas no início de cada época desportiva e, posterior, aconselhamento alimentar é indicado a todos os alunos. Aqueles em que foi diagnosticado excesso de peso, há um acompanhamento personalizado por parte dos nutricionistas, em colaboração com os pais / encarregados de educação. Outros eventos complementares foram realizados, como o torneio denominado Taça da Alimentação (cada equipa correspondia a um alimento), para sensibilizar todos os atletas a uma boa prática nutricional.
  • 39. 26 4 O Modelo de Jogo A preocupação desde o primeiro dia é colocar a equipa a jogar como o treinador quer, ou seja, em função de um Modelo de Jogo. Oliveira (2003), define modelo de jogo como uma ideia/conjetura de jogo constituída por princípios, subprincípios, subprincípios dos subprincípios, representativos dos diferentes momentos/fases do jogo, que se articulam entre si, manifestando uma organização funcional própria, ou seja, uma identidade. Segundo Frade (1985; pp. 5), o Modelo é como uma pedagogia de projeto, que deve estar constantemente a ser visualizado assumindo-se no elemento causal do futuro, ou seja, no referencial que se pretende atingir. O modelo de jogo é o referencial que deve regular o trabalho desde o início da temporada até ao final, sendo irracional pensar-se em Periodização Tática sem se pensar no modelo de jogo (Faria,1999). Ou seja, “se tu queres instalar uma linguagem comum com regras, princípios, uma cultura de jogo, num modelo de jogo (…) é fundamental que isso seja através do jogo” (Faria, 2002, pp. VIII). Garganta (1991) refere que a compreensão de um sistema complexo pressupõe uma modelação, modelação que pode ser entendida como a ação da elaboração e da construção intencional, por composição de símbolos, de modelos suscetíveis num fenómeno complexo. A modelação permite desenvolver as características (identidade) da equipa através das suas regularidades ou padrões – organização. E, para desenvolver o modelo, ou melhor, essa modelação, tem que se contemplar os princípios metodológicos, tendo em conta as limitações humanas e as necessidades fundamentais para que exista uma adaptação de qualidade (Frade, 2007). A ter em conta que o Modelo de Jogo está sempre em construção, nunca é um dado adquirido, estando sempre recetivo ao individual e ao coletivo, ou seja, a equipa tem uma ideia de jogo, mas as características dos jogadores são únicas e todas diferentes entre eles, o que possibilita criar novas dinâmicas dessa mesma ideia sempre que há alteração de jogadores, por exemplo em substituições ou em lesões. Por conseguinte, Silva (2012; pp. 37) diz-nos que o modelo envolve a operacionalização dos princípios de ação dos jogadores nos vários momentos do jogo. Por isso, este conceito de modelo de jogo não se reduz a uma ideia geral, tratando-se sobretudo de configurar as interações dos jogadores. Reforçando este lado pragmático do processo, Frade (cit. por Martins, 2003; pp. III) afirma que “ mais importante que a própria noção do modelo, são os princípios do próprio modelo”.
  • 40. 27 Segundo Oliveira (2004; pp. 130) o importante é que “o treinador saiba muito bem aquilo que pretende da equipa e do jogo, que tenha ideias muito concretas relativamente às invariantes/padrões que pretende que a sua equipa e os respetivos jogadores manifestem.” Reforçando este aspeto, Mourinho (cit. Oliveira et al., 2006; pp. 200) afirmou que é fundamental que os jogadores compreendam as suas ideias, ou seja, a sua filosofia de jogo para que deste modo, possam ter comportamentos ajustados ao que pretende. Desta forma, torna-se necessário aproximar a forma de treinar o mais possível à competição, pois só assim os jogadores se irão identificar com a ideia de jogo, ou seja, treinando/ jogando e jogando/treinando. Ao nível dos princípios de jogo, estes são padrões de comportamento táticos a diferentes escalas, que se pretende que a equipa e os jogadores evidenciem nos diferentes momentos do jogo. Pode-se afirmar que os princípios nada mais são do que uma linha de orientação da ação do jogador e da equipa na diferentes fases do jogo. No entanto, existem três tipos de princípios, ou seja, uns princípios gerais, outros culturais e outros relacionados com o Modelo de Jogo. Os princípios gerais são comuns a qualquer jogar, estes referem-se a uma forma específica de jogar de uma equipa, e podem representar-se também em níveis de organização mais baixos, ao nível dos sub e dos sub-sub-princípios. No entanto, os princípios relacionados com o modelo de jogo não podem ser confundidos com os princípios culturais (Azevedo, 2009). Segundo Brito (2003) os princípios de jogo são linhas orientadoras básicas que coordenam as atitudes e comportamentos táticos dos jogadores quer no processo ofensivo, quer no processo defensivo, bem como nas transições. Um modelo de jogo rege-se pelos seus princípios e na sua repetição sistemática por parte do treinador, dependente sempre das suas ideias e dos seus jogadores. Em relação à organização estrutural, esta diz respeito ao posicionamento que os jogadores assumem em campo e que depois leva a equipa a assumir uma determinada disposição (Azevedo, 2009). As estruturas não devem ser rígidas, mas sim contemplar sempre às características e capacidades dos jogadores (Oliveira, 2003). Para, Tamarit (2012; pp. 20) “cada treinador deverá ter a sua ideia de jogo e sistematizá-la. Deverá definir o que quer que a sua equipa faça em cada momento do jogo, deverá estruturar o seu jogo em Princípios e Subprincípios de jogo. Quando este treinador com a sua ideia de jogo chega a um determinado contexto: um país, um clube, uma história, novos jogadores, esta ideia de Jogo vê-se fortemente influenciada”
  • 41. 28 4.1 Princípio da Especificidade “Ah, então não há nada mais específico do que o jogo 11 vs 11.” Não! Não é nada disso, isso é uma blasfémia. Porque se reconhecemos que o nosso jogar tem X princípios e X subprincípios, e deixamos em aberto a possibilidade de acontecerem uma determinada quantidade de subprincípios dos subprincípios que são o resultado desta inter-relação concreta, portanto em termos de treino, temos que lhes dar, de uma forma hierarquizada, sendo que umas são mais importantes do que outras, mas temos que atuar sobre todas, sobre eles todos, para eles melhorarem. A especificidade cumpre-se aí, é no respeito que tenho por todos os princípios, e o respeito em termos metodológicos. Agora isto não é fácil, eu fazê-lo de modo a todos melhorarem e sem se estorvarem, sem se contaminarem negativamente uns aos outros” (Frade, 2007). Frade (2007) considera este como um supra-princípio do treino em futebol. O princípio de especificidade da periodização tática, deve criar situações táticas que o jogo da equipa requisita, incutindo nos jogadores o desenvolvimento de todas as dimensões, através do modelo de jogo adotado (Oliveira, 1991). Para Frade (2002), o que condiciona a especificidade é o modelo de jogo da equipa e este possui suas particularidades de acordo com cada contexto. Rocha (2003) afirma que essa especificidade requer uma adaptação oriunda de exercícios específicos de determinada forma de jogar. Segundo Oliveira (2009), na Periodização Tática, só se considera algo específico, se estiver relacionado com o modelo de jogo criado. Segundo o mesmo autor, a sua operacionalização deve assumir várias dimensões/escalas: coletiva, intersectorial, setorial e individual além disso, o cumprimento do princípio da especificidade da Periodização Tática é somente atingindo por inteiro se durante o treino, os jogadores mantiverem um elevado nível de concentração durante o exercício. O treinador deve intervir de forma adequada e percetível perante o exercício para que os jogadores entendam os objetivos e as finalidades do exercício. Frade (2010), diz-nos que não se pode pensar nos exercícios de maneira diversa, eles têm que ser identificadores ou têm que estar identificados com a maneira como o treinador quer jogar. 4.2 Princípio da Progressão Complexa Este princípio tem sentido devido à não linearidade do processo e dá-se pelo menos em dois níveis distintos mas que se relacionam entre si. A um nível mais longo este Princípio parte de um jogar menos complexo para um jogar mais complexo e como se sabe não é linear, ou seja, sofre retrocessos, desvios, mas
  • 42. 29 sempre coerente com a matriz do jogar, sem que se perca o sentido daquilo que se está a fazer (Tamarit, 2012). Ou seja, ao longo do padrão semanal de treino são transmitidas informações aos jogadores que se pretendem transformar em hábitos e padrões de jogo. Atendendo a este facto, a complexidade de informação transmitida deverá ser progressivamente aumentada. 4.3 Principio das Propensões Este princípio consiste em alcançar através da criação de um exercício contextualizado, que apareça um grande número de vezes e que queremos que os nossos jogadores vivenciem e adquiram a todos os níveis. Segundo Resende (2002) “a aprendizagem resulta da repetição sistemática”, mas para Maciel (2010) “a aprendizagem resulta de mecanismos não mecânicos, ou seja, através da vivência de contextos abertos, não determinísticos mas probabilísticos”. Tamarit (2012; pp. 40) afirma que graças ao princípio das propensões consegue-se a repetição sistemática das vivências específicas pretendidas, ou seja, as interações do nosso jogar, que são dependentes do dia do morfociclo, devido ao princípio da alternância horizontal em especificidade, tanto ao nível Tático, Físico, Técnico e Psicológico. Como afirma Maciel (2010) “A repetição sistemática (determinante para a aquisição de uma intencionalidade coletiva) das porções do jogar que desejamos vivenciar nos diferentes dias, assim como os respetivos padrões de desempenho e configurações dos exercícios verificam-se convenientemente neste principio metodológico”, diz-nos ainda o autor que “o propósito não passa por quantificar ações mas por criar contextos de exercitação que conduzem a uma determinada dominância de interações relativas ao nosso jogar, isto sem deixar de ter em conta o padrão de desempenho e de desgaste que caracterizam aquele dia do morfociclo”. Em suma, tudo parte através da ideia de jogo inicial, uma imagem do jogar pretendido e que se questiona como se vai lá chegar. A um nível mais curto há que controlar e regular a complexidade dos exercícios durante cada treino do morfociclo, tendo em especial atenção a relação esforço/recuperação tática. É vital ter em conta o esforço/desempenho e a recuperação emocional para que os jogadores cheguem ao próximo jogo da melhor forma possível. A complexidade de um exercício depende da relação entre muitas variáveis, de destacar:  A complexidade dos Princípios e Subprincípios e da articulação entre eles;
  • 43. 30  A sub-dinâmica dominante do esforço e do padrão de contração muscular dominantes que estão implicadas: recuperação, tensão da contração muscular, velocidade da contração, recuperação/ativação;  Quantidade de jogadores que estão a realizar os exercícios;  Espaço de jogo onde se realiza o exercício. 4.4 Princípio da Alternância Horizontal em Especificidade “O esforço vem do atleta em ter que contrair os músculos, ter que mover-se e portanto, como há três indicadores que caracterizam o modo como as contrações musculares se manifestam e sendo diversa a relação da sua manifestação e o seu cansaço, então tens que calibrar por aí.” (Frade, 2010). Ou seja, utilizar esses indicadores em diferentes dias da semana, maximizando cada um deles. A diferenciação dos regimes de desempenho implicados nos diferentes dias têm que ter em conta a fratalização das várias dimensões que compõem o jogar. Como principais referências para a operacionalização do morfociclo devemos ter em consideração: (i) - o nível da complexidade (Grandes Princípios, Subprincípios e Subprincípios dos Subprincípios), subjacente à porção do jogar que é vivenciada em determinada unidade de treino (que deve ser entendida como a maior parte de um todo, no morfociclo); (ii) - o regime da contração muscular implicada de forma dominante na vivência do jogar nos diferentes dias que compõem o morfociclo em que o regime da contração muscular é caracterizado e deve ter em consideração três variáveis: tensão, duração e velocidade; (iii) - Dimensão estratégica e a sua distribuição pelos dias que compõem o ciclo entre duas partidas, é outra dimensão a ter em consideração, assim como os aspetos bioquímicos e bioenergéticos (Maciel, 2010). Através desta abordagem, percebe-se que a operacionalização incide em determinados aspetos do jogar tendo em contas as exigências que cada “dimensão” comporta. Assim, ao longo da semana desenvolve-se diferentes escalas de organização (Gomes, 2006). 4.5 Morfociclo Padrão “É um ciclo que tem presenças com o ciclo seguinte, em função de quê? Da forma dos dinamismos que gera repercussões! Porque o que você quer que aconteça é que apareçam determinadas configurações geométricas, mas em função do modo como você quer que se relacionem os jogadores. Isso é uma forma, Morfo por essa razão. É uma morfologia, a lógica da dinâmica (…) o padrão tem a ver com a Ideia. É por isso que faz sentido falar em fractal, senão não faz! Você fraciona mas não perde a configuração.” (Frade, 2010)
  • 44. 31 Para Jorge Maciel (2010), o morfociclo padrão, deverá ser entendido como um fractal de um nível mais macro de uma determinada Periodização Tática, uma vez que sendo uma periodização a mais curto prazo (ciclo entre dois jogos) também ela deverá ter como matriz configuradora a presença constante de uma intencionalidade coletiva, um jogar, que se deseja assumir e fazer expressar como identidade para a equipa. Desta forma, o morfociclo padrão assume um papel determinante, visto que permite por um lado a estabilização de um jogar e, por outro, a progressão do mesmo, inclusive em diferentes escalas temporais. A operacionalização de um jogar tendo em conta a padronização semanal da sua vivenciação possibilita a manutenção da integridade de uma identidade (um tático) sem bloqueio evolutivo, isto é, sem fecho. Possibilitando desse modo uma evolução espiralada, marcada pelo emergir de várias dimensões à partida desconhecidas, sem que haja perda de identidade pelo facto de esse processo evoluir alicerçado numa matriz (a conceptual – o jogar, a intencionalidade coletiva, o tático) que é sustentada pelos grandes princípios de jogo e pelo facto desse processo ser operacionalizado tendo por base uma outra matriz (a metodológica – Periodização Tática), que é suportada pelos princípios metodológicos e pela sua aplicação no respeito por um morfociclo padrão. Tal como a conceção de jogo, também o morfociclo padrão, que lhe permitirá dar vida, deverá ter por referência a realidade. Torna-se pertinente neste ponto salientar que aquilo que o caracteriza são fundamentalmente três aspetos, a saber: a densidade competitiva elevada, os níveis de aspiração e de exigência igualmente elevados. Outra premissa igualmente importante, passa por reconhecer que quando se fala de treino, treino de qualidade, aquisitivo, o que se pretende é que uma determinada matriz, uma determinada intencionalidade, se manifeste no concreto pela generalidade dos jogadores, ou seja, deseja-se que a intenção prévia vá paulatinamente sendo partilhada, graças à sua vivenciação em especificidade, por um número cada vez maior de jogadores, de modo a que esta se torne comum à generalidade, e como tal se constitua como cultura Especifica da equipa (Maciel, 2010).
  • 45. 32 Figura 2 – Morfociclo Padrão (adaptado por Oliveira,2003). 4.6 Modelo de Jogo Dragon Force O Modelo de Jogo Dragon Force é alicerçado em duas ideias de base:  Desenvolver uma filosofia de jogo congruente com o Modelo de Jogo instituído no Departamento de Formação do F.C.P;  Permitir a evolução de alunos com distintos níveis de desempenho/potencial. 4.7 Momentos do jogo Para o tratamento didático-metodológico de todos os aspetos referentes ao jogo, dividimo-lo em quatro momentos:  Organização Ofensiva (OO): quando temos a posse da bola;  Organização Defensiva (OD): quando o adversário tem a posse da bola;  Transição Defesa – Ataque (TDA): quando ganhamos a posse da bola;  Transição Ataque – Defesa (TAD): quando perdemos a posse da bola. 4.8 Princípios fundamentais do Modelo de Jogo  A posse e a circulação da bola como “obsessão” objetiva e inteligente da equipa e de todos os jogadores;
  • 46. 33  A zona pressionante como método que condicione o comportamento ofensivo do adversário e nos permita recuperar a posse da bola;  Transições fortes que aproveitem a desorganização momentânea da equipa adversária. 4.9 A identificação deste modelo rege-se por aspetos fundamentais Jogo Posicional:  Assume uma importância decisiva no nosso jogo. Deve caracterizar-se por:  Formar muitas linhas (em largura e profundidade);  Dispor os jogadores em diagonais (formando sucessivos triângulos e losangos);  Privilegiar o aparecimento dos princípios fundamentais do modelo de jogo, tendo em atenção as formas de jogo (Futebol de 3, de 5 e de 7);  Respeitar as diferentes faixas etárias dos intervenientes. 4.10 O Treinador Dragon Force O treinador Dragon Force deve possuir: Figura 3 – Conhecimentos do Treinador Dragon Force. A escola de futebol Dragon Force advoga que os conhecimentos do treinador sobre o Jogo se referem à:  Capacidade para compreender o Modelo de Jogo Dragon Force;  Capacidade para observar o jogo e os jogadores retirando conclusões relevantes.
  • 47. 34 Enquanto, os conhecimentos do treinador sobre as características das faixas etárias são referentes à:  Capacidade para escolher exercícios adequados;  Capacidade para comunicar eficazmente com entusiasmo, expressividade e com léxico adequado à idade. Por fim, o conhecimento didático-metodológico do treinador deve-se à:  Capacidade de planeamento;  Capacidade para intervir com qualidade durante o treino;  Capacidade para demonstrar;  Capacidade para refletir e melhorar o processo. Aliás, nas escolas de futebol Dragon Force, a intervenção do treinador deve ser feita da seguinte forma:  Ter uma presença positiva, valorizar em vez de reprimir;  (Re) Conhecer os jogadores e as suas características (desempenhos);  Orientar para a aquisição com sentido (perceber o que faz);  Ter a capacidade de intervir com qualidade. Frade (2007) defende que em vez de se concentrar na repetição de exercícios até conseguir a mecanização do jogo, o treinador deve ter como prioridade passar aos jogadores o modelo que pretende. É a partir dessa consciência que todos os detalhes, individuais e coletivos, são trabalhados.
  • 48. 35
  • 50. 37 6 Estrutura Organizacional Dragon Force A Dragon Force é uma escola que acolhe centenas de alunos de diferentes faixas etárias e de diferentes níveis de desempenho futebolístico. Para dar uma melhor resposta, foram criados diferentes níveis de ensino com o intuito de desenvolver as capacidades de jogo de cada um sempre em identificação com a cultura do F.C.P. Seguindo uma lógica crescente de desenvolvimento e de acordo com a frequência de treinos semanais das diferentes turmas, a Dragon Force dispõe de cinco níveis:  Iniciação – alunos nascidos entre 2007/2008 (5/6 anos de idade);  Básico – alunos nascidos entre 2005/2006 (7/8 anos de idade);  Intermédio – 2003/2004 (9/10 anos de idade);  Avançado – 2001/2002 (11/12 anos de idade);  Expert – 1999/2000 (13/14 anos de idade). Diferentes níveis requerem diferentes formas de jogo, são elas:  Iniciação – forma de jogo de 2 vs 2 e 3 vs 3;  Básico – forma de jogo de 3 vs 3, 4 vs 4 e 5 vs 5;  Intermédio – forma de jogo de 5 vs 5;  Avançado – forma de jogo de 7 vs 7;  Expert – forma de jogo de 7 vs 7. Os alunos Dragon Force podem frequentar a escola de futebol uma, duas ou três vezes por semana. Sempre que um aluno esteja acima do nível da turma e que treine semanalmente até duas vezes, é proposto ao seu Encarregado de Educação uma alteração para uma turma que treine três vezes por semana e possa assim desenvolver o seu potencial com mais uma hora semanal de treino. Todos os alunos que apresentem maior qualidade e potencial, de acordo com os parâmetros da escola, são colocados nas Seleções Dragon Force que foram criadas para as diferentes idades (uma por cada nível de desempenho). Existem quatro equipas de competição, nomeadamente os Sub. 13A, os Sub. 13B, os Sub. 11 e os Sub. 10, em que os melhores jogadores da escola são escolhidos para participarem em campeonatos distritais. Ao longo de toda a época desportiva existem várias competições na Dragon Force, de forma a promover e aumentar as oportunidades de competição entre turmas e seleções, a saber:
  • 51. 38  Ligas Dragon Force (sextas feiras);  Dragon Force Cup (sábados);  Liga Universo Dragon Force;  Taça Artur Baeta;  Taças Temáticas;  Jogos amigáveis, entre diferentes escolas e clubes.
  • 52. 39 6.1 Recursos Humanos A estrutura Dragon Force está muito bem hierarquizada, estruturada, organizada e coordenada, proporcionando a todos os intervenientes um ambiente profissional, estável, e rigoroso (ver Tabela 1). Tabela 1 – Recursos Humanos Dragon Force. 6.2 Recurso Logísticos As infraestruturas desportivas da Escola Dragon Force são:  1 Campo de futebol de 11, em relva sintética, com luz artificial que integra dois campos de futebol de 7;  1 Campo de futebol de 7, em relva sintética, coberto, com luz artificial;  1 Campo de terra batida futebol de 5 (espaço “Artur Baeta”). Edifício de apoio à atividade desportiva composto por:  Receção;  Balneários para os atletas;  Balneário para os treinadores;  Balneário para os árbitros;  1 Gabinete para o Coordenador Técnico e Coordenador Técnico-Adjunto; Recursos Humanos Gestor do Projeto Ricardo Ramos Gestor da Expansão e Parcerias Afonso Gama Gestor da Qualidade e Operações Jorge Conrado Coordenador Técnico Geral Carlos Campos Coordenador Técnico-adjunto Vítor Moreira Departamento Médico Nuno Vicente Departamento de Pedagogia Daniela Freitas Departamento de Psicologia Paulo Paiva Departamento de Nutrição Pedro Carvalho Técnico de Equipamentos Paulo Brandão Técnico de Informática Miguel Seguranças da SPDE Treinadores
  • 53. 40  Sala para os treinadores, com computador e com acesso à Internet;  Quadro de apontamentos;  Armário para arrumação do dossier respetivo a cada treinador;  Mesa de reuniões;  Sala com impressora/fotocopiadora;  Sala multiusos (Espaço Aberto);  Departamento médico;  Arrumos;  Bar/restaurante. Material de treino disponível:  Balizas de Futebol de 1, 4, 5, 7 e 11;  Coletes;  Cones altos e baixos;  Bolas de tamanho 1, 3,4 e 5;  Arcos;  Varetas;  Sinalizadores;  Barreiras móveis.
  • 55. 42 7 Plano Anual Dragon Force O plano anual para escola e para a turma Expert B1 foi elaborado, com o objetivo de dar conhecimento a todos os intervenientes da Dragon Force as atividades a decorrer ao longo da temporada. Mais especificamente, o plano anual da turma Expert B1 contribuiu para um melhor planeamento de todo o processo de treino e gestão organizacional da equipa (ver Figuras 4 e 5). Figura 4 – Plano Anual Dragon Force.
  • 56. 43 Figura 5 – Planeamento Anual da turma Exper B1.
  • 57. 44 CAPÍTULO 7 A EQUIPA EXPERT B1 – SUB 13
  • 58. 45 8 A Equipa Expert B1 – Sub 13 A turma Expert B1 foi inicialmente constituída por 12 jogadores, terminando a época com 10 jogadores. É uma turma com diferentes experiências no que à prática do futebol diz respeito, nomeadamente aos anos como jogadores da escola Dragon Force e aos anos de prática desta modalidade. Na Tabela 2 reporta-se alguma informação específica sobre os jogadores da equipa em questão. Tabela 2 – Informações Específicas Sobre os Jogadores. O envolvimento competitivo dos jogadores para com o processo instrutório tático- estratégico sempre foi constante e intenso, conforme sugerido na Figura 6. Nome Posição Anos de prática DF Anos de prática da modalidade Alexandre Queirós PL 1ºano 1ano André Santos DC 1ºano 2anos César Pereira DC 1ºano 1ano Davi Lima MC 1ºano 3anos Fidel Ruiz MC 3ºano 3anos Francisco Silva GR 2ºano 2anos João Coelho DC 2ºano 2anos João Oliveira PL 1ºano 2anos José Pereira ME 4ºano 4anos Ricardo Cabral PL 2ºano 2anos Rúben Novais MD 1ºano 4anos Rui Finteiro PL 1ºano 1anos
  • 59. 46 Figura 6 – Equipa Expert B1 8.1 Avaliação Diagnóstica da Equipa O termo avaliar, etimologicamente, significa etimar, comparar, julgar. Mialaret (1979) afirma que avaliar consiste em “atribuir um juízo de valor em função de critérios precisos”. Pelletier (1971) diz-nos que o termo avaliação deu lugar a uma encruzilhada semântica e que constitui hoje uma atividade que assume formas variadas nos mais diversos contextos do processo educativo. Para Mesquita (2012), a avaliação inicial deverá, determinar os objetivos formativos em função de uma predição do que é possível aprender. Na mesma linha de pensamento, a autora diz-nos que na medida em que essa recolha de informação serve os propósitos de orientação e regulação do processo de ensino-aprendizagem ela deve ser entendida como eminentemente formativa. A avaliação diagnóstica da equipa foi elaborada no início da época desportiva com o objetivo de fornecer informações sobre o estado atual da equipa, ou seja, determinar os comportamentos coletivos e individuais para o jogo. Esta avaliação inicial forneceu informações de orientação para o processo formativo ao longo de toda a época desportiva. Este tipo de avaliação responde a duas questões fundamentais, (1) ” Que aprendizagens servem de base às que vamos ensinar? e (2) Que aprendizagens, das que vamos ensinar, já foram adquiridas pelos alunos?” (Mesquita, 2012). Segue na figura abaixo a avaliação diagnóstica da turma Expert B1.
  • 60. 47 Figura 7 – Avaliação da Equipa. 8.2 Contrato de Equipa No início do período pré-competitivo foi entregue a cada jogador um contrato de equipa numa carta fechada, para que cada um a pudesse ler em casa. No treino seguinte e após uma reflexão coletiva com algumas propostas de alteração, toda a equipa assinou o contrato criando um compromisso coletivo para toda a época. Este contrato foi elaborado com o intuito de fidelizar os jogadores à Dragon Force e a toda a equipa, para que se mantenham sempre empenhados e motivados quer nos treinos quer nas várias competições internas. O contrato de equipa encontra-se representado na Figura 8.
  • 61. 48 Figura 8 – Contrato de Equipa. 8.3 Ideia de Jogo Pretendida A análise à ideia de jogo da turma Expert tendo em conta a cultura de jogo da escola Dragon Force, as características dos jogadores e do próprio treinador que é apologista de um futebol vistoso e organizado é apresentada de uma forma globalizante. Este modelo foi criado e sustentado após uma avaliação prévia à qualidade da turma, quer nos aspetos individuais quer nos aspetos coletivos. De referir que a equipa se apresenta estruturalmente, em 1+2+3+1, sendo que este sistema é dinâmico e serve apenas para ter uma referência do posicionamento inicial.
  • 62. 49 Sistema de Jogo Ofensivo - Organização Ofensiva Saídas – 1º sub. Momento: Saída em construção curta pelos Defesas Centrais (DCs):  DCs bem abertos nos limites da área;  DCs posicionados de frente para o adversário;  Os alas profundos e bem abertos para criar espaço para DCs;  Procurar sair pelos DCs. Após entrada da bola no DC inicia-se a construção do jogo ofensivo com variâncias posicionais tendo como objetivo dar ao portador da bola mais que uma linha de passe para circular a bola. Para tal, se beneficia:  Recuo do ala mantendo-se bem aberto junto da linha lateral;  Movimento interior do Pivot procurando espaço entre – linhas;  DC contrário dá linha de passe para possível variação do jogo através do Pivot;  PL posiciona-se entre o Ala e o Pivot criando um losango iniciado pelo DC com bola. (2º sub. Momento) (Arrastamento para) Saída em construção curta pelo Pivot:  Saída curta em segurança pelo pivot no corredor central (provocando arrastamento do adversário);  Pivot aproxima-se do guarda redes (GR) para receber a bola, podendo devolver com uma parede ao mesmo ou jogar nos DCs, procurando sempre após o passe uma nova posição para dar constantemente uma linha de passe ao portador da bola;  Recuo dos alas para suporte do meio campo mantendo-se sempre abertos. (Arrastamento para) saída em construção direta para o Ala:  Criação de espaço para a saída direta no corredor lateral através do Ala. Face à impossibilidade da saída curta (nem pelos DCs nem pelo Pivot), toda a equipa movimenta-se para arrastar o adversário:  Armadilha por parte dos alas que recuam num movimento de arrastamento dos defesas, para que depois muito rapidamente subam no terreno surpreendendo os opositores criando espaços nas costas da defesa;
  • 63. 50  DCs e Pivot fecham a zona central. Criação de Espaços – 2º sub. Momento  Formação de losango (DC, Ala, Pivot e ponta de lança - PL) para criação de várias linhas de passe;  PL a aparecer no espaço entre – linhas para ponte/parede procurando assim automatizar a triangulação DC – PL – Ala;  Pivot baixa para compensar a subida do DC que iniciou condução;  DC com passe diagonal longo após atração em condução;  Ala contrário bem aberto para poder receber a bola;  Receção orientada para a frente para aproveitar a conquista espaço – temporal (1 vs 1). “Reciclar” jogo para DC ou GR :  Equipa subida e em ataque organizado não consegue ultrapassar o bloco adversário, deve então reciclar o seu jogo devolvendo a bola para DC ou GR;  Após a reciclagem toda a equipa regressa ao 1º sub momento. Entrada nos Espaços – 3º sub. Momento: Jogo Posicional:  Equipa com bola cria desequilíbrios com subidas constantes dos DCs;  Quando um dos DCs sobe no terreno de jogo, o Pivot terá que fazer a compensação ao colega recuando um pouco.  PL com muita mobilidade colocando-se entre – linhas, dando sempre linhas de passe aos colegas. Transição Defensiva Reação rápida à perda:  Reagir e pressionar para conquistar a bola;  Reagir e condicionar para obrigar a jogar para trás. Sistema de Jogo Defensivo – Organização Defensiva Fecho dos espaços com duas variantes – 1º sub. Momento:
  • 64. 51 O Bloco médio:  Toda a equipa num bloco coeso permite ao adversário sair a jogar e trocar a bola no seu meio campo, sendo o PL a comandar o posicionamento do bloco efetuando alguma pressão posicional;  No nosso meio campo não é permitido haver trocas de bola do adversário, a pressão realizada por nós deve ser intensa até recuperarmos a bola;  Fecho do bloco;  Fechar o lado da bola, mobilidade e coesão;  Voz de comando do GR para corrigir posições. Jogo de Coberturas:  Pivot sempre a equilibrar o centro da equipa (fundamental no equilíbrio da equipa);  Jogadores não podem estar “tapados”, sempre disponíveis para dar linhas de passe;  Coberturas dos defesas centrais sempre na diagonal (Guarda – Costas) e nunca na diagonal;  Nas saídas do adversário PL (ao DC com bola) e Ala fazem compensações na pressão aos DCs. Criação de Zonas de Pressão – 2º sub. Momento:  Forte pressão sempre que o adversário tente jogar dentro do nosso meio campo;  Obrigar o adversário a jogar para trás sempre que entrem no nosso bloco;  Mensagem a passar à equipa é que no nosso meio campo defensivo a palavra de ordem é pressionar a 1000 à hora até recuperarmos a bola ou jogar para fora das zonas de pressão. Pressionar saídas do adversário (Armadilha):  PL pressiona o DC portador da bola, o Ala do lado contrário ao da bola pressiona o outro DC;  Condicionar saídas do adversário para o nosso corredor central. Os nossos alas não têm a dimensão tática e física necessária para que seja diferente. Com uma pressão efetiva do PL e Ala consegue-se fechar o corredor lateral para que se jogue pelo centro do terreno. O Pivot deve ser forte no desarme e com um bom posicionamento,