Conceitos e técnicas básicas de Reeducação funcional.
A reeducação funcional é uma possibilidade fisioterapêutica de reeducar, ou seja, restabelecer a função de algum segmento corporal.
2. A reeducação funcional é uma possibilidade fisioterapêutica de reeducar, ou
seja, restabelecer a função de algum segmento corporal.
Seu principal objetivo a reestruturação da função que foi perdida, seja a nível
global ou até mesmo segmentar, contribuindo ao indivíduo sua reintegração
psicomotora e também a reintegração sócio profissional.
É por meio da cinesioterapia básica que avaliamos a funcionalidade e
também planejamos objetivos e condutas para o tratamento fisioterapêutico
do indivíduo.
CONCEITOS INCIAIS
3. Grande parte dos movimentos
humanos é movimento geral, uma
combinação complexa de
componentes de movimento linear e
angular.
MOVIMENTO LINEAR (TRANSLAÇÃO)
– movimento ao longo de uma linha
imaginária. Se a linha é reta, o
movimento é considerado retilíneo;
mas se a linha é curva, o movimento
é chamado de curvilíneo.
Formas de Movimento Humano
4. MOVIMENTO ANGULAR - é a rotação em torno de uma linha imaginária
central, conhecida como o eixo de rotação, que é orientado
perpendicularmente ao plano no qual a rotação ocorre.
Formas de Movimento Humano
5. É a sensação de posição e movimento dos membros. O sentido surge através
da atividade nos neurônios sensoriais localizados na pele, músculos e tecidos
articulares.
Qualquer alteração no sistema de propriocepção, ele pode levar direta ou
indiretamente déficits na estabilização neuromuscular, que pode favorecer a
presença de lesões como distensão excessiva de ligamentos e cápsulas
articulares e, consequentemente, para a desestabilização da postura.
Propriocepção
6. ORIENTAÇÃO POSTURAL – controla o alinhamento
corporal em relação à gravidade, superfície de suporte,
ambiente visual e referências internas.
EQUILÍBRIO POSTURAL - constituído pela coordenação
de estratégias sensório-motoras para estabilizar o
centro de massa do corpo durante estímulos auto
iniciados e desencadeados externamente.
Controle Postural
É o controle do arranjo dos segmentos corporais baseado em informações
dos sistemas visual, vestibular e somatossensorial. As funções do controle
postural são suporte, estabilidade e equilíbrio.
7. Se um dos três sistemas envolvidos no controle postural não estiver
funcionando da maneira que deveria, pode afetar o indivíduo. No entanto,
quando um sistema é afetado, os outros dois podem ser treinados para
compensar.
O desenvolvimento postural está associado a alterações maturacionais e
experimentais nos sistemas sensório-motor, musculoesquelético e cognitivo;
qualquer um desses sistemas pode resultar em desenvolvimento postural
atípico.
Controle Postural
8.
9. Na criança, distúrbios psico-
afetivo e também déficits
cognitivos podem repercutir no
desenvolvimento motor,
promovendo atraso na obtenção
de marcos motores ou até
mesmo comprometendo a
qualidade dos movimentos
realizados pelo indivíduo
durante o ciclo da vida.
Desenvolvimento neuro-psico-motor
normal e patológico
10. O processo de desenvolvimento neuropsicomotor, é muito essencial para o
indivíduo, porque logo que o recém-nascido ganha vida, o seu sistema
nervoso central não está ainda desenvolvido completamente e em fruto
disso ele é dependente totalmente dos indivíduos que fazem parte do seu
convívio.
Desse modo, é a partir da sua estimulação, tanto motora quanto sensorial,
que o seu desenvolvimento acontecerá e também se manterá em uma
evolução constante, também ajudando no seu processo de aprendizagem.
Fatores que podem estar associados ao atraso no desenvolvimento:
subnutrição; agravos neurológicos; genéticos; concepção; gestação; parto.
Desenvolvimento neuro-psico-motor
normal e patológico
11. Por meio de algumas técnicas manuais, cinéticas e instrumentais o
fisioterapeuta pode atuar neste aspecto de desenvolvimento motor. Essas
técnicas podem ser aplicadas de formas isoladas ou também de maneira
conjunta e/ou associadas. Alguns instrumentos lúdicos também são
empregados para este objetivo. Alguns exemplos de técnicas que permitem
a evolução do desenvolvimento motor na infância são:
• neuroevolutivo Bobath;
• método Kabath;
• técnica de alcançar alvos.
Desenvolvimento neuro-psico-motor
normal e patológico
12. É utilizada para coletar dados sobre o motivo pelo qual o comportamento
desafiadors do indivído está ocorrendo.
Avaliações funcionais indiretas – as informações sobre o comportamento são
coletadas através de pessoas que são mais próximas do paciente.
Avaliações funcionais observacionais – o profissional observa o
comportamento do indivíduo em determinadas tarefas e registra as
circunstâncias envolvidas.
Avaliação funcional na prática – envolve um teste experimental de diferentes
funções possíveis.
Avaliação Funcional
13. - Avaliar a impressão geral do paciente (relacionamento do paciente com
responsável/cuidadores; dependências emocionais e físicas; comportamentos;
problemas associados; saúde mental; uso de dispositivos auxiliares de
locomoção).
- Avaliar habilidades e inabilidades.
- Avaliar tônus postural e os padrões de postura e de movimento relacionados:
observando a reação dos padrões ao ser movimentado e a mobilidade de tônus
durante uma estimulação/manipulação.
Tônus muscular – estado de tensão do músculo no repouso cuja função é manter a
postura e executar movimentos de forma contínua.
Como fazer uma Avaliação Funcional
14. TÔNUS MUSCULAR
“Estado permanente de tensão dos músculos”
Hipertonia
É o aumento do tônus muscular,
tensão muscular exagerada ou
permanete do m. em repouso.
Hipotonia
É a diminuição do tônus muscular e
da força, o que causa flacidez e
moleza.
Rigidez
Caracteriza-se pela lentidão de
movimentos.
Espasticidade
Aumento, velocidade dependente, do
tônus muscular, com exacerbação dos
reflexos profundos, decorrente de
hiperexcitabilidade do reflexo do
estiramento.
15. Composto por escalas que demostram o desempenho do paciente, através
da eficiência psicomotora.
Índice I: classificação – hábil;
Índice II: classificação – movimento
limitado;
Índice III: classificação – perda parcial
de movimento;
Índice IV: classificação – perda total.
Índice Funcional
16. CONTROLE MOTOR – habilidade de comandar ou direcionar os mecanismos
necessários do movimento, com interação entre indivíduo, tarefa e
ambiente.
MATURAÇÃO – processo de mudança do desenvolvimento, possui uma
sequência fixa de progressão.
APRENDIZAGEM MOTORA – processo que envolve variados mecanismos
para melhorar ou desenvolver alguns movimentos.
HABILIDADE MOTORA – é o movimento voluntário realizado com a
finalidade de alcançar uma meta com máxima certeza e mínimo esforço de
tempo, visa melhorar a performance.
COMPORTAMENTO MOTOR
17. São variadas características referentes a execução dos movimentos.
Relacionam-se à amplitude, velocidade, suavidade e à fluência do movimento.
Influenciadas pelo meio externo, fazendo com que elas realizem modificações
para alcançarem um determinado objetivo.
MOVIMENTOS:
- Voluntários: possuem um propósito e, a partir da prática dos movimentos têm-
se a automatização. Apresenta três estágios (preparação, programação e
execução).
- Involuntários: podem ocorrer por atos reflexos ou sinais de disfunção do SNC,
manifestando-se em variadas formas.
Capacidades motoras
18. ATOS REFLEXOS:
Movimentos simples e
esteriotipados. Geralmente
ocorrem de forma
automática correspondendo
a um estímulo sensorial.
REAÇÕES REFLEXAS:
Aumento da complexidade
devido a associação de
vários atos reflexos, vários
mm. e partes do corpo se
envolvem.
Atos reflexos e reações reflexas
19. Distonia idiopática (primária): acontece mesmo
sem lesões no SNC;
Distonia sintomática (secundária): associada à
doenças do SN ou lesões adquiridas, ex.
traumatismo craniano.
Movim. Involuntários como sinais de
disfunções do SNC
DISTONIA – caracterizada por contrações musculares mantidas, pode causar
movimentos em torção e repetitivos de posturas anormais. Geralmente ocorre
devido a distúrbios dos gânglios da base.
20. MOVIMENTOS ASSOCIADOS – Caracteriza-se por movimentos não
intencionais de um segmento corporal durante o movimento voluntário de
outro segmento.
Normalmente associados ao tônus espático, sendo comum em pessoas
hemiplégicas, devido à perda de mecanismos inibitórios supraespinhais.
TREMOR – Movimento rítmico e oscilatório de determinada parte do corpo.
Fisiológico ou patológico (decorrente de desordens do SNC).
Movim. Involuntários como sinais de
disfunções do SNC
21. Tremor de repouso: Ocorre e uma parte do corpo ativada involuntariamente
e sustentada contra a gravidade. Comum na doença de Parkinson.
Tremor de ação: Realizado por contrações voluntárias e inclui tremor
postural, isométrico e cinético.
COREIA – Movimentos involuntários rápidos, de características irregular e
espasmódicos, de curta duração.
ATETOSE – Movimentos involuntários lentos em torção ou espasmos, que
geralmente envolvem mais MMSS do que MMII, podendo atingir também a
língua, face e pescoço.
Movim. Involuntários como sinais de
disfunções do SNC
22. A motricidade é a expressão dos movimentos e vai se construindo desde o
nascimento. Envolve o ato motor, planejamento motor, percepções
sensoriais, equilíbrio, tônus e força muscular, lateralidade, habilidades
cognitivas e intelectuais, ritmo, persistência e controle inibitório para
realização de qualquer tarefa, com começo, meio e fim.
Fatores que interferem na aquisição de habilidades motoras: Prematuridade
(maior prevalência entre os fatores etiológicos da paralisia cerebral);
Contexto familiar (superproteção, negligência e/ou não oferta de estimulação
necessária); Exploração do meio ambiente (maior estimulo = dominar
habilidades com maior facilidade).
DESENVOLVIM. DE HABILIDADES
RELACIONADAS À MOTRICIDADE
23. São movimentos realizados voluntariamente, apresentam determinado
propósito utilizando alguns segmentos ou movimentos corporais.
Se desenvolvem por meio do aprendizado, podem ser influenciados por
fatores psicológicos, fisiológicos ou ambientais.
FASE MOTORA REFLEXIVA – Diz respeito aos 1ºs movimentos realizados, os
reflexos. Os reflexos podem ser primitivos (mecanismos de proteção e
nutrição, como os de sucção e fixação) e posturais (2º etapa do movimento
invluntário).
Possui dois estágios: de codificação e de decodificação.
Habilidades motoras
24. Estágio de codificação: coleta de
informações, descrita como movimentos
involuntários visíveis desde o período
fetal até o 4º mês do bebê. Os reflexos
aqui buscam juntar informações, meios
de nutrição e proteção a partir do
movimento.
Estágio de decodificação: processamento
das informações, inicia-se por volta do 4º
mês, ocorrendo inibições graduais de
diversos reflexos conforme o
desenvolvimento dos centros cerebrais
superiores. Há a substituição sensório-
motora pela perceptiva-motora.
Habilidades motoras
25. FASE DO MOVIMENTO RUDIMENTAR – Primeiras configurações do
movimento voluntário. Envolvem a estabilidade, como a aquisição do
controle de cabeça; tarefas de manipulação, tal como agarrar e soltar;
movimentos de locomoção, como engatinhar e marcha.
Estágio de inibição do reflexo: Inicia no nascimento do bebê. Os movimentos
reflexos começam a sofrer influências do córtex em desenvolvimento, e de
restrições ambientais, levado a inibir alguns reflexos até seu
desaparecimento, sendo substituídos por movimentos voluntários.
Estágio pré-motor: +/-1 ano; Movimentos com mais precisão e controle.
Ocorre distinções sensoriais e motoras integrando informações perceptivas e
motoras. Ocorre a preparação para desenvolver habilidade motoras
fundamentais.
Habilidades motoras
26. FASE DO MOVIMENTO FUNDAMENTAL – Ocorre a exploração e a
experimentação dos movimentos de estabilidade, locomoção, manipulação
(arremessar, pegar). Sofre influência da maturação, condições e contexto do
ambiente, período de prática e incentivo.
Estágio inicial (2-3 anos): Tentativas iniciais de realizar uma habilidade.
Precária integração espacial e temporal do movimento.
Estágio elementar emergente (3-5 anos): Aumento de aquisição do controle
motor e coordenação rítmica. Melhor sincronia espaço-temporal, porém com
movimentos restritos ou exagerados, e melhor coordenação.
Estágio proeficente (5-6 anos): Performances eficientes, controladas e
coordenadas. Por meio de práticas contínuas, estímulos e instruções ocorrem
melhorias em condições de distância, agilidade, quantidade e precisão.
Habilidades motoras
27. FASE DOMOVIMENTO ESPECIALIZADO – Período de refinamento, combinação
e reelaboração de habilidades de estabilização, locomoção e manipulação, para
uso em condições de maior demanda e atividades complexas.
Estágio de transição (7-8 anos): combinação e aplicação de habilidades
motoras fundamentais para realização de habilidades especiais em contextos
esportivos e recreativos.
Estágio de aplicação (11-13 anos): busca melhor performance dos movimentos
e refinamento de habilidades complexas.
Estágio de utilização ao longo da vida (>14 anos): o topo do desenvolvimento
motor. Utilização de todo repertório motor adquirido ao longo da vida.
Influenciado pelo tempo, investimento, equipamento e instalações, limitações
físicas e mentais, oportunidade e motivação pessoal.
Habilidades motoras
28. EQUILÍBRIO ESTÁTICO – Manter o próprio corpo em estado de equilíbrio,
enquanto o centro de gravidade permanece estacionado.
EQUILÍBRIO DINÂMICO – Corpo em estado de equilíbrio, enquanto o centro
de gravidade se desloca.
Habilidades estabilizadoras
A principal diferença entre o equilíbrio estático e o
equilíbrio dinâmico está no movimento do corpo.
Se o corpo estiver em repouso, ou seja, parado, ele
apresenta equilíbrio estático. Entretanto, se o
objeto estiver em movimento retilíneo uniforme,
ele possui equilíbrio dinâmico.
30. MÉTODO BOBATH – Técnica de reabilitação neuromuscular que usa reflexos
e estímulos sensoriais a fim de inibir ou provocar resposta motora.
Objetivo: o paciente consiga adquirir melhor sustentação corporal e de
reação de equilíbrio, e desenvolver um aumento na capacidade sensorial e
motora dos movimentos.
MÉTODOS DE REABILITAÇÃO
FUNCIONAL
Pode ser aplicado em crianças com
apenas atraso no desenvolvimento e em
outras condições.
Muito usado em adultos que estão em
reabilitação pós AVE (Acidente Vascular
Encefálico).
31. BOLA TERAPÊUTICA – “Bola suíça”, é um recurso bastante utilizado nos
tratamentos ortopédicos, neuroevolutivos, na área pediátrica, em adultos e
idosos. Presente em pré-parto, academia, yoga, etc.
MÉTODOS DE REABILITAÇÃO
FUNCIONAL
Objetivos: melhorar mobilidade,
estabilidade, equiulíbrio, força, coordenação,
circulação, condicionamento
cardiorrespiratório e etc.
Contraindicações: Queda álgica (os
exercícios não devem causar dor), tonturas
ou aumento dos sintomas, incômodo ou
ferimento decorrente do exercício.
32. FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA (Método Kabat/ PFN/
FNP) – Possui enfoque terapêutico sempre positivo, visando reforçar e
utilizar as capacidades do paciente, tanto físicas quanto patológicas.
MÉTODOS DE REABILITAÇÃO
FUNCIONAL
Objetivo: auxiliar com que o paciente atinja
sua mais elevada funcionalidade.
Procedimentos básicos para a PNF:
Resistência; Irradiação e reforço; Contato
manual; Posição corporal e biomecânica;
Comando verbal; Tração e aproximação;
Estiramento; Sincronização dos movimentos;
Padrões de facilitação.
33. MÉTODO PILATES – Método de condicionamento físico que engloba corpo
e mente, aumenta a capacidade de movimentos, controle, força, equilíbrio
muscular e consciência corporal.
MÉTODOS DE REABILITAÇÃO
FUNCIONAL
Princípios clássicos: Respiração, concentração,
centralização, controle, precisão e fluidez.
Os exercícios são realizados de forma lenta e
uniforme, visando fortalecimento global e
segmentar, a resistência pode ser decorrente
das molas ou do próprio peso do corpo.
34. Pilates em equipamentos: a resistência é
graduada por meio de equipamentos
específicos. A resistência das molas pode
elevar a dificuldade ou facilitar o exercício.
Geram menor impacto nas articulações;
menor risco de lesão quando comparado
com pesos convencionais, pois a resistência
aumenta de forma progressiva, de acordo
com a ADM.
MÉTODOS DE REABILITAÇÃO
FUNCIONAL
Pilates solo: praticante realiza os exercícios no solo e com apenas o peso
corporal, sem equipamentos, mas pode associar-se com acessórios (bola
terapêutica, faixas elásticas, etc).