SlideShare uma empresa Scribd logo
EIXO TEMÁTICO I: HISTÓRIAS DE VIDA, DIVERSIDADE POPULACIONAL E MIGRAÇÕES
Tema 1:
Histórias de vida, diversidade populacional (étnica, cultural, regional e social) e migrações locais,
regionais e intercontinentais
Subtema 1: Diversidade populacional e migrações em Minas Gerais
Tópico 4: Os povos africanos
Objetivos:
Problematizar a existência da escravidão na África antes da expansão marítima européia
Estabelecer diferenças entre o tipo de escravidão existente na África e o tipo implantado na América portuguesa
Providências para a realização da atividade:
Sugere-se que a turma seja dividida em 10 grupos diferentes e que cada um deles receba um trecho e prepare-se para a
discussão em sala. O professor poderá colocar no quadro as seguintes afirmativas para iniciar a discussão:
Construiu-se, no mundo ocidental, a fantasia de que os negros, essencialmente bons, haviam caído, desde o século XV, nas
garras cruéis dos brancos, essencialmente maus.
RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 65.
A África conheceu a guerra, a estratificação social, a escravidão, a moeda e a tortura muito antes de os europeus aparecerem por
lá. Em verdade, achar que não havia exploração do homem pelo homem na África, antes da chegada dos europeus, é considerar
que os africanos eram seres inferiores.
RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 65.
A demanda por mais escravos instituía ou exacerbava as contradições internas africanas.
FRAGOSO, João e FLORENTINO, MANOLO. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil no
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Diadorim, 1993. p. 55-56.
Após o debate, o professor precisa solicitar aos alunos que redijam um parágrafo sobre o tema tratado.
Pré-requisitos:
Sugere-se que a atividade seja realizada como parte da Orientação pedagógica desse tópico
Descrição dos procedimentos:
Texto 1:
“(...) cabe lembrar que é quase impossível falar da África no singular, de „uma‟ só África no Brasil: são muitas as origens, as
trajetórias, as culturas. A própria noção de „africano‟ não existia entre os escravos até o século XIX. A identidade de cada povo,
que o mundo escravocrata dissolvia, ainda assim prevalecia sobre a idéia da identidade africana, da África como terra de todos.
Esta só se desenvolveria na própria África nos séculos XIX e XX, a partir das lutas de independência [no século XX].”
LIMA, Mônica. A África na sala de aula. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 85.
Texto 2:
A escravização existia na África desde tempos imemoriais. Era uma realidade instituicional, não somente exercida na prática, mas
sancionada pelas leis e pelos costumes. Nos impérios do Mali e do Gao, escravos estabelecidos em colônias agrícolas cuidavam
das grandes propriedades dos príncipes e dos ulemás, grupo islâmico da região de Gabu, oeste da África. Esses escravos, em
toda a África, eram obtidos pelos mais diversos meios, do seqüestro à guerra dirigida especificamente para caçar e capturar gente,
cativos que eram conduzidos a pé pelas estradas, amarrados uns aos outros pelo pescoço
RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 63.
Texto 3:
Muito antes de europeus colocarem o pé no continente africano, havia escravos no Reino do Congo. A estratificação social do
reino, por sinal, era de uma nitidez absoluta. Havia a aristocracia, um segmento intermediário de homens livres e a massa
escrava. A aristocracia formava uma casta, desde que seus membros eram impedidos de se casar com plebeus. A parte pesada
dos trabalhos agrícolas recaía, evidentemente, sobre os escravos.
RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 63.
Texto 4:
Os africanos não foram apenas envolvidos pelo tráfico de escravos. Eles também se envolveram ativamente no grande comércio
transatlântico. Isto é: uns foram vítimas, outros foram agentes do tráfico. Eram os próprios africanos que controlavam as fontes de
fornecimento de escravos negros. Agiam como intermediários e traficantes, carreando corpos para as embarcações européias.
RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 64.
A partir do século XV, com a expansão marítima européia, a história africana mudaria profundamente. Em 350 anos a África
forneceria cerca de 12 milhões de escravos para a América, dos quais 4 a 5 milhões para o Brasil, no maior deslocamento forçado
de população ocorrido na história da humanidade.
RIBEIRO, Marcus Venicio. Uma história em que entrem todos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 85.
Texto 5:
Nos séculos XVIII e XIX, o tráfico foi uma relação direta entre baianos e africanos, assim como entre cariocas e angolanos,
vinculando, particularmente, a cidade da Bahia (Salvador) e o Reino de Daomé. Era uma relação altamente lucrativa para ambas
as partes. A Bahia comprava os escravos porque necessitava deles para funcionar. E o tráfico, em si mesmo, era um grande
negócio, exigindo investimentos pesados e gerando lucros imensos.
RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 63.
Texto 6:
Na África, o tráfico gerou riquezas, incrementou divisões sociais preexistentes, consolidou formações estatais. Os reis do antigo
Daomé e a classe dominante dos grupos nagôs ou iorubas disputaram entre si o monopólio da exportação de escravos para o
Brasil, despachando até diversas embaixadas oficiais à Bahia e a Portugal para tratar do assunto. (...) De 1750 a 1811 foram
enviadas à Bahia pelo menos quatro embaixadas do Daomé, duas de Onim (Lagos, Nigéria) e uma de Ardra (Porto Novo, Daomé).
Seu objetivo, de um modo mais geral, era estreitar relações comerciais com o Brasil.
RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 65.
Texto 7:
É evidente que o objetivo das revoltas escravas no Brasil era se livrar do sistema econômico e social da escravidão. Mas – e isto é
que é da mais funda importância – sempre em termos restritos, singulares. O sujeito não queria de modo algum ser escravizado
por alguém, mas jamais hesitaria em fazer de alguém escravo seu. Triste ou lamentável, esta era a realidade. Foi o que
predominou no Brasil, pelo menos até à primeira metade do século XIX. Havia escravos até em Palmares. Os palmarinos não
abriam mão de contar com seus cativos. A documentação disponível fala da existência de homens que, seqüestrados em
investidas de guerrilheiros palmarinos, eram levados para os arraiais rebeldes, passando a trabalhar como escravos nas
plantações.
RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 65.
Texto 8:
Os primeiros abolicionistas insistiam [fins do século XVIII], com razão, na crueldade inerente às atividades dos traficantes euro-
americanos, esmerando-se na descrição das desumanas condições do apresamento e venda dos negros, além da tragédia em
que se havia convertido a travessia oceânica. Sucessivamente foram sendo produzidas e consumidas pela opinião pública,
sobretudo da Inglaterra, imagens que negavam ou, mais comumente, silenciavam acerca da participação dos africanos no tráfico.
Pouco a pouco tomou forma o ideário do „bom selvagem‟, vítima de uma epopéia sádica. Já no século XX, o ideal do africano
como agente passivo na história de suas relações com o „mundo branco‟ ganhou terreno entre os nacionalistas africanos que
lutavam pela independência. Os nacionalistas insistiam na idéia de que somente a partir da chegada dos cristãos é que os
africanos teriam conhecido algumas de suas mais contundentes desgraças.
FRAGOSO, João e FLORENTINO, MANOLO. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil no
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Diadorim, 1993. p. 46-47.
Texto 9:
(...) a segunda dimensão estrutural do tráfico na África refere-se à utilização de parte cada vez maior dos escravos produzidos
através da guerra dentro do próprio continente africano. Também aqui não é gratuito que as pesquisas mais recentes apontem a
maior incidência de relações escravistas de produção entre os grandes Estados pré-coloniais. Ressalte-se que não se tratava
apenas de incrementar relações escravistas, mas também de modificar a própria natureza da escravidão pré-existente, que perdia
sua feição tradicionalmente doméstica para tornar-se uma escravidão cada vez mais mercantil.
FRAGOSO, João e FLORENTINO, MANOLO. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil no
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Diadorim, 1993. p. 60.
Texto 10:
A produção social do escravo permite compreender o segredo dos baixos preços do cativo. Entende-se por produção social do
escravo a soma dos gastos, em horas-trabalho, necessários à produção e manutenção do homem desde o seu nascimento até o
instante em que ele se transforma em escravo. É seu grupo familiar e sua comunidade, quem efetivamente o produz. Antes de ser
capturado, o indivíduo é criado graças a muito trabalho realizado por sua comunidade (ele foi alimentado, abrigado, protegido,
vestido...) Ora, como a violência (guerra, rapto, captura) é o meio fundamental por meio do qual o homem é retirado de sua
comunidade e escravizado, o custo social de sua produção é apropriado e jamais será pago. Por isso pode-se afirmar que não
existe uma correspondência entre o valor do homem escravizado e sua troca por mosquetões, fardos de têxteis, barris de
aguardente. A violência que transforma o homem em escravo determinava os baixos preços do cativo na América.
FRAGOSO, João e FLORENTINO, MANOLO. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil no
Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Diadorim, 1993. p. 46-47.
Possíveis dificuldades:
Alguns trechos podem apresentar mais dificuldade para os alunos; o professor precisará discuti-lo no pequeno grupo antes de
realizar o seminário
Alerta para riscos:
Não há
Glossário:
Imagem: Como outros monarcas africanos, Adandozan, rei do Daomé, rodeado de concubinas na gravura do século XVIII, era um
importante fornecedor de escravos para traficantes europeus e brasileiros.
Roteiro de Atividade: Seminário sobre a escravidão na África e o tráfico negreiro
Currículo Básico Comum - História Ensino Fundamental
Autor(a): Laura Nogueira Oliveira
Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG/2007

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Trab. socio miscigenação cultural brasileira
Trab. socio miscigenação cultural brasileiraTrab. socio miscigenação cultural brasileira
Trab. socio miscigenação cultural brasileira
Minguimingui
 
Darcy Ribeiro: Os Índios e a Civilização - Conclusão
Darcy Ribeiro:   Os Índios e a Civilização -  ConclusãoDarcy Ribeiro:   Os Índios e a Civilização -  Conclusão
Darcy Ribeiro: Os Índios e a Civilização - Conclusão
Marcos Albuquerque
 
áFrica formação das nações africanas
áFrica formação das nações africanasáFrica formação das nações africanas
áFrica formação das nações africanas
Fernanda Lopes
 
H7 4 bim_aluno_2013
H7 4 bim_aluno_2013H7 4 bim_aluno_2013
H7 4 bim_aluno_2013
Icobashi
 

Mais procurados (20)

Trab. socio miscigenação cultural brasileira
Trab. socio miscigenação cultural brasileiraTrab. socio miscigenação cultural brasileira
Trab. socio miscigenação cultural brasileira
 
O Povo Brasileiro – a formação e o sentido do Brasil
O Povo Brasileiro – a formação e o sentido do BrasilO Povo Brasileiro – a formação e o sentido do Brasil
O Povo Brasileiro – a formação e o sentido do Brasil
 
Povo brasileiro
Povo brasileiroPovo brasileiro
Povo brasileiro
 
OP Os povos africanos
OP Os povos africanosOP Os povos africanos
OP Os povos africanos
 
Questões de vestibular - África e tráfico de escravos
Questões de vestibular - África e tráfico de escravosQuestões de vestibular - África e tráfico de escravos
Questões de vestibular - África e tráfico de escravos
 
A escravidão no período colonial
A escravidão no período colonialA escravidão no período colonial
A escravidão no período colonial
 
Escravidão no Brasil
Escravidão no BrasilEscravidão no Brasil
Escravidão no Brasil
 
Diaspora Africana
Diaspora AfricanaDiaspora Africana
Diaspora Africana
 
Darcy Ribeiro: Os Índios e a Civilização - Conclusão
Darcy Ribeiro:   Os Índios e a Civilização -  ConclusãoDarcy Ribeiro:   Os Índios e a Civilização -  Conclusão
Darcy Ribeiro: Os Índios e a Civilização - Conclusão
 
Escravidão indígena
Escravidão indígenaEscravidão indígena
Escravidão indígena
 
Escravatura no seculo xvIII1
Escravatura no seculo xvIII1Escravatura no seculo xvIII1
Escravatura no seculo xvIII1
 
Matéria lecionada história fundamental. tudo
Matéria lecionada história fundamental. tudoMatéria lecionada história fundamental. tudo
Matéria lecionada história fundamental. tudo
 
Livreto O escravo negro no Brasil Colonial: tráfico e cotidiano
Livreto O escravo negro no Brasil Colonial: tráfico e cotidianoLivreto O escravo negro no Brasil Colonial: tráfico e cotidiano
Livreto O escravo negro no Brasil Colonial: tráfico e cotidiano
 
A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO
A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIROA FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO
A FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO
 
O povo brasileiro
O povo brasileiroO povo brasileiro
O povo brasileiro
 
Diagnostica historia 7ano
Diagnostica historia 7anoDiagnostica historia 7ano
Diagnostica historia 7ano
 
Identidade, diferença e desigualdades no brasil
Identidade, diferença e desigualdades no brasilIdentidade, diferença e desigualdades no brasil
Identidade, diferença e desigualdades no brasil
 
áFrica formação das nações africanas
áFrica formação das nações africanasáFrica formação das nações africanas
áFrica formação das nações africanas
 
A escravidao
A escravidaoA escravidao
A escravidao
 
H7 4 bim_aluno_2013
H7 4 bim_aluno_2013H7 4 bim_aluno_2013
H7 4 bim_aluno_2013
 

Destaque

Soft Gelatin PS risk21-9
Soft Gelatin PS risk21-9Soft Gelatin PS risk21-9
Soft Gelatin PS risk21-9
Helmy ismail
 
2.1.2 CONTEÚDO 10 – O PRONOME DEMONSTRATIVO CONFORME SUA POSIÇÃO E EMPREGO NO...
2.1.2 CONTEÚDO 10 – O PRONOME DEMONSTRATIVO CONFORME SUA POSIÇÃO E EMPREGO NO...2.1.2 CONTEÚDO 10 – O PRONOME DEMONSTRATIVO CONFORME SUA POSIÇÃO E EMPREGO NO...
2.1.2 CONTEÚDO 10 – O PRONOME DEMONSTRATIVO CONFORME SUA POSIÇÃO E EMPREGO NO...
Ryan Figueiredo
 

Destaque (20)

Introdução
IntroduçãoIntrodução
Introdução
 
Entrevista a Carlos Beldarrain
Entrevista a Carlos BeldarrainEntrevista a Carlos Beldarrain
Entrevista a Carlos Beldarrain
 
Diapositivas del primer modulo
Diapositivas del primer modulo Diapositivas del primer modulo
Diapositivas del primer modulo
 
Empregabilidade para adolescentes
Empregabilidade para adolescentesEmpregabilidade para adolescentes
Empregabilidade para adolescentes
 
Memorias del jcv
Memorias del jcvMemorias del jcv
Memorias del jcv
 
Aula05 - cyrus imap
Aula05 -  cyrus imapAula05 -  cyrus imap
Aula05 - cyrus imap
 
Violencia policial
Violencia policialViolencia policial
Violencia policial
 
Fundamentos para Priorização da Primeira Infância
Fundamentos para Priorização da Primeira InfânciaFundamentos para Priorização da Primeira Infância
Fundamentos para Priorização da Primeira Infância
 
Logotipo
LogotipoLogotipo
Logotipo
 
Evidencias
EvidenciasEvidencias
Evidencias
 
Alcances de la Directiva de Seguridad de la Información administrada por los ...
Alcances de la Directiva de Seguridad de la Información administrada por los ...Alcances de la Directiva de Seguridad de la Información administrada por los ...
Alcances de la Directiva de Seguridad de la Información administrada por los ...
 
Iglesias de marinilla wilmer 8e
Iglesias de marinilla wilmer 8eIglesias de marinilla wilmer 8e
Iglesias de marinilla wilmer 8e
 
Age of Acquisition
Age of AcquisitionAge of Acquisition
Age of Acquisition
 
Soft Gelatin PS risk21-9
Soft Gelatin PS risk21-9Soft Gelatin PS risk21-9
Soft Gelatin PS risk21-9
 
The OpenNebula piece in the RDlab-UPC IT services Puzzle
The OpenNebula piece in the RDlab-UPC IT services PuzzleThe OpenNebula piece in the RDlab-UPC IT services Puzzle
The OpenNebula piece in the RDlab-UPC IT services Puzzle
 
Primp Your Profile - Recruiter Edition
Primp Your Profile - Recruiter EditionPrimp Your Profile - Recruiter Edition
Primp Your Profile - Recruiter Edition
 
Seminário: A Saúde na Política Municipal São Paulo Carinhosa - Atenção Básica
Seminário: A Saúde na Política Municipal São Paulo Carinhosa - Atenção BásicaSeminário: A Saúde na Política Municipal São Paulo Carinhosa - Atenção Básica
Seminário: A Saúde na Política Municipal São Paulo Carinhosa - Atenção Básica
 
2.1.2 CONTEÚDO 10 – O PRONOME DEMONSTRATIVO CONFORME SUA POSIÇÃO E EMPREGO NO...
2.1.2 CONTEÚDO 10 – O PRONOME DEMONSTRATIVO CONFORME SUA POSIÇÃO E EMPREGO NO...2.1.2 CONTEÚDO 10 – O PRONOME DEMONSTRATIVO CONFORME SUA POSIÇÃO E EMPREGO NO...
2.1.2 CONTEÚDO 10 – O PRONOME DEMONSTRATIVO CONFORME SUA POSIÇÃO E EMPREGO NO...
 
Senac trabalho - Governaça
Senac trabalho - GovernaçaSenac trabalho - Governaça
Senac trabalho - Governaça
 
Apuntes windows-nt
Apuntes windows-ntApuntes windows-nt
Apuntes windows-nt
 

Semelhante a RA Os povos africanos.

Shirlei Marly Alves: Fuga de negros em anúncios de jornal do século XVIII - O...
Shirlei Marly Alves: Fuga de negros em anúncios de jornal do século XVIII - O...Shirlei Marly Alves: Fuga de negros em anúncios de jornal do século XVIII - O...
Shirlei Marly Alves: Fuga de negros em anúncios de jornal do século XVIII - O...
Geraa Ufms
 
Lista de exercícios.pdf manoel
Lista de exercícios.pdf manoelLista de exercícios.pdf manoel
Lista de exercícios.pdf manoel
profnelton
 
2 prova das turmas de 2 ano gabarito
2 prova das turmas de 2 ano  gabarito2 prova das turmas de 2 ano  gabarito
2 prova das turmas de 2 ano gabarito
KellyCarvalho2011
 
Trabalho escravo 3º ano
Trabalho escravo 3º anoTrabalho escravo 3º ano
Trabalho escravo 3º ano
André Moraes
 
Escravidão: Outras Histórias
Escravidão: Outras HistóriasEscravidão: Outras Histórias
Escravidão: Outras Histórias
Carlos Glufke
 

Semelhante a RA Os povos africanos. (20)

África, América e Ásia antes dos europeus
África, América e Ásia antes dos europeusÁfrica, América e Ásia antes dos europeus
África, América e Ásia antes dos europeus
 
áFrica entre nós 06 08
áFrica entre nós 06 08áFrica entre nós 06 08
áFrica entre nós 06 08
 
Questões áfrica e civilizações pré colombianas
Questões áfrica e civilizações pré colombianasQuestões áfrica e civilizações pré colombianas
Questões áfrica e civilizações pré colombianas
 
Ancestrais
AncestraisAncestrais
Ancestrais
 
A escravidão e formas de resistência indígena e africana na América.pdf
A escravidão e formas de resistência indígena e africana na América.pdfA escravidão e formas de resistência indígena e africana na América.pdf
A escravidão e formas de resistência indígena e africana na América.pdf
 
Shirlei Marly Alves: Fuga de negros em anúncios de jornal do século XVIII - O...
Shirlei Marly Alves: Fuga de negros em anúncios de jornal do século XVIII - O...Shirlei Marly Alves: Fuga de negros em anúncios de jornal do século XVIII - O...
Shirlei Marly Alves: Fuga de negros em anúncios de jornal do século XVIII - O...
 
ESCRAVIDÃO NO BRASIL. AFRICANOS NO BRASIL
ESCRAVIDÃO NO BRASIL. AFRICANOS NO BRASILESCRAVIDÃO NO BRASIL. AFRICANOS NO BRASIL
ESCRAVIDÃO NO BRASIL. AFRICANOS NO BRASIL
 
Escravatura
EscravaturaEscravatura
Escravatura
 
Brasil síntese histórica
Brasil síntese históricaBrasil síntese histórica
Brasil síntese histórica
 
Lista de exercícios.pdf manoel
Lista de exercícios.pdf manoelLista de exercícios.pdf manoel
Lista de exercícios.pdf manoel
 
Trabalho de História Vanessa Alice e Leonardo
Trabalho de História Vanessa Alice e LeonardoTrabalho de História Vanessa Alice e Leonardo
Trabalho de História Vanessa Alice e Leonardo
 
Matrizes culturais iii
Matrizes culturais iiiMatrizes culturais iii
Matrizes culturais iii
 
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA - 8º ANO 2024.pptx
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA - 8º ANO 2024.pptxAVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA - 8º ANO 2024.pptx
AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA - 8º ANO 2024.pptx
 
2 prova das turmas de 2 ano gabarito
2 prova das turmas de 2 ano  gabarito2 prova das turmas de 2 ano  gabarito
2 prova das turmas de 2 ano gabarito
 
Prova de historia 1 ano 3bimestree
Prova de historia 1 ano 3bimestreeProva de historia 1 ano 3bimestree
Prova de historia 1 ano 3bimestree
 
Conhecendo o Continente Africano e sua Influência no Brasil - Prof. Marilda
Conhecendo o Continente Africano e sua Influência no Brasil - Prof. MarildaConhecendo o Continente Africano e sua Influência no Brasil - Prof. Marilda
Conhecendo o Continente Africano e sua Influência no Brasil - Prof. Marilda
 
Trabalho escravo 3º ano
Trabalho escravo 3º anoTrabalho escravo 3º ano
Trabalho escravo 3º ano
 
Escravidão: Outras Histórias
Escravidão: Outras HistóriasEscravidão: Outras Histórias
Escravidão: Outras Histórias
 
Matéria lecionada história fundamental. tudo
Matéria lecionada história fundamental. tudoMatéria lecionada história fundamental. tudo
Matéria lecionada história fundamental. tudo
 
áFrica contexto histórico-social e aspectos gerais da atualidade
áFrica   contexto histórico-social e aspectos gerais da atualidadeáFrica   contexto histórico-social e aspectos gerais da atualidade
áFrica contexto histórico-social e aspectos gerais da atualidade
 

RA Os povos africanos.

  • 1. EIXO TEMÁTICO I: HISTÓRIAS DE VIDA, DIVERSIDADE POPULACIONAL E MIGRAÇÕES Tema 1: Histórias de vida, diversidade populacional (étnica, cultural, regional e social) e migrações locais, regionais e intercontinentais Subtema 1: Diversidade populacional e migrações em Minas Gerais Tópico 4: Os povos africanos Objetivos: Problematizar a existência da escravidão na África antes da expansão marítima européia Estabelecer diferenças entre o tipo de escravidão existente na África e o tipo implantado na América portuguesa Providências para a realização da atividade: Sugere-se que a turma seja dividida em 10 grupos diferentes e que cada um deles receba um trecho e prepare-se para a discussão em sala. O professor poderá colocar no quadro as seguintes afirmativas para iniciar a discussão: Construiu-se, no mundo ocidental, a fantasia de que os negros, essencialmente bons, haviam caído, desde o século XV, nas garras cruéis dos brancos, essencialmente maus. RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 65. A África conheceu a guerra, a estratificação social, a escravidão, a moeda e a tortura muito antes de os europeus aparecerem por lá. Em verdade, achar que não havia exploração do homem pelo homem na África, antes da chegada dos europeus, é considerar que os africanos eram seres inferiores. RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 65. A demanda por mais escravos instituía ou exacerbava as contradições internas africanas. FRAGOSO, João e FLORENTINO, MANOLO. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Diadorim, 1993. p. 55-56. Após o debate, o professor precisa solicitar aos alunos que redijam um parágrafo sobre o tema tratado. Pré-requisitos: Sugere-se que a atividade seja realizada como parte da Orientação pedagógica desse tópico Descrição dos procedimentos: Texto 1: “(...) cabe lembrar que é quase impossível falar da África no singular, de „uma‟ só África no Brasil: são muitas as origens, as trajetórias, as culturas. A própria noção de „africano‟ não existia entre os escravos até o século XIX. A identidade de cada povo, que o mundo escravocrata dissolvia, ainda assim prevalecia sobre a idéia da identidade africana, da África como terra de todos. Esta só se desenvolveria na própria África nos séculos XIX e XX, a partir das lutas de independência [no século XX].” LIMA, Mônica. A África na sala de aula. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 85. Texto 2: A escravização existia na África desde tempos imemoriais. Era uma realidade instituicional, não somente exercida na prática, mas sancionada pelas leis e pelos costumes. Nos impérios do Mali e do Gao, escravos estabelecidos em colônias agrícolas cuidavam das grandes propriedades dos príncipes e dos ulemás, grupo islâmico da região de Gabu, oeste da África. Esses escravos, em toda a África, eram obtidos pelos mais diversos meios, do seqüestro à guerra dirigida especificamente para caçar e capturar gente, cativos que eram conduzidos a pé pelas estradas, amarrados uns aos outros pelo pescoço RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 63.
  • 2. Texto 3: Muito antes de europeus colocarem o pé no continente africano, havia escravos no Reino do Congo. A estratificação social do reino, por sinal, era de uma nitidez absoluta. Havia a aristocracia, um segmento intermediário de homens livres e a massa escrava. A aristocracia formava uma casta, desde que seus membros eram impedidos de se casar com plebeus. A parte pesada dos trabalhos agrícolas recaía, evidentemente, sobre os escravos. RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 63. Texto 4: Os africanos não foram apenas envolvidos pelo tráfico de escravos. Eles também se envolveram ativamente no grande comércio transatlântico. Isto é: uns foram vítimas, outros foram agentes do tráfico. Eram os próprios africanos que controlavam as fontes de fornecimento de escravos negros. Agiam como intermediários e traficantes, carreando corpos para as embarcações européias. RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 64. A partir do século XV, com a expansão marítima européia, a história africana mudaria profundamente. Em 350 anos a África forneceria cerca de 12 milhões de escravos para a América, dos quais 4 a 5 milhões para o Brasil, no maior deslocamento forçado de população ocorrido na história da humanidade. RIBEIRO, Marcus Venicio. Uma história em que entrem todos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 85. Texto 5: Nos séculos XVIII e XIX, o tráfico foi uma relação direta entre baianos e africanos, assim como entre cariocas e angolanos, vinculando, particularmente, a cidade da Bahia (Salvador) e o Reino de Daomé. Era uma relação altamente lucrativa para ambas as partes. A Bahia comprava os escravos porque necessitava deles para funcionar. E o tráfico, em si mesmo, era um grande negócio, exigindo investimentos pesados e gerando lucros imensos. RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 63. Texto 6: Na África, o tráfico gerou riquezas, incrementou divisões sociais preexistentes, consolidou formações estatais. Os reis do antigo Daomé e a classe dominante dos grupos nagôs ou iorubas disputaram entre si o monopólio da exportação de escravos para o Brasil, despachando até diversas embaixadas oficiais à Bahia e a Portugal para tratar do assunto. (...) De 1750 a 1811 foram enviadas à Bahia pelo menos quatro embaixadas do Daomé, duas de Onim (Lagos, Nigéria) e uma de Ardra (Porto Novo, Daomé). Seu objetivo, de um modo mais geral, era estreitar relações comerciais com o Brasil. RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 65. Texto 7: É evidente que o objetivo das revoltas escravas no Brasil era se livrar do sistema econômico e social da escravidão. Mas – e isto é que é da mais funda importância – sempre em termos restritos, singulares. O sujeito não queria de modo algum ser escravizado por alguém, mas jamais hesitaria em fazer de alguém escravo seu. Triste ou lamentável, esta era a realidade. Foi o que predominou no Brasil, pelo menos até à primeira metade do século XIX. Havia escravos até em Palmares. Os palmarinos não abriam mão de contar com seus cativos. A documentação disponível fala da existência de homens que, seqüestrados em investidas de guerrilheiros palmarinos, eram levados para os arraiais rebeldes, passando a trabalhar como escravos nas plantações. RISÉRIO, Antonio. Escravos de escravos. In: Nossa história. Ano 1, nº 4, fev. 2004. p. 65. Texto 8: Os primeiros abolicionistas insistiam [fins do século XVIII], com razão, na crueldade inerente às atividades dos traficantes euro- americanos, esmerando-se na descrição das desumanas condições do apresamento e venda dos negros, além da tragédia em que se havia convertido a travessia oceânica. Sucessivamente foram sendo produzidas e consumidas pela opinião pública, sobretudo da Inglaterra, imagens que negavam ou, mais comumente, silenciavam acerca da participação dos africanos no tráfico. Pouco a pouco tomou forma o ideário do „bom selvagem‟, vítima de uma epopéia sádica. Já no século XX, o ideal do africano como agente passivo na história de suas relações com o „mundo branco‟ ganhou terreno entre os nacionalistas africanos que lutavam pela independência. Os nacionalistas insistiam na idéia de que somente a partir da chegada dos cristãos é que os africanos teriam conhecido algumas de suas mais contundentes desgraças. FRAGOSO, João e FLORENTINO, MANOLO. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Diadorim, 1993. p. 46-47.
  • 3. Texto 9: (...) a segunda dimensão estrutural do tráfico na África refere-se à utilização de parte cada vez maior dos escravos produzidos através da guerra dentro do próprio continente africano. Também aqui não é gratuito que as pesquisas mais recentes apontem a maior incidência de relações escravistas de produção entre os grandes Estados pré-coloniais. Ressalte-se que não se tratava apenas de incrementar relações escravistas, mas também de modificar a própria natureza da escravidão pré-existente, que perdia sua feição tradicionalmente doméstica para tornar-se uma escravidão cada vez mais mercantil. FRAGOSO, João e FLORENTINO, MANOLO. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Diadorim, 1993. p. 60. Texto 10: A produção social do escravo permite compreender o segredo dos baixos preços do cativo. Entende-se por produção social do escravo a soma dos gastos, em horas-trabalho, necessários à produção e manutenção do homem desde o seu nascimento até o instante em que ele se transforma em escravo. É seu grupo familiar e sua comunidade, quem efetivamente o produz. Antes de ser capturado, o indivíduo é criado graças a muito trabalho realizado por sua comunidade (ele foi alimentado, abrigado, protegido, vestido...) Ora, como a violência (guerra, rapto, captura) é o meio fundamental por meio do qual o homem é retirado de sua comunidade e escravizado, o custo social de sua produção é apropriado e jamais será pago. Por isso pode-se afirmar que não existe uma correspondência entre o valor do homem escravizado e sua troca por mosquetões, fardos de têxteis, barris de aguardente. A violência que transforma o homem em escravo determinava os baixos preços do cativo na América. FRAGOSO, João e FLORENTINO, MANOLO. O arcaísmo como projeto: mercado atlântico, sociedade agrária e elite mercantil no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Diadorim, 1993. p. 46-47. Possíveis dificuldades: Alguns trechos podem apresentar mais dificuldade para os alunos; o professor precisará discuti-lo no pequeno grupo antes de realizar o seminário Alerta para riscos: Não há Glossário: Imagem: Como outros monarcas africanos, Adandozan, rei do Daomé, rodeado de concubinas na gravura do século XVIII, era um importante fornecedor de escravos para traficantes europeus e brasileiros. Roteiro de Atividade: Seminário sobre a escravidão na África e o tráfico negreiro Currículo Básico Comum - História Ensino Fundamental Autor(a): Laura Nogueira Oliveira Centro de Referência Virtual do Professor - SEE-MG/2007