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Tropicalismo &
Poesia Marginal
60’ & 70’
Claudia Ten Caten & Dérik Leonhardt Neske
Tropicalismo, Tropicália,
Movimento Tropicalista
O movimento tropicalista foi
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brasileiro que surgiu sob a
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Linhas gerais: EUA ( Anos 1960/70
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criatividade espontânea, contra as
convenções sociais
Desbunde: liberdade irrestrita,
descompromisso, sexo e drogas
Principais representantes: Charles
Bukowski, Jack Kerouak e Allen
Ginsberg
Características
Rompe com a música protesto (engajada);
Descompromisso com os estilos e modismos,
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Traça uma alegoria dos contrastes do Brasil;
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de Andrade (antropofagia)
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“Só me interessa o que
não é meu. Lei do
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Oswald deAndrade
Dessa forma, propunham a
devoração e a deglutição de todo e
qualquer tipo de cultura, desde as
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“Com humor, irreverência, atitudes rebeldes e
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QUARESMA, 2011, p. 13
Tropicália
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As letras das canções eram
inovadoras, criando jogos de
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Os diálogos com as obras literárias
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Alegria,
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As canções compunham um quadro crítico e complexo
do país – uma conjunção do Brasil arcaico e das suas
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Realidade urbana, múltipla e fragmentária, onde predominam
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Referências da cultura “pop”: Coca-cola, Brigite
Bardot, televisão, cardinale (Claudia
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O arranjo com guitarras elétricas foi fortemente
influenciado pelo trabalho dos Beatles
Poesia
Marginal ou
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Mimeógrafo
Desbunde poético
Fenômeno da década de
1970, a geração
mimeógrafo reuniu jovens
poetas que produziram à
margem do sistema
editorial brasileiro e
deixaram como legado
uma maneira mais livre,
leve e solta de escrever,
agir artisticamente e viver.
Características
A Poesia Marginal foi um movimento cultural
importante para uma geração que buscou
através da Literatura uma atuação cultural
distante dos da Academia e indiferente à crítica
literária.
Tendência à coloquialidade (oralidade),
espontaneidade, experimentação,
humor, paródia e representação do
cotidiano urbano, crítica ao
conservadorismo.
Recusa de modelos literários, de
forma que não se “encaixam” em
nenhuma escola ou tradição
literária.
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BuarquedeHollanda
“Modéstia à parte
Exagerado em matéria de ironia e em
matéria de matéria moderado”
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“Assim também, há uma poesia que desce agora da torre do
prestígio literário e aparece com uma atuação que,
restabelecendo o elo entre poesia e vida, restabelece o nexo
entre poesia e público”.
“Era uma poesia aparentemente light e bem-humorada,
mas cujo tema principal era grave: o ethos de uma geração
traumatizada pelos limites impostos a sua experiência
social e pelo cerceamento de suas possibilidades de
expressão e informação através da censura e do estado de
exceção institucional no qual o país se encontrava.”
Paulo Leminski
(1944-1989)
Marginal é quem escreve à margem,
deixando branca a página
para que a paisagem passe
e deixe tudo claro à sua passagem.
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entrelinha,
sem nunca saber direito
quem veio primeiro,
o ovo ou a galinha.
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Lar doce lar
Minha pátria é minha infância:
por isso vivo no exílio.
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daria no fim dependendo da ideia que se
fizesse de começo
e depois – pra ilustrar – saiu dançando um
foxtrote
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dissolva os sonhos eróticos
nos dois litros de sangue fervido
e deixe gelar seu coração
leve a mistura ao fogo
adicionando dois conflitos de gerações
às esperanças perdidas
corte tudo em pedacinhos
e repita com as canções dos beatles
o mesmo processo usado com os sonhos
eróticos mas desta vez deixe ferver um
pouco mais e mexa até dissolver
parte do sangue pode ser substituído
por suco de groselha
mas os resultados não serão os mesmos
sirva o poema simples ou com ilusões.
Chacal(1951)
Charles(1948)
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que eu vou dançar
até o sapato pedir pra parar
aí eu paro, tiro o sapato
e danço o resto da vida.
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e mato um.
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(1938)
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trabalham.
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lava-se nas águas de um esgoto.
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hoje já não me maltrado
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1972)
D’engenho de dentro ( Excertos)
[...]
7/4/71
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faca mas dão gilete pra se fazer a barba.
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tenho que pedir porque senão acaba. Pode me dar as
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AnaCristinaCesar
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Arpejos
[...]
2 Ontem na recepção virei inadvertidamente
a cabeça contra o beijo de saudação de
Antônia. Senti na nuca o bafo do susto. Não
havia como desfazer o engano. Sorrimos o
resto da noite. Falo o tempo todo em mim.
Não deixo Antônia abrir sua boca de lagarta
beijando para sempre o ar. Na saída nos
beijamos de acordo, dos dois lados. Aguardo
crise aguda de remorsos.
Referências
AMBRÓSIO, Cris. Blog da BBM. Raridades da poesia marginal. Disponível em:
<https://blog.bbm.usp.br/2017/raridades-da-poesia-marginal/> . Acesso em 05 out. 2019.
CORREA, Priscila Gomes. O crítico e a Tropicália. Contemporâneos Revista de Artes e
Humanidade, n.3, São Paulo 2009.
HOLANDA, Heloísa Buarque (Org.). 26 poetas hoje. 6º ed. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora,
2007.
JÚNIOR, Luiz Guilherme dos Santos. Uma revisão crítica da Poesia Marginal Brasileira. Revista
Estação Literária, V.12. Londrina-PR,2014.
MATOSO, Glauco. O que é poesia marginal? São Paulo: Editora Brasiliense, 1982. Disponível em:
< https://www.slideshare.net/monefontes/o-que-poesia-marginal?qid=2eca03e0-ce98-
43f7-9832-6f0ada5f406c&v=&b=&from_search=1> . Acesso em 04 out. 2019.
MEDEIROS, Manuela Quadra. Diálogos antropofágicos: Poesia Concreta e Tropicalismo.
Disponível em: <
http://letrasportugues.grad.ufsc.br/files/2012/06/TCC_MANUELA_QUADRA_DE_MEDEIROS_VE
RSAO_FINAL_2012.pdf>. Acesso em 10 0ut. 2019.
PASCOAL, Raíssa. Blog de Leitura. Ana Cristina César: a poesia marginal no centro das
atenções. Disponível em: < https://novaescola.org.br/conteudo/4514/ana-cristina-cesar-a-
poesia-marginal-no-centro-das-atenções> . Acesso em 05 out. 2019.
PEREZ, Luana Castro Alves. Poesia Marginal. Disponível em:
http://português.uol.com.br/literatura/poesia-marginal.html. Acesso em 07 out. 2019
POOTZ, Angela Karina Shulz et al. Poesias pós-modernas: poesia marginal e
tropicalismo. Revista Ensaio, vol. 1, nº 1, 2017. Disponível em:
<http://saber.unioeste.br/index.php/ensaio/article/view/18446>. Acesso em 04
out. 2019.
SANTOS, Marcio Renato. BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ. Geração
Mimeógrafo: desbunde poético. Disponível em:
<http://www.candido.bpp.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=938>. Acesso em 10
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Poesia marginal e tropicalismo

  • 1. Tropicalismo & Poesia Marginal 60’ & 70’ Claudia Ten Caten & Dérik Leonhardt Neske
  • 2. Tropicalismo, Tropicália, Movimento Tropicalista O movimento tropicalista foi um movimento cultural brasileiro que surgiu sob a influência das correntes artísticas da vanguarda e da cultura pop, misturando manifestações tradicionais da cultura brasileira à inovações estéticas.
  • 3. Contexto Histórico no Mundo Guerra Fria, Muro de Berlim (polarização ideológica) Revolução Cubana (revolução socialista) Revolução Sexual (pílula) Martin Luther King (direito civis) Feminismo “Bra Burnign” Chegada do homem à Lua Guerra do Vietnã
  • 4. Contexto Histórico No Brasil: Golpe Militar de 1964: Repressão e tortura Brasília: nova capital Greves operárias e manifestações estudantis Ato Institucional nº 5 (AI-5): fechamento do Congresso
  • 5. No Brasil Clima de agitação cultural Cinema Novo (Glauber Rocha) Explosão da Era do Rádio (Radio Nacional do Rio de Janeiro) Nascimento da televisão e dos Festivais de Música Contracultura ou beat generation
  • 6. Contracultura /Beat generation Linhas gerais: EUA ( Anos 1960/70 ); estilo de vida nômade; caráter existencial Ideário beat: inconformismo, criatividade espontânea, contra as convenções sociais Desbunde: liberdade irrestrita, descompromisso, sexo e drogas Principais representantes: Charles Bukowski, Jack Kerouak e Allen Ginsberg
  • 7. Características Rompe com a música protesto (engajada); Descompromisso com os estilos e modismos, com as coisas feitas e esgotadas; Traça uma alegoria dos contrastes do Brasil; Adaptação das contribuições da contracultura; Influência da poesia concreta e de Oswald de Andrade (antropofagia)
  • 8. Resgate antropofágico “Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.” Oswald deAndrade Dessa forma, propunham a devoração e a deglutição de todo e qualquer tipo de cultura, desde as guitarras elétricas dos Beatles até a Bossa Nova de João Gilberto e o “nordestinismo” de Luiz Gonzaga “Com humor, irreverência, atitudes rebeldes e anarquistas, os tropicalistas procuravam combater o nacionalismo ingênuo que dominava o cenário brasileiro, retomando o ideário e as propostas do Movimento Antropofágico de Oswald de Andrade” QUARESMA, 2011, p. 13
  • 9. Tropicália e o Concretismo As letras das canções eram inovadoras, criando jogos de linguagem, se aproximando da poesia dos concretistas. Os diálogos com as obras literárias como as de Oswald de Andrade ou dos poetas concretistas elevaram algumas composições tropicalistas ao status de poesia.
  • 10. Nascemorre – Haroldo de Campos Relance – Caetano Veloso – Pedro Novis
  • 11. Alegria, Alegria As canções compunham um quadro crítico e complexo do país – uma conjunção do Brasil arcaico e das suas tradições, do Brasil moderno e sua cultura de massa. “Caminhando contra o vento” , contra a repressão e a ditadura. “Sem lenço, sem documento” , com coragem. Caetano incluiu uma citação do livro As Palavras, de Jean-Paul Sartre: "nada nos bolsos e nada nas mãos“ Realidade urbana, múltipla e fragmentária, onde predominam substantivos: crimes, espaçonaves, guerrilhas, caras de presidentes, beijos, dentes, pernas, bandeiras, bomba, casamento. Referências da cultura “pop”: Coca-cola, Brigite Bardot, televisão, cardinale (Claudia Cardinale), capas de revista O arranjo com guitarras elétricas foi fortemente influenciado pelo trabalho dos Beatles
  • 12. Poesia Marginal ou Geração Mimeógrafo Desbunde poético Fenômeno da década de 1970, a geração mimeógrafo reuniu jovens poetas que produziram à margem do sistema editorial brasileiro e deixaram como legado uma maneira mais livre, leve e solta de escrever, agir artisticamente e viver.
  • 13. Características A Poesia Marginal foi um movimento cultural importante para uma geração que buscou através da Literatura uma atuação cultural distante dos da Academia e indiferente à crítica literária. Tendência à coloquialidade (oralidade), espontaneidade, experimentação, humor, paródia e representação do cotidiano urbano, crítica ao conservadorismo. Recusa de modelos literários, de forma que não se “encaixam” em nenhuma escola ou tradição literária.
  • 14. 26PoetasHoje Org.Heloisa BuarquedeHollanda “Modéstia à parte Exagerado em matéria de ironia e em matéria de matéria moderado” Cacaso “Assim também, há uma poesia que desce agora da torre do prestígio literário e aparece com uma atuação que, restabelecendo o elo entre poesia e vida, restabelece o nexo entre poesia e público”. “Era uma poesia aparentemente light e bem-humorada, mas cujo tema principal era grave: o ethos de uma geração traumatizada pelos limites impostos a sua experiência social e pelo cerceamento de suas possibilidades de expressão e informação através da censura e do estado de exceção institucional no qual o país se encontrava.”
  • 15. Paulo Leminski (1944-1989) Marginal é quem escreve à margem, deixando branca a página para que a paisagem passe e deixe tudo claro à sua passagem. Marginal, escrever na entrelinha, sem nunca saber direito quem veio primeiro, o ovo ou a galinha.
  • 16. Cacaso(1944-1987) Lar doce lar Minha pátria é minha infância: por isso vivo no exílio. Vida e obra Você sabe o que Kant dizia? Que se tudo desse certo no meio também daria no fim dependendo da ideia que se fizesse de começo e depois – pra ilustrar – saiu dançando um foxtrote
  • 17. NicolasBehr1958 Receita Ingredientes: 2 conflitos de gerações 4 esperanças perdidas 3 litros de sangue fervido 5 sonhos eróticos 2 canções dos beatles Modo de preparar dissolva os sonhos eróticos nos dois litros de sangue fervido e deixe gelar seu coração leve a mistura ao fogo adicionando dois conflitos de gerações às esperanças perdidas corte tudo em pedacinhos e repita com as canções dos beatles o mesmo processo usado com os sonhos eróticos mas desta vez deixe ferver um pouco mais e mexa até dissolver parte do sangue pode ser substituído por suco de groselha mas os resultados não serão os mesmos sirva o poema simples ou com ilusões.
  • 18. Chacal(1951) Charles(1948) Rápido e rasteiro Vai ter uma festa que eu vou dançar até o sapato pedir pra parar aí eu paro, tiro o sapato e danço o resto da vida. Drama Familiar Mais um berro histérico e mato um.
  • 19. FranciscoAlvim (1938) CENA DE OBRA Sob um céu de rapina operários trabalham. Um deles, um negro, o serviço acabado lava-se nas águas de um esgoto. Revolução Antes da revolução eu era professor Com ela veio a demissão da Universidade Passei a cobrar posições, de mim e dos outros, (meus pais eram marxistas) Melhorei nisso – hoje já não me maltrado Nem a ninguém.
  • 20. TorquatoNeto(1944- 1972) D’engenho de dentro ( Excertos) [...] 7/4/71 – Foi um caminhão que passou. bateu na minha cabeça. aqui. isso aqui é péssimo, não me lembro de nada. – Eles não deixam ninguém ficar em paz aqui dentro. são bestas. Não deixam a gente cortar a carne com faca mas dão gilete pra se fazer a barba. – Pode me dar um cigarro? eu só tenho um maço, eu tenho que pedir porque senão acaba. Pode me dar as vinte.
  • 21. AnaCristinaCesar 1952-1983 Arpejos [...] 2 Ontem na recepção virei inadvertidamente a cabeça contra o beijo de saudação de Antônia. Senti na nuca o bafo do susto. Não havia como desfazer o engano. Sorrimos o resto da noite. Falo o tempo todo em mim. Não deixo Antônia abrir sua boca de lagarta beijando para sempre o ar. Na saída nos beijamos de acordo, dos dois lados. Aguardo crise aguda de remorsos.
  • 22. Referências AMBRÓSIO, Cris. Blog da BBM. Raridades da poesia marginal. Disponível em: <https://blog.bbm.usp.br/2017/raridades-da-poesia-marginal/> . Acesso em 05 out. 2019. CORREA, Priscila Gomes. O crítico e a Tropicália. Contemporâneos Revista de Artes e Humanidade, n.3, São Paulo 2009. HOLANDA, Heloísa Buarque (Org.). 26 poetas hoje. 6º ed. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora, 2007. JÚNIOR, Luiz Guilherme dos Santos. Uma revisão crítica da Poesia Marginal Brasileira. Revista Estação Literária, V.12. Londrina-PR,2014. MATOSO, Glauco. O que é poesia marginal? São Paulo: Editora Brasiliense, 1982. Disponível em: < https://www.slideshare.net/monefontes/o-que-poesia-marginal?qid=2eca03e0-ce98- 43f7-9832-6f0ada5f406c&v=&b=&from_search=1> . Acesso em 04 out. 2019. MEDEIROS, Manuela Quadra. Diálogos antropofágicos: Poesia Concreta e Tropicalismo. Disponível em: < http://letrasportugues.grad.ufsc.br/files/2012/06/TCC_MANUELA_QUADRA_DE_MEDEIROS_VE RSAO_FINAL_2012.pdf>. Acesso em 10 0ut. 2019.
  • 23. PASCOAL, Raíssa. Blog de Leitura. Ana Cristina César: a poesia marginal no centro das atenções. Disponível em: < https://novaescola.org.br/conteudo/4514/ana-cristina-cesar-a- poesia-marginal-no-centro-das-atenções> . Acesso em 05 out. 2019. PEREZ, Luana Castro Alves. Poesia Marginal. Disponível em: http://português.uol.com.br/literatura/poesia-marginal.html. Acesso em 07 out. 2019 POOTZ, Angela Karina Shulz et al. Poesias pós-modernas: poesia marginal e tropicalismo. Revista Ensaio, vol. 1, nº 1, 2017. Disponível em: <http://saber.unioeste.br/index.php/ensaio/article/view/18446>. Acesso em 04 out. 2019. SANTOS, Marcio Renato. BIBLIOTECA PÚBLICA DO PARANÁ. Geração Mimeógrafo: desbunde poético. Disponível em: <http://www.candido.bpp.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=938>. Acesso em 10 out. 2019.