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Avaliação do Nível de Serviço Logístico e Influências da Forma de Distribuição, do Tipo
de Produto, da Origem do Capital e do Tamanho da Empresa
Autoria: Marcus Vinicius de Souza Silva Oliveira
Resumo
O estudo da prestação de serviços logísticos em grandes empresas industriais brasileiras é
tema pouco explorado em pesquisas empíricas. Este artigo se propõe a apresentar como os
profissionais de logística avaliam o serviço oferecido por suas empresas aos seus clientes,
além de identificar e analisar como o tipo de produto, a forma de distribuição, o tamanho da
empresa e a origem do capital influenciam nesta avaliação. Para tal, foram utilizados
questionários respondidos por telefone e por meio eletrônico (e-mail). Os dados foram
analisados mediante utilização de técnicas estatísticas (testes de confiabilidade, estatísticas
descritivas e testes de diferenças entre médias). O estudo evidenciou que, de uma maneira
geral, os respondentes avaliam o nível de serviço logístico das suas empresas de maneira
satisfatória e os elementos analisados não influenciaram as médias dos atributos do serviço
logístico.
1 Introdução
Em anos recentes, o acirramento da competição entre as empresas e o maior grau de
exigência por parte dos consumidores fizeram com que as empresas se preocupassem em
prestar um melhor atendimento aos clientes.
Por sua vez, a logística era percebida como um conjunto de atividades cotidianas e
operacionais, técnicas por natureza, capaz apenas de viabilizar o fluxo eficiente de matérias-
primas para a unidade de processamento (logística de suprimentos) e desta para os clientes
finais (logística de distribuição). Desta forma, a logística de suprimento e a de distribuição
eram só mais um meio de garantir a eficiência e racionalidade na utilização dos recursos
disponíveis. Não havia, em conseqüência, maiores questões estratégicas e estruturais a serem
consideradas (FLEURY, LAVALLE, 1995; STOCK, GREIS, KASARDA, 1999).
Com a mudança gerada pela consideração atual da logística como uma atividade de
caráter estratégico para as empresas, a prestação de serviços logísticos aos clientes se tornou
um elemento crítico detentor de atenção especial capaz de criar valor (RUTNER, LANGLEY
JR, 2000; VEEKEN, RUTTEN, 1998; LANGLEY JR, HOLCOMB, 1992), além de manter
ou gerar vantagem competitiva sustentável (LAMBERT, HARRINGTON, 1989;
DAUGHERTY, STANK, ELLINGER, 1998).
A oferta ao cliente de níveis adequados de serviço logístico é uma questão estratégica
que deve ser considerado, pois reflete na manutenção dos clientes já existentes e conquista de
outros (TREZ; LUCE, 2001).
A literatura a respeito da importância dos serviços logísticos é extensa (LAMBERT,
STOCK, 1993; HESKETT, 1994; LALONDE, COOPER, NOORDEWIER, 1998;
LAMBERT, HARRIGTON, 1989; STERLING, LAMBERT, 1987). A maioria dos autores
preconiza a idéia de que é importante para a empresa disponibilizar um pacote de serviços
logísticos que sejam adequados às necessidades de seus clientes. Desta forma, é importante
mensurar o nível de serviços que irá proporcionar a satisfação dos clientes e
conseqüentemente contribuir para melhorar o retorno financeiro aos acionistas (LAMBERT,
COOPER, PAGH, 1998).
Por outro lado, vários fatores podem influenciar o nível de serviço logístico. Neste
trabalho, destacou-se a forma como os produtos são distribuídos (pela própria empresa ou de
maneira terceirizada), o tipo de produto distribuído (produtos de consumo ou industriais), o
tamanho e a origem do capital da empresa.
2
Diante do exposto, esta pesquisa pretende responder a duas grandes questões:
• Como os profissionais de logística avaliam o serviço logístico oferecido por suas
empresas aos seus clientes?
• Como o tipo de produto, sua forma de distribuição, além do tamanho e origem
do capital da empresa influenciam a avaliação do nível de serviço logístico?
O objetivo do artigo é, portanto, avaliar a influência do tipo de produto, da forma de
distribuição, da origem do capital e do tamanho da empresa nas médias dos atributos do
serviço logístico.
Inicialmente, será realizada uma fundamentação teórica a respeito dos temas que serão
analisados, quais sejam: serviços ao cliente, serviços logísticos, nível de serviço logístico,
tipologia de produtos, tamanho da empresa e origem do capital. Em seguida, os
procedimentos metodológicos serão expostos, seguido das análises e conclusões.
2 Fundamentação teórica
2.1 Serviços ao cliente
Os serviços oferecidos aos clientes vêm sendo matéria de estudos que os associam ao
desempenho competitivo das empresas (BOWEN, SIEHL, SCHNEIDER, 1989;
GRÖNROOS, 1993; HESKETT, SASSER, SCHLESINGER, 1997; INNIS, LALOND,
1994). Muito embora estes estudos, em sua maioria, tratem da relação entre serviços
oferecidos pelo fornecedor (varejista) ao cliente final, eles podem oferecer parâmetros para a
construção do entendimento desta associação entre fornecedor, cliente (indústria) e cliente
final (indústria ou consumidor).
Serviços podem ser interpretados como um conjunto de atividades interativas com os
consumidores, independentes da maneira em que são estabelecidos (face a face, postal, via
Internet etc.) tendo os objetivos finais de eficiência e satisfação do consumidor
(LOVELOCK, 1994). Os serviços podem ser visualizados como ferramentas que podem
auxiliar as empresas na satisfação dos clientes, ajustando-se às suas necessidades (KOTLER,
2000).
Serviços ao cliente podem ainda ser interpretados como ferramentas de atração e
manutenção de clientes (BOLTON, LEMON, 1999) ou, sob uma ótica financeira, como um
fator de alavancagem da rentabilidade da empresa mediante a maximização das vendas e dos
lucros (BERMAN, EVANS, 1995; VAVRA, PRUDEN, 1998).
Alguns autores destacam a importância dos serviços ao cliente para o desempenho
empresarial (BOWEN, SIEHL, SCHNEIDER, 1984; GRÖNROOS, 1993, HESKETT,
SASSER, SCHLESINGER, 1997). Innis e Lalonde (1994) concluíram que, de uma maneira
geral, a excelência na prestação do serviço pode contribuir para o aumento do nível de
satisfação, a atitude em relação à empresa e a intenção de recompra dos clientes.
Diante dos aspectos apresentados e considerando que o serviço logístico é um
componente dos serviços ao cliente abordar-se-á o tema “serviços logísticos” na próxima
seção.
2.2 Serviços logísticos
O nível de serviço alcançado pela logística empresarial pode proporcionar às empresas
boas oportunidades para desenvolvimento e diferenciação de seus produtos e serviços.
O serviço logístico ao cliente é a oferta consistente de utilidade no tempo e lugar
(CHRISTOPHER, 1992), representa o produto do sistema logístico e é o componente de
“praça” do composto de marketing (LAMBERT, STOCK, 1993). A relação de serviço
3
logístico com a velocidade e confiabilidade foi estabelecida por Heskett (1994); e seu objetivo
final de fornecer benefícios significativos de valor agregado à cadeia de suprimentos, de
maneira eficiente em termos de custos, é apregoado por LaLonde, Cooper e Noordewier
(1988).
O serviço logístico pode ser interpretado como uma forma de criação de valor por meio
das atividades logísticas (RUTNER, LANGLEY JR., 2000; VEEKEN, RUTTEN, 1998;
LANGLEY JR., HOLCOMB, 1992) ou como uma maneira manter ou gerar vantagens
competitivas sustentáveis (LAMBERT, HARRINGTON, 1989; DAUGHERTY, STANK,
ELLINGER, 1998).
A criação de valor, nas atividades logísticas, é entendida pelos componentes de tempo e
lugar (BALLOU, 2001, p. 27; CHRISTOPHER, 1992) e gerada por meio da disponibilidade,
acurácia e consistência na entrega dos produtos (LALONDE, COOPER, NOODERWEIER,
1998). Desta forma, o serviço logístico, antes uma atividade primordialmente ligada ao
marketing, passa a ser também um objetivo da logística, evidenciando seu caráter
compartilhado. Ele tornou-se um componente chave da logística empresarial (RUTNER,
LANGLEY JR., 2000, p. 75) e alta prioridade poderia ser assumida pelos serviços mediante
desenvolvimento das atividades de Marketing e Logística (LANGLEY JR., HOLCOMB,
1992, p. 12).
Por outro lado, os serviços logísticos ao cliente podem representar ainda parte do
resultado do sistema logístico empresarial e uma oportunidade significativa para alcançar
vantagem competitiva sustentável (LAMBERT, HARRIGTON, 1989, p.44). Sob esta ótica,
Sterling e Lambert (1987) argumentam que o serviço logístico é um componente integral e
necessário do mix de marketing, oferecendo às organizações a oportunidade de desenvolver
um diferencial competitivo sustentável. Representa, na maioria dos casos, a última etapa do
sistema logístico de uma empresa e uma oportunidade significativa de obter vantagem
competitiva sustentável (LAMBERT, HARRINGTON, 1989, p. 44) e reter clientes
(DAUGHERTY, STANK, ELLINGER, 1998, p. 35).
Normalmente o nível de serviço logístico configura-se por meio de atributos, os quais
serão abordados na próxima seção.
2.3 Nível de serviço logístico (NSL)
Os serviços logísticos podem ser melhor entendidos por meio de sua desagregação em
atributos específicos, tais como: disponibilidade, flexibilidade, confiabilidade, consistência,
tempo do ciclo do pedido, entre outros. Estudos como os de Harding (1998), Lambert e
Sterling (1987), Lambert e Harrigton (1989), Mentzer, Flint e Kent (1999), Fleury e Lavalle
(2000), Figueiredo et al (2000a, 2000b), La Londe, Cooper e Noordwier (1988), Bowersox e
Cooper (1992) utilizaram esses atributos para, em conjunto, indicar o nível e a importância do
serviço logístico.
Bowersox e Closs (2001) destacam que o serviço logístico básico ao cliente é alcançado
mediante três fatores fundamentais: disponibilidade, desempenho operacional e
confiabilidade. A disponibilidade trata da capacidade de ter o produto em estoque no
momento em que o cliente o deseja e é avaliada pela freqüência de falta de estoques (indica
que um produto está disponível para ser enviado aos clientes); índice de disponibilidade
(mede a magnitude ou o impacto das faltas de estoque no decorrer do tempo) e expedição de
pedidos completos (uma medida da capacidade de uma empresa de ter disponível estoque para
atender todo o pedido de um cliente).
O desempenho operacional envolve comprometimento logístico com o prazo de
execução esperado, sua variação aceitável e compreende os atributos: velocidade;
consistência; flexibilidade; e falhas e recuperação.
4
A confiabilidade, em logística, é sinônimo de qualidade. É a capacidade de manter
níveis de disponibilidade de estoque e de desempenho operacional planejados. Inclui também
a capacidade e a disposição para fornecer rapidamente informações precisas ao cliente sobre
operações logísticas e andamento do pedido (BOWERSOX, CLOSS, 2001). Pesquisas
brasileiras sobre nível de serviço logístico não consideraram apenas o elemento
confiabilidade. Ao invés disso, desmembraram este atributo em dois outros parâmetros:
Sistema de Informação de Apoio e Disponibilidade, como pode ser observado nos trabalhos
de Fleury e Lavalle (2000) e Figueiredo et al (2000a e 2000b).
Baseados nos trabalhos de Bowersox e Cooper (1992), Christopher (1992) e de La
Londe, Cooper e Noordewier (1988), Fleury e Lavalle (2000), em um estudo para avaliar o
serviço de distribuição física entre indústrias de bens de consumo e o comércio atacadista e
varejista, propuseram nove atributos representativos do serviço logístico, a saber:
disponibilidade do produto, consistência no prazo de entrega, tempo do ciclo do pedido,
freqüência de entrega, sistema de recuperação de falhas, apoio na entrega física, flexibilidade,
sistema de informação de apoio e apoio pós-entrega. Esses atributos foram replicados em
outras pesquisas brasileiras (FIGUEIREDO et al, 2000a, 2000b; KOVACS, 2004) de maneira
integral ou com algumas modificações.
Por se mostrar um conjunto de atributos já estabelecidos na literatura e aplicados em
pesquisas, se utilizou, neste artigo, essas nove dimensões nas questões referentes ao NSL, a
saber: disponibilidade, freqüência, consistência, ciclo do pedido, flexibilidade, sistema de
recuperação de falhas, sistema de recuperação de falhas, apoio na entrega física e apoio após a
entrega.
2.4 Tipologia de produtos
Classificação de produtos, quanto aos seus tipos, já é algo estabelecido na literatura de
marketing (KOTLER, 2000; CHURCHILL, 2000; BALLOU, 2001).
Normalmente as empresas podem classificar seus produtos em termos de durabilidade,
tangibilidade e uso (consumidor ou industrial). Quanto à durabilidade e tangibilidade, os
produtos são classificados em: a) bens não-duráveis; b) bens duráveis; e c) serviços
(KOTLER, 2000).
Quanto ao uso, os produtos podem ser classificados como industriais ou de consumo.
Esta tradicional tipologia preconiza a idéia de que cada tipo de produto possui características
próprias quanto a sua forma de distribuição e, conseqüentemente, serviço logístico apropriado
(BALLOU, 2001).
Os produtos de consumo são aqueles dirigidos aos consumidores finais (BALLOU,
2001; CHURCHILL, 2000) e são divididos em produtos de conveniência, produtos de
comparação e produtos de especialidade.
Os produtos industriais são aqueles adquiridos por indivíduos ou empresas que são
utilizados para a produção de outros produtos. Ballou (2001) ressalta que os clientes
industriais não parecem mostrar preferência por níveis de serviços logísticos diferentes para
classe de produtos diferentes. Churchill (2000) classifica os produtos industriais em seis
categorias: Instalações, Equipamento acessório, Componentes, Matéria-prima, Suprimentos e
Serviços empresariais.
Ballou (2001) prefere classificar os produtos industriais de acordo com a extensão pela
qual entram no processo de produção: fazendo parte do produto acabado (matérias-primas e
componentes), sendo utilizados no processo de manufatura (máquinas e equipamentos) ou não
fazendo parte diretamente do processo (insumos e serviços administrativos).
Neste artigo, os serviços não foram considerados como produtos em nenhuma
classificação, pelo fato das empresas pesquisadas, em sua grande maioria, fabricarem e
distribuírem apenas bens físicos, sendo, portanto, do setor industrial.
5
2.5 Tamanho da empresa
Empresas de grande porte geralmente possuem mais recursos a serem investidos,
melhorando o nível de serviço logístico oferecido aos clientes e, como ressalta Porter (1999),
mais poder de barganha para negociar maiores níveis de serviço recebidos de seus
fornecedores.
Kimberly (1976) demonstrou que o tamanho da empresa possui quatro componentes: 1)
capacidade física das empresas; 2) pessoal disponível na empresa; 3) quantidade de insumos e
produtos empresariais; e 4) recursos distintos disponíveis para uma empresa sob a forma de
riqueza ou de bens líquidos.
O primeiro componente evidencia que, por exemplo, as indústrias possuem capacidade
relativamente fixa, como o número de linhas de montagem e sua velocidade para a
transformação da matéria-prima (HALL, 1984, p.39).
O tamanho sendo considerado de acordo com a quantidade de pessoal disponível na
empresa é a forma mais comum utilizada em pesquisas. O problema básico da adoção deste
parâmetro é que ele possui um caráter ambíguo. Em algumas indústrias, por exemplo, uma
maior quantidade de pessoas pode não ser algo bom, nas quais a meta é manter o tamanho da
empresa no nível mínimo para reduzir os custos finais (HALL, 1984, p. 40; ROBBINS, 1983,
p. 107). De outra sorte, como esta pesquisa se propõe a analisar vários segmentos industriais
de forma agregada, poderia haver distorções ao considerarmos que alguns segmentos são mais
intensivos em mão-de-obra que outros.
O terceiro componente diz respeito à avaliação do tamanho pelos insumos e produtos
empresariais. Isto pode envolver fatores como o número de clientes atendidos por
determinada empresa ou seus insumos e o volume de vendas de determinado produto.
Ressalte-se que estes fatores podem não estar disponíveis ou podem ser de difícil coleta
(HALL, 1984, p. 40).
O quarto e último componente, o qual irá ser utilizado neste artigo (devido à
disponibilidade das informações), diz respeito aos recursos distintos disponíveis para uma
organização sob a forma de riquezas ou bens líquidos, como parâmetro indicativo do tamanho
da empresa (FORD, ARMANDI, HEATON, 1998, p. 359). O indicador financeiro
representativo do tamanho da empresa será o valor da receita líquida disponível no anuário da
revista Valor 1000, edição 2004 (VALOR ECONÔMICO, 2004).
2.6 Origem do capital
Empresas com operações internacionais geralmente têm que lidar com dificuldades
relativas à adaptação de seus produtos considerando as necessidades, preferências, cultura e
linguagem dos países em que atua. Por outro lado, tipicamente tendem a elaborar suas
estratégias de forma agregada, podendo possuir as vantagens inerentes à redução de custo
total, aumento da qualidade e conhecimento das preferências de clientes dispersos
geograficamente, construindo vantagem competitiva (YIP, 1995; GROSSE, KUJAWA, 1988;
HOUT, PORTER, RUDDEN, 1982).
No tocante às atividades de produção e logísticas, as empresas com base internacional
procuram integrar e racionalizar seus sistemas numa base global (DYMSZA, 1972),
realizando considerações a respeito de fatores de localização (associado à capacidade de
atender mais rapidamente os clientes), custos de transporte e economia de escala gerada, em
parte, pela tendência natural de padronização dos produtos em nível mundial (YIP, 1995, p.
14; DYMSZA, 1972), tendo a possibilidade de gerar vantagens competitivas associadas a tais
fatores (GROSSE, KUJAWA, 1998).
A base tecnológica destas empresas é algo a ser ressaltado, na medida em que elas
desenvolvem maior capacidade e mantêm benefícios associados à transferência de
6
informações relativas aos seus processos e produtos (GROSSE, KUJAWA, 1998), podendo,
inclusive, ter impacto significativo no nível de serviço logístico mediante desenvolvimento e
excelência de alguns atributos deste serviço, tais como o sistema de informação de apoio e o
sistema de recuperação de falhas, melhorando a satisfação do cliente, reduzindo o custo total
ou alcançando vantagem competitiva (NAZÁRIO, 2000).
3 Procedimentos metodológicos
Trata-se de um estudo descritivo, de corte transversal, que descreveu algumas
características de uma determinada amostra, em um determinado período de tempo (GIL,
1995), identificando diferenças entre as médias dos atributos do NSL.
A análise dos dados foi realizada de forma quantitativa, com a ajuda de ferramentas
estatísticas, utilizando o SPSS 11.0 e o EXCEL como programas básicos para análise dos
resultados, em uma amostra de 138 empresas, cujos resultados alcançados foram confiáveis
em 95%, com erro relativo de 6,81%.
De um conjunto inicial de 1000 empresas (VALOR ECONÔMICO, 2004), foram
retiradas as pertencentes aos setores agrícola, comercial e de prestação de serviços. Ao final
do tratamento, obteve-se 522 empresas. Nos setores restantes, foram eliminadas 61 empresas
por falta de indicadores financeiros disponíveis e outras 49, depois que os indicadores
financeiros foram normalizados. Neste último caso, o critério adotado foi de excluir da
população as empresas cujos valores dos indicadores de desempenho fossem superiores ou
inferiores a 3 desvios-padrão da média dos setores normalizados, caracterizando a exclusão de
eventuais outliers.Assim, o universo das indústrias ficou representado pelos setores
representados na tabela 1 a seguir:
Tabela 1 – Representação dos setores de atividades na população
A distribuição das empresas pelas regiões geográficas do Brasil está representada no
gráfico 1 a seguir:
Gráfico 1 – Representação das regiões na população
Sul
22%
Norte
4%
Centro-
oeste
4%
Nordeste
9%
Sudeste
61%
Setor de atividade Empresas Setor de atividade Empresas
1. Açúcar e álcool 16 10. Metalurgia 37
2. Alimentos 62 11. Mineração 16
3. Bebidas e fumo 13 12. Papel e celulose 18
4. Comunicação e gráfica 12 13. Plásticos e borrachas 14
5. Construção e engenharia 24 14. Química e petroquímica 63
6. Eletroeletrônica 21 15. Siderurgia 14
7. Farmacêutica e cosméticos 14 16. Têxtil, couro e vestuário 23
8. Mater. const. e decoração 25 17. Veículos e peças 20
9. Mecânica 20
Total 412
7
A estratégia de pesquisa adotada foi a survey por se adaptar aos estudos de corte
transversal. A dispersão geográfica das empresas participantes da pesquisa, o tempo
envolvido e as dificuldades em se obter respostas válidas mediante a aplicação tradicional de
formulários (via postal e eletrônica) incentivou a opção de escolha da pesquisa telefônica (69
casos) e da pesquisa eletrônica (69 casos) como técnicas de coleta de dados. O teste de
diferença entre as médias das respostas recebidas por telefone e por e-mail não mostrou
nenhuma diferença significativa entre os atributos.
O questionário abrangeu questões associadas ao NSL, a tipologia de produtos e a forma
de distribuição. Na avaliação dos questionários respondidos, os Coeficientes Alpha de
Cronbach para o conjunto de dimensões referentes ao NSL se mostrou relevante (0,8576),
tendo boa consistência interna e confiabilidade na mensuração, não necessitando, dessa
maneira, a exclusão de nenhuma variável para que tais valores fossem aceitáveis.
Para testar a representatividade das regiões e dos setores de atividade na amostra em
relação à população foi utilizado o teste estatístico não-paramétrico Qui-quadrado de Pearson,
o qual testa a hipótese nula da igualdade de uma variável segundo alguns critérios
estabelecidos (distribuição da amostra em relação à proporção da população).
O resultado do teste para as regiões geográficas, apresentado na tabela 2 a seguir,
evidencia que não é possível rejeitar a hipótese nula de igualdade de distribuição da amostra
em relação às proporções da população. Assim, pelo nível de significância observado de
0,452 do teste Qui-quadrado de Pearson (superior a 0,05), estatisticamente, pode-se aceitar
que a amostra seja representativa da população em relação à região geográfica da empresa.
Tabela 2 – Teste de representatividade da amostra por região geográfica
O resultado do teste para os setores de atividade das empresas, apresentado na tabela
3 a seguir, evidencia que não é possível rejeitar a hipótese nula de igualdade de distribuição
da amostra em relação às proporções da população. Assim, pelo nível de significância
observado de 0,695 do teste Qui-quadrado de Pearson (superior a 0,05), estatisticamente,
pode-se aceitar que a amostra é representativa da população em relação ao setor de atividade.
Observa-se, todavia, que o percentual de categorias com contagem esperada inferior
a cinco unidades (23,5%), é maior que o valor considerado ideal (menor que 20%) para não
enfraquecer as conclusões com base no nível de significância encontrado. O grande número
de setores considerados (17 setores) contribuiu para isto. Mesmo assim, o resultado foi aceito
por ser razoável sob o ponto de vista estatístico, além de estar muito próximo do valor ideal
(20%).
Regiões Quantidade observada Quantidade esperada Residual
1 Sudeste 83 84,4 -1,4
2 Sul 38 30,5 7,5
3 Nordeste 8 12,1 -4,1
4 Centro-Oeste 4 5,4 -1,4
5 Norte 5 5,7 -0,7
Total 138
Qui-Quadrado 3,674
Df 4
Significância 0,452
8
Tabela 3 – Teste de representatividade da amostra por setor de atividade
Para classificação do tipo de produto fabricado pela empresa, uma escala tipo Likert foi
utilizada no questionário com os seguintes valores: 1, produto totalmente industrial, 2,
predominantemente industrial, 3, não há predominância, 4, predominantemente de consumo e
5, produto totalmente de consumo. Todos os entrevistados responderam a esta pergunta e os
demais dados descritivos estão representados no gráfico 2 a seguir.
Gráfico 2 – Estatísticas descritivas do tipo de produto
Para facilitar as análises das influências do tipo de produto nas médias do NSL, optou-
se por realizar um re-agrupamento para que a quantidade de dados fosse suficiente para ser
representativa sob o ponto de vista estatístico. Dessa maneira, as respostas 1 e 2 foram
classificadas como “Produto Industrial” (representando 55,8% da amostra) e as respostas 4 e 5
foram classificadas como “Produto de Consumo” (representando 38,4% da amostra). A
resposta 3 (Não há predominância) foi eliminada da análise por apresentar poucos casos,
sendo inadequado à aplicação dos testes estatísticos.
Setor de Atividade Quantidade observada Quantidade esperada Residual
1 Açúcar e Álcool 6 5,3 0,7
2 Alimentos 21 20,7 0,3
3 Bebidas e Fumo 4 4,3 -0,3
4 Comunicação Gráfica 3 4 -1
5 Construção e Engenharia 4 8 -4
6 Eletroeletrônica 10 7 3
7 Farmacêutica e Cosméticos 4 4,7 -0,7
8 Material de Construção e Decoração 14 8,3 5,7
9 Mecânica 8 6,7 1,3
10 Metalurgia 14 12,3 1,7
11 Mineração 3 5,3 -2,3
12 Papel e Celulose 8 6 2
13 Plásticos e Borrachas 4 4,7 -0,7
14 Química e Petroquímica 18 21 -3
15 Siderurgia 2 5,3 -3,3
16 Têxtil, Couro e Vestuário 7 7,7 -0,7
17 Veículos e Peças 8 6,7 1,3
Total 138
Qui-Quadrado 12,699
Df 16
Significância 0,695
44,9%
10,9%5,8%
9,4%
29,0%
1 Totalmente industrial 2 Predominantemente industrial
3 Não há predominância 4 Predominantemente de consumo
5 Totalmente de consumo
9
Na classificação do tipo de distribuição utilizado pela empresa, uma escala tipo Likert
foi utilizada no questionário com os seguintes valores: 1, totalmente própria, 2, maior parte
própria, 3, metade própria, metade terceirizada, 4, maior parte terceirizada e 5, totalmente
terceirizada. Houve 7 entrevistados que não responderam a pergunta e os demais dados
descritivos estão representados no gráfico 3 a seguir.
Gráfico 3 – Estatísticas descritivas da forma de distribuição
Com o objetivo de facilitar as análises das influências da forma de distribuição nas
médias do NSL, optou-se por realizar um re-agrupamento para que a quantidade de dados
fosse suficiente para ser representativa sob o ponto de vista estatístico. Dessa maneira, as
respostas 1 e 2 foram classificadas como “Distribuição própria” (representando 35,1% da
amostra) e as respostas 4 e 5 foram classificadas como “Distribuição terceirizada”
(representando 55,7% da amostra). A resposta 3 foi eliminada da análise por apresentar
poucos casos, sendo inadequado à aplicação dos testes estatísticos.
A origem do capital acionário das empresas, foi classificado em dois grupos: capital
exclusivamente brasileiro e capital estrangeiro (ou com alguma participação de capitais de
outros países). O gráfico 4 a seguir, apresenta a composição deste elemento.
Gráfico 4 – Composição da origem do capital
O tamanho da empresa foi definido a partir da categorização pela mediana da receita
líquida das empresas da amostra. Assim, o tamanho da empresa foi classificado em dois
grupos: as maiores, as quais estavam situadas acima da mediana da receita líquida (em
milhões de Reais) das empresas da amostra (o que corresponde a 50%) e as menores, as quais
estavam situadas abaixo da mediana da receita líquida das empresas da amostra (50%
restantes). As demais estatísticas descritivas da estão apresentadas na tabela 4.
22,9%
12,2%
9,2%27,5%
28,2%
1 Totalmente própria 2 Maior parte prórpia
3 Metade própria, metade terceirizada 4 Maior parte terceirizada
5 Totalmente terceirizada
Estrangeiro
37%
Nacional
63%
10
Tabela 4 – Estatística descritiva da receita líquida das empresas da amostra
Dessa maneira, a amostra foi constituída de grandes empresas brasileiras, possuidoras
de receitas líquidas consideráveis. Por exemplo, a empresa de maior receita líquida (R$
4389,70 milhões) está classificada como a 12º colocada no ranking das 1000 Maiores
Empresas do Brasil (VALOR ECONÔMICO, 2004). As oito maiores empresas da amostra
estão presentes entre as 30 maiores empresas do ranking ( 12º, 14º, 16º, 17º, 23º, 26º, 29º e
30º, respectivamente).
4 Análises
Na aplicação do questionário, foi solicitado ao profissional de logística que o mesmo
avaliasse o serviço logístico oferecido por sua empresa aos seus principais clientes. A questão
foi operacionalizada mediante utilização da seguinte escala: 1 (Péssimo), 2 (Ruim), 3
(Regular), 4 (Bom) e 5 (Ótimo). Um resumo das informações coletadas é apresentado na
tabela 5 a seguir.
Tabela 5 – Estatísticas descritivas do nível de serviço logístico
Percebe-se que, de uma maneira geral, todos os atributos foram avaliados com conceitos
maiores que 4 (Bom). Destacam-se os atributos apoio na entrega física, apoio após a entrega,
freqüência e flexibilidade, os quais foram, em média, melhores avaliados.
Após esses resultados iniciais, procedeu-se à aplicação de testes de diferenças entre
médias (Independent-Samples T-tests) com o objetivo de investigar se a forma de
distribuição, o tipo de produto, o tamanho da empresa e a origem do capital influenciam os
valores das médias apresentadas. Os resultados e as análises serão apresentadas nas próximas
seções.
Ressalta-se que o resultado do teste estatístico de Levene aplicado aos atributos nos
permite assumir que as variâncias de todos os grupos analisados são iguais para cada um dos
atributos do nível de serviço logístico oferecido ao cliente.
Atributos
Número de
casos
Média
Desvio-
padrão
Erro padrão
médio
Variância
1 Disponibilidade 131 4,08 0,64 0,056 0,41
2 Freqüência 129 4,12 0,6 0,053 0,359
3 Consistência 128 4,09 0,594 0,053 0,353
4 Tempo do ciclo do pedido 130 4,02 0,682 0,06 0,465
5 Flexibilidade 130 4,12 0,737 0,065 0,543
6 Sistema de informação de apoio 130 4,09 0,752 0,066 0,565
7 Sistema de recuperação de falhas 129 4,04 0,722 0,064 0,522
8 Apoio na entrega física 129 4,15 0,639 0,056 0,408
9 Apoio após a entrega 127 4,13 0,735 0,065 0,54
Receita Líquida 138 308,85 142,9 4.389,70 626,67
Máximo
(milhões de R$)
Média
(milhões de R$)
Quantidade de
Questionários
Mediana
(milhões de RS)
Mínimo
(milhões de R$)
11
4.1 Influência da forma de distribuição
Com o objetivo de se verificar se a forma de distribuição dos produtos (distribuição
própria ou terceirizada) tem alguma influência nas médias do NSL, procedeu-se ao teste de
diferença entre as médias dos atributos do NSL das empresas de acordo com a forma de
distribuição. Os resultados são apresentados na tabela 6 a seguir.
Tabela 6 – Diferença entre as médias dos atributos com relação à forma de distribuição
A análise da tabela 6 nos permite concluir que, apenas para a freqüência de entregas, a
média do atributo se mostra estatisticamente diferente para empresas que utilizam distribuição
terceirizada, ou seja, o grupo de respondentes que possuíam a distribuição de sua empresa
própria atribuíram notas menores do que aqueles que possuíam distribuição terceirizada. Há
evidências, portanto, de que as empresas especializadas em distribuição são melhor avaliadas
com relação ao atributo freqüência de entregas.
Pelos resultados relacionados aos atributos flexibilidade e sistema de recuperação de
falhas estarem próximos ao nível de significância de 10%, resolveu-se estender as análises
para ambos.
No primeiro caso, a média da flexibilidade se revela superior para as empresas que
possuem distribuição própria em comparação com as empresas com distribuição terceirizada.
Julga-se então que os respondentes das empresas com distribuição própria avaliam melhor a
flexibilidade para atendimento aos clientes do que os respondentes das empresas com
distribuição terceirizada. Revela-se a importância do grau de controle das empresas com
distribuição própria, fato que claramente pode contribuir para o alcance de uma maior
flexibilização das atividades de atendimento ao cliente.
No segundo caso, a média do atributo sistema de recuperação de falhas se mostra
superior para as empresas com distribuição terceirizada, revelando que os respondentes das
empresas com este tipo de distribuição avaliam melhor este atributo do que os respondentes
das empresas com distribuição própria. Evidencia-se, neste caso, que as empresas
especializadas em distribuição desenvolvem sistemas de recuperação de forma a solucionar as
Atributos do NSLO
Forma de
distribuição
Número de
casos
Média
Desvio-
padrão
Erro
padrão
médio
t
Sig (2-
tailed)
1 Própria 29 3,97 0,57 0,1
2 Terceirizada 69 4,1 0,69 0,08
1 Própria 29 3,97 0,57 0,1
2 Terceirizada 67 4,18 0,55 0,07
1 Própria 29 3,97 0,5 0,09
2 Terceirizada 66 4,08 0,61 0,08
1 Própria 29 3,97 0,68 0,13
2 Terceirizada 68 3,97 0,71 0,09
1 Própria 29 4,34 0,67 0,12
2 Terceirizada 68 4,09 0,77 0,09
1 Própria 29 4,1 0,72 0,13
2 Terceirizada 68 4,07 0,72 0,09
1 Própria 29 3,86 0,83 0,15
2 Terceirizada 68 4,12 0,68 0,08
1 Própria 28 4,21 0,57 0,11
2 Terceirizada 68 4,09 0,71 0,09
1 Própria 29 4,24 0,74 0,14
2 Terceirizada 66 4,08 0,73 0,09
9 Apoio após a entrega 1,01 0,313
7 Sistema de recuperação de
falhas
-1,58 0,117
8 Apoio na entrega física 0,84 0,404
5 Flexibilidade 1,56 0,121
6 Sistema de informação de
apoio
0,19 0,852
3 Consistência -0,85 0,398
4 Tempo do ciclo do pedido -0,03 0,974
1 Disponibilidade -0,94 0,351
2 Freqüência -1,73 0,086*
12
falhas da maneira mais rápida possível, podendo este fato ter influenciado positivamente na
avaliação dos respondentes.
4.2 Influência do tipo de produto
A verificação da influência do tipo de produtos (consumo ou industrial) nas médias do
NSL foi operacionalizada mediante aplicação teste de diferença entre médias. Os resultados
são apresentados na tabela 7 a seguir.
Tabela 7 – Diferença entre as médias dos atributos com relação ao tipo de produto
A idéia de que os produtos de consumo, principalmente os de conveniência, os clientes
compram com freqüência, de imediato e com pouca comparação (BALLOU, 2001),
esperando-se ter impacto significativo na disponibilidade, freqüência e tempo do ciclo do
pedido, não foi confirmada após aplicação dos testes, ou seja, em empresas industriais
brasileiras não há evidências indicativas de diferenças significativas entre produtos de
consumo ou industrial.
4.3 Influências da origem do capital
Procedeu-se ao teste de diferenças entre médias com o objetivo de verificação da
possível influência da origem do capital (nacional ou estrangeiro) nas médias do NSL. Os
resultados são apresentados na tabela 8 a seguir.
A tabela 8 acima nos mostra que não há diferenças significativas entre as médias dos
atributos do NSL das empresas com origem do capital nacional ou estrangeiro. O quadro
representativo que emerge nos permite concluir que o serviço logístico oferecido aos clientes
é o mesmo, independente da empresa ter origem de capital nacional ou estrangeiro.
Atributos do NSLO
Tipo de
Produto
Número de
casos
Média
Desvio-
padrão
Erro
padrão
médio
t
Sig (2-
tailed)
1 Industrial 76 4,08 0,69 0,08
2 Consumo 48 4,08 0,61 0,09
1 Industrial 75 4,15 0,56 0,06
2 Consumo 48 4,08 0,68 0,1
1 Industrial 76 4,11 0,62 0,07
2 Consumo 45 4,04 0,56 0,08
1 Industrial 76 4,05 0,65 0,07
2 Consumo 47 3,96 0,75 0,11
1 Industrial 76 4,08 0,74 0,08
2 Consumo 47 4,19 0,68 0,1
1 Industrial 76 4,01 0,81 0,09
2 Consumo 47 4,17 0,67 0,1
1 Industrial 75 4,01 0,76 0,09
2 Consumo 47 4,09 0,69 0,1
1 Industrial 75 4,16 0,62 0,07
2 Consumo 47 4,09 0,69 0,1
1 Industrial 73 4,12 0,76 0,09
2 Consumo 47 4,13 0,074 0,1
1 Disponibilidade -0,04 0,971
2 Freqüência 0,56 0,575
3 Consistência 0,54 0,592
4 Tempo do ciclo do pedido 0,74 0,459
5 Flexibilidade -0,84 0,402
6 Sistema de informação de
apoio
-1,12 0,267
9 Apoio após a entrega -0,03 0,975
7 Sistema de recuperação de
falhas
-0,53 0,6
8 Apoio na entrega física 0,62 0,533
13
Tabela 8 – Diferença entre as médias dos atributos com relação à origem do capital
4.4 Influências do tamanho da empresa
Com o objetivo de se verificar se o tamanho da empresa (pequena ou grande) tem
alguma influência nas médias do NSL, procedeu-se ao teste de diferença entre as médias dos
atributos do NSL. Os resultados são apresentados na tabela 9 a seguir.
Tabela 9 – Diferença entre as médias dos atributos com relação ao tamanho da empresa
Atributos do NSLO
Origemdo
capital
Número de
casos
Média
Desvio-
padrão
Erro
padrão
médio
t
Sig (2-
tailed)
1 Nacional 81 4,01 0,98 0,08
2 Estrangeiro 50 4,18 0,56 0,08
1 Nacional 79 4,11 0,6 0,07
2 Estrangeiro 50 4,14 0,61 0,09
1 Nacional 79 4,08 0,53 0,06
2 Estrangeiro 49 4,12 0,7 0,1
1 Nacional 80 4,05 0,63 0,07
2 Estrangeiro 50 3,96 0,75 0,11
1 Nacional 80 4,13 0,74 0,08
2 Estrangeiro 50 4,12 0,75 0,11
1 Nacional 80 4,11 0,73 0,08
2 Estrangeiro 50 4,06 0,8 0,11
1 Nacional 79 3,99 0,69 0,08
2 Estrangeiro 50 4,12 0,77 0,11
1 Nacional 80 4,16 0,6 0,07
2 Estrangeiro 49 4,12 0,7 0,1
1 Nacional 78 4,1 0,71 0,08
2 Estrangeiro 49 4,16 0,77 0,11
9 Apoio após a entrega -0,45 0,652
7 Sistema de recuperação de
falhas
-1,02 0,311
8 Apoio na entrega física 0,34 0,731
5 Flexibilidade 0,04 0,97
6 Sistema de informação de
apoio
0,39 0,7
3 Consistência -0,43 0,669
4 Tempo do ciclo do pedido 0,73 0,466
1 Disponibilidade -1,46 0,146
2 Freqüência -0,24 0,811
Atributos do NSLO Tamanho da
empresa
Número de
casos
Média Desvio-
padrão
Erro
padrão
médio
t Sig (2-
tailed)
1 Pequena 64 4,08 0,72 0,09
2 Grande 67 4,07 0,56 0,07
1 Pequena 63 4,13 0,63 0,08
2 Grande 66 4,12 0,57 0,07
1 Pequena 64 4,11 0,64 0,08
2 Grande 64 4,08 0,54 0,07
1 Pequena 64 4,09 0,66 0,08
2 Grande 66 3,94 0,7 0,09
1 Pequena 64 4,17 0,75 0,09
2 Grande 66 4,08 0,73 0,09
1 Pequena 64 4,06 0,79 0,1
2 Grande 66 4,12 0,71 0,09
1 Pequena 63 4,06 0,76 0,1
2 Grande 66 4,02 0,69 0,08
1 Pequena 64 4,19 0,61 0,08
2 Grande 65 4,11 0,66 0,08
1 Pequena 63 4,17 0,66 0,08
2 Grande 64 4,08 0,8 0,1
9 Apoio após a entrega 0,74 0,461
7 Sistema de recuperação de
falhas
0,38 0,706
8 Apoio na entrega física 0,71 0,48
5 Flexibilidade 0,74 0,459
6 Sistema de informação de
apoio
-0,44 0,658
3 Consistência 0,3 0,767
4 Tempo do ciclo do pedido 1,29 0,198
1 Disponibilidade 0,03 0,975
2 Freqüência 0,05 0,957
14
A tabela 9 nos mostra que não há diferenças significativas entre as médias dos atributos
do NSL das empresas consideradas grandes ou pequenas. Conclui-se que o serviço logístico
oferecido aos clientes é o mesmo, não sofrendo influência do tamanho da empresa. Por outro
lado, é interessante observar que independentemente da classificação adotada nesta pesquisa,
todas as empresas relacionadas são consideradas pela revista Valor (VALOR ECONÔMICO,
2004) como as maiores do Brasil. O que foi proposto neste estudo foi uma nova classificação
entre empresas, as quais já são consideradas grandes.
Conclusões
Percebe-se que, de uma maneira geral, os elementos analisados não influenciaram as
médias dos atributos do serviço logístico. Exceção se faz em relação à freqüência,
flexibilidade e sistema de recuperação de falhas quanto à forma de distribuição da empresa.
O quadro geral que emerge é um indicativo que o tipo de produto, a origem do capital,
o tamanho da empresa e, parcialmente, a forma de distribuição não influenciam as médias dos
atributos do serviço logístico das maiores empresas industriais brasileiras.
Os pequenos desvios-padrão e a não verificação de diferenças entre as médias são
evidências de possível isomorfismo entre as indústrias pesquisadas. A concorrência nos
setores, práticas de benchmark, capacidade técnica e financeira, além da semelhança com
relação ao porte das empresas são alguns fatores que podem ajudar a explicar tal situação.
Ressalta-se algumas limitações do trabalho. A primeira delas se relaciona ao fato de não
ter sido possível coletar os dados pessoalmente, devido à extensão da pesquisa (número de
empresas participantes e distância física), além das limitações de ordem financeira.
O nível de serviço logístico foi avaliado de acordo com a percepção dos respondentes
(estes foram, em sua maioria, os profissionais responsáveis pela logística da empresa
pesquisada), os quais mensuraram, de forma subjetiva, o nível de serviço na logística de
suprimentos e distribuição. Assim, as respostas baseadas na percepção dos respondentes
possuem certa subjetividade, podendo incorrer em desvios (intencionais ou não) referentes às
características pessoais do próprio respondente. Isto deve ser particularmente importante nos
casos das indústrias pesquisadas que utilizavam serviços logísticos não-terceirizados (logística
própria), pois o profissional avaliou o nível de serviço logístico de sua própria empresa. Tal
limitação foi igualmente observada nas pesquisas de Lambert e Harrington (1989, p. 45) e
LaLonde, Cooper e Nordewier (1988).
Por outro lado, evidencia-se a necessidade de condução de outras pesquisas relacionadas
ao tema. Algumas sugestões emergem deste trabalho. Primeiro, no interesse de confirmar as
conclusões do estudo, é interessante desenvolver novas pesquisas que tratem do mesmo tema
com perspectivas diferenciadas, considerando, particularmente, as limitações da pesquisa. Por
exemplo, possíveis estudos, considerando a linearidade temporal (estudo longitudinal), com a
análise de cinco ou mais anos, poderiam identificar tendências e evitar parte das limitações
das pesquisas do tipo cross-sectional.
A condução de trabalhos utilizando metodologia semelhante, com amostras de
indústrias de outros países poderá ser importante para a realização de análises comparativas e
maiores generalizações.
De outra maneira, pesquisas que considerem amostras representativas de setores
específicos e únicos, ao invés de vários setores ao mesmo tempo, poderiam promover o
entendimento mais particularizado dos setores econômicos analisados.
Por fim, novos estudos nos quais o nível de serviço logístico pudesse, de alguma forma,
ser avaliado de maneira mais objetiva poderiam diminuir efeitos indesejáveis relacionados à
percepção e conseqüente subjetividade das respostas dos entrevistados.
15
Referências bibliográficas
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16
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  • 1. 1 Avaliação do Nível de Serviço Logístico e Influências da Forma de Distribuição, do Tipo de Produto, da Origem do Capital e do Tamanho da Empresa Autoria: Marcus Vinicius de Souza Silva Oliveira Resumo O estudo da prestação de serviços logísticos em grandes empresas industriais brasileiras é tema pouco explorado em pesquisas empíricas. Este artigo se propõe a apresentar como os profissionais de logística avaliam o serviço oferecido por suas empresas aos seus clientes, além de identificar e analisar como o tipo de produto, a forma de distribuição, o tamanho da empresa e a origem do capital influenciam nesta avaliação. Para tal, foram utilizados questionários respondidos por telefone e por meio eletrônico (e-mail). Os dados foram analisados mediante utilização de técnicas estatísticas (testes de confiabilidade, estatísticas descritivas e testes de diferenças entre médias). O estudo evidenciou que, de uma maneira geral, os respondentes avaliam o nível de serviço logístico das suas empresas de maneira satisfatória e os elementos analisados não influenciaram as médias dos atributos do serviço logístico. 1 Introdução Em anos recentes, o acirramento da competição entre as empresas e o maior grau de exigência por parte dos consumidores fizeram com que as empresas se preocupassem em prestar um melhor atendimento aos clientes. Por sua vez, a logística era percebida como um conjunto de atividades cotidianas e operacionais, técnicas por natureza, capaz apenas de viabilizar o fluxo eficiente de matérias- primas para a unidade de processamento (logística de suprimentos) e desta para os clientes finais (logística de distribuição). Desta forma, a logística de suprimento e a de distribuição eram só mais um meio de garantir a eficiência e racionalidade na utilização dos recursos disponíveis. Não havia, em conseqüência, maiores questões estratégicas e estruturais a serem consideradas (FLEURY, LAVALLE, 1995; STOCK, GREIS, KASARDA, 1999). Com a mudança gerada pela consideração atual da logística como uma atividade de caráter estratégico para as empresas, a prestação de serviços logísticos aos clientes se tornou um elemento crítico detentor de atenção especial capaz de criar valor (RUTNER, LANGLEY JR, 2000; VEEKEN, RUTTEN, 1998; LANGLEY JR, HOLCOMB, 1992), além de manter ou gerar vantagem competitiva sustentável (LAMBERT, HARRINGTON, 1989; DAUGHERTY, STANK, ELLINGER, 1998). A oferta ao cliente de níveis adequados de serviço logístico é uma questão estratégica que deve ser considerado, pois reflete na manutenção dos clientes já existentes e conquista de outros (TREZ; LUCE, 2001). A literatura a respeito da importância dos serviços logísticos é extensa (LAMBERT, STOCK, 1993; HESKETT, 1994; LALONDE, COOPER, NOORDEWIER, 1998; LAMBERT, HARRIGTON, 1989; STERLING, LAMBERT, 1987). A maioria dos autores preconiza a idéia de que é importante para a empresa disponibilizar um pacote de serviços logísticos que sejam adequados às necessidades de seus clientes. Desta forma, é importante mensurar o nível de serviços que irá proporcionar a satisfação dos clientes e conseqüentemente contribuir para melhorar o retorno financeiro aos acionistas (LAMBERT, COOPER, PAGH, 1998). Por outro lado, vários fatores podem influenciar o nível de serviço logístico. Neste trabalho, destacou-se a forma como os produtos são distribuídos (pela própria empresa ou de maneira terceirizada), o tipo de produto distribuído (produtos de consumo ou industriais), o tamanho e a origem do capital da empresa.
  • 2. 2 Diante do exposto, esta pesquisa pretende responder a duas grandes questões: • Como os profissionais de logística avaliam o serviço logístico oferecido por suas empresas aos seus clientes? • Como o tipo de produto, sua forma de distribuição, além do tamanho e origem do capital da empresa influenciam a avaliação do nível de serviço logístico? O objetivo do artigo é, portanto, avaliar a influência do tipo de produto, da forma de distribuição, da origem do capital e do tamanho da empresa nas médias dos atributos do serviço logístico. Inicialmente, será realizada uma fundamentação teórica a respeito dos temas que serão analisados, quais sejam: serviços ao cliente, serviços logísticos, nível de serviço logístico, tipologia de produtos, tamanho da empresa e origem do capital. Em seguida, os procedimentos metodológicos serão expostos, seguido das análises e conclusões. 2 Fundamentação teórica 2.1 Serviços ao cliente Os serviços oferecidos aos clientes vêm sendo matéria de estudos que os associam ao desempenho competitivo das empresas (BOWEN, SIEHL, SCHNEIDER, 1989; GRÖNROOS, 1993; HESKETT, SASSER, SCHLESINGER, 1997; INNIS, LALOND, 1994). Muito embora estes estudos, em sua maioria, tratem da relação entre serviços oferecidos pelo fornecedor (varejista) ao cliente final, eles podem oferecer parâmetros para a construção do entendimento desta associação entre fornecedor, cliente (indústria) e cliente final (indústria ou consumidor). Serviços podem ser interpretados como um conjunto de atividades interativas com os consumidores, independentes da maneira em que são estabelecidos (face a face, postal, via Internet etc.) tendo os objetivos finais de eficiência e satisfação do consumidor (LOVELOCK, 1994). Os serviços podem ser visualizados como ferramentas que podem auxiliar as empresas na satisfação dos clientes, ajustando-se às suas necessidades (KOTLER, 2000). Serviços ao cliente podem ainda ser interpretados como ferramentas de atração e manutenção de clientes (BOLTON, LEMON, 1999) ou, sob uma ótica financeira, como um fator de alavancagem da rentabilidade da empresa mediante a maximização das vendas e dos lucros (BERMAN, EVANS, 1995; VAVRA, PRUDEN, 1998). Alguns autores destacam a importância dos serviços ao cliente para o desempenho empresarial (BOWEN, SIEHL, SCHNEIDER, 1984; GRÖNROOS, 1993, HESKETT, SASSER, SCHLESINGER, 1997). Innis e Lalonde (1994) concluíram que, de uma maneira geral, a excelência na prestação do serviço pode contribuir para o aumento do nível de satisfação, a atitude em relação à empresa e a intenção de recompra dos clientes. Diante dos aspectos apresentados e considerando que o serviço logístico é um componente dos serviços ao cliente abordar-se-á o tema “serviços logísticos” na próxima seção. 2.2 Serviços logísticos O nível de serviço alcançado pela logística empresarial pode proporcionar às empresas boas oportunidades para desenvolvimento e diferenciação de seus produtos e serviços. O serviço logístico ao cliente é a oferta consistente de utilidade no tempo e lugar (CHRISTOPHER, 1992), representa o produto do sistema logístico e é o componente de “praça” do composto de marketing (LAMBERT, STOCK, 1993). A relação de serviço
  • 3. 3 logístico com a velocidade e confiabilidade foi estabelecida por Heskett (1994); e seu objetivo final de fornecer benefícios significativos de valor agregado à cadeia de suprimentos, de maneira eficiente em termos de custos, é apregoado por LaLonde, Cooper e Noordewier (1988). O serviço logístico pode ser interpretado como uma forma de criação de valor por meio das atividades logísticas (RUTNER, LANGLEY JR., 2000; VEEKEN, RUTTEN, 1998; LANGLEY JR., HOLCOMB, 1992) ou como uma maneira manter ou gerar vantagens competitivas sustentáveis (LAMBERT, HARRINGTON, 1989; DAUGHERTY, STANK, ELLINGER, 1998). A criação de valor, nas atividades logísticas, é entendida pelos componentes de tempo e lugar (BALLOU, 2001, p. 27; CHRISTOPHER, 1992) e gerada por meio da disponibilidade, acurácia e consistência na entrega dos produtos (LALONDE, COOPER, NOODERWEIER, 1998). Desta forma, o serviço logístico, antes uma atividade primordialmente ligada ao marketing, passa a ser também um objetivo da logística, evidenciando seu caráter compartilhado. Ele tornou-se um componente chave da logística empresarial (RUTNER, LANGLEY JR., 2000, p. 75) e alta prioridade poderia ser assumida pelos serviços mediante desenvolvimento das atividades de Marketing e Logística (LANGLEY JR., HOLCOMB, 1992, p. 12). Por outro lado, os serviços logísticos ao cliente podem representar ainda parte do resultado do sistema logístico empresarial e uma oportunidade significativa para alcançar vantagem competitiva sustentável (LAMBERT, HARRIGTON, 1989, p.44). Sob esta ótica, Sterling e Lambert (1987) argumentam que o serviço logístico é um componente integral e necessário do mix de marketing, oferecendo às organizações a oportunidade de desenvolver um diferencial competitivo sustentável. Representa, na maioria dos casos, a última etapa do sistema logístico de uma empresa e uma oportunidade significativa de obter vantagem competitiva sustentável (LAMBERT, HARRINGTON, 1989, p. 44) e reter clientes (DAUGHERTY, STANK, ELLINGER, 1998, p. 35). Normalmente o nível de serviço logístico configura-se por meio de atributos, os quais serão abordados na próxima seção. 2.3 Nível de serviço logístico (NSL) Os serviços logísticos podem ser melhor entendidos por meio de sua desagregação em atributos específicos, tais como: disponibilidade, flexibilidade, confiabilidade, consistência, tempo do ciclo do pedido, entre outros. Estudos como os de Harding (1998), Lambert e Sterling (1987), Lambert e Harrigton (1989), Mentzer, Flint e Kent (1999), Fleury e Lavalle (2000), Figueiredo et al (2000a, 2000b), La Londe, Cooper e Noordwier (1988), Bowersox e Cooper (1992) utilizaram esses atributos para, em conjunto, indicar o nível e a importância do serviço logístico. Bowersox e Closs (2001) destacam que o serviço logístico básico ao cliente é alcançado mediante três fatores fundamentais: disponibilidade, desempenho operacional e confiabilidade. A disponibilidade trata da capacidade de ter o produto em estoque no momento em que o cliente o deseja e é avaliada pela freqüência de falta de estoques (indica que um produto está disponível para ser enviado aos clientes); índice de disponibilidade (mede a magnitude ou o impacto das faltas de estoque no decorrer do tempo) e expedição de pedidos completos (uma medida da capacidade de uma empresa de ter disponível estoque para atender todo o pedido de um cliente). O desempenho operacional envolve comprometimento logístico com o prazo de execução esperado, sua variação aceitável e compreende os atributos: velocidade; consistência; flexibilidade; e falhas e recuperação.
  • 4. 4 A confiabilidade, em logística, é sinônimo de qualidade. É a capacidade de manter níveis de disponibilidade de estoque e de desempenho operacional planejados. Inclui também a capacidade e a disposição para fornecer rapidamente informações precisas ao cliente sobre operações logísticas e andamento do pedido (BOWERSOX, CLOSS, 2001). Pesquisas brasileiras sobre nível de serviço logístico não consideraram apenas o elemento confiabilidade. Ao invés disso, desmembraram este atributo em dois outros parâmetros: Sistema de Informação de Apoio e Disponibilidade, como pode ser observado nos trabalhos de Fleury e Lavalle (2000) e Figueiredo et al (2000a e 2000b). Baseados nos trabalhos de Bowersox e Cooper (1992), Christopher (1992) e de La Londe, Cooper e Noordewier (1988), Fleury e Lavalle (2000), em um estudo para avaliar o serviço de distribuição física entre indústrias de bens de consumo e o comércio atacadista e varejista, propuseram nove atributos representativos do serviço logístico, a saber: disponibilidade do produto, consistência no prazo de entrega, tempo do ciclo do pedido, freqüência de entrega, sistema de recuperação de falhas, apoio na entrega física, flexibilidade, sistema de informação de apoio e apoio pós-entrega. Esses atributos foram replicados em outras pesquisas brasileiras (FIGUEIREDO et al, 2000a, 2000b; KOVACS, 2004) de maneira integral ou com algumas modificações. Por se mostrar um conjunto de atributos já estabelecidos na literatura e aplicados em pesquisas, se utilizou, neste artigo, essas nove dimensões nas questões referentes ao NSL, a saber: disponibilidade, freqüência, consistência, ciclo do pedido, flexibilidade, sistema de recuperação de falhas, sistema de recuperação de falhas, apoio na entrega física e apoio após a entrega. 2.4 Tipologia de produtos Classificação de produtos, quanto aos seus tipos, já é algo estabelecido na literatura de marketing (KOTLER, 2000; CHURCHILL, 2000; BALLOU, 2001). Normalmente as empresas podem classificar seus produtos em termos de durabilidade, tangibilidade e uso (consumidor ou industrial). Quanto à durabilidade e tangibilidade, os produtos são classificados em: a) bens não-duráveis; b) bens duráveis; e c) serviços (KOTLER, 2000). Quanto ao uso, os produtos podem ser classificados como industriais ou de consumo. Esta tradicional tipologia preconiza a idéia de que cada tipo de produto possui características próprias quanto a sua forma de distribuição e, conseqüentemente, serviço logístico apropriado (BALLOU, 2001). Os produtos de consumo são aqueles dirigidos aos consumidores finais (BALLOU, 2001; CHURCHILL, 2000) e são divididos em produtos de conveniência, produtos de comparação e produtos de especialidade. Os produtos industriais são aqueles adquiridos por indivíduos ou empresas que são utilizados para a produção de outros produtos. Ballou (2001) ressalta que os clientes industriais não parecem mostrar preferência por níveis de serviços logísticos diferentes para classe de produtos diferentes. Churchill (2000) classifica os produtos industriais em seis categorias: Instalações, Equipamento acessório, Componentes, Matéria-prima, Suprimentos e Serviços empresariais. Ballou (2001) prefere classificar os produtos industriais de acordo com a extensão pela qual entram no processo de produção: fazendo parte do produto acabado (matérias-primas e componentes), sendo utilizados no processo de manufatura (máquinas e equipamentos) ou não fazendo parte diretamente do processo (insumos e serviços administrativos). Neste artigo, os serviços não foram considerados como produtos em nenhuma classificação, pelo fato das empresas pesquisadas, em sua grande maioria, fabricarem e distribuírem apenas bens físicos, sendo, portanto, do setor industrial.
  • 5. 5 2.5 Tamanho da empresa Empresas de grande porte geralmente possuem mais recursos a serem investidos, melhorando o nível de serviço logístico oferecido aos clientes e, como ressalta Porter (1999), mais poder de barganha para negociar maiores níveis de serviço recebidos de seus fornecedores. Kimberly (1976) demonstrou que o tamanho da empresa possui quatro componentes: 1) capacidade física das empresas; 2) pessoal disponível na empresa; 3) quantidade de insumos e produtos empresariais; e 4) recursos distintos disponíveis para uma empresa sob a forma de riqueza ou de bens líquidos. O primeiro componente evidencia que, por exemplo, as indústrias possuem capacidade relativamente fixa, como o número de linhas de montagem e sua velocidade para a transformação da matéria-prima (HALL, 1984, p.39). O tamanho sendo considerado de acordo com a quantidade de pessoal disponível na empresa é a forma mais comum utilizada em pesquisas. O problema básico da adoção deste parâmetro é que ele possui um caráter ambíguo. Em algumas indústrias, por exemplo, uma maior quantidade de pessoas pode não ser algo bom, nas quais a meta é manter o tamanho da empresa no nível mínimo para reduzir os custos finais (HALL, 1984, p. 40; ROBBINS, 1983, p. 107). De outra sorte, como esta pesquisa se propõe a analisar vários segmentos industriais de forma agregada, poderia haver distorções ao considerarmos que alguns segmentos são mais intensivos em mão-de-obra que outros. O terceiro componente diz respeito à avaliação do tamanho pelos insumos e produtos empresariais. Isto pode envolver fatores como o número de clientes atendidos por determinada empresa ou seus insumos e o volume de vendas de determinado produto. Ressalte-se que estes fatores podem não estar disponíveis ou podem ser de difícil coleta (HALL, 1984, p. 40). O quarto e último componente, o qual irá ser utilizado neste artigo (devido à disponibilidade das informações), diz respeito aos recursos distintos disponíveis para uma organização sob a forma de riquezas ou bens líquidos, como parâmetro indicativo do tamanho da empresa (FORD, ARMANDI, HEATON, 1998, p. 359). O indicador financeiro representativo do tamanho da empresa será o valor da receita líquida disponível no anuário da revista Valor 1000, edição 2004 (VALOR ECONÔMICO, 2004). 2.6 Origem do capital Empresas com operações internacionais geralmente têm que lidar com dificuldades relativas à adaptação de seus produtos considerando as necessidades, preferências, cultura e linguagem dos países em que atua. Por outro lado, tipicamente tendem a elaborar suas estratégias de forma agregada, podendo possuir as vantagens inerentes à redução de custo total, aumento da qualidade e conhecimento das preferências de clientes dispersos geograficamente, construindo vantagem competitiva (YIP, 1995; GROSSE, KUJAWA, 1988; HOUT, PORTER, RUDDEN, 1982). No tocante às atividades de produção e logísticas, as empresas com base internacional procuram integrar e racionalizar seus sistemas numa base global (DYMSZA, 1972), realizando considerações a respeito de fatores de localização (associado à capacidade de atender mais rapidamente os clientes), custos de transporte e economia de escala gerada, em parte, pela tendência natural de padronização dos produtos em nível mundial (YIP, 1995, p. 14; DYMSZA, 1972), tendo a possibilidade de gerar vantagens competitivas associadas a tais fatores (GROSSE, KUJAWA, 1998). A base tecnológica destas empresas é algo a ser ressaltado, na medida em que elas desenvolvem maior capacidade e mantêm benefícios associados à transferência de
  • 6. 6 informações relativas aos seus processos e produtos (GROSSE, KUJAWA, 1998), podendo, inclusive, ter impacto significativo no nível de serviço logístico mediante desenvolvimento e excelência de alguns atributos deste serviço, tais como o sistema de informação de apoio e o sistema de recuperação de falhas, melhorando a satisfação do cliente, reduzindo o custo total ou alcançando vantagem competitiva (NAZÁRIO, 2000). 3 Procedimentos metodológicos Trata-se de um estudo descritivo, de corte transversal, que descreveu algumas características de uma determinada amostra, em um determinado período de tempo (GIL, 1995), identificando diferenças entre as médias dos atributos do NSL. A análise dos dados foi realizada de forma quantitativa, com a ajuda de ferramentas estatísticas, utilizando o SPSS 11.0 e o EXCEL como programas básicos para análise dos resultados, em uma amostra de 138 empresas, cujos resultados alcançados foram confiáveis em 95%, com erro relativo de 6,81%. De um conjunto inicial de 1000 empresas (VALOR ECONÔMICO, 2004), foram retiradas as pertencentes aos setores agrícola, comercial e de prestação de serviços. Ao final do tratamento, obteve-se 522 empresas. Nos setores restantes, foram eliminadas 61 empresas por falta de indicadores financeiros disponíveis e outras 49, depois que os indicadores financeiros foram normalizados. Neste último caso, o critério adotado foi de excluir da população as empresas cujos valores dos indicadores de desempenho fossem superiores ou inferiores a 3 desvios-padrão da média dos setores normalizados, caracterizando a exclusão de eventuais outliers.Assim, o universo das indústrias ficou representado pelos setores representados na tabela 1 a seguir: Tabela 1 – Representação dos setores de atividades na população A distribuição das empresas pelas regiões geográficas do Brasil está representada no gráfico 1 a seguir: Gráfico 1 – Representação das regiões na população Sul 22% Norte 4% Centro- oeste 4% Nordeste 9% Sudeste 61% Setor de atividade Empresas Setor de atividade Empresas 1. Açúcar e álcool 16 10. Metalurgia 37 2. Alimentos 62 11. Mineração 16 3. Bebidas e fumo 13 12. Papel e celulose 18 4. Comunicação e gráfica 12 13. Plásticos e borrachas 14 5. Construção e engenharia 24 14. Química e petroquímica 63 6. Eletroeletrônica 21 15. Siderurgia 14 7. Farmacêutica e cosméticos 14 16. Têxtil, couro e vestuário 23 8. Mater. const. e decoração 25 17. Veículos e peças 20 9. Mecânica 20 Total 412
  • 7. 7 A estratégia de pesquisa adotada foi a survey por se adaptar aos estudos de corte transversal. A dispersão geográfica das empresas participantes da pesquisa, o tempo envolvido e as dificuldades em se obter respostas válidas mediante a aplicação tradicional de formulários (via postal e eletrônica) incentivou a opção de escolha da pesquisa telefônica (69 casos) e da pesquisa eletrônica (69 casos) como técnicas de coleta de dados. O teste de diferença entre as médias das respostas recebidas por telefone e por e-mail não mostrou nenhuma diferença significativa entre os atributos. O questionário abrangeu questões associadas ao NSL, a tipologia de produtos e a forma de distribuição. Na avaliação dos questionários respondidos, os Coeficientes Alpha de Cronbach para o conjunto de dimensões referentes ao NSL se mostrou relevante (0,8576), tendo boa consistência interna e confiabilidade na mensuração, não necessitando, dessa maneira, a exclusão de nenhuma variável para que tais valores fossem aceitáveis. Para testar a representatividade das regiões e dos setores de atividade na amostra em relação à população foi utilizado o teste estatístico não-paramétrico Qui-quadrado de Pearson, o qual testa a hipótese nula da igualdade de uma variável segundo alguns critérios estabelecidos (distribuição da amostra em relação à proporção da população). O resultado do teste para as regiões geográficas, apresentado na tabela 2 a seguir, evidencia que não é possível rejeitar a hipótese nula de igualdade de distribuição da amostra em relação às proporções da população. Assim, pelo nível de significância observado de 0,452 do teste Qui-quadrado de Pearson (superior a 0,05), estatisticamente, pode-se aceitar que a amostra seja representativa da população em relação à região geográfica da empresa. Tabela 2 – Teste de representatividade da amostra por região geográfica O resultado do teste para os setores de atividade das empresas, apresentado na tabela 3 a seguir, evidencia que não é possível rejeitar a hipótese nula de igualdade de distribuição da amostra em relação às proporções da população. Assim, pelo nível de significância observado de 0,695 do teste Qui-quadrado de Pearson (superior a 0,05), estatisticamente, pode-se aceitar que a amostra é representativa da população em relação ao setor de atividade. Observa-se, todavia, que o percentual de categorias com contagem esperada inferior a cinco unidades (23,5%), é maior que o valor considerado ideal (menor que 20%) para não enfraquecer as conclusões com base no nível de significância encontrado. O grande número de setores considerados (17 setores) contribuiu para isto. Mesmo assim, o resultado foi aceito por ser razoável sob o ponto de vista estatístico, além de estar muito próximo do valor ideal (20%). Regiões Quantidade observada Quantidade esperada Residual 1 Sudeste 83 84,4 -1,4 2 Sul 38 30,5 7,5 3 Nordeste 8 12,1 -4,1 4 Centro-Oeste 4 5,4 -1,4 5 Norte 5 5,7 -0,7 Total 138 Qui-Quadrado 3,674 Df 4 Significância 0,452
  • 8. 8 Tabela 3 – Teste de representatividade da amostra por setor de atividade Para classificação do tipo de produto fabricado pela empresa, uma escala tipo Likert foi utilizada no questionário com os seguintes valores: 1, produto totalmente industrial, 2, predominantemente industrial, 3, não há predominância, 4, predominantemente de consumo e 5, produto totalmente de consumo. Todos os entrevistados responderam a esta pergunta e os demais dados descritivos estão representados no gráfico 2 a seguir. Gráfico 2 – Estatísticas descritivas do tipo de produto Para facilitar as análises das influências do tipo de produto nas médias do NSL, optou- se por realizar um re-agrupamento para que a quantidade de dados fosse suficiente para ser representativa sob o ponto de vista estatístico. Dessa maneira, as respostas 1 e 2 foram classificadas como “Produto Industrial” (representando 55,8% da amostra) e as respostas 4 e 5 foram classificadas como “Produto de Consumo” (representando 38,4% da amostra). A resposta 3 (Não há predominância) foi eliminada da análise por apresentar poucos casos, sendo inadequado à aplicação dos testes estatísticos. Setor de Atividade Quantidade observada Quantidade esperada Residual 1 Açúcar e Álcool 6 5,3 0,7 2 Alimentos 21 20,7 0,3 3 Bebidas e Fumo 4 4,3 -0,3 4 Comunicação Gráfica 3 4 -1 5 Construção e Engenharia 4 8 -4 6 Eletroeletrônica 10 7 3 7 Farmacêutica e Cosméticos 4 4,7 -0,7 8 Material de Construção e Decoração 14 8,3 5,7 9 Mecânica 8 6,7 1,3 10 Metalurgia 14 12,3 1,7 11 Mineração 3 5,3 -2,3 12 Papel e Celulose 8 6 2 13 Plásticos e Borrachas 4 4,7 -0,7 14 Química e Petroquímica 18 21 -3 15 Siderurgia 2 5,3 -3,3 16 Têxtil, Couro e Vestuário 7 7,7 -0,7 17 Veículos e Peças 8 6,7 1,3 Total 138 Qui-Quadrado 12,699 Df 16 Significância 0,695 44,9% 10,9%5,8% 9,4% 29,0% 1 Totalmente industrial 2 Predominantemente industrial 3 Não há predominância 4 Predominantemente de consumo 5 Totalmente de consumo
  • 9. 9 Na classificação do tipo de distribuição utilizado pela empresa, uma escala tipo Likert foi utilizada no questionário com os seguintes valores: 1, totalmente própria, 2, maior parte própria, 3, metade própria, metade terceirizada, 4, maior parte terceirizada e 5, totalmente terceirizada. Houve 7 entrevistados que não responderam a pergunta e os demais dados descritivos estão representados no gráfico 3 a seguir. Gráfico 3 – Estatísticas descritivas da forma de distribuição Com o objetivo de facilitar as análises das influências da forma de distribuição nas médias do NSL, optou-se por realizar um re-agrupamento para que a quantidade de dados fosse suficiente para ser representativa sob o ponto de vista estatístico. Dessa maneira, as respostas 1 e 2 foram classificadas como “Distribuição própria” (representando 35,1% da amostra) e as respostas 4 e 5 foram classificadas como “Distribuição terceirizada” (representando 55,7% da amostra). A resposta 3 foi eliminada da análise por apresentar poucos casos, sendo inadequado à aplicação dos testes estatísticos. A origem do capital acionário das empresas, foi classificado em dois grupos: capital exclusivamente brasileiro e capital estrangeiro (ou com alguma participação de capitais de outros países). O gráfico 4 a seguir, apresenta a composição deste elemento. Gráfico 4 – Composição da origem do capital O tamanho da empresa foi definido a partir da categorização pela mediana da receita líquida das empresas da amostra. Assim, o tamanho da empresa foi classificado em dois grupos: as maiores, as quais estavam situadas acima da mediana da receita líquida (em milhões de Reais) das empresas da amostra (o que corresponde a 50%) e as menores, as quais estavam situadas abaixo da mediana da receita líquida das empresas da amostra (50% restantes). As demais estatísticas descritivas da estão apresentadas na tabela 4. 22,9% 12,2% 9,2%27,5% 28,2% 1 Totalmente própria 2 Maior parte prórpia 3 Metade própria, metade terceirizada 4 Maior parte terceirizada 5 Totalmente terceirizada Estrangeiro 37% Nacional 63%
  • 10. 10 Tabela 4 – Estatística descritiva da receita líquida das empresas da amostra Dessa maneira, a amostra foi constituída de grandes empresas brasileiras, possuidoras de receitas líquidas consideráveis. Por exemplo, a empresa de maior receita líquida (R$ 4389,70 milhões) está classificada como a 12º colocada no ranking das 1000 Maiores Empresas do Brasil (VALOR ECONÔMICO, 2004). As oito maiores empresas da amostra estão presentes entre as 30 maiores empresas do ranking ( 12º, 14º, 16º, 17º, 23º, 26º, 29º e 30º, respectivamente). 4 Análises Na aplicação do questionário, foi solicitado ao profissional de logística que o mesmo avaliasse o serviço logístico oferecido por sua empresa aos seus principais clientes. A questão foi operacionalizada mediante utilização da seguinte escala: 1 (Péssimo), 2 (Ruim), 3 (Regular), 4 (Bom) e 5 (Ótimo). Um resumo das informações coletadas é apresentado na tabela 5 a seguir. Tabela 5 – Estatísticas descritivas do nível de serviço logístico Percebe-se que, de uma maneira geral, todos os atributos foram avaliados com conceitos maiores que 4 (Bom). Destacam-se os atributos apoio na entrega física, apoio após a entrega, freqüência e flexibilidade, os quais foram, em média, melhores avaliados. Após esses resultados iniciais, procedeu-se à aplicação de testes de diferenças entre médias (Independent-Samples T-tests) com o objetivo de investigar se a forma de distribuição, o tipo de produto, o tamanho da empresa e a origem do capital influenciam os valores das médias apresentadas. Os resultados e as análises serão apresentadas nas próximas seções. Ressalta-se que o resultado do teste estatístico de Levene aplicado aos atributos nos permite assumir que as variâncias de todos os grupos analisados são iguais para cada um dos atributos do nível de serviço logístico oferecido ao cliente. Atributos Número de casos Média Desvio- padrão Erro padrão médio Variância 1 Disponibilidade 131 4,08 0,64 0,056 0,41 2 Freqüência 129 4,12 0,6 0,053 0,359 3 Consistência 128 4,09 0,594 0,053 0,353 4 Tempo do ciclo do pedido 130 4,02 0,682 0,06 0,465 5 Flexibilidade 130 4,12 0,737 0,065 0,543 6 Sistema de informação de apoio 130 4,09 0,752 0,066 0,565 7 Sistema de recuperação de falhas 129 4,04 0,722 0,064 0,522 8 Apoio na entrega física 129 4,15 0,639 0,056 0,408 9 Apoio após a entrega 127 4,13 0,735 0,065 0,54 Receita Líquida 138 308,85 142,9 4.389,70 626,67 Máximo (milhões de R$) Média (milhões de R$) Quantidade de Questionários Mediana (milhões de RS) Mínimo (milhões de R$)
  • 11. 11 4.1 Influência da forma de distribuição Com o objetivo de se verificar se a forma de distribuição dos produtos (distribuição própria ou terceirizada) tem alguma influência nas médias do NSL, procedeu-se ao teste de diferença entre as médias dos atributos do NSL das empresas de acordo com a forma de distribuição. Os resultados são apresentados na tabela 6 a seguir. Tabela 6 – Diferença entre as médias dos atributos com relação à forma de distribuição A análise da tabela 6 nos permite concluir que, apenas para a freqüência de entregas, a média do atributo se mostra estatisticamente diferente para empresas que utilizam distribuição terceirizada, ou seja, o grupo de respondentes que possuíam a distribuição de sua empresa própria atribuíram notas menores do que aqueles que possuíam distribuição terceirizada. Há evidências, portanto, de que as empresas especializadas em distribuição são melhor avaliadas com relação ao atributo freqüência de entregas. Pelos resultados relacionados aos atributos flexibilidade e sistema de recuperação de falhas estarem próximos ao nível de significância de 10%, resolveu-se estender as análises para ambos. No primeiro caso, a média da flexibilidade se revela superior para as empresas que possuem distribuição própria em comparação com as empresas com distribuição terceirizada. Julga-se então que os respondentes das empresas com distribuição própria avaliam melhor a flexibilidade para atendimento aos clientes do que os respondentes das empresas com distribuição terceirizada. Revela-se a importância do grau de controle das empresas com distribuição própria, fato que claramente pode contribuir para o alcance de uma maior flexibilização das atividades de atendimento ao cliente. No segundo caso, a média do atributo sistema de recuperação de falhas se mostra superior para as empresas com distribuição terceirizada, revelando que os respondentes das empresas com este tipo de distribuição avaliam melhor este atributo do que os respondentes das empresas com distribuição própria. Evidencia-se, neste caso, que as empresas especializadas em distribuição desenvolvem sistemas de recuperação de forma a solucionar as Atributos do NSLO Forma de distribuição Número de casos Média Desvio- padrão Erro padrão médio t Sig (2- tailed) 1 Própria 29 3,97 0,57 0,1 2 Terceirizada 69 4,1 0,69 0,08 1 Própria 29 3,97 0,57 0,1 2 Terceirizada 67 4,18 0,55 0,07 1 Própria 29 3,97 0,5 0,09 2 Terceirizada 66 4,08 0,61 0,08 1 Própria 29 3,97 0,68 0,13 2 Terceirizada 68 3,97 0,71 0,09 1 Própria 29 4,34 0,67 0,12 2 Terceirizada 68 4,09 0,77 0,09 1 Própria 29 4,1 0,72 0,13 2 Terceirizada 68 4,07 0,72 0,09 1 Própria 29 3,86 0,83 0,15 2 Terceirizada 68 4,12 0,68 0,08 1 Própria 28 4,21 0,57 0,11 2 Terceirizada 68 4,09 0,71 0,09 1 Própria 29 4,24 0,74 0,14 2 Terceirizada 66 4,08 0,73 0,09 9 Apoio após a entrega 1,01 0,313 7 Sistema de recuperação de falhas -1,58 0,117 8 Apoio na entrega física 0,84 0,404 5 Flexibilidade 1,56 0,121 6 Sistema de informação de apoio 0,19 0,852 3 Consistência -0,85 0,398 4 Tempo do ciclo do pedido -0,03 0,974 1 Disponibilidade -0,94 0,351 2 Freqüência -1,73 0,086*
  • 12. 12 falhas da maneira mais rápida possível, podendo este fato ter influenciado positivamente na avaliação dos respondentes. 4.2 Influência do tipo de produto A verificação da influência do tipo de produtos (consumo ou industrial) nas médias do NSL foi operacionalizada mediante aplicação teste de diferença entre médias. Os resultados são apresentados na tabela 7 a seguir. Tabela 7 – Diferença entre as médias dos atributos com relação ao tipo de produto A idéia de que os produtos de consumo, principalmente os de conveniência, os clientes compram com freqüência, de imediato e com pouca comparação (BALLOU, 2001), esperando-se ter impacto significativo na disponibilidade, freqüência e tempo do ciclo do pedido, não foi confirmada após aplicação dos testes, ou seja, em empresas industriais brasileiras não há evidências indicativas de diferenças significativas entre produtos de consumo ou industrial. 4.3 Influências da origem do capital Procedeu-se ao teste de diferenças entre médias com o objetivo de verificação da possível influência da origem do capital (nacional ou estrangeiro) nas médias do NSL. Os resultados são apresentados na tabela 8 a seguir. A tabela 8 acima nos mostra que não há diferenças significativas entre as médias dos atributos do NSL das empresas com origem do capital nacional ou estrangeiro. O quadro representativo que emerge nos permite concluir que o serviço logístico oferecido aos clientes é o mesmo, independente da empresa ter origem de capital nacional ou estrangeiro. Atributos do NSLO Tipo de Produto Número de casos Média Desvio- padrão Erro padrão médio t Sig (2- tailed) 1 Industrial 76 4,08 0,69 0,08 2 Consumo 48 4,08 0,61 0,09 1 Industrial 75 4,15 0,56 0,06 2 Consumo 48 4,08 0,68 0,1 1 Industrial 76 4,11 0,62 0,07 2 Consumo 45 4,04 0,56 0,08 1 Industrial 76 4,05 0,65 0,07 2 Consumo 47 3,96 0,75 0,11 1 Industrial 76 4,08 0,74 0,08 2 Consumo 47 4,19 0,68 0,1 1 Industrial 76 4,01 0,81 0,09 2 Consumo 47 4,17 0,67 0,1 1 Industrial 75 4,01 0,76 0,09 2 Consumo 47 4,09 0,69 0,1 1 Industrial 75 4,16 0,62 0,07 2 Consumo 47 4,09 0,69 0,1 1 Industrial 73 4,12 0,76 0,09 2 Consumo 47 4,13 0,074 0,1 1 Disponibilidade -0,04 0,971 2 Freqüência 0,56 0,575 3 Consistência 0,54 0,592 4 Tempo do ciclo do pedido 0,74 0,459 5 Flexibilidade -0,84 0,402 6 Sistema de informação de apoio -1,12 0,267 9 Apoio após a entrega -0,03 0,975 7 Sistema de recuperação de falhas -0,53 0,6 8 Apoio na entrega física 0,62 0,533
  • 13. 13 Tabela 8 – Diferença entre as médias dos atributos com relação à origem do capital 4.4 Influências do tamanho da empresa Com o objetivo de se verificar se o tamanho da empresa (pequena ou grande) tem alguma influência nas médias do NSL, procedeu-se ao teste de diferença entre as médias dos atributos do NSL. Os resultados são apresentados na tabela 9 a seguir. Tabela 9 – Diferença entre as médias dos atributos com relação ao tamanho da empresa Atributos do NSLO Origemdo capital Número de casos Média Desvio- padrão Erro padrão médio t Sig (2- tailed) 1 Nacional 81 4,01 0,98 0,08 2 Estrangeiro 50 4,18 0,56 0,08 1 Nacional 79 4,11 0,6 0,07 2 Estrangeiro 50 4,14 0,61 0,09 1 Nacional 79 4,08 0,53 0,06 2 Estrangeiro 49 4,12 0,7 0,1 1 Nacional 80 4,05 0,63 0,07 2 Estrangeiro 50 3,96 0,75 0,11 1 Nacional 80 4,13 0,74 0,08 2 Estrangeiro 50 4,12 0,75 0,11 1 Nacional 80 4,11 0,73 0,08 2 Estrangeiro 50 4,06 0,8 0,11 1 Nacional 79 3,99 0,69 0,08 2 Estrangeiro 50 4,12 0,77 0,11 1 Nacional 80 4,16 0,6 0,07 2 Estrangeiro 49 4,12 0,7 0,1 1 Nacional 78 4,1 0,71 0,08 2 Estrangeiro 49 4,16 0,77 0,11 9 Apoio após a entrega -0,45 0,652 7 Sistema de recuperação de falhas -1,02 0,311 8 Apoio na entrega física 0,34 0,731 5 Flexibilidade 0,04 0,97 6 Sistema de informação de apoio 0,39 0,7 3 Consistência -0,43 0,669 4 Tempo do ciclo do pedido 0,73 0,466 1 Disponibilidade -1,46 0,146 2 Freqüência -0,24 0,811 Atributos do NSLO Tamanho da empresa Número de casos Média Desvio- padrão Erro padrão médio t Sig (2- tailed) 1 Pequena 64 4,08 0,72 0,09 2 Grande 67 4,07 0,56 0,07 1 Pequena 63 4,13 0,63 0,08 2 Grande 66 4,12 0,57 0,07 1 Pequena 64 4,11 0,64 0,08 2 Grande 64 4,08 0,54 0,07 1 Pequena 64 4,09 0,66 0,08 2 Grande 66 3,94 0,7 0,09 1 Pequena 64 4,17 0,75 0,09 2 Grande 66 4,08 0,73 0,09 1 Pequena 64 4,06 0,79 0,1 2 Grande 66 4,12 0,71 0,09 1 Pequena 63 4,06 0,76 0,1 2 Grande 66 4,02 0,69 0,08 1 Pequena 64 4,19 0,61 0,08 2 Grande 65 4,11 0,66 0,08 1 Pequena 63 4,17 0,66 0,08 2 Grande 64 4,08 0,8 0,1 9 Apoio após a entrega 0,74 0,461 7 Sistema de recuperação de falhas 0,38 0,706 8 Apoio na entrega física 0,71 0,48 5 Flexibilidade 0,74 0,459 6 Sistema de informação de apoio -0,44 0,658 3 Consistência 0,3 0,767 4 Tempo do ciclo do pedido 1,29 0,198 1 Disponibilidade 0,03 0,975 2 Freqüência 0,05 0,957
  • 14. 14 A tabela 9 nos mostra que não há diferenças significativas entre as médias dos atributos do NSL das empresas consideradas grandes ou pequenas. Conclui-se que o serviço logístico oferecido aos clientes é o mesmo, não sofrendo influência do tamanho da empresa. Por outro lado, é interessante observar que independentemente da classificação adotada nesta pesquisa, todas as empresas relacionadas são consideradas pela revista Valor (VALOR ECONÔMICO, 2004) como as maiores do Brasil. O que foi proposto neste estudo foi uma nova classificação entre empresas, as quais já são consideradas grandes. Conclusões Percebe-se que, de uma maneira geral, os elementos analisados não influenciaram as médias dos atributos do serviço logístico. Exceção se faz em relação à freqüência, flexibilidade e sistema de recuperação de falhas quanto à forma de distribuição da empresa. O quadro geral que emerge é um indicativo que o tipo de produto, a origem do capital, o tamanho da empresa e, parcialmente, a forma de distribuição não influenciam as médias dos atributos do serviço logístico das maiores empresas industriais brasileiras. Os pequenos desvios-padrão e a não verificação de diferenças entre as médias são evidências de possível isomorfismo entre as indústrias pesquisadas. A concorrência nos setores, práticas de benchmark, capacidade técnica e financeira, além da semelhança com relação ao porte das empresas são alguns fatores que podem ajudar a explicar tal situação. Ressalta-se algumas limitações do trabalho. A primeira delas se relaciona ao fato de não ter sido possível coletar os dados pessoalmente, devido à extensão da pesquisa (número de empresas participantes e distância física), além das limitações de ordem financeira. O nível de serviço logístico foi avaliado de acordo com a percepção dos respondentes (estes foram, em sua maioria, os profissionais responsáveis pela logística da empresa pesquisada), os quais mensuraram, de forma subjetiva, o nível de serviço na logística de suprimentos e distribuição. Assim, as respostas baseadas na percepção dos respondentes possuem certa subjetividade, podendo incorrer em desvios (intencionais ou não) referentes às características pessoais do próprio respondente. Isto deve ser particularmente importante nos casos das indústrias pesquisadas que utilizavam serviços logísticos não-terceirizados (logística própria), pois o profissional avaliou o nível de serviço logístico de sua própria empresa. Tal limitação foi igualmente observada nas pesquisas de Lambert e Harrington (1989, p. 45) e LaLonde, Cooper e Nordewier (1988). Por outro lado, evidencia-se a necessidade de condução de outras pesquisas relacionadas ao tema. Algumas sugestões emergem deste trabalho. Primeiro, no interesse de confirmar as conclusões do estudo, é interessante desenvolver novas pesquisas que tratem do mesmo tema com perspectivas diferenciadas, considerando, particularmente, as limitações da pesquisa. Por exemplo, possíveis estudos, considerando a linearidade temporal (estudo longitudinal), com a análise de cinco ou mais anos, poderiam identificar tendências e evitar parte das limitações das pesquisas do tipo cross-sectional. A condução de trabalhos utilizando metodologia semelhante, com amostras de indústrias de outros países poderá ser importante para a realização de análises comparativas e maiores generalizações. De outra maneira, pesquisas que considerem amostras representativas de setores específicos e únicos, ao invés de vários setores ao mesmo tempo, poderiam promover o entendimento mais particularizado dos setores econômicos analisados. Por fim, novos estudos nos quais o nível de serviço logístico pudesse, de alguma forma, ser avaliado de maneira mais objetiva poderiam diminuir efeitos indesejáveis relacionados à percepção e conseqüente subjetividade das respostas dos entrevistados.
  • 15. 15 Referências bibliográficas BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWEN, David. SIEHL, Caren. SCHNEIDER, Benjamin. A framework for analyzing customer service orientations in manufacturing. Academy of Management Review, p. 75-95, 1989. BOWERSOX, Donald J. CLOSS, David J. Logística Empresarial: o Processo de Integração da Cadeia de Suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. BOWERSOX, Donald. COOPER, M. B. Strategic marketing channel management. New York: McGraw-Hill, 1992. BERMAN, Barry. EVANS, Joel R. Retail management: a strategic approach. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 1995. BOLTON, Ruth N. LEMON, Katherine N. A dynamic model of customer usage of services: usage as an antecedent and consequence of satisfaction. Journal of Marketing Research. V. 36, p. 171-186, May, 1999. CHRISTOPHER, M. Logistics and supply chain management. London: Pintman, 1992. CHURCHILL, Gilbert A. Marketing: criando valor para o cliente. São Paulo: Saraiva, 2000. DAUGHERTY, Patricia J., STANK, Theodore P., ELLINGER, Alexander E. Leveraging logistics/distribution capabilities: the effect of logistics service on market share. Journal of Business Logistics, v. 19, n. 2, p. 35-51, 1998. DYMSZA, W. A. Estratégia das empresas multinacionais. São Paulo: Cultrix, 1972. FIGUEIREDO, K. ARKADER, R. LAVALLE, C. K. L. HIJJAR, M. F. Dimensões relevantes de serviço ao cliente na distribuição de alimentos: um estudo de caso entre atacadistas e varejistas no Brasil. In: FLEURY, P. F. WANKE, P. FIGUEIREDO, K. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000a. ______; ______; ______. Evolução do desempenho em distribuição no setor brasileiro de alimentos no período de 1995-1999. In: ______; ______; ______. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000b. FLEURY, Paulo F. LAVALLE, C. R. Avaliação do serviço de distribuição física: relação entre a indústria de bens de consumo e o comércio atacadista e varejista. In: FLEURY, P. F. WANKE, P. FIGUEIREDO, K. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. FORD, Robert C., ARMANDI, Barry R., HEATON, Cherrill P. Organization Theory: An Integrative Approach. New York: Harper & Row, 1988. GIL, Antônio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. São Paulo: Atlas, 1993. GRÖNROOS, Christian. Marketing: gerenciamento e serviços – a competição por serviços na hora da verdade. Rio de Janeiro: Campus, 1993. GROSSE, R., KUJAWA, D. International business: theory and managerial applications. Illinois: Irwin, 1988. HALL, R. H. Organizações: estruturas e processos. Rio de Janeiro: Prentice Hall do Brasil, 1984. HARDING, Forrest E. Logistics Service Provider Quality: Private Measurement, Evaluation and Improvement. Journal of Business Logistics, v. 19, n. 1, p. 103-120, 1998. HESKETT, James L. Controlling customer logistics service. International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, n. 4, v. 24, p. 4, 1994. HESKETT, James L. SASSER, W. Earl. SCHLESINGER, Leonard A. The service profit chain: how leading companies link profit and growth to loyalty, satisfaction and value. New York: The Free Press, 1997.
  • 16. 16 HOUTE, T., PORTER, M. E., RUDDEN, E. How global companies win out. In: Global strategies: insights from world´s leading thinkers. Harvard Business School, 1982. INNIS, Daniel E. LALONDE, Bernard J. Customer service: the key to customer satisfaction, customer loyalty and market share. Journal of Business Logistics. V.15, 1994. KIMBERLY, John R. Organizational Size and the Structuralist Perspective: A Review Critique, and Proposal. Administrative Science Quarterly, v. 21, n. 4 (December), p. 577- 597, 1976. KOTLER, Philip. Administração de marketing. São Paulo: Atlas, 1996. KOVACS, Erica Piros. Importância e Performance dos Serviços Logísticos ao Cliente no Fornecimento de Embalagens para a Indústria de Bebidas. Dissertação Programa de Pós- Graduação em Administração da Universidade Federal de Pernambuco, 2004. LALONDE, Bernard J. COOPER, Martha C. NOORDEWIER, Thomas G. Customer service: a management perspective. Oak Brook, Ill: The Council of Logistics Management, 1988. LAMBERT, Douglas M. HARRINGTON, Thomas C. Establising customer service strategies within the marketing mix: more empirical evidence. Journal of Business Logistics, v. 10, nº 2, p. 44-60, 1989. LAMBERT, Douglas M., STERLING, Jay U. Establishing Customer Service Strategies within the Marketing Mix. Journal of Business Logistics, v. 8, n. 1, p. 1-30, 1987. LAMBERT, Douglas M., STOCK, James R. Strategic logistics management. 3º ed., 1993. LANGLEY, C. J. HOLCOMB, M. C. Creating logistics customer value. Journal of Business Logistics, nº 13, p. 1-27, 1992. LOVELOCK, Christopher. Products plus: how product + service = competitive advantage. New York: McGraw-Hill, 1994. MENTZER, John T., FLINT, Daniel J., KENT, John T. Developing a Logistics Service Quality Scale. Journal of Business Logistics, v. 20, n. 1, p. 9-32, 1999. NAZÁRIO, P. Importância de sistemas de informação para a competitividade logística. In: FLEURY, P. F. WANKE, P. FIGUEIREDO, K. Logística empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo: Atlas, 2000. PORTER, M. E. O que é Estratégia? In: PORTER, Michael E. Competição = On Competition: estratégias competitivas essenciais. Rio de Janeiro: Campus, 1999. ROBBINS, S. P. Organization theory: the structure and design of organizations. Englewood Cliffs, New Jersey: Prentice-Hall, 1983. RUTNER, Stephen M. e LANGLEY JR., John C. Logistics Value: Definition, Process and Measurement. International Journal of Logistics Management, v. 11, n. 2, p. 73-82, 2000. VAVRA, Terry G. PRUDEN, Douglas R. Customer retention and the stages of service after sale. In: ZEMKE, Ron. WOODS, John A. Best practices in customer service. American Management Association Publications, New York, 1998. VEEKEN, Daniëlle J. M. van der, RUTTEN, Werner G. M. M. Logistics Service Management: Opportunities for Differentiation. International Journal of Logistics Management. v. 9, n. 2, p. 91-98, 1998. YIP, G. S. Total global strategy: managing for worldwide competitive advantage. New York: Prentice-Hall, 1995. VALOR ECONÔMICO, Jornal. Valor 1000 – 1000 maiores empresas e as campeãs por setor. São Paulo: Valor Econômico, 2004.