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MÓDULO
Introdução ao HIV-1
1
Objectivos de aprendizagem
No final deste módulo o participante dever ser capaz de:
• Perceber a Biologia e a epidemiologia do HIV-1
• Entender o ciclo replicativo do HIV-1
• Conhecer a classificação e epidemiologia molecular do HIV-1
• Conhecer os mecanismos de transmissão do HIV-1
• Entender a história natural da infecção
• Conhecer os diferente testes laboratoriais utilizados para
diagnóstico da infecção
• Perceber a importância da Carga Viral na monitoria do
tratamento antiretroviral
Epidemiologia
do HIV-1
Secção 1
Epidemiologia do HIV
Fonte: https://ins.gov.mz/divulgados-resultados-do-inquerito-sobre-o-impacto-do-hiv-e-sida-em-mocambique/
Distribuição Geográfica dos subtipos
Santos and Soares, 2010
Biologia do HIV-1
Secção 2
HIV-1
• Pandemia Mundial
• 4 grupos geneticamente
distintos
Grupo M
• Subtipo A-H, I, J, K e A1, A2,
F1e F2
• Grupo O, Grupo N, Grupo P
• Geneticamente + relacionado
ao SIVcpz
HIV-2
• Menos patogénico
• Oeste de África
• Geneticamente + relacionado ao
SIVsm
Classificação
Pertence à família Retroviridae e ao gênero Lentivirus
Estrutura e Genoma
O genoma do HIV é composto por duas fitas simples
de RNA positivas : 9.8 kb com 9 genes
Frankel and Young, 1998
Estrutura e Genoma
História natural da infecção
Fonte: Henderson LJ, Reoma LB, Kovacs JA, Nath A. 2020. Advances toward curing
HIV-1 infection in tissue reservoirs. J Virol 94:e00375-19
Generalidades:
• CD4 é o receptor do vírus nas células
alvo e CCR5 ou CXCR4 são os principais
co-receptores virais.
• O HIV infecta células críticas necessárias
para uma resposta imune efectiva,
incluindo: células T CD4 +, macrófagos,
células dendríticas e outras.
• O HIV também pode formar
reservatórios virais nos linfonodos,
baço, intestino, cérebro e outros locais.
• Embora o tratamento antiretroviral
precoce possa proteger estas
populações de células imunes
controlando a infecção viral, se o
tratamento for interrompido, as
populações de vírus estabelecidas nos
reservatórios no início da infecção
podem reaparecer rapidamente.
Células & Compartimentos alvo
Replicação do HIV
• Animação 3D
Acção dos
Antiretrovirais (ARVs)
Secção 3
Medicamentos anti-retrovirais
Os medicamentos anti-retrovirais
(ARV) são capazes de inibir a
replicação do HIV em diferentes
estágios, como:
• Inibição da ligação do co-receptor
viral
• Inibição da fusão do vírus com a
membrana da célula hospedeira
• Inibição da transcrição reversa do
genoma ARN do vírus
• Inibição da integração do genoma
proviral no ADN cromóssomico da
célula hospedeira
• Inibição da atividade da protease
viral
Inibição da replicação viral
Fonte:Davidson’s Principles and Practice of Medicine, 22nd edn. Walker BR, Colledge
NR, Ralston SH, Penman I, eds. London, UK: Churchill Livingstone. 2014
Medicamentos anti-retrovirais por classe
Inibidor nucleosídeo
da transcriptase reversa
(NRTI)
Inibidor não nucleosídeo
da transcriptase reversa
(NNRTI)
Inibidores
da protease (PI)
Inibidores da
entrada
Inibidor
da integrase
Abacavir (ABC)
Didanosina (ddI)
Emtricitabina (FTC)
Lamivudina (3TC)
Estavudina (d4T)
Zalcitabina (ddC)
Zidovudina (ZDV, AZT)
Inibidores nucleotídeos
da transcriptase reversa
(NtRTI)
Tenofovir (TDF)
Tenofovir AF (TAF)
Efavirenz (EFV)
Etravirina (ETR)
Nevirapina (NVP)
Delavirdina (DLV)
Rilpivirina (RPV)
Doravirina (DOR)
Amprenavir (APV)
Atazanavir (AZV)
Darunavir (DRV)
Fosamprenavir (FPV)
Indinavir (IDV)
Lopinavir-ritonavir (LPV/r)
Nelfinavir (NFV)
Ritonavir (RTV)
Saquinavir (SQV)
Tipranavir (TPV)
Inibidor
da fusão:
Enfuvirtida (T-20)
Antagonista do
Receptor CCR5:
Maraviroc (MVC)
Inibidor pós-fixação:
Ibalizumab
Raltegravir (RAL)
Dolutegravir (DTG)
Elvitegravir (EVG)
Bictegravir (BIC)
Cabotegravir (CAB)
Linhas de TARV em Moçambique
Fonte:
https://comitetarvmisau.co.mz/docs/orientacoes_nacionais/Circular_Normas_Cl%C3%ADnicas_Actualizadas_29_11_19.pdf
TARV precoce reduz a morbidade e a mortalidade
Fonte: INSIGHT START Study Group. N Engl J Med. 2015;373(9):795. Fonte: TEMPRANO ANRS 12136 Study Group.
N Engl J Med. 2015;373(9):808.
Redução do risco de 57%; p<0,001
Falha imunológica
do hospedeiro
HIV I Variantes resistentes
• Pré-existentes
❑ Transmitidos
• Selecionado
Níveis sub-inibitórios
das drogas ARV
Replicação persistente do HIV
Falha terapêutica
Factores associados a falha terapêutica
Factores que afectam a falência terapêutica
• Adesão
• Os factores potencialmente associados com a não-adesão incluem:
factores económicos, efeitos secundários relacionados com os
medicamentos, esquecimento, restrições alimentares, excesso de
comprimidos para tomar, saúde mental e transtornos de consumo de
substâncias, estigma, relacionamento entre o doente e o médico, e
sistemas de cuidados de saúde,
entre outros.
• Níveis subterapêuticos dos medicamentos
• Mais frequentemente devido a uma fraca adesão
• Má absorção (farmacologia alterada)
• Interacções medicamentosas
• Variantes farmacogenéticas que afectam o metabolismo
• Resistência primária ou adquirida aos medicamentos
Consequências da falência terapêutica
• Morbidade e mortalidade
• Infecções oportunistas
• Morbidade e mortalidade
associadas à SIDA
• Lesões nos órgãos-alvo relacionadas
com a activação imunológica crónica
(não associada à SIDA)
• Acumulação de mutações
de resistência aos
medicamentos
• Transmissão do HIV
• Incluindo transmissão perinatal
• Dinâmica viral e
resistência aos
medicamentos
Temp
o
Pressão medicamentosa
vírus tipo “selvagem”
(susceptível a medicamentos)
vírus “mutantes”
(resistentes aos medicamentos)
Diagnóstico e
Monitoria do HIV
Secção 4
Fonte: Taylor et al. Int J STD SIDA 2015;26(4):215.
Testagem HIV
• O ARN viral pode ser detectado na fase
aguda, enquanto o p24 aparece apenas de
forma transitória e diminui à medida que se
formam anticorpos específicos para o HIV.
• O teste de amplificação de ácidos nucléicos
(NAAT) pode detectar regiões conservadas
do vírus: região LTR (genoma proviral
flanqueador da sequência de ADN), genes
gag e pol.
• Os NAATs costumam usar diversos alvos
genéticos conservados no vírus para
aumentar a probabilidade de detecção.
• Imuno Ensaio Enzimático (EIA), com alvo
para proteínas virais p24 (EIA de 4ª
geração), anticorpos IgM e IgG (EIA de 3ª e
4ª gerações), com diferente sensibilidade
durante a infecção.
• Western blot tem como alvo proteínas do
vírus: gp160, gp120, gp141, p66, p55, p51,
p31, p24, p17, p15. Devido às suas
características, este teste possui uma janela
ampla para diagnóstico do HIV.
Diagnóstico do HIV
Carga Viral para Monitoria do TARV
• Embora os testes qualitativos de ARN do HIV possam ser utilizados para
diagnosticar a infecção pelo HIV, os testes quantitativos de PCR do ARN do
HIV-1 (carga viral) são necessários para avaliar a resposta ao tratamento
• Os níveis de ARN do HIV-1 predizem o tempo até à progressão para a
Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) e a morte, o que é
independente das contagens de células CD4(1,2)
• A monitorização imunológica (ou seja, a contagem das células TCD4+) não
é um bom preditor dos resultados virológicos, pelo que se recomenda a
quantificação da carga viral para a monitorização da resposta ao TARV(3)
1. Mellors et al. Science 1996;272(5265):1167.
2. O’Brien et al. N Engl J Med 1996;334(7):426.
3. Rawizza et al. Clin Infect Dis 2011;53(12):1283.
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Introdução ao HIV-1: Biologia, Diagnóstico e Tratamento

  • 2. Objectivos de aprendizagem No final deste módulo o participante dever ser capaz de: • Perceber a Biologia e a epidemiologia do HIV-1 • Entender o ciclo replicativo do HIV-1 • Conhecer a classificação e epidemiologia molecular do HIV-1 • Conhecer os mecanismos de transmissão do HIV-1 • Entender a história natural da infecção • Conhecer os diferente testes laboratoriais utilizados para diagnóstico da infecção • Perceber a importância da Carga Viral na monitoria do tratamento antiretroviral
  • 4. Epidemiologia do HIV Fonte: https://ins.gov.mz/divulgados-resultados-do-inquerito-sobre-o-impacto-do-hiv-e-sida-em-mocambique/
  • 5. Distribuição Geográfica dos subtipos Santos and Soares, 2010
  • 7. HIV-1 • Pandemia Mundial • 4 grupos geneticamente distintos Grupo M • Subtipo A-H, I, J, K e A1, A2, F1e F2 • Grupo O, Grupo N, Grupo P • Geneticamente + relacionado ao SIVcpz HIV-2 • Menos patogénico • Oeste de África • Geneticamente + relacionado ao SIVsm Classificação Pertence à família Retroviridae e ao gênero Lentivirus
  • 8. Estrutura e Genoma O genoma do HIV é composto por duas fitas simples de RNA positivas : 9.8 kb com 9 genes Frankel and Young, 1998
  • 10. História natural da infecção
  • 11. Fonte: Henderson LJ, Reoma LB, Kovacs JA, Nath A. 2020. Advances toward curing HIV-1 infection in tissue reservoirs. J Virol 94:e00375-19 Generalidades: • CD4 é o receptor do vírus nas células alvo e CCR5 ou CXCR4 são os principais co-receptores virais. • O HIV infecta células críticas necessárias para uma resposta imune efectiva, incluindo: células T CD4 +, macrófagos, células dendríticas e outras. • O HIV também pode formar reservatórios virais nos linfonodos, baço, intestino, cérebro e outros locais. • Embora o tratamento antiretroviral precoce possa proteger estas populações de células imunes controlando a infecção viral, se o tratamento for interrompido, as populações de vírus estabelecidas nos reservatórios no início da infecção podem reaparecer rapidamente. Células & Compartimentos alvo
  • 12. Replicação do HIV • Animação 3D
  • 14. Medicamentos anti-retrovirais Os medicamentos anti-retrovirais (ARV) são capazes de inibir a replicação do HIV em diferentes estágios, como: • Inibição da ligação do co-receptor viral • Inibição da fusão do vírus com a membrana da célula hospedeira • Inibição da transcrição reversa do genoma ARN do vírus • Inibição da integração do genoma proviral no ADN cromóssomico da célula hospedeira • Inibição da atividade da protease viral Inibição da replicação viral Fonte:Davidson’s Principles and Practice of Medicine, 22nd edn. Walker BR, Colledge NR, Ralston SH, Penman I, eds. London, UK: Churchill Livingstone. 2014
  • 15. Medicamentos anti-retrovirais por classe Inibidor nucleosídeo da transcriptase reversa (NRTI) Inibidor não nucleosídeo da transcriptase reversa (NNRTI) Inibidores da protease (PI) Inibidores da entrada Inibidor da integrase Abacavir (ABC) Didanosina (ddI) Emtricitabina (FTC) Lamivudina (3TC) Estavudina (d4T) Zalcitabina (ddC) Zidovudina (ZDV, AZT) Inibidores nucleotídeos da transcriptase reversa (NtRTI) Tenofovir (TDF) Tenofovir AF (TAF) Efavirenz (EFV) Etravirina (ETR) Nevirapina (NVP) Delavirdina (DLV) Rilpivirina (RPV) Doravirina (DOR) Amprenavir (APV) Atazanavir (AZV) Darunavir (DRV) Fosamprenavir (FPV) Indinavir (IDV) Lopinavir-ritonavir (LPV/r) Nelfinavir (NFV) Ritonavir (RTV) Saquinavir (SQV) Tipranavir (TPV) Inibidor da fusão: Enfuvirtida (T-20) Antagonista do Receptor CCR5: Maraviroc (MVC) Inibidor pós-fixação: Ibalizumab Raltegravir (RAL) Dolutegravir (DTG) Elvitegravir (EVG) Bictegravir (BIC) Cabotegravir (CAB)
  • 16. Linhas de TARV em Moçambique Fonte: https://comitetarvmisau.co.mz/docs/orientacoes_nacionais/Circular_Normas_Cl%C3%ADnicas_Actualizadas_29_11_19.pdf
  • 17. TARV precoce reduz a morbidade e a mortalidade Fonte: INSIGHT START Study Group. N Engl J Med. 2015;373(9):795. Fonte: TEMPRANO ANRS 12136 Study Group. N Engl J Med. 2015;373(9):808. Redução do risco de 57%; p<0,001
  • 18. Falha imunológica do hospedeiro HIV I Variantes resistentes • Pré-existentes ❑ Transmitidos • Selecionado Níveis sub-inibitórios das drogas ARV Replicação persistente do HIV Falha terapêutica Factores associados a falha terapêutica
  • 19. Factores que afectam a falência terapêutica • Adesão • Os factores potencialmente associados com a não-adesão incluem: factores económicos, efeitos secundários relacionados com os medicamentos, esquecimento, restrições alimentares, excesso de comprimidos para tomar, saúde mental e transtornos de consumo de substâncias, estigma, relacionamento entre o doente e o médico, e sistemas de cuidados de saúde, entre outros. • Níveis subterapêuticos dos medicamentos • Mais frequentemente devido a uma fraca adesão • Má absorção (farmacologia alterada) • Interacções medicamentosas • Variantes farmacogenéticas que afectam o metabolismo • Resistência primária ou adquirida aos medicamentos
  • 20. Consequências da falência terapêutica • Morbidade e mortalidade • Infecções oportunistas • Morbidade e mortalidade associadas à SIDA • Lesões nos órgãos-alvo relacionadas com a activação imunológica crónica (não associada à SIDA) • Acumulação de mutações de resistência aos medicamentos • Transmissão do HIV • Incluindo transmissão perinatal • Dinâmica viral e resistência aos medicamentos Temp o Pressão medicamentosa vírus tipo “selvagem” (susceptível a medicamentos) vírus “mutantes” (resistentes aos medicamentos)
  • 21. Diagnóstico e Monitoria do HIV Secção 4
  • 22. Fonte: Taylor et al. Int J STD SIDA 2015;26(4):215. Testagem HIV • O ARN viral pode ser detectado na fase aguda, enquanto o p24 aparece apenas de forma transitória e diminui à medida que se formam anticorpos específicos para o HIV. • O teste de amplificação de ácidos nucléicos (NAAT) pode detectar regiões conservadas do vírus: região LTR (genoma proviral flanqueador da sequência de ADN), genes gag e pol. • Os NAATs costumam usar diversos alvos genéticos conservados no vírus para aumentar a probabilidade de detecção. • Imuno Ensaio Enzimático (EIA), com alvo para proteínas virais p24 (EIA de 4ª geração), anticorpos IgM e IgG (EIA de 3ª e 4ª gerações), com diferente sensibilidade durante a infecção. • Western blot tem como alvo proteínas do vírus: gp160, gp120, gp141, p66, p55, p51, p31, p24, p17, p15. Devido às suas características, este teste possui uma janela ampla para diagnóstico do HIV. Diagnóstico do HIV
  • 23. Carga Viral para Monitoria do TARV • Embora os testes qualitativos de ARN do HIV possam ser utilizados para diagnosticar a infecção pelo HIV, os testes quantitativos de PCR do ARN do HIV-1 (carga viral) são necessários para avaliar a resposta ao tratamento • Os níveis de ARN do HIV-1 predizem o tempo até à progressão para a Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (SIDA) e a morte, o que é independente das contagens de células CD4(1,2) • A monitorização imunológica (ou seja, a contagem das células TCD4+) não é um bom preditor dos resultados virológicos, pelo que se recomenda a quantificação da carga viral para a monitorização da resposta ao TARV(3) 1. Mellors et al. Science 1996;272(5265):1167. 2. O’Brien et al. N Engl J Med 1996;334(7):426. 3. Rawizza et al. Clin Infect Dis 2011;53(12):1283.