2. Tornar-se Pai de uma Criança que Apresenta
Deficiência
Tornar-se pai de uma criança diferente das outras é
uma grande transformação na vida, é enfrentar uma situação
para a qual ninguém está preparado. É também viver
sentimentos complexos e intensos: a raiva, a tristeza, o
abandono, a onipotência e a frustação.
É ficar de luto da criança que se esperava.
Esses sentimentos vividos no momento do nascimento
podem reaparecer nas diversas etapas do desenvolvimento
da criança.
3. Com o tempo os pais aprendem a descobrir o filho, a amar
e se familiarizar com a deficiência.
O fato de o filho apresentar uma deficiência leva também os
pais a conhecer ambientes que eles nunca desejariam ter tido a
oportunidade de frequentar: o da reabilitação e o da educação
especial.
Mesmo que a situação seja angustiante para os pais,
parece que o estresse afeta sempre mais a mãe que o pai.
Diante dos pais, devemos mostrar grande humildade
profissional. Evitar julgamentos apressados sobre o modo de agir
de alguns pais, tentar compreender sua situação e lhes fornecer
pistas capazes de ajudá-los.
4. Depoimento das Mães
• Percebe-se na pesquisa(anexo 1) que, em alguns casos, todo o
lugar é deixado aos profissionais da reabilitação ou ocupado
por eles.
• Outras subestimam o valor das atividades que não fora,
sugeridas por esses profissionais.
• Enquanto era fácil para as mães explicarem o que seus filhos
gostavam de fazer, tinham mais dificuldade em delimitar o que
elas mais gostavam de fazer com os filhos. Isso talvez indique
que elas não tenham conseguido instaurar uma interação como
o filho que lhes satisfaça realmente, que elas não tenham
conseguido descobrir seu lado de prazer nessa interação.
5.
6. • Os profissionais que os pais precisam consultar não parecem
ter disponibilidade suficiente, nem responder suas
expectativas.
• Segundo Kazak (1987), a insatisfação dos pais pode ser
atribuida ao fato de que o profissional concentra sua
intervenção na criança e negligencia as necessidades da
famílias. Parece oportuno reconsiderar o trabalho com os
pais para dar conta do contexto familiar e disponibilizar uma
intervenção que seja centrada nas necessidades da família.
• Antes de intervir no Modelo Lúdico, consideremos
primeiramente os papéis e dos terapeutas face á criança.
7. Papeis Distintos e
Complementares dos Pais e
dos Terapeutas
Evitar considerar a criança com deficiência
física somente do ponto de vista das suas
limitações e de fazer de sua vida, e de sua
família, um cotidiano “terapêutico”.
Condição física particular = necessidades
particulares.
Papeis Complementares.
8. Modelo Lúdico na Vida Cotidiana
O papel do terapeuta ocupacional pode ser
resumido da seguinte maneira:
• Facilitar a vida cotidiana da criança e o
planejamento dos cuidados.
• Ajudar os pais a ter com o filho uma interação
satisfatória para as duas partes.
• Ajudar os pais a favorecer, na criança, o acesso
ao mundo que está à sua volta e acompanhá-lo
em suas descobertas, permitindo - se
reconhecer as novas facetas de seu filho.
9. • A tarefa dos pais não é o prolongamento
da tarefa dos terapeutas, ela é distinta,
mas igualmente importante.
10. Dentre as atividades que você deve fazer com
seu filho, quais são as difíceis e desagradáveis
para você ou para ele?
Nesse sentido o que mais é encontrado são as atividades
relacionadas aos cuidados pessoais das crianças.
Nessa questão o Terapeuta Ocupacional entra para facilitar esse
processo, tanto em relação a mãe quanto trabalhar uma maior
autonomia para a criança.
11. Dentre as atividades que você gosta de
fazer com seu filho, a quais eles reagem
bem?
Essas atividades são tão apreciadas pelos pais quanto
pelos filhos, os profissionais devem levar os pais a
reconhecer a importância dessas atividades no cotidiano, e
a conservá-las preciosamente.
12. Dentre as atividades que as outras crianças praticam,
quais são as que você gostaria de oferecer a seu filho?
Concentrando constantemente nossas energias e as dos pais nas
dificuldades do filho, conduzimos os pais a se ater somente às limitações da
criança; restringimos assim, suas experiências. Fazendo tal pergunta,
abrimos a porta para a iniciativa, para os interesses e para a imaginação dos
pais.
13. Conhecimentos e Competências Específicas do TO no serviço com pais
Ajudar os pais na vida cotidiana
Oferecer meios para simplificar a execução de atividades
cotidianas (posicionamento, adaptações no banho, vestuário,
locomoção...)evitando problemas na coluna.
“orquestrar” os pais no planejamento, organização, procura de
equilíbrio, a antecipação e a capacidade de dar um sentido para as
atividades.
Favorecendo na conservação de energia e recuperação do tempo.
Criar uma lista de tarefas, anotar as questões para discussão,
combinar atividades ao mesmo tempo.
14. ● Organizar o ambiente, utilizar um carrinho para transporte, banco
para apoio do pé.
●Se possível:
-----realizar atividades sentado.
-----pegar a criança com o quadril e não com braços e costas.
-----pegar objetos com as duas mãos .
-----empurrar ao invés de levantar a mobília.
O Terapeuta acompanhando o cotidiano encontrará mais sugestões para
ajudar os pais nas atividades.
15.
16. Favorecer uma Interação Pais-Filhos Mutuamente Satisfatória
“O fato de discutir com eles efeitos da deficiência sobre o desenvolvimento
e comportamento da criança pode assegurá-los de suas competências de
pais.
Dividir com os pais nosso conhecimento sobre o desenvolvimento sensorial
da crianças lhes permitirá compreender a importância das atividades
cotidianas mais simples que a levam a olhar, escutar, tocar, cheirar e mexer-se,
e de reconhecer seus efeitos sobre o desenvolvimento da criança.”
17. “Sensibilizar os pais para o desenvolvimento global da criança,
fazendo aparecer seu comportamento nas esferas diferentes
daquelas ligadas às suas limitações, ajudará os pais a olhar o filho
com outros olhos, e talvez, a descobrir nele forças desconhecidas.
A atitude lúdica pode também enriquecer as relações entre os pais
e a criança. Abordar as tarefas cotidianas com humor, um pouco
de loucura na rotina, tudo isso pode mudar a cor do dia e tornar o
contato com a criança mais sereno e mais agradável.”
18. Ajudar pais e filhos a fazer
descobertas juntos
Se ajudarmos os pais a descobrir seu filho, a
compreender que apesar das limitações, ele
pode ser sorridente, carinhoso, ter interesses,
descobrir a importância das atividades mais
simples pela experiência de vida de seu filho,
eles estarão mais capacitados para
desempenhar o papel de pais, coisa de que, as
vezes, esquecemos quando todos os nossos
esforços são somente sobre a criança.
19.
20. No modelo lúdico, convidamos os pais a
investir nas forças da criança, com suas
dificuldades sendo levadas em conta por
inúmeros profissionais. Ajudando-os a
ocupar o verdadeiro lugar como pais ao lado
do filho e a descobrir o prazer com eles. Por
outro lado, um outro elemento deve ser
igualmente considerado pelos terapeutas
que oferecem seus serviços a criança.
Qualquer pai, incluindo o da criança com
deficiência física, tem necessidades que lhe
são próprias.
21. O trabalho de acompanhamento dos pais pode
ser feito nos encontros individuais ou nas
visitas a domicilio. É também possível discutir
alguns temas anteriores mencionados nos
encontros de grupos de pais.
22. E os outros filhos?
Ser irmã (o) de uma criança diferente das
outras não é fácil;
Sentem raiva, tristeza, ressentimento,
ambivalência, vergonha diante dos amigos;
Receiam que os pais os amem menos;
Raramente expressam suas emoções, mas
transmitem nos seus atos: crises, murros,
insolência, mau humor, brigas, desobediência;
A atitude dos pais com o filho deficiente tem
influência nas reações do(s) outro(s) filho(s).
23. Terapia Ocupacional: Ajuda a descobrir o prazer de
interagir com essa(e) irmã(o) diferente dos outros;
Tem a necessidade de certeza do amor dos pais, de
um espaço pessoal;
Precisam criar laços fraternais com essa(e) irmã(o).
Ex: o brincar.
Para a criança com deficiência: irmãs(os)
podem ser parceiros preciosos da brinca-deira,
aumentando sua bagagem de
conhecimento e experiência.
24. O Modelo Lúdico
Aplicado com a colaboração dos pais, tenta
responder às necessidades da família no
cotidiano e contribuir com as competências e os
conhecimentos do terapeuta ocupacional,
fundamentando tanto em sua experiência com as
crianças quanto em sua formação de base.
Também aposta no prazer partilhado entre os
pais e filhos, apostando em um valor seguro, em
um bem-estar de toda família. Contribuindo para
tornar a vida da família parecida com a das
outras, ainda que um de seus membros seja
diferente.
25.
26. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERLAND, Francine. O modelo lúdico: o brincar, a
criança com deficiência física e a terapia ocupacional. 3ª
ed. São Paulo: Rocca, 2006.
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