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PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 1
MODALIDADES DE PESQUISA: ESTUDO INTRODUTÓRIO*1
José Cosme Drumond2
Considerações iniciais: a pesquisa e seus objetivos
A execução de uma pesquisa pressupõe compreender o significado do próprio termo e os
objetivos que levam a sua realização. Essa não é uma discussão simples, porque depende
do ponto de vista de correntes de pensamento e, dentro delas, de enfoques paradigmáticos,
no caso da pesquisa científica. Para alguns teóricos, entretanto, investigar é uma atitude
inerente a toda atividade humana, pois sempre nos perguntamos e problematizamos nossa
relação com a realidade.
A pesquisa é um termo polissêmico que pode traduzir desde a busca por melhores preços
no comércio até o trabalho sistemático e metódico de um cientista em um laboratório. A
pesquisa de que estamos falando é do segundo tipo, ou seja, é atividade que pressupõe um
processo metodológico próprio e tem por finalidade a construção de novos conhecimentos
ou a revisão de conhecimentos já existentes. Independentemente do lugar em que se colo-
que o pesquisador, toda sua produção buscará a reflexão critica sobre a realidade.
A atividade da pesquisa, através dessa investigação metódica, buscará responder à neces-
sidade de reflexão critica sobre os conhecimentos já existentes, ou de revisão de processos
de produção cientifica, ou de busca da produção de novos conhecimentos, novos processos
e métodos de produção da ciência. Assim, as pesquisas podem estar focadas (Coutinho e
Cunha, 2004):
Na busca do progresso da ciência, com a descoberta de fatos novos relevantes;
Na abertura de novos campos de conhecimento;
*
DRUMOND, José Cosme. Modalidades de Pesquisa: estudo introdutório. Belo Horizonte: PUC Minas Virtual, 2006.
1
Texto produzido para a disciplina ‘Pesquisa e construção do conhecimento’, do curso de Atualização em ‘Do-
cência do Ensino Superior e sua articulação com a pesquisa e a produção de textos’.
2
Professor da UEMG é doutorando em Educação, na FAE/UFMG.
Curso: Especialização em Docência do Ensino Superior:
Fundamentos Teórico-Metodológicos
Disciplina: Metodologia e Produção de Trabalhos Acadêmicos em Educação
Professora: Sheilla Alessandra Menezes
PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 2
No aperfeiçoamento tecnológico;
Na confirmação ou refutação de descobertas em lugares e situações diferentes;
Na revisão metodológica e no aperfeiçoamento de métodos;
Na redefinição de conceitos teóricos, metodológicos e epistemológicos subjacentes à
produção do conhecimento.
Modalidades de pesquisa: variações pelos enfoques, aplicação e metodologia
A teoria de pesquisa possui várias classificações para os trabalhos de investigação que va-
riam de acordo com o aspecto referencial para a definição tipológica. Assim, há classificação
pelos objetivos da pesquisa, pela base metodológica e pelo enfoque. Consideremos, ainda,
que é comum dividirem-se as ciências em puras e aplicadas e há as correspondentes pes-
quisa pura e pesquisa aplicada.
Embora essa distinção já seja um tanto quanto abandonada, há, entretanto, teóricos que
distinguem pesquisa pura, pesquisa básica ou fundamental e pesquisa aplicada. A pesquisa
pura tem por objetivo ampliar o conhecimento sobre as coisas. A pesquisa básica, que, se-
gundo Joliot (2003), é indispensável para o desenvolvimento da ciência, apesar de seu alto
custo, seria aquela que, nos moldes metodológicos da pesquisa pura, constituiria as bases
conceituais sobre as quais a pesquisa prática atuaria (Coutinho &Cunha, 2004). A pesquisa
prática, então, sustentada na pesquisa fundamental, buscaria dar respostas práticas que
seriam traduzidas em tecnologias, técnicas, materiais, produtos. Para alguns teóricos, essa
divisão é inócua, uma vez que a pesquisa busca sempre produzir resultados que integram
as três finalidades: teoria inovadora, fundamentação e referencial para outras pesquisas e
respostas práticas para intervenção na realidade.
As classificações pelos objetivos, pelo enfoque, pelo caminho metodológico são mais co-
muns entre os teóricos da pesquisa, atualmente. Trabalharemos, a seguir, essas várias
classificações, iniciando pela tipologia por objetivos.
Classificação das pesquisas
a) Classificação baseada nos objetivos das pesquisas
A classificação por objetivos, geralmente, organiza as pesquisas em três grandes grupos:
Pesquisas exploratórias, que, segundo Gil (2002), visam tornar o problema mais explici-
to e têm por objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições.
O planejamento flexível permite a abertura para que novos focos sejam dados ao pro-
blema. São muito usuais as formas de pesquisa bibliográfica e estudo de caso.
PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 3
Pesquisas descritivas, que têm por objetivo a dissecação detalhada de aspectos da rea-
lidade estudada, trabalhando as variáveis e analisando suas possíveis relações, ou bus-
cando a natureza dessas relações. Inúmeras pesquisas podem ser classificadas sob es-
te título. Segundo Gil (2002, p. 42), “uma de suas características mais significativas está
na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como questionário e a
observação sistemática”.
Pesquisas explicativas são as que estão preocupadas com a identificação de fatores
que determinam os fatos ou fenômenos. Assim, elas devem buscar as razões profundas
que estão por trás do problema pesquisado, para que o conhecimento de realidade seja
o mais ampliado possível. Por ser mais complexa, a pesquisa explicativa é mais passível
de induzir os pesquisadores a erros, o que implica os cuidados com o planejamento e
com as técnicas utilizadas no seu processo. Segundo Gil (op. cit., p. 42), “pode-se dizer
que o conhecimento científico está assentado nos resultados oferecidos pelos estudos
explicativos”. Essas pesquisas são desenvolvidas tanto pelas ciências sociais, quanto
pelas ciências naturais que, quase sempre, utilizam-se do método experimental.
Embora seja possível estabelecer uma hierarquia entre esses três tipos de pesquisa, é co-
mum serem encontrados elementos integrados dos três, em estudos realizados. Uma pes-
quisa descritiva pode ser desdobramento de uma pesquisa exploratória, assim como a pes-
quisa explicativa pode ser a continuação de uma pesquisa descritiva.
Essa classificação é importante para o estabelecimento do marco teórico da pesquisa, isto
é, para que seja possível uma aproximação conceitual com a qual o estudo vai ser realiza-
do.
b) Classificação baseada em procedimentos adotados nas pesquisas
Para a análise empírica dos fatos, o trabalho de investigação deve conter o que alguns teó-
ricos denominam de desenho, ou delineamento ou design da pesquisa. Esse delineamento
– termo mais usual no Brasil – é a parte do planejamento da pesquisa que define o modelo,
a sinopse metodológica e o planeamento, com os passos, os espaços e os tempos a serem
utilizados e envolve, ainda, a análise de dados.
É possível estabelecer uma tipologia de pesquisa pelo delineamento, cujo ponto central são
os procedimentos de coleta de dados. Segundo Gil (op. cit., p. 43),
Assim, podem ser definidos dois grandes grupos de delineamentos: aqueles que se valem
das chamadas fontes de “papel” e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. No
primeiro grupo, estão a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. No segundo, estão
a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento de dados e o estudo de
caso. Neste último grupo, ainda que gerando certa controvérsia, podem ser incluídas a
pesquisa-ação e a pesquisa participante.
PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 4
Vamos, pois, fazer uma descrição sucinta de cada uma dessas classificações:
Pesquisa bibliográfica é constituída de material escrito já pré-existente na área científica
da pesquisa, tais como livros, artigos, relatórios de pesquisa, teses e dissertações. A
pesquisa bibliográfica pode constituir-se como uma pesquisa em si ou como parte de um
delineamento de uma dada pesquisa. A grande vantagem da pesquisa bibliográfica é a
possibilidade de que o pesquisador tenha acesso a estudos que cobrem uma gama de
fenômenos muito mais ampla do que a prevista no seu estudo. A face negativa da pes-
quisa bibliográfica é a possibilidade de que o pesquisador oriente-se por possíveis equí-
vocos de outros pesquisadores registrados nos estudos e que não sejam de fácil desve-
lamento.
Pesquisa documental difere da pesquisa bibliográfica na natureza das fontes. A pesqui-
sa bibliográfica tem por fontes os trabalhos produzidos por diversos autores sobre os vá-
rios assuntos estudados, enquanto que a pesquisa documental tem por fontes materiais
que não foram analisados, anteriormente, ou que necessitam de um tratamento para
tornarem-se objetos de pesquisas. Embora possam ser adotados passos semelhantes
em ambos os tipos de pesquisa, as fontes da pesquisa documental são muito mais dis-
persas e, em muitos casos, sua localização, organização e tratamento constituem gran-
de parte de seus procedimentos. Os materiais que constituem as fontes da pesquisa do-
cumental incluem arquivos públicos e privados, fotografias, vídeos, objetos, lugares, ins-
talações, dentre outros. A pesquisa bibliográfica, ao contrário, tem suas fontes impres-
sas destinadas a públicos específicos e é acessível de forma mais simples e organizada.
Várias fontes da pesquisa documental, como é o caso de jornais, revistas, panfletos, etc,
podem ser, também, fontes de pesquisa bibliográfica. As fontes de dados documentais
são muito importantes nas pesquisas de caráter histórico.
Pesquisa experimental, de modo geral, é vista como a melhor representação da pesqui-
sa científica e se aplica, principalmente, aos fenômenos não humanos, tanto os físicos,
quanto os que envolvem a vida em outras esferas-animais, plantas, microorganismos. A
pesquisa experimental com humanos é usual, quando o fenômeno não é de cunho soci-
al e de caráter pessoal, sendo a questão da ética científica um problema permanente a
ser referência para o limite de práticas experimentais. Um bom exemplo para ilustrar is-
so são as pesquisas genéticas. A pesquisa experimental é de grande prestigio no meio
científico e é vista como o protótipo da produção científica. A sua realização não é, ne-
cessariamente, circunscrita aos laboratórios, podendo ser desenvolvida em qualquer lu-
gar, conforme Gil (op. cit., p. 48) “desde que apresente as seguintes propriedades:
a) manipulação: o pesquisador precisa fazer alguma coisa para manipular pelo menos
uma das características dos elementos estudados;
b) controle: o pesquisador precisa introduzir um ou mais controles na situação experi-
mental, sobretudo criando um grupo de controle;
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c) distribuição aleatória: a designação dos elementos para participar dos grupos expe-
rimentais e de controle deve ser feita aleatoriamente”.
Pesquisa ex-post facto ou correlacional, semelhante à pesquisa experimental, difere
dessa, no entanto, porque o pesquisador não dispõe de controle sobre a variável inde-
pendente, que é fator presumido do fenômeno, uma vez que já ocorreu. Por isso, a de-
nominação de pesquisa após o fato ocorrido. O pesquisador trabalha sobre situações
em que o seu desenvolvimento já é identificado. A pesquisa de caso-controle na área da
saúde, em que um caso de ocorrência diferente dos outros casos é utilizado, é um bom
exemplo desse tipo de pesquisa. Segundo Gil (op. cit., p.50):
Apesar das semelhanças com a pesquisa experimental, o delineamento ex-post facto não
garante que suas conclusões relativas a relações do tipo causa-efeito sejam totalmente se-
guras. O que geralmente se obtém nesta modalidade de delineamento é a constatação da
existência de relação entre variáveis. Por isso é que essa pesquisa muitas vezes é deno-
minada correlacional.
Estudo de coorte refere-se a acompanhamento de um grupo de pessoas com determi-
nadas características de interesse da investigação, que forma uma amostra a ser acom-
panhada durante um tempo delimitado. Tal como o caso-controle, este estudo é muito
comum na área de saúde e pressupõe um processo rigoroso de acompanhamento, o
que é uma de suas vantagens. Este estudo pode ser prospectivo (contemporâneos para
o futuro) ou retrospectivo, de caráter histórico.
Levantamento é um tipo de estudo em que se faz inquirição direta a pessoas cujo com-
portamento ou características sejam objeto da pesquisa. Pode-se optar pelo levanta-
mento tipo censo, em que são recolhidas informações da totalidade do universo pesqui-
sado ou pelo levantamento amostral, em que são escolhidas pessoas cujas característi-
cas sejam representativas do universo pesquisado. A conformação amostral é feita atra-
vés de procedimentos estatísticos e a amostra passa, então, a ser o objeto do estudo.
As conclusões, após a investigação, são projetadas para o universo que compõe a po-
pulação objeto da pesquisa. São estudos em que o enfoque quantitativo é fundamental e
nos quais os dados são agrupados em tabelas para permitir a quantificação de variáveis
e a definição probabilística de erro nos resultados alcançados. Esses tipos de estudos
podem ser utilizados, principalmente, em pesquisa de caráter descritivo, mas permitem
orientar análises de cunho explicativo, em alguns casos.
Estudo de campo é uma modalidade de estudo que permite maior profundidade do que
o levantamento, do qual se distingue porque:
a) busca o aprofundamento das questões propostas, enquanto o levantamento preo-
cupa-se com a extensão da ocorrência das mesmas. O planejamento do estudo de
campo é mais flexível, podendo ter seus objetivos reformulados no desenvolvimento
da pesquisa;
PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 6
b) estuda um único grupo ou comunidade, buscando captar a interação entre seus
componentes, enquanto o levantamento procura identificar as características dos
componentes do universo, para traçar um perfil identificador. O estudo de campo, ao
contrário, busca as dessemelhanças e as diferenças identitárias dos componentes.
c) O pesquisador realiza a maior parte do trabalho, pessoalmente, buscando ter expe-
riências diretas com o objeto de estudo, durante o maior tempo possível, ao contrá-
rio do levantamento, que não implica em contato direto com o objeto. O pesquisador
deve buscar, também, a imersão na realidade pesquisada, ao contrário do levanta-
mento, que não permite isso.
d) os dados são tratados com ênfase nas análises qualitativas, sendo possíveis as in-
ferências do pesquisador, ao contrário do levantamento, cuja ênfase fica nas análi-
ses quantitativas.
e) oferece a vantagem do contato direto no próprio local onde ocorrem os fenômenos,
fornecendo maior confiabilidade aos resultados, do que no levantamento que não
implica esse contato com a realidade;
f) busca utilizar técnicas de observação e não de interrogação, como ocorre nos levan-
tamentos.
O estudo de campo, nascido na Antropologia, é, também, muito utilizado nos estudos
sociológicos, no campo educacional, da saúde pública, da administração, da política e
da economia. Uma possível desvantagem do estudo de campo pode ser identificada na
sua duração longa. Além disso, por ser feito, via de regra, por um único pesquisador, há
o risco de subjetivismos na análise e nos resultados da pesquisa. O estudo de campo
pode ser utilizado tanto nas pesquisas descritivas, quanto nas pesquisas explicativas.
Estudo de caso é uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências soci-
ais e nas ciências biomédicas e “consiste no estudo profundo e exaustivo de um objeto
ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa
praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados” (Gil, op. cit., p.
54). As desvantagens do estudo de caso estão vinculadas às impossibilidades de gene-
ralizações das análises para a realidade mais ampla.
Pesquisa-ação pode ser definida como:
“...um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associ-
ação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisado-
res e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo
cooperativo ou participativo.” (Thiollent, 1985, p.14)
Embora de caráter militante e com implicações político-ideológicas, a pesquisa-ação
forneceu elementos importantes para a compreensão sociológica e política de grupos e
comunidades, em muitos casos, guetizadas socialmente. Além disso, suas práticas for-
PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 7
neceram novos elementos para o desenvolvimento de pesquisas de campo na área das
ciências sociais.
Pesquisa participante é uma modalidade semelhante à pesquisa-ação, da qual se dife-
rencia, apenas, por seu caráter de engajamento político. Muitos autores não fazem dife-
renciação entre as duas modalidades, embora possam ser distinguidas na forma de a-
ção dos pesquisadores. Na pesquisa-ação, há uma preocupação com uma forma de a-
ção planejada para permitir o avanço dos grupos envolvidos na solução de seus proble-
mas imediatos, enquanto na pesquisa participante há a centralidade na questão da valo-
rização do conhecimento popular contraposto ao conhecimento dominante e a preocu-
pação com a formação política vinculada a ideais marxistas de caráter revolucionário.
Volta-se, principalmente, para grupos desfavorecidos socialmente, como operários,
camponeses, índios, moradores de rua, etc.
Considerações Finais
Classificar uma pesquisa em uma ou mais modalidades é importante para que os pesquisa-
dores, especialmente os iniciantes, tenham clareza quanto aos caminhos que devem seguir,
tanto no delineamento, quanto nos procedimentos de seu estudo científico. Entre os inician-
tes, estarão os alunos de graduação, no momento de elaborar o projeto de pesquisa de sua
monografia, por exemplo. Os professores responsáveis pela orientação devem nortear seus
caminhos, para que suas escolhas sejam as mais adequadas para a elaboração da pesqui-
sa e do respectivo relatório.
As classificações dos estudos em modalidades, entretanto, não deve ser rígida, pois, como
ficou evidente no texto, é possível que características de um tipo estejam presentes em ou-
tro. O mais importante no planejamento de uma pesquisa é que os procedimentos sejam
adequados para atingir seus objetivos. Por isso, em muitos casos, a flexibilidade deve ser
princípio orientador das ações e o delineamento do estudo deve prever a possibilidade de
revisão dos mesmos.
PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 8
Referências Bibliográficas
COUTINHO, Maria Tereza da Cunha & CUNHA, Suzana E. da. Os caminhos da pesquisa em Ciências Huma-
nas. Belo Horizonte: Editora PUCMINAS, 2004.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2002.
JOLIOT, PIERRE. Une réflexion nécessaire. In: DUCLERT, V. & CHATRIOT, A. (org.) Quel avenir pour la recher-
ché? Paris: Flammarion, 2003.
THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1985.

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ESTUDO DE CASO - PLANEJAMENTO E MÉTODOS
 

Modalidades pesquisa

  • 1. PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 1 MODALIDADES DE PESQUISA: ESTUDO INTRODUTÓRIO*1 José Cosme Drumond2 Considerações iniciais: a pesquisa e seus objetivos A execução de uma pesquisa pressupõe compreender o significado do próprio termo e os objetivos que levam a sua realização. Essa não é uma discussão simples, porque depende do ponto de vista de correntes de pensamento e, dentro delas, de enfoques paradigmáticos, no caso da pesquisa científica. Para alguns teóricos, entretanto, investigar é uma atitude inerente a toda atividade humana, pois sempre nos perguntamos e problematizamos nossa relação com a realidade. A pesquisa é um termo polissêmico que pode traduzir desde a busca por melhores preços no comércio até o trabalho sistemático e metódico de um cientista em um laboratório. A pesquisa de que estamos falando é do segundo tipo, ou seja, é atividade que pressupõe um processo metodológico próprio e tem por finalidade a construção de novos conhecimentos ou a revisão de conhecimentos já existentes. Independentemente do lugar em que se colo- que o pesquisador, toda sua produção buscará a reflexão critica sobre a realidade. A atividade da pesquisa, através dessa investigação metódica, buscará responder à neces- sidade de reflexão critica sobre os conhecimentos já existentes, ou de revisão de processos de produção cientifica, ou de busca da produção de novos conhecimentos, novos processos e métodos de produção da ciência. Assim, as pesquisas podem estar focadas (Coutinho e Cunha, 2004): Na busca do progresso da ciência, com a descoberta de fatos novos relevantes; Na abertura de novos campos de conhecimento; * DRUMOND, José Cosme. Modalidades de Pesquisa: estudo introdutório. Belo Horizonte: PUC Minas Virtual, 2006. 1 Texto produzido para a disciplina ‘Pesquisa e construção do conhecimento’, do curso de Atualização em ‘Do- cência do Ensino Superior e sua articulação com a pesquisa e a produção de textos’. 2 Professor da UEMG é doutorando em Educação, na FAE/UFMG. Curso: Especialização em Docência do Ensino Superior: Fundamentos Teórico-Metodológicos Disciplina: Metodologia e Produção de Trabalhos Acadêmicos em Educação Professora: Sheilla Alessandra Menezes
  • 2. PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 2 No aperfeiçoamento tecnológico; Na confirmação ou refutação de descobertas em lugares e situações diferentes; Na revisão metodológica e no aperfeiçoamento de métodos; Na redefinição de conceitos teóricos, metodológicos e epistemológicos subjacentes à produção do conhecimento. Modalidades de pesquisa: variações pelos enfoques, aplicação e metodologia A teoria de pesquisa possui várias classificações para os trabalhos de investigação que va- riam de acordo com o aspecto referencial para a definição tipológica. Assim, há classificação pelos objetivos da pesquisa, pela base metodológica e pelo enfoque. Consideremos, ainda, que é comum dividirem-se as ciências em puras e aplicadas e há as correspondentes pes- quisa pura e pesquisa aplicada. Embora essa distinção já seja um tanto quanto abandonada, há, entretanto, teóricos que distinguem pesquisa pura, pesquisa básica ou fundamental e pesquisa aplicada. A pesquisa pura tem por objetivo ampliar o conhecimento sobre as coisas. A pesquisa básica, que, se- gundo Joliot (2003), é indispensável para o desenvolvimento da ciência, apesar de seu alto custo, seria aquela que, nos moldes metodológicos da pesquisa pura, constituiria as bases conceituais sobre as quais a pesquisa prática atuaria (Coutinho &Cunha, 2004). A pesquisa prática, então, sustentada na pesquisa fundamental, buscaria dar respostas práticas que seriam traduzidas em tecnologias, técnicas, materiais, produtos. Para alguns teóricos, essa divisão é inócua, uma vez que a pesquisa busca sempre produzir resultados que integram as três finalidades: teoria inovadora, fundamentação e referencial para outras pesquisas e respostas práticas para intervenção na realidade. As classificações pelos objetivos, pelo enfoque, pelo caminho metodológico são mais co- muns entre os teóricos da pesquisa, atualmente. Trabalharemos, a seguir, essas várias classificações, iniciando pela tipologia por objetivos. Classificação das pesquisas a) Classificação baseada nos objetivos das pesquisas A classificação por objetivos, geralmente, organiza as pesquisas em três grandes grupos: Pesquisas exploratórias, que, segundo Gil (2002), visam tornar o problema mais explici- to e têm por objetivo principal o aprimoramento de idéias ou a descoberta de intuições. O planejamento flexível permite a abertura para que novos focos sejam dados ao pro- blema. São muito usuais as formas de pesquisa bibliográfica e estudo de caso.
  • 3. PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 3 Pesquisas descritivas, que têm por objetivo a dissecação detalhada de aspectos da rea- lidade estudada, trabalhando as variáveis e analisando suas possíveis relações, ou bus- cando a natureza dessas relações. Inúmeras pesquisas podem ser classificadas sob es- te título. Segundo Gil (2002, p. 42), “uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados, tais como questionário e a observação sistemática”. Pesquisas explicativas são as que estão preocupadas com a identificação de fatores que determinam os fatos ou fenômenos. Assim, elas devem buscar as razões profundas que estão por trás do problema pesquisado, para que o conhecimento de realidade seja o mais ampliado possível. Por ser mais complexa, a pesquisa explicativa é mais passível de induzir os pesquisadores a erros, o que implica os cuidados com o planejamento e com as técnicas utilizadas no seu processo. Segundo Gil (op. cit., p. 42), “pode-se dizer que o conhecimento científico está assentado nos resultados oferecidos pelos estudos explicativos”. Essas pesquisas são desenvolvidas tanto pelas ciências sociais, quanto pelas ciências naturais que, quase sempre, utilizam-se do método experimental. Embora seja possível estabelecer uma hierarquia entre esses três tipos de pesquisa, é co- mum serem encontrados elementos integrados dos três, em estudos realizados. Uma pes- quisa descritiva pode ser desdobramento de uma pesquisa exploratória, assim como a pes- quisa explicativa pode ser a continuação de uma pesquisa descritiva. Essa classificação é importante para o estabelecimento do marco teórico da pesquisa, isto é, para que seja possível uma aproximação conceitual com a qual o estudo vai ser realiza- do. b) Classificação baseada em procedimentos adotados nas pesquisas Para a análise empírica dos fatos, o trabalho de investigação deve conter o que alguns teó- ricos denominam de desenho, ou delineamento ou design da pesquisa. Esse delineamento – termo mais usual no Brasil – é a parte do planejamento da pesquisa que define o modelo, a sinopse metodológica e o planeamento, com os passos, os espaços e os tempos a serem utilizados e envolve, ainda, a análise de dados. É possível estabelecer uma tipologia de pesquisa pelo delineamento, cujo ponto central são os procedimentos de coleta de dados. Segundo Gil (op. cit., p. 43), Assim, podem ser definidos dois grandes grupos de delineamentos: aqueles que se valem das chamadas fontes de “papel” e aqueles cujos dados são fornecidos por pessoas. No primeiro grupo, estão a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental. No segundo, estão a pesquisa experimental, a pesquisa ex-post facto, o levantamento de dados e o estudo de caso. Neste último grupo, ainda que gerando certa controvérsia, podem ser incluídas a pesquisa-ação e a pesquisa participante.
  • 4. PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 4 Vamos, pois, fazer uma descrição sucinta de cada uma dessas classificações: Pesquisa bibliográfica é constituída de material escrito já pré-existente na área científica da pesquisa, tais como livros, artigos, relatórios de pesquisa, teses e dissertações. A pesquisa bibliográfica pode constituir-se como uma pesquisa em si ou como parte de um delineamento de uma dada pesquisa. A grande vantagem da pesquisa bibliográfica é a possibilidade de que o pesquisador tenha acesso a estudos que cobrem uma gama de fenômenos muito mais ampla do que a prevista no seu estudo. A face negativa da pes- quisa bibliográfica é a possibilidade de que o pesquisador oriente-se por possíveis equí- vocos de outros pesquisadores registrados nos estudos e que não sejam de fácil desve- lamento. Pesquisa documental difere da pesquisa bibliográfica na natureza das fontes. A pesqui- sa bibliográfica tem por fontes os trabalhos produzidos por diversos autores sobre os vá- rios assuntos estudados, enquanto que a pesquisa documental tem por fontes materiais que não foram analisados, anteriormente, ou que necessitam de um tratamento para tornarem-se objetos de pesquisas. Embora possam ser adotados passos semelhantes em ambos os tipos de pesquisa, as fontes da pesquisa documental são muito mais dis- persas e, em muitos casos, sua localização, organização e tratamento constituem gran- de parte de seus procedimentos. Os materiais que constituem as fontes da pesquisa do- cumental incluem arquivos públicos e privados, fotografias, vídeos, objetos, lugares, ins- talações, dentre outros. A pesquisa bibliográfica, ao contrário, tem suas fontes impres- sas destinadas a públicos específicos e é acessível de forma mais simples e organizada. Várias fontes da pesquisa documental, como é o caso de jornais, revistas, panfletos, etc, podem ser, também, fontes de pesquisa bibliográfica. As fontes de dados documentais são muito importantes nas pesquisas de caráter histórico. Pesquisa experimental, de modo geral, é vista como a melhor representação da pesqui- sa científica e se aplica, principalmente, aos fenômenos não humanos, tanto os físicos, quanto os que envolvem a vida em outras esferas-animais, plantas, microorganismos. A pesquisa experimental com humanos é usual, quando o fenômeno não é de cunho soci- al e de caráter pessoal, sendo a questão da ética científica um problema permanente a ser referência para o limite de práticas experimentais. Um bom exemplo para ilustrar is- so são as pesquisas genéticas. A pesquisa experimental é de grande prestigio no meio científico e é vista como o protótipo da produção científica. A sua realização não é, ne- cessariamente, circunscrita aos laboratórios, podendo ser desenvolvida em qualquer lu- gar, conforme Gil (op. cit., p. 48) “desde que apresente as seguintes propriedades: a) manipulação: o pesquisador precisa fazer alguma coisa para manipular pelo menos uma das características dos elementos estudados; b) controle: o pesquisador precisa introduzir um ou mais controles na situação experi- mental, sobretudo criando um grupo de controle;
  • 5. PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 5 c) distribuição aleatória: a designação dos elementos para participar dos grupos expe- rimentais e de controle deve ser feita aleatoriamente”. Pesquisa ex-post facto ou correlacional, semelhante à pesquisa experimental, difere dessa, no entanto, porque o pesquisador não dispõe de controle sobre a variável inde- pendente, que é fator presumido do fenômeno, uma vez que já ocorreu. Por isso, a de- nominação de pesquisa após o fato ocorrido. O pesquisador trabalha sobre situações em que o seu desenvolvimento já é identificado. A pesquisa de caso-controle na área da saúde, em que um caso de ocorrência diferente dos outros casos é utilizado, é um bom exemplo desse tipo de pesquisa. Segundo Gil (op. cit., p.50): Apesar das semelhanças com a pesquisa experimental, o delineamento ex-post facto não garante que suas conclusões relativas a relações do tipo causa-efeito sejam totalmente se- guras. O que geralmente se obtém nesta modalidade de delineamento é a constatação da existência de relação entre variáveis. Por isso é que essa pesquisa muitas vezes é deno- minada correlacional. Estudo de coorte refere-se a acompanhamento de um grupo de pessoas com determi- nadas características de interesse da investigação, que forma uma amostra a ser acom- panhada durante um tempo delimitado. Tal como o caso-controle, este estudo é muito comum na área de saúde e pressupõe um processo rigoroso de acompanhamento, o que é uma de suas vantagens. Este estudo pode ser prospectivo (contemporâneos para o futuro) ou retrospectivo, de caráter histórico. Levantamento é um tipo de estudo em que se faz inquirição direta a pessoas cujo com- portamento ou características sejam objeto da pesquisa. Pode-se optar pelo levanta- mento tipo censo, em que são recolhidas informações da totalidade do universo pesqui- sado ou pelo levantamento amostral, em que são escolhidas pessoas cujas característi- cas sejam representativas do universo pesquisado. A conformação amostral é feita atra- vés de procedimentos estatísticos e a amostra passa, então, a ser o objeto do estudo. As conclusões, após a investigação, são projetadas para o universo que compõe a po- pulação objeto da pesquisa. São estudos em que o enfoque quantitativo é fundamental e nos quais os dados são agrupados em tabelas para permitir a quantificação de variáveis e a definição probabilística de erro nos resultados alcançados. Esses tipos de estudos podem ser utilizados, principalmente, em pesquisa de caráter descritivo, mas permitem orientar análises de cunho explicativo, em alguns casos. Estudo de campo é uma modalidade de estudo que permite maior profundidade do que o levantamento, do qual se distingue porque: a) busca o aprofundamento das questões propostas, enquanto o levantamento preo- cupa-se com a extensão da ocorrência das mesmas. O planejamento do estudo de campo é mais flexível, podendo ter seus objetivos reformulados no desenvolvimento da pesquisa;
  • 6. PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 6 b) estuda um único grupo ou comunidade, buscando captar a interação entre seus componentes, enquanto o levantamento procura identificar as características dos componentes do universo, para traçar um perfil identificador. O estudo de campo, ao contrário, busca as dessemelhanças e as diferenças identitárias dos componentes. c) O pesquisador realiza a maior parte do trabalho, pessoalmente, buscando ter expe- riências diretas com o objeto de estudo, durante o maior tempo possível, ao contrá- rio do levantamento, que não implica em contato direto com o objeto. O pesquisador deve buscar, também, a imersão na realidade pesquisada, ao contrário do levanta- mento, que não permite isso. d) os dados são tratados com ênfase nas análises qualitativas, sendo possíveis as in- ferências do pesquisador, ao contrário do levantamento, cuja ênfase fica nas análi- ses quantitativas. e) oferece a vantagem do contato direto no próprio local onde ocorrem os fenômenos, fornecendo maior confiabilidade aos resultados, do que no levantamento que não implica esse contato com a realidade; f) busca utilizar técnicas de observação e não de interrogação, como ocorre nos levan- tamentos. O estudo de campo, nascido na Antropologia, é, também, muito utilizado nos estudos sociológicos, no campo educacional, da saúde pública, da administração, da política e da economia. Uma possível desvantagem do estudo de campo pode ser identificada na sua duração longa. Além disso, por ser feito, via de regra, por um único pesquisador, há o risco de subjetivismos na análise e nos resultados da pesquisa. O estudo de campo pode ser utilizado tanto nas pesquisas descritivas, quanto nas pesquisas explicativas. Estudo de caso é uma modalidade de pesquisa amplamente utilizada nas ciências soci- ais e nas ciências biomédicas e “consiste no estudo profundo e exaustivo de um objeto ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante outros delineamentos já considerados” (Gil, op. cit., p. 54). As desvantagens do estudo de caso estão vinculadas às impossibilidades de gene- ralizações das análises para a realidade mais ampla. Pesquisa-ação pode ser definida como: “...um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associ- ação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisado- res e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.” (Thiollent, 1985, p.14) Embora de caráter militante e com implicações político-ideológicas, a pesquisa-ação forneceu elementos importantes para a compreensão sociológica e política de grupos e comunidades, em muitos casos, guetizadas socialmente. Além disso, suas práticas for-
  • 7. PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 7 neceram novos elementos para o desenvolvimento de pesquisas de campo na área das ciências sociais. Pesquisa participante é uma modalidade semelhante à pesquisa-ação, da qual se dife- rencia, apenas, por seu caráter de engajamento político. Muitos autores não fazem dife- renciação entre as duas modalidades, embora possam ser distinguidas na forma de a- ção dos pesquisadores. Na pesquisa-ação, há uma preocupação com uma forma de a- ção planejada para permitir o avanço dos grupos envolvidos na solução de seus proble- mas imediatos, enquanto na pesquisa participante há a centralidade na questão da valo- rização do conhecimento popular contraposto ao conhecimento dominante e a preocu- pação com a formação política vinculada a ideais marxistas de caráter revolucionário. Volta-se, principalmente, para grupos desfavorecidos socialmente, como operários, camponeses, índios, moradores de rua, etc. Considerações Finais Classificar uma pesquisa em uma ou mais modalidades é importante para que os pesquisa- dores, especialmente os iniciantes, tenham clareza quanto aos caminhos que devem seguir, tanto no delineamento, quanto nos procedimentos de seu estudo científico. Entre os inician- tes, estarão os alunos de graduação, no momento de elaborar o projeto de pesquisa de sua monografia, por exemplo. Os professores responsáveis pela orientação devem nortear seus caminhos, para que suas escolhas sejam as mais adequadas para a elaboração da pesqui- sa e do respectivo relatório. As classificações dos estudos em modalidades, entretanto, não deve ser rígida, pois, como ficou evidente no texto, é possível que características de um tipo estejam presentes em ou- tro. O mais importante no planejamento de uma pesquisa é que os procedimentos sejam adequados para atingir seus objetivos. Por isso, em muitos casos, a flexibilidade deve ser princípio orientador das ações e o delineamento do estudo deve prever a possibilidade de revisão dos mesmos.
  • 8. PUC Minas Virtual • Especialização em Educação a Distância • 8 Referências Bibliográficas COUTINHO, Maria Tereza da Cunha & CUNHA, Suzana E. da. Os caminhos da pesquisa em Ciências Huma- nas. Belo Horizonte: Editora PUCMINAS, 2004. GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Editora Atlas, 2002. JOLIOT, PIERRE. Une réflexion nécessaire. In: DUCLERT, V. & CHATRIOT, A. (org.) Quel avenir pour la recher- ché? Paris: Flammarion, 2003. THIOLLENT, Michel. Metodologia da Pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 1985.