SlideShare uma empresa Scribd logo
Bruna Alexandra
Margarida Almeida
LINGUAGEM AUDIOVISUAL
Monica Vitti
Escola Artística António Arroio
Curso de Comunicação Audiovisual
Imagem e Som A
Professor Manuel Guerra
Ano Letivo 2015/2016
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo conjugar os diferentes
aspetos relativos à linguagem audiovisual, especificamente
as distintas escalas de plano, enquadramentos, posições de
câmara e ângulos de filmagem, presentes nas duas obras
cinematográficas de Michelangelo Antonioni: L’Avventura e
L’Eclisse.
Para isso, a temática escolhida para ser abordada no
trabalho, gira em torno da atriz Monica Vitti, uma vez que é a
personagem principal em ambos os filmes, assim como a
mais misteriosa e cativante.
ESCALA DE
PLANOS
Dependendo da importância, do interesse e do objetivo
pretendido, recorre-se a diferentes dimensões de planos. A
escala de planos é calculada em função da figura humana.
A maioria das imagens centra-se no ser humano, daí
ter-se determinado a figura humana, ou a quantidade dela
apresentada num enquadramento, como a medida a partir
da qual se baseia a escala de planos.
Planos de
Expressão
Os planos de expressão pretendem aumentar a intensidade
dramática da narrativa. Estes tipos de planos demonstram,
intensificam ou salientam expressões, emoções, atitudes,
sentimentos, pormenores ou até os pensamentos das
personagens.
O plano pormenor ou plano detalhe, tem como objetivo
aumentar a intensidade dramática, acentuar expressões e
estimular o desenrolar de uma ação. Neste plano é apenas
enquadrado um pormenor do corpo humano ou de um objeto,
tal como no exemplo apresentado, onde se pode observar a
mão da personagem e o objeto que ela segura.
Plano Pormenor
L’ Eclisse (1962)
1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Avventura (1960)2| L’ Eclisse (1962)
Este plano enquadra a figura humana do meio da testa ao
queixo. É preciso ter cuidado e utilizar corretamente este
plano no interior do contexto da ação, devido ao impacto que
pode atingir. No exemplo apresentado, é possível beneficiar
de uma maior visão da expressão da personagem.
Muito Grande Plano
L’ Eclisse (1962)
1| L’ Eclisse (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
A intensidade dramática pode atingir o seu clímax com este plano. As
expressões e características do personagem, que se encontra
enquadrada da cabeça aos ombros, são mais facilmente realçadas, ou
seja, são mais objetivas, podendo revelar pensamentos ou a vida
pessoal das personagens. Neste fotograma, a personagem de Monica
é enquadrada da cabeça aos ombros, o que possibilita uma maior
compreensão relativamente às suas expressões e sentimentos.
Grande Plano
L’ Eclisse (1962)
1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
Este tipo de plano é normalmente utilizado em cenas de
diálogo. Existe uma certa proximidade em relação a um
objeto/personagem, acentuando uma ação dramática assim
como as intenções e/ou atitudes das personagens. Este plano
enquadra a figura humana da cabeça ao peito, sendo o rosto o
principal centro da atenção. Neste exemplo, existe uma
comparação entre a fotografia e Monica.
Plano Aproximado de Peito
L’ Eclisse (1962)
1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Avventura(1960)
Planos de
Ação
Os planos de ação têm como finalidade apresentar, identificar e
descrever para espetador as ações e movimentos das
personagens. Neste tipo de plano o ambiente e as expressões
pormenorizadas não têm grande importância.
É um plano intermédio entre o plano aproximado de peito e o
plano médio, enquadrando a figura humana da cabeça à
cintura. É útil para representar as relações entre pessoas,
assim como é evidente neste frame, em que nos é apresentada
uma cena de diálogo entre duas personagens.
Plano Aproximado de Tronco
L‘ Avventura (1960)
1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
Neste plano a figura humana é o centro das atenções dado que
o fundo, na sua maioria, não se encontra presente no
enquadramento. A figura humana surge da cabeça até à
parte de cima das pernas (coxas), como é observável neste
exemplo, em que Monica se encontra empoleirada sobre a
água .
Plano Médio
L‘ Avventura (1960)
1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Aventura (1960)
É o plano intermédio entre o plano médio e o plano de
conjunto. A figura humana é enquadrada da cabeça aos
joelhos, devendo-se ter o cuidado de não cortar uma
personagem pelas articulações.
Plano Americano
L‘ Avventura (1960)
1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
O plano conjunto ou plano geral médio é semelhante ao plano
geral. É mais objetivo nos pormenores da ação humana,
dando menos importância ao ambiente em que se enquadra a
figura e melhor como plano de introdução. Este tipo de plano
enquadra toda a figura humana, da cabeça aos pés, inclusive.
Neste frame, o ambiente ainda não tem grande importância.
Plano Conjunto
L‘ Avventura (1960)
1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
Planos de
Ambiente
Os planos de ambiente visam apresentar e integrar as
personagens no ambiente que as envolve, facilitando e auxiliando
o espetador na compreensão da narrativa.
O plano geral é utilizado geralmente em três situações: para
situar a ação global do filme, para oferecer uma visão mais
ampla do local onde decorre a ação e para destacar a
personagem do ambiente que a envolve. Neste plano, a figura
humana surge completa, e inserida numa enorme quantidade
de ambiente, neste caso, revelando a divisão onde Monica se
encontra
Plano Geral
L‘ Eclisse (1962)
1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Avventura (1960)
Este plano é utilizado para dar conhecimento do ambiente
envolvente, e a figura humana é reduzida a um simples
elemento do décor ou até mesmo ignorada. É um plano muito
descritivo a nível do espaço e do ambiente. Neste frame, quase
não é percetível a personagem.
Plano Muito Geral
L‘ Avventura (1960)
1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Avventura (1960)2| L’ Avventura (1960)
ENQUADRAMENTO
Os planos apresentam várias dimensões consoante a
importância, o interesse e o objetivo que se pretende atingir. A
escala de planos é calculada em função da figura humana. Uma
vez que a maioria das imagens, que pretendem contar uma
narrativa, foca o ser humano, determinou-se uma medida para a
quantidade de figura humana inserida no enquadramento.
Sempre que o centro de interesse se encontra no meio das
linhas da regra de interseção dos terços, diz-se que o
enquadramento é centrado. É considerado um
enquadramento muito formal e pouco emotivo.
Centrado
L‘ Eclisse (1962)
1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
Sempre que o centro de interesse é disposto na interseção das
linhas, sejam elas verticais ou horizontais, diz-se que o
enquadramento é descentrado. Este é o enquadramento mais
equilibrado e adequado para a disposição e colocação do
centro de interesse, apelando ainda à interpretação do
observador, para que relacione todos os elementos da
imagem.
Descentrado
L‘ Eclisse (1962)
1| L’Avventura(1960) 3| L’Eclisse(1962)2| L’Eclisse(1962)
Sempre que o centro de interesse se apresenta oblíquo ou na
diagonal em relação à margem inferior do enquadramento,
diz-se que o enquadramento é oblíquo. Este enquadramento
evita a frontalidade, e é essencial para a transmissão de
movimento, podendo ainda intensificar a perspetiva e a
continuidade, acrescentando, desta forma, dinamismo à
composição.
Oblíquo
L‘ Avventura (1960)
1| L’ Eclisse (1962) 3| L’Avventura (1960)2| L’ Avventura (1960)
POSIÇÃO DE
CÂMARA
A câmara toma uma posição em relação à personagem ou objeto
a captar, podendo assumir assim, três posições diferentes.
É a posição de câmara mais frequente e vulgar. É considerada
a posição menos dramática para enquadrar a personagem, e
os resultados obtidos são particularmente estáticos. A
distorção vertical é quase inexistente, logo as linhas verticais
apresentam-se na imagem tal como são. A câmara é colocada
ao nível do olhar da personagem.
Normal
L‘ Avventura (1960)
1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Avventura (1960)
A câmara é colocada acima do olhar da personagem,
normalmente através de gruas ou andaimes. Esta posição de
câmara pretende diminuir a importância e força da
personagem, tornando-a vulnerável.
Picado
L‘ Avventura (1960)
1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Avventura (1960)2| L’ Avventura (1960)
A câmara é colocada abaixo do olhar da personagem. Esta
surge ampliada, o que aumenta a sua importância e estatura,
colocando-a numa posição dominante. O plano contra-picado
é sobretudo utilizado em situações cómicas e/ou dramáticas.
Contra-Picado
L‘ Avventura (1960)
1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Avventura (1960)
ÂNGULO DE
FILMAGEM
O ângulo de filmagem é determinado pelas diferentes posições
de câmara. A escolha do ângulo de filmagem varia em função da
personagem, e as diferentes características de cada sujeito
resultam de formas distintas consoante os pontos de vista.
É o ângulo de filmagem mais vulgar. Coloca em evidência as
expressões da personagem, e exerce ainda também um
enorme poder descritivo. A câmara encontra-se paralela à
personagem (de frente ou de costas).
Frontal
L‘ Eclisse (1962)
1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Avventura (1960)2| L’ Avventura (1960)
Tem um valor intermédio entre os dois ângulos de filmagem
anteriormente referidos. É sobretudo utilizado para inserir a
personagem, de modo a equilibrar o enquadramento. A
personagem é captada numa posição intermédia entre o
frontal e o perfil.
3/4
L‘ Eclisse (1962)
1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
Não se adequa a todos os atores, uma vez que as suas
intenções são essencialmente estéticas. A câmara capta a
personagem de perfil.
Perfil
L‘ Eclisse (196)
1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Avventura (1960)2| L’ Eclisse (1962)
Este ângulo de filmagem é determinado pela posição de
câmara contra-picado Transmite uma sensação de
superioridade e levantamento, e o olhar do espetador é
dirigido para cima.
Perspetiva Vertical Ascendente
L‘ Eclisse (1962)
1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Avventura (1960)2| L’ Avventura (1960)
É um ângulo determinado pela posição de câmara picado. Ao
contrário da perspetiva vertical ascendente, sugere uma
sensação de vertigem, e as personagens surgem oprimidas.
Perspetiva Vertical Descendente
L‘ Eclisse (1962)
1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

Guião Técnico (1)
Guião Técnico (1)Guião Técnico (1)
Guião Técnico (1)
claudiowww
 
Linguagem Cinematográfica
Linguagem CinematográficaLinguagem Cinematográfica
Linguagem Cinematográfica
Laércio Góes
 
Pintura e escultura do romantismo
Pintura e escultura do romantismoPintura e escultura do romantismo
Pintura e escultura do romantismo
Ana Barreiros
 
O que é a arte (1)
O que é a arte (1)O que é a arte (1)
O que é a arte (1)
Vasco L
 
Maneirismo, barroco e rococo
Maneirismo, barroco e rococoManeirismo, barroco e rococo
Maneirismo, barroco e rococo
victorosa
 
A arte nova
A arte novaA arte nova
A arte nova
Carlos Pinheiro
 
Escultura barroca
Escultura barrocaEscultura barroca
Escultura barroca
Ana Barreiros
 
"Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade""Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade"
MiguelavRodrigues
 
4 rectas do b13 e do b24
4 rectas do b13 e do b244 rectas do b13 e do b24
4 rectas do b13 e do b24
Hugo Correia
 
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana SofiaCesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana Sofia
Joana Azevedo
 
Enquadramento de câmera
Enquadramento de câmeraEnquadramento de câmera
Enquadramento de câmera
Renata Trindade
 
Cultura do espaço virtual
Cultura do espaço virtual Cultura do espaço virtual
Cultura do espaço virtual
Ana Barreiros
 
História do conceito de arte
História do conceito de arteHistória do conceito de arte
História do conceito de arte
Cristiano Canguçu
 
Naturalismo e Realismo na Pintura
Naturalismo e Realismo na PinturaNaturalismo e Realismo na Pintura
Naturalismo e Realismo na Pintura
Carlos Pinheiro
 
Sermão de Santo António aos peixes - Rémora
Sermão de Santo António aos peixes - Rémora Sermão de Santo António aos peixes - Rémora
Sermão de Santo António aos peixes - Rémora
kikaveiga1
 
Pintura barroca
Pintura barrocaPintura barroca
Pintura barroca
Ana Barreiros
 
Movimentos camara
Movimentos camaraMovimentos camara
Movimentos camara
Horacio Guimaraes
 
Palácio da Pena - caso prático
Palácio da Pena - caso práticoPalácio da Pena - caso prático
Palácio da Pena - caso prático
Hca Faro
 
Filosofia da Arte
Filosofia da Arte Filosofia da Arte
Filosofia da Arte
VeraJesus14
 
Elementos estruturais 1
Elementos estruturais 1Elementos estruturais 1
Elementos estruturais 1
Artedoiscmb Cmb
 

Mais procurados (20)

Guião Técnico (1)
Guião Técnico (1)Guião Técnico (1)
Guião Técnico (1)
 
Linguagem Cinematográfica
Linguagem CinematográficaLinguagem Cinematográfica
Linguagem Cinematográfica
 
Pintura e escultura do romantismo
Pintura e escultura do romantismoPintura e escultura do romantismo
Pintura e escultura do romantismo
 
O que é a arte (1)
O que é a arte (1)O que é a arte (1)
O que é a arte (1)
 
Maneirismo, barroco e rococo
Maneirismo, barroco e rococoManeirismo, barroco e rococo
Maneirismo, barroco e rococo
 
A arte nova
A arte novaA arte nova
A arte nova
 
Escultura barroca
Escultura barrocaEscultura barroca
Escultura barroca
 
"Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade""Não sei se é sonhe, se realidade"
"Não sei se é sonhe, se realidade"
 
4 rectas do b13 e do b24
4 rectas do b13 e do b244 rectas do b13 e do b24
4 rectas do b13 e do b24
 
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana SofiaCesario Verde   Ave Marias   Ana Catarina E Ana Sofia
Cesario Verde Ave Marias Ana Catarina E Ana Sofia
 
Enquadramento de câmera
Enquadramento de câmeraEnquadramento de câmera
Enquadramento de câmera
 
Cultura do espaço virtual
Cultura do espaço virtual Cultura do espaço virtual
Cultura do espaço virtual
 
História do conceito de arte
História do conceito de arteHistória do conceito de arte
História do conceito de arte
 
Naturalismo e Realismo na Pintura
Naturalismo e Realismo na PinturaNaturalismo e Realismo na Pintura
Naturalismo e Realismo na Pintura
 
Sermão de Santo António aos peixes - Rémora
Sermão de Santo António aos peixes - Rémora Sermão de Santo António aos peixes - Rémora
Sermão de Santo António aos peixes - Rémora
 
Pintura barroca
Pintura barrocaPintura barroca
Pintura barroca
 
Movimentos camara
Movimentos camaraMovimentos camara
Movimentos camara
 
Palácio da Pena - caso prático
Palácio da Pena - caso práticoPalácio da Pena - caso prático
Palácio da Pena - caso prático
 
Filosofia da Arte
Filosofia da Arte Filosofia da Arte
Filosofia da Arte
 
Elementos estruturais 1
Elementos estruturais 1Elementos estruturais 1
Elementos estruturais 1
 

Mais de Iga Almeida

Human Trafficking
Human TraffickingHuman Trafficking
Human Trafficking
Iga Almeida
 
Porta Leste do Batistério de Florença - Ghiberti
Porta Leste do Batistério de Florença - GhibertiPorta Leste do Batistério de Florença - Ghiberti
Porta Leste do Batistério de Florença - Ghiberti
Iga Almeida
 
As Gerações n'Os Maias
As Gerações n'Os MaiasAs Gerações n'Os Maias
As Gerações n'Os Maias
Iga Almeida
 
Petit Trianon
Petit TrianonPetit Trianon
Petit Trianon
Iga Almeida
 
Igreja do Convento do Carmo
Igreja do Convento do CarmoIgreja do Convento do Carmo
Igreja do Convento do Carmo
Iga Almeida
 
Metro das Olaias
Metro das OlaiasMetro das Olaias
Metro das Olaias
Iga Almeida
 
Cesário Verde - "Ao Gás"
Cesário Verde - "Ao Gás"Cesário Verde - "Ao Gás"
Cesário Verde - "Ao Gás"
Iga Almeida
 
Lies
LiesLies
René Descartes
René DescartesRené Descartes
René Descartes
Iga Almeida
 
Cinema Mudo: "Madame Du Barry" (1919)
Cinema Mudo: "Madame Du Barry" (1919)Cinema Mudo: "Madame Du Barry" (1919)
Cinema Mudo: "Madame Du Barry" (1919)
Iga Almeida
 
"Estou cansado, é claro," Álvaro de Campos
"Estou cansado, é claro," Álvaro de Campos"Estou cansado, é claro," Álvaro de Campos
"Estou cansado, é claro," Álvaro de Campos
Iga Almeida
 
"Mar Português" - Mensagem
"Mar Português" - Mensagem"Mar Português" - Mensagem
"Mar Português" - Mensagem
Iga Almeida
 
Casa-Estúdio Carlos Relvas
Casa-Estúdio Carlos RelvasCasa-Estúdio Carlos Relvas
Casa-Estúdio Carlos Relvas
Iga Almeida
 
Fotojornalismo
FotojornalismoFotojornalismo
Fotojornalismo
Iga Almeida
 
As Estruturas Visuais
As Estruturas Visuais As Estruturas Visuais
As Estruturas Visuais
Iga Almeida
 
Emily Dickinson
Emily DickinsonEmily Dickinson
Emily Dickinson
Iga Almeida
 
Energias Renováveis e Não Renováveis
Energias Renováveis e Não RenováveisEnergias Renováveis e Não Renováveis
Energias Renováveis e Não Renováveis
Iga Almeida
 
A valorização do mar português
A valorização do mar portuguêsA valorização do mar português
A valorização do mar português
Iga Almeida
 
Radiação Solar
Radiação SolarRadiação Solar
Radiação Solar
Iga Almeida
 
O Potencial Solar de Portugal
O Potencial Solar de PortugalO Potencial Solar de Portugal
O Potencial Solar de Portugal
Iga Almeida
 

Mais de Iga Almeida (20)

Human Trafficking
Human TraffickingHuman Trafficking
Human Trafficking
 
Porta Leste do Batistério de Florença - Ghiberti
Porta Leste do Batistério de Florença - GhibertiPorta Leste do Batistério de Florença - Ghiberti
Porta Leste do Batistério de Florença - Ghiberti
 
As Gerações n'Os Maias
As Gerações n'Os MaiasAs Gerações n'Os Maias
As Gerações n'Os Maias
 
Petit Trianon
Petit TrianonPetit Trianon
Petit Trianon
 
Igreja do Convento do Carmo
Igreja do Convento do CarmoIgreja do Convento do Carmo
Igreja do Convento do Carmo
 
Metro das Olaias
Metro das OlaiasMetro das Olaias
Metro das Olaias
 
Cesário Verde - "Ao Gás"
Cesário Verde - "Ao Gás"Cesário Verde - "Ao Gás"
Cesário Verde - "Ao Gás"
 
Lies
LiesLies
Lies
 
René Descartes
René DescartesRené Descartes
René Descartes
 
Cinema Mudo: "Madame Du Barry" (1919)
Cinema Mudo: "Madame Du Barry" (1919)Cinema Mudo: "Madame Du Barry" (1919)
Cinema Mudo: "Madame Du Barry" (1919)
 
"Estou cansado, é claro," Álvaro de Campos
"Estou cansado, é claro," Álvaro de Campos"Estou cansado, é claro," Álvaro de Campos
"Estou cansado, é claro," Álvaro de Campos
 
"Mar Português" - Mensagem
"Mar Português" - Mensagem"Mar Português" - Mensagem
"Mar Português" - Mensagem
 
Casa-Estúdio Carlos Relvas
Casa-Estúdio Carlos RelvasCasa-Estúdio Carlos Relvas
Casa-Estúdio Carlos Relvas
 
Fotojornalismo
FotojornalismoFotojornalismo
Fotojornalismo
 
As Estruturas Visuais
As Estruturas Visuais As Estruturas Visuais
As Estruturas Visuais
 
Emily Dickinson
Emily DickinsonEmily Dickinson
Emily Dickinson
 
Energias Renováveis e Não Renováveis
Energias Renováveis e Não RenováveisEnergias Renováveis e Não Renováveis
Energias Renováveis e Não Renováveis
 
A valorização do mar português
A valorização do mar portuguêsA valorização do mar português
A valorização do mar português
 
Radiação Solar
Radiação SolarRadiação Solar
Radiação Solar
 
O Potencial Solar de Portugal
O Potencial Solar de PortugalO Potencial Solar de Portugal
O Potencial Solar de Portugal
 

Linguagem audiovisual: Escala de Planos

  • 2. Escola Artística António Arroio Curso de Comunicação Audiovisual Imagem e Som A Professor Manuel Guerra Ano Letivo 2015/2016
  • 3. INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo conjugar os diferentes aspetos relativos à linguagem audiovisual, especificamente as distintas escalas de plano, enquadramentos, posições de câmara e ângulos de filmagem, presentes nas duas obras cinematográficas de Michelangelo Antonioni: L’Avventura e L’Eclisse. Para isso, a temática escolhida para ser abordada no trabalho, gira em torno da atriz Monica Vitti, uma vez que é a personagem principal em ambos os filmes, assim como a mais misteriosa e cativante.
  • 4. ESCALA DE PLANOS Dependendo da importância, do interesse e do objetivo pretendido, recorre-se a diferentes dimensões de planos. A escala de planos é calculada em função da figura humana. A maioria das imagens centra-se no ser humano, daí ter-se determinado a figura humana, ou a quantidade dela apresentada num enquadramento, como a medida a partir da qual se baseia a escala de planos.
  • 5. Planos de Expressão Os planos de expressão pretendem aumentar a intensidade dramática da narrativa. Estes tipos de planos demonstram, intensificam ou salientam expressões, emoções, atitudes, sentimentos, pormenores ou até os pensamentos das personagens.
  • 6. O plano pormenor ou plano detalhe, tem como objetivo aumentar a intensidade dramática, acentuar expressões e estimular o desenrolar de uma ação. Neste plano é apenas enquadrado um pormenor do corpo humano ou de um objeto, tal como no exemplo apresentado, onde se pode observar a mão da personagem e o objeto que ela segura. Plano Pormenor L’ Eclisse (1962)
  • 7. 1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Avventura (1960)2| L’ Eclisse (1962)
  • 8. Este plano enquadra a figura humana do meio da testa ao queixo. É preciso ter cuidado e utilizar corretamente este plano no interior do contexto da ação, devido ao impacto que pode atingir. No exemplo apresentado, é possível beneficiar de uma maior visão da expressão da personagem. Muito Grande Plano L’ Eclisse (1962)
  • 9. 1| L’ Eclisse (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
  • 10. A intensidade dramática pode atingir o seu clímax com este plano. As expressões e características do personagem, que se encontra enquadrada da cabeça aos ombros, são mais facilmente realçadas, ou seja, são mais objetivas, podendo revelar pensamentos ou a vida pessoal das personagens. Neste fotograma, a personagem de Monica é enquadrada da cabeça aos ombros, o que possibilita uma maior compreensão relativamente às suas expressões e sentimentos. Grande Plano L’ Eclisse (1962)
  • 11. 1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
  • 12. Este tipo de plano é normalmente utilizado em cenas de diálogo. Existe uma certa proximidade em relação a um objeto/personagem, acentuando uma ação dramática assim como as intenções e/ou atitudes das personagens. Este plano enquadra a figura humana da cabeça ao peito, sendo o rosto o principal centro da atenção. Neste exemplo, existe uma comparação entre a fotografia e Monica. Plano Aproximado de Peito L’ Eclisse (1962)
  • 13. 1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Avventura(1960)
  • 14. Planos de Ação Os planos de ação têm como finalidade apresentar, identificar e descrever para espetador as ações e movimentos das personagens. Neste tipo de plano o ambiente e as expressões pormenorizadas não têm grande importância.
  • 15. É um plano intermédio entre o plano aproximado de peito e o plano médio, enquadrando a figura humana da cabeça à cintura. É útil para representar as relações entre pessoas, assim como é evidente neste frame, em que nos é apresentada uma cena de diálogo entre duas personagens. Plano Aproximado de Tronco L‘ Avventura (1960)
  • 16. 1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
  • 17. Neste plano a figura humana é o centro das atenções dado que o fundo, na sua maioria, não se encontra presente no enquadramento. A figura humana surge da cabeça até à parte de cima das pernas (coxas), como é observável neste exemplo, em que Monica se encontra empoleirada sobre a água . Plano Médio L‘ Avventura (1960)
  • 18. 1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Aventura (1960)
  • 19. É o plano intermédio entre o plano médio e o plano de conjunto. A figura humana é enquadrada da cabeça aos joelhos, devendo-se ter o cuidado de não cortar uma personagem pelas articulações. Plano Americano L‘ Avventura (1960)
  • 20. 1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
  • 21. O plano conjunto ou plano geral médio é semelhante ao plano geral. É mais objetivo nos pormenores da ação humana, dando menos importância ao ambiente em que se enquadra a figura e melhor como plano de introdução. Este tipo de plano enquadra toda a figura humana, da cabeça aos pés, inclusive. Neste frame, o ambiente ainda não tem grande importância. Plano Conjunto L‘ Avventura (1960)
  • 22. 1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
  • 23. Planos de Ambiente Os planos de ambiente visam apresentar e integrar as personagens no ambiente que as envolve, facilitando e auxiliando o espetador na compreensão da narrativa.
  • 24. O plano geral é utilizado geralmente em três situações: para situar a ação global do filme, para oferecer uma visão mais ampla do local onde decorre a ação e para destacar a personagem do ambiente que a envolve. Neste plano, a figura humana surge completa, e inserida numa enorme quantidade de ambiente, neste caso, revelando a divisão onde Monica se encontra Plano Geral L‘ Eclisse (1962)
  • 25. 1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Avventura (1960)
  • 26. Este plano é utilizado para dar conhecimento do ambiente envolvente, e a figura humana é reduzida a um simples elemento do décor ou até mesmo ignorada. É um plano muito descritivo a nível do espaço e do ambiente. Neste frame, quase não é percetível a personagem. Plano Muito Geral L‘ Avventura (1960)
  • 27. 1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Avventura (1960)2| L’ Avventura (1960)
  • 28. ENQUADRAMENTO Os planos apresentam várias dimensões consoante a importância, o interesse e o objetivo que se pretende atingir. A escala de planos é calculada em função da figura humana. Uma vez que a maioria das imagens, que pretendem contar uma narrativa, foca o ser humano, determinou-se uma medida para a quantidade de figura humana inserida no enquadramento.
  • 29. Sempre que o centro de interesse se encontra no meio das linhas da regra de interseção dos terços, diz-se que o enquadramento é centrado. É considerado um enquadramento muito formal e pouco emotivo. Centrado L‘ Eclisse (1962)
  • 30. 1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
  • 31. Sempre que o centro de interesse é disposto na interseção das linhas, sejam elas verticais ou horizontais, diz-se que o enquadramento é descentrado. Este é o enquadramento mais equilibrado e adequado para a disposição e colocação do centro de interesse, apelando ainda à interpretação do observador, para que relacione todos os elementos da imagem. Descentrado L‘ Eclisse (1962)
  • 32. 1| L’Avventura(1960) 3| L’Eclisse(1962)2| L’Eclisse(1962)
  • 33. Sempre que o centro de interesse se apresenta oblíquo ou na diagonal em relação à margem inferior do enquadramento, diz-se que o enquadramento é oblíquo. Este enquadramento evita a frontalidade, e é essencial para a transmissão de movimento, podendo ainda intensificar a perspetiva e a continuidade, acrescentando, desta forma, dinamismo à composição. Oblíquo L‘ Avventura (1960)
  • 34. 1| L’ Eclisse (1962) 3| L’Avventura (1960)2| L’ Avventura (1960)
  • 35. POSIÇÃO DE CÂMARA A câmara toma uma posição em relação à personagem ou objeto a captar, podendo assumir assim, três posições diferentes.
  • 36. É a posição de câmara mais frequente e vulgar. É considerada a posição menos dramática para enquadrar a personagem, e os resultados obtidos são particularmente estáticos. A distorção vertical é quase inexistente, logo as linhas verticais apresentam-se na imagem tal como são. A câmara é colocada ao nível do olhar da personagem. Normal L‘ Avventura (1960)
  • 37. 1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Avventura (1960)
  • 38. A câmara é colocada acima do olhar da personagem, normalmente através de gruas ou andaimes. Esta posição de câmara pretende diminuir a importância e força da personagem, tornando-a vulnerável. Picado L‘ Avventura (1960)
  • 39. 1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Avventura (1960)2| L’ Avventura (1960)
  • 40. A câmara é colocada abaixo do olhar da personagem. Esta surge ampliada, o que aumenta a sua importância e estatura, colocando-a numa posição dominante. O plano contra-picado é sobretudo utilizado em situações cómicas e/ou dramáticas. Contra-Picado L‘ Avventura (1960)
  • 41. 1| L’ Avventura (1960) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Avventura (1960)
  • 42. ÂNGULO DE FILMAGEM O ângulo de filmagem é determinado pelas diferentes posições de câmara. A escolha do ângulo de filmagem varia em função da personagem, e as diferentes características de cada sujeito resultam de formas distintas consoante os pontos de vista.
  • 43. É o ângulo de filmagem mais vulgar. Coloca em evidência as expressões da personagem, e exerce ainda também um enorme poder descritivo. A câmara encontra-se paralela à personagem (de frente ou de costas). Frontal L‘ Eclisse (1962)
  • 44. 1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Avventura (1960)2| L’ Avventura (1960)
  • 45. Tem um valor intermédio entre os dois ângulos de filmagem anteriormente referidos. É sobretudo utilizado para inserir a personagem, de modo a equilibrar o enquadramento. A personagem é captada numa posição intermédia entre o frontal e o perfil. 3/4 L‘ Eclisse (1962)
  • 46. 1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)
  • 47. Não se adequa a todos os atores, uma vez que as suas intenções são essencialmente estéticas. A câmara capta a personagem de perfil. Perfil L‘ Eclisse (196)
  • 48. 1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Avventura (1960)2| L’ Eclisse (1962)
  • 49. Este ângulo de filmagem é determinado pela posição de câmara contra-picado Transmite uma sensação de superioridade e levantamento, e o olhar do espetador é dirigido para cima. Perspetiva Vertical Ascendente L‘ Eclisse (1962)
  • 50. 1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Avventura (1960)2| L’ Avventura (1960)
  • 51. É um ângulo determinado pela posição de câmara picado. Ao contrário da perspetiva vertical ascendente, sugere uma sensação de vertigem, e as personagens surgem oprimidas. Perspetiva Vertical Descendente L‘ Eclisse (1962)
  • 52. 1| L’ Eclisse (1962) 3| L’ Eclisse (1962)2| L’ Eclisse (1962)