O documento resume um capítulo sobre a rémora no Sermão de Santo António aos peixes, comparando o pequeno peixe com grande força à língua de Santo António. Analisa como a pregação de Santo António impediu que os homens pecassem, representado pela travagem de quatro naus alegóricas: a soberba, a vingança, a cobiça e a sensualidade. Explora recursos expressivos como a antítese, comparação e metáfora para elogiar a força da palavra de Santo Antón
2. Momentos do excerto
O excerto do capitulo III de a Rémora pode ser dividido em dois momentos:
1º momento entre as linhas 1 a 8 onde o autor identifica e caracteriza a remora como um peixe
pequeno mas com muita força e poder.
2º momento desde a linha 8 ate ao final do excerto onde estabelece uma comparação entre o
peixe (a rémora) e o Santo António.
3. Qualidades/Virtudes dos peixes
No geral segundo padre vieira os peixes eram melhores que os homens pois não se domavam e
não se domesticavam. Foram as primeiras criaturas criadas por deus e são os mais numerosos e
obedientes prestando atenção e respeito ao ouvirem a pregação de Santo António.
A rémora é um peixe de pequenas dimensões, mas apesar disso consegue determinar o rumo das
naus, revelando assim uma grande força e poder.
4. Relação entre a Rémora e Santo António
A Rémora é comparada com a língua do pregador S. António “se alguma Rémora houve na terra,
foi a língua de Santo António” pois mesmo sendo pequena também demonstra força e poder para
dominar as paixões humanas já que com sua língua através da pregação impediu que os homens
pecassem encaminhando as suas naus para a salvação das almas.
5. As naus que a língua de Santo António travou
As naus referidas no texto que a língua de S. António travou são:
Nau Soberba (linha 22), “velas inchadas do vento”, o vento simboliza o carater fútil do pecado da
soberba. A língua levou as velas a amainarem e a tempestade interior e exterior a terminar.
Nau Vingança (linha 27) era carregada de materiais de guerra. O arsenal de guerra pronto a
disparar e o facto de avançarem sem razão simboliza a fúria que arrasta as pessoas que se movem
pelo desejo de vingança. Santo António detém a fúria, acaba com o odio e faz a nau içar bandeiras
de paz.
Nau Cobiça (linha 31), “sobrecarregada ate as gáveas”. A carga em excesso simboliza o resultado
da cobiça, que leva os homens a acumularem bens materiais. A língua salvou a nau dos ataques
dos corsários que a levariam a perder o que desejavam obter.
Nau Sensualidade (linha 35), era cega sem sol e engano do canto das sereias. A cegueira e a
desorientação simbolizam o que sucede aos que se deixam levar facilmente pela sensualidade
caindo facilmente na tentação. Santo António impediu a nau de naufragar, devolvendo aos seus
ocupantes a capacidade de ver e voltarem a assumir o rumo certo
6. Validade dos argumentos do orador
O orador valida os seus argumentos comas palavras de São Gregório Nazianzeno “na verdade a
língua é pequena, mas vence tudo em força” e também com as do Apostolo Santiago da sua
Epistola.
Apresenta também S. António como argumento de autoridade contribuindo assim para tornar o
seu discurso mais credível.
7. Recursos expressivos e o seu valor expressivo
Esta presente :
Antítese (linha 4/5) “tao pequeno no corpo e tao grande na força, e no poder”. Reforça as virtudes
da remora pois a sua força e poder contrastam com a sua pequena dimensão.
Comparação (linha 20/21) “mostrou a língua de António quanta força tinha, como Rémora”. O
orador compara a língua de S. António com a Rémora para evidenciar a semelhança nas virtudes
de ambas.
Anáfora (linha 22 ate 35) “quantos” está associado a alegoria da naus. "Nau Soberba … Nau
Vingança … Nau Cobiça … Nau Sensualidade” cada uma das naus representa um vicio humano que
o orador denuncia e critica. Se S. António não entrevisse cada uma destas naus acabaria destruída
num naufrágio, isto é, todos estes pecados levariam a predição das almas.
Metáfora (linha 17/19) “leme” o leme do navio é associado ao “alvedrio” ou seja ao livre arbítrio
humano dizendo-nos que este orienta a ação dos homens. (linha 42) “naufrágios” é utlizado no
sentido metafórico dando a ideia da predição das almas.
8. Objetivo/intenção critica do orador
O orador como afirma no inicio do sermão, tem a intenção louvar o bem e repreender o mal.
Ao recorrer a alegoria das naus pretende criticar os vícios que elas representam, procurando
afastar os seus ouvintes desses vícios mostrando-lhes as consequências negativas que os mesmos
têm.