O documento discute a liderança cristã e apresenta três pontos principais:
1) A liderança cristã deve ser um serviço humilde ao Reino de Deus, não buscando reconhecimento.
2) Jesus é o modelo de liderança como aquele que serve aos outros de forma desinteressada.
3) Os riscos para os líderes cristãos incluem a arrogância, individualismo e falta de comunhão.
1. Liderança cristã
Formação TLC – Curitiba – 23/06/2012
Cesar Kuzma
cesarkuzma@yahoo.com.br
Cesar.kuzma@pucpr.br
http://cesarkuzma-theology.blogspot.com.br/
2. Nosso percurso...
Liderança cristã – panorama geral
A fé em crise? – Questões da sociedade atual
Líderes bíblicos
Jesus de Nazaré e sua proposta de Reino – liderança?
A ação do cristão na sociedade
Reflexões
4. Liderança cristã – panorama geral
Leitura bíblica: Jo 13,4-15; Mt 18,1-4; Mt 16,24-25
Reflexão...
O que tiramos destas passagens?
Que lições nos trazem?
Que visões?
5. Reflexão...
Há uma proposta para nós, uma proposta que nos é
apresentada por Jesus: Reino de Deus
O que é este Reino?
Quem chega até ele? Quem somos nós diante dele?
Há uma condição apontada por Jesus: a condição do
serviço – o serviço ao Reino.
E nós, a quem servimos? Como servimos?
Há uma perspectiva: do seguimento. O seguimento de
Jesus e do seu serviço ao Reino.
6. Portanto,
O líder cristão é aquele que serve, que serve ao Reino, que segue
a Cristo na perspectiva do seu Reino;
Este seguimento e este serviço se faz caminhando, coloca-se à
disposição, com abertura;
O líder cristão é aquele que sabe “diminuir”, que sabe esconder-
se;
O líder cristão é aquele que não aparece, é aquele que é o menor;
O líder cristão não é a causa, não busca o reconhecimento; ele
busca o Reino – É o Reino que deve aparecer e é o Reino que
deve ser construído
Todos são chamados para a construção do Reino, para a vinha do
Senhor – todos são importantes! (Mt 20,1-16)
7. Riscos:
Achar-se a peça mais importante, pensar que é o
fundamento, que é a pedra angular, que é insubstituível, que
é o melhor, que você é +, que você é 10, etc... !
É o risco das tentações (ex.: as três tentações de Jesus –
comparar)!
É o conforto do aplauso, é o conforto de ser reconhecido e
de achar que a Igreja é só você!
É não ouvir e só falar!
É ser um líder do mundo, mas não um líder cristão!
É querer aparecer e não servir!
8. Cuidado!
Com a Igreja do espetáculo!
Com os aplausos!
Com o conforto que a sociedade e, às vezes, a Igreja nos
trazem!
Com o individualismo!
Com a falta de comunhão!
Com a indiferença!
Com a pequenez!
Com a arrogância!
... (ver Lc 9,28ss)
9. Mariama, Nossa Senhora, mãe
de Cristo e mãe dos homens!
Mariama, mãe dos homens de
todas as raças, de todas as
cores, de todos os cantos da
Terra.
Pede a teu filho que esta festa
não termine aqui, a marcha
final vai ser linda de viver.
Mas é importante, Mariama,
que a igreja de teu filho não
fique em palavras, não fique
em aplausos.
10. Antes de tudo,
O líder cristão é um “cristão”, é alguém que segue a
Cristo e o seu Reino!
11. Por isso,
O líder cristão é presença no mundo!
É semente! É sal da terra!
É luz do mundo!
Lumen gentium!
14. A fé
O que é fé?
Como entender a fé?
O que é ter fé? O que significa dizer “eu creio”?
Dúvida e fé (texto Ratzinger)
15. A fé em crise
Reflexões sobre a fé (ou sobre a religião) na sociedade atual:
questões do ser humano, o ser humano como um ser religioso, a fé
como resultado de sua transcendência, de sua comunicação com o
transcendente (com Deus), os medos, as dúvidas e incertezas... Etc...
A fé pode ser implícita o explícita
A fé é sempre contextual
A fé parte de uma experiência
A fé é a resposta à revelação de Deus
A fé é uma experiência, uma resposta que compromete, que
envolve todo o ser
28. Retomando alguns conceitos
Ser humano e a transcendência
Ser humano e o sagrado
Conceitos de religião (Rubem Alves)
29. Religião e Sociedade
Há espaço para a religião na sociedade atual?
Onde ela se encontra?
Como ela se encontra?
Estamos numa sociedade a-religiosa?
Em que sentido?
Que sinais?
Existem aproximações entre elas?
Existem conflitos?
33. O ser humano
Ele está na sociedade
Ele é um ser religioso (antropologicamente)
Está num mundo complexo e se sente também complexo
(sociedade atual)
Possui muitas visões de mundo e de realidade
34. E nesta complexidade...
A religião está em crise???
Há aproximações? Contribuições???
Há conflitos???
35. A religião atual...
Passa por profundas transformações (o mesmo ocorre com a
sociedade)
Profunda crise do cristianismo europeu (crise do Ocidente)
Resistência e novas formas de manifestação religiosa (diversas)
Avanço do Pentecostalismo e Neopentecostalismo (no caso do
Cristianismo)
Avanço dos fundamentalismos (cristãos, judeus, islâmicos e
outros)
Na sociedade secularizada: a religião como realidade desprezada
Na sociedade pluralista: religião, uma opção entre muitas
Complexidade e religião: busca de respostas...
36. Na sociedade atual...
A religião oficial com pouca credibilidade, vista como
produto mal divulgado e mal administrado
O produto é bom, mas é visto como um “anestésico”
“Religião à la carte”, “patch-work”
Crise de identidade (não há ausência, mas uma crise)
37. Na cultura atual...
Separação entre fé e vida, fé e cultura
Dois mundos: o da fé e o da cultura atual.
Religiosidade idealista, marginal, paralela a própria
existência.
Religião e mídia: fé virtual e fragmentada – realidade-
espetáculo
39. Religião e Sociedade
Aproximações Conflitos
1. No conceito de religião 1. No conceito de religião
2. No conceito de sociedade 2. No conceito de sociedade
3. No campo da ciência 3. No campo da ciência
4. No campo da política 4. No campo da política
5. Na campanha dos direitos 5. Na campanha dos direitos
humanos humanos
6. Nos conflitos humanos... 6. Nos conflitos humanos...
7. No uso dos meios de 7. No uso dos meios de
comunicação comunicação
8. ... 8. ...
40. Perguntamos...
Onde existem avanços? E que avanços?
Onde retrocedemos? E em quê retrocedemos?
Espaço para pequenas discussões...
41. Perguntamos, também:
Qual é o papel de um líder cristão diante deste
quadro?
Defesa da fé???
ou
Certeza da fé???
44. NT – Breves comentários
José – pai de Jesus
Maria – mãe de Jesus
Jesus (será comentado depois)
Maria Madalena
Pedro
Paulo
Demais personagens do NT, dentre eles, muitas mulheres.
45. Reflexão...
Dentre estes, algum chama a atenção de vocês?
Por quê?
Reflexão...
47. Jesus de Nazaré?
Quem foi Jesus?
ou
Quem é Jesus?
A Cristologia fala de um ser humano (alguém divino e humano),uma
pessoa concreta, histórica, viva, chamada Jesus de Nazaré
48. Alguns pontos...
Não se compreende Jesus sem a sua história
Não se compreende Jesus sem a nossa história
Estamos numa mão dupla de estudo e de experiência
49. Quem é Jesus Cristo?
Para nós: somos portadores da fé, somos portadores da
revelação, somos chamados, convocados, ekklesía...
Para a Igreja: Jesus Cristo é quem revela Deus, é a
sustentação, é a salvação...
Para a sociedade: Jesus é o Deus dos cristãos, é alguém do
passado...
Para Deus: É o seu Filho. É quem revela Deus Pai... Quem
é Jesus Cristo para Deus Pai, para Deus Filho e para Deus
Espírito Santo?
50. Perguntamos...
Jesus Cristo ainda é atrativo na sociedade? Em que sentido?
Por quê?
Como tem sido feita a apresentação de Jesus Cristo na
atualidade?
O que Jesus Cristo tem a dizer para o mundo atual?
Como atualizar a mensagem do Evangelho?
Jesus foi um líder? Que modelo de liderança encontramos
nele?
Debate...
51. O Reino de Deus
O Reino já era algo almejado pelo povo da Antiga Aliança,
que depositava em Deus, Javé, sua esperança e fortaleza (Jr
31,31-34)
Trata-se da missão de Jesus, é a proposta de salvação...
Qual é a sua missão?
Cur Deus homo? Por que Deus se fez humano?
A missão do Reino se baseia numa promessa de Deus
Apresenta a nós o futuro de Deus e nos convoca a uma
missão já neste mundo
Palavras do AT, palavras de Jesus, parábolas, Jesus como
uma parábola...
52. Reino de Deus...
É algo novo
É algo intrigante
É algo grandioso
É algo simples
Tem tudo a ver com a proposta da mensagem de Jesus, na
verdade está ancorada na sua práxis de vida
A ação de Jesus constitui a ação do Reino e a ação do Reino
constitui a ação de Jesus (valorização da sua história)
Ver a cristologia a partir do conceito de Reino nos leva
sempre a um novo paradigma: Reino implica mudança,
transformação, ressurreição
53. Alguns pontos...
Traz novidade...
Traz mudanças de atitudes, de comportamentos...
Isso implica numa mudança exterior, motivada por uma mudança
interior...
O Reino acontece onde há abertura, é a porta para a graça...
(graça – reflexão)
O Reino traz reconciliação – é um dos sentidos da Páscoa, da fé
cristã (eu-outro-mundo-Deus). Traz harmonia...
O Reino vem libertar do pecado... Mas o que é pecado?
(debater...)
“O Reino está chegando” (Mc 1,15) – o que quer dizer? O que
quer dizer a Jesus? E a nós? – Estar chegando é diferente do que já
chegou, implica uma visão escatológica
54. Continuação...
Reino de Deus é metanóia (conversão)
Reino de Deus é dom, é graça, é gratuidade (essencial)
Se é dom deve ser acolhido, aqui entra o exercício cristão de
aceitar a gratuidade, exemplo das crianças
Se o Reino é dom e é gratuito, então: não é merecido, não há
obra que o conquiste, diante dele só cabe a acolhida e a
aceitação – graça é graça (confrontar com a nossa prática cristã)
Reino de Deus é também “soberania” de Deus em relação ao
ser humano – explicar... Sto Irineu de Lião – “quanto mais glória
de Deus, mais glória do ser humano – como entender isso, sem
distorções???
55. Continuação...
Reino de Deus é oposição a todo tipo de mal
É uma proposta de amor universal: nada de partidarismos, nada de
racismos, nada de segregações, nada de divisões, nada de
clericalismos... (como está a nossa igreja neste ponto?)
Aceitar o Reino é ir contra tudo que vai contra a proposta de
Deus: Deus nos mostra o seu futuro e pela resposta de fé aceitamos a sua
missão
O Reino de Deus articula presente e futuro
O Reino de Deus é o cor inquietum (Agostinho)
O Reino de Deus é “fazer o bem”. Perigo do culto privado, da
liturgia isolada, do farisaísmo (o que é isso?)
O Reino de Deus é uma ação pública, culto público (não missa
pública)
56. Continuação...
O Reino leva a superar o medo...
Implica em uma crítica “muito dura” da atitude farisaica: “onde
falta o amor, surge o ativismo” – debater... (Na igreja se faz tudo por
amor????) – Deus nos ama como nós somos e não apesar de
O Reino é “boa nova” para os pobres... Temos apresentado esta
boa nova ou uma outra novidade que não é a do Reino... Quem são
os pobres???
O Reino entra nas causas da morte de Jesus
O Reino entra nas causas do sofrimento de Jesus
Pelo Reino Jesus era livre – liberdade com Deus, com si próprio e
com a religião de sua época – o que isso tem a ver com a morte de
Jesus?
57. O Reino e a Igreja
Quais as dificuldades enfrentadas pela Igreja para ser
sinal do Reino?
Como entender a expressão: Lumen gentium cum sit
Christus? (Vaticano II)
Quais as pistas que podemos ter no seguimento de Jesus?
Como transmitir a mensagem do Reino para um mundo
alienado a isso?
E a Igreja, está a Igreja “alienada” – fora da realidade?
Debate...
58. Jesus e a pregação do Reino...
O Discurso em parábolas...
Jesus e as crianças...
A atuação do Reino em Jesus, suas curas e libertações...
A mesa com Jesus...
As mulheres com Jesus...
A inquietude do Reino...
A gratuidade do Reino...
O advento...
A presença salvífica de Deus em Jesus, no anúncio do Reino...
Demais contribuições...
59. Pistas para seguir Jesus e o Reino
Saber perder a vida por amor a ele (Mt 16,24)
Não ter onde reclinar a cabeça (Lc 9,57)
Por a mão no arado e não olhar para trás (Lc 9,62)
Preferir a Jesus e a seu Reino antes de tudo (Lc 14,26)
Saber renunciar a tudo que possui (Lc 14,33)
Não ter vergonha de Jesus Cristo no mundo (Mc 8,38)
...
60. Síntese teológica
Então, o Reino de Deus destina-se a 4 pontos:
3. Harmonia do ser humano com ele mesmo;
4. Harmonia do ser humano com o outro (próximo);
5. Harmonia do ser humano com a natureza (criação);
6. Harmonia do ser humano com Deus.
61. Mais,
Jesus nunca denomina ou afirma o que é o Reino. Se fizesse
isso diminuiria o seu conceito
Ele aponta, ele alude, ele compara para que o ser humano
possa, pela experiência deste encontro (4 harmonias),
vislumbrar o que é, de fato, este Reino de Deus
Para isso Jesus o apresenta por parábolas, gestos concretos de
vida, por milagres e curas, pelo acolhimento e solidariedade,
pela própria vida...
Toda a sua vida aponta para o Reino. Ele realiza em seu
próprio ser aquilo que é próprio do Reino
Jesus é o Reino. Por essa razão que após a sua morte e
ressurreição identifica-se o Reino a Cristo
62. Jesus é o Reino...
Aceitar Jesus Cristo é aceitar o Reino.
Viver em intimidade com Cristo é viver intensamente o Reino.
E assim por diante...
63. Mas,
O que isso tem a ver com liderança???
Ver Mt 16,13-20; ver Lc 4,18,20
Refletir com o grupo...
68. Quem são os leigos e leigas?
“São, pois, os fiéis batizados, incorporados a Cristo,
membros do Povo de Deus, participantes da função
sacerdotal, profética e régia de Cristo, que tomam parte
no cumprimento da missão de todo o povo cristão, na
Igreja e no mundo”
(Lumen gentium, n. 31)
Refletir sobre ela...
70. A opção do batismo
O que isso significa?
A consciência deste fato
A importância do batismo para a vida do cristão
A importância do batizado para a vida da Igreja
A teologia do batismo como fundamento teológico para a
vocação e missão de leigos e leigas
71. Múnus sacerdotal
Estão incorporados ao mistério salvífico de Cristo
Assim como Cristo ofereceu a sua vida ao Pai, o cristão leigo
oferece toda a sua vida a Deus: “hóstias vivas...”
Ver: Christifideles Laici, p. 31; Documento 62 CNBB, n. 73, p. 55
72. Múnus profético
Jesus de Nazaré proclamou a “Boa Nova” do Reino de Deus
O Cristão leigo deve proclamar e ter voz forte contra a
injustiça e contra todas as estruturas que destroem a vida
humana e a criação
Deve zelar pelo bem comum
Ver: Christifideles Laici, p. 31-32; Documento 62 CNBB, n. 72, p. 53.
73. Múnus real
Todo o cristão leigo é chamado, convocado, como ekklesía,
para o serviço do Reino de Deus e para a sua difusão na
história
Vivem o sentido da fé cristã na fé, na esperança e no amor
Ver: Christifideles Laici, p. 32; Documento 62 CNBB, n. 75, p. 58
74. Então, ser cristão hoje é:
Seguir a Cristo
Imitá-lo
Testemunhá-lo
Dar exemplo
Ser missionário
“Discípulos missionários”
76. Desafios para ser cristão hoje
Resistência de uma igreja clericalizada, sem oportunidade
para os leigos e para as mulheres
Igreja de “cristandade” frente um mundo “secular”
Passar de “praticante” a “cristão”
Fomentar e favorecer as novas comunidades eclesiais: de fé e
vida, CEBs, grupos, movimentos etc – é que pede o
Documento de Aparecida
Passar de Igreja “instituição” para Igreja “comunhão” –
comunidade – communio
77. Como ser cristão hoje?
Contextualizando a fé: não existe fé fora do contexto
cultural em que vivemos
Entender e sentir as circunstâncias reais da vida atual
Inserir-se
Encarnar-se (sarx)
Tomar – assumir – na própria vida as mesmas opções de
Cristo (os pobres, os doentes, as mulheres, as crianças,
etc) – juntamente com as consequências destas opções
78. Hoje, dois modelos de cristãos:
O cristão de fachada
O cristão verdadeiro
O que são eles?
Qual deles é você?
80. Igreja “Sinal da Salvação”
A Igreja (Sinal) é chamada a viver a comunhão e a unidade
Articulação entre fé e vida, oração e compromisso social.
Pastoral sacramental: inclui os sacramentos vividos e celebrados na
fé que compromete
Para ser sinal é necessário desenvolver o carisma de cada um dos
membros, a serviço da comunidade e do mundo
Autonomia do leigo para decidir enquanto Igreja
Lumen gentium cum sit Christus (Luz dos povos...)