1. INTERTEXTUALIDADE
A intertextualidade é definida como o diálogo entre textos e pode ocorrer
entre duas ou mais obras. Esse fenômeno é caracterizado pela maneira como
um texto influencia outro ou se relaciona diretamente com ele, fazendo uma
referência - explícita ou não - aos elementos nele expressos, seja em seu
conteúdo, seja em sua forma, ou em ambos os casos.
2. Paródia
A palavra paródia significa “um canto semelhante a outro”. Muito utilizado pelos
humoristas, esse recurso é caracterizado pela “perversão” de uma obra publicada
anteriormente. Portanto, envolve algum tipo de crítica irônica ou caráter
humorístico, alterando o sentido original de um determinado texto, recriando-o de
maneira diferente.
FORMAS DE INTERTEXTUALIDADE
3. Texto original
“Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.”
(Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”)
Texto parodiado
“Minha terra tem macieiras da Califórnia
onde cantam gaturamos de Veneza. (...)
Eu morro sufocado em terra estrangeira.
Nossas flores são mais bonitas
nossas frutas são mais gostosas
mas custam cem mil réis a dúzia.
Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade
e ouvir um sabiá com certidão de idade!”
("Canção do Exílio", Murilo Mendes)
4.
5. Paráfrase
Significa “reprodução de uma sentença”. Esse recurso consiste na
reelaboração de um texto, reproduzindo as suas ideias originais, porém
alterando a sua estrutura física.
Texto original
“Minha terra tem palmeiras
Onde canta o sabiá,
As aves que aqui gorjeiam
Não gorjeiam como lá.”
(Gonçalves Dias, “Canção do Exílio”)
Texto parafraseado
“Meus olhos brasileiros se fecham saudosos
Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.
Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?
Eu tão esquecido de minha terra...
Ai terra que tem palmeiras
Onde canta o sabiá!”
(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”)
6. Epígrafe
Esse recurso é muito utilizado em textos científicos e obras literárias. A
palavra “epígrafe” significa “posição superior” e consiste na opção do autor
por selecionar um trecho de outra obra para introduzir o seu texto.
Normalmente, a epígrafe dialoga diretamente com o conteúdo que será
discutido na nova obra, realizando uma breve relação entre ambos.
7. EXEMPLOS DE EPÍGRAFE
“A persistência é o caminho do êxito.” (Charles Chaplin)
"A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces." (Aristóteles)
“O homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tentado
o impossível.” (Max Weber)
8. REFERÊNCIA OU
ALUSÃO
Na referência ou alusão, a intertextualidade não ocorre de
maneira direta, pois são usadas características secundárias
do texto fonte. Esse tipo costuma ser empregado em
conteúdos cujo objetivo é oferecer uma sugestão ou alusão
a um acontecimento, personagem etc.
Ele me deu um “presente de grego”.*
*A expressão faz alusão à Guerra de Troia, indicando um presente mal e que pode trazer prejuízo.
9. CITAÇÃO
O termo “citação” deriva do latim (citare) e significa “convocar”. Nesse caso,
utilizam-se as próprias palavras de um texto-fonte, referida através de aspas e
itálico já que se trata da enunciação de outro autor. Do contrário, se a citação
não apresentar a fonte, ela é considerada “plágio”.
Em entrevista à revista Veja (1994) Milton Santos aponta: “A geografia brasileira seria
outra se todos os brasileiros fossem verdadeiros cidadãos. O volume e a velocidade das
migrações seriam menores. As pessoas valem pouco onde estão e saem correndo em
busca do valor que não têm”.
10. HIPERTEXTO
Também chamado de hipermídia é um texto dentro de outro texto
e originalmente é uma espécie de obra coletiva que se assemelha
ao pastiche.
Exemplo:
Links inseridos nos artigos da internet, construindo assim, uma rede de
informações interativa e não-linear.
11. PASTICHE
Diferente da paródia, o pastiche artístico e literário trata-se da imitação de um estilo ou
gênero e, normalmente, não apresenta um teor crítico ou satírico.
Texto original
“Pois é. Tenho dito. Tudo aleivosia que abunda nesses cercados. Maisquenada. Foi
assim mesmo, eu juro, Cumpadre Quemnheném não me deixa mentir e mesmo que
deixasse, eu mentia. Lorotas! Porralouca no juízo dos povos além das Gerais! Menina
Mágua Loura deu? Não deu.(...)”
(Guimarães Rosa, “Grande Sertão: Veredas”)
Texto com pastiche
“Compadre Quemnheném é que sabia, sabença geral e nunca conferida, por quem? Desculpe o
arroto, mas tou de arofagia, que o doutor não cuidou no devido. Mágua Loura era a virge mais
pulcra das Gerais. Como a Santa Mãe de Deus, Senhora dos Rosários, rogai por nós! (...)”
(Carlos Heitor Cony, Folha de S. Paulo, 11/09/1998)
12. TRADUÇÃO
O termo “tradução” deriva do latim (traducere) e significa converter, mudar, transferir,
guiar, de forma que transforma um texto de uma língua em outra, fazendo uma
espécie de recriação do texto-fonte.
Texto original
“Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura jamás.”
(Che Guevara)
Texto traduzido
“É preciso ser duro, mas nunca sem perder a ternura.”
13. BRICOLAGEM
Processo encontrado na música e artes plásticas que consiste na montagem de
um texto a partir de fragmentos de outros.
Exemplo:
O filme Shrek ao abordar diferentes contos de fadas, mesmo que de forma irônica.
14. ATIVIDADE 1
Pense em um texto ou pesquise na internet para que você possa fazer uso da
intertextualidade. Produza uma paródia ou paráfrase relacionando o texto
escolhido com o texto que você construirá.
15. ATIVIDADE 2
1) Observando a tirinha, o que provoca humor na fala dos personagens?
2) Qual forma de intertextualidade usada pelo autor na tirinha?
3) No segundo quadro, o que o cachorro azul aparenta sentir?
4) No último quadro, como você definiria a reação do cachorro marrom?